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O Social em Questão - Ano XXII - nº 44 - Mai a Ago/2019 195 pg 195 - 212 ISSN: 2238-9091 (Online) O desafio social da senescência: centralidade da política de assistência à saúde do idoso Máximo Alessandro Mendes Ottoni 1 Antônio Dimas Cardoso 2 Resumo O artigo parte do entendimento de que os sintomas físicos do envelhecimento vêm adquirindo uma inédita centralidade política, obrigando o Estado a reorientar seus programas de assistência à saúde. O novo debate acerca do desafio social da senes- cência, centrado no perigo do isolamento, transfere a responsabilidade familiar para instituições públicas especializadas. Objetivou-se discutir uma política pública, vol- tada para o benefício da saúde da população anciã. Via referências bibliográficas e pesquisa documental, in loco, buscou-se realizar um estudo analítico das atividades públicas de um Centro Mais Vida de Minas Gerais para compreender a aplicação, o funcionamento e os serviços dessa política. Palavras-chave Envelhecimento; idoso; política pública; assistência; saúde. The social challenge of senescence: centrality of health care policy for the elderly Abstract The article starts from the understanding that the physical symptoms of aging have acquired an unprecedented political centrality, forcing the state to reorient its health care programs. The new debate on the social challenge of senescence, centered on the danger of isolation, shifts family responsibility to specialized public institutions. The objective was to discuss a public policy, aimed at the health benefit of the elderly population. Through bibliographic references and documentary research, in loco, we sought to carry out an analytical study of the public activities of a More Life Center of Minas Gerais to understand the application, operation and services of this policy. Keywords Aging; elderly; public policy; health care. Artigo recebido: novembro de 2018. Artigo aprovado: janeiro de 2019.

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O desafio social da senescência: centralidade da política de assistência à saúde do idoso

Máximo Alessandro Mendes Ottoni1

Antônio Dimas Cardoso2

Resumo

O artigo parte do entendimento de que os sintomas físicos do envelhecimento vêm adquirindo uma inédita centralidade política, obrigando o Estado a reorientar seus programas de assistência à saúde. O novo debate acerca do desafio social da senes-cência, centrado no perigo do isolamento, transfere a responsabilidade familiar para instituições públicas especializadas. Objetivou-se discutir uma política pública, vol-tada para o benefício da saúde da população anciã. Via referências bibliográficas e pesquisa documental, in loco, buscou-se realizar um estudo analítico das atividades públicas de um Centro Mais Vida de Minas Gerais para compreender a aplicação, o funcionamento e os serviços dessa política.

Palavras-chave

Envelhecimento; idoso; política pública; assistência; saúde.

The social challenge of senescence: centrality of health care policy for the elderly

Abstract

The article starts from the understanding that the physical symptoms of aging have acquired an unprecedented political centrality, forcing the state to reorient its health care programs. The new debate on the social challenge of senescence, centered on the danger of isolation, shifts family responsibility to specialized public institutions. The objective was to discuss a public policy, aimed at the health benefit of the elderly population. Through bibliographic references and documentary research, in loco, we sought to carry out an analytical study of the public activities of a More Life Center of Minas Gerais to understand the application, operation and services of this policy.

Keywords

Aging; elderly; public policy; health care.

Artigo recebido: novembro de 2018.

Artigo aprovado: janeiro de 2019.

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e) Introdução

O envelhecimento populacional é um fenômeno tido por muitos

autores como um dos maiores avanços e desafios da humanidade

contemporânea e, nessa fase, devido a fatores degenerativos, que são

inerentes ao processo natural de senescência, o ser humano necessita

de atenção especial, por parte do poder público. A expectativa de vida

relativamente alta dos indivíduos ensejou um sistema de prevenção e

tratamento às doenças mais bem organizadas do que nunca, na atu-

alidade, embora ainda esteja distante da realidade da maioria de seus

usuários. Com a democratização das sociedades contemporâneas,

esse sistema de assistência ao idoso torna-se cada vez mais especia-

lizado e setorizado, no que pese à estratégia de universalização das

políticas públicas, nos países em desenvolvimento.

