O desafio logístico na implantação de um aeroporto indústria no Brasil

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À medida que a relação comercial entre os países aumenta, existe a necessidade que os órgãos governamentais incentivem as indústrias nacionais a procurar novos caminhos, para que elas possam se inserir com maior competitividade no mercado externo, trazendo assim um maior equilíbrio à balança comercial e ao crescimento do país. Para se atingir um sistema de distribuição mais barato e potencialmente mais estável, o sistema logístico inteiro deve ser eficiente. O conceito de Aeroporto-Indústria consolida esta necessidade de se intensificar a transformação dos sistemas de transporte e logísticos do país, proporcionando a instalação de plantas industriais em aeroportos internacionais com vista à exportação, com desburocratização, simplificação de procedimentos e redução de custos tarifários, tributários e logísticos, aumentando a competitividade das indústrias do país no mercado internacional. Com base neste contexto, este trabalho pretende mostrar a relação de dependência da cadeia logística eficiente no amparo à implantação de um Projeto Aeroporto-Indústria.

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  • Palavras-Chave: aeroportos; logstica; carga area; intermodalidade; economia.

    Key words: airports; logistic; air cargo; intermodality; economy.

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    Journal of Transport Literature

    Submitted 28 Aug 2011; received in revised form 12 Dec 2011; accepted 26 Jan 2012

    Vol. 6, n. 4, pp. 190-214, Oct 2012

    O desafio logstico na implantao de um aeroporto indstria no Brasil

    [The logistics challenge in an industrial-airport implantation]

    Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil

    Roberta de Roode Torres Matera*

    Resumo

    medida que a relao comercial entre os pases aumenta, existe a necessidade que os rgos governamentais incentivem asindstrias nacionais a procurar novos caminhos, para que elas possam se inserir com maior competitividade no mercadoexterno, trazendo assim um maior equilbrio balana comercial e ao crescimento do pas. Para se atingir um sistema dedistribuio mais barato e potencialmente mais estvel, o sistema logstico inteiro deve ser eficiente. O conceito de Aeroporto-Indstria consolida esta necessidade de se intensificar a transformao dos sistemas de transporte e logsticos do pas,proporcionando a instalao de plantas industriais em aeroportos internacionais com vista exportao, comdesburocratizao, simplificao de procedimentos e reduo de custos tarifrios, tributrios e logsticos, aumentando acompetitividade das indstrias do pas no mercado internacional. Com base neste contexto, este trabalho pretende mostrar arelao de dependncia da cadeia logstica eficiente no amparo implantao de um Projeto Aeroporto-Indstria.

    Abstract

    While the trade relationship among the countries increases, there is a necessity from the states to motivate its nationalindustries to be inserted in a more competitive global market, providing then, equilibrium to its commercial balance and itsdevelopment. To achieve a cheaper distribution system and potentially stable, the whole logistics system must be efficient. Inshort, this new set of logistical processes requires a logistical environment that is time-based, collaborative and flexible. TheIndustrial-Airport concept consolidates this necessity for the intensification of the logistic system of the Country, providing theinstallation of industrial plants in international airports specified for exportation with disbureaucracy, simplification ofprocedures and reduction of duties, taxes and logistics costs, increasing, on the other hand, the industrial competitiveness in aninternational global market. For this reason, this work intends to show the dependent relationship of an efficient logistic chain inthe implementation of an Industrial-Airport.

    Matera, R. R. T. (2012) O desafio logstico na implantao de um aeroporto indstria no Brasil. Journal of Transport Literature,vol. 6, n. 4, pp. 190-214.

    This paper is downloadable at www.transport-literature.org/open-access.

    JTL|RELIT is a fully electronic, peer-reviewed, open access, international journal focused on emerging transport markets and

    published by BPTS - Brazilian Transport Planning Society. Website www.transport-literature.org. ISSN 2238-1031.

    * Corresponding Author. Email: [email protected].

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    Brazilian Transportation Planning Society

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    ISSN 2238-1031

  • 1. Introduo

    Com a crescente competio e a rpida evoluo dos mercados, alteraes substanciais esto ocorrendo na forma de conduzir negcios, ao redor do mundo. A mais marcante delas a emergncia de um novo cenrio econmico, onde preo e qualidade so importantes, mas no mais suficientes para o sucesso comercial. Uma cadeia de suprimentos adequada, rapidez de atendimento ao mercado e agilidade em responder demanda vm, de forma crescente, assumindo papel essencial nas estratgias empresariais.

    Seguindo a tendncia governamental de incentivar o desenvolvimento do Comrcio Exterior Brasileiro, o projeto Aeroporto Industrial consolida a necessidade de intensificar a transformao dos sistemas de transporte e logstico do pas, proporcionando a instalao de plantas industriais em aeroportos internacionais/ internacionalizveis com vistas exportao, com desburocratizao, simplificao de procedimentos e reduo de custos tarifrios, tributrios e logsticos, aumentando a competitividade no mercado internacional.

    Para atingir esse objetivo, este trabalho analisa, em suas duas primeiras sees, os dois grandes elementos de formao de um aeroporto-indstria, sendo o primeiro a carga area e o segundo a logstica. Em seguida apresentado o conceito e contexto de um Aeroporto-indstria para, na seo 5 serem analisados os desafios de sua implantao no caso brasileiro.

    Assim, a Seo 6 identifica restries, barreiras e gargalos que dificultam a existncia de uma adequada cadeia logstica que visa em sua nova filosofia, uma estratgia competitiva, inferindo ao final sobre a estreita relao de dependncia desta cadeia logstica com a implantao do conceito de Aeroporto-Indstria realidade brasileira.

    2. A carga area

    O transporte de carga area apresenta-se como uma modalidade de transporte de caractersticas bem especficas, por se destinar a atender, principalmente, mercados, sensveis em relao ao tempo e segurana das entregas, sazonalidade de seus produtos e mercados

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  • que apresentem problemas em relao acessibilidade, seja pelas condies da infraestrutura de transporte ou pela distncia ou ainda produtos de alto valor especfico (Pedrinha, 2000).

