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O CONTRIBUTO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL PARA A CRIAÇÃO DE UM PROJETO DESPORTIVO NA ESCOLA Relatório de Estágio Profissional Orientadora: Professora Doutora Paula Queirós Nuno Alexandre Geada Abreu Porto, junho de 2014 Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro).

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O CONTRIBUTO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL PARA A

CRIAÇÃO DE UM PROJETO DESPORTIVO NA ESCOLA

Relatório de Estágio Profissional

Orientadora: Professora Doutora Paula Queirós

Nuno Alexandre Geada Abreu

Porto, junho de 2014

Relatório de Estágio Profissional apresentado

à Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de

Estudos conducente ao grau de Mestre em

Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006

de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de

22 de fevereiro).

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Ficha de catalogação

Abreu, N. A. G. (2014). O contributo do Estágio Profissional para a criação de

um Projeto Desportivo na Escola. Porto: N. Abreu. Relatório de Estágio

Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física

nos Ensino Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, CONTRIBUTO,

PROFESSOR, EDUCAÇÃO FÍSICA, REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

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III

AGRADECIMENTOS

No fim de mais uma etapa concluída não posso deixar de expressar os

meus sinceros agradecimentos a quem nunca me deixou e, mais importante que

isso, a quem sempre acreditou que eu era capaz.

Aos meus pais que sempre me proporcionaram todas as condições para

que este momento fosse alcançado.

À minha irmã pelo apoio e carinho demonstrado em todos os momentos

fundamentais da minha vida.

Aos dois pilares fundamentais da minha família, Avó Ana e Avô Geada,

que tudo fizeram para que nunca me faltasse nada.

À Andreia Fernandes e Ana Paiva pela amizade prestada, durante este

ano letivo, nesta fantástica ilha dos Açores.

À Escola Secundária da Ribeira Grande por me ter acolhido nesta longa

jornada.

Ao Professor Cooperante por todos os ensinamentos, experiência de vida

e apoio que me transmitiu.

À minha turma, do 11º D, por todos os momentos e aprendizagens que

me facultaram durante esta caminhada inesquecível.

À Professora Doutora Paula Queirós por toda a disponibilidade, ajuda e

profissionalismo com que me presenteou ao longo deste ano.

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V

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ................................................................................................... III

ÍNDICE DE GRÁFICOS E QUADROS ........................................................................ VII

ÍNDICE DE ANEXOS ................................................................................................... IX

RESUMO ..................................................................................................................... XI

ABSTRACT ............................................................................................................... XIII

LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... XV

I. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3

II. ENQUADRAMENTO PESSOAL ............................................................................... 7

1. EU E O MEU PERCURSO ................................................................................. 9

III. ENQUADRAMENTO DA PRATICA PROFISSIONAL ............................................ 15

1. O ENQUADRAMENTO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL .................................. 17

2. A ESCOLA COMO INSTITUIÇÃO .................................................................... 18

3. ENQUADRAMENTO FUNCIONAL .................................................................. 21

3.1. A ESCOLA QUE ME ACOLHEU ................................................................... 21

3.2. O DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO ..................... 23

3.3. A MINHA PRIMEIRA TURMA ....................................................................... 24

3.4. O NÚCLEO DE ESTÁGIO E A ATUAÇÃO DO PROFESSOR COOPERANTE

............................................................................................................................ 26

4. ENQUADRAMENTO CONCETUAL ................................................................. 27

4.1. O QUE É SER PROFESSOR? ..................................................................... 27

4.2. O PROFESSOR ESTAGIÁRIO NUNO ABREU ............................................ 31

4.3. A IMPORTÂNCIA DA REFLEXÃO E O PROFESSOR REFLEXIVO ............. 32

4.4. A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO ............................................................. 35

IV. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ...................................................... 39

1.1. CONCEÇÃO ................................................................................................. 41

1.2. PLANEAMENTO ........................................................................................... 43

1.2.1. PLANEAMENTO ANUAL ........................................................................... 45

1.2.2. UNIDADE DIDÁTICA ................................................................................. 46

1.2.3. PLANO DE AULA ...................................................................................... 49

1.3. REALIZAÇÃO ............................................................................................... 50

1.3.1. O QUE OS PROGRAMAS DIZEM VERSUS AQUILO QUE

ENCONTRAMOS NA REALIDADE… .................................................................. 51

1.3.2. QUE CONTEÚDOS A ABORDAR?............................................................ 53

1.3.3. GESTÃO DO TEMPO DE AULA ................................................................ 54

1.3.4. O ENSINO DO FUTEBOL COMO UMA MAIS-VALIA ................................ 56

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VI

1.4. AVALIAÇÃO ................................................................................................. 57

V. PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E RELAÇÃO COM A COMUNIDADE ..................... 61

1. VOLTA AO ANO EUROPEU DOS CIDADÃOS ................................................ 64

2. “SER DIFERENTE EM IGUALDADE” .............................................................. 64

3. MEGA PEQUENO-ALMOÇO ........................................................................... 65

4. PRIMEIROS-SOCORROS ............................................................................... 66

5.“VI TORNEIO CONVÍVIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA” ............................ 66

6. TORNEIO “SCHOOL VOLEI” ........................................................................... 67

7. SEMANA DA EDUCAÇÃO FÍSICA .................................................................. 68

8. VISITA DE ESTUDO AO CAMPO DE GOLFE DA BATALHA .......................... 69

9. “IV TORNEIO DE BEISEBOL” ......................................................................... 69

10. DIREÇÃO DE TURMA ................................................................................... 70

11. ESTUDO: “A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DESPORTIVA ESCOLAR”. .... 72

RESUMO ............................................................................................................. 72

11.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 73

11.2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO .................................................................. 75

11.2.1. A ESCOLA DE HOJE E OS NOVOS DESAFIOS ..................................... 75

11.2.2. A ESCOLA E O DESPORTO ................................................................... 77

11.3. METODOLOGIA ......................................................................................... 82

11.4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ..................................................... 83

11.5. CONCLUSÃO ............................................................................................. 87

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 89

VI. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL ................................................................ 91

VII. CONCLUSÕES E PERSPETIVAS PARA O FUTURO.......................................... 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 101

ANEXOS .................................................................................................................. XVII

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VII

ÍNDICE DE GRÁFICOS E QUADROS

Gráfico 1 - Número de participantes no estudo, por sexo. ......................................... 86

Gráfico 2 - Valores das idades dos alunos que participaram no estudo. .................... 86