No Brasil, num contexto social de persistência da vulnerabilidade,

a intervenção do Estado na proteção dos indivíduos, pelo menos ins-

titucionalmente, inaugurou uma nova etapa no funcionamento das

políticas de assistência e de saúde, resultando em políticas públicas

de atendimento focalizado a segmentos sociais específicos, como é o

caso dos idosos, que necessitam de um tratamento diferenciado, de

acordo com as suas necessidades.

Essa perspectiva de atendimento, “de cuidado” ao idoso, sedi-

mentou-se nas últimas décadas nas redes públicas, em detrimento

a um atendimento regular de modo um tanto mecânico e impessoal,

tão comum em hospitais superlotados e centros médicos financiados

pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Tornou-se uma institucionalidade,

portanto, politicamente correta, a adesão a um programa orientado

conforme as necessidades da pessoa idosa, no curso do “processo

civilizador” da sociedade contemporânea (ELIAS, 2001).

Assim, numa perspectiva de atendimento mais centrado na figura

do idoso enquanto sujeito singular, O Centro de Referência em As-

sistência à Saúde do Idoso foi idealizado pelo Ministério da Saúde e

implantado no estado de Minas Gerais pelo Programa Mais Vida. No

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município de Montes Claros, foi instalado o Centro Mais Vida “Eny Faria

de Oliveira”, com o objetivo de contribuir para a concretização dessa

política focalizada, realizando um atendimento multiprofissional, com

exames e equipamentos voltados para a melhoria da saúde do idoso.

Envelhecimento populacional

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que foi

percebido primeiro nos países da Europa Ocidental no final do sé-

culo XIX, depois nos países considerados desenvolvidos e, nas úl-

timas décadas, foi verificado nos países ditos em desenvolvimento

(CARVALHO, 2003).

Uma das definições sobre envelhecimento foi colocada pela Orga-

nização Pan-Americana de Saúde (OPAS), como sendo:

[...] um processo sequencial, individual, acumulativo, irrever-sível, não patológico, de deterioração de um organismo ma-duro, próprio a todos os membros de uma espécie de maneira que o tempo torne capaz de fazer frente ao estresse do meio--ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte (BRASIL, 2006, p. 08).

Sabe-se que o envelhecimento é um processo natural em que to-

dos os organismos que conseguem chegar à determinada etapa de

amadurecimento, irão experimentar (BRASIL, 2006). Seguindo essa

premissa, pode-se compreender que todas as espécies viventes, em

um determinado período da sua existência, entrarão no processo de

envelhecimento, caso consigam atingir determinado estágio da vida.

No caso do ser humano, a tentativa de determinar uma idade para

o envelhecimento é algo complexo, pois além dos fatores pessoais e

culturais, o próprio aumento da esperança de vida coloca em discus-

são essa tentativa de definir um padrão etário (CAMARANO, 2004).

A senescência envolve, portanto, uma série de situações de vida

que poderão ou não contribuir para a longevidade, como o local onde

o ser reside; o estilo de vida praticado; a sociedade no qual ele faz

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e) parte; as atividades insalubres, dentre outras. Outro fato social é des-

tacado por Norbert Elias, ao apontar que:

O envelhecimento geralmente é acompanhado pelo esgarça-mento de laços que ultrapassam o círculo familiar mais estrei-to [...]. As pessoas quando envelhecem e ficam mais fracas, são mais e mais isoladas da sociedade e, portanto, do círculo da fa-mília e dos conhecidos (ELIAS, 2001, p. 85).

Diamond (2014) explana que, em determinadas regiões, onde a ex-

pectativa de vida é baixa, uma pessoa com 50 anos é considerada

uma anciã. É o caso da Nova Guiné, em que a expectativa de vida é

abaixo dos quarenta anos. Seria quase inimaginável um cidadão, des-

se país, pensar que um homem pudesse ultrapassar os 100 anos de

idade, fato que já é realidade em diversos países, especialmente nos

considerados desenvolvidos.

