O Desenvolvimento Da Personalidade Na Idade Adulta e Na Velhice Caren

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O desenvolvimento da personalidade na idade adulta e na velhice Na vida adulta não existe tanta estabilidade como se acreditava antigamente. É uma idade de transformação. É verdade que a mudança acontece de uma forma mais lenta, em um ritmo mais lento do que na infância ou na adolescência. No período compreendido entre 05 e 15 anos de vida, ocorrem transformações mais notáveis do que em qualquer outro período adulto. Considerando a questão sobre mudanças ou estabilidade no comportamento dos adultos, temos alguns aspectos como os processos básicos, as tarefas de desenvolvimento que vão sendo propostas no decorrer da vida adulta, a relativa semelhança do padrão de traços, o desenvolvimento propriamente evolutivo e de maturação pessoal cumprida sob todos os níveis anteriores. A primeira dificuldade que se encontra com qualquer hipótese sobre estabilidade ou descontinuidade comportamental no longo prazo dos anos adultos está no modo de avaliá-la. Segundo Kagan (1981), existe quatro jeito de avaliar a estabilidade, que são: a persistência de uma qualidade psicológica ao longo do tempo, a estabilidade “ipsativa”, com um mesmo Individuo, a estabilidade “normativa”, por comparação com um grupo e a semelhança funcional em comportamentos diferentes. O assunto se torna ainda mais complicado, pois existem diferenças individuais no próprio fato de mudar ou não. Nesse realce de estruturas, os autores costumam ver ou traçar não só o desenvolvimento real das pessoas, mas também um esboço-modelo do desenvolvimento desejável, de um “bom” amadurecer ao qual aspirar. Tais estágios de progressiva maturidade na identidade pessoal caracterizam- se: o primeiro, pela reciprocidade de um conviver e compartilhar plenos em comunicação diante do isolamento; o segundo, pela geração de obras ou filhos diante do estancamento e da esterilidade na vida; o último, pela integridade de uma vida pródiga.

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O desenvolvimento da personalidade na idade adulta e na velhice

Na vida adulta não existe tanta estabilidade como se acreditava antigamente. É uma idade de transformação. É verdade que a mudança acontece de uma forma mais lenta, em um ritmo mais lento do que na infância ou na adolescência. No período compreendido entre 05 e 15 anos de vida, ocorrem transformações mais notáveis do que em qualquer outro período adulto. Considerando a questão sobre mudanças ou estabilidade no comportamento dos adultos, temos alguns aspectos como os processos básicos, as tarefas de desenvolvimento que vão sendo propostas no decorrer da vida adulta, a relativa semelhança do padrão de traços, o desenvolvimento propriamente evolutivo e de maturação pessoal cumprida sob todos os níveis anteriores.A primeira dificuldade que se encontra com qualquer hipótese sobre estabilidade ou descontinuidade comportamental no longo prazo dos anos adultos está no modo de avaliá-la. Segundo Kagan (1981), existe quatro jeito de avaliar a estabilidade, que são: a persistência de uma qualidade psicológica ao longo do tempo, a estabilidade “ipsativa”, com um mesmo Individuo, a estabilidade “normativa”, por comparação com um grupo e a semelhança funcional em comportamentos diferentes.O assunto se torna ainda mais complicado, pois existem diferenças individuais no próprio fato de mudar ou não. Nesse realce de estruturas, os autores costumam ver ou traçar não só o desenvolvimento real das pessoas, mas também um esboço-modelo do desenvolvimento desejável, de um “bom” amadurecer ao qual aspirar. Tais estágios de progressiva maturidade na identidade pessoal caracterizam-se: o primeiro, pela reciprocidade de um conviver e compartilhar plenos em comunicação diante do isolamento; o segundo, pela geração de obras ou filhos diante do estancamento e da esterilidade na vida; o último, pela integridade de uma vida pródiga.Na idade adulta intermediária (até os 60 anos), essas tensões se amenizam e as pessoas se tornam mais reflexivas e ajuizadas. É questionável a precisão cronológica dos períodos e das transições em uma extensa idade em que os itinerários e não somente os ritmos das pessoas são cada vez mais divergentes.É evidente que não existe uma única crise da maturidade, da meia-idade, qualquer que seja a data em que for colocada. As crises costumam acontecer no meio e ao longo do caminho da vida adulta. Certamente, o elemento comum à crise da idade adulta encontra-se na tomada de consciência de que a juventude já passou, de que muitas ilusões e expectativas não se cumpriram jamais. É dar-se conta das frustrações e das limitações da vida.A idade adulta oferece um bom observatório para se analisar dois temas evolutivos relacionados entre si e que não são exclusivos dela: o curso da existência humana e a maturidade dessa mesma existência contemplada em sua integridade.

