O ENSINO DE XADREZ COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO … · e Julho, perfazendo um total de 32 horas...

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O ENSINO DE XADREZ COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO NO COMBATE A INDISCIPLINA ESCOLAR E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

BACK, Sérgio Mariano 1

SANTOS, Luiz César Teixeira dos 2

RESUMO

Este artigo aborda as reflexões realizadas na elaboração do projeto de intervenção e produção pedagógica, através da implementação desenvolvida na escola. Este por sua vez, visa despertar nos educandos o hábito pela prática do xadrez, com o objetivo de contribuir na melhoria dos aspectos disciplinares e de aprendizagem. Devido ao grande poder educativo que o xadrez pode representar, buscamos utilizá-lo como instrumento de auxílio pedagógico na melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Para isso foi realizado um levantamento diagnóstico junto a escola dos alunos que estariam apresentando maior incidência nas problemáticas acima mencionadas, tendo como método de pesquisa, a observação participante. As atividades de implementação pedagógica foram realizadas entre os meses de Março e Julho, perfazendo um total de 32 horas aulas, com um grupo de 20 alunos dos sextos anos do período matutino do Colégio Estadual Arnaldo Busato, município de Verê/PR. Os dados foram analisados descritivamente e indicaram para uma melhora no ambiente escolar, com mais respeito e harmonia entre os alunos, desta forma, possibilitar maior interação e produtividade por parte dos mesmos durante as aulas. Através do depoimento de alguns dos professores das turmas em questão e da pedagoga responsável, podemos observar que os educandos apresentaram algumas melhoras quanto à questão comportamental e também na aprendizagem, superando algumas barreiras que estariam dificultando o processo de escolarização e convívio social. Neste sentido, o projeto visa contribuir com os colegas professores, como instrumento de apoio pedagógico na melhoria do processo de formação educacional dos educandos.

Palavras-chave: Xadrez; Educando; Pedagógico; Disciplina; Ensino-aprendizagem.

ABSTRACT

This article discusses the considerations made in the drafting of pedagogical intervention and production through the implementation developed in the school. This in turn, aims to foster in students the habit by the practice of chess, with the aim of

1 Professor da rede estadual de ensino do Paraná, graduado em Educação Física pela FACEPAL de Palmas-PR, com especialização em gestão institucional pela Unioeste - Campus de Francisco Beltrão-PR.2 Professor do Curso de licenciatura de Pedagogia da Unioeste – Campus de Francisco Beltrão. Graduado em Educação Física pela UEM - Maringá-PR.

contributing to the improvement of learning and disciplinary aspects. Because of the power of education that chess can represent, seek to use it as a teaching tool to aid in the improvement of teaching and learning. For this was a survey diagnosis with school students who would present a higher incidence in the problems mentioned above, and as a research method, participant observation. Pedagogical implementation activities were conducted between the months of March and July, a total of 32 hours lessons with a group of 20 students of the 6th year of the morning of the State College Arnaldo Busato, Verê/PR. Data were analyzed descriptively and pointed to an improvement in the school environment with more respect and harmony among students, thus enabling greater interaction and productivity of them during lessons. Through the testimony of some of the teachers of the classes in question and responsible educator , we can observe that the students showed some improvement as a behavioral issue and also in learning , overcoming some barriers that were hindering the process of schooling and social life. In this sense, the project aims to contribute with fellow teachers as a tool for teaching support in improving the educational process of the students.

Keywords : Chess; Educating; Teaching; Discipline; Teaching and learning.

1 INTRODUÇÃO

O problema da indisciplina em sala de aula é atualmente um dos temas mais

recorrentes no meio educacional, preocupando professores, psicólogos,

pesquisadores, pensadores e estudiosos dos diversos níveis e esferas de ensino da

educação brasileira. Essa inquietude comportamental por parte dos educandos tem

influenciado diretamente na sua aprendizagem, pois dificulta o processo pedagógico

de escolarização. Mas, apesar de ser objeto de crescente preocupação no meio

escolar e da sociedade em geral, este tema é, de certa forma, debatido

superficialmente pelos meios de comunicação e autoridades competentes, diante da

profundidade que pode representar. Sendo assim, torna-se mais sério na medida em

que os estudos e pesquisas avançam sobre o tema, apontando as possíveis causas

geradoras e o papel da família e da escola na produção ou reprodução da

indisciplina escolar.

Após observar as angústias dos colegas educadores em administrar a

indisciplina em sala de aula e as dificuldades de aprendizagem, é que nos motivou a

desenvolver este projeto de estudo. O público-alvo da produção e implementação

pedagógica na escola foi uma turma de 20 alunos dos 6º anos do período matutino

do Colégio Estadual Arnaldo Busato, Verê - PR, por terem apresentado maior

incidência em relação às problemáticas do desinteresse, desmotivação, associado à

falta de atenção, concentração, paciência, memorização, imaginação, interpretação,

raciocínio lógico, limites, respeito às regras e normas de convívio escolar e ainda,

agressividade, principalmente nas aulas de Educação Física. Problemas estes que

estariam dificultando a prática pedagógica em sala de aula, conforme observação e

relatados dos colegas professores e pedagogos do colégio.