No Brasil, a Política Nacional do Idoso, diz que a pessoa idosa são

os indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos (BRASIL, 1994). O

Estatuto do Idoso regula os direitos das pessoas que possuem 60 anos

ou mais (BRASIL, 2003). Camarano (2004) afirma que a Organização

Mundial da Saúde (OMS) considera idosa a pessoa com 60 anos ou

mais, para aqueles que residam em países em desenvolvimento, e 65

anos ou mais, para os residentes dos países desenvolvidos.

Porém, mesmo com a definição da OMS sobre a idade para a pes-

soa ser considerada idosa, Diamond (2014) discorda dessa “definição

universal”, pois a questão do envelhecimento irá depender da socie-

dade em que a pessoa está inserida e também da perspectiva pessoal.

Para justificar esse pensamento, o autor faz um relato pessoal:

Na minha adolescência, eu considerava as pessoas de vinte e tantos anos como aparentemente no auge da vida e da sa-bedoria, pessoas de trinta anos como de meia-idade e qual-quer um a partir dos sessenta como velho. Agora que tenho 75 anos, considero meus sessenta anos e o início dos meus setenta como o auge da minha vida, e penso que a velhice

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talvez comece por volta dos 85 ou 90, dependendo da minha saúde (DIAMOND, 2014, p. 225).

Pode-se verificar que a idade também depende da percepção de

uma pessoa em relação à outra. Para um jovem, as pessoas um pou-

co mais velhas podem parecer alguém com muita experiência. Para um

idoso, quem será considerado mais velho são aqueles com idade supe-

rior a ele. O fato é que, na perspectiva de Elias, é possível afirmar que:

[...] a identificação com os velhos e com os moribundos com-preensivelmente coloca dificuldades especiais para as pessoas de outras faixas etárias. Consciente ou inconscientemente, elas resistem à ideia de seu próprio envelhecimento e morte tanto quanto possível (ELIAS, 2001, p. 80).

Em relação à evolução populacional no Brasil, o Gráfico 1 apresenta

o aumento da população idosa em relação às crianças e aos jovens e

adultos, de 1940 a 2015, e uma projeção para o ano de 2050. Pode-se

perceber uma redução do número de crianças nos períodos citados,

certa estabilização da população de jovens e adultos, e um crescimen-

to contínuo da população idosa.

Gráfico 1. Evolução populacional brasileira – 1940 a 2050

Fonte: OBST, 2017, p. 38.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

em 2025, o Brasil contará com 34 milhões de cidadãos com idade igual

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e) ou superior a 60 anos. Com isso, o país ocupará a sexta posição mun-

dial em número de idosos (LINDOSO, 2012).

A população idosa no município de Montes Claros (MG)

Breve caracterização do município de Montes Claros

Montes Claros é considerado um município de porte médio e se lo-

caliza na bacia do Alto Médio São Francisco, no norte da Mesorregião do

estado de Minas Gerais. De acordo com o Atlas Brasil (2013), o município

conta com uma área de 3.600,56 km² e apresenta uma densidade de-

mográfica de 100,53 habitantes por km². Com o processo de migração,

ocorrido na década de 1970, a cidade expandiu-se em todos os setores.

Assim como acontece nos grandes centros, a cidade de Montes Claros

experimentou um rápido crescimento do espaço urbano, e passou a con-

viver com novas questões sociais, como tráfico de drogas, aumento da

criminalidade, desemprego, favelização e outros (ROCHA; LEITE, 2014).

O município de Montes Claros se tornou um polo regional do norte

de Minas Gerais, ampliando sua influência e atração populacional até o

sul da Bahia. A cidade é referência em educação, que atrai um grande

contingente estudantil para as suas 88 escolas de ensino fundamental/

médio e para os seus diversos cursos pré-vestibulares.

