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O Envelhecimento e a Resposta Social de SAD Contextualizao

1.DEFINIO

DE

IDOSO

A sociedade actual caracteriza-se por um envelhecimento demogrfico a nvel mundial, em consequncia do aumento dos nveis de esperana e do declnio da natalidade e estes factos levaram a uma maior consciencializao relativamente aos problemas do idoso e sua qualidade de vida. Quando nos referimos s pessoas mais velhas, deparamo-nos com muitas designaes: velhos; pessoas de idade; reformados, terceira ou quarta idade, entre outras. Nas vrias e diferentes pesquisas feitas para definir idoso, foi interessante a descoberta da abordagem sob o ponto de vista filosfico. Enquanto na Antiguidade, a idade da velhice se iniciava depois dos 50 anos, sem qualquer outra distino, a Organizao Mundial da Sade classifica o envelhecimento em quatro estgios. Considera a meia-idade de 45 a 59 anos, o idoso de 60 a 74 anos, o ancio de 75 a 90 anos, e a velhice extrema de 90 anos em diante. Para Organizao das Naes Unidas ONU (1982), o ser idoso difere para pases desenvolvidos e para pases em desenvolvimento. Nos primeiros, so considerados idosos os seres humanos com 65 anos e mais; nos segundos, so idosos, aqueles com 60 anos e mais. Essa definio foi estabelecida pela ONU, em 1982 atravs da Resoluo 39/125, durante a Primeira Assembleia Mundial das Naes Unidas sobre o Envelhecimento da Populao, relacionandose com a expectativa de vida ao nascer e com a qualidade de vida que as naes propiciam a seus cidados. (Cit. in Silvana Sidney Costa Santos no Portal do Envelhecimentos) Segundo Constana Pal, h muito que a idade dos 65 anos deixou de ser um indicador determinante do incio da velhice, na medida em que preciso ter em conta () as trajectrias desenvolvimentais a que cada um esteve sujeito ao longo da sua vida (Pal, 2005:16). Para muitos autores a vida no acaba, nem comea aos 65 anos, apenas continua.

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1.1 O ENVELHECIMENTOO processo de envelhecimento, tais como as respectivas mudanas, constitui um tema de grande interesse no mbito da investigao cientfica nos dias de hoje. Procura-se responder a diversas questes, como por exemplo, quais as dimenses das mudanas, as principais causas e consequncias e as reas de interveno. A senescncia definida habitualmente como o conjunto dos processos biolgicos que, na medida em que a idade avana, coloca os indivduos mais sensveis aos factores susceptveis de levar morte. (Vaz, 2008:28) O processo de envelhecimento extremamente complexo e pode ser visto de vrias perspectivas mas um processo normal, universal, gradual e irreversvel nas transformaes sentidas ao longo do tempo. Este fenmeno est associado ao processo de crescimento, interagindo os factores internos, como o patrimnio gentico, com os factores externos, como o estilo de vida e o ambiente em que o sujeito vive.O envelhecimento humano representa a ltima fase de um processo dinmico de desenvolvimento que tem incio na concepo e prossegue ao longo da vida do indivduo, ou seja, nascer comear a envelhecer, mais notria nas ltimas fases de vida resultante da destruio dos tecidos ou sistemas orgnicos que leva a uma evoluo biolgica e psicolgica responsvel pela quebra de poder de sobrevivncia e adaptao ao indivduo. O envelhecimento no uma doena, mas uma acumulao gradual de perdas funcionais irreversveis que o idoso vai sofrendo ao longo da vida. (Fernandes, 2002,21)

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Os diversos factores fazem parte do percurso de vida de cada indivduo e vo condicionar a maneira como envelhecemos. Envelhecer no masculino no igual a envelhecer no feminino, assim como, no igual envelhecer sozinho ou no seio familiar. A rea da cincia que estuda os processos do envelhecimento, a Gerontologia, que do se ramifica em cincias social e biolgicas cognitiva) (biologia, e medicina, sociais enfermagem), cincias psicolgicas (psicologia do desenvolvimento idoso, psicologia cincias (sociodemografia, ecologia humana). Gerontologia estuda o processo de envelhecimento do ponto de vista fsico, psquico e social, em ordem a um maior bem-estar dos idosos. O envelhecimento () um processo bio-psico-social de cariz individual (), o envelhecimento nunca poder ser explicado ou previsto sem termos em considerao as dimenses biolgicas, psicolgicas e sociais que lhes esto inerentes (Fonseca, 2004:53). Deste modo, e segundo Schroots &Birren, o processo de envelhecimento apresenta trs componentes:Uma componente biolgica, que reflecte uma vulnerabilidade crescente e de onde resulta uma maior probabilidade de morrer; uma componente social, relativa aos papis sociais apropriados s expectativas da sociedade para este nvel etrio; uma componente Psicolgica, definida pela capacidade de autoregulao do individuo face ao processo de senescncia. (Cit. In

Fonseca, 2006:55) Em Teoria do Desenvolvimento de Erik Erikson1, um dos pioneiros nos estudos sobre o desenvolvimento humano durante toda a vida, o desenvolvimento processa-se ao longo da vida e o sentido da identidade de uma pessoa desenvolve-se atravs de uma srie de estgios psicossociais durante toda a vida. (Paulo Ferreira) Outra interpretao sobre o envelhecimento, a que diz respeito ao1

Erik Homburger Erikson, foi o psiquiatra responsvel pelo desenvolvimento da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial na Psicologia e um dos tericos da Psicologia do desenvolvimento.

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envelhecimento, enquanto processo colectivo. Segundo Erikson, a 8 idade corresponde integridade/integrao do eu versus desespero/desintegrao coincidindo com o incio da velhice a partir dos 65 anos. Se o sujeito superou bem os estdios anteriores, atingiu a plenitude da sua integridade que compreende a aceitao e responsabilidade pela vida, o reconhecimento da integridade dos outros e a modstia frente ao universo, tudo acabando na sabedoria que leva a aceitar as limitaes e a prpria morte. Caso contrrio, cresce o medo da morte e sentimentos de desespero frente impossibilidade de recomear toda uma nova vida. De acordo com esta perspectiva, (...) o envelhecimento demogrfico vai corresponder s alteraes que, relativas estrutura etria da populao, se traduzem por um aumento da importncia relativa dos idosos (envelhecimento no topo), por uma diminuio da importncia relativa dos jovens (envelhecimento na base) ou por ambas as situaes (Barreto, 1996:192).