Primeiramente, buscamos maior entendimento sobre o significado e as

possíveis causas da indisciplina escolar e das dificuldades de aprendizagem,

através de pesquisa e estudos bibliográficos. Em seguida, pesquisamos sobre as

responsabilidades da família e da escola neste contexto, que propiciasse outra visão

aos educadores. Investigamos também sobre os possíveis instrumentos de

superação, tendo o jogo de xadrez como ferramenta de apoio pedagógico aos

professores, reconhecendo seu potencial socioeducativo. Desta forma, implantar ou

resgatar a cultura da prática do xadrez na escola, enfatizando seu valor na formação

integral dos educandos. Além do mais, a interação com os colegas professores da

rede estadual de ensino, através do grupo de trabalho em rede-GTR, socializando

experiências pedagógicas que foram desenvolvidas nas suas respectivas escolas,

visando ampliar a formação profissional e qualificar o processo educacional.

Diante disto, iniciamos as atividades de implementação pedagógica na

escola, através da prática do xadrez, pois este jogo possui um potencial muito forte

em trabalhar várias qualidades que são essenciais ao sucesso escolar, como é o

caso da atenção, concentração, paciência, autocontrole, autoconfiança,

memorização, interpretação, imaginação, raciocínio lógico, respeito, limites e a

relação interpessoal. Além do mais, amenizar as mazelas que estariam interferindo

no processo de ensino-aprendizagem e a qualidade da educação do colégio.

Esta unidade didática foi subdividida em dez ações direcionadas aos

educandos dos sextos anos, contemplando atividades bem diversificadas

relacionadas à prática do xadrez, na qual obtivemos grande participação e um

significativo aproveitamento por parte dos envolvidos. Segundo depoimento de

alguns professores e equipe pedagógica da escola, podemos observar alguns

avanços, principalmente quanto a melhora do interesse, motivação, autoestima e

nas relações interpessoais dos educandos, o que tornou o processo educativo mais

produtivo.

2 REVISÃO DE LITERATURA

O fenômeno da indisciplina escolar tem sido assunto de destaque nos

estudos e nas discussões pertinentes à educação brasileira e mundial. A mesma

vem preocupando autoridades e estudiosos, pois está se instalando

progressivamente nas salas de aula, desencadeando comportamentos agressivos

por parte dos alunos, angústias e insegurança por parte dos professores, além de

constrangimento da equipe pedagógica e diretiva da escola.

A leitura desse comportamento por parte dos educandos que surgem como

sujeitos que extrapolam os limites impostos pelas políticas educacionais, que se

prestam a violência e desrespeito ao outro e a si próprio. Isso tem favorecido a

inclusão de hipóteses ligada às diferenças individuais que estão presentes no

cotidiano e ao repensar os papéis desempenhados pelos sujeitos que atuam no

âmbito escolar. Desta forma, compreendemos que o fenômeno da indisciplina inclui

mais do que o aluno e o professor: ela acaba envolvendo todos os sujeitos da

escola, como funcionários, pedagogos e diretores.

2.1 POSSÍVEIS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA INDISCIPLINA ESCOLAR

Partindo do pressuposto de que as transformações pelas quais a sociedade

está passando são frutos da evolução histórica do homem. Entendemos que a

indisciplina é gerada em resposta às várias mudanças, que podem ser bem aceitas

em um determinado contexto e rejeitadas em outro, em detrimento a vários

aspectos. Alguns destes dependem de escola para escola, outros de professor para

professor e, outros ainda, de aluno para aluno.

Neste sentido, há uma série de fatores e valores socioculturais e ambientais

que determinam as ações de cada segmento ou indivíduo. Sendo assim, a disciplina

não pode ser aceita como única responsável pelo processo educativo, da qual se

almeja a formação integral do educando.

Em relação ao paradigma da indisciplina que é vivenciado atualmente e

buscando melhor compreendê-la, Aquino (1996, p. 86) apresenta a seguinte

contribuição:

[...] a vida em sociedade pressupõe a criação e o cumprimento de regras e preceitos capazes de nortear as relações, possibilitar o diálogo, a cooperação e a troca entre membros deste grupo social. […] A escola, por sua vez, também precisa de regras e normas orientadoras do seu funcionamento e da convivência entre os diferentes elementos que nela atuam.

A indisciplina, nesta ótica, passa a ser vista como atitude de desrespeito, de

intolerância aos acordos firmados, de intransigência, do descumprimento de regras e

normas capazes de pautar a conduta de um indivíduo ou de um grupo.