    Como nosso foco a logstica internacional, a avaliao acerca da natureza da carga torna-se fundamental. Nessa avaliao, devem ser apuradas questes como perecibilidade, fragilidade, periculosidade, dimenses e pesos considerados especiais. Entre os principais produtos cativos deste modal, destacam-se: (i) perecveis como frutas, flores, peixes, jornais, revistas, artigos de moda; (ii) produtos de alto valor especfico, como eletroeletrnicos, informtica, jias, ouro, etc e (iii) produtos com urgncia de entrega como, remdios e peas de reposio.

    O comrcio areo vem criando novas indstrias, tais como artigos de moda e flores frescas para mercados distantes que, em poucas horas, agregam considervel valor aos produtos. Os clientes pagam no somente por produtos frescos ou perecveis, mas pagam tambm pela satisfao extra da velocidade e confiabilidade na entrega de bens mais durveis.

    2.1. Diviso Modal

    Tendo-se na abordagem dos planos e programas elaborados pelo Governo, o desafio da insero do Brasil no contexto da globalizao de mercados, pode-se afirmar que os transportes constituem-se em um dos setores prioritrios para o desenvolvimento do pas. No entanto, este setor foi norteado por uma poltica de investimentos concentrados no rodovirio, o que nos leva a questionar a sua adequao, consideradas as dimenses do territrio nacional.

    A infraestrutura de transporte no Brasil, ainda insuficiente frente s dimenses do pas e produo nacional, e a baixa integrao entre suas vrias modalidades, vm influenciando os altos custos do transporte brasileiro, hoje considerados como parte do Custo Brasil, e chegam a ultrapassar 200% os custos mdios com transportes de pases desenvolvidos, contribuindo, em grande parte, para o desequilbrio verificado na matriz de transportes brasileira.

    A modalidade area de transportes de carga ainda contribui com uma parcela insignificante do mercado de carga mundial, muitas vezes, por este motivo, sendo pouco abordada em vrios estudos; suas taxas de crescimento, no entanto, apresentam saltos de crescimento em contraste a saltos de queda, oscilando conforme as flutuaes da economia, como pode ser observado na tabela 2.1.

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  • Tabela 2.1: Porcentagem de Utilizao (em TKU) dos Modais de Transportes no Brasil nos anos de 1995, 1997, 1999, 2004 e 2006.

    Modal Ano Areo Dutovirio Aquavirio Ferrovirio Rodovirio

    1995 0,32% 3,95% 11,53% 22,29% 61,91% 1997 0,26% 4,54% 11,56% 20,73% 62,91% 1999 0,35% 4,58% 13,83% 19,46% 61,82% 2004 0,1% 4,5% 12,2% 23,8% 59,3% 2006 - 4,00% 13,00% 25,00% 58,00%

    Fonte: [DAC, INFRAERO, GEIPOT, ANTT]

    O Brasil um exemplo de pas que vem se adequando ao novo conceito de organizao industrial e, cada vez mais, torna-se dependente da modalidade area do transporte. Os incentivos fiscais concedidos principalmente pelos governos estaduais, para atrair novos investimentos para seus estados, estimulam a descentralizao das indstrias alterando e ampliando a tipologia da carga transportada via area, seja pela urgncia de entrega, pela dificuldade de acesso a certas regies, ou mesmo por questes de segurana (Pedrinha, 2000).

    2.2. Mercado Internacional

    Para complementar, o mercado de carga area no Brasil ainda dominado pelas companhias estrangeiras, principalmente norte-americanas. E para completar, sabe-se que impossvel para nossas empresas, que entregam ao governo brasileiro 34% de suas receitas em forma de impostos, competir e ter algum sucesso sobre as companhias areas europias, que pagam uma mdia de 27% do seu faturamento em impostos, ou sobre as norte-americanas, que so taxadas em 7,5% de sua receita pelo seu governo.

    No entanto, a participao da quantidade de cargas transportadas por via area no total de cargas movimentadas no Pas tem demonstrado um crescimento significativo, embora pequeno, como pode ser visto na Tabela abaixo. Por outro lado, sua participao no valor total transportado vem crescendo desde 1980, em decorrncia de um aumento do emprego do avio para o transporte de cargas de alto valor agregado e produtos perecveis. Em termos Globais, os fluxos dominantes de carga area esto concentrados em trs mercados: sia-Amrica do Norte, o Atlntico Norte (Amrica - Europa), e Europa-Leste.

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  • Tabela 2.2: Evoluo do Trfego Areo Internacional Brasileiro entre 2000 e 2005.

    ANOS CORREIO T/km CARGA

    T/km TON-Km Utilizados

    2000 15.150.790 1.206.160.450 3.160.688.926 2000 (r) 25.508.737 1.482.757.433 3.837.736.872

    2001 24.914.293 1.342.191.318 3.597.952.156 2002 35.482.752 1.406.340.946 3.635.922.665 2003 44.829.300 1.503.540.711 3.706.323.118 2004 42.191.301 1.652.530.089 3.983.828.266 2005 39.216.175 1.705.635.133 4.191.658.723

    Obs.: A partir do ano de 2000 a metodologia para apurao do anurio foi revista. Fonte: [Anurio do transporte Areo - 2005]

    Um fator que tem influenciado a deciso das empresas areas na escolha da rota ideal diz respeito prioridade de atendimento demanda de passageiros. Esta prioridade gera, por parte das empresas areas e nos casos de vos mistos de passageiros e cargas, mudanas nas rotas existentes, assim como a criao de novas rotas ou desativao de outras, ficando a carga a ser transportada, sujeita oportunidade de espao nas aeronaves. Isto s vem a demonstrar que o Brasil, assim como outros pases, ainda tem seu transporte de carga area fortemente dependente aos vos de passageiros.

    2.3. A Relao entre o Transporte de Carga e a Economia

    As crises econmicas influenciam negativamente o trfego global de carga, enquanto o crescimento econmico promove o desenvolvimento do transporte areo. Contudo, a falta de uma poltica de desenvolvimento do pas, a sobretaxao, o preo do querosene de aviao e a alta do dlar dificultam as empresas nacionais na concorrncia com as internacionais.

    O Produto Interno Bruto (PIB) mundial, a melhor medida da atividade econmica global. A demanda por transporte, resultante da atividade econmica, cria grandes oportunidades para o crescimento da carga area, e por isso, verifica-se forte relao entre as variaes do PIB mundial e a quantidade de carga area transportada, ao longo dos anos.