Gráfico 3 - Participação dos alunos nas Atividades Desportivas Escolares. .............. 87

Gráfico 4 – Ciclo de ensino em que participaram nas Atividades Desportivas

Escolares .................................................................................................................... 87

Gráfico 5- A importância das Atividades Desportivas Escolares ................................ 88

Gráfico 6 - O horário preferido pelos alunos. ............................................................. 89

Quadro 1 – Apresentação das tarefas realizadas na área 3 do Estágio Profissional. . 96

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ÍNDICE DE ANEXOS

ANEXO I – Planificador Anual .................................................................................. XIX

ANEXO II – Unidade Didática .................................................................................... XX

ANEXO III – Plano de aula ....................................................................................... XXI

ANEXO IV – Questionário aplicado no estudo ..................................................... XXIIIIII

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XI

RESUMO

O presente relatório surge no âmbito da realização do Estágio Profissional,

unidade curricular que está inserida no 2º ano do plano de estudos do 2º ciclo

em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade

de Desporto da Universidade do Porto. Este pretende ressalvar todas as

aprendizagens realizadas ao longo deste ano letivo, as dificuldades encontradas,

as estratégias utilizadas para suprimir as mesmas, tendo em vista o sucesso no

processo de ensino-aprendizagem. Este processo diz respeito ao trabalho

desenvolvido na Escola Secundária da Ribeira Grande, mais particularmente

com uma turma do 11º ano. O documento começa com uma parte biográfica

onde é descrito o meu percurso, são apresentadas as expetativas para o ano

que acabou de findar, seguindo-se a parte do confronto com a realidade onde

são apresentados todas as vivências decorridas no Estágio Profissional. Na

parte principal do relatório é feita uma reflexão sobre tudo aquilo que foi

desenvolvido neste processo, desde a conceção até à avaliação do ensino-

aprendizagem, passando, também, pelas atividades desenvolvidas na

comunidade escolar, os erros cometidos e as soluções encontradas. O relatório

de Estágio incorpora, ainda, um estudo realizado na Escola Secundária da

Ribeira Grande, subordinado ao tema: “A Importância da Atividade Desportiva

Escolar com o objetivo de Complemento Curricular”. Este tema foi escolhido

tendo em conta a necessidade que os alunos demonstram na participação de

atividades que promovam o seu desenvolvimento multilateral e as capacidades

físico-motoras. Este estudo teve como principal objetivo perceber qual a

importância que as Atividades Desportivas Escolares têm para os alunos, do 7º

ano de escolaridade, desta escola e saber a motivação dos mesmos para a

prática destas atividades. A principal conclusão prende-se com a vontade

demonstrada pelos alunos na participação em Atividades Desportivas Escolares.

Com a obtenção destes resultados torna-se fulcral que a escola proporcione e

desenvolva um projeto de promoção de tais atividades. Estas devem ter como

principais objetivos: ocupação dos tempos livres; a promoção de estilos de vida

saudáveis aliados à prática de atividade física; e atividades que promovam a

cooperação, transcendência, alegria, prazer e entusiasmo aos seus praticantes.

PALAVRAS-CHAVE: Estágio Profissional, Contributo, Professor, Educação

Física, Região Autónoma dos Açores

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ABSTRACT

Being part of the curriculum of the Physical Education on Junior and High School,

at Oporto College, the present abstract is the outcome of my traineeship during

the School Year of 2013/2014 at Ribeira Grande Secondary School. Therefore,

it aims to highlight all the learnings and also the drawbacks, as well as the

strategies to overcome them, always bearing in mind my 11th grade student´s

success. This document opens with a biographical point of view, concerning my

background, then I move to my expectations for the school year that has just

ended and, finally, the concluding part where I make some insight remarks about

what I had expected and the reality I was presented with. Specific details about

all that has been done (from theory to practice, activities, mistakes, solutions) are

pointed out in the main part of this abstract. It is also included a study on Ribeira

Grande High School concerning “The importance of Physical Activity as a

curricula complement”. Due to the students’ need in doing any activity that

promotes their multilateral and psycho-physical abilities, this study aimed to

understand why practicing sport is so important to 7th grade students. From this

study, I conclude that they are driven by the enrolment in any Physical School

Activities. Therefore, school should create a project whose goals must be:

occupying free time; promoting healthy habits the spirit of companionship/

respect and happiness among participants through the practice of physical

activity.

KEY-WORDS: Professional Internship, Contribution, Teacher, Physical

Education, Autonomous Region of the Azores

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADE- Atividade Desportiva Escolar

DEFD- Departamento de Educação Física e Desporto

EF- Educação Física

EP- Estágio Profissional

ESRG- Escola Secundária da Ribeira Grande

E2- Exterior 2

FADEUP- Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

MEC- Modelo de Estrutura de Conhecimento

MEEFEBS- Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário

PAA- Plano Anual de Atividades

PC- Professor Cooperante

PEE- Projeto Educativo de Escola

PNEF- Plano Nacional de Educação Física

PCT- Projeto Curricular de Turma

PV1- Pavilhão 1

RE- Relatório de Estágio

UD- Unidade Didática

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Capítulo I

INTRODUÇÃO

“Que Deus nos dê SERENIDADE para aceitar as

coisas que não podemos mudar, CORAGEM para

mudar aquilo de que somos capazes e

SABEDORIA para ver a diferença”.

LIVRO DA SABEDORIA, in Antigo Testamento.

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1. INTRODUÇÃO

O presente documento surge no âmbito do Estágio Profissional, inserido no

plano de estudos do 2º ano de Mestrado em Ensino da Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto, da Universidade do

Porto (FADEUP). O ano que acaba de findar traduz-se no culminar de mais uma

etapa da minha vida, repleta de experiências e aprendizagens, dificuldades,

desafios, alegrias, tristezas, mas, acima de tudo, de realização pessoal.

O estágio decorreu na Escola Secundária da Ribeira Grande, na Ilha de

São Miguel, Açores. Este teve o auxílio de duas pessoas que contribuíram

significativamente para a minha evolução, sendo elas o professor cooperante

que apoiou, cooperou, contribuiu e controlou toda a atividade desenvolvida na

escola, e a professora orientadora que acompanhou todo o processo a partir da

Faculdade. Durante todo o ano letivo lecionei uma turma, do 11º ano, do Curso

de Línguas e Humanidades.