1.2 PERSPECTIVA BIOLGICA

DO

ENVELHECIMENTO

Entre desenvolvimento e envelhecimento no existe separao e biologicamente, so processos contnuos. O declnio fisiolgico e a frequncia de doenas so dois fenmenos que no tm de ser necessariamente coincidentes, embora ambos possam se influenciar. evidente que a velhice humana gera reduo nas capacidades funcionais ao longo do curso do tempo, tal como em todos os organismos vivos. O orgnicos processo e de envelhecimento do organismo biolgico refere-se s transformaes fsicas que reduzem a eficincia dos sistemas funcionais manifestando-se numa diminuio progressiva da capacidade de manuteno do equilbrio homeosttico, sendo que quando esta reduo muito significativa

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reduz a reserva funcional colocando o idoso vulnervel ameaando a sua autonomia e independncia. Como fenmeno biolgico, o envelhecimento tem sido interpretado em ligao com teorias que explicam as causas do envelhecimento celular e do aparecimento de perturbaes de sade que faz com que diminua a probabilidade de sobrevivncia medida que a idade avana. As vrias teorias do envelhecimento biolgico podem ser divididas em quatro grupos: Teoria Programada: Considera o processo de envelhecimento como uma fase inevitvel. O seu incio tem lugar logo na fecundao e decorre com o desenvolvimento do organismo, desde o nascimento at sua morte. Teoria Txica: Considera que a intoxicao do organismo por acumulao de substncias txicas tem como consequncia o mau funcionamento e a morte. Teoria do Desgaste: Defende a ideia de que o organismo semelhante a uma mquina; Teoria do Erro: O envelhecimento deve-se ao aparecimento de erros no cdigo gentico e caracteriza-se pelo envelhecimento de diferentes rgos e tecidos com a diminuio da flexibilidade dos vasos, a reduo do tonus e a perda de clulas nervosas. Como fenmeno biolgico, o envelhecimento tem sido interpretado em ligao com teorias que explicam as causas do envelhecimento celular e do aparecimento de perturbaes de sade que diminuem as probabilidades de sobrevivncia medida que avana a idade. A razo para o envelhecimento se produzir est na incapacidadedas clulas do corpo humano se poderem substituir a si mesmas e, por conseguinte, morrem ou perderem gradualmente uma parte sua funo. Este processo provocado, no s por factores intrnsecos das clulas, mas

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tambm por factores extrnsecos relacionados, nomeadamente, com o ambiente ou com a organizao hormonal. (Vaz, 2008:28 e 29)

de salientar a distino entre envelhecimento primrio ou normal que reflecte o limite intrnseco de longevidade celular e o envelhecimento secundrio ou patolgico que ocorre devido a efeitos vindos de agresses ambientais, traumatismos e doenas. Assim o envelhecimento primrio aparece ligado longevidade mxima constante em que se observa nos estudos de espcies de animais, o envelhecimento secundrio vem explicar a variabilidade entre os seres da mesma espcie. Apesar de tudo, a definio do envelhecimento normal muito complexa, uma vez que existem transformaes que jamais se poderiam considerar como patolgicas independentemente da sua extenso, como por exemplo, as rugas. Por vezes, o normal e o patolgico sobrepem-se j que o normal acima de um certo limiar j se considera patolgico. As principais caractersticas do processo de senescncia so: Aumento da mortalidade, uma vez ultrapassada a fase de maturidade: Modificaes na composio qumica do organismo; Transformaes progressivas que conduzem deteriorao morfolgica e funcional; Menor capacidade de resposta, a todos os nveis biolgicos, perante as agresses e exigncias ambientais: Aumento da vulnerabilidade a doenas.

1.3 PERSPECTIVA PSICOLGICA

DO

ENVELHECIMENTO

Para a teoria psicolgica do ciclo vital ao longo da vida existe um equilbrio entre o crescimento e o declnio. Na velhice, o declnio ocorre em maior proporo do que o crescimento, mas necessrio

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ter capacidade para compensar o declnio atravs de manipulaes externas ou com exerccio. Existe uma grande variedade entre os idosos e da forma como assumem o envelhecimento, existindo trs formas; normal; patolgica e a bem sucedida, onde esta ltima pode ser alcanada atravs de mecanismos de seleco como a optimizao e a compensao. Muitas das vezes a psicologia do envelhecimento est relacionada com os esteretipos ou com as imagens menos positivas associadas, uma vez que este processo de envelhecimento visto pelos seus efeitos negativos no havendo distino entre envelhecimento e velhice. O envelhecimento um processo vital que nos ltimos anos tem vindo a ganhar vitalidade ao contrrio do conceito de velhice que aparece como um estado definitivo, caracterizado pela ausncia de futuro e de capacidades de bem-estar. O envelhecimento aparecia associado transio entre ocupao e desocupao e esta fase levava tal velhice, como etapa de decadncia ou frustrao. Hoje em dia, constata-se o contrrio, afirmando-se que o processo de envelhecimento constitui uma dimenso positiva. Os esteretipos negativos sobre as pessoas de idade esto a mudar na sociedade de hoje, no existindo uma tendncia pessimista de abandono dos interesses de vida conforme sustentava a teoria psicolgica da desvinculao. Segundo Osrio, (2007:13) hoje em dia impem-se as teorias da actividade e da continuidade, em que h a substituio dos antigos papis por novos papis e ainda a adaptao a situaes externas negativas. Apesar de tudo, existe um factor comum que se destaca que a procura de bem-estar como sentido destacvel para a vida. H sujeitos com maior dependncia, com grande autonomia, interessado em diferentes aspectos da realidade como a poltica ou at mesmo as novas tecnologias, ou seja, novas formas de participao associados a um grande nmero de actividades em que participam.

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Na vida, as transies ocorrem na sequncia de acontecimentos marcantes ou na ausncia de acontecimentos desejados. Estes mesmos acontecimentos podem ser a perda de competncias fsicas, a mudana de aparncia e da imagem corporal, a perda inesperada de afectos, a ausncia das relaes mais significativas, a falta de emprego, dos vnculos sociais ou at mesmo da no concretizao de objectivos propostos. Das mudanas decorrem conflitos e crise, o mal-estar e nalguns casos a frustrao mas se se conseguir ultrapassar as situaes de crise, adquire-se a conscincia do valor prprio acrescido, de bem-estar e de satisfao com a vida. Ter de se romper com o passado e anteceder-se s transformaes pessoais. Depois da desregulao das condutas, em consequncia do sentimento temporrio de perda, sucede a posterior reorganizao das condutas, das formas de agir e de pensar, iniciando-se uma nova fase, assente nas experincias anteriores. Erikson j referia um pouco disso mesmo apesar de uma forma um pouco diferente. O oitavo estdio refere-se integridade versus desespero, constituindo um perodo de acalmia, tolerncia, uma espcie de tentativa de equilbrio universal, com o prprio, com a vida e com o mundo. Mas neste mesmo tempo surgem alguns sentimentos de arrependimento e de frustrao face ao passado ou at mesmo nova situao que nem sempre fcil de ultrapassar estes perodos de crise. Estes sentimentos implica um esforo maior, pois para alm se ser necessrio diminuir o sentimento de perda necessrio alcanar novos sentidos para a vida. (Couvaneiro, 2009:100)

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2.PROBLEMTICA: O IDOSO

E A

SOLIDO

Um dos aspectos que interferem com a sade e a segurana das pessoas de idade a solido. O sentimento de solido est relacionado com as expectativas que cada um tem em relao aos contactos sociais. Antigamente os cabelos brancos eram considerados como sinal de dignidade, cincia e sabedoria e hoje so indicadores de decrepitude e obsolescncia, em que os idosos so os coitadinhos. Nesta poca respeita-se mais o jovem do que a velhice. Todos ns assistimos ao aparecimento de novas realidades em que as pessoas tm mais dificuldade em se ajustara essa evoluo e por isso o idoso passa a antiquado. Hoje diz-se que o os jovens so o futuro, mas nunca se viu ningum no futuro ser mais jovem. A origem deste problema muito grave, pois h a recusa de se ficar velho e a velhice aparece como sendo uma ameaa ou uma doena. A sociedade de hoje e a obsesso pelo novo e belo, passando a ver o idoso como problema social ou encargo social, mas preciso mudar esta mentalidade. Antes de mais, necessrio fazer a distinguir de solido e isolamento. no Segundo Berger, a Solido relaes uma experincia como excessivamente penosa que se liga a uma necessidade de intimidade satisfeita, consecutiva sociais sentidas insuficientes ou no satisfatrias (Santos, 2000: 52). Enquanto que Rebelo (2009:175) diz-nos que Isolamento a dificuldade que vivenciamos em estabelecer pontes de relacionamento com os outros, no s em aspectos gerais e cordiais de convvio, como em ligaes mais estreitas como a amizade, assim como a capacidade de

