O Fogo é Bom Servo, Mas é Mau Senhor

5/7/2018 O Fogo é Bom Servo, Mas é Mau Senhor - slidepdf.com

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Fé Salvadora - Exposição em Romanos 10

O Fogo é Bom Servo, Mas é Mau Senhor

D. M. Lloyd Jones (Sobre o Zelo de Deus)

"Irmãos, o bom desejo do meu coração e a (minha) oração a Deus por Israel é para suasalvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento." -

Romanos 10.1,2

Razões

Já vimos no capítulo anterior que, quando verdadeiramente entendemos a doutrina dasoberania de Deus na salvação, é um erro ficar paralisado em nossa evangelização. Mas, se é erradonão fazer nada, o que seria certo? Que deveríamos fazer? Qual deveria ser a posição do cristão? E aresposta que geralmente nos é dada em retorno, em particular nos dias atuais, é que devemos encher-nos de zelo. Todavia a própria declaração do apóstolo nos compele a examinar criticamente essaposição, pois ele nos diz no versículo dois: "Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, masnão com entendimento", ou com "conhecimento" (VA). Somos, pois, levados, por essa declaração epela maneira como ele a faz, a examinar toda esta questão de zelo. Espero mostrar a vocês que esta éuma questão muito urgente para cada um de nós como cristãos individuais, e para a Igreja em geral, e

isso por diversas razões.1. A primeira é o alarmante fato de que os cristãos, na mais favorável avaliação,constituem uns dez por cento da população da Inglaterra — e só a metade deles freqüentaum local de culto com alguma regularidade. Não somente isso, mas também estamoscientes do total colapso da moralidade e da terrível confusão que prevalece em muitosdepartamentos da vida no presente. A situação é de real desespero, e, em face disso, muitossão tentados a dizer: "Temos que fazer alguma coisa! Certamente é melhor fazer algumacoisa do que não fazer nada". Toda e qualquer situação de desespero tende inevitavelmentea clamar por ação, e quanto mais desesperada for a situação, mais sujeitos estamos a pensarque qualquer coisa que se fizer será necessariamente certa, porque não ficamos apenassentados, numa condição paralisada, não fazendo absolutamente nada. Essa é uma razãopela qual devemos necessariamente considerar esta questão de zelo.

2. Há, porém, outra razão. Há no presente uma forte tendência para se dizer que, emúltima análise, nada realmente importa, exceto o zelo, ou a sinceridade. Pois bem, vocêsencontrarão hoje em dia muitos que dizem — e na verdade é uma das coisas mais comunsque se vêem na imprensa ou que se ouvem nas conversas: num momento de desesperocomo este, neste país e no mundo inteiro, nada importa, senão que os cristãos se unam,ajam juntos e façam alguma coisa para deter a maré do comunismo, da imoralidade ou dequalquer "ismo" que acaso nos ameace. Há os que dizem: "Que importa o que você crê,contanto que você possa ligar-se a um corpo de pessoas sinceras e zelosas e que estãoansiosas por fazer alguma coisa? Não é ocasião de se perguntar no que elas crêem, se nestaou naquela doutrina. Quando a casa toda está em chamas, não seria ridículo dar atenção àspeças do mobiliário? O que se deve fazer é apagar o fogo, em vez de ficar discutindo unscom os outros sobre artigos particulares da fé cristã".

Bem, é mais ou menos isso que está sendo dito pelos que apóiam o chamado movimentoecumênico. Vivemos dias, dizem-nos, nos quais os que se denominam cristãos, seja no quefor que creiam em detalhe, são homens e mulheres a que devemos dar a destra decomunhão. Devemos trabalhar com eles; devemos levantar-nos juntos e fazer tudo o quepudermos de maneira sincera e zelosa. "Que é que importa", eles indagam, "no que aspessoas crêem, contanto que sejam sinceras?" Tais pessoas dizem que a maldição dopassado era que muitos que eram corretos em sua doutrina não punham em prática o quecriam, e essa é a causa do nosso problema. Assim, por causa do terrível apuro pelo qualestamos passando, a tendência atual é exaltar a sinceridade, o zelo e a atividade.