    Ressalta-se, pois, o exposto na Figura a seguir: o decrscimo acentuado do PIB e da carga area mundiais, especialmente nos perodos de 1973 a 1975 e de 1978 a 1982, devido crise dos combustveis e, em 1991, poca da Guerra do Golfo (Airbus, 1996).

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  • Figura 2.1: Crescimento de Carga Area x Atividade Econmica Variao Anual (%).

    Fonte: World Air Cargo Forecast Boeing 1996/1997.

    Segundo a BOEING (1996), o crescimento da carga area tende a ser mais alto em pases emergentes, como o Brasil, onde procura-se minizar os custos de produo.

    Tabela 2.3: Carga Area Transportada x PIB Anual Brasileiro entre 2000 e 2005.

    Anos Carga Area Transportada (t/km) Domstico + Internacional Pago

    Evoluo do PIB Interno Bilhes de US$

    (Preo corrente de 2001 IBGE) Correio Carga 2000 71.542.134 1.786.378.232 463,8

    2000 (r) 98.084.003 2.179.661.965 463,8 2001 78.899.580 2.096.522.530 505,7 2002 81.657.538 2.148.991.530 459,4 2003 78.109.676 2.206.467.335 506,8 2004 123.664.778 2.449.143.233 604,0 2005 111.101.182 2.598.607.460 796,3

    Obs.: A partir do ano de 2000 a metodologia para apurao do anurio foi revista. Fonte: Anurio do Transporte Areo - 2001 e IBGE

    No caso brasileiro, fica demonstrado acima, atravs da comparao das evolues anuais do PIB brasileiro e do movimento de carga area brasileira, a estreita relao entre o desenvolvimento da indstria e o mercado de carga.

    -4-202468

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    PIB Mundial (%) ton/Km Mundial (%)

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  • 2.4. Aeroportos

    A abertura da economia brasileira nos anos 90 promoveu o crescimento das importaes, que praticamente ocuparam a capacidade dos principais terminais de cargas internacionais do Pas. Isso conduziu a presses de capacidade nos principais aeroportos cargueiros (pela dificuldade de oferecer de imediato espao para armazenagem), a execuo de investimentos de ampliao de capacidade dos terminais de carga, a introduo de sistemas mais geis de liberao aduaneira de mercadorias pela Receita Federal e a implantao de Estaes Adunaeira de Interior EADIs.

    No Brasil, apesar de contar com uma rede de 164 aeroportos operando no trfego regular (ANAC), observa-se que o segmento de carga area apresenta uma acentuada concentrao, em dez principais aeroportos, no que tange ao movimento de carga, sendo estes responsveis por 87% do fluxo de carga do Pas. A INFRAERO a responsvel pela administrao dos 66 principais aeroportos do pas, incluindo os dez principais, onde so processados mais de 95% do total de passageiros e carga transportados no Brasil.

    Em relao ao trfego internacional de carga, movimentado nestes dez principais aeroportos brasileiros, entre 1999 e 2005, observa-se na Figura 2.2, uma forte concentrao em, basicamente, trs aeroportos do sudeste do Pas: Internacional de So Paulo (SBGR), Internacional de Campinas (SBKP) e Internacional do Rio de Janeiro (SBGL).

    igura 2.2: Movimento de Carga + Correio (Domstico + Internacional) nos 10 Principais Aeroportos do Pas entre 1994 e 2006, por tonelada.

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  • Fonte: [Movimento Operacional da Rede de Aeroportos da Infraero 1979/2006]

    Os clientes que adotarem o regime de aeroporto-indstria estaro minimizando os custos de manuteno de estoques, pela agilizao da cadeia de abastecimento devido reduo do tempo de permanncia das cargas no pipeline e do uso de estoques sob consignao.

    Para a INFRAERO fica a oportunidade de desenvolvimento de um novo nicho de mercado, incrementando as receitas do setor de cargas, especificamente as de armazenagem e capatazia, de preo especfico (servios logsticos) e de varejo aeroporturio (receita comercial). Acredita-se, no entanto, que alm destes benefcios diretos que os aeroportos alvos do projeto do aeroporto-indstria tero, haver ainda o impacto no crescimento do transporte areo, com aumento substancial do movimento de aeronaves.

    Cabe ressaltar que, a intensa competio exigida no contexto mundial da globalizao e da filosofia just-in-time significa que os operadores de carga area tero de competir no s na operao area em face ao menor tempo, mas tambm na eficincia nas operaes de solo e nas solues logsticas especializadas. Essa tendncia a servios diferenciados traz sensveis redues de tempo de aeronaves no solo, velocidade no giro das mercadorias e conseqentemente, valor agregado aos clientes, que procuram por solues personalizadas.

    30.000

    80.000

    130.000

    180.000

    230.000

    280.000

    330.000

    380.000

    430.000

    480.000

    1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Ano

    Carg

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  • 2.5. Centros de Distribuio

    H muitos anos que os aeroportos no so mais tidos como meros terminais de troca de modos de transporte. Em um mundo globalizado, os aeroportos passaram a fazer parte de todos os elos da economia, quer seja como centro de distribuio entre economias ou como equipamento urbano provedor do espao necessrio para que estes negcios sejam desenvolvidos.

    Assim como j acontecia nas EADIs, os aeroportos passaram a ser autorizados pela Receita Federal a armazenar, montar, beneficiar, recondicionar e embalar os produtos que movimentam. Esta medida, que tambm inclui reduo de impostos, visa reduzir custos logsticos e agilizar a sada das mercadorias, favorecendo as exportaes.

    E ainda, para encontrar a mxima da velocidade, agilidade e credibilidade na entrega, os centros de distribuio/negcio esto sendo construdos prximos ou em aeroportos que ofeream uma vasta rede de vos. Interligados a estes, existem ainda, centros de servios oferecendo facilidades que agilizam os fluxos de perecveis, centros de distribuio just-in-time e de proviso de peas de emergncia, e facilidades de logstica reversa para reparos e finalizao de produtos eletrnicos.

    3. Logstica

    3.1. Enfoques e Caractersticas

    H alguns anos atrs, prevalecia na logstica o transporte, o estoque e a armazenagem.