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encontrar espao no seio de uma comunidade ou de um grupo de pessoas que nos aceite. O envelhecimento no de forma nenhuma um problema, mas o seu isolamento ou afastamento e a sua fraca participao na sociedade um problema cada vez maior, por isso, o problema da solido constitui uma situao ameaadora nas pessoas idosas, podendo ser particularmente grave nos idosos que vivem ss ou que se debatem com graves problemas de sade. A razo desse medo da velhice advm da perda do sentido da vida, teme-se o fim da vida, porque no se sabe a sua finalidade, no se vive a vida como um projecto. Os idosos tendem a isolar-se cada vez mais com o aparecimento de doenas e com os anos a passarem e depois fica cada vez mais difcil a integrar-se na vida social por vergonha muitas das vezes. A solido nos idosos est muita vez associada ao fim da criao dos filhos ou ao casamento destes. O isolamento geracional pode definir-se muitas das vezes pela incerteza econmica, a diminuio de sade, dos amigos e familiares que vo partindo, das transformaes do prprio corpo. Rebelo, (2009:176) ao falar de solido social afirma que a pessoa isolada: vive diversos sentimentos desagradveis, em que se salientam uma sensao continuada de cansao, aborrecimento e tdio, uma ausncia de objectivos em relao vida e de projectos para o futuro, abandonando-se a uma existncia minimalista e uma impresso de que est a ser colocado margem ou mesmo a ser rejeitado pelos colegas, amigos e familiares. Ao contrrio da solido, o isolamento no incita ao esforo pela incluso no meio social, alis a partir do momento em que so transportadas as barreiras que impendem a interaco com quem nos

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rodeia, os sintomas que tipificam quem est sozinho desaparecem. O objectivo de envelhecimento activo de desenvolver uma nova atitude, uma nova maneira de viver a velhice, desenvolver novos padres de socializao de modo a combater a solido e o isolamento. a noo de envelhecimento activo, proposta pela OMS, como objectivo das polticas sociais e de sade, definida enquanto processo de optimizao das oportunidades de sade, participao e segurana, remete para a ideia de melhoria da qualidade de vida conforme as pessoas envelhecem (Osrio, 2007:59)

3.

AMIZADES

E

RELAES SOCIAIS

DOS

IDOSOS

Frequentemente os idosos no casados so os que se sentem melhor e mais satisfeitos na presena dos amigos do que na companhia dos familiares. Os amigos mais ntimos provm muitas das vezes da infncia, partilham mais tempo e recordam memrias do passado e quando estes morrem, os idosos tm dificuldade em substitui-los. Quanto idade, estas relaes de amizade decrescem em nmero mas crescem em intensidade e mantm-se ao longo da vida. As mulheres mantm relaes sociais mais positivas e ntimas com a famlia e amigos, mas tambm as mais negativas em relao a conflitos e frustraes, por isso beneficiam mais dessas relaes do que os homens. Por outro lado sofrem mais, sentindo-se mais empenhadas e responsveis pela famlia. Na velhice assiste-se a uma progressiva reduo da actividade social devido a diversos factores e perdas: reforma, viuvez, independncia dos filhos, perda de autonomia e perda de amigos. As

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teorias explicativas do decrscimo das relaes sociais na velhice so: Teoria da desvinculao a reduo da actividade social como processo natural preparando o indivduo para a desvinculao final que acontece com a morte, o idoso entra em introverso e preocupao consigo mesmo e menos com o ambiente que o rodeia: Teoria da actividade em que a pessoa idosa se adapta melhor ao envelhecimento precisamente tentando manter o nvel de actividade e vnculos sociais anteriores. Teoria da selectividade socioemocional h um decrscimo das relaes sociais muito selectivamente, afectando os contactos mais secundrios e superficiais enquanto que as relaes mais ntimas permanecem quase inalterveis. Existem diversos nveis de apoios prestados ao idoso: apoio social informal; apoio social formal; apoio material ou instrumental; apoio informativo e apoio afectivo. Estes tipos de apoio dependem grande parte da relao que os idosos tm com os filhos e com os netos (chamada a solidariedade intergeracional) para evitar o isolamento. Os filhos tm o dever de cuidar dos pais idosos fornecendo-lhes ajuda material e scio-afectiva.

4.

REDES SOCIAIS

DE

APOIO

Sendo que, para Elkaim (Carvalho, 2004)2 a rede o vasto domnio das relaes de um indivduo na sua representao espaciotemporal, e uma vez que rede social o grupo de pessoas, membros da famlia, vizinhos, amigos ou outras pessoas susceptveis de trazer a um indivduo ou a uma famlia uma ajuda e um apoio real e durvel. A definio de rede social de apoio surge de imediato ligada a um resultado em termos do bem-estar do homem, promovendo especialmente a sua sade mental, nesse sentido, a integrao social2

Cit in EU Masters in Health Promotion Suporte Social

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dos idosos definida em termos de participao organizacional, actividade social, redes sociais de apoio, integrao residencial, e padres de amizade. O apoio social importante, pois diversos estudos demonstram que as pessoas que pertencem ou percepcionam pertencer a uma rede social forte, sentem de forma menos intensa as situaes de stress, pois em momentos penosos, sentem o apoio necessrio. Ribeiro, (1999:547) define suporte social como a existncia ou disponibilidade de pessoas em quem se pode confiar, pessoas que nos mostram que se preocupam connosco, nos valorizam e gostam de ns. No mesmo texto, Ribeiro baseia-se em Cramer, Henderson e Scott (1997) para distinguir suporte social percebido de suporte social recebido. O primeiro para se referir ao suporte social que o indivduo percebe como disponvel se precisar dele, e o segundo descreve o suporte social que foi recebido por algum. O suporte social percebido tem um papel fundamental na sade e no bem-estar tanto das pessoas sem doena, como nas que esto em recuperao ou vivem com uma doena a curto prazo ou a longo prazo. Outra distino feita pelos mesmos autores diz-nos Ribeiro (1999, 548) entre suporte social descrito versus avaliado, o primeiro referindo-se presena de um tipo particular de comportamento de suporte e o segundo para se referir a uma avaliao de que esse comportamento de suporte percebido como sendo satisfatrio ou que serviu de ajuda. Os resultados de diversos estudos feitos por diversos autores, como de seguida est apresentado, mostram como o suporte social est interligado com a longevidade e a mortalidade, assim como, a sua satisfao influncia o bem-estar e a vida das pessoas que o recebem. Berkman e Syme, mostram evidncias fortes entre os padres de interaco social e nveis de suporte social, e quer a longevidade quer a mortalidade. Sarason et al. concluem que a satisfao com o suporte social disponvel uma dimenso cognitiva

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com um importante papel na reduo do mal-estar. Hohaus e Berah verificaram que a satisfao com o suporte social uma das variveis que esto associadas satisfao com a vida. (Ribeiro, 1999,549) A generalidade das conceptualizaes sobre suporte social inclui cinco dimenses: Suporte emocional sentimentos; estima; aceitao; apoio e segurana; Suporte instrumental ajuda concreta em termos de servios especficos; Assistncia material prestao ou troca de bens tangveis; Suporte informativo informaes e conselhos para maior compreenso dos problemas; Suporte de convvio social actividades sociais que visam um maior bem-estar. Sendo que comunicar uma das capacidades fundamentais do ser humano, e atravs da comunicao que estabelecemos e aprofundamos envolvimento as dos relaes servios teraputicas com o idoso e e interpessoais. as suas O famlias

compreendem a constituio de um tringulo comunicacional entre o idoso (in) dependente, a sua famlia e a rede social e os servios comunitrios formais.

