O Documentário Sou surda e não sabia
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O Documentário Sou surda e não sabia, foi feito de forma inteligente e eficaz,
pois ao mesmo tempo em que levanta a questão da surdez pela perspectiva de
Sandrine (história verídica), traz também a discussão sobre a importância ou
não da oralização de crianças surdas; e o aprendizado da língua de sinais.
O documentário traz ainda questões como; convivência familiar, preconceito,
metodologias de aprendizagem e adaptação.
O filme aponta alguns trechos que retrata o preconceito para como surdo:
No inicio do filme quando Sandrine conversa com uma amiga através da
língua de sinais no celular por meio de um vídeo chamada, é possível
notar o olhar de surpresa, espanto e indiferença por parte das pessoas
que estavam no Ônibus, caracterizando o preconceito por aquilo que é
diferente, que sai padrões aceitáveis ¨.
Quando dois amigos entram em uma loja para comprar roupa, a moça
pergunta ao rapaz de onde ele tiraria o dinheiro para pagar as compras,
ele responde que tiraria de uma pensão que o governo dá para quem é
deficiente, a moça se irrita, pois não quer saber deste rotulo (deficiente).
Desta forma o próprio governo se torna preconceituoso, pois em vez de
dar condições para que o Surdo tenha uma vida ativa e plena no
trabalho ele o trata como invalido para certas designações.
Outra situação preconceituosa é quando, uma moça vai fazer um teste
para entrar em uma peça teatral e é recusada por não saber falar. Logo
depois o documentário mostra que é possível uma pessoa que é surda
ser um ator ou atriz, pois a arte cênica pode ser executada de várias
formas, com gestos, dança expressão corporal, não é preciso
necessariamente atuar falando.
Algo assustador foi à forma que Sandrine foi tratada em uma escola
tradicional. Enquanto os colegas aprendiam as disciplinas, a menina
apenas desenhava total insensibilidade e tato por parte do professor.
Sandrine passou por três metodologias de ensino; na primeira ela foi
colocada em uma escola primária regular tradicional, onde a professora
usava somente a metodologia oral, fato que não ajudou em nada, pois
nesta escola sandrine não teve desenvolvimento em nenhuma área. A
menina ficava excluída, e enquanto os colegas aprendiam, ela apenas
desenhava.
Na segunda ela foi colocada em uma escola primaria em que as
crianças surdas tinham um ensino especializado, e que o projeto
pedagógico se baseava no francês oral.
A criança surda ficava com uma professora que lhes ensinava a
pronunciar corretamente as palavras e aperfeiçoava a sua fala.
Em algumas horas do dia as crianças surdas mudavam de classe para
se integrar com os alunos ouvintes. Nesta metodologia era descartada a
linguagem de sinais. A importância era destinada a oralidade.
Neste método Sandrine relata que aprendeu a falar, mas que não
aprendeu disciplinas como história, geografia e outras, se tornando inútil
o aprendizado, pois a criança aprende a falar, mas não adquiri
conhecimento, ficando vago o aprendizado.
Em terceira e ultima ela foi colocada em uma escola primaria em que as
crianças surdas são escolarizadas com crianças ouvintes, mas o ensino
é bilíngüe.
Nesta escola enquanto a professora explica a matéria de maneira
tradicional na oralidade, há outro professor que explica aos alunos
surdos através da língua de sinais, tornando a aula produtiva e
garantindo um aprendizado de qualidade aos alunos surdos.
O bilingüismo possibilita ao individuo se expressar através de uma
primeira língua, que corresponde ao processo de apreensão do mundo
que é visual. Também permite transitar em duas línguas, passar de uma
cultura a outra, distanciar-se de si mesmo e ter acesso ao que pertence
a cultura geral da escola, da sociedade e da família, através do livro e da
escrita. E isso abre novas possibilidades para as crianças surdas.
Em relação à família é difícil remeter qualquer tipo de opinião, pois qual
o pai e a mãe que não quer o melhor para o seu filho? Houve vários
depoimentos de que quando os pais souberam que seu filho era surdo
instalou-se o sentimento de culpa ou de punição, levando eles a uma
perseguição desenfreada em busca da cura, tentando fazer com que o
filho pelo menos fale, para aliviar o sentimento de frustração e culpa.
Sabemos hoje através deste documentário que a melhor metodologia é
a bilíngüe, mas sabemos também que há pouquíssimas escolas e
profissionais da educação que fazem esse trabalho. Temos consciência
de que o melhor aprendizado seria aquele estimula tanto a oralidade,
como a língua de sinais, para que o aprendizado seja abrangente, para
que forme um individuo inserido na sociedade com um pensamento
crítico e com plenas possibilidades de desenvolver uma vida normal sem
indiferenças e preconceito.
Há vários aspectos relevantes neste documentário que já foram citado
neste relatório como as metodologias de aprendizagem, o preconceito, e
a exclusão em meio à sociedade e família, mas o mais importante a
destacar para o nosso grupo é, a importância que a língua de sinais tem
para o surdo, pois ela não ensina somente ao surdo se comunicar, mas
o ensina a vivenciar seu aprendizado em todos os campos da vida. A
ultima frase que Sandrine se expressou no documentário deveria estar
gravada no intelecto de cada ser humano.
¨ Todo Surdo tem espaço na sociedade¨ - Sandrine
GILSON DOS S. DAMASCENA – RA 1798227
5º SEMESTRE - HISTÓRIA
RELATÓRIO DO FILME – SOU SURDA E NÃO SABIA
UNISA
SÃO PAULO – BRASIL
2012