O Ensino de Ciências: história e tendências · para desde o 1º ano do curso ... AMARAL, I.A.;...

15
03/05/2013 1 O Ensino de Ciências: história e tendências Relações entre concepções de Ciência e a prática pedagógica Profª Tathiane Milaré Década de 60 Período marcante e crucial na história do Ensino de Ciências Guerra Fria Interesse dos EUA em vencerem a batalha espacial projetos de 1ª geração: Física (Physical Science Study Commitee PSSC) Biologia (Biological Science Curriculum Study BSCS) Química (Chemical Bond Approach CBA) Matemática (Science Mathematics Study Group SMSG) Incentivo na formação de cientistas

Transcript of O Ensino de Ciências: história e tendências · para desde o 1º ano do curso ... AMARAL, I.A.;...

03/05/2013

1

O Ensino de Ciências:

história e tendências

Relações entre

concepções de Ciência e

a prática pedagógica

Profª Tathiane Milaré

Década de 60

Período marcante e crucial na história do Ensino de Ciências

Guerra Fria

Interesse dos EUA em vencerem a batalha espacial

projetos de 1ª geração:

Física (Physical Science Study Commitee – PSSC)

Biologia (Biological Science Curriculum Study – BSCS)

Química (Chemical Bond Approach – CBA)

Matemática (Science Mathematics Study Group –SMSG)

Incentivo na formação de cientistas

03/05/2013

2

Concepção de Ciência

Atividade neutra

Pesquisadores isentos de julgamento

de valores sobre o que estavam

fazendo.

Década de 60

Processo ensino-aprendizagem

influenciado pelas idéias de

educadores comportamentalistas

Objetivos do ensino:

◦ Comportamentos observáveis

◦ Indicadores mínimos de desempenho

aceitável

◦ Escalas de comportamento

03/05/2013

3

Laboratório: décadas 50-70

Sequências baseadas no método

científico: identificação de problemas,

elaboração de hipóteses e verificação

experimental dessas hipóteses

Método da redescoberta

Aluno: chega às conclusões e elabora

novas questões

Final de 60

Jean Piaget

Construtivismo

Valorização das concepções alternativas

03/05/2013

4

A partir da década de 60

Entre 1960 e 1980, as crises

ambientais, o aumento da poluição, a

crise energética e a efervescência

social manifestada em movimentos

como a revolta estudantil e as lutas

anti-segregação racial determinaram

profundas transformações nas

propostas das disciplinas científicas

em todos os níveis do ensino.

Formação

do Cientista

Formação

do Cidadão

Abordagem temática

Projetos

Relações C-T-S

Conteúdos científicos com importância na

vida

Interdisciplinaridade

Ciência para todos

Alfabetização Científica

03/05/2013

5

Década de 60 - Brasil

A Lei 4.024 – Diretrizes e Bases da Educação, de 21 de dezembro de 1961

Ampliação das ciências no currículo escolar para desde o 1º ano do curso ginasial.

Aumento da carga horária de Física, Química e Biologia no curso colegial

Função das disciplinas: desenvolver o espírito crítico com o exercício do método científico; preparar o cidadão para pensar lógica e criticamente e ser capaz de tomar decisões com base em informações e dados.

Objetivo cumprido?

Décadas de 60-70 - Brasil

Ditadura Militar (1964)

Escola:

enfatizar a cidadania formação do

trabalhador

Lei nº 5.692, 1971

disciplinas científicas: passaram a ter

caráter profissionalizante

03/05/2013

6

Anos 90 - Brasil

Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9.394/96

a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.

“os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada pelos demais conteúdos curriculares especificados nesta Lei e em cada sistema de ensino”.

Ensino Fundamental

domínio da leitura, da escrita e do

cálculo

a compreensão do ambiente material

e social, do sistema político, da

tecnologia, das artes e dos valores em

que se fundamenta a sociedade Preparar para o Ensino

Médio???

03/05/2013

7

Ensino Médio

consolidação dos conhecimentos

preparação para o trabalho e a

cidadania para continuar aprendendo.

Vestibular???

Situação Mundial

Guerra Fria Guerra Tecnológica Globalização

Tendências no

Ensino de Ciências 1950 1970 1990 2000

Objetivo do Ensino Formar Elite Formar Cidadão-

trabalhador Formar Cidadão-

trabalhador-

estudante Programas Rígidos Propostas

Curriculares

Estaduais

Parâmetros

Curriculares

Federais

Concepção de

Ciência

Atividade Neutra Evolução Histórica

Pensamento Lógico-

crítico

Atividade com

Implicações Sociais

Instituições

Promotoras de

Reforma

Projetos Curriculares

Associações

Profissionais

Centros de Ciências,

Universidades Universidades e

Associações

Profissionais

Modalidades

Didáticas

Recomendadas

Aulas Práticas Projetos e

Discussões Jogos: Exercícios no

Computador

03/05/2013

8

Texto para leitura

Leitura:

◦ Cap. 06 “Texto 1: Ciência, pra que te

quero: os caminhos da inovação no

Ensino de Ciências” (p.80-84)

http://www.fae.unicamp.br/formar1/pro

ducao/pdf/EnsinoCiencias1oGrau.pdf

FRACALANZA, H.; AMARAL, I.A.; GOUVEIA, M.S.F. O ensino

de Ciências no Primeiro Grau. São Paulo: Atual, 1987. 124 p.

Profª Tathiane Milaré

03/05/2013

9

É possível aprender/ensinar

Ciências/Química sem realizar

experimentos? Como?