Idoso (in) dependente

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Servios/ profissionais Famlia/ rede socialFigura 1 Tringulo comunicacional: idosos, servios e famlia

A famlia e a rede social ocupam um dos vrtices desse tringulo. A famlia traz consigo uma bagagem de tradies familiares, estilos emocionais e valores directos relacionados com a cultura, que () atravs das passagens entre as vrias geraes familiares se renovam, mas, igualmente, mantm caractersticas. A biografia familiar define papis, de rotinas forma e vises do mundo que se partilhadas, muitas vezes, inconsistente,

transformam em regras de relacionamento. Desta forma, influenciam a vivncia actual, essencialmente, atravs da tradio familiar dos cuidados aos idosos e do enredo da ligao com este idoso (Cerqueira et al., 2004: 99 e100). A relao estabelecida anteriormente entre o idoso e a famlia, marca o que vai acontecer na velhice. Indivduos que foram amargos e/ ou conflituosos, mais dificilmente sero amados pelos familiares. Os idosos, representam outro topo do tringulo, muitas das vezes estereotipados, pela sociedade como senis, doentes, inteis e dependentes. Nos outros topos so ocupados pelas instituies. A maioria dos equipamentos de apoio a idosos em Portugal, so instituies privadas sem fins lucrativos, com implantao local e seguindo as directrizes do governo, em que visvel a baixa qualidade. O processo de comunicao, um brotar de interaces entre os vrios intervenientes no contexto da comunicao, tendo por base que todos os significados trocados entre eles so o fruto de uma construo, na qual esses intervenientes participam. Muitas das vezes, os problemas relacionados com falhas ao nvel da comunicao esto na base de muitos confrangimentos entre os profissionais de sade e os utentes

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4.1 REDESAs redes

DE

SUPORTE FORMALsuporte social formal abrangem tanto as

de

organizaes sociais formais (hospitais, programas governamentais, servios de sade) como os profissionais (mdicos, assistentes sociais, psiclogos, etc.) que esto organizados para fornecer assistncia ou ajuda s pessoas necessitadas. No grupo constitudo pelas redes de apoio formal, incluem-se os servios estatais de segurana social e os organizados pelo poder local, a nvel de concelho ou de freguesia, criados para servir a populao idosa, sejam eles lares, servios de apoio domicilirio, centros de dia, ou centros de convvio. Neste conjunto, destacam-se as instituies privadas de solidariedade social, a maioria das quais ligadas, directa ou indirectamente, Igreja Catlica, sendo outras do tipo de associaes profissionais, todas beneficiando de algum apoio do Estado e que, no seu conjunto, so as promotoras da maior parte dos servios existentes no nosso pas, a nvel da chamada Terceira Idade. Tm surgido, ultimamente, algumas instituies privadas com fins lucrativos e de qualidade duvidosa, que surgem pela falta de estruturas formais de apoio aos idosos no nosso pas. As redes de apoio formal no se resumem aos lares e tm vindo a diversificar os seus servios sendo estes: centros de convvio, centros de dia e de apoio domicilirio. A qualidade se servios varia de instituio para instituio, uma vez que a especificidade de cada uma, muitas das vezes tambm diferente, porque tm de se adaptar populao que servem entre os objectivos da instituio. Os apoios formais, para muitos idosos so uma fonte de um importante apoio instrumental, afectivo e muitos destas pessoas em papis formais so considerados amigos o que facilita nas situaes mais intimas.

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Para muitos dos idosos, as redes de suporte informal so incapazes de preencher as necessidades existentes e os servios de apoio domicilirio formal ou a institucionalizao podem facilitar o acesso a novas amizades, pois por vezes j sofreram perdas ou j no tm acesso facilitado aos seus amigos. Como afirma Paul, (1997:125) em Portugal h falta de servios de apoio a idosos a diversos nveis.seja para suplementar as redes de apoios informal, seja para substituir na indisponibilidade ou na ausncia do apoio informal. Uma das razes est ligada falta de recursos econmicos por parte da populao. Na actual escassez de instituies era necessrio pensar em solues de apoio menos dispendiosas e mais satisfatrios no que diz respeito ao bem-estar e autonomia dos idosos, uma das solues passava pela extenso dos servios domicilirios.

4.2 REDES

DE

SUPORTE INFORMAL

Outra forma de suporte social o informal, que executado preferencialmente no domiclio capaz de fornecer apoio nas actividades do dia-a-dia em resposta a acontecimentos da via normativos e no-normativos e neste ponto as redes de apoio informal podem dividir-se em dois grupos, um constitudo pela famlia do idoso e outro constitudo pelos amigos e vizinhos do idoso. O suporte informal pode abranger a totalidade ou apenas uma parte dos cuidados prestados mas de uma forma no remunerada. As redes de apoio informal tm caractersticas estruturais, tais como, o tamanho, a composio, a densidade e a acessibilidade, mas para alm destes existem os padres interactivos, como o contedo e ao respectivo apoio, o grau de reciprocidade, a durabilidade, intensidade, a frequncia do contacto entre os elementos. (Paul, 1997, 93)

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4.2.1 REDES

DE

APOIO FAMILIARES

O papel das redes familiares conhecido pelo apoio na ltima fase da sua vida, quando as capacidades funcionais diminuem e a autonomia pouca. Ao longo da histria, a famlia tem sido a principal responsvel pela manuteno da autonomia dos seus membros, o que implica a prestao de cuidados em determinados contextos. Com o desenvolvimento da cincia mdica assistiu-se a um perodo em que a prestao de cuidados ficou quase em exclusivo sob a responsabilidade das instituies de sade. A sociedade nos dias de hoje, tornou difcil o papel da famlia no apoio aos seus idosos, dois dos aspectos foram o trabalho feminino fora do lar e a diminuio do nmero de filhos. Os servios mais prestados pelos familiares so de transporte; a verificao do bem-estar do idoso; os servios domsticos; a preparao de refeies; as compras assim como a ajuda financeira. Estes servios so muitas das vezes prestados pelas filhas, muitas vezes por associao ao gnero e os outros cuidados ficam ao cuidado do cnjuge. Segundo Paul, (1997, 103) tambm h um reforo dos sentimentos de ligao os irmos na velhice em que muitas das vezes se juntam dois irmos e partilham a habitao ou mesmo vivendo em casas separadas passam o dia juntos, sendo uma forma de combater a solido. A rede de apoio informal dos idosos constituda na sua maioria por familiares, sendo que, em ser a esposa tem uma maior probabilidade, uma vez que tm uma esperana de vida maior; de seguida surgem as filhas. Os filhos ajudam mais nos trabalhos de bricolage ou at mesmo a nvel financeiro, mas tudo passa por diversos factores: o sexo, o estado civil, a disponibilidade de tempo, a proximidade geogrfica, o facto de terem empregos, a perspectiva de como vem o cuidador dos pais, o nmero de filhos, entre outros. Debruamo-nos na relao do idoso com os netos e destes com os avs. Esta relao varia consoante os gnero, tanto nos avs como