No ensino superior, o município conta com duas universidades que

oferecem cursos de graduação e pós-graduação, além de nove fa-

culdades privadas. O setor de saúde é composto por oito hospitais,

quinze centros de saúde, e três policlínicas, no qual se destaca os tra-

tamentos complexos (PEREIRA, 2007).

Longevidade no município de Montes Claros

Um dado que chama atenção no município de Montes Claros é o do

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)3 que, em 2010, ficou entre

0,700 a 0,799, e é classificado como “alto”. O componente “Longevi-

dade”, que é a esperança de vida ao nascer, foi o item que apresentou

a maior pontuação, alcançando 0,868, em 2010. Dessa forma, o “IDH

Longevidade” foi considerado “muito alto”, atingindo índices de países

considerados desenvolvidos (ATLAS BRASIL, 2013).

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Na Tabela 1, percebe-se que o Índice de Desenvolvimento Huma-

no Municipal (IDHM) na categoria “Longevidade”, de Montes Claros,

de Minas Gerais e do Brasil, apresentam um crescimento progressivo

nas três décadas avaliadas. Percebe-se também que o município de

Montes Claros supera o índice “IDHM Longevidade” do estado e do

país, nas três décadas comparadas.

Tabela 1. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Montes Claros, Minas Gerais e Brasil

IDHM Longevidade 1991 2000 2010Montes Claros 0,741 0,788 0,868Minas Gerais 0,689 0,759 0,838Brasil 0,662 0,727 0,816

Fonte: Adaptado de Atlas Brasil, 2013.

Na Tabela 2, na esperança de vida ao nascer, novamente o municí-

pio de Montes Claros, apresenta índices superiores aos do estado de

Minas Gerais e aos do Brasil. Nota-se também um crescimento con-

tínuo da esperança de vida ao nascer, de todas as regiões avaliadas,

nas décadas de 1990, 2000 e 2010.

Tabela 2. Esperança de vida ao nascer (Montes Claros, Minas Gerais e Brasil)

IDHM Longevidade 1991 2000 2010Montes Claros 69,4 72,3 77,1Minas Gerais 66,4 70,6 75,3Brasil 64,7 68,6 73,9

Fonte: Adaptado de Atlas Brasil, 2013.

Na Tabela 3, outra constatação percebida foi que, quando se com-

para Montes Claros e Minas Gerais, tanto o número de idosos quanto

a porcentagem de idosos com 65 anos ou mais, cresce gradativa-

mente nas décadas de 1990, 2000 e 2010.

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e) Tabela 3. Número de idosos com 65 anos ou mais (Montes Claros e Minas Gerais)

Número de Idosos

População(1991)

% do Total (1991)

População (2000)

% do Total (2000)

População (2010)

% do Total (2010)

Montes Claros 8.489 3,39 13.169 4,29 21.972 6,07

Minas Gerais 782.620 4,97 1.109.862 6,20 1.591.549 8,12

Fonte: Adaptado de Atlas Brasil, 2013.

Segundo o Atlas Brasil (2013), em 2010, o município de Montes Cla-

ros comparado aos 5.564 municípios brasileiros existentes no mesmo

ano, ocupou a posição de número 238º em relação ao “IDHM Longe-

vidade”. Em relação ao estado de Minas Gerais, dos 852 municípios

existentes em 2010, Montes Claros ocupou a posição de número 58º.

E dos 852 municípios de Minas Gerais, 653 apresentam o “IDHM Lon-

gevidade” considerado “muito alto”, ou seja, entre 0,800 a 1,000.

De acordo com Galantini (2011), o processo de longevidade atu-

almente em curso no Brasil altera o perfil demográfico e provo-

ca mudanças epidemiológicas, fazendo com que as doenças crô-

nico-degenerativas, ligadas ao envelhecimento, tornem-se mais

comuns entre a população. A evolução dessas enfermidades pode

causar perda da capacidade funcional, que são as atividades físicas

e mentais necessárias ao dia a dia do indivíduo.

