O Enigma Fernão de Magalhães

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Co ec ão

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TítuloO Enigma Fernão de Magalhães

AutoresRainer Daehnhardt, Latino Coelho e Caetano Alberto

IlustraçõesMuseu Luso-Alemão

CoordenaçãoDulce Leal Abalada

RevisãoEduardo Amarante

Grafismo, Paginação e Arte finalDiv'Almeida Atelier Gráficowww.divalmeida.com

Ilustração e Técnica da capaGabriela Marques da CostaArte Digital / Assemblage DigitalFerdinan Magellanvs – [email protected] www.gabrielamarquescosta.wordpress.comwww.facebook.com/home.php?#!/pages/Gabriela-Marques-da-Costa/134735599901538+351 915960299

Impressão e AcabamentoEspaço Gráfico, Lda.www.espacografico.pt

DistribuiçãoCESODILIVROSGrupo Coimbra Editora, [email protected]

1ª edição – Novembro 2010

ISBN 978-989-8447-03-6Depósito Legal nº 317919/10

© Rainer Daehnhardt & Apeiron Edições

Reservados todos os direitos de reprodução, total ou parcial, por qualquer meio, seja mecânico, electrónico ou fotográfico sem a prévia autorização do editor.

Projecto Apeiron, [email protected]

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Rainer DaehnhardtLatino Coelho Caetano Alberto

apeirone d i ç õ e s

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A LINGUAGEM SIMBÓLICA DAS ILUSTRAÇÕES DE

O ENIGMA DE FERNÃO DE MAGALHÃES

As cores reflectem o ambiente antigo

com tons sépia e ocres, algumas cores mais

vivas na vestimenta da personagem prin-

cipal e na rosa-dos-ventos. O fundo é um

mapa de navegação daquela época já

bastante envelhecido especificamente da

zona da Patagónia/Terra do Fogo/Estreito

de Magalhães. A paisagem a verde que

aparece representa todas as Ilhas do

Oceano Pacífico que Magalhães descobriu

e onde acabou por perder a vida. Re-

presentam as Ilhas: Guam, Mactan, Saluan,

Masavá, Zebú...

A imagem da ilha junto à espada sim-

boliza a luta mortífera e injusta que Fer-

não de Magalhães travou nesse local.

A Esfera Mundi aparece dentro do

globo que Fernão de Magalhães tem na

mão, com toda a sua carga simbólica.

Aparece também na contracapa em marca

de água.

A espada nesta pintura tem um signi-

ficado que justifica o seu destaque: é uma espada do tempo de Fernão de

Magalhães. É provável que tenha sido este tipo de espada com que o

navegador português lutou em terras distantes do Pacífico contra os

indígenas e onde às suas mãos encontrou a morte. Para além deste

elemento que dá o mote à pintura, encontramos um outro não menos

Gabriela Marques da Costa (a pintora)

Outros elementos suplementares de

interpretação (Dulce Leal Abalada)

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Pintura de Gabriela Marques da CostaCapa e Contracapa

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importante que é a imagem do mapa de fundo que nos dá a rota seguida

pelo navegador para realizar a circum-navegação do globo. Razão por

que encontramos na gravura de Fernão de Magalhães uma mão apoiada

sobre o planeta Terra e a outra a segurar, em gesto de medição, um

compasso que significa os cálculos que terão sido feitos para rumar em

direcção ao seu objectivo. E isto porque Fernão de Magalhães sabia que

não podia entrar em águas que eram da Coroa portuguesa. A Rosa-dos-

-Ventos é outro dos instrumentos de orientação fundamentais para o

cumprimento da missão, e o seu uso pelo navegador não podia faltar,

pois para além de orientar, a sua forma desenhada em estrela tinha como

objectivo principal facilitar a visualização dos quatro pontos cardeais com

o balanço da embarcação. Num outro enquadramento do fundo da ima-

gem da capa encontramos embarcações indígenas que dão pelo nome de

balangai e que eram utilizadas por estes povos na pesca.