As aulas lecionadas à turma, as experiências que vivi e convivi com os

alunos, os conhecimentos e as aprendizagens realizadas revelaram-se

fundamentais para todo o meu processo de formação. Foi necessário aprender

a lidar com novas pessoas, todas elas com personalidades diferentes, o que se

constituiu num grande desafio. A constante tomada de decisões, as dificuldades

encontradas, as estratégias utilizadas só foram possíveis com a lecionação das

aulas a esta turma.

De acordo com Matos (2013a), o relatório de estágio é um documento que

explicita o caminho percorrido durante a realização da prática de ensino

supervisionada conforme à construção de uma atitude adequada à profissão de

professor, assumindo-se como um documento pessoal onde são relatadas todas

as vivências, de forma livre e reflexiva, que decorreram no estágio. Neste

sentido, o relatório estruturar-se-á da seguinte forma:

Neste primeiro capítulo, Introdução, descrevi inicialmente, algumas

características do estágio profissional, bem como, a estruturação do documento.

No segundo capítulo, dedicado ao Enquadramento Pessoal, será feita

uma descrição sobre mim, no qual descrevo o meu percurso de vida, salientando

as minhas experiências académicas e desportivas e onde apresento as

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expetativas que eu tive em relação ao estágio profissional, através de um forma

simples e direta.

Relativamente ao terceiro capítulo, Enquadramento da Prática

Profissional, este divide-se em duas partes fundamentais, no enquadramento

funcional, onde é descrito e analisado todo o contexto em que foi desenvolvido

o estágio profissional, desde a escola que me recebeu, o Departamento de

Educação Física e Desporto, a turma, o núcleo de estágio e o professor

cooperante; e no enquadramento concetual, onde são abordados temas como

“O que é Ser Professor”, “O Professor Estagiário Nuno Abreu”, “A Importância

da Reflexão e o Professor Reflexivo” e a “Relação Professor-Aluno”.

O quarto capítulo diz respeito à Realização da Prática Profissional. Neste

capítulo será apresentada toda a minha participação, envolvimento e intervenção

na escola enquanto professor. Os temas tratados dizem respeito à conceção,

planeamento, realização e avaliação. É, sobretudo, neste capítulo que realizar-

se-á uma reflexão sobre todo o trabalho desenvolvido, as dificuldades sentidas

e as estratégias de superação implementadas.

No quinto capítulo, Participação na Escola e Relação com a

Comunidade, são apresentadas as atividades em que participei e tive

oportunidade de desenvolver ao longo de todo o ano letivo. Neste capítulo é

ainda apresentado o estudo relativo ao tema: “A Importância da Atividade

Desportiva Escolar com o objetivo de Complemento Curricular”, cujo objetivo

passou por fazer um levantamento das necessidades dos alunos relativas às

Atividades Desportivas Escolares para depois contribuir com linhas orientadoras

para a criação de um projeto desportivo na escola.

Relativamente ao sexto capítulo, Desenvolvimento Profissional, é onde

aparecem descritas as atividades e projetos realizados no âmbito da faculdade

em consonância com o Estágio Profissional.

No sétimo capítulo, apresento as Conclusões e Perspetivas para o

Futuro, realizando um balanço acerca de toda a atividade desenvolvida durante

o ano do estágio profissional e de que forma essa atividade contribuiu para a

minha evolução como professor e como pessoa. No que concerne às

Perspetivas para o Futuro apresento as minhas ideias acerca da forma como eu

projeto a minha vida “daqui em diante”.

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Finalizando com as referências bibliográficas e os anexos indispensáveis à

realização do relatório.

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Capítulo II

ENQUADRAMENTO PESSOAL

“No fim das contas, estamos todos em busca de um

mesmo objetivo: ser feliz e saber quem nós,

realmente, somos.

E eu quero ser feliz. Acima de qualquer coisa, quero

ser feliz”.

Gabriel Carvalho (s.d.)

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1. EU E O MEU PERCURSO

Desde cedo que o gosto pela atividade física e desportiva me despertou

grande interesse e isso foi aumentando nas brincadeiras de rua, nos jogos com

os amigos, enfim, num inúmero conjunto de atividades que fui desenvolvendo,

como criança. Falando por experiência própria, não gosto nada de me qualificar

ou quantificar, fazendo parte ou não das minhas caraterísticas pessoais, sempre

fui um rapaz modesto que prefere ouvir a opinião dos outros do que fazer juízos

próprios.

A minha passagem pelo 1º Ciclo do Ensino Básico não teve presente

qualquer tipo de prática de atividade física orientada, mas ainda assim, o gosto

pelo desporto se manteve. No 2º Ciclo do Ensino Básico, com a presença da

disciplina de Educação Física, no currículo escolar, a minha vontade de praticar

desporto e conhecer novas modalidades foi aumentando gradualmente. Foi

nestes dois anos que despontou o grande desejo para a minha vida profissional

futura, que passava por ser professor de Educação Física.

Um dos fatores que, em grande parte, contribuiu para ir atrás deste sonho

foi uma professora que tive, na disciplina de Educação Física, no 5º e 6º anos de

escolaridade. Esta era uma amante da prática desportiva e isso era transmitido

durante a realização das suas aulas. A professora sempre foi bastante exigente,

contudo, sendo esta uma das caraterísticas que alguns dos alunos não apreciam

muito, conseguia cativar os mesmos e obter o máximo de rendimento nos

exercícios propostos.

Ao longo dos anos, com a prática de várias modalidades nas aulas e com

a ajuda dos respetivos professores, a vontade em seguir a área da Educação

Física foi aumentando. Outro fator bastante relevante para a minha decisão foi o

desejo de transmitir os conhecimentos a crianças e jovens. Este grupo etário

sempre me despertou um grande interesse e apreço.

Nunca tive dúvidas da área profissional que queria seguir, e com a entrada

na Faculdade de Desporto, da Universidade do Porto, por certo, uma das mais

conceituadas a nível europeu, a minha vida tomou um rumo completamente

diferente e com uma alegria enorme que me fez chegar ao patamar onde estou

hoje.

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Apesar do meu grande sonho passar por ser professor de Educação Física,

tenho consciência que nos dias de hoje, e até nos próximos anos, não será fácil

exercer atividade dentro desta área. Mas não é isso que me faz desistir, e

porquê? Porque sempre foi isto que ambicionei ser, e para além do mais, os

tempos estão constantemente a mudar e com ele surgem novas oportunidades.

No domínio desportivo, aí sim posso dizer, com alguma modéstia, que

sempre tive grandes aptidões e habilidades para a prática de qualquer desporto.