3. Depois, permitam-me oferecer-lhes uma terceira razão, talvez não tão aplicávelneste país como o é noutras partes do mundo. Em alguns países, alguns dos líderes maisintelectualmente sagazes e espiritualmente perspicazes estão muito preocupados com esta

situação. Naqueles lugares, contrariamente ao que ocorre em nosso país, as igrejas, em sua

Do Livro “Fé Salvadora - Exposição em Romanos 10” de D. M. Lloyd-Jones Editora PES - Publicações Evangélicas Selecionadas

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maioria, estão repletas no domingo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o que se faz comocoisa normal é ir a um local de culto, particularmente domingo de manhã. E assim asigrejas são florescentes e prósperas. Mas, ao mesmo tempo, o crime cresce com umarapidez alarmante. A tal ponto que alguns dos melhores pensadores cristãos daquele paísestão começando a inquirir: "Que é que temos em nossas igrejas? É cristianismo, é religião?Seria a fé cristã, ou seria uma espécie de clube social?"

Eles estão ficando muito preocupados com isso. As igrejas não estão somente cheias; elastêm todas as espécies de organizações e agremiações, e prosperam. A atividade é quaseespantosa. Entretanto, com o passar do tempo, muitos perguntam: qual será o valor dissotudo? Temos o direito de ser complacentes? Eles estão começando a ver que você pode teruma igreja ativa, assim chamada, repleta de povo, de entusiasmo e de atividade, e, todavia,o seu cristianismo, se o é, não pesar quase nada na vida da nação. Vários livros foramescritos recentemente sobre este assunto, e há uma crescente preocupação com respeito atoda essa questão.

Zelo Falso e Zelo Verdadeiro

Portanto, é à luz disso tudo que eu chamo a atenção para este assunto, mas a minha razãofundamental para fazê-lo é a própria maneira pela qual o apóstolo escreve sobre "o zelo de Deus" quenão é "segundo o conhecimento" (VA). Noutras palavras, é óbvio que se pode ter um zelo errado. Ozelo pode ser equivocado, e pode ser até perigoso.

Pois bem, se vocês tomarem a longa história da Igreja Cristã, verão que muitas vezes umzelo errôneo ou falso causou grande dano. Vejam, por exemplo, a época da Reforma Protestante.Martinho Lutero, tendo visto a verdade da justificação pela fé somente, principalmente através destaEpístola aos Romanos, teve que passar muito tempo lutando contra o catolicismo romano. Logo, logo,porém, teve que se envolver noutra batalha, porque certas pessoas, seguindo o seu despertar, sentindoo gosto da liberdade, caíram na licença, na liberdade abusiva. Por isso, desse tempo em diante, Luteroesteve lutando numa frente contra o catolicismo romano e, ao mesmo tempo, teve que enfrentar asseitas fanáticas protestantes que surgiram no outro lado. A razão era que ele conseguia ver claramenteque os excessos dos fanáticos eram um perigo quase que maior do que o próprio catolicismo romano.Elas estavam enfraquecendo toda a sua posição e todo o seu argumento contra o catolicismo romano.

Por isso o coração de Lutero se afligiu grandemente diante dos excessos, embora os seus oponentespossam ter sido zelosos e sinceros.

A mesma coisa aconteceu neste país no século dezessete, no tempo do grandedespertamento e avivamento puritano. Havia então os quacres — George Fox era um grande e bomhomem, mas havia outros, como William Naylor, que se tornou um quacre completamente fanático eentrou a cavalo em Bristol proclamando que ele próprio era o Messias. O fanatismo entrou. E assim,qualquer pessoa que leia as obras de vultos como John Owen, Thomas Goodwin e Richard Baxter,saberá que também eles tiveram que lutar em duas frentes. Não só combatiam as perigosastendências que encontravam no anglicanismo e no catolicismo romano, porém também tinham quecombater as seitas radicais que surgiram e que constituíram um terrível perigo para o movimentopuritano em geral.

Chegando ao século seguinte, vocês vêem exatamente a mesma coisa. Estive relembrando

recentemente alguns aspectos do Despertamento Evangélico ocorrido na América no século dezoito, ea obra de Jonathan Edwards e George Whitefield. Retornou-me à memória o estrago feito nas igrejasda Nova Inglaterra por um homem chamado James Davenport. Ele entrou no despertamento de Whitefield e veio a ser um fanático que levou tudo a excessos terríveis. Estava cheio de zelo, era umhomem muito sincero, mas causou grande dano ao avivamento da Nova Inglaterra e provocou muitoexame de consciência e muito problema a Jonathan Edwards e a outros homens piedosos quecooperavam com ele. Não há nenhuma dúvida de que foi o fanatismo de James Davenport e dos que oapoiavam que causou a maior parte do dano sofrido por aquele grande avivamento. Em conseqüência, Whitefield, que havia sido recebido quase como um anjo de Deus em 1742, quando voltou aos mesmoslugares em 1745 foi recebido friamente, e o seu ministério não foi tão eficiente como foraanteriormente. Estas coisas, vocês vêem, demonstram a razão para examinar toda esta questão muitocuidadosamente, e, se houve algum tempo em que isso foi necessário, hoje certamente o é.