Com o aumento da expectativa de vida e das novas mudanças epi-

demiológicas, houve a necessidade de novos serviços de saúde vol-

tados à população anciã. Nessa perspectiva, foram instituídos pelo

Ministério da Saúde os mecanismos para a criação dos Centros de Re-

ferência em Assistência ao Idoso, que foram implantados em Minas

Gerais, através do Programa Mais Vida.

O Programa Mais Vida

Criação e objetivos do Programa Mais Vida

Por meio da Portaria nº 702, de 12 de abril de 2002, o Ministério

da Saúde criou os mecanismos para a organização e implantação

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de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso, que devem

ser integradas por “Hospitais Gerais” e pelos Centros de Referência

em Assistência à Saúde do Idoso. O “Hospital Geral” seria aquele

que está integrado no SUS e possua condições técnicas, instala-

ções, equipamentos e recursos humanos para o atendimento dos

idosos em nível ambulatorial e de internação hospitalar. O Centro

de Referência em Assistência à Saúde do Idoso é um hospital que

deve ser cadastrado e que possua os mesmos requisitos de as-

sistência à saúde dos idosos, de forma integral, para atendimen-

tos assistenciais, internação hospitalar, ambulatorial especializado,

hospital-dia e assistência domiciliar (BRASIL, 2002).

Em Minas Gerais, o Programa Mais Vida foi instituído pela Resolução

SES nº 2.603 de 2010, e fez parte de projetos de saúde prioritários do

estado de Minas Gerais, buscando oferecer padrões de excelência ao

idoso, objetivando agregar anos à vida. E para isso, buscou trabalhar

a autonomia e a independência dessa população, em forma de rede

integrada, junto à atenção primária e terciária (MINAS GERAIS, 2010).

O Programa Mais Vida tem como objetivo a estruturação da rede de

atenção à saúde do idoso, procurando manter, melhorar e/ou reabili-

tar sua autonomia, seguindo os princípios de equidade, universalida-

de e integralidade do SUS, e ajudando a aumentar o número de anos

vividos do ancião. Para isso, qualifica profissionais da saúde, acolhe

e identifica necessidades, para a promoção e prevenção de doen-

ças. Fazem parte da Rede de Atenção à Saúde do Idoso as equipes de

Atenção Primária, os Centros Mais Vida, os hospitais, a atenção domi-

ciliar, os centros de especialidades, reabilitação, cuidados paliativos e

as instituições de longa permanência (OTTONI, 2012).

No Centro Mais Vida (CMV) o paciente é avaliado por uma equipe

multiprofissional, composta por profissionais da medicina, fisioterapia,

terapia ocupacional, enfermagem, fonoaudiologia, farmácia, nutrição,

psicologia e serviço social. São realizados exames para a observação

dos aspectos físicos, psíquicos, sociais e alimentares e, dependendo

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e) do laudo médico, acontecerá o encaminhamento do paciente a outros

profissionais, com a parceria dos profissionais das Unidades Básicas

de Saúde, para a elaboração de um “Plano de cuidado para o idoso”,

com vistas a indicar os problemas de saúde do paciente, os profis-

sionais necessários, os tratamentos mais adequados, medicamentos e

demais orientações médicas e de assistência social.

Nos Centros Mais Vida são realizados exames de média e alta

complexidade e, para exames considerados urgentes, esses são fei-

tos em até 36 horas. Também são disponibilizadas Casas de Apoio

para acolhimento do idoso frágil e acompanhante, caso residam a

mais de 100 km do município-sede, funcionando como uma exten-

são dos Centros Mais Vida.

O público alvo do Programa Mais Vida (PSF) são os idosos con-

siderados frágeis. E, para isso, o Programa considera como frágil as

pessoas com 80 anos ou mais, ou as que estão acima dos 60 anos e

fazem uso de cinco medicamentos díspares por dia, ou que apresen-

tem uma das características, como polipatologias, polifarmácia, imo-

bilidade parcial ou total, incontinência urinária ou fecal, instabilidade

postural, incapacidade cognitiva (delirium, depressão ou demência),

ou dependência nas atividades básicas de vida diária.