Mas a minha verdadeira paixão sempre foi o futebol. Joguei futebol, durante 7

anos consecutivos, em dois clubes da cidade da Covilhã, anos esses que hoje

me deixam bastantes saudades e vontade de um dia, quem sabe, poder voltar a

jogar.

Com a realização do estágio pedagógico, na Unidade Curricular da

Metodologia de Treino-Futebol, foi-me proporcionado treinar uma equipa de

futebol, no escalão de benjamins sub-10, pertencente ao Sport Clube Salgueiros

08. Nunca me tinha passado pela cabeça poder vir a desempenhar funções de

treinador, mas com a experiência desenvolvida através da Unidade Curricular, o

meu conhecimento sobre a matéria envolvente aumentou e despertou-me outros

interesses que me poderão vir a ajudar num futuro próximo.

A vida pessoal, nos últimos quatro anos, não foi de todo a mais fácil, o que

acabou por afetar, em alguns momentos, a minha experiência académica. No

entanto, a vontade em querer ser mais e melhor nunca me deixou desistir ou

mudar o rumo da minha vida, e hoje posso agradecer aos meus pais e à minha

irmã a ajuda com que sempre me presentearam nos momentos em que mais

precisei para ser aquilo que sou.

No que diz respeito às minhas potencialidades, sempre consegui atingir os

meus objetivos, fossem eles ao nível escolar ou ao nível desportivo. Como referi

anteriormente, dou sempre o meu máximo para ser o melhor, ou pelo menos,

sair convicto de que fiz tudo para que a excelência fosse atingida. Uma das

minhas grandes caraterísticas passa pelo perfecionismo.

É verdade que gosto de fazer as coisas bem-feitas à primeira, e quando

isso não acontece logo, acabo por desmotivar. Mas este tem sido um aspeto que

tenho vindo a tentar melhorar. Vejo isto porque nem tudo na vida é fácil e só com

esforço, dedicação, vontade e persistência se conseguem alcançar os objetivos.

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O facto de ser um pouco introvertido e envergonhado não tem afetado a

minha capacidade de adaptação, integração e relacionamento com os outros em

diferentes meios. Considero esta uma boa forma de estabelecimento de relações

e vivências positivas no contexto escolar. Todas estas experiências e momentos

que marcaram a minha formação, tanto profissional como académica vão

continuar a influenciar a minha atuação na vida futura.

2. AS EXPETATIVAS DE UM LONGO CAMINHO

De acordo com Pimenta e Lima (2004) o estágio profissional é o eixo central

da formação de professores, pois, é através dele que o profissional conhece os

aspetos indispensáveis para a formação da construção da identidade e dos

saberes do dia-a-dia.

A realização do estágio profissional foi o momento pelo qual tanto ansiava,

e porquê? Como já foi referido, desde cedo tive a noção daquilo que queria ser

e seguir e sempre percorri o caminho, com mais ou menos obstáculos, atingindo

sempre os meus objetivos.

No início deste ano cheguei à fase mais desejada do percurso no ensino

superior, que passava por estar perante um grupo de jovens (turma) e poder

partilhar e transmitir conhecimentos para que estes pudessem evoluir, tanto na

sua formação pessoal, como na desportiva. Neste sentido, nunca foi minha

intenção desenvolver atividades para que os alunos viessem a ser profissionais

de uma ou outra modalidade, mas sim permitir que estes experimentassem,

vivessem e desenvolvessem capacidades em si e nos outros, com o objetivo de

eles perceberem quais são os seus limites e dificuldades, para que no futuro

possam continuar a ter hábitos de prática desportiva e um corpo ativo aliado a

uma vida repleta de bem-estar físico, mental e social.

A experiência adquirida, de certa forma, no âmbito da prática pedagógica

desenvolvida, na grande maioria das disciplinas, do ano transato, foi sem dúvida

fulcral para enfrentar o desafio que se chama estágio profissional.

A grande diferença que eu encontro da atividade desenvolvida na prática

pedagógica (desenvolvida no primeiro e segundo semestre do Mestrado em

Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário) para o ano de

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estágio reside no fato de, neste ano, termos estado “sozinhos” a lecionar a aula.

Esta é uma situação que, antes do ano letivo se iniciar, já me deixava algo

apreensivo, pois começava a imaginar a forma como iria abordar a turma, o que

os alunos podiam vir a pensar de mim e como eu, estando “sozinho”, iria

enfrentar certas dificuldades que pudessem vir a surgir no decorrer das aulas.

As minhas expetativas para a prática do estágio profissional foram as

melhores. Sempre tive curiosidade em ser responsável por uma turma, isto é, o

professor. Já tinha passado pela experiência de lecionar aulas, no primeiro ano

do mestrado, aquando das didáticas específicas, mas nada que se comparasse

com a experiência que nos é proporcionada com a realização do estágio.

Sabendo eu que ia ser colocado, para realizar o estágio profissional, na

Escola Secundária da Ribeira Grande, fiquei satisfeito e com boas expetativas

para enfrentar o novo desafio que iria surgir na minha vida. O ano de estágio

deve, acima de tudo, proporcionar ao professor estagiário um enriquecimento

em todos os níveis, de tal modo que se assume como o completar de um curso

e um início de uma carreira.

Não posso negar que, apesar de satisfeito por enfrentar uma nova cidade,

uma nova cultura, mas acima de tudo, uma nova realidade, o facto de entrar

novamente numa escola, desta vez para dar aulas e no momento em que iria

estar pela frente com a minha turma foi algo que me inquietou e me deixou

bastante apreensivo.

Este seria o momento em que iríamos ser “lançados” no terreno e tínhamos

de mostrar o nosso valor e as nossas competências. Depois de quatro anos de

formação inicial era agora que devíamos demonstrar o que tínhamos aprendido

e transformar o saber teórico em saber prático.

É certo que surgiram várias questões na minha cabeça acerca de como iria

ser a minha prestação nesta nova etapa. Parte dos pensamentos que me

invadiam prendiam-se com o seguinte: “Como será o funcionamento da escola?”,

“Como será o grupo de Educação Física e o relacionamento destes para

comigo?”, “Como será o professor cooperante e como irá ele ver o professor

estagiário?”, “Qual o ano e a turma que vou encontrar?”, “Como será que a turma

vai reagir ao facto de ter um professor estagiário?”.

O grande desafio e objetivo que eu tinha estipulado para a minha prática

profissional era ser um professor competente, ter conhecimento dos conteúdos

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abordados na disciplina de Educação Física e poder ser um modelo para todos

aqueles que iriam ser os meus alunos.