Afortunadamente para nós, o apóstolo trata desta questão nos versículos 1 e 2 de Romanos10, onde vemos retratados o zelo verdadeiro e o falso. Como posso dizer qual a diferença? Bem, no


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versículo primeiro vocês têm o zelo verdadeiro: "Irmãos, o bom desejo do meu coração e a (minha)oração por Israel é para sua salvação". Depois, no versículo dois, lemos: "Porque lhes dou testemunhode que têm zelo por Deus, mas não com entendimento". Esse é o zelo falso. Vejamos agora os perigosdo zelo falso.

O mau emprego do zelo

Primeiramente, consideremos a heresia de colocar o zelo ou a sinceridade na posiçãosuprema, que é a falácia de dizer que, se um homem é sincero ou zeloso, não importa no que ele crê.Já observamos como é comum essa posição hoje.

Pois bem, a primeira razão para dizer que isso é errado é que entende de formacompletamente errônea a natureza do zelo e da sinceridade. Que é zelo? Nada mais é que uma formade poder, uma espécie de força motivadora. É a medida de energia com a qual uma pessoa faz algumacoisa. A comparação óbvia é que o zelo é como o fogo. O fogo é uma forma de energia, e, porque é issoque o zelo é, nunca devemos considerar o zelo como algo em si mesmo, nem colocá-lo na posiçãosuprema.

Podemos expressar o ponto de outra maneira, dizendo: os homens e as mulheres têmmente, coração e vontade. Ora, o zelo pertence inteiramente ao domínio da vontade e, por causa disso,

nunca deve ser elevado ao máximo pelo que ele é em si; nunca deve ser considerado como a coisasuprema. Portanto, é sempre errado dizer que, se formos zelosos ou sinceros, só poderemos estarcertos. E por isso não podemos dizer que fazer alguma coisa, qualquer coisa, é melhor do que nãofazer nada. Uma coisa não decorre da outra.

Posso ilustrar isso para vocês de muitas e diferentes maneiras, Vejam, por exemplo, aquelenosso provérbio que expressa isso com tanta perfeição: "O fogo é bom servo, mas é mau senhor". Aíestá, conciso, numa casca de noz. Se você controlar o fogo em sua casa, poderá aquecê-la, fazercomida, etc. O fogo é um excelente servo, mas deixe que o fogo assuma o controle, e nada haverásenão desastre. Ele queimará a sua casa; poderá destruir uma região inteira; poderá queimar prados edestruir colheitas. Nunca houve o propósito de que o fogo assumisse o papel de senhor; só foidestinado a ser um servo. E essa verdade se aplica ao zelo ou à sinceridade, e constitui a resposta aoargumento que em geral afirma que, seja como for, devemos fazer alguma coisa.

De fato, considerados em si mesmos, o zelo e a sinceridade são neutros. Nunca foramdestinados a ocupar a posição mais proeminente. Na verdade, posso ir além: freqüentemente, o zelo équestão de temperamento. Há pessoas mais zelosas que outras; há pessoas letárgicas, fleumáticas.Estas fazem o trabalho que lhes compete, porém o fazem serenamente. As outras estão cheias deenergia e de força, mas não para seu crédito; nasceram assim! Em geral as pessoas não percebem isso;acham que são zelosas porque são cristãs. Este é um ponto muito sutil, e é por isso que devemoscontinuar a examiná-lo.

Segundo, vocês verão, penso que quase invariavelmente, que o zelo é uma das maisproeminentes características das pessoas que pertencem às seitas. Vocês não às vêem vindo à suaporta nas tardes de sábado, vendendo livros? Acaso os cristãos são zelosos assim? Aí estão pessoasque dedicam tempo, energia e dinheiro para a propagação daquilo em que elas crêem; fazem grandessacrifícios para isso. Os comunistas dedicam tempo, e até se arriscam a perder o emprego, enquanto

sem alarde tentam mudar a sociedade com o que chamam "infiltração celular". Os japoneses, naguerra, estavam prontos a sacrificar a própria vida por seu imperador. Essas ilustrações mostram aque distâncias as pessoas vão por suas crenças.