Nos Centros Mais Vida não são atendidas demandas espontâ-

neas, de quem vem diretamente ao Centro. É necessário que o pa-

ciente passe pelas unidades básicas, pelos centros de saúde ou pelo

Programa Saúde da Família (PSF), para que haja o encaminhamento

aos Centros Mais Vida. O foco do PSF não seria a enfermidade em

si, mas prioritariamente recuperar a funcionalidade do idoso, para

que ele possa reconquistar a sua independência para a execução

das atividades cotidianas.

Foram implantados, como projeto piloto, dois Centros Mais Vida

no estado de Minas Gerais no ano de 2008. Um no município de Juiz

de Fora, na região Sudeste; e outro, no município de Montes Claros,

região Norte. Passados dois anos, os centros foram integrados ao

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contrato único. No município de Juiz de Fora, o Centro Mais Vida re-

cebeu o nome de Centro Intermunicipal de Especialidade em Saúde

(CIES). No município de Montes Claros, passou a se chamar Centro

de Referência à Saúde do Idoso “Eny Faria de Oliveira”, na qual a

Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) foi a insti-

tuição credenciada ao Centro Mais Vida. O terceiro Centro foi insta-

lado em Belo Horizonte e atenderá a população idosa do município

e, posteriormente, a região central de Minas Gerais.

De acordo com Galantini (2011), a proposta inicial foi que, até o ano

de 2014, fossem construídos 13 (treze) Centros Mais Vida no Estado de

Minas Gerais. Cada Centro seria responsável por uma macrorregião

do Estado, e atenderia toda a população de idosos existente, que se

encaixasse nos padrões solicitados pelo Programa. Porém, até o início

de 2018, o estado conta somente com os três Centros Mais Vida que

foram criados inicialmente como projeto piloto.

Funcionamento do Programa Mais Vida no município de Montes Claros

Buscou-se realizar um estudo descritivo no Centro de Referência à

Saúde do Idoso “Eny Faria de Oliveira”, localizado no município de Mon-

tes Claros (MG), com dados in loco sobre o funcionamento do Centro

Mais Vida, em 2017, assim como documentos oficiais, disponibilizados

online, e trabalhos científicos publicados sobre o Centro Mais Vida.

O CMV de Montes Claros atende os 89 municípios da macrorregião

norte do estado de Minas Gerais, num total de 9.287 atendimentos

realizados em 2017. Dos municípios atendidos, Montes Claros teve o

maior número de atendimentos (5.363), seguidos dos municípios de

Coração de Jesus (197), Janaúba (194), Brasília de Minas (183), Francisco

Sá (182), e os municípios de Mirabela e Jaíba, ambos com 145 atendi-

mentos. Os municípios que não apresentaram atendimento pelo CMV

de Montes Claros foram Berizal, Guanambi, Montes Altos, Ninheira,

Nova Porteirinha, Santa Cruz de Salinas, Santa Fé de Minas, Santo An-

tônio do Retiro, São Francisco de Goiás e Taiobeiras. Curral de Den-

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e) tro, Miravânia, Rubelita e Urucuia apresentaram 01 pessoa atendida

por município. Juvenília, Serranópolis de Minas e São João do Paraíso

apresentaram 02 pessoas atendidas por município.

No Centro Mais Vida de Montes Claros, a equipe multiprofissional

deve ser composta por profissionais das áreas de medicina, serviço so-

cial, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, geriatria, nutri-

ção, psicologia e da terapia ocupacional, além de coordenação adminis-

trativa, assistência administrativa, e pessoal da limpeza e portaria.

Percebe-se que na Tabela 04, em 2017, houve carência de profis-

sionais das áreas de farmácia e terapia ocupacional. O profissional de

fonoaudiologia esteve presente somente no mês de janeiro. O profis-

sional de nutrição fez-se presente nos meses de novembro e dezem-

bro, o psicólogo esteve presente nos meses de junho a outubro. Veri-

ficou-se também que a maioria de profissionais existentes no CMV de

Montes Claros é composta de geriatria ou clínico geral.