O que o professor deve considerar ao

realizar experimentos no Ensino de

Ciências/Química?

Qual a função da

experimentação no

Ensino de

Ciências/Química?

O que é

experimentação?

EXPERIMENTAÇÃO

Leva à

descoberta.

Comprova a

hipótese.

03/05/2013

10

Perspectiva empirista

Todo conhecimento vem da experiência

EXPERIÊNCIA

Manipulação

de variáveis Prova física

Dedução de

leis (teorias)

Determinante na

obtenção de dados

Evidência dá

crédito à teoria

Fundamenta todo

o conhecimento

Põe à prova

a teoria

É algo separado da

hipótese: A hipótese não

influencia o resultado

Sob o ponto de vista didático...

O mais importante é o resultado final, não o processo.

A experiência não surge de uma problemática.

Não revela os aspectos da pesquisa.

Não há reflexão sobre o significado da experiência.

03/05/2013

11

Vamos

refletir um

pouco...

A experiência comprova a teoria?

Os resultados das experiências

oferecem a verdade? O real?

Qual a relação entre a teoria, a

experiência e as hipóteses?

Responda:

Há muitos anos, uma tribo vivia no Colorado (EUA) e tinha sua

economia baseada na caça de uma espécie de veado.

Uma vez que esses animais são migratórios, os índios eram também

nômades. Eles seguiam as migrações dos veados para o alto das

montanhas e para os vales do Colorado.

Eles preferiam preparam a carne da caça, fervendo toda a carcaça

num grande tacho. Uma vez que aquele tipo de veado era muito

abundante naquela época, os índios estavam “bem de vida”, mas

tinham um problema:

quando a carne era cozida nos vales, o processo tomava pouco

tempo e a carne ficava macia, mas, quando os animais eram

abatidos e cozidos nas montanhas, a carne ficava rija e o cozimento

levava várias horas.

03/05/2013

12

Um dia, enquanto esperava que a carne cozinhasse no alto de uma

montanha, um grupo de guerreiros começou a pensar neste estranho

fenômeno.

Um dos bravos anunciou que tinha tido uma idéia: “Acho que são

os maus espíritos que fazem a carne ficar dura. Todos sabem que há

mais maus espíritos nas montanhas que nas planícies”.

(Eles “sabiam” disso porque aconteciam mais acidentes nas

montanhas; coisas tais como braços e pernas quebrados).

Se são os maus espíritos que fazem a carne ficar dura, então vamos

colocar uma tampa sobre o tacho. Isto afastará os maus espíritos e

fará a carne ficar macia”.

Isto fazia sentido, e os índios tentaram.

A carne cozinhou mais depressa e ficou mais macia, mas ainda não

estava igual à carne preparada nos vales.

Um outro guerreiro teve então

outra idéia: “sabemos que os

maus espíritos são muito

delgados. Eu acho que eles

estão se esgueirando pelas

frestas entre a tampa e o tacho

para endurecer a carne, então,

se nós vedarmos as frestas com

barro, eles não poderão entrar e

a carne ficará macia”. O novo

método foi tentado e a carne

ficou ainda mais macia que

aquela cozida nos vales.

03/05/2013

13

Perspectiva Racionalista

Experiência é guiada pela

hipótese

Questiona

Problematiza

Conduz a outras

hipóteses

Hipóteses

Teorias Experimento

DIÁLOGO

Se a hipótese intervém

ativamente nas

explicações que os

resultados da

experiência sugerem,

a teoria tem um papel

primordial na

avaliação dos

resultados obtidos.

Perspectiva Racionalista

Orientada e valorizada pelo

enquadramento teórico do sujeito

Método pouco

estruturado Comporta

diversidade de

caminhos

Ajusta ao contexto e

à própria situação

investigativa

Resultado não é

cópia do real Elementos de construção de

modelos explicativos

Enquadra-se em um

processo de reflexão

e de criatividade EXPERIÊNCIA

03/05/2013

14

Sob o ponto de vista didático...

Propostas de atividades que valorizem o papel do aluno

Confronto de ideias (entre pares e com a própria experiência)

Sujeitar a experiência a questionamentos

“Uma sala de aula não é um laboratório de

investigação, as estratégias adotadas

devem possuir legitimidade, seja filosófica,

seja pedagógica. Deve haver harmonia

entre estas duas dimensões.”

No entanto....

O trabalho

experimental por si

só ensina os

estudantes sobre o

que é a Ciência e sua

metodologia.

Existem muitas concepções pobres e confusas sobre experimentação

Para aprender Ciências

é necessário “descobrir

aprendendo” ou

“aprender fazendo”.

Não é necessário

refletir sobre o

uso da

experimentação.

A experimentação é a

solução para os

problemas de ensino

e aprendizagem em

Ciências.

Pressupostos

epistemológicos A experiência surge quase sempre como algo

esporádico, ligada a uma visão heroica do

cientista, ignora os contextos da produção

científica.

03/05/2013

15

Bibliografia

FRACALANZA, H. et al. O ensino de Ciências no 1°grau. São Paulo: Atual,1986.

KRASILCHIK, M. Reformas e Realidade: o caso do ensino de Ciências. São Paulo em Perspectiva, v. 14, n. 1, 2000, p. 85-93.

SCHNETZLER, R. P. A pesquisa em Ensino de Química no Brasil: conquistas e perspectivas. Química Nova. v.25, supl.1, p.14-24, 2002.