Quanto aos docentes, a indisciplina lhes produz efeitos negativos em relação

à socialização tanto quanto aos alunos. Tais efeitos começam a se tornar relevantes,

principalmente em ambientes populosos, nos quais os educadores têm revelado

manifestações de estresse e evidenciando que a indisciplina dos educandos não é

alheia. Neste sentido, Estrela (2002, p. 109), ressalta:

O tempo que o docente gasta na manutenção da disciplina, o desgaste provocado pelo trabalho num clima de desordem, a tensão provocada pela atitude defensiva, a perda do sentido da eficácia e a diminuição da autoestima pessoal levam a sentimentos de frustração e desânimo e ao desejo de abandono da profissão.

De acordo ainda com Estrela (2002), a indisciplina, no momento em que

rompe as normas da escola, promove alterações no processo pedagógico, afeta a

aprendizagem do aluno, despende o tempo do professor, compromete o seu

desempenho e os obrigam a desempenhar papéis que não são de seu cotidiano.

Desta forma, desencadeiam sintomas de fadiga, perturbações psicossomáticas que

geram sentimentos de impotência, frustração, irritação e desejo de fuga à tarefa

desempenhada.

Segundo Antunes (2002), analisar a indisciplina como uma temática

fundamentalmente pedagógica, talvez seja possível compreendê-la como um indício

de que a intervenção docente não está se processando a contento, que seus

resultados não se aproximam do esperado. Deste modo, seria muito importante a

escola e o educador reverem alguns paradigmas quanto aos conceitos e métodos

didáticos utilizados em sua prática cotidiana. É um evento escolar que estaria

sinalizando, a quem interessar que algo, do ponto de vista pedagógico, mais

precisamente da sala de aula, não está se desdobrando de acordo com as

expectativas dos envolvidos.

Conforme salienta com Antunes (2002), uma turma indisciplinada, muitas

vezes, possui estrita relação com o perfil do educador e sua atuação em sala de

aula, que muitas vezes se torna bonzinho, camarada e permissivo, sendo assim um

alienado, que se deixa conduzir pela turma. Neste sentido, torna-se um mero

repassador e, não um agente mediador do conhecimento. Em relação à conversa

dos alunos em sala de aula, Antunes (2002, p. 14) ainda ressalta que se deve saber:

[…] fazer dessa notável qualidade humana uma ferramenta de ensino. Use a conversa do aluno, que é o que ele tem de mais valioso em sua vida, como instrumento para um trabalho pedagógico essencial. Converse com seus alunos e deixe os alunos conversar entre si. Aprenda a ser um administrador de conversas, expositor de desafios, instigador de perguntas.

Sendo assim, a conversa em sala de aula passaria a ser salutar e

imprescindível, desde que intermediada pelo professor.

Na visão de Aquino (1998), existem alguns princípios éticos balizadores da

prática pedagógica. O conhecimento é objeto da ação do educador; o âmbito de sua

atuação é essencialmente pedagógico. A sala de aula é o contexto privilegiado para

o trabalho, o microcosmo concreto onde a educação escolar acontece de fato. É lá,

também, que os conflitos devem ser administrados e gerenciados. A relação

professor-aluno é o núcleo do trabalho pedagógico, uma vez que o aluno é

corresponsável pelo processo escolar. É dever do professor ensinar e direito do

aluno aprender. E, ainda, o contrato pedagógico é que contempla as regras de

convivência e do acordo firmado entre o professor e a turma, orientando o

funcionamento da sala de aula.

Neste contexto ainda, Antunes (2002) ressalta que existem outros três focos

que podem contribuir com a questão disciplinar. A escola é um grande potencial

neste quesito, pois depende muito da sua estruturação e organização interna. Neste

sentido, todos os envolvidos precisam conhecer a proposta pedagógica e as normas

da escola, tendo clareza dos seus objetivos e metas. O professor precisa ter perfil de

educador, se identificar com a área e a escola de atuação. Ele deve ser estrategista,

dinâmico e criativo para conquistar o respeito e admiração dos alunos. O aluno

precisa ser envolvido para que possa sentir-se parte integrante do processo de

escolarização, tendo clareza dos seus objetivos e deveres.

Podemos ainda, acrescentar outro fator determinante na questão

educacional, que é a família e seu novo modelo de estruturação e educação.

Consoante grande parcela dos professores, a família, de certa forma, não está mais

cumprindo sua função de educar seus filhos e, tão pouco, contribuindo com o

trabalho do professor. Além do mais, as crianças tornaram-se frutos da

desestruturação, do despreparo e do abandono dos pais.

Neste sentido, o Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Arnaldo

Busato (2010, p. 08) descreve sobre seu público escolar:

O nosso aluno é fruto de uma sociedade injusta, desigual e preconceituosa. Alguns oriundos de famílias desestruturadas, muitos sem condições de suprir as necessidades básicas de alimentação, moradia, afetividade, saúde e lazer. Essas necessidades resultam na formação de alguns alunos agressivos, indisciplinados, sem previsões para o futuro, sem trabalho e sem objetivos na vida pessoal. Sabendo destes problemas a escola vem trabalhando para amenizar essas dificuldades, visando formar cidadãos com visão crítica dos fatos e com isso conquistar um espaço digno na sociedade.