    Atualmente, porm, a nfase vem sendo direcionada para a modelagem de problemas reais, levando-se em conta a integrao de diversas funes logsticas como transporte, armazenamento, manuteno de estoques, processamento de pedidos, comunicao, produo, etc. A evoluo nessa direo convencionou-se chamar Logstica Integrada, tendendo, enfim, a conduzir a uma viso Sistmica. Esta, passa a englobar os processos que envolvem toda a cadeia de suprimentos, desde a matria-prima at a entrega do produto final aos clientes. Nesta fase, a logstica adquiriu contedo estratgico e sua participao se faz necessria nas mais importantes tomadas de deciso empresariais.

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  • Contudo, cabe ressaltar que existem vrios aspectos que se constituem em barreiras e limitaes evoluo das empresas brasileiras na direo desta moderna Logstica, tais como: a estrutura organizacional ineficaz e sem interao, entraves da legislao trabalhista, bases informacionais precrias, desestabilidades econmicas, concentrao de esforos em funes puramente financeiras, telemtica pouco desenvolvida, dificuldades de parcerias, sistemas de custo inadequados e finalmente, os sistemas de transportes que no atuam de forma integrada, o que permitiria a multimodalidade/intermodalidade e reduo de seus custos elevados.

    O entendimento do processo de escolha modal no transporte de carga de grande importncia para o planejamento e o gerenciamento da cadeia logstica que envolve as mercadorias desde os locais de produo at os de consumo, porque permite estimar como os usurios podem mudar suas escolhas em resposta mudanas nos atributos dos modos de transporte e, conseqentemente, permite estimar a demanda por diferentes modos em diferentes situaes. Neste mbito, o uso de transporte intermodal/multimodal mostra-se como uma alternativa crucial para a execuo eficaz e eficiente da cadeia logstica.

    No entanto, apesar de regulamentada, a operao intermodal ainda no possvel no Brasil, principalmente por falta de regulamentao sobre a forma de cobrana do ICMS, pois a mercadoria pode atravessar vrios estados em diferentes modais, e cada translado, ao gerar a incidncia de ICMS, faz com que os custos aumentem.

    A adoo do multimodalismo tem por objetivo reduzir os custos logsticos que podem variar de 4% a 25% do faturamento bruto das empresas e com a sua aplicao, espera-se uma diminuio de 10% a 12% nos gastos totais com as exportaes.

    3.2. reas Industriais

    Complexos industriais que enfatizam a logstica just-in-time, como o caso do Aeroporto-Indstria, a ser analisado mais profundamente no prximo tem, devem ter ligao direta a mltiplas alternativas de acesso, incluindo locaes ao longo das pistas de txi do aeroporto. Os TECAs (terminais de carga area) sero responsveis, tambm, pelo recebimento, converso, classificao, armazenamento, despacho e documentao da carga. Outras facilidades de produo, processamento da carga e distribuio podem estar localizadas por todas as partes deste complexo, fornecendo o devido apoio para a logstica industrial, tais

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  • como conteinerizao, armazenagem de conteinerizao, embalagem, paletizao, despaletizao, etc. Vrias facilidades como empresas de carga area, servios de aviao e manuteno de aeronaves, iro apoiar a operao, devendo existir, tambm, espaos setorizados para escritrios, de modo a separar pessoas de mercadorias (bens) em movimento.

    Assim, preciso entender que o conceito de plataformas logsticas nasceu na dcada de 60 na Frana, conseqncia do avano dos estudos em gerenciamento de operaes. Inicialmente com o objetivo de reduzir o fluxo de materiais distribudo de forma desordenada pelos terminais de carga da periferia das grandes cidades, as plataformas concentraram e otimizaram a distribuio, e, conseqentemente, reduziram custos. Desta forma, um Aeroporto-indstria seria, ento, um Zona de Atividade Logstica (ZAL), justamente por estar em um centro de transporte com infra-estrutura intermodal relevante e deve ter caractersticas de gateway e hub.

    Algumas providncias devem ser tomadas pela permissionria, neste caso a INFRAERO, antes do incio do funcionamento de um Aeroporto-Indstria, tais como: delimitao de rea especfica para armazenagem, definio das reas onde sero construdas as instalaes dos beneficirios (empresas) e realizadas as operaes de industrializao, desenvolvimento de controle informatizado de entrada, movimentao, armazenamento, sada das mercadorias e requerimento de autorizao para operar no regime de entreposto aduaneiro.

    Com a perspectiva de desenvolvimento do aeroporto-indstria no stio aeroporturio, todo o seu planejamento dever ser revisto, levando-se em considerao o impacto do crescimento da demanda por transporte areo de carga e de passageiros.

    4. Aeroporto-Indstria

    O conceito de Aeroporto-Indstria uma analogia ao projeto Global Transpark - Global Transpark, TransPark e GTP, cuja elaborao e desenho foram desenvolvidos por John Kasarda, Diretor do Instituto Kenan de Empresas Privadas da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos. O primeiro Projeto Global Transpark est sendo desenvolvido em uma vasta rea subutilizada de um aeroporto em Kinston, na Carolina do Norte, Estados Unidos e outros esto sendo analisados para a Tailndia e Filipinas.

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  • Este projeto ir contar expressamente com as instalaes e com os procedimentos alfandegrios para acelerar os processos de compras e exportao. Tambm ter tecnologia de informao intermodal e intercmbio eletrnico de dados EDI, que acelerar o manuseio e transferncia dos materiais entre fbricas, avies, trens e navios, fornecendo assim, acesso global rpido e outras vantagens competitivas s indstrias.

    O conceito de aeroporto indstria um entreposto aduaneiro de zona primria. As plantas industriais finalizam os produtos com o material recebido do exterior em conjunto com a produo local. Logo em seguida, estes produtos so exportados. Por exemplo, um computador produzido no North Carolinas Research Triangle Park ser montado com componentes eltricos importados de Taiwan, disk drives de Singapore, circuitos integrados do Japo, microprocessadores da Coria, teclado da Tailndia e tela do Mxico. O objetivo permitir que determinado estabelecimento de uma indstria importe, com redua/suspenso de tributos, mercadorias e insumos e que, depois de submetidos operao de industrializao, devem destinar-se ao mercado externo.