Outro desafio mas, desta vez, para com a minha turma, seria fazer com que

eles se motivassem com as aulas e com a prática desportiva, com o objetivo de

ultrapassarem as suas maiores dificuldades. Depois, a partir disto, conseguir

retirar o melhor aproveitamento das suas capacidades para que estes

evoluíssem tanto no plano pessoal, como no plano desportivo.

O professor tem uma grande dificuldade no início da sua carreira, pois,

além da insegurança e do medo próprio que estão inerentes a quem acaba de

ingressar numa determinada atividade, os professores iniciantes não se sentem

preparados para enfrentar uma sala de aula. Isto acontece porque quando

inseridos na prática profissional não sabem procurar, na teoria que aprenderam,

os elementos que os ajudem a organizar, desenvolver e a avaliar o seu trabalho

(Silva et al, 2013). No entanto, o professor tem de encontrar diferentes

estratégias para chegar aos seus alunos, formular a sua forma de abordar a

matéria, onde procura superar as dificuldades como forma de aprendizagem.

Enquanto professor estagiário tinha noção que à minha frente estava um

longo e duro caminho para percorrer, com muito trabalho para realizar. Contudo,

tinha a perfeita consciência que, sem ele, nada faria sentido e que para atingir o

grande sonho que eu tinha, de ser professor de Educação Física, era necessário

enfrentar esta grande experiência.

Agora que cheguei ao fim desta etapa, posso dizer que surgiram alguns

episódios menos bons, bem como atitudes e comportamentos menos

apropriados, o que, em alguns momentos, condicionou a minha atividade como

professor. No entanto, estas foram situações pontuais que fazem parte do

processo de estágio/formação, e como tal serviram para que a minha experiência

aumentasse, de tal forma, que no futuro possa enfrentar, quem sabe, momentos

parecidos e resolvê-los da melhor forma possível.

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Capítulo III

ENQUADRAMENTO DA PRATICA PROFISSIONAL

“Se há coisa que sempre sublinhei foi que as

pessoas não devem ter expetativas exageradas,

que a resolução das suas preocupações não é algo

que se faça de um dia para o outro.”

Nelson Mandela (1994)

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1. O ENQUADRAMENTO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL

O Estágio Profissional entende-se como um projeto de formação do

estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário

ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e

contextualizando o conhecimento no espaço escolar. O projeto de formação tem

como objetivo a formação do professor profissional, promotor de um ensino de

qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz

em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das

funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de organização e

gestão, investigativas e de cooperação.

O Estágio Profissional é uma unidade curricular integrada no segundo ano

do segundo ciclo conducente ao grau de mestre em Ensino da Educação Física

nos Ensinos Básico e Secundário, a sua estrutura e o seu funcionamento resulta

dos princípios oriundos das orientações legais do Decreto-lei nº74/2006, de 24

de Março e o Decreto-Lei nº 43/2007, de 22 de Fevereiro, e têm em conta o

Regulamento Geral dos segundos Ciclos da Universidade do Porto, o

Regulamento geral dos segundos ciclos da Faculdade de Desporto, da

Universidade do Porto e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de

Educação Física.

Neste sentido, o estágio decorre numa escola cooperante da Faculdade de

Desporto, Universidade do Porto (FADEUP), e funciona com a supervisão de

dois professores responsáveis. Um é denominado como professor cooperante e

é ele (a) que acompanha todo o nosso processo, realizado, no dia-a-dia, no

desenvolvimento do contexto de estágio. O outro professor (a) pertence à

faculdade e estabelece o elo de ligação entre o estudante estagiário e a escola

que nos acolhe.

O Estágio Profissional tem como objetivo promover a integração na vida

profissional de forma continuada e orientada, através da prática de ensino

supervisionada em contexto real. No início do ano de estágio/letivo é atribuída

uma turma, pelo professor cooperante, ao professor estagiário e este vai ser o

responsável por todo o processo de ensino-aprendizagem da sua turma.

O desenvolvimento de todo o trabalho desenvolvido pelo professor

estagiário é baseado nas áreas de desempenho que a seguir se descrevem:

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1. Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem;

2. Participação na Escola e Relação com a Comunidade;

3. Desenvolvimento Profissional.

A área 1 diz respeito às tarefas que estão inerentes ao processo de ensino,

sendo elas a conceção, o planeamento, a realização e avaliação do ensino. O

principal objetivo desta área passa por construir uma estratégia de intervenção,

orientada por objetivos pedagógicos, que respeite o conhecimento válido no

ensino da Educação Física (EF) e conduza com eficácia pedagógica o processo

de educação e formação do aluno na aula de EF.

A área 2 engloba todas as atividades não letivas realizadas pelo estudante

estagiário, tendo em vista a sua integração na comunidade escolar. O objetivo é

contribuir para a promoção do sucesso educativo, no reforço do papel de

professor de Educação Física na escola e na comunidade local.

A área 3 abrange atividades e vivências na construção da competência

profissional, numa perspetiva do seu desenvolvimento ao longo da vida

profissional. O objetivo desta área passa por perceber a necessidade do

desenvolvimento profissional partindo da reflexão acerca das condições e do

exercício da atividade, da experiência, da investigação e de outros recursos de

desenvolvimento profissional.

2. A ESCOLA COMO INSTITUIÇÃO

Desde sempre que a educação existe. Educar consistia em viver a vida do

dia-a-dia da comunidade. Segundo Coimbra (1989) aprendia-se fazendo, o que

tornava inseparáveis o saber, a vida e o trabalho.

Foi a partir da idade média que, na Europa, a educação se tornou produto

da escola e foi um conjunto de pessoas, sobretudo religiosos que se

especializaram na transmissão do saber. Nesta época, apesar do ensino ser

reservado às classes de elite, não havia distinção entre crianças e adultos.

A escola como instituição surge a partir do século XVII e está internamente

ligada ao capitalismo, pois, a partir da Revolução Industrial houve a necessidade

de haver um maior número de pessoas que soubessem ler, escrever e contar.

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Todavia, a burguesia percebeu que era preciso “socializar” e “educar” as

pessoas e, como tal, a escola surgiu com funções de incutir os valores, os

hábitos e as normas das classes a que os cidadãos pertenciam. Nesta época,

as escolas educavam em função da economia e da política e não tinham em

conta os alunos, ou seja, não se preocupavam em formar pessoas autónomas.