Analisando o documento da escola, observamos que há um contingente

expressivo de famílias com problemas de natureza sociocultural e disciplinar. Devido

a isto, as consequências estão sendo sentidas no âmbito da sala de aula, a qual tem

prejudicado a verdadeira função da escola, que é a construção do saber e a prática

social.

Sobre as dificuldades de aprendizagem e indisciplina dos educandos,

verificamos no PPP do colégio (2010, p. 12), o seguinte:

No Ensino Fundamental temos alguns alunos com conhecimento bastante precário, alguns alunos chegam na 5ª série (6º ano) com dificuldades em saber ler, escrever, interpretar e calcular (sem os pré-requisitos básicos) e sofrem para acompanhar o andamento normal da sequência do ensino fundamental. Outro problema sério é a indisciplina e a falta de limites que se tornam uma dificuldade para a promoção da recuperação dos problemas enfrentados e principalmente para a melhor assimilação dos conteúdos.

Partindo deste pressuposto, o colégio desenvolve várias ações de

complementação e reforço escolar com seus alunos. Dentre as quais estão os jogos

e atividades lúdicas, como meio de amenizar a problemática em questão. Esta

implementação pedagógica veio de encontro aos anseios da escola. Ela esteve

pautada na prática do xadrez como instrumento de apoio pedagógico no processo

de escolarização por se tratar de um jogo com fortes características no aspecto

socializador e intelectual do educando.

2.2 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Diante da complexidade em abordar este tema, Oliveira (1997) considera

que se verifica, com frequência, dados estatísticos indicando que há uma parcela

significativa de educandos que possuem dificuldades em acompanhar o

desempenho e as exigências escolares. A partir desta frustração, surgem a

ansiedade e os problemas emocionais, que colaboram veementemente com o

fracasso e abandono escolar.

Segundo Wallace e Mcloughlin (1975, p. 07, apud Oliveira, 1997, p. 117):

“Afirmam que as crianças com dificuldades de aprendizagem possuem um

'obstáculo invisível', pois apresentam-se normais em vários aspectos, exceto pelas

suas limitações no progresso da escola”. Devido ao tema ser abrangente, existe

uma divergência de opiniões por parte de pesquisadores em relação aos motivos e

as causas que levam uma criança a não aprender.

De acordo com alguns estudos, há uma série de fatores que levam uma

criança a apresentar dificuldades de aprendizagem. Para Oliveira (1997), essas

causas podem ser organizadas e agrupadas em vários segmentos que fazem parte

do contexto educacional. A escola tem como objetivo primordial integrar a criança na

sociedade, facilitando seu acesso ao mundo dos adultos. Porém, muitas vezes, ela

tem simplesmente classificado os alunos que possuem menos facilidade de

aprender. Logo, também há aqueles que mais precisam dela, por serem oriundos de

meios socioculturais menos privilegiados, reproduzindo os mesmos conceitos e

valores da sociedade e da mídia.

Neste aspecto, Oliveira (1997, p. 119) ressalta que a escola estaria falhando,

pois

[...] vemos muitos professores com programas, procedimentos de ensino, materiais de instrução totalmente inadequados e desestimulantes e, principalmente, carentes da flexibilidade necessária para adaptar os objetivos do ensino as diferenças individuais dos alunos.

Do ponto de vista da autora, muitas vezes os educadores preferem jogar a

culpa nos seus alunos, ao invés de criar mecanismos que os levam a sentirem a

necessidade de valorizar instrumentos da cultura e as atividades que se relacionam

com ela.

Neste sentido, Oliveira (1997, p. 119) reforça a tese de que “o

relacionamento professor-aluno também é outro fator que pode influenciar no

processo ensino-aprendizagem”. O docente precisa ser acessível e atencioso às

dúvidas e indagações dos educandos, devendo tratá-lo com respeito, considerando

aquilo que ele sabe, seus conhecimentos prévios. Ela ressalta também que “[...] as

classes superlotadas também podem dificultar a construção do conhecimento mais

individualizado que o educador poderia ter em relação à sua classe”. Desta forma,

compromete o processo de interação entre os agentes responsáveis pela

transmissão e assimilação do conhecimento. Como a escola precisa mostrar

resultado à família e a sociedade, para provar sua eficiência, muitas vezes, acaba

por responsabilizar o próprio aluno pelo fracasso escolar.

Porém, Oliveira (1997) faz uma ressalva: as instituições de ensino não

podem carregar sozinhas o sentimento de culpa, pois alguns alunos vêm para as

escolas com diversas deficiências, com níveis de maturidade desigual ou inferior ao

que se espera em sua idade cronológica. Devido a essa disparidade de bagagem

cultural, social, intelectual e neurológica em relação aos colegas, pode haver

influências no processo de aprendizagem discente e dificuldades na prática docente.

Além disso, podemos observar que há um conjunto de fatores e valores que

constituem o processo de formação da aprendizagem da criança. A família e a

escola devem ficar atentas a qualquer sinal diferente que a criança vier a apresentar,

para que as primeiras medidas sejam tomadas imediatamente, evitando assim,

complicações futuras na formação integral do indivíduo.