    As zonas francas industriais so distritos industriais, onde empresas podem processar mercadorias importadas, com suspenso de impostos e sob superviso aduaneira, desde que os produtos resultantes (que podem conter componentes nacionais) sejam destinados ao exterior. A maioria dos pases permite a venda de uma parcela da produo no mercado domstico, desde que pagando integralmente todos os impostos incidentes em uma importao normal.

    Hoje, quando os insumos so trazidos para o Brasil, as companhias so obrigadas a pagar o Imposto de Importao e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ou enquadrar-se no regime de draw-back. Alm disso, h o custo do transporte desses produtos at a sede da empresa e de l para o porto ou o aeroporto.

    A INFRAERO, funcionar como uma espcie de sndico do aeroporto-indstria onde estar responsvel pelo recebimento, controle fsico e eletrnico e armazenamento da mercadoria importada. Embora a administradora tenha de abrir mo da receita de taxas, ela sair ganhando com o projeto, por meio do aluguel das reas, e outras receitas como armazenagem, concesses, varejo de apoio comefcial, etc. Quanto ao tamanho das unidades industriais, isto depender da necessidade de cada empresa. A INFRAERO vai disponibilizar as reas e caber as firmas a implantao da estrutura fsica das fbricas.

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  • Atualmente, o Brasil vem passando por um processo de desestatizao de seus aeroportos, seja pela concesso de terminais, do stio como um todo ou pela abertura de capital da Infraero. Assim, a implantao de aeroportos-indstria precisar tambm se adpatar segundo o modelo escolhido para cada aeroporto.

    Os principais produtos a serem processados no Aeroporto-Indstria sero aqueles que contenham alto valor agregado, como montadoras de produtos aeronuticos, indstrias qumicas e de instrumentos de preciso, artigos de moda, produtos perecveis (flores e frutos), eletroeletrnicos, medicamentos e fabricantes e lapidadores de jias e gemas preciosas.

    Aps o conhecimento apresentado sobre a implantao de um Aeroporto-Indstria, cabe ressaltar que ainda h muito a fazer, principalmente no que diz respeito burocracia, poltica e responsabilidade de operao do projeto. E este empreendimento ainda tem pela frente e espera de definio os seguintes aspectos, a saber:

    A formulao de polticas pblicas que possam apoiar o desenvolvimento e a operacionalidade destas plataformas logsticas no Pas;

    A criao de programas de marketing nacional e local que identifiquem e atraiam os parceiros potenciais;

    A identificao e a descrio de uma organizao que deve ser criada para implementar e/ou operar os aeroportos-indstria;

    A elaborao de Planos Financeiros que descrevam as receitas e os custos, de acordo com o planejamento previsto em Planos Seqenciais;

    A elaborao e/ou reviso de Planos Diretores destes aeroportos internacionais que possam nortear a apresentar as diretrizes da infraestrutura necessria; e

    A elaborao de estudos dos impactos ambientais decorrentes da implantao dos aeroportos-indstria.

    Desta forma, pode-se definir como principal problema a ser resolvido ainda, a necessidade que os rgos gestores do projeto Aeroporto-Indstria possuem de caracterizar a operao, a infraestrutura necessria e os parceiros possveis.

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  • 5. O desafio logstico na implantao de um aeroporto-indstria no Brasil

    Companhias que no conseguem adotar as novas cadeias globais de fornecimento e responder com flexibilidade e rapidez a mercados em constante mutao esto perdendo terreno para aquelas que conseguem adaptar-se nova realidade, onde as restries e barreiras baseadas logsticas esto sendo transpostas (Greis et al, 1997).

    No entanto, conforme mencionado anteriormente, sua implantao requer mudanas e adaptaes de modo a viabilizar o Projeto. No basta somente encontrar o stio aeroporturio ocioso, elaborar uma Medida Provisria e fazer acordos com empresas. Um estudo mercadolgico, por exemplo, fundamental, uma vez que o equilbrio entre a demanda e a capacidade um requisito de sucesso e viabilidade. Quanto a operacionalidade da cadeia logstica, esta costuma ser subestimada, causando prejuzos e perdas de eficincia inestimveis, uma vez que deficincias verificadas e no corrigidas, numa economia globalizada, podem colocar uma empresa ou um pas em situao de desvantagem comercial.

    O gerenciamento desta cadeia logstica uma tarefa complexa que envolve alguns critrios essenciais ao seu desenvolvimento. Quando bem diagnosticados, estes critrios fornecem a informao necessria para se avaliar os componentes e conseqentemente, identificar as possibilidades de melhoria no trinmio qualidade/produtividade/custos.

    5.1. Planejamento

    Com base nesse contexto, o projeto de Aeroporto-Indstria deve ter sua implantao muito bem planejada. Sua operacionalidade tem impactos tanto regionais como nacionais. A comear pelo aeroporto que deve ser internacional, tendo como funo o escoamento da produo voltada exportao. No entanto, a regio tambm capta esta influncia, mesmo que a populao no seja consumidora, ela pode servir como produtora ou como mo-de-obra especializada. Alm do mais, para viabilidade efetiva do projeto, esta regio deve ter suporte de sistemas de transportes, telecomunicaes e aparato comercial, que de preferncia devem estar integrados aos outros sistemas respectivos das outras regies de influncia.

    Na verdade, o empreendimento exige muita integrao e desenvolvimento de diversos setores e isso s pode ser apurado com um planejamento prvio. Tendo em vista estas transformaes

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  • em curso, deve-se estudar e entender bem o assunto, avaliar as possibilidades potenciais, reavaliar a cultura de operao para um novo processo comercial e romper com paradigmas.

    5.2. Implantao

    5.2.1 Questo Aduaneira

    precisamente crescente a exigncia da velocidade de entrega e a possibilidade de reduzir o elevado tempo requerido pelos procedimentos aduaneiros que tornam o regime do Aeroporto-Indstria caracterizado pela simplificao desses procedimentos um elemento estratgico nessa cadeia logstica de suprimentos.

    As alfndegas brasileiras, que deveriam ser pontos de passagem, atuam como um verdadeiro gargalo no fluxo das mercadorias. Isto impe ao transportador um adicional significativo no seu custo, por exemplo, de cerca de US$ 150 a US$ 200 por dia parado em fronteiras como as de Uruguaiana no Rio Grande do Sul, tornando-a menos competitiva.