Todavia, nesta altura, há ainda outro argumento. Diz-nos aqui o apóstolo que é de fatopossível uma pessoa ter "zelo de Deus" e, contudo, estar errada, tragicamente errada. Não émeramente questão de temperamento ou de ser um zeloso membro de uma seita. Os homens e asmulheres podem ter zelo por Deus e ainda estar totalmente errados. Foi esse, diz Paulo, o problemados judeus. Mas ouçam como o nosso Senhor Se expressa sobre isso com algumas palavrasterrificantes registradas em Mateus 23.15, acerca dos fariseus: "Ai de vós, escribas e fariseushipócritas!" — notem — "pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de oterdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós". Isso é zelo — percorrer mar e terrapara converter alguém, para fazer um prosélito. Zelo sem fim!


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O apóstolo defende o mesmo ponto em Gálatas 4.17,18, onde ele trata com os fariseus eoutros dentre os judeus que se opunham à sua obra: "Eles têm zelo por vós, não como convém; masquerem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles. É bom ser zeloso", diz o apóstolo, "mas sempredo bem". Ele está novamente prestando homenagem ao zelo deles. Eles eram muito sinceros eextremamente dedicados em seus esforços para influenciar os gálatas, porém todos eles estavamerrados; estavam mostrando zelo por eles, mas por uma causa má, não por uma boa causa.

Além disso, Atos 26.9-11 nos faz lembrar que esta verdade outrora dizia respeito ao próprioapóstolo Paulo: "Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus nazareno devia eu praticarmuitos atos; o que também fiz em Jerusalém". Nunca houve homem mais sincero que Saulo de Tarso."E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecidodemasiadamente contra eles..." — não se pode ter maior zelo que esse — "até nas cidades estranhas ospersegui". E vocês se lembram de que, ao empreender aquela famosa viagem de Jerusalém a,Damascopara perseguir os cristãos lã, ele foi "respirando ainda ameaças". Houve alguma vez uma pessoa maiszelosa e sincera do que Saulo de Tarso em sua ida a Damasco? Mas ele estava totalmente errado,absolutamente equivocado.

Ele torna a referir-se a isso em Filipenses 3.5,6, dizendo de si próprio: “... segundo a lei, fuifariseu, segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível". Noentanto, ele passou a ver quão tragicamente estava errado, e por isso constantemente insistia neste

ponto, em seu ensino, posteriormente. Em 2 Timóteo 3.6 ele o diz desta maneira: "Porque destenúmero são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias, carregadas depecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar aoconhecimento da verdade". Em 2 Timóteo 4.3 ele escreveu: "Porque virá o tempo em que não sofrerãoa sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos" — eis aqui o zelo — "amontoarão para si doutoresconforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas".

Portanto, vocês podem ver, pelo ensino e pela experiência do apóstolo, que até podem terzelo por Deus e, todavia, estar completamente errados. Disso há somente uma conclusão: o zelosempre deve ser testado e examinado. Não digam: "Que homem maravilhosamente zeloso é aquele!Ele só pode estar certo, porque é tão zeloso! Como é sincero! Quem sou eu para questioná-lo?" Dizerisso é muito perigoso. Todo o ensino do nosso Senhor e dos apóstolos no Novo Testamento concita-nos a que sejamos cuidadosos, a que sejamos cautelosos. O exemplo dos judeus põe-se contra aconfiança num "zelo de Deus, mas não com entendimento".

Características do zelo falso

Portanto, o meu segundo título é: quais seriam, então, as características do zelo falso? Sedevo examinar o zelo, tendo em vista que o zelo é em si moralmente neutro e que há zelo falso e zelo verdadeiro, como posso verificar se o meu zelo é verdadeiro ou falso? Aqui vão alguns testes quedevem ser utilizados juntos, e não individualmente, como se qualquer deles fosse adequadoisoladamente.

1. Primeiro sempre é preciso haver uma indagação em nossa mente sobre se o nossozelo nos foi imposto por alguma outra pessoa e se não estamos apenas nosamoldando a um modelo. Naturalmente, isso é sempre uma característica dasseitas. Os sectários argumentam com você com um caso, um exemplo, e, se você é

persuadido, assume-o, tornando-se um deles e passa a agir exatamente como osdemais. Isso é zelo imposto.

2. Segundo, se um zelo tem que ser fustigado ou organizado ou impulsionado paramanter-se, isso é boa prova presuntiva de que bem pode ser um zelo falso,particularmente se o estímulo sempre tem que vir doutras pessoas.

3. Outro ponto importante, o meu terceiro teste, é o seguinte: se você vê que dá maisênfase ao fazer que ao ser, isso é sempre um indício de que você deve tomarcuidado. Se você estiver mais ansioso por fazer coisas do que por ser santo, émelhor que examine de novo o seu zelo. O zelo falso sempre coloca a ênfase nofazer; não se interessa muito por ser; daí o perigo.

