o evangelho e a diversidade das culturas

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Atividade 10 - 4600-23/ Antropologia Social Aluno: Natanael Michael Connor Data: 10/11/2014. Módulo: validação de Créditos Professor: Arzemiro Hoffmann INFORME DE LEITURA 1. Ficha Bibliográfica HIEBERT, Paul G. O evangelho e a diversidade das culturas: um guia de antropologia missionária. São Paulo: Vida Nova, 2008. 2. Resumo: O autor se propõe no livro a desenvolver um auxílio para a tarefa evangelística e missionária cristã transcultural. Para isso procura disponibilizar ferramentas cujo objetivo é a compreensão de outras culturas e da própria pessoa do missionário. Há o destaque para a importância da antropologia no sentido de transpor as barreiras entre o missionário e o povo a ser alcançado. Como ciência que é, ela tende a permitir que se entenda as situações transculturais, assim como os processos de conversão. Assim transformada em ferramenta, ela permite uma observação crítica a reafirmar que o evangelho transpõe as barreiras entre as pessoas sem despi-las de suas respectivas identidades étnicas. Pode ser colocada a serviço do Reino de Deus e nos lembra do conceito evangélico da identificação para com aqueles a quem quisermos levar a mensagem. A antropologia, além do mais nos confronta com o fato de que as sociedades tidas por primitivas, na verdade tem uma estruturação que não fica a dever para com quaisquer outras culturas. Com o entendimento que tem, pode ajudar muito na dinâmica e complexidade crescente do cenário contemporâneo mundial, e prevenir as distorções na transmissão do evangelho. Como a abordagem é cristã, precisamos manter o foco na Bíblia buscando uma integração em que a mensagem bíblica não sofra prejuízo, e para isso sempre será levada em consideração como verdade e prioridade. Além da antropologia, as demais ciências vêm a contribuir na mesma direção por demonstrarem e analisarem as diversas dimensões que compõe a integralidade do ser humano. O autor coloca assim a esperança de que a relação entre a teologia e as diversas ciências se torne cada vez mais cooperativa. As culturas são compostas por idéias, sentimentos e valores. Idéias são relativas ao conhecimento e a ordem assim

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resenha crítica do livro "o evangelho e a diversidade das culturas" de Paul Hiebert

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Atividade 10 - 4600-23/ Antropologia Social Aluno: Natanael Michael Connor Data: 10/11/2014.Mdulo: validao de Crditos Professor: Arzemiro Hoffmann

INFORME DE LEITURA

1. Ficha Bibliogrfica HIEBERT, Paul G. O evangelho e a diversidade das culturas: um guia de antropologia missionria. So Paulo: Vida Nova, 2008.