    Esse fenmeno de estrangulamento do trfego, que tambm acontece na navegao fluvial, observado no somente nas aduanas de fronteira, mas, tambm, nas barreiras fiscais entre os estados brasileiros e at mesmo dentro dos prprios estados, atravs das fiscalizaes volantes. Assim, a criao de terminais alfandegados reduz a necessidade dessas paradas nas barreiras estaduais e nas aduanas de fronteira, otimizando o fluxo atravs do fator tempo.

    5.2.2 Questes Trabalhistas

    Outro fator a ser levado em considerao e que representa um limitante viabilizao do projeto, diz respeito qualificao da mo-de-obra. O despreparo da mo-de-obra brasileira fato notrio e a velocidade da insero tecnolgica nos processos produtivos tem feito com que existam cada vez menos trabalhadores com qualificao para operar as novas tecnologias e atender a demanda das empresas, provocando custos mais elevados, reduzindo a produtividade e onerando as empresas que, so obrigadas a arcar com um nus proveniente da estrutura social e muitas vezes, se vm obrigadas a importar esta mo-de-obra necessria.

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  • Por outro lado, existe tambm a questo flexibilizao da legislao trabalhista, viabilizando a livre negociao entre o capital e o trabalho, inclusive, atravs da possibilidade do livre trnsito de mo-de-obra entre os pases, especialmente no mbito do Mercosul.

    Os pases como os EUA, da Unio Europia, da Escandinvia, da sia, o Japo, o Chile, etc., promoveram a flexibilizao do mercado de trabalho como forma de superar crises, evitar fugas de capitais e manter seus produtos e servios competitivos num mercado globalizado, pelo simples fato da competio exigir agilidade e flexibilidade.

    5.3. Infraestrutura

    Ainda na fase de planejamento, devem ser elaboradas anlises criteriosas quanto identificao dos aeroportos com potencial para admitir em suas instalaes o regime de entreposto aduaneiro. Como j mencionado anteriormente, para viabilizar a implantao do Aeroporto-Indstria, a infraestrutura aeroporturia dever prover, dentre outros elementos:

    Um aeroporto internacional/internacionalizvel com fluxo regular de importaes e exportaes;

    Capacidade do sistema de pistas para operaes 24h por dia, freqncias, ligaes;

    Capacidade do ptio para receber um maior nmero de aeronaves;

    Classificao de aeronaves para atendimento da demanda operao de aeronaves cargueiras, operao em acordo com as normas do Plano de Zoneamento de Rudo;

    Possuir rea segregada para a instalao de plantas industriais;

    Complexo multimodal interligado que d suporte produo, distribuio e sistemas de transporte e apoio transferncia de carga com facilidades para conteinerizao e distribuio;

    Facilidades para a carga area, empresas de carga area, servios de aviao, manuteno de aeronaves, etc.;

    Acessibilidade, ligaes com rodovias interestaduais, portos;

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  • Sistema avanado de telecomunicaes e tecnologia.

    No caso brasileiro, os principais aeroportos internacionais, que so administrados pela INFRAERO, j possuem fluxo regular de importaes e exportaes, como Guarulhos-SP, Viracopos-SP e Galeo-RJ. No entanto, ainda h muito a fazer no que diz respeito ao Planejamento Aeroporturio e sua potencialidade, visto que o empreendimento exige espao, setores de apoio e possibilidade de expanso. A questo acessibilidade e ligao com as outras modalidades de transporte ainda so assuntos que exigem estudos, principalmente a respeito da intermodalidade/multimodalidade.

    As incertezas desta demanda (variabilidade, sazonalidade) aliadas a perecibilidade da capacidade (impossibilidade de estocar a capacidade para us-la em momentos em que ela inferior a demanda) caracterizam um problema continuamente enfrentado pelas empresas.

    5.4. Marketing

    O marketing visto e entendido por muitos profissionais do ramo logstico como uma maneira de se fazer propaganda ou uma forma de atrair clientes. Marketing muito mais do que marca e imagem, uma ferramenta estratgica.

    H ainda um grande nmero de conflitos entre a rea do marketing que estimula o lanamento de produtos diferenciados, e a rea de produo, que prefere a padronizao em grande volume. Uma forma de minimizar este impasse a integrao das trs funes logsticas: Marketing, Produo e Transportes.

    Com base nesse contexto, surgiu a idia da distribuio de mercadorias pelo sistema de carga unitizada, com a utilizao de pallets e continers do mesmo tipo. No entanto, no Japo os pallets medem 1100 x 1100 mm, padro JIS. Na Europa, medesm 1200 x 800 mm, padro denominado Europallet. Os Estados Unidos possuem seu prprio padro e o Brasil, as dimenses so 1200 x 1000 mm, padro PBR. Ou seja, mesmo com a idia de padronizao por pallets j contamos com, no mnimo, quatro diferentes padres.

    Segundo Christopher (2001), um erro presumir que o mundo est pronto para produtos padronizados. Ainda h diferenas considerveis em relao a gostos, s preferncias e s exigncias locais. Quando h demanda por variedade no mercado, os produtos no devem ser

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  • configurados at que a demanda real seja conhecida. Em vez disso, devem ser produzidos em nvel genrico, usando componentes ou materiais comuns, e mantidos como estoque em processo. A configurao final (montagem, acabamento e embalagem) deve ocorrer local ou centralmente, como prev o projeto de um Aeroporto-Indstria.

    5.5. Sistemas de Transportes

    Com gastos equivalentes a 10% do PIB, o transporte brasileiro possui uma dependncia exagerada do modal rodovirio, o segundo mais caro, atrs apenas do areo. Enquanto no Brasil o transporte rodovirio responsvel por algo em torno de 60% da carga transportada (toneladas-km), na Austrlia, EUA e China os nmeros so 30%, 28% e 19%, respectivamente. Esse contexto brasileiro no o mais propcio para alterao de modal.

    O Brasil encontra-se num processo de intensas transformaes em relao ao papel do Estado no que tange infraestrutura a aos servios de transportes. O paradigma que se procura estabelecer est baseado numa transformao do modelo do estado empresrio num modelo de Estado regulador-fiscalizador, com nfase ao processo de desestatizao e ao estabelecimento de parcerias entre a iniciativa pblica e a privada.