4. O quarto teste é que no zelo falso o que há é atividade, antes que a verdade, sendoque aquela é sempre muito proeminente e ocupa o centro da vida. O que sempre


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causa impacto em você e a energia despendida, e não a verdade que as pessoasafirmam que estão apresentando. Noutras palavras, no zelo falso há sempre umatendência de exagerar nas realizações concretas, há sempre um elemento deexcesso. A atividade fica em mais evidência do que o ensino que orienta a produçãoda atividade.

5. Em quinto lugar, quando os métodos, a organização e a “máquina” são muitoproeminentes, isso é boa prova presuntiva de que se trata de um zelo falso.

6. Quanto ao meu sexto teste, vou agrupar algumas coisas sob o título de carnalidade,ou carne. No zelo falso há sempre esse elemento carnal, e este freqüentemente semostra por meio de certa leviandade de espírito, às vezes quase frivolidade. É pena,mas por vezes isto se vê em reuniões religiosas. Há uma leviandade, uma jovialidade banal e uma espécie de superficialidade. Não se pode imaginar esse tipode coisa por perto do apóstolo Paulo, nem de nenhum dos outros apóstolos, nem donosso bendito Senhor. Mas vocês o vêem em muitas reuniões. Tais pessoas sãomuito zelosas — não questiono o seu zelo, concedo-o, como concedo o seuentusiasmo — porém elas sempre exageram nisso, e há esse toque de leviandade ali.Na verdade, nalgumas ocasiões tive que procurar me lembrar de que estava numareunião religiosa. O espírito que eu sentia era o do ambiente de uma equipe de

críquete ou de futebol, de algum entretenimento mundano, e, apesar de tudo, aspessoas eram absolutamente sinceras! Mas não havia nenhum senso de temor,nenhum senso da presença de Deus, nenhum senso de santidade, nenhum senso dereverência. Tudo era jovial e alegre, conduzido com grande entusiasmo e commaravilhoso poder organizacional. Afirmo que estas coisas são indícios decarnalidade, não de zelo verdadeiro.

E então vocês podem acrescentar: o zelo falso pode ser encontrado sempre que háagitação, excitamento - e isso ainda está sob o título de carnalidade - porque oexcitamento, seja de que natureza for, é sempre carnal. E se houver um elementode autoconfiança, de segurança a própria e de que a pessoa se sente no controle dasituação, vocês podem estar certos de que é um zelo falso. Não importa quão zelosoou sincero um homem pode ser, se ele der a impressão de que é autoconfiante e

seguro de si, eu suspeito do seu zelo. E se houver um vestígio de que ele temorgulho de si mesmo, pior ainda.

7. Passemos ao sétimo teste. O zelo falso não gosta de ser questionado. Isso lhe causaressentimento. O zelo falso leva o homem a dizer: "Você não é capaz de ver que eusou zeloso? Sou entusiasta, sou sincero. Quero fazer isso". Mas vocês dizem:"Contudo, vamos certificar-nos, por causa do ensino das Escrituras". Não o zelofalso fica impaciente com isso tudo, quer levar avante as coisas, tem que estarfazendo alguma coisa. Qualquer exame o deixa impaciente, e isso é um péssimosinal.

8. Em oitavo lugar, quando o zelo mostra impaciência com o ensino, a situação pioramais ainda. "Eles têm zelo de Deus, mas não segundo o conhecimento" (VA). Elesnão querem saber de conhecimento, diz Paulo, rejeitam-no; não se interessam por

ele. Eles têm que estar levando adiante as coisas e não querem receber nenhumensino. Esse é o espírito do zelo falso.

9. O nono teste é o fanatismo! A intolerância! O zelo falso preocupa-se primariamentecom o sucesso, e não com a veracidade daquilo que ele está propagando.

10. E então coloco como o meu décimo teste a falta de equilíbrio. Em geral vocês verãoque as pessoas que são motivadas por um zelo falso só vêem uma coisa, um sóaspecto da verdade, e não se interessam por nada mais. Pode ser só aevangelização; pode ser só o calvinismo; pode ser só o arminianismo; pode ser só aprofecia. Este único ponto é a coisa, e com todo o vigor e empenho eles procuramimpor essa coisa e não se interessam por mais nada. Esse é sempre um sinal fatal. Ésempre o problema dos hereges. São homens e mulheres que perderam oequilíbrio. Deixaram-se absorver tanto por urna só coisa que não enxergamnenhuma outra, e forçam tanto essa coisa que, não somente perdem o equilíbrio,


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mas também essa "única coisa" torna-se uma mentira. É zelo cego, e o zelo podecausar cegueira.