Por sua vez, na contracapa encontramos outros elementos importantes

como a esfera armilar, que preenche grande parte do fundo, simbolizando

o poder que Portugal detinha então nos mares, rivalizando só com o vi-

zinho espanhol. Igualmente se vê uma ilha em ambas as imagens como

que nos induzindo para a sua importância. Terá sido nela que Fernão

Magalhães foi morto e abandonado à sua sorte pelos seus companheiros

de viagem? O fundo é rico em vários pormenores dignos de registo, des-

de a presença de várias caravelas, contrastando com os balangais, até ao

mapa do trajecto da viagem efectuada pelo navegador português.

Eduardo Amarante

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ÍNDICE

Fernão de Magalhães

Primus circumdedisti me – Foste o primeiro que me circundou

Caetano Alberto

O Navegador Português

Latino Coelho

Herói ou Traidor?Rainer Daehnhardt

1. Dar mundos ao mundo

2. Não se paga a traidores

3. Imolado no altar da História

4. O genial ardil político de D. Manuel I

5. O segredo nunca antes revelado do Tratado de Tordesilhas

6. A saída honrosa

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AGRADECIMENTOS

O Projecto Apeiron/Apeiron edições agradece ao Museu Luso-Alemão (que

ainda não se encontra aberto ao público), e de modo particular ao seu

director, o pesquisador luso-alemão Rainer Daehnhardt, a disponibilidade

em apoiar-nos na produção desta obra com informações e acesso aos ori-

ginais de mapas antigos da sua colecção que tanto têm contribuído para o

conhecimento da História de Portugal.

O Museu Luso-Alemão é o resultado da vontade multissecular de ge-

rações de uma família de diplomatas radicada em Portugal, que se esforçou

por reunir um acervo cultural sobre a História de dois povos: o português e

o alemão. Consciente da necessidade de um esforço comum para dar con-

tinuidade à existência da Humanidade, em liberdade e harmonia com a

natureza, recebeu a ajuda de centenas de militares e de civis para levantar

um dólmen em homenagem às origens da lusitanidade. Este, situa-se no

parque do museu, no meio dos bosques dos carvalhos sagrados de Belas,

onde, assim reza a história, Viriato enterrou a sua espada invicta.

Entre as muitas temáticas distintas existentes no Museu, destaca-se o seu

arquivo, de grande envergadura, com cartografia dos descobrimentos, que

ainda não foi devidamente estudado.

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A Igreja diz que a Terra é achatada,

mas sei que ela é redonda, porque vi a sombra dela na Lua,

e acredito mais numa sombra do que na Igreja.

Fernão de Magalhães

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FERNÃO DE MAGALHÃES

Primus circumdedisti me

– Foste o primeiro que me circundou –

Caetano Alberto

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Foi esta a divisa que Carlos V, o imperador, escreveu na esfera que en-

cimou o brasão de Sebastian del Cano, o afortunado piloto castelhano, que do mar do sul trouxe a S. Lucar de Barrameda, a nau Victoria, com a notícia da descoberta das ilhas Marianas, tendo dado a volta ao mundo.

Afortunado chamámos a Sebastian del Cano, e que maior fortuna que colher os loiros que deviam cingir a fronte de outro, a quem a sua má estrela lhe anoitou a existência depois de o ter guiado à vitória!

E que outro podia ser que um português a devassar os mares, a circundar o globo?!

Que de empresas arrojadas; que de feitos d’armas; que de acções gene-rosas; que de progressos das ciências se poderão apontar na história, que não encontreis à sua frente o primeiro entre os primeiros: o português.

Ah! Que até chego a duvidar se estou acordado ou sonhando, quando ouço para aí tanto pessimismo a amesquinhar o nosso valor, a duvidar, a descrer de nós próprios!