    O Governo o poder concedente e responde pela formulao de polticas, desenvolvimento setorial, fiscalizao e inspeo dos demais agentes no setor e, at recentemente, desempenhava com exclusividade, o papel de agente provedor da infraestrutura e/ou de servios de transportes. O novo papel do governo est centrado no fomento dos investimentos privados e na coordenao, normalizao e superviso do setor de transportes.

    No estgio atual, destacam-se, entre os gargalos institucionais deste setor, os seguintes:

    Convivncia do setor com a atuao do Estado em todos os campos de atividades, tais como regulao, fiscalizao, planejamento, investimentos e operao, situao que precisa ser adequada ao novo papel do Estado;

    Necessidade do estabelecimento de regras claras para a adequada criao de oportunidades de investimento privado;

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  • 5.6. Armazenagem

    Sistemas tradicionais baseados no estoque, que procuravam prever as necessidades do cliente por meio de previses de vendas, foram desafiados pelo advento das solues just-in-time, de reaes rpidas, norteadas pela informao, e no pelo estoque, para atender as necessidades dos clientes. Substituir estoque por informaes tornou-se o princpio diretivo dos gerentes de logstica nas organizaes que procuram obter respostas flexveis e oportunas em mercados volteis e com ciclo de vida curto (CHRISTOPHER, 2001).

    Mas infelizmente, no bem assim que este processo funciona em alguns pases e aqui no Brasil. As cadeias de abastecimento convencionais no so transparentes em relao s informaes relacionadas ao mercado e, inevitavelmente, mantm estoques de reserva precavendo-se contra as incertezas da demanda. Como resultado, essas cadeias mantm o estoque muito alm do necessrio, duplicando-o a cada interface comprador/fornecedor. Alm da sobrecarga em termos de capital de giro, da falta de entrosamento e transparncia, essas cadeias se tornam lentas em responder demanda voltil, e pequenas mudanas na demanda do mercado final aumentam e distorcem medida que se movem para trs na cadeia.

    Para combater essas ineficincias na cadeia de abastecimento surge um novo estilo de relao entre os membros, com um compartilhamento mais aberto de informaes. Ao invs de prever as condies, o objetivo agora se tornar orientado pela demanda. Essa a base do que veio a ser conhecido como logstica de resposta rpida ou, como conhecida no setor de varejo, resposta eficiente ao consumidor (ECR efficient consumer response).

    Essa a base pela qual um Aeroporto-Indstria, que prioriza a simplificao e reduo de custos, espera contar para ter sua implantao viabilizada. Ou seja, as informaes so transmitidas e compartilhadas em tempo real, de forma que cada membro da cadeia possa planejar a produo, montagem, distribuio e outras atividades com uso eficiente de seus recursos e com diminuio de custos de estoque, armazenagem, embalagem e manuseio.

    5.7. Sistemas de Informao e Telemtica

    Um importante ponto para a introduo da gesto logstica a gesto da cadeia de abastecimento, que compartilha informao, a fim de obter um sistema eficiente para reduzir custos desde suprimentos at as vendas. Mas, como essa cadeia movimenta mercadorias

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  • atravs de muitos setores industriais diferentes, desde o de matrias-primas at a entrega ao consumidor, a informao muitas vezes fica represada no caminho.

    Nesse contexto, surgem os Sistemas de Informaes que so compostos por elementos inter-relacionados que coletam (entrada), manipulam e armazenam (processo), e disseminam (sada) os dados e as informaes, fornecendo um mecanismo de retro-alimentao, ou seja, um feedback conjunto de dados de sada utilizados para fazer ajustes ou modificaes nas atividades de entrada ou de processamento do sistema.

    O modelo de se fazer vendas ou negcios pela Web (ligaes entre arquivos disponveis na rede), substituindo os processos tradicionais por transaes eletrnicas na internet, est cada vez mais presente no mercado corporativo como uma grande porta de comunicao entre empresas, proporcionando um mercado que visa integrar toda a cadeia logstica, desde a indstria e distribuidores, at chegar ao consumidor final. Essas empresas em rede geram uma nova comunidade, um novo ambiente de trabalho, chamado de e-business, com servios personalizados, de forma a integrar todos os parceiros da Supply Chain.

    Segundo NOVAES (2001), o comrcio eletrnico quando comparado com a forma de transao tradicional, apresenta inmeras vantagens, a saber:

    Insero instantnea no mercado globalizado;

    Relaes mais geis entre consumidores e vendedores;

    Reduo da assimetria informacional;

    Reduo da burocracia e tempo, diminuindo-se erros e custos operacionais; e

    Anlise mercadolgica facilitada com o registro de informaes e transaes.

    Esse o ambiente que o Projeto de um Aeroporto-Indstria procura, com a possibilidade das empresas monitorarem em tempo real o seu produto, em todo o ciclo de distribuio, at os mesmos chegarem s mos de seus clientes, onde inmeras possibilidades de servios adicionais so sugeridas por conta do cenrio atual, o que poder ser traduzido em vantagens competitivas se as empresas souberem explorar adequadamente estas solues.

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  • Segundo Paulo Fernando Fleury, professor do CEL Centro de Estudos em Logstica da Coppead /UFRJ, a experincia tm demonstrado que diferentemente do que se possa imaginar, o maior gargalo do e-business no se encontra na atividade fsica porta a porta, mas sim na atividade de fulfillment, ou atendimento do pedido, que compreende o processamento do pedido, a gesto do estoque, a coordenao com os fornecedores, e a separao e embalagem de mercadorias.

    5.8. Nvel de Servio

    O servio ao cliente um conceito amplo, difcil de ser definido em uma nica frase. Ele abrange todos os pontos de contato entre um fornecedor e um comprador, incluindo os elementos tangveis e intangveis. O desempenho da logstica fundamental para se alcanar a satisfao do cliente e do modelo de encadeamento servio-relacionamento-reteno.