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nos netos, a idade ( medida que os netos vo crescendo, o contacto vai diminuindo), conforme os avs sejam maternos ou paternos (chamando-se inclinao matrifocal relao que existe com a linha materna), a distncia entre as habitaes, logo a frequncia de visitas, a personalidade dos intervenientes e ainda o papel mediador da gerao intermediria (haver uma boa interaco avs-netos se os pais dos netos tiverem uma boa relao com os seus prprios pais). Os netos por vezes, so a dita desculpa para a unio e para o apoio, uma vez que os idosos querem ajudar e estarem presentes no crescimento dos netos como no puderam estar no crescimento dos prprios filhos e por vezes chegam ajudar os prprios filhos nalgumas tarefas, como levar escola e assim combatem a prpria solido e os filhos nestes casos tentam retribuir dando-lhe mais ateno e apoio. 4.2.2 REDES APOIO DE AMIGOS VIZINHOS

DE

E

Os amigos ou vizinhos assumem a responsabilidade em situaes apenas pontuais, devido inexistncia de famlia ou quando esta j no existe ou nenhum dos membros capaz de assumir o papel. Existem quatro factores determinantes na escolha do cuidador informal, ou seja, a relao familiar, a co-residncia; o gnero do cuidador e as condicionantes relativas aos descendentes. A relao com amigos e vizinhos diferente da relao com os familiares, porque estes so resultado de escolhas e opes estruturadas baseadas na escolha e na partilha de interesses. Embora os familiares sejam a maior fonte de apoio fsico e emocional dos idosos, os amigos so importantes nos aspectos de partilha de intimidades, de apoio emotivo e oportunidades de socializao, assim como os vizinhos fornecem importantes tipos de apoio e assistncia que contribuem para o bem-estar e a independncia dos idosos.

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Com o avanar da idade e de sade, h uma diminuio ou at mesmo perda de amigos. Fredrickson e Cartensen defendem que durante a segunda metade da idade adulta os nveis de interaco comeam a baixar e que as mudanas esto relacionadas com a idade. J Cummings, com a teoria do desapego diz ser um processo natural, como forma de preparao simblica para a morte, enquanto que Maddox com a teoria da actividade, explica que no uma atitude voluntria, mas um reflexo das suas limitaes fsicas e psicolgicas. Mas na verdade as amizades de longa durao so aquelas que so feitas no incio da idade adulta. (Paul, 1997:109) Os aspectos mais valorizados da amizade so o prestar cuidados, a partilha de interesses e a confiana, sendo que as amizades so uma fonte de valorizao do eu, auto-percepo, intimidade e aceitao. importante criar novas amizades mas manter as velhas amizades tem uma importncia muito maior. Num estudo feito por Larson et al. em 1986, a anlise de dados comprovou a ideia de que os idosos tm experincias mais favorveis com os amigos do que com membros de famlia. Uma das razes para este resultado deve-se ao maior nmero de actividade de lazer que se tem com os amigos do que com a famlia facilitando assim a libertao e o divertimento. A relao entre vizinhos sobretudo de proximidade, mas so os idosos que gradualmente tm atitudes mais positivas, principalmente no caso de viverem ss. A relao que se estabelece no de amizade, apenas uma relao instrumental em coisas dia a dia, como ir s compras ou em situaes de emergncia, mas com o tempo origina proximidade at chegarem ao ponto de se tornarem amigos.

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2.CARACTERIZAO GERAL2.1 AS IPSS

DA

INSTITUIO

O presente Plano de Estgio tem como aco de interveno e reestruturao, uma das respostas sociais da Instituio Particular de Solidariedade Social (IPSS), da Associao de Amigos da 3 Idade de S. Loureno Resposta Social de Servio de Apoio Domicilirio. Desde sempre os actos de assistncia e de proteco social foram prosseguidos pelo Clero com o intuito de prestar caridade e de actuar junto dos grupos sociais mais desfavorecidos (idosos, doentes, pessoas com deficincia, vitimas da pobreza, crianas). Anos mais tarde, o Estado-Novo vem atribuir um estatuto privilegiado s formas de proteco social baseadas em instituies de assistncia, visto que no contexto poltico da poca partilhavam a mesma ideologia religiosa. A consequncia mais bvia deste facto, entende-se com o princpio da "supletividade" da aco do Estado relativamente s iniciativas particulares, que por intermdio de financiamentos pblicos aumentou o patrimnio das instituies, ao invs de generalizar o acesso aos servios de aco social que constituem um direito implcito de toda a populao. Durante os anos 60 do sculo XX, julgou-se que j no iriam existir mais crises econmicas como as anteriores e que ao nvel da segurana social estava tudo assegurado. Fomentou-se o denominado "Estado-Providncia" que nunca se chegou a implementar na sociedade portuguesa. Como

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prova temos o facto de o Estado portugus se ter assumido como cada vez menos responsvel pela garantia de alguma providncia. Um exemplo elucidativo da constante desresponsabilizao o incentivo e apoio a actividades desenvolvidas pelas IPSS. Deste modo, podemos afirmar que a criao e dinamizao das IPSS resultam da responsabilizao da sociedade civil face aos problemas de assistncia e de proteco social. Como forma de resposta, juntaram-se s misericrdias, as organizaes cannicas e as organizaes civis. A diferena entre proteco social com fins de previdncia ou de assistncia est intimamente ligada com o facto de os beneficirios terem ou no relao com o mercado de trabalho. Estas formas de proteco social concedidas por entidades particulares, foram tuteladas diferencialmente pelo Estado, consoante tivesse fundamentos tico-religiosos ou um cariz scio-econmico ou scio-profissional. Depois da revoluo de Abril de 1974, houve uma reestruturao das polticas de proteco social, havendo lugar para a introduo de novos paradigmas de interveno social tendo em conta os novos papis de um Estado mais democrtico. Simultaneamente, constatou-se um maior dinamismo na sociedade civil em relao aos grupos socialmente desfavorecidos. Tiveram incio, nessa altura, o Servio Nacional de Sade, bem como o desenvolvimento de um Sistema Integrado de Segurana Social atravs da publicao da Lei-quadro da Segurana Social (Lei 28/84 de 14 de Agosto), substituindo os tradicionais sistemas de previdncia e de assistncia. Como consequncia comeam a surgir em todo o territrio nacional, organizaes que se movimentam em torno de questes sociais muito peculiares que visam a melhoria das condies de vida e de trabalho de grupos carenciados, com respostas ao nvel da habitao, emprego, sade, educao, servios e equipamentos sociais.

