O Documentário Sou surda e não sabia

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O Documentário Sou surda e não sabia, foi feito de forma inteligente e eficaz, pois ao mesmo tempo em que levanta a questão da surdez pela perspectiva de Sandrine (história verídica), traz também a discussão sobre a importância ou não da oralização de crianças surdas; e o aprendizado da língua de sinais. O documentário traz ainda questões como; convivência familiar, preconceito, metodologias de aprendizagem e adaptação. O filme aponta alguns trechos que retrata o preconceito para como surdo: No inicio do filme quando Sandrine conversa com uma amiga através da língua de sinais no celular por meio de um vídeo chamada, é possível notar o olhar de surpresa, espanto e indiferença por parte das pessoas que estavam no Ônibus, caracterizando o preconceito por aquilo que é diferente, que sai padrões aceitáveis ¨. Quando dois amigos entram em uma loja para comprar roupa, a moça pergunta ao rapaz de onde ele tiraria o dinheiro para pagar as compras, ele responde que tiraria de uma pensão que o governo dá para quem é deficiente, a moça se irrita, pois não quer saber deste rotulo (deficiente). Desta forma o próprio governo se torna preconceituoso, pois em vez de dar condições para que o Surdo tenha uma vida ativa e

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O Documentário Sou surda e não sabia, foi feito de forma inteligente e eficaz,

pois ao mesmo tempo em que levanta a questão da surdez pela perspectiva de

Sandrine (história verídica), traz também a discussão sobre a importância ou

não da oralização de crianças surdas; e o aprendizado da língua de sinais.

O documentário traz ainda questões como; convivência familiar, preconceito,

metodologias de aprendizagem e adaptação.

O filme aponta alguns trechos que retrata o preconceito para como surdo:

No inicio do filme quando Sandrine conversa com uma amiga através da

língua de sinais no celular por meio de um vídeo chamada, é possível

notar o olhar de surpresa, espanto e indiferença por parte das pessoas

que estavam no Ônibus, caracterizando o preconceito por aquilo que é

diferente, que sai padrões aceitáveis ¨.

Quando dois amigos entram em uma loja para comprar roupa, a moça

pergunta ao rapaz de onde ele tiraria o dinheiro para pagar as compras,

ele responde que tiraria de uma pensão que o governo dá para quem é

deficiente, a moça se irrita, pois não quer saber deste rotulo (deficiente).

Desta forma o próprio governo se torna preconceituoso, pois em vez de

dar condições para que o Surdo tenha uma vida ativa e plena no

trabalho ele o trata como invalido para certas designações.

Outra situação preconceituosa é quando, uma moça vai fazer um teste

para entrar em uma peça teatral e é recusada por não saber falar. Logo

depois o documentário mostra que é possível uma pessoa que é surda

ser um ator ou atriz, pois a arte cênica pode ser executada de várias

formas, com gestos, dança expressão corporal, não é preciso

necessariamente atuar falando.

Algo assustador foi à forma que Sandrine foi tratada em uma escola

tradicional. Enquanto os colegas aprendiam as disciplinas, a menina

apenas desenhava total insensibilidade e tato por parte do professor.

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Sandrine passou por três metodologias de ensino; na primeira ela foi

colocada em uma escola primária regular tradicional, onde a professora

usava somente a metodologia oral, fato que não ajudou em nada, pois

nesta escola sandrine não teve desenvolvimento em nenhuma área. A

menina ficava excluída, e enquanto os colegas aprendiam, ela apenas

desenhava.

Na segunda ela foi colocada em uma escola primaria em que as

crianças surdas tinham um ensino especializado, e que o projeto

pedagógico se baseava no francês oral.

A criança surda ficava com uma professora que lhes ensinava a

pronunciar corretamente as palavras e aperfeiçoava a sua fala.

Em algumas horas do dia as crianças surdas mudavam de classe para

se integrar com os alunos ouvintes. Nesta metodologia era descartada a

linguagem de sinais. A importância era destinada a oralidade.

Neste método Sandrine relata que aprendeu a falar, mas que não

aprendeu disciplinas como história, geografia e outras, se tornando inútil

o aprendizado, pois a criança aprende a falar, mas não adquiri

conhecimento, ficando vago o aprendizado.

Em terceira e ultima ela foi colocada em uma escola primaria em que as

crianças surdas são escolarizadas com crianças ouvintes, mas o ensino

é bilíngüe.

Nesta escola enquanto a professora explica a matéria de maneira

tradicional na oralidade, há outro professor que explica aos alunos

surdos através da língua de sinais, tornando a aula produtiva e

garantindo um aprendizado de qualidade aos alunos surdos.

O bilingüismo possibilita ao individuo se expressar através de uma

primeira língua, que corresponde ao processo de apreensão do mundo

que é visual. Também permite transitar em duas línguas, passar de uma

cultura a outra, distanciar-se de si mesmo e ter acesso ao que pertence

a cultura geral da escola, da sociedade e da família, através do livro e da

escrita. E isso abre novas possibilidades para as crianças surdas.

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Em relação à família é difícil remeter qualquer tipo de opinião, pois qual

o pai e a mãe que não quer o melhor para o seu filho? Houve vários

depoimentos de que quando os pais souberam que seu filho era surdo

instalou-se o sentimento de culpa ou de punição, levando eles a uma

perseguição desenfreada em busca da cura, tentando fazer com que o

filho pelo menos fale, para aliviar o sentimento de frustração e culpa.

Sabemos hoje através deste documentário que a melhor metodologia é

a bilíngüe, mas sabemos também que há pouquíssimas escolas e

profissionais da educação que fazem esse trabalho. Temos consciência

de que o melhor aprendizado seria aquele estimula tanto a oralidade,

como a língua de sinais, para que o aprendizado seja abrangente, para

que forme um individuo inserido na sociedade com um pensamento

crítico e com plenas possibilidades de desenvolver uma vida normal sem

indiferenças e preconceito.

Há vários aspectos relevantes neste documentário que já foram citado

neste relatório como as metodologias de aprendizagem, o preconceito, e

a exclusão em meio à sociedade e família, mas o mais importante a

destacar para o nosso grupo é, a importância que a língua de sinais tem

para o surdo, pois ela não ensina somente ao surdo se comunicar, mas

o ensina a vivenciar seu aprendizado em todos os campos da vida. A

ultima frase que Sandrine se expressou no documentário deveria estar

gravada no intelecto de cada ser humano.

¨ Todo Surdo tem espaço na sociedade¨ - Sandrine

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GILSON DOS S. DAMASCENA – RA 1798227

5º SEMESTRE - HISTÓRIA

RELATÓRIO DO FILME – SOU SURDA E NÃO SABIA

UNISA

SÃO PAULO – BRASIL

2012