    De forma simplificada, a idia atender e, de preferncia, superar as expectativas do cliente, direcionando os processos logsticos de maneira a cumprir as metas de servio. Muitas empresas, incluindo os pases em desenvolvimento, estando a o Brasil, supem que entendem seus clientes, mas na verdade no conhecem nem o perfil deles. Isso quer dizer que, em vez de oferecer pacotes de servios iguais para todos os clientes, a organizao flexvel deveria buscar diferenciar o pacote para atender s exigncias de cada cliente de forma personalizada.

    5.9. Custos: Vantagem Comparativa

    No Brasil, a abertura econmica de 1994 trouxe exigncias logsticas imediatas, implicando em distribuio e suprimento mais fracionados (just-in-time, ECR, etc). Isso levou, primeiramente, a custos logsticos mais elevados (NOVAES, 2001). Agora hora de reduzi-los e para isso, preciso ter conhecimento de todo o processo e no somente do custo final.

    De acordo com a ABLM Associao Brasileira de Movimentao e Logstica, estima-se que o custo logstico de uma empresa pode equivaler a 19% do seu faturamento. O crescimento desse setor faz com que o nmero de operadores logsticos no Pas aumente na razo de aproximadamente 5% ao ms. Como conseqncia dessa expanso, surgem empresas de transporte que se intitulam operadores logsticos, oferecendo servios ineficientes e a preos baixos. Definitivamente, logstica no se restringe a armazenar e distribuir produtos.

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  • O prprio conceito de Logstica Integrada engloba desde a previso de vendas, estoque/inventrio, embalagem, fluxo de informao, movimentao, aspectos legais, planejamento operacional, armazenagem e servio ao cliente at suprimentos, transporte e planejamento estratgico. Definir o custo de cada uma dessas etapas o grande desafio das empresas que estejam buscando aperfeioar a gesto de suas cadeias de abastecimento, aumentar sua produtividade e penetrar nos novos mercados internacionais.

    Segundo NOVAES (2001), nos Estados Unidos os custos de transportes representam 59% dos custos logsticos, seguidos pelos custos gerais de juros, impostos, obsolescncia, depreciao, seguros, com 28%, e por outros custos de armazenagem, despacho e administrao, de 13%. No Brasil, no existem estatsticas precisas e muitas das entidades do ramo divergem em seus valores. O projeto de um Aeroporto-Indstria pretende otimizar estes valores, uma vez que prev incentivos por parte do Governo em redues de impostos e tambm, valores inferiores nas questes seguro, obsolescncia, armazenagem e administrao.

    O transporte, com sua caracterstica de no poder ser armazenado, uma vez que os assentos ou toneladas/quilmetros oferecidos e no-utilizados no podem ser estocados para o futuro, intermedirio no sistema econmico. Ou seja, a atividade econmica necessita dos transportes, que funcionam como um eixo entre a produo e o consumo, como elo do processo produtivo. Os meios de transporte ampliam os mercados propiciando economia de escala. Cada etapa nos d o preo bsico mais o custo de transporte e, por conseqncia, a cada etapa seguinte, um novo custo de transporte adicionado.

    J o custo financeiro, um dos que mais sobrecarregam o total da logstica, por que est ligado taxa de juros, que, mesmo tendo baixado, continua muito mais alta que na Europa e nos EUA. Calcular, por exemplo, o custo do ICMS que incide sempre que se movimenta o produto na cadeia complexo, porque ele incide em cascata.

    Como j mencionado anteriormente, o importante para a empresa no conhecimento de suas estatsticas incide no s em saber sua participao na Economia, mas principalmente em avaliar os custos dos elementos bsicos (etapas e processos), o que motivar novas medidas de planejamento, regulao e incentivos por parte dos rgos.

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  • Concluses

    A principal mensagem deste trabalho chamar a ateno para a nova filosofia da cadeia logstica onde no se analisa mais somente a produo, o transporte e a distribuio e sim a relao destes trs elementos com a competitividade, a reduo de custos e tempo e as novas tecnologias j existentes. Sendo assim, foram abordadas apenas as questes relativas esta nova filosofia da logstica, sua importncia e suas limitaes, no caso brasileiro, viabilizao do projeto de um Aeroporto-Indstria.

    Para sua implantao, toda uma maneira nova de pensar e gerenciar se faz necessria; todo um conhecimento sobre o transporte de cargas, mercados, logstica, infraestrutura, sistemas de informao, processos burocrticos, legislao e economia vital, uma vez que para sua operacionalidade ter sucesso so necessrios investimentos por todos os envolvidos. Desta forma, o presente trabalho identificou como gargalos e limitantes do sistema logstico implantao do Projeto Aeroporto-Indstria no Brasil, os seguintes:

    O processo de crises e as mudanas presentes na economia brasileira, decorrentes dos efeitos da globalizao nos campos econmicos e financeiros;

    Falta de um planejamento prvio, poltico nacional, estratgico e oramentrio que tenha uma viso sistmica do setor de transporte e da economia brasileira;

    Entraves burocrticos e da legislao inadequada para a implementao de uma rede multimodal integrada;

    Falta de uma ampla e irrestrita reforma tributria;

    Gargalos alfandegrios, uma vez que as alfndegas brasileiras que deveriam ser pontos de passagem atuam como um verdadeiro impasse no fluxo das mercadorias;

    Desqualificao profissional;

    Falta de um estudo mercadolgico que identifique aeroportos, demanda (variabilidade, sazonalidade) e perspectivas do mercado;

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  • Estoques independentes a cada fase da cadeia, que segundo Christopher (2001), agem como reservas que distorcem e ampliam os requisitos de demanda;

    Falta de um compartilhamento mais aberto de informao que vise combater ineficincias na cadeia de abastecimento;

    Ineficincia na atividade de fulfillment, ou atendimento do pedido;

    Falta de conhecimento dos custos totais.

    O presente trabalho no pretende encerrar as discusses sobre as limitaes logsticas viabilizao de um Aeroporto-Indstria ou questes relativas logistica da carga area. Sendo assim, sugere-se como continuidade/complementao deste trabalho os seguintes estudos:

    Analisar uma nova metodologia de escolha de stio aeroporturio para o especfico empreendimento em questo com um estudo de viabilidade e impacto econmico;

    Diagnosticar, de forma aprofundada, os possveis parceiros ao Projeto;

    Estudo aprofundado dos sistemas de transportes e sua respectiva interao com o transporte de carga area com vias exportao;

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