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As Instituies Particulares de Solidariedade Social, designadas por IPSS, so entidades constitudas, sem fins lucrativos, por iniciativa de particulares, com o objectivo de dar expresso organizada ao dever moral de solidariedade social, justia e igualdade entre os indivduos, e desde que no sejam administradas pelo Estado ou pelo um Corpo Autrquico, para prosseguir entre outros, os seguintes objectivos, segundo a concesso de bens e a prestao de servios, de acordo com o pblico-alvo que se pretende assistir e apoiar: apoio a crianas e jovens, apoio famlia e apoio integrao social e comunitria, proteco dos cidados na velhice e invalidez e em todas as situaes de falta ou diminuio de meios de subsistncia ou de capacidade para o trabalho, promoo e proteco da sade, atravs da prestao de cuidados de medicina preventiva, curativa e de reabilitao, sob a tutela do Estado, enquanto entidade reguladora Segurana Social. No contexto da actual Lei de Bases da Segurana Social, as IPSS enquadram-se na funo de solidariedade ou redistributiva, em que se accionam mecanismos de transferncias sociais que tm como intuito responder a situaes de carncia, incluindo a preveno ou reparao de situaes de pobreza ou excluso social. Segundo o Decreto-Lei n 119/83 de 25 de Fevereiro Estatuto das IPSSs, estas instituies revestem-se da seguinte forma: - Associaes de Solidariedade Social; - Associaes de Voluntrios de Aco Social; - Associaes de Socorros Mtuos; - Fundaes de Solidariedade Social; - Irmandades da Misericrdia. Este tipo de Instituio poder-se- agrupar sob a forma de Unies, Federaes e Confederaes. So autnomas na sua forma de organizao interna, dentro do cumprimento da legislao aplicvel, podendo escolher livremente as suas reas de interveno e aco. Contam com o apoio do Estado e de outras entidades

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competentes, nomeadamente, as Autarquias e Entidades Locais, atravs de comparticipaes financeiras, acordos de cooperao, apoios e subsdios monetrios e ajudas externas materiais e nomateriais. Sendo estas de carcter de utilidade pblica que pretendem dar resposta s necessidades dos vrios pblicos-alvo, regem-se segundo Estatutos prprios, de acordo com a legislao, bem como, um Corpo Gerente constitudo por rgos com competncia administrativa e de fiscalizao, geralmente sob a forma de voluntariado e aco social. As IPSS, relativamente s respostas sociais que do aos seus utentes, so usualmente compostas por valncias, equipamentos e servios. Por valncia entende-se uma resposta social organizada com vista satisfao de necessidades do utente, entendendo-se este como o indivduo que usufrui dos benefcios da Segurana Social, sendo ou no beneficirio. A Tabela de Respostas Sociais da responsabilidade da Direco-Geral da Solidariedade e Segurana Social (DGSSS). Relativamente aos equipamentos e servios, os primeiros so estruturas fsicas da instituio, localizadas em lugares diferentes com uma ou mais Respostas Sociais associadas, enquanto que os servios so actividades desenvolvidas sem necessidade de instalaes especificas e que se traduzem numa ou mais respostas sociais. Na organizao interna de qualquer IPSS ter que existir obrigatoriamente uma Direco e pelo menos um director tcnico. No caso de existir mais do que um director tcnico, usualmente, esto afectos a reas especficas. Regra geral, a Direco um pouco ausente visto que no se encontra a tempo inteiro nem pertence aos quadros internos das instituies. Por isso os colaboradores devero ter alguma autonomia e poder de deciso respeitando contudo os trmites legais existentes. Quando no est a pessoa responsvel por uma determinada valncia, as pessoas devem saber a quem se devem dirigir com vista resoluo de problemas imprevistos que

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lhes possam surgir. Dependendo da dimenso, dos servios prestados e das respostas sociais de cada IPSS, podero existir vrias equipas multidisciplinares que colaboram em termos de trabalho. Estas equipas podero incluir um psiclogo, um mdico, um animador cultural, uma enfermeira, um terapeuta, um fisioterapeuta e a restante equipa de aco social.

2.2 A ASSOCIAO DE AMIGOS DA 3 IDADE DE S. LOURENO - AS RESPOSTAS SOCIAISA Associao de Amigos da 3 Idade de S.Loureno uma IPSS com equipamento, localizada na freguesia de S. Loureno de Mamporco, concelho de Estremoz, distrito de vora que presta apoio e assistncia Terceira Idade da freguesia e concelho. Criada por Escritura Pblica no Cartrio Notarial de Estremoz em 30 de Novembro de 1994 e publicada no Dirio da Repblica de n 22, III Srie de 26 de Janeiro de 1995, presta servios populao idosa da freguesia e concelho de Estremoz, atravs de equipamento com as respostas sociais de Centro de Dia, Servio de Apoio Domicilirio e, mais recentemente, de Lar. Tem como principais parceiros de apoio a Junta de Freguesia de S. Loureno, a Cmara Municipal de Estremoz e o Centro Distrital de Segurana Social de vora, para alm, das restantes Instituies do concelho e comunidade local. Fica situada a 7 quilmetros da sede de concelho onde se encontram a maioria das estruturas de apoio populao. Constatase a partir da anlise dos Censos 2001 que a populao de S. Loureno de Mamporco tem vindo a diminuir em todos os escales etrios, com excepo dos 65 e mais anos no qual se registou, entre 1991 e 2001, uma taxa de variao positiva de mais 35,5%. Em 20013, residiam em S. Loureno 168 idosos (proporo de 30,1%).3

Fonte Censos 2001

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Destes 55, tinham mais de 75 anos o que corresponde a uma proporo de grande idosos de 9,9 %. O indicie de envelhecimento desta freguesia era em 2001, 254, 5%, isto , por cada 100 indivduos dos 0 aos 14 anos registam-se 255 indivduos com mais de 65 anos o que podemos considerar um valor extremamente elevado. De realar, a existncia de um nmero considervel de indivduos com 65 e mais anos isolados, isto , 24, sendo que, destes 11, so do sexo masculino e, 13, do sexo feminino. De salientar o facto de existirem nesta freguesia 42 famlias unipessoais com mais de 65 anos em 2001. Destas, a maioria constituda por indivduos do sexo feminino, ou seja, 33. Se considerarmos o ndice de dependncia de idosos verifica-se que em 2001 por cada 100 indivduos em idade activa se registavam aproximadamente 52 indivduos com 65 e mais anos.

Figura 2 Fonte: INE, Censos 2001,2002.

Segundo, o Diagnstico Social do Concelho de Estremoz4 a populao idosa tem vindo a aumentar progressivamente ao longo dos ltimos anos. O concelho de Estremoz, tal como a regio onde se4

Documento da Rede Social de 2008 Cmara Municipal de Estremoz

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insere, tem perdido capacidade de se auto regenerar do ponto de vista demogrfico, fenmeno que s possvel travar atravs de mecanismos de fixao da populao ao concelho, incluindo s freguesias rurais, onde se encontram alguns equipamentos sociais de apoio, nomeadamente, terceira idade. Tal como j foi referido, a Instituio tem como principal intuito o desenvolvimento de respostas de apoio social em regime de cooperao com o Centro Distrital de Segurana Social de vora, de acordo com as respostas sociais desenvolvidas, tendo que cumprir um conjunto de regras, de forma a garantir o bom funcionamento dos equipamentos e servios, com respeito pelos requisitos tcnicos e com os estatutos da instituio. A admisso de utentes dever ter critrios definidos nos estatutos e regulamentos e dar prioridade a pessoas e grupos social e economicamente desfavorecidos, aplicando as normas de comparticipao dos utentes ou famlias, segundo os critrios das instituies, de forma a garantir condies de bem-estar dos utentes atravs de servios eficientes e adequados s necessidades existentes; garantir a existncia dos recursos humanos adequados ao bom funcionamento dos equipamentos e servios. Desta forma, a resposta social de Centro de Dia que presta apoio e assistncia actualmente a 24 utentes, desenvolve actividades de apoio social a pessoas idosas atravs de alojamento colectivo em regime diurno, de utilizao temporria ou permanente, atravs do fornecimento de alimentao, cuidados de sade, higiene, conforto e actividades scio-culturais. Este servio possui o transporte dirio ao domiclio, o que permite que muitos dos utentes com perda de mobilidade o possam frequentar e, ainda levar as refeies a casa quando por motivo de doena ou outros impedimentos temporrios no se possam deslocar ao Centro de Dia. Verifica-se que nos ltimos anos, existe uma tendncia para a frequncia de idosos com uma maior perda de autonomia, sendo o Centro de Dia uma etapa preliminar da admisso em Lar e por vezes do Servio Domicilirio. O