Portanto, se houver alguma evidência de falta de equilíbrio, se não estiver sendoapresentada a plenitude da verdade, se não estiverem tratando de todo o desígniode Deus, e se estiverem martelando constantemente uma coisa só, é zelo falso. Ozelo falso não se interessa por aprendizagem ou pela doutrina, não se interessa por

teologia — quer "conseguir salvos", e nada mais. Ou há aqueles que não seinteressam por conseguir que as pessoas sejam salvas, mas estão interessadas emseu aspecto particular da doutrina, e ficam sempre nisso. Certamente vocês verãoisso toda vez que tais pessoas falarem; sempre aparece. Isso também é zelo falso, éfalta de equilíbrio. E, naturalmente, se vocês virem alguma falta de equilíbrio entredoutrina e vida, entre o que as pessoas crêem e ensinam e o modo como vivem, issoé necessariamente prova positiva de que o zelo delas é falso.

11. Passemos então ao derradeiro teste - o undécimo - que é o seguinte: os homens e asmulheres que têm zelo falso são sempre intranqüilos, e são intranqüilos porque vivem da sua atividade, da sua energia, do seu entusiasmo e da sua sinceridade.Isso nunca lhes dá paz. E tais pessoas mostram isso, é claro, desta maneira: se caemde cama e não podem fazer nada, ficam deprimidas e se sentem infelizes. Então

vêem que têm vivido da sua atividade pessoal.Deus sabe que estou pregando tanto para mim como para vocês. É uma lástima, mas

conheci pregadores que viviam ou vivem da sua própria pregação, e tenho visto algumas tragédias. Vianciãos que, tendo passado a vida toda exercendo o seu ministério, sentiram-se infelizes quando nãopuderam mais pregar. Sentiram-se infelizes não porque não podiam pregar, mas porque eraminfelizes em si mesmos. Tinham vivido da sua pregação, em vez de viverem do Senhor e da verdade.Esse é um terrível perigo para todo aquele que está no ministério. É um perigo para qualquer pessoaque esteja exercendo atividade na vida cristã. Certifiquemo-nos de que não estamos vivendo dasnossas próprias atividades, porque, se estivermos, temos um zelo falso. Não tem nenhum valor.Podemos ser incansáveis e assíduos; podemos realmente dar-nos, mas estará tudo errado se isso nosdeixar intranqüilos e desorientados quando já não pudermos ser ativos.

Aí estão, pois, alguns dos testes mais importantes pelos quais vocês podem descobrir se o

seu zelo é falso ou não.

Características do zelo verdadeiro

Permitam agora que eu passe ao outro lado — quais seriam as características do zelo verdadeiro? Está claro que a resposta é mais ou menos o oposto do que estive dizendo. Todaviadeixem que eu a coloque desta maneira:

1. O zelo verdadeiro nunca é posto em você como um vestido. Ninguém veste vocêcom ele, nem você mesmo se veste com ele. Se você tem zelo verdadeiro, não o temporque lhe disseram o que fazer quando você se uniu a esta ou àquela igreja, a estaou àquela sociedade, ou seja lá ao que for. Se você está mostrando este zelo apenasporque é a coisa que você tem que fazer, provavelmente é falso. Nunca se dá isso

com o zelo verdadeiro.2. Segundo, o zelo verdadeiro é sempre resultado do ser. Os homens e as mulheres

que têm zelo verdadeiro o têm porque eles são o que são; têm-no porque cresceramna graça e na santificação; agem pelo que são.

3. Ou, terceiro, expressando o ponto ainda mais especificamente e em termos donosso texto, o zelo verdadeiro sempre resulta do conhecimento. Pois bem, oapóstolo já nos tinha dito isso maravilhosamente em Romanos 6.17, onde ele diz:"Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração àforma de doutrina a que fostes entregues" (ou, "que vos foi entregue", VA).Notaram a ordem? Ele realmente põe o obedecer primeiro, mas na prática vinhaem último lugar. "Tendo sido servos do pecado", eram servos do pecado — que foique aconteceu com eles? Bem, a primeira coisa foi que uma "forma de doutrina vos


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foi entregue". O evangelho tinha sido pregado a eles, e eles o receberam e creramnele com suas mentes.