O papel da escola foi-se modificando ao longo dos anos, o que permitiu um

acompanhamento dos avanços e necessidades da sociedade, mudanças essas

que foram significativas para a população, principalmente, no que diz respeito ao

acesso da mesma ao ensino público. A escola tem como principal missão formar

cidadãos críticos, reflexivos, autónomos, isto é, pessoas conscientes dos seus

direitos e deveres, capazes de compreender a realidade em que vivem. De

acordo com Durkheim (2001), a escola deveria preparar os jovens, por meio dos

preceitos básicos, para a convivência na sociedade.

Contudo, qual a função básica da escola? Esta deve garantir a

aprendizagem de conhecimentos, habilidades e valores necessários à

socialização do indivíduo para que este saiba como integrar-se e atuar na

sociedade em que vive. Estas aprendizagens devem constituir-se em

instrumentos para que o aluno compreenda melhor a realidade em que está

inserido. Torna-se fulcral que a escola propicie o domínio dos conteúdos culturais

básicos, da leitura e da escrita, das ciências, das artes. A escola assume, assim,

o compromisso social de ir além da simples transmissão do conhecimento

sistematizado, preocupando-se em dotar o aluno da capacidade de buscar

informações, segundo as exigências, do seu campo profissional ou de acordo

com as necessidades de desenvolvimento individual e social, emergindo como

uma instituição fundamental para a constituição do indivíduo e para ele próprio,

da mesma forma que contribui para a evolução da sociedade e da própria

humanidade.

A escola precisa preparar os alunos para uma aprendizagem permanente,

que não se baseie na simples transmissão de conhecimentos, mas que promova

a continuidade mesmo após o término da vida escolar dos alunos. No entanto, a

mesma não está ao serviço de um projeto de ocupação, de guarda ou de

entretenimento das crianças. Está ao serviço de um projeto de aprendizagem.

Mas isso não quer dizer que alunos diferentes não possam chegar, a ritmos

diferentes, à mesma meta.

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Embora seja possível a observação de alguma melhoria nos últimos anos,

torna-se fulcral contextualizar a formação contínua nos projetos educativos de

cada escola, promovendo, como por exemplo, o sentido de escola/comunidade,

com o fim de criar estabelecimentos de ensino que saibam e queiram resolver

os problemas e os desafios a que se propuseram. Para Cardoso (2003), a

escola, além de um local de trabalho, é um local de formação, de inovação, de

cooperação e de metas comuns.

Assim, torna-se necessário que os professores na sala de aula se

preocupem em desenvolver determinadas habilidades intelectuais para que o

aluno possa ser capaz de criar uma aprendizagem autónoma. Os professores

devem ser capazes de criar situações nos alunos que promovam a reflexão,

análise, a crítica, a criação de relações sociais. Para isto acontecer, é preciso

que os docentes adotem metodologias participativas, desafiadoras,

problematizando os conteúdos e estimulando o aluno a desenvolver o seu

pensamento.

O conhecimento oferecido pela escola deve ser o da realidade, para que o

aluno se saiba situar no mundo real. Hoje em dia a escola dá especial atenção

às diferenças entre os alunos, promovendo desta forma a transmissão de

normas e valores aos seus educandos. É função social da escola propiciar a

formação destes valores. Contudo, os valores não podem ser ensinados, ou seja,

devem ser estimulados e vivenciados. É preciso que a escola e o próprio

professor funcionem como transmissores de valores e ideais. Segundo Pimenta

e Lima (2004), o professor é um profissional que ajuda o desenvolvimento

pessoal e intersubjetivo do aluno, sendo um facilitador do seu acesso ao

conhecimento.

Da existência de bons professores e do seu prestígio, depende, e muito, o

futuro das nossas escolas, quando todos sabemos que não há nada, nas

palavras de Nóvoa (2006), que substitua um bom docente. Saliente-se para que

ninguém duvide: o que decide o futuro de muitas crianças e jovens não são as

Leis, nem os programas, são, sim, os bons professores. Não temos dúvidas em

afirmar que o reforço do seu prestígio é determinante para qualquer programa

de melhoria da escola.

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3. ENQUADRAMENTO FUNCIONAL

3.1. A ESCOLA QUE ME ACOLHEU

A Escola Secundária da Ribeira Grande (ESRG) está localizada na

freguesia da Matriz do concelho da Ribeira Grande. É um concelho com

179,5km2, e que possui cerca de 30mil habitantes, distribuídos por 14

freguesias.

Do ponto de vista económico, o concelho é um dos mais importantes do

arquipélago. Nele desenvolvem-se atividades agrícolas e industriais. Há ainda

empresas ligadas à construção civil. Quanto ao setor turístico, este concelho

apresenta um lugar de destaque na economia do mesmo, mas pode vir a ter

algum desenvolvimento devido à existência de locais privilegiados para a prática

turística.

Esta escola, apesar de estar localizada numa cidade, apresenta

caraterísticas predominantemente rurais. Estas caraterísticas traduzem-se em

vivências socioeconómicas e culturais orientadas por baixos padrões, onde há

uma limitação das aspirações por parte dos alunos ao nível escolar, resultando

inúmeras vezes em insucesso e abandono escolar. Todas estas caraterísticas

fazem com que esta escola esteja a tomar o caminho menos desejado. Cada vez

mais existem turmas do currículo não regular e isso é visível na mentalidade, nos

comportamentos e atitudes evidenciados pelos alunos. O facto de grande parte

dos alunos serem oriundos de famílias com baixos níveis escolares e

socioeconómicos resulta numa diminuída importância que é dada pelos

encarregados de educação aos seus filhos.

Com esta passagem, pela ESRG, apesar de ter vivenciado e ter

conhecimento de situações menos positivas no seio de alguns agregados

familiares, usufruí de todas as condições necessárias para a realização de um

bom ano de estágio. Sem dúvida que esta vivência me serviu como ponto de

partida para uma vida repleta de desafios, onde pude evoluir, tanto como pessoa

como na função de professor.