2. Resumo:O autor se prope no livro a desenvolver um auxlio para a tarefa evangelstica e missionria crist transcultural. Para isso procura disponibilizar ferramentas cujo objetivo a compreenso de outras culturas e da prpria pessoa do missionrio. H o destaque para a importncia da antropologia no sentido de transpor as barreiras entre o missionrio e o povo a ser alcanado. Como cincia que , ela tende a permitir que se entenda as situaes transculturais, assim como os processos de converso. Assim transformada em ferramenta, ela permite uma observao crtica a reafirmar que o evangelho transpe as barreiras entre as pessoas sem despi-las de suas respectivas identidades tnicas. Pode ser colocada a servio do Reino de Deus e nos lembra do conceito evanglico da identificao para com aqueles a quem quisermos levar a mensagem. A antropologia, alm do mais nos confronta com o fato de que as sociedades tidas por primitivas, na verdade tem uma estruturao que no fica a dever para com quaisquer outras culturas. Com o entendimento que tem, pode ajudar muito na dinmica e complexidade crescente do cenrio contemporneo mundial, e prevenir as distores na transmisso do evangelho. Como a abordagem crist, precisamos manter o foco na Bblia buscando uma integrao em que a mensagem bblica no sofra prejuzo, e para isso sempre ser levada em considerao como verdade e prioridade. Alm da antropologia, as demais cincias vm a contribuir na mesma direo por demonstrarem e analisarem as diversas dimenses que compe a integralidade do ser humano. O autor coloca assim a esperana de que a relao entre a teologia e as diversas cincias se torne cada vez mais cooperativa.As culturas so compostas por idias, sentimentos e valores. Idias so relativas ao conhecimento e a ordem assim como as categorias e os sistemas nos quais esto classificados e o uso prtico de tudo o que se conhece. Os sentimentos so denominados pelo autor como dimenso afetiva da cultura. Renem suas atitudes, noes de beleza e os gostos pessoais, assim como tudo o que causa alegria ou sofrimento. J os valores perfazem a questo da moralidade, verdade, e conseqente juzo que se faz de todas as coisas. Ao penetrar em uma cultura, o evangelho trar mudanas e novidades em todos trs mbitos, o discipulado cristo precisa atingir toda a amplitude da cultura para que em toda a extenso da existncia as pessoas vivenciem a redeno. Nesta mesma direo esto posicionados os smbolos, que so parte importante da cultura por terem atribudos a si significados que podem ser tanto positivos quanto negativos e do formas a idias. Existem padres e sistemas nos quais estes smbolos esto inseridos e tanto eles quanto os comportamentos que os acompanham em sua cultura original que apresentam o significado geral que so entendidos em suas relaes. Tambm nos apresentado pelo autor o conceito de cosmo viso, que perfaz o conjunto de pressupostos bsicos sobre a realidade, que geralmente no so percebidas por quem as possui. A cosmoviso expressa ainda uma caracterstica de funcionalidade, onde o suprimento de necessidades entra em jogo como fator de incluso ou excluso dos elementos que vem a compor uma cultura demonstrando o quanto as culturas podem mudar. As culturas podem conter tanto aspectos que contrariem o evangelho, quanto outros que sejam harmnicos ou expressem alguma de suas dimenses. Um trabalho essencial da comunicao transcultural discernir e elaborar maneiras criativas de valorizar o que bom assim como evidenciar as contradies e denunciar os pecados que precisam ser abandonados. As diferenas entre as culturas so destacadas e colocada em perspectiva a questo da escolha que precisamos fazer frente a necessidade de insero em uma cultura que no a nossa primria. A realidade de uma situao onde a maioria dos elementos se afigura como novidade, da mesma forma como no se pode observar quase nada de familiar traz fortes tenses internas, e diante destas, afiguram-se as questes dos mal-entendidos e at mesmo dos riscos em relao aos mesmos, assim como a soma do fator da presso de sucesso e os sentimentos de insegurana e incapacidade de aprendizado que tende a ser humilhante. O termo que descreve esta situao choque cultural. O rumo ideal a saudvel administrao de nossas dificuldades e a pacincia com a convivncia com a nova cultura no sentido de assumirmos conscientemente a posio de aprendizes. O mais essencial de tudo mantermos atitude amorosa em relao s pessoas que nos cercam, o que tambm o nico caminho para termos pacincia e bom humor, especialmente conosco mesmos, at que o nvel de entendimento, que jamais ser alto demais, j seja o suficiente para nos movermos e comunicarmos sem maiores problemas. Assim o missionrio integrar duas culturas, tornando-se o que o autor chama de uma pessoa bicultural. H uma seo do livro dedicada apenas para configurar a situao dos missionrios estadounidenses, ou norte americanos. Nesta, so tratadas com mais especificidade as particularidades da cultura norte americana em que diversos paralelos e contrastes para com outras culturas so levantados. A ateno volta-se, na prxima parte do livro para a comunicao propriamente dita. -nos lembrado que uma parte muito grande de toda a vida humana representada pela mesma. A questo das mensagens no verbais que sempre so passadas em paralelo com as verbais. De que a fluncia no idioma para onde se vai determinante para a perspectiva de sucesso na misso. Na seqncia analisa-se a problemtica dos comportamentos associados s culturas no crists e a sensibilidade para discernir e combater comportamentos diretamente associados ao paganismo. Primeiro o missionrio deve atentar para que a atitude moralista no venha apenas a incentivar o aparecimento do farisasmo. Em seguida precisamos tambm nos perguntar como que resolveremos as questes msticas e ocultistas que encaminham situaes prticas da vida, encontrando substitutos funcionais dinmicos cristos, para que o cultivo do sincretismo no se afigure por questo de necessidades no trabalhadas. Precisamos ser crticos na contextualizao. Ter sensibilidade e procurar visualizar as questes sem eleger nossa prpria cultura como a melhor, assim como no contemplar apenas, atribuindo beleza quilo que a Bblia chama de pecado, pois ela a pedra de toque para avaliar tanto a nossa, quanto a cultura do lugar para onde formos. A questo da teologia precisa ser tratada com a finalidade de desenvolver o princpio de autonomia. Para tanto de extrema importncia o investimento na formao de lderes locais e a valorizao das iniciativas surgidas localmente. Existem apenas dois tipos de teologia, a saber aquela que expresso verdadeira da revelao de Deus, e aquela que se prope a tratar outros assuntos tendo apenas o tema Deus como pretexto. O autor chega a falar em teologia como Deus a v e teologias humanas. A vantagem de uma teologia que j foi produzida no campo missionrio e que conserva os princpios bblicos e cristos novamente a facilidade de comunicao para aquele povo e o enriquecimento do cenrio teolgico mundial.J na ltima parte do livro, fala-se da ponte bicultural que o missionrio e a prpria misso representam. Isso ocorre sempre dentro do contexto dos relacionamentos sociais. A primeira comunidade crist, surgida a partir da misso, sempre ser uma comunidade bicultural, trazendo traos da cultura local assim como da cultura do missionrio. A inevitvel marginalidade dos missionrios tende a se traduzir em solido, mas eles tambm tem uma contribuio muito importante a fazer no sentido de representarem a igreja em sua comunho mundial. H a questo da dificuldade de adaptao que os missionrios sofrem ao regressarem a sua prpria cultura e todo o sofrimento e sentimento de alienao associados. A tendncia que estes se tornem mais crticos em relao s culturas, inclusive para com a sua prpria. Por fim muitas das questes prticas da vida pessoal do missionrio so colocadas em considerao, como a educao dos filhos, aposentadoria, a crise de identidade dos filhos, assim como o ndice alto de filhos de missionrios que no querem saber de Deus, por conta do sacrifcio e da competio de tempo que sentem entre eles e o ministrio dos pais. As ltimas reflexes ficam por conta dos papis que o missionrio, como todas as outras pessoas desenvolve na vida. Lembra que estes papeis se relacionam com as expectativas sociais, e que em uma cultura diferente este fato se agrava por se tratar de um estrangeiro, e de que naquela cultura por vezes difcil a definio de papel. Aparte de mscaras e funes, o que precisa pulsar de mais forte no interior do missionrio o amor de Deus que se traduz em interdependncia que administra a vida para alm das aparncias e expectativas humanas. O ultimo captulo est como que um estimulo e lembrete da urgncia da tarefa e de o quo incompleta ela est. Fortes tendncias mundiais, como a da urbanizao, so afiguradas e estatisticamente apresentadas.