Mas não se deu isso só em suas mentes, o coração estava envolvido; eles foramtocados pelo evangelho. E, por isso, deram-lhe obediência, sua vontade entrou emação. Entretanto a ordem foi esta: eles receberam com a mente, seu coração foitocado, e então a vontade os moveu à ação — e sempre é essa a ordem verdadeira! O

problema do zelo falso é que ele coloca a vontade em primeiro lugar, e não seinteressa no coração nem na cabeça. O homem que diz, "Nada importa senão fazeralgo", está se descartando da mente e do coração; para ele só a atividade éimportante.

É sempre esse o perigo do ativismo. Ele não sabe o que significa o fazer, nem seinteressa por isso. Fazer, essa é a coisa! E se precipita a fazê-la a seu modoimpetuoso e cego. A ordem certa é — a mente, o coração, a vontade. O homem quetem zelo verdadeiro sabe o que está fazendo, e sabe por que o está fazendo; seu zeloé "segundo o conhecimento".

4. Em decorrência disso, o quarto teste é que o zelo verdadeiro é profundo, nãosuperficial. Não é espetacular, não faz teatro. Pondo fogo em papel você consegueuma labareda maior do que num pedaço de madeira, mas logo se esvai. A madeira

não é instantaneamente espetacular, porém produz melhor fogo; dura mais e prestaserviço mais útil. Há profundidade no zelo verdadeiro, e há controle nele. Como vimos, se o zelo estiver no comando, será como o fogo, que é um mau senhor.

Mas quando o zelo é comandado pelo conhecimento, é como deve ser o zelo verdadeiro.

E, portanto, segue-se que há certas características que, mais uma vez, sãoexatamente o oposto da carnalidade. O homem dotado de zelo verdadeiro nunca éautoconfiante. Nunca é autoconfiante! É sempre reverente; não é dominado peloexcitamento num sentido errôneo; é um homem que se deprecia a si mesmo. Oapóstolo Paulo diz aos coríntios que quando estivera entre eles fora "em fraqueza, eem temor, e em grande tremor" (1 Coríntios 2.3). Paulo a tremer! Apreensivo,temeroso, nervoso, pode-se dizer. Quanta diferença do zelo falso, com sua

confiança, com sua segurança e com a afirmação de que é o "senhor da ocasião"!

Paulo foi grandemente utilizado pelo Senhor; diz ele em 1 Coríntios 15.10:"Trabalhei muito mais do que todos eles" — mas, esperem um minuto — "todavianão eu, mas a graça de Deus, que está comigo". Os coríntios desprezavam Pauloporque ele não se jactava de si mesmo. Alguns dos falsos mestres jactavam-se de simesmos, recomendavam-se a si mesmos, como Paulo diz em 2 Coríntios 3.1. Edevido Paulo ser um homem humilde, um homem modesto, um homem que nãofazia propaganda do que fazia, eles diziam que ele não era ninguém! "Sua presençafísica é fraca, e sua fala desprezível" (2 Coríntios 10.10). Que é que Paulo fez? Bem,diz ele, se vocês querem saber, "Pela graça de Deus sou o que sou... trabalhei muitomais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo" (1Coríntios 15.10).

O motivo que anima o zelo verdadeiro

Qual será o motivo que anima o zelo verdadeiro? Certamente não é simplesmente estarocupado, fazer coisas e conseguir resultados. É a glória de Deus! "O amor de Cristo nos constrange" (2Coríntios 5.14). É isso! Paulo tem zelo verdadeiro, não porque é um sujeito ativo e cheio 'deentusiasmo e de energia; não, não é por isso, e sim pela glória de Deus! O amor de Cristo! Suapreocupação é com a condição dos perdidos; ele vê o destino deles, ele os vê como pecadores levadospara o inferno. Ele não fala leviana e superficialmente sobre a salvação das almas. Ele compreendequal é a condição dos perdidos, e se desespera. É grave; é alarmante; é terrificante. E é por isso queele se engaja como se engaja.

Portanto, ele não está desejoso apenas de que as pessoas "se decidam por Cristo"; ele quer

que elas venham ao que ele chama "conhecimento da verdade". Ele não se interessa por resultados


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superficiais, mas se preocupa muito em que os homens e as mulheres tenham o conhecimento que ossalvará do inferno, os levará a ver a glória de Deus e os fará herdeiros da bem-aventurança eterna. Sãoesses os seus motivos.