A ESRG possui no topo da sua estrutura orgânica os órgãos de gestão e

administração da escola, constituídos; pela Assembleia de Escola (órgão de

participação e representação da comunidade educativa), o Conselho Executivo,

Conselho Pedagógico e Conselho Administrativo. Com o objetivo de levar o

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percurso dos alunos ao sucesso escolar, interagem em parceria com o conselho

pedagógico e conselho executivo, as seguintes estruturas:

Departamentos curriculares, compostos pelos coordenadores de

departamentos e professores das disciplinas;

Coordenação de diretores de turma, constituído pelo coordenador dos

diretores de turma do ensino básico, conselho de turma do ensino básico,

coordenador dos diretores de turma do ensino secundário, conselho de

diretores de turma do ensino secundário, coordenador dos diretores de

turma dos cursos profissionais, conselho dos diretores de turma dos cursos

profissionais; coordenador dos diretores de turma do programa

oportunidade, conselho dos diretores de turma do programa oportunidade;

Conselhos de turma onde estão presentes o diretor de turma, os

professores da turma, o delegado de turma e o representante dos pais e

encarregados de educação;

Nos serviços especializados de apoio educativo estão o serviço de

psicologia e orientação, o núcleo de educação especial e a equipa

multidisciplinar de apoio socioeducativo.

Na escola estão ainda presentes outras estruturas que têm como objetivo

responder às exigências pedagógicas e de funcionamento, sendo elas: o

encaminhamento disciplinar, as escolas digitais, autoavaliação da Escola,

secretariado de exames, comissão de coordenação da avaliação do

desempenho docente e equipa de promoção de saúde em meio escolar. A

população estudantil é proveniente de todo o concelho, pois esta é a única escola

secundária. No ano letivo de 2013/2014 o número de alunos matriculados nos

diferentes níveis de ensino foram 1246, distribuídos por 62 turmas.

No que diz respeito às instalações, pode-se dizer que esta escola oferece

umas infraestruturas fantásticas que têm tudo para proporcionar um percurso

académico de qualidade. Quanto às instalações desportivas a escola funciona

em articulação com o Complexo Desportivo da Ribeira Grande.

A escola possui um pavilhão onde se podem praticar vários tipos de

modalidades como é o caso do futsal, voleibol, basquetebol, badminton e

andebol, enquanto o Complexo Desportivo é detentor de um pavilhão com as

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medidas regulamentares para provas oficiais; anexos a este pavilhão encontram-

se: uma sala de judo e uma sala de ginástica que possui aparelhos como trave

olímpica, paralelas, colchões de queda, plinto, trampolins (trampolim reuther,

mini trampolim e trampolim sueco) e colchões de ginástica; paralelos a estas

instalações estão um campo sintético de futebol de 11, onde podem ser

praticadas as modalidades não só de futebol, mas também de rugby e basebol;

uma pista de atletismo de 200m com duas caixas de areia onde se pode executar

salto em comprimento e uma vasta zona de lançamentos onde se pode, caso os

professores desejem, realizar qualquer tipo de lançamento, seja ele do peso, do

martelo ou do dardo; por último existem ainda dois campos sintéticos onde se

pode realizar futsal e andebol.

Estas são instalações, todas elas, com grande nível de qualidade e que

proporcionam, da melhor forma, uma melhor rentabilização do processo ensino-

aprendizagem. Só com todo este número de instalações, e devido a um sistema

de rotação bem elaborado e organizado, é possível ter tantos professores a

lecionar aulas de Educação Física ao mesmo tempo. O que, por vezes, acontece

é que chegam a estar oito professores a lecionar nos mesmos segmentos.

A existência de um roulement de instalações bem-estruturado e elaborado

pelo Departamento de Educação Física e Desporto, e também o bom senso

verificado por grande parte dos docentes do Departamento contribuem, de forma

positiva, para o aproveitamento de todas as instalações que a escola tem ao seu

dispor, proporcionando, desta forma, uma maior rentabilização do processo

ensino-aprendizagem.

É certo que estas são condições que muito poucas instituições de ensino

possuem, e que isso acaba por condicionar a lecionação das aulas de Educação

Física. Por vezes, estas são caraterísticas que acabam por resultar num fraco

processo de transmissão de conteúdos. Contudo, a situação que me foi

proporcionada, ao longo deste ano de estágio, a nível de instalações escolares

contribuiu, em grande parte, para um caminho repleto de boas aprendizagens e

grandes desafios.

3.2. O DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO

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Relativamente ao Departamento de Educação Física, posso dizer que fui

bem recebido e incluído no seio do mesmo. Como é normal, alguns professores

reagem melhor que outros ao facto de haver estagiários no grupo de docentes

da disciplina, no entanto todos me colocaram sempre à vontade para propor

atividades e para questionar o que quer que fosse.

Uma das coisas que senti, pela positiva, foi a boa aceitação por parte dos

restantes docentes do departamento que possibilitaram, sem criarem qualquer

tipo de resistência e constrangimento, que os estagiários assistissem e

participassem em todas as reuniões do departamento.

O mesmo se fez sentir na comunidade escolar. A grande maioria dos

docentes e auxiliares de ação educativa mostraram-se, desde cedo, recetivos

para ajudar, dando o apoio necessário para a concretização do meu estágio.

As conversas de corredor ou até de intervalo que surgiam entre mim e a

restante comunidade escolar fizeram, na grande maioria dos momentos, com

que eu me sentisse já parte integrante da grande esfera docente. Estas foram

situações que me permitiram refletir e analisar a razão de ter seguido esta área

(docência/ensino) e que me fazem, a cada dia que passa, perceber um pouco

mais do mundo escolar.

3.3. A MINHA PRIMEIRA TURMA

Antes do ano letivo se iniciar foi-me atribuída, pelo professor cooperante,

uma turma de 11º ano, que estava integrada no curso de Línguas e

Humanidades. Esta era uma turma constituída por 21 alunos, sendo que 5 eram

do sexo masculino e 16 do sexo feminino. A idade dos alunos presentes nesta

turma variava entre os 15 e os 19 anos. Esta variação de idades era uma

situação que me deixava algo preocupado, mas que se revelava um dado já

habitual nas diversas turmas desta escola.

No que diz respeito à atuação da turma nas aulas, tal como grande parte

dos meus colegas estagiários, o meu desejo era encontrar alunos interessados

em adquirir novos conhecimentos e motivados para a prática desportiva, e que

tivessem comportamentos adequados ao contexto em que estavam inseridos. É

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certo que não há professores nem alunos perfeitos, mas cabe, neste caso, ao

professor adaptar-se às caraterísticas de cada aluno e moldá-las para que possa

tirar o melhor aproveitamento de cada um deles. Algum receio que estava

presente em mim, no início do ano letivo, passava por tentar saber de que forma

os alunos iriam olhar e comportar-se perante um professor estagiário. Tudo não

passou de uma apreensão inicial, e isso foi-se verificando ao longo das aulas. A

turma era bastante calma, aderia com entusiasmo às atividades propostas e até

achavam alguma piada ao facto de terem um professor quase da idade deles a

lecionar as aulas.