2.3 O XADREZ COMO RECURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Dentre as alternativas didático-pedagógicas a serem utilizadas nos contextos

educacionais, o jogo de xadrez figura entre aquelas que merecem maior destaque.

Uma justificativa para tal iniciativa pode ser encontrada nos Parâmetros Curriculares

Nacionais – PCN’s (1997, p. 48):

Que apontam que por meio dos jogos as crianças não apenas vivenciam situações que se repetem, mas aprendem a lidar com os símbolos e a pensar por analogia (jogo simbólico) os significados das coisas passam a ser imaginados por elas.

Segundo o documento, com os jogos de regras as crianças aprendem a lidar

com as situações mais complexas. Ressalta-se ainda, que regras são combinações

estabelecidas pelos jogadores, que só podem jogar em função da jogada ou da

atuação do outro. Desta forma, o xadrez é propício, pois nele o aspecto de fazer e

compreender são constantes e necessários.

De acordo com PCN’s (1997, p. 48), “o jogo é definido como uma atividade

natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos; supõe um fazer

sem obrigação externa e imposta, embora demande exigências, normas e controle”.

Estas características apresentadas foram presenciadas e conferidas como

benefícios que o exercício enxadrístico ofereceu aos alunos. Ainda em relação aos

benefícios ofertados pelo jogo como recurso pedagógico, podemos afirmar que o

mesmo é visto como um desafio que, ao mesmo tempo, desperta no aluno interesse

e prazer.

Evidenciamos que o xadrez é uma proposta interessante para o docente

utilizar em sala de aula, já que o mesmo permite a definição de regras, o

aperfeiçoamento do pensamento e da imaginação. Sabemos que os enxadristas

podem estudar e dominar as táticas e teorias de abertura, meio e fim do jogo, mas

seu desenvolvimento dependerá do construir a cada instante.

Neste sentido, ao apreciar a prática do xadrez, podemos concluir que o

pensar e o tomar decisões estão intimamente ligados a conquistar e habituar o

estudante na construção da sua autonomia cognitiva e emocional, pois, lhe é

requisitado a cada lance, pensar e decidir o melhor movimento.

A dinâmica do xadrez é de estratégias, nas quais cada jogador deve

elaborar o movimento de peças, tendo em vista o que se pretende e o que o outro

pretende a curto, médio e a longo prazo. Além do mais, de maneira autônoma, o

jogador é forçado a estar atento, analisar e prever os futuros lances, sem perder de

vista seu objetivo e posições já conquistadas.

De acordo ainda com os PCN’s (1997), vários são os elogios de rendição às

qualidades do jogo que agrega em sua evolução: representação, movimentos,

poderio, nomes, estratégias, alguns aspectos socioculturais específicos de diversos

momentos da história do xadrez. Estes conteúdos foram contextualizados de forma

espirilada para melhor compreensão por parte dos alunos. Desta forma, tornou-se

em um elemento significativo e favorável pelo seu caráter formador e por tornar o

ensino duplamente estimulante.

Com isto, o ensino de xadrez é também defendido por Silva (2004, p. 22),

que apresenta:

[...] o xadrez merece crédito, porque ensina às crianças o mais importante na solução de um problema, que é saber olhar e entender a realidade que se apresenta. [...]. É comum notar crianças fracassando em matemática, por exemplo, por não entenderem o que o enunciado do problema lhes diz [...]. Em uma época na qual os conhecimentos nos ultrapassam em quantidade e a vida é efêmera, uma das melhores lições que a criança pode aprender na escola é como organizar seu pensamento, e acreditamos que essa valiosa lição pode ser obtida mediante o estudo e a prática do xadrez. [...]

Constatamos ainda, que através da aprendizagem do xadrez a criança pôde

vivenciar habilidades e conhecimentos socialmente construídos, os quais passaram

a fazer parte do seu rol de conhecimento. Neste sentido, proporcionamos a ela um

comportamento além do habitual de sua idade, sendo que evidenciamos, através da

sua prática, a importância do jogo de xadrez como atividade intelectual e

socializadora no processo ensino-aprendizagem.

3 METODOLOGIA

As principais metas do projeto foram os estudos relacionados à indisciplina

escolar e às dificuldades de aprendizagem, tendo o jogo de xadrez como

instrumento pedagógico à prática docente em sala de aula. Isso resultou na

elaboração destes estudos, de modo que se obtivesse maior compreensão teórica

para subsidiar o desenvolvimento do projeto, bem como a produção didática e sua

implementação pedagógica na escola. E, posteriormente a construção desta

produção final.

O método de pesquisa utilizado na elaboração do projeto de estudo, bem

como na produção didático-pedagógica, foi o de observação participante em sala de

aula e através do levantamento diagnóstico, junto ao colégio, dos alunos que

apresentaram maior incidência no enfoque disciplinar e nas dificuldades de

aprendizagem.