Tabela 4, Equipe de Profissionais do CMV Montes Claros – 2017

Profissionais Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezAssistente Social 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1Enfermeiro 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2Farmacêutico 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Fisioterapeuta 3 3 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1Fonoaudiólogo 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Médico geriatra ou Clínico geral capacitado 8 8 8 8 8 9 9 9 9 9 9 9

Coordenador técnico/ Médico Geriatra 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

Nutricionista 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1Psicólogo 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 0 0Terapeuta ocupacional 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Fonte: CMV Montes Claros, 2018.

Na Tabela 5, o maior número de idosos frágeis atendidos em pri-

meira consulta no CMV de Montes Claros foi da área da geriatria ou

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clínica geral (4.298), seguidos da área da fisioterapia (1.874); da área da

enfermagem (1.041), e da área de serviço social (590). Na psicologia,

foram atendidos 24 pacientes e, na nutrição, 17. As áreas de fonoaudio-

logia, farmácia e terapia não ocorreram atendimentos.

Tabela 5. Número de idosos frágeis atendidos em primeira consulta no CMV Montes Claros - 2017

Profissionais Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezAssistente Social 22 56 69 37 44 44 57 81 56 47 26 51Enfermeiro 3 80 106 87 115 92 94 104 90 62 99 109Farmacêutico 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Fisioterapeuta 149 151 119 126 191 166 216 198 155 141 130 132Fonoaudiólogo 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Médico geriatra ou Clínico geral capacitado 249 258 342 253 385 305 457 527 406 356 390 370

Nutricionista 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 13Psicólogo 0 0 0 6 11 7 0 0 0 0 0 0Terapeuta ocupacional 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Fonte: CMV Montes Claros, 2018.

Examinando de perto, detectou-se uma ordem específica, quan-

do analisados o número de idosos frágeis atendidos em retorno/se-

gunda consulta no CMV de Montes Claros. Percebe-se que somente

houve retorno para o médico geriatra ou clínico geral capacitado, em

um total de 4.989 atendimentos.

Nos exames de média complexidade, realizados em 100% nos ido-

sos frágeis, foram feitos 21.331 exames, sendo eles: dosagem de cre-

atinina, dosagem de glicose, dosagem de hormônio tireoestimulante

(TSH), hemograma completo e pesquisa de sangue nas fezes.

Nos exames de média complexidade, realizados em 50% dos idosos

frágeis, foram realizados 50.620 exames, sendo: dosagem de ácido úri-

co; dosagem de potássio; dosagem de proteínas totais e frações; dosa-

gem de cálcio; dosagem de folato; dosagem de sódio; dosagem de vita-

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e) mina B12; eletrocardiograma; análise de caracteres físicos, elementos e

sedimento da urina; dosagem de colesterol HDL; dosagem de colesterol

LDL; dosagem de colesterol total; dosagem de gama-glutamil-trans-

ferase (Gama-GT); dosagem de hemoglobina glicosilada; dosagem de

cloreto; Dosagem de Transaminase Glutamico-Oxalacetina (TGO); Do-

sagem de Transaminase Glutamico-Pirúvica (TGP); Dosagem de Trigli-

cerídeos; Pesquisa de Anticorpos Anti-HIV-1 + HIV-2 (ELISA); Teste de

VDRL para Diagnóstico da Sifilis; Dosagem de Bilirrubina total e frações.

Nos procedimentos diagnósticos de alta complexidade, foram rea-

lizados 6.084 exames de tomografia computadorizada do crânio; res-

sonância magnética do crânio; e densitometria óssea.

A hospedagem na Casa de apoio do CMV de Montes Claros, dispo-

nibilizada àqueles que residem a mais de 100 km do município-sede,

recebeu, em 2017, 05 hospedes. O índice de satisfação do usuário na

Casa de Apoio nos meses de março, maio, novembro e dezembro fi-

cou em 100%. E o índice de satisfação do usuário do CMV de Montes

Claros, ficou em 89%, em 2017 (CMV MONTES CLAROS, 2018).

