O Farol de Diógenes

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Diógenes iluminando o passado. (A luz que faltava sobre esta nossa palavra: Liberdade.)

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Diógenes foi considerado

o mais folclórico dos antigos filósofos gregos.

Em certo momento da história de sua vida

ele foi para Atenas e, do lado de fora da

entrada da cidade, fez de um barril a

sua casa, deixando claro que negava

a imprescindibilidade das cidades.

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Já nesta época,

sabendo que Sócrates

havia se proclamado um “cidadão

do mundo” e “um homem irmão de

todos os homens”..., Diógenes se

proclamou um “cidadão do cosmo”

e “um homem irmão de todas as

coisas e de todas as criaturas”...

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Lá, então, na entrada de Atenas,

Diógenes vivia com os cães,

como um cão, “assumindo a

temática do cão para si...”,

o que lhe rendeu o termo

gerador do sentido original

de cínico: desavergonhado,

pelos modos escandalosos.

Por isso, este termo “cínico”

foi derivado da palavra grega

“kynikos”: forma adjetiva de

“kynon”, que significa “cão”.

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Mas de um modo ainda sigiloso

a história revela que Diógenes não

entendia por que era chamado de

“cínico” por aqueles seres humanos

que se recusavam a reconhecer suas

heranças traçadas na origem animal...

Ele defendia a importância de estudar

os cães: “Não são constrangidos,

comem qualquer coisa e não

fazem estardalhaços sobre

em que lugar dormir...”.

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“... Os cães vivem o presente sem

ansiedade e não são perturbados

por nenhuma pretensão abstrata.

“Eles logo aprendem a distinguir

instintivamente quem é amigo e

quem é inimigo, diferentemente

dos humanos que enganam e

são enganados uns pelos outros.

“Os cães não sabem enganar e,

então, eles sempre reagem com

honestidade frente à verdade.”...

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Diógenes usava esses artifícios

escandalosos para chamar atenção

ao criticar os valores de uma

sociedade vista por ele como

corrupta..., imaginem, já

naquele tempo antigo.

E assim o filósofo usou

a temática dos cães para

destacar o valor de “ser honesto”.

Por fim, ele se pôs a desenvolver

o conhecido simbolismo a respeito

da lanterna que ele carregava

como se fosse um farol...

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É famosa a história de que ele,

já velho, ainda às vezes saía

de sua “casa” levando na mão

aquele tipo simbólico de farol

aceso, dizendo-se à procura

do “homem honesto”!..., que

seria um tipo de homem

verdadeiro que jamais

se deixava aprisionar

por convenções sociais;

um homem que, então,

seria incorruptível e livre

o bastante para sempre reagir

com honestidade frente à verdade.

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Não se sabe se ele encontrou

algum tipo de homem honesto.

Mas todos sabem que ele teve

um memorável encontro com

Alexandre ― o Grande ―,

o Senhor de toda a Terra...

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A história nos conta que

certo dia Alexandre Magno

― o conquistador do mundo ―

foi visitar Diógenes em sua “casa”.

Parou na frente do barril dele

e perguntou, consternado

diante de toda aquela

aparente pobreza:

“O que posso eu

fazer para

ajudá-lo?”

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Não obstante,

outra vez com detalhe,

a história nos revela que

Alexandre, ao parar na frente

do barril, fez sombra em Diógenes...

Este, então, moveu o seu braço

para em seguida dizer o que

mais claramente deve ser

traduzido sem medo assim:

“Dono de todo este mundo,

o que pode fazer por mim

é sair da frente do meu sol.”

A resposta de Diógenes

gerou muita controvérsia

entre os historiadores.

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Desse modo, Diógenes estabeleceu a sua

concepção cósmica (aliada ao “seu” SOL

que estava no céu sobre toda a Terra).

E assim ele pôs a sua grandeza acima da

grandeza de um homem que imperava

sobre todas as terras conhecidas. O velho

Diógenes, então, pertencia ao âmbito

das coisas cósmicas, de aspectos

ilimitados e aparências infinitas,

enquanto o Imperador regia

“apenas” sobre as coisas

perecíveis e passageiras

deste pequeno mundo...

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Ainda, pelo que nos conta a história,

Alexandre não se ofendeu, pois,

quando já se retirava, disse

a um dos seus comandados:

“Se eu não fosse Alexandre,

queria ser... Diógenes.”

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E me deixem retornar

à caminhada do velho filósofo...

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Ao imaginá-lo assim, andando com

uma lanterna acesa à luz do dia e,

também, possivelmente, às vezes

através da escuridão da noite (do

modo ilustrado aqui), percebi que

o filósofo esteve a procurar por um

homem impossível de ser visto ali...

Então, por suposto, o homem honesto

estaria em outra dimensão da realidade,

certamente no passado, porque o farol

de Diógenes parecia “iluminar para trás”...

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Isto me pareceu muito claro, porque

o homem honesto seria um tipo original,

nascido num mundo exuberante, por inteiro

provido de vida, em perfeito equilíbrio,

sem qualquer privação, por completo

gratuito e, portanto, ainda sem

razões para o surgimento

da desonestidade.

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E, francamente, leitores,

penso que na etimologia do nome

deste grego ― Diógenes ―, encerra-se

o símbolo da história: “gerado por Deus”

ou pelos “genes de Deus”...

Por este ângulo, Diógenes

esteve a procurar pelo que

estava em seu próprio nome:

genes de Deus!, formadores do

primeiro homem ― do autêntico

ou autenticamente honesto!

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Enfim, lembrando-me de como

a busca de Diógenes era direcionada

ao passado ― “com aquele seu farol

iluminando para trás” ―, soam-me

na mente palavras de um escritor

conterrâneo, e contemporâneo,

apesar de já estar falecido,

Pedro Nava.

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Para ele a essência do ser humano

está no conhecimento adquirido

ou, apropriadamente, na

experiência vivida...

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Em razão disso eu imagino

que ele formulou este dizer:

“A experiência é como um farol

iluminando para trás...”.

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(!!!)

Pois que então

tenhamos pelo menos a coragem

de acender este farol capaz

de iluminar para trás,

o passado...,

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para que, assim,

estejamos pisando em algo sólido

no momento de alçarmos voo

em direção a um futuro

que, sem dúvida,

está no alto,

no cosmo,

no Céu...

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Um Céu que, como o nosso próprio passado,

é também escuro...,

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mas perfeitamente sinalizado com

os encantadores brilhos de sóis ou... faróis.

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