O material didático da implementação pedagógica na escola foi elaborado

como uma unidade didática, contendo dez ações, com atividades teóricas, práticas e

audiovisuais, a qual teve uma abordagem metodológica sequencial e acessível para

melhor compreensão dos participantes das diferentes etapas do xadrez.

A partir de então, desenvolvemos a prática do xadrez com um grupo de vinte

alunos dos sextos anos do período matutino. Iniciamos as atividades no mês de

Março, com duas aulas semanais na parte da tarde. Concluímos as ações em Julho,

com a realização do festival escolar de xadrez. Totalizamos mais de 32 (trinta e

duas) horas de atividades com os alunos, nas quais se enfatizou a importância deste

jogo no processo de escolarização e formação da cidadania.

Inicialmente, realizamos as apresentações da produção didática e da

proposta de implementação pedagógica à direção, equipe pedagógica, professores

e funcionários do colégio, durante a realização da semana pedagógica, no início do

ano letivo. Em outro momento, apresentamos o projeto aos pais em assembleia da

escola, ainda no mês de fevereiro.

Para iniciar as atividades com os alunos, reunimos a turma no laboratório de

informática e a separamos em dois grupos, com a finalidade de realizar um debate

sobre a importância do xadrez como instrumento educativo no contexto escolar.

Cada grupo teve dez minutos para fazer suas considerações, na qual levantaram os

pontos positivos e negativos deste esporte nas aulas de Educação Física. Em

seguida, realizei o fechamento da atividade com algumas ponderações sobre os

benefícios do jogo para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. A turma

participou intensamente desta atividade, além do mais, frisaram muito bem os

aspectos positivos do xadrez na formação integral do cidadão.

Posteriormente, subdividimos a turma em cinco grupos. Com esta

organização cada um pesquisou sobre determinado período histórico do xadrez.

Desta forma, apresentaram ao grande grupo em forma de seminário, houve grande

participação e interação dos alunos, pois há várias histórias e lendas interessantes

que contam a origem e a evolução do xadrez. Em seguida, organizamos os

educandos em duplas para realizar apresentação do tabuleiro e das peças do jogo.

Na sequência, demonstramos toda a movimentação e poder de captura de cada

peça, sendo que disponibilizamos um kit a cada dupla para então iniciar à prática do

xadrez.

Em outro momento, encaminhamos a turma no laboratório de informática,

para fazer o cadastro do xadrez on-line. Os educandos interagiram com os colegas

da sala e ainda, com alunos de outras escolas. Feito isto, realizamos um

minicampeonato de xadrez dentro da turma, com objetivo de despertar o espírito

enxadrístico. Trabalhamos também o xadrez gigante no saguão do colégio, uma

forma diferente e interessante de difundir sua prática. Nesta atividade, jogaram de

forma individual, em dupla ou em grupo.

Outro aspecto que contemplamos durante a implementação escolar foi a

forma lúdica de trabalhar este jogo. As atividades desenvolvidas foram o xadrez no

caçador e o xadrez humano, sendo que todos os educandos interagiram de forma

recreativa e cooperativa. Tivemos ainda, a oportunidade de assistir alguns recortes

de filmes sobre o xadrez, dos quais os alunos consideraram muito interessantes.

Para concluir as ações de implementação do projeto, organizamos com a

professora de Artes, um festival escolar de xadrez. Cada turma do Ensino

Fundamental apresentou os trabalhos confeccionados por eles em uma exposição

no saguão da escola. Neste momento, os alunos também participaram de atividades

lúdicas e recreativas, como o xadrez no caçador, o xadrez humano, o xadrez gigante

e o xadrez on-line. E, simultaneamente a estas atividades, organizamos uma

competição de xadrez para os educandos do Ensino Fundamental do Colégio

Estadual Arnaldo Busato. Competição esta que teve um grande número de

participantes, interagindo e desenvolvendo sua prática enxadrista.

Paralelamente à implementação pedagógica na escola, esta temática foi

abordada e socializada pelo Grupo de Trabalho em Rede – GTR, com quatorze dos

quinze educadores inscritos, da rede estadual de ensino do Paraná, durante os

meses de Março, Abril e Maio. Em cada uma das três etapas do GTR foi inserida

uma temática referente ao projeto de intervenção pedagógica, produção didática e

implementação pedagógica na escola para leitura e reflexão dos mesmos.

Sobre a relação da família e escola na problemática da indisciplina escolar,

observamos através dos comentários postados, que a família está sendo vista como

uma instituição falida e a escola em processo de falência. Isto pode ser em

decorrência de uma sociedade injusta e desumana, na qual está sendo vivenciada

uma inversão de valores e princípios, que estão desvirtuando a verdadeira função

destas instituições, responsáveis pelo aspecto socioeducacional. Neste sentido,

percebemos claramente a necessidade da escola e da família se tornarem aliadas,

parceiras. Elas precisam ‘falar a mesma linguagem’, estreitar seus vínculos, agir

com discernimento e diálogo. Somente desta forma serão conquistados os avanços

almejados no processo de escolarização e na construção da cidadania.