De fato, os dados empíricos de 2017 são animadores, no que se

referem ao atendimento geral do CMV de Montes Claros. No en-

tanto, persiste a carência básica de profissionais especializados em

terapia ocupacional – tão ou mais importante que a presença de

outros profissionais médicos.

Considerações finais

O Programa Mais Vida vem suprir a ausência de se ter uma polí-

tica específica, que atenda ao idoso em suas necessidades básicas.

Com o Centro Mais Vida “Eny Faria de Oliveira”, implantado no mu-

nicípio de Montes Claros (MG), que conta com uma equipe multi-

profissional, e com a realização de exames de média e alta comple-

xidade, o Programa Mais Vida auxilia a população idosa a melhorar

a sua condição e saúde, bem como a buscar a sua autonomia, para

a realização das suas atividades cotidianas. No entanto, persiste um

problema básico: o desafio social da senescência.

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Percebe-se que no CMV de Montes Claros são atendidos os mu-

nicípios da macrorregião norte do Estado de Minas Gerais, mas em

alguns municípios não houve nenhum atendimento a idosos e, em

outros, o número de idosos atendidos foi baixo. Na equipe multipro-

fissional, percebeu-se a falta de profissionais de determinadas áreas,

como farmácia e terapia ocupacional, além de alguns profissionais

que estiveram presentes em determinados meses de 2017.

Nos atendimentos realizados pelos profissionais, verificou-se

um número maior de consultas com os profissionais da geriatria

ou clínica geral, seguidos da fisioterapia e da enfermagem. Houve

baixo atendimento na área de psicologia e de nutrição, e nenhum

paciente atendido nas áreas de fonoaudiologia, farmácia e terapia.

Um dado interessante é que só houve retorno para os profissionais

de geriatria ou clínica geral.

Nos exames de média e alta complexidade, verificou-se uma

gama de procedimentos que são utilizados, de acordo com as neces-

sidades da população anciã. Mas nas casas de apoio, percebeu-se

um baixo número de utilização no ano. Por fim, tanto a Casa de Apoio

quanto o CMV receberam índices altos de satisfação.

Seriam necessários novos estudos para analisar diversos fatores

do CMV, como a falta de alguns profissionais; o porquê de alguns

municípios não enviarem idosos para serem atendidos pelo CMV

de Montes Claros, e qual o motivo do número baixo de usuários da

Casa de Apoio, para assegurar, de fato, uma política de acolhimento.

Também seriam necessários estudos para responder o porquê não

foram criados outros Centros Mais Vida nas demais macrorregiões

de Minas Gerais. Porém, verifica-se que o Programa Mais Vida é uma

política importante para a concretização dos direitos dos idosos, na

busca da melhoria da sua saúde e da sua autonomia.

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Notas

1 Graduado em Serviço Social. Mestre e Doutorando em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Professor das Fa-culdades Prisma de Montes Claros (MG). Brasil. ORCID: 0000-0001-6879-0035. E-mail: [email protected]

2 Graduado em Sociologia. Mestre e Doutor em Sociologia pelo Centro de Pes-quisa e Pós-Graduação sobre as Américas (Ceppac), da Universidade de Brasília (UnB). Professor adjunto de Sociologia na Universidade Estadual de Montes Cla-ros (UNIMONTES), onde atua na graduação de Ciências Sociais e no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. Brasil. ORCID: 0000-0001-5904-716X. E-mail: [email protected]

3 IDH é um índice que mede o desenvolvimento humano, e varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior será o IDH. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o IDH para os municípios pode variar de “mui-to baixo” (0 a 0,499), “baixo” (0,500 a 0,599), “médio” (0,600 a 0,699), “alto” (0,700 a 0,799) e “muito alto” (0,800 a 1,000). Fonte: <http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/>. Acesso em: 05 jan. 2018.

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