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Mesmo que a idade adulta seja, de certo modo, um exemplo evolutivo de uma espécie (também da humana), na psicologia não há a rigor algo como um protótipo ou modelo normativo de desenvolvimento. As vidas e os comportamentos de artistas, cientistas, lideres políticos, filósofos ou escritores são assim pesquisadas e descritas; mas também as de pessoas não tão relevantes e que, de toda forma, atingiram uma vida proveitosa, invejável sob muitos ou alguns pontos de vista.A psicologia do desenvolvimento costumou assinalar o itinerário desejável, quando não “normativo” ou ideal, do processo adulto. A partir dessa orientação, Rogers (1961) considera que a personalidade formada consiste não em um estado, mas sim em um processo, o de chegar a ser o que realmente se é ou o que é igual.Como traço da plenitude humana, da personalidade sã e madura na idade adulta, pode-se assinalar a capacidade de comunicação, de amor, de gozo, de trabalho, a disposição ativa e criativa, a elaboração de um sentimento da própria identidade. É a conquista de certa “sabedoria de vida”.Na idade adulta tardia, em compensação, quando a maior parte desse tempo fica no passado, tal sentimento e tal consciência são acompanhados principalmente de um traço retrospectivo de memória, que pega a vida inteira e tenta dar um sentido.Conforme a idade avança, vai se tornando predominante a relação com o tempo passado, com a memória e o olhar de recordação, aceitando a vida e tendo a satisfação pelas as coisas feitas e as que experimentaram.É preciso se perguntar como pode ser preparada essa maturidade, integridade, plenitude da vida humana, desejável e alcançável na idade adulta. A saúde física, com o passar dos anos, cada vez depende mais do próprio comportamento, das pautas e dos hábitos saudáveis de comportamento adotados.A perspectiva do ciclo vital se refere às idades enquanto tais, aos processos evolutivos e de deterioração associados à idade ou, melhor ainda, à evolução biológica em cada idade. Assim, os padrões perceptivos e de motricidade do recém-nascido estão determinados pela programação genética da espécie humana.O curso da vida pessoal, incluido dentro do ciclo vital humano, abrange um duplo elemento, que são: o curso das experiências e vivencias, dos acontecimentos vitais que ocorreram à pessoa, os fatos em que se viu envolvida, as experiências mais significativas que viveu e que lhe deixaram marcas de diversa natureza, orgânica, de aprendizagem, e outras; e o curso da ação, a seqüência das ações da pessoa, de suas decisões adotadas e realizadas, de suas praticas, dos comportamentos que contribuíram para realizar mudanças na realidade exterior ou em seu próprio organismo, em sua personalidade. Insistir no curso da ação, e não somente da vida ou vivencias, evidencia o que o individuo adulto fez e faz, e não somente os acontecimentos, as experiências, situações e ambientes, nos quais se viu concentrado.

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É um diagrama valido para a vida adulta e, com moderação, para as idades anteriores. Na primeira infância, grande parte do comportamento está comandada pelo ciclo vital, pelo contexto imediato e pela historia do próprio organismo. Gradativamente, com o passar dos anos e com a eficácia que é própria de um organismo maduro e competente, as atitudes da pessoa começam a ser mais influentes no contexto imediato e em sua própria história.Na vida adulta, no curso do desenvolvimento, aparece com total clareza que, sob condições normais, de não extrema frustração externa, as pessoas são relativamente donas de seu destino, de suas circunstâncias, ainda que também estejam determinadas por elas.Senilidade, velhice, senectude: tudo significa a mesma coisa, logicamente que com diferentes sentidos, quase sempre indesejáveis. Nesse aspecto, a terceira idade é uma realidade psicossocial recente.Com a transição da idade adulta para a terceira, pairam sobre a pessoa algumas ameaças e não somente circunstâncias novas de natureza variada: algumas de caráter biológico, outras de caráter social, típicas da idade, em parte comuns e em outras diferentes nas diversas sociedades. Na terceira idade é comum que se acumulem as doenças, mas envelhecimento, por si só, não equivale a doença nem a incapacidade.Há duas formas de entender o curso do envelhecimento. A habitual o restringe os processos degenerativos e de redução em certas funções: ao declinar biológico e psicológico. Envelhecer não é um processo simples ou unitário, mas vários processos entrelaçados entre si, ainda que não por força sincrônica. O envelhecer acontece junto com a idade cronológica, mas não coincide com ela, nem varia em conexão mecânica com ela.Por outro lado, se existe uma relação entre o processo de envelhecimento e o tempo cronológico, essa relação parece ocorrer não tanto com o tempo que ainda resta de vida até o momento da morte.No envelhecer, surgem elementos derivados da constituição biológica do ser humano e do ser humano e dos seres vivos em geral. Os muitos anos não transformam as pessoas: limita-se a acentuar ou a atenuar traços. São pouco prováveis as transformações drásticas com o envelhecimento, exceto problemas orgânicos.Na idade adulta tardia, a morte, que em idades anteriores pôde ficar em um horizonte distante e ignorado, torna-se próxima, comparece. Torna-se presente, antes de tudo, porque vão morrendo entes queridos da própria geração.Então considerar sobre a vida na senilidade consiste, principalmente, ser responsável pela vida inteira já vivida e fazer um balanço dela, revisar como se aproveitou ou desperdiçou o que a vida oferecia, como se cumpriram ou frustraram os projetos, atingiram-se as metas. Talvez ainda haja tempo para reparar alguns erros ou, pelo menos, reconhece-los e confessa-los.