Não há talvez outro exemplo de uma nacionalidade assim! Tão grande; tão prestimosa; tão brilhante, que o seu nome está escrito no mundo inteiro, pelos mares, nas ilhas, nos continentes, nos mais recônditos sertões e até nos Astros – como adiante veremos – e que tão pouco julgue de si. Tendo-se por fraca quando tanto é o seu valor. Julgando-se pobre quando é tão rica, que tem dado prodigamente a outros e tanto ainda lhe resta para si; que tendo uma história tão gloriosa como outra não há, pense que não é dela que há-de viver, como se fosse uma Roma caída, que já não tem a girar-lhe nas veias o mesmo sangue com que escreveu essa história!

Mas então o que valem os feitos dos nossos soldados, que ainda nos princípios deste século se batiam e levavam de vencida as legiões do primeiro capitão, que avassalava o mundo com a sua espada e que veio encontrar,

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neste recanto da península, os primeiros revezes da guerra que o levaram por fim a Santa Helena: o grande Bonaparte!

Mas que valem, em nossos dias essas vitórias alcançadas em África, que despertam a admiração do mundo; que significa ainda o triunfo que neste momento as armas portuguesas estão a alcançar na Oceania?; o que vale o ressurgir das nossas artes, que vão honrar o nome português nos certames onde concorrem os artistas de todo o mundo, como agora, em Berlim; que glória nos vem de um dramaturgo português Pinero (Pinheiro), em Ingla-terra, alcançar os maiores triunfos nos teatros de Londres, e das suas peças percorrerem toda a América; para quê orgulharmo-nos dos Lusíadas que é um poema eterno porque canta as glórias de um povo de guerreiros e de navegadores; para que serve a expansão deste país pequeno, cujos seus filhos afirmam a vitalidade da pátria pelas cinco partes do mundo, em colónias tão importantes como as da América, da África, da Oceania e da Ásia; que im-portância têm os nossos homens científicos que se distinguem nos con-gressos onde se reúnem as sumidades da ciência; o que quer dizer essa luta da indústria portuguesa a medir-se com as indústrias de outros países mais adiantados, suprindo as necessidades de um povo civilizado a que a má administração das suas finanças acarretou uma crise económica; o que importa o renascimento de um país que em meio século tem realizado todos os progressos que o aproximam das nações mais cultas?

Serão próprios de uma raça degenerada, de um país perdido, de uma civilização extinta, todas estas manifestações de vida, afirmações de força, de luta pela existência, sob um sol criador, numa terra ubérrima, que se de-sentranha em frutos, que encerra tesouros, em suas minas, fertilizada por abundantes rios, que tem tudo que há em outros países e mais o que eles não têm, que é rica, enfim, de todos os bens que a natureza possui e que Deus parece ter reunido aqui como no paraíso terreal!

E para que foi que este povo, achando-se apertado no solo que as suas espadas conquistaram, se aventurou aos mares a alçar a sua bandeira em terras até então desconhecidas, levantando impérios na Índia e na América, avassalando novos mundos onde a família portuguesa pode viver como na pátria porque são pátria também de portugueses.

Mas basta. Não enumeremos mais o que deveria estar na lembrança de todos os filhos de Portugal, o que nunca deveriam esquecer, porque é es-quecerem-se da sua nacionalidade, do que prova a sua existência e auto-

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nomia, do que dá razão da sua vida através de todas as vicissitudes por que tem passado.

Pois quê! Se Portugal não fosse um elo importante da cadeia que liga a grande família da humanidade, teria resistido aos embates da sorte que tantas vezes o têm experimentado?

Se ele não tivesse concorrido tão bastamente para a civilização que o mundo desfruta, como teria atravessado por entre os séculos e lutado contra as ambições de estranhos que tentaram apagar dos mapas as linhas que de-marcam as suas fronteiras!

A Polónia sucumbe sob o grande colosso porque a sua nacionalidade não coopera na transformação por que o mundo passa ao sair da Idade Média. O mesmo acontece à Hungria. Veneza caiu quando as novas descobertas em-panam o brilho da sua navegação e do seu comércio.

Portugal existe e vive porque o ciclo da civilização de que ele lançou os primeiros segmentos ainda não se fechou.