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O Envelhecimento e a Resposta Social de SAD Contextualizao

Centro de Dia funciona das 08h00 s 19:30h, com um total de 25 vagas, sendo que os idosos tomam as quatro refeies no equipamento. importante referir que este servio aposta nos servios de animao, o que proporciona passeios, visitas a feiras, encontros e intercmbios, actividades de expresso plstica, contando tambm com voluntrias que se deslocam instituio com o objectivo de prevenir o isolamento e excluso, trabalhando em prol do desenvolvimento mental, fsico e de um bem-estar geral. A resposta social de Lar, presta apoio e assistncia a utentes internos, atravs de actividade de apoio social a pessoas idosas atravs de alojamento colectivo, de utilizao temporria ou permanente, fornecimento de alimentao, cuidados de sade, higiene, conforto, fomentando o convvio e proporcionalmente a animao social e a ocupao dos tempos livres dos utentes. Este servio proporciona servios permanentes e adequados satisfao das necessidades dos seus residentes e pretende contribuir para o desenvolvimento normal do processo de envelhecimento e para evitar a sua degradao. Presta os apoios necessrios s famlias dos idosos no sentido de fortalecer a relao inter-familiar e preservar os laos familiares. O Lar alberga 14 idosos de ambos os sexos, divididos por 9 quartos individuais e duplos, respectivamente. Dos vrios servios prestados nesta instituio, realam-se as sesses de ginstica, realizadas todas as 2 feiras, o apoio prestado pela Tcnica de Servio Social e de Animao Sociocultural e pelas funcionrias, e ainda as sesses de animao que contribuem para a melhoria da comunicao, proporcionando momentos de descontraco e desenvolvimento mental.

A resposta social de Servio de Apoio Domicilirio (SAD), conta com 18 utentes em regime domicilirio e consiste na prestao de cuidados individualizados e personalizados, no domiclio, a

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indivduos e famlias, quando por motivo de doena ou outro impedimento, no possam satisfazer as suas necessidades bsicas. Esta resposta social tem como premissa, contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos indivduos e famlias, de forma a atenuar situaes de isolamento e solido, contribuindo desta forma, para o retardamento da sua institucionalizao e preveno de situaes de dependncia. Por outro lado, todos os servios so prestados no seu meio habitacional. Esta resposta tem sofrido algumas transformaes, com o objectivo de ir ao encontro das necessidades dos utentes e famlias. Actualmente, funciona de acordo com as necessidades dos utentes quer a nvel da alimentao, higiene pessoal, higiene habitacional, tratamento de roupas, actividades scio-culturais, e sadas ao exterior. Os objectivos das trs respostas sociais so: a) Prestao de servios que satisfaam necessidades bsicas; b) Prestao de apoio psico-social; c) Fomento das relaes interpessoais ao nvel dos idosos e destes com outros grupos etrios, a fim de evitar o isolamento. - A organizao: a) Servio autnomo em espao prprio e funcionamento independente; b) Servio integrado numa estrutura existente lar e centro de dia; - A Instituio assegura entre outros os seguintes servios: a) Refeies: b) Convvio/ocupao; c) Cuidados de higiene; d) Tratamento de roupas; e) Frias organizadas. Conta com um quadro de pessoal adequado legislao/normativos em vigor, de acordo com as trs respostas

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sociais que funcionam todos os dias da semana, incluindo fins-desemana e feriados.

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3. REA

DE INTERVENO EM QUE O PROJECTO SE DESENVOLVE

O Servio de Apoio Domicilirio, consiste na prestao de cuidados individualizados e personalizados no domiclio, aos idosos que se encontrem em situao de solido, dependncia, e sem familiares prximos e/ou em condies de lhe prestar assistncia. A prestao deste servio procura ter em conta o desenvolvimento integral da pessoa humana, na prossecuo de uma melhor qualidade de vida do cidado idoso, integrada na perspectiva de direitos humanos e sociais que a todos assiste. Desta forma, a resposta social de SAD, da Associao de Amigos da 3 Idade de S. Loureno no excepo, mas devido ao aumento do nmero de utentes nos ltimos anos, alguns mtodos e tcnicas de interveno social tm sido descurados, bem como a aplicao dos mesmos resposta, de acordo com as directrizes emanadas pela entidade tutora e reguladora a Segurana Social. neste sentido, que surge a proposta do presente projecto de reestruturao para a SAD, tendo como finalidade a melhoria da qualidade dos servios prestados aos utentes e famlias no domiclio.

3.1 O SERVIO

DE

APOIO DOMICILIRIO

A Organizao Mundial de Sade (OMS) define SAD como uma resposta articulada entre servios da sade e do social, os quais so prestados ao utente no seu prprio domiclio. Esta coordenao dos servios permite em grande medida, prevenir, retardar ou mesmo impedir a institucionalizao do idoso. De um modo geral, os programas de cuidados para a populao idosa tm como objectivo primordial manter o indivduo no meio que escolheu, normalmente no seu meio habitual, o seu lar.

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O

SAD,

implica,

diagnstico,

tratamento,

monitorizao,

reabilitao e servios de suporte, tendo em vista a autonomia do indivduo. Trata-se assim de um conceito holstico de cuidado que procura restaurar, manter e promover qualidade de vida ao seu cliente e sua rede de suporte, atravs da prestao de servios de sade e de servios sociais. Basicamente, os seus objectivos comportam duas dimenses: nomeadamente a esfera individual e a esfera social. Os objectivos de natureza individual so direccionados para o prprio utente, procurando garantir o seu bem-estar. Os objectivos de natureza social (que a prpria natureza determina), fundamentam-se no pressuposto de que os servios prestados no domiclio, sejam de tipo social ou de sade, ou ambos, so mais eficazes do que os cuidados prestados no contexto institucional. Sendo um servio que permite a reduo da ocupao das camas hospitalares, torna-se, por isso, uma resposta mais benfica em termos financeiros para o sistema de sade, e, tambm mais benfico para a sociedade. Por outro lado, a presente resposta considerada por muitas pessoas seus em situao e de dependncia com como uma forma de de continuarem inseridas no seu meio habitual de vida, rodeadas dos afectos pertences, possibilidade novos relacionamentos facultados pelos colaboradores, podendo constituir para muitas dessas pessoas o nico elo de ligao com o exterior, de onde a qualidade da interveno dever ser uma exigncia a ter em conta permanentemente na gesto da resposta social. Trata-se, portanto, de um servio que consiste essencialmente na prestao de servios, de natureza social ou de sade, ou ambos, no domiclio da pessoa, a qual, face sua situao de perda de autonomia funcional, necessita de apoio externo, por um perodo de tempo que pode ser limitado, ou prestado de forma continuada.