3. Tese e/ou idias centrais:O evangelho tem o potencial de se relacionar e se inserir em todas as culturas produzindo a redeno das mesmas, onde a pessoa do missionrio desempenha um papel decisivo. O livro se prope a elencar os fatores mais essenciais deste processo, prevendo e prevenindo dificuldades e problemas, assim como apontando uma direo fundamentada nas experincias vivenciadas estudadas e observadas.

4. Pontos de valor que encontro neste texto e que desafio representam para mim:O ponto de maior valor a anlise apresentada, onde uma imensa quantidade de reas referentes ao missionrio, prpria misso, ou mesmo tarefa missionria. H tambm uma riqueza de exemplos de situaes prticas que tornam claros muitos dos conceitos apresentados. O desafio que mais me chamou a ateno aquele representado pela mudana de cultura, conhecido em minha experincia pessoal de maneira bem mais amena, com as diferenas que h j entre as regies em nosso pas. Outro ponto de valor que percebo a ajuda no sentido de aprender com a proposta do livro a parar diante da realidade que me cerca e perguntar quais so os problemas e o que pode ser feito no sentido de enfrentar e tratar cada questo.

5. Deficincias ou objees:No tenho nenhuma objeo.Percebo uma deficincia, que a ausncia de meno acerca de um problema essencialmente inerente ao processo de globalizao que o mundo enfrenta, que a tendncia para a idiossincrasia, onde a informao chega a um grupo de pessoas e absorvida, passando a integrar a cultura na forma de modismos, sem passar pelo crivo da utilidade prtica, fugindo, pelo menos em parte, do esquema geral nas relaes entre as culturas e da dinmica cultural.

6. A quem e por que recomendaria este livro:A todas as pessoas que precisarem se mudar de sua cidade natal, porque a extenso e a exaustividade da anlise apresentada nos foram a refletir acerca de muitas coisas que fazemos e pressupomos sem estarmos conscientes, por fazerem parte de nosso ambiente. A leitura ajudar as pessoas que se mudam a tomarem a mnima distncia dos problemas comuns adaptao e que necessria reflexo e superao da correspondente crise.