Averiguamos ainda, que as famílias dos educandos estão se

desestruturando de maneira tal, que os pais não acompanham mais a vida escolar

dos seus filhos, e isto independe da condição socioeconômica. A família, que

deveria ser o alicerce, a base na formação de valores morais e princípios éticos,

está fracassando.

A escola, a mercê dos problemas familiares, conflitos de gerações e

desigualdades sociais, encontra-se, muitas vezes, desprestigiada e desamparada

pelo sistema. Além do mais, tratada literalmente como depósito de gente, exercendo

função que não seria dela. O professor, cada vez mais fragilizado e exposto a

problemas neuropsicológicos, em muitos casos, afasta-se da escola para se tratar,

ou ainda, opta por mudar de profissão. Mas, mesmo diante de tantas dificuldades,

percebemos nitidamente nos colegas do curso, que é preciso acreditar sempre no

poder do conhecimento, na nobre missão de educador e na magia da educação,

capaz de contribuir na transformação de toda uma sociedade.

Em relação à importância deste projeto na superação da indisciplina em sala

de aula e das dificuldades de aprendizagem discente, constatamos que houve

grande interesse e participação dos cursistas. Foram discutidas e socializadas várias

metodologias e didáticas, com atividades vinculadas a jogos cooperativos, jogos de

tabuleiro, a ludicidade, a musicalização, a dramatização, a esportivização, confecção

do próprio material de jogo e as diferentes formas de praticar o xadrez na escola.

Percebemos ainda, através das interações dos colegas, a importância de projetos

que contemplem ações pedagógicas direcionadas a resgatar a motivação e o

interesse do educando pelo conhecimento. As ações implementadas na escola,

proporcionadas através de atividades lúdicas e do xadrez virtual, despertaram

interesse e curiosidade pelas diferentes formas de desenvolver a sua prática.

Para concluir as atividades do GTR, com relação à temática vivenciando a

prática, tivemos a socialização de relatos de experiências pedagógicas

desenvolvidas pelos professores em suas escolas de atuação, com ótimos

resultados alcançados. Porém, houve outras experiências que não foram muito bem

sucedidas devido à falta de apoio e incentivo de algumas escolas. Segundo relato,

estas ações foram de grande valia e significado para enaltecer o trabalho

pedagógico e contribuíram na disseminação do xadrez nas escolas. Pois foi através

deste jogo, que se desenvolveram uma série de fatores qualitativos que são

essenciais ao processo de ensino e aprendizagem, tais como: atenção,

concentração, memorização, paciência, raciocínio lógico, interpretação, imaginação,

respeito, limites, autocontrole, autoconfiança e tomada de decisão.

Diante da grandeza e da relevância que o projeto de xadrez representou aos

participantes, verificamos a necessidade expandir sua prática nas escolas, clubes e

praças e, desta forma, superar a crescente dificuldade educacional enfrentada pelo

educador em sala de aula. Neste sentido, Blanco (2008, p. 33) enfatiza que:

Grande parte de nossa causa a favor da democratização do xadrez, através de programas nas escolas, enfatiza a possibilidade de um escolar de qualquer cidade do mundo pode aprende, conjuntamente com seu mestre na sala de aula, e ao mesmo tempo desenvolver seu caráter e personalidade como cidadão.

Neste aspecto, procuramos difundir sua prática devido ao conjunto de

habilidades e capacidades cognitivas, afetivas e emocionais que contribuíram no

processo de escolarização e socialização dos educandos.

4 RESULTADOS

Analisando os depoimentos de alguns professores dos sextos anos e da

equipe pedagógica em relação às atividades desenvolvidas na implementação

pedagógica na escola, podemos observar que houve avanços nas relações

interpessoais e na capacidade de aprendizagem dos educandos.

Segundo a professora Solange, de Geografia, “como não houve a

participação de todos os alunos de cada turma de 6º ano, mas apenas de alguns,

notamos nos participantes, uma pequena melhora em relação ao comportamento

dos mesmos, com o professor e entre os colegas. Já em relação à aprendizagem,

como o tempo de participação no projeto de xadrez era limitado, penso que em

relação à aprendizagem, é difícil para colocar qualquer posição. Em minha opinião,

o trabalho com o xadrez deveria continuar, para aí sim termos uma melhor

percepção das melhorias. Pois, o jogo é ótimo, mas devido o tempo ser curto, os

alunos aprenderam o xadrez, ou só iniciaram sua aprendizagem, daí a necessidade

da continuação do projeto”.