Assim, em última análise, chega-se a isto: o homem animado por um zelo verdadeiro, pormais sucesso que tenha, nunca se envaidece nem vibra demais com o seu sucesso. Ele pôs no coraçãoas palavras proferidas pelo nosso Senhor, dirigidas aos setenta. Quando os enviou com a missão de

pregar e expulsar demônios, tiveram tanto sucesso que voltaram cheios de entusiasmo e disseram:"Até os demônios se nos sujeitam"! Mas o nosso Senhor lhes disse: "Não vos alegreis porque se vossujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus" (Lucas 10.17-20).

E essa é a posição dos homens e mulheres que têm este zelo verdadeiro. Eles dão graças aDeus por terem sido usados por Deus e por Deus ter condescendido em abençoar os seus esforçosinsignificantes. Contudo eles se regozijam, não pelos resultados que obtiveram, mas por terem seusnomes escritos no céu. Assim, no fim da sua vida eles podem dizer com o apóstolo Paulo: "Eu já estousendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bomcombate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual oSenhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem asua vida" (2 Timóteo 4.6-8).

É nisso que Paulo está interessado! Com todo o seu sucesso fenomenal, eis o que ele diz:"Para conhecê-lo, e à virtude da Sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feitoconforme à sua morte; para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dos mortos. Nãoque já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fuitambém preso por Cristo Jesus" (Filipenses 3.10-12). Esse é o homem dotado de zelo verdadeiro. Seudesejo não é primariamente ter sucesso, mas conhecer o Senhor e ser semelhante a Ele, e apreende-l0com maior plenitude. Que teste maravilhoso!

A prática do zelo verdadeiro

Agora, finalmente, uma pergunta. Qual é o efeito disso tudo sobre você? É porque vocêteme o zelo falso que não faz coisa alguma? Se é isso, falei em vão. Se você tem tanto medo do zelofalso que fica paralisado, você é a própria antítese de Paulo. Não entendeu a verdade. O conhecimentoda verdade sempre move o coração e move a vontade. Se estiver só em sua mente, examine-se; algoestá errado com você. Se o conhecimento da verdade não o moveu, não engajou as suas emoções, nãoo levou a fazer algo, significa que você, não conheceu apropriadamente a verdade. Quando os homense as mulheres conhecem realmente esta verdade, eles dizem: "Não podemos deixar de falar do quetemos visto e ouvido" (Atos 4.20).

Quando, pressionados pela perseguição, os cristãos primitivos, as pessoas comuns, saíramde Jerusalém e se espalharam, "iam por toda parte, anunciando a palavra" (Atos 8.4), não nospúlpitos, mas falando com todos aqueles que eles encontravam. Por quê? Bem, era tão maravilhoso,tão glorioso, tinha feito tanto por eles que desejavam ansiosamente que todos os outros tivessem amesma bênção. Seja como for, o apóstolo nos ensina em Romanos 12.11 que não devemos ser"vagarosos no cuidado". Em vez disso, devemos ser "fervorosos no espírito, servindo ao Senhor" —não se trata aí de zelo falso. Ele não está escrevendo a apóstolos, mas a comuns membros de igreja.

Você é fervoroso no espírito? Você é comovido pelo que diz crer? Você realmente crê nisso?Se é assim, você sabe que todos quantos não crêem vão para o inferno. E você pode manter-

se passivo, quieto, paralisado, sem dizer nem fazer nada? Quantas vezes você leva estranhos ao seulocal de culto para que eles ouçam o evangelho? Até que ponto você está preocupado com as almasdos perdidos? Como podem as pessoas crer neste evangelho e não se preocupar com os que nãocrêem? Como podem sentar-se e ficar tomando o próprio pulso, lamentando as suas tentações, osseus pecados e os seus problemas, e não se preocupar com os perdidos? Só pode ser que nãoconhecem a verdade, que o seu problema é esse. Aqueles que conhecem a verdade sentem-se no deverde serem "fervorosos no espírito, servindo ao Senhor".

Pois bem, não estou apenas pedindo a você que se levante e faça alguma coisa; o que estoudizendo é que, se você está paralisado e não está fazendo nada, significa que você tem necessidade doEspírito Santo. Você não pode fazer por si mesmo que o seu espírito seja fervoroso. Se tentar isso, será

um zelo falso. Unicamente o Espírito Santo pode tornar as pessoas verdadeiramente fervorosas. É


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somente o fogo do altar do céu que pode inflamar-nos o coração, dar-nos interesse pelos perdidos, elevar-nos a fazer algo por eles. É disso que você precisa. Você precisa de um batismo do Espírito deDeus, precisa do fogo do Espírito! E não deve dar a si mesmo nenhum descanso e paz enquanto não otiver.


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O Fogo é Bom Servo, Mas é Mau Senhor

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