3.2 DESPACHO NORMATIVO N 62/99

DE

29

DE

SETEMBRO

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Em Portugal, o SAD est regulamentado atravs do Despacho Normativo n 62/99 de 29 de Setembro. Neste Despacho, esto definidas as normas reguladoras das condies de implantao, localizao, instalao e funcionamento do prprio SAD. Segundo a legislao que regulamenta o SAD, constituem os seus objectivos gerais: contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos indivduos e famlias; prevenir situaes de dependncia e promover a autonomia; prestar cuidados de ordem fsica e apoio psicossocial dos utentes e famlias de modo a contribuir para o seu bem-estar; assegurar aos indivduos e famlias a satisfao de necessidades bsicas e apoio nas actividades de vida diria; colaborar e/ou assegurar o acesso prestao de cuidados de sade. Os servios previstos, para colmatar necessidades identificadas, podem passar pela: prestao de cuidados de higiene e conforto; colaborao na prestao dos cuidados de sade, sob a superviso do pessoal de sade; arrumao e pequenas limpezas no domiclio; confeco, transporte das no e/ou distribuio tratamento de de de outro refeies; roupas; tipo de acompanhamento da comunidade, refeies; da

disponibilizao de informao que facilite o acesso a outros servios sentido satisfao necessidades. No obstante, o SAD pode ainda assegurar outros servios, nomeadamente: acompanhamento ao exterior; aquisio de bens e servios; acompanhamento, recreao e convvio; pequenas reparaes no domiclio; contactos com o exterior; apoio em situaes de emergncia, designadamente servios de tele-alarme. Segundo o documento normativo, o SAD deve obedecer a um conjunto de orientaes, como o quadro de pessoal a afectar, e tambm, algumas recomendaes relacionadas com questes ticas, entre elas salienta-se que os profissionais envolvidos no SAD devem considerar o domicilio do utilizador como um espao inviolvel.

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3.3 OS UTENTES

DE

SAD

DA

AATISL

A freguesia de S. Loureno de Mamporco uma freguesia envelhecida, sendo que a necessidade cada vez mais uma premissa para os idosos e famlias. Desta forma, o SAD apresenta uma lista de espera considervel pois verifica-se a tendncia de solicitar este servio ao invs do Centro de Dia ou Lar. A equipa de higiene atende 18 utentes, em que 8 apenas usufruem deste servio e os restantes beneficiam tambm da equipa de alimentao, tratamento de roupas e higiene habitacional. Estes idosos so na sua maioria utentes independentes e autnomos, mas incapazes de satisfazer as necessidades bsicas do dia-a-dia. Esta equipa d apoio na higiene pessoal e na higiene da habitao. A rede familiar destes idosos um pilar fundamental para a continuidade da sua qualidade de vida, o que muitas vezes no acontece ou apresenta-se deficitria. Aps anlise dos utentes deste servio, podemos referir algumas caractersticas comuns maioria destes idosos, e que podemos concluir que so idosos com problemas econmicos, associados a rendimentos baixos e a elevadas despesas com a sade, o que na maioria dos casos os impossibilita de participar activamente na vida da sociedade. Tambm a falta de adequao entre o estado funcional e o meio fsico envolvente dificultam o dia-a-dia do idoso. Algumas consequncias podem manifestar-se na restrio do desenvolvimento de actividades, na sua independncia, bem como na falta de integrao no seu meio. Desta forma, a Instituio presta apoio e assistncia a utentes em regime domicilirio, tendo em conta os seguintes aspectos: - Permitir o acesso ao SAD a um maior nmero de idosos que apresenta necessidades;

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O Envelhecimento e a Resposta Social de SAD Contextualizao

- Dar prioridade aos que apresentam maiores necessidades. Contudo, necessrio avaliar as necessidades de forma concreta, uma vez que se pode correr o risco de poder estar a subestimar necessidades e, consequentemente, no apoiar de forma mais adequada; - Proporcionar servios abrangentes. Os servios disponibilizados devero ser capazes de adequar as suas respostas s reais necessidades dos utentes que apoiam. Para tal, devem ser utilizadas escalas estandardizadas que permitam avaliar o idoso de um modo global, para que seja possvel definir quais os tipos e extenso dos servios a criar; - Permitir que os servios cubram toda a populao. Inicialmente, o SAD destinava-se apenas a pessoas que apresentavam incapacidade funcional, normalmente idosas. Verificou-se, contudo, alguma mudana, no sentido de integrar, como beneficirios deste servio, todo o tipo de incapacidades, fsicas ou cognitivas, que justifiquem uma superviso contnua a indivduos de todas as idades; - Garantir a qualidade dos servios; - Integrar e coordenar os servios. A integrao entendida como a juno das diversas componentes do servio. A coordenao referese disposio e ajustes das mesmas componentes, de forma a corresponder s necessidades dos beneficirios; - Fortalecer os sistemas informais de cuidados. Avaliar devidamente as consequncias provocadas no cuidador pela prestao dos cuidados. Face a todas as problemticas apresentadas neste sub captulo conclumos que extremamente importante a interveno de um Tcnico de Servio Social no suporte formal para os idosos, no sentido de mediar com as restantes instituies de apoio e com a rede informal, para a melhoria das condies do idoso e consequentemente para o seu bem-estar.

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O Envelhecimento e a Resposta Social de SAD Contextualizao

A pobreza, certamente, a forma de excluso social mais generalizada entre ns; () a situao dos idosos, alm de constituir j um problema social grave, tende a agravar-se, designadamente com o progressivo envelhecimento da populao e as mudanas sociais que ocorrem, (). (Costa, 2005:24)

3.4 O SERVIO SOCIAL

NO

SAD

A relevncia dos servios prestados s pessoas idosas tem sido atribudo ao progressivo envelhecimento demogrfico da sociedade portuguesa, que permitam garantir aos cidados mais velhos viver melhor os anos de vida que ganharam, defendendo os princpios fundamentais da dignidade, autonomia, desenvolvimento pessoal, acesso aos cuidados e participao. O apoio social na resposta de SAD, pressupe a interveno social de um tcnico na rea do Servio Social que vise a aplicao de mtodos e tcnicas adequadas boa prestao dos servios, de forma a permitir que o idoso permanea em sua casa. Se a generalidade dos idosos considera a sua casa como o local onde pretendem manter-se, esta evidncia pode traduzir-se numa maisvalia de grande peso para este servio. Trata-se efectivamente de uma resposta que permite a concretizao deste objectivo e que acaba por ter efeitos tambm ao nvel da sociedade, uma vez que esta permanncia dos idosos no domiclio vai permitir algum alvio na ocupao de camas hospitalares, bem como dos prprios lares de idosos. Todo o trabalho que desenvolvem para e com as pessoas idosas, assenta numa filosofia institucional que defende os seguintes princpios:

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O Envelhecimento e a Resposta Social de SAD Contextualizao

Respeito pelas pessoas idosas, como cidados de pleno direito e com vontade prpria; As pessoas idosas devem permanecer no seio da sua famlia e no seu meio natural o mais tempo possvel; Reforar e encorajar a manuteno de laos fortes estveis na famlia, fundamentais na prestao de cuidados s pessoas idosas; Combater quaisquer formas de pobreza, marginalizao ou excluso sociais das pessoas idosas, quebrando o isolamento e a solido; Promover a participao activa das pessoas idosas na sociedade e exerccio pleno da cidadania, proporcionando aconselhamento e informao; Contribuir para a construo de uma imagem positiva das pessoas idosas, utilizando as suas potencialidades e capacidades; A pessoa idosa o centro, para quem se trabalha e a quem se serve.

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