De acordo com a professora Justina, de Português, “minha turma do 6º A,

referente à disciplina, não havia na maioria muitos problemas, mas sempre tem

alguém ‘perdido’ na turma. Os que não tinham sossego/irrequietos houve uma

melhora, não levantam tanto da carteira. Quanto às mudanças sentidas, maior

concentração, não se implicam tanto com os demais, chegam no horário, tem maior

interesse, mais atenciosos, educados e amigos. Houve maior

companheirismo/coleguismo, não tinham vontade/reclamavam ao fazer as

atividades. Agora pensam antes de responder as atividades orais/escritas,

memorizam o conteúdo. Eles fazem as atividades em silêncio, prestam mais

atenção e a própria caligrafia/ortografia, teve uma melhora e sempre perguntam”.

Para as professoras Cléia, Ciências e Fabiana, Matemática, “os alunos eram

agitados, inquietos, conversadores (na maioria). Alguns estão do mesmo jeito,

outros melhoraram em relação ao comportamento e relacionamento com os

professores e respeito aos colegas. Em relação à aprendizagem, na verdade é

pouco o tempo de aplicação do projeto para sentirmos grandes mudanças. Os

alunos que já eram bons melhoraram. Os alunos que já eram bons melhoraram

ainda mais, e aqueles com dificuldades em pouco se percebeu melhoras”.

Quanto ao parecer da equipe pedagógica, segundo a pedagoga Márcia, “ao

trabalhar o projeto de xadrez, o professor Sérgio contribuiu na formação integral dos

alunos, pois a concentração, a disciplina, o raciocínio lógico e o pensamento

estratégico são essenciais para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.

Percebemos que diminuiu o índice de indisciplina nas salas, cujo projeto foi

aplicado. Este índice fica claro ao analisarmos as fichas individuais dos alunos que,

neste semestre têm sido menos problemáticos. Também em relação às turmas da

tarde que não tiveram o projeto, a indisciplina ainda é um problema de maior

incidência. Em relação à aprendizagem acreditamos que o projeto também tenha

ajudado. Afinal os itens citados quando bem desenvolvidos, consequentemente

auxiliam na aprendizagem”.

Enfim, o xadrez esteve inserido no universo lúdico e virtual, servindo como

estimulo na promoção da aprendizagem e da disciplina escolar. Com a propagação

deste jogo em nosso colégio, percebemos avanços em vários aspectos, que

contribuíram à prática pedagógica na superação das dificuldades escolares.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo o xadrez como base de estudo da produção e implementação

pedagógica na escola, como instrumento pedagógico no combate aos problemas de

indisciplina e às dificuldades de aprendizagem, verificamos neste jogo um potencial

expressivo no processo de escolarização e socialização dos educandos. Além do

mais, através da sua prática, desenvolvemos a capacidade intelectual, emocional e

afetiva dos participantes. Este contribuiu também no desenvolvimento dos aspectos

motivacionais, propiciando maior interesse e participação nos estudos. Sendo assim,

tornamos o contexto escolar mais produtivo, pois cada um pôde evoluir de acordo

com o seu ritmo.

Podemos observar, ainda, que qualquer pessoa pode aderir à prática do

xadrez e sentir o conjunto de benefícios que ele representa para a formação

humana, devido a sua praticidade e acessibilidade. Sendo assim, Blanco (2008, p.

29) ressalta que “um dos aspectos mais interessantes do xadrez é sua variedade de

expressões”. Conforme o autor, devido a essa ampla diversidade de características,

o xadrez pode ser evidenciado em cinco vertentes, que podem servir como atividade

lúdica, disciplina desportiva, expressão lógico-matemática, manifestação artística e

ferramenta pedagógica. Sendo esta última, tema de estudo do projeto, resultando na

produção e implementação pedagógica na escola.

Nas questões pertinentes ao comportamento, como agressividade e

inquietude, observamos que, durante a realização das atividades, foram reduzindo

consideravelmente. Neste sentido, fomos criando um espírito de cooperação e

harmonia dentro da turma, com propósitos coletivos, superando o desrespeito que

havia entre eles.

Em relação à capacidade de aprendizagem, percebemos que o jogo de

xadrez contribuiu para melhorar o interesse, a motivação e a autoestima dos alunos.

Aspectos estes, essenciais à prática pedagógica, que geraram maior dedicação e

responsabilidade perante as atividades propostas pelo professor em sala de aula.

Há várias pesquisas em diversos países apontando os aspectos positivos da

prática do xadrez nas escolas, tanto que, em muitas delas, é parte integrante da

proposta pedagógica. Desta forma, Blanco (2008, p.43), enfatiza que “em muitos

países, o xadrez é uma matéria obrigatória em escolas de ensino fundamental como

parte das atividades extracurriculares”, citamos como exemplo, Cuba, a qual

desenvolve importantes projetos educacionais e sociais através da prática do

xadrez. É neste sentido que procuramos criar uma cultura enraizada nos princípios

socioeducativos que este jogo representa na formação integral do educando.

Para concluir, entendemos que a Educação Física é parte integrante da

proposta pedagógica da escola e deve, através da sua prática, estimular e encorajar

o aluno na tomada de decisão, na emancipação crítica e construção do

conhecimento. Desta forma, contribuirá efetivamente no processo de escolarização

e no exercício da cidadania.

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