Relativamente à prestação motora dos alunos, é de salientar que esta era

uma turma que apresentava algumas dificuldades na grande maioria das

modalidades desportivas. Apesar das dificuldades, que foram sendo verificadas

desde a primeira aula, a turma mostrou-se sempre predisposta nos exercícios

propostos e com vontade de superar as suas adversidades. À medida que o

tempo foi passando fui-me apercebendo que não podia esperar muito da turma,

isto é, os exercícios que foram propostos e delineados não podiam ir além do

nível introdutório e elementar, variando de modalidade para modalidade.

Os alunos, de uma forma geral, apresentavam grandes lacunas em

determinados exercícios base de certas modalidades. Este foi um dos pontos-

chave que fez com que todo o planeamento fosse pensado ao pormenor

aquando da realização das unidades didáticas. Outro aspeto que contribuiu de

forma determinante, aquando da elaboração do planeamento foi a cultura da

turma.

No início do ano letivo foi feita uma caraterização da comunidade educativa.

Um dos aspetos que, desde cedo, me chamou a atenção foi a importância e

motivação com que os alunos desta escola/meio se apresentam nas aulas,

nomeadamente na disciplina de Educação Física. Contudo, depois de perceber

o nível de algumas das capacidades motoras, no início do ano, nos alunos da

minha turma fui-me apercebendo que, apesar das dificuldades que estes

manifestavam na prática desportiva, a vontade, a ânsia de aprender e o querer

fazer melhor estavam sempre presentes.

Fazendo uma comparação entre o nível de aproveitamento dos rapazes e

das raparigas, posso dizer que o sexo feminino, de uma forma geral, apresentava

melhores níveis de habilidades motoras do que o sexo masculino.

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Os momentos vividos com a turma, os jogos tradicionais que alguns alunos

me propuseram para conhecer certas tradições da ilha de São Miguel e outras

situações e vivências mais particulares com um ou outro aluno foram bastante

marcantes para o meu ser. Pois, com estas aprendizagens foi possível aumentar

as relações interpessoais com os alunos e desenvolver conhecimentos relativos

ao meio em que estive inserido, situações estas que ajudam ao envolvimento do

professor no contexto social.

3.4. O NÚCLEO DE ESTÁGIO E A ATUAÇÃO DO PROFESSOR

COOPERANTE

Quanto ao núcleo de estágio, infelizmente não pude contar com colegas da

FADEUP na escola em que realizei o mesmo. Esta foi uma situação que, ao

longo do ano, me causou uma certa tristeza porque não tinha ninguém com quem

pudesse conversar, conviver, dinamizar atividades e trabalhos, e trocar

informações sobre os conteúdos do estágio profissional.

No entanto, existiu um núcleo de estágio proveniente da Universidade

Lusófona de Lisboa. O facto de não sermos da mesma faculdade não causou

grande inconveniente, na medida em que houve uma mútua e constante troca

de informações e experiências que se tornaram uma mais-valia para o nosso

processo de formação.

No decorrer do ano letivo foram realizadas algumas atividades que

contaram com a organização do Departamento de Educação Física e Desporto.

Contudo, e apesar de existirem dois núcleos de estágio dentro do nosso grupo

curricular foram feitas propostas pelo coordenador de departamento para que as

mesmas fossem dinamizadas pelos três estagiários. É certo que os

regulamentos que orientam os dois processos de estágio variam bastante, no

entanto nunca foi impedimento que os dois núcleos trabalhassem e se

envolvessem para cumprir os objetivos de determinadas atividades.

Por vontade/apoio do coordenador de departamento e também da

professora cooperante do núcleo de estágio da Lusófona houve duas atividades

que tiveram grande envolvimento de todos os estagiários, sendo elas: o Torneio

“School Volei” e a Semana da Educação Física. Estes foram momentos que

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permitiram uma grande troca de ideias entre os elementos organizadores e que

contribuíram para que todos nós, enquanto professores estagiários, tivéssemos

a experiência de organizar atividades para a comunidade educativa e

vivêssemos de perto todo o processo de organização de eventos desportivos

escolares.

Tal como afirma Nóvoa (2009), a formação de professores deverá fazer

valer o trabalho em equipa e o exercício coletivo da atividade profissional, pois é

com a ajuda e saber de todos que se transforma o conhecimento de um só. Este

foi um fator importante na realização do estágio porque, a convivência entre os

dois núcleos, contribuiu também para a realização, em conjunto, de atividades

no âmbito da nossa disciplina.

Relativamente à atuação do professor cooperante, este é uma pessoa em

quem eu depositei sempre grande confiança. O professor mostrou-se, em todos

os momentos, disponível para ajudar e acompanhou, sempre de perto, todo o

meu percurso relacionado tanto com a atividade do estágio, bem como, da minha

vida pessoal. Os conselhos transmitidos, a partilha de conhecimentos e as

experiências vividas que me foram dadas só se alcançaram com a ajuda do

professor cooperante. Quero salientar, também, a liberdade e as oportunidades

proporcionadas para que a minha atuação como professor fosse melhorando de

dia para dia.

4. ENQUADRAMENTO CONCETUAL

4.1. O QUE É SER PROFESSOR?

Numa perspetiva sociológica, segundo Fontes (s.d.), o conceito de

Profissão constitui um "constructo", dada a dificuldade em detalhar os seus

atributos. Contudo quando falamos em profissão, referimo-nos a uma atividade

especializada dentro da sociedade, geralmente exercida por um profissional. Os

atributos de algumas profissões pioneiras transformaram-se em requisitos para

todas as atividades profissionais, tendo estas que possuir para tal efeito: um

saber especializado, uma orientação de serviço, um código deontológico e uma

associação profissional.

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Todas as profissões são determinadas por um conjunto largo de

conhecimentos, habilidades e capacidades para agir na sua área de ação, no

entanto, cada uma acaba por necessitar de conhecimentos específicos e

devidamente estruturados para poder agir de forma eficaz. Neste sentido, um

bom profissional, nomeadamente os que estão ligados à área da educação, deve

possuir as seguintes características (Nóvoa, 2008):

Conhecimento – o professor deve conhecer bem aquilo que ensina,

conduzir os alunos à aprendizagem, pensar na aquisição e na

compreensão do conhecimento;

Cultura profissional – ser professor é compreender os sentidos da

instituição escolar, integrar-se numa profissão, aprender com os colegas

mais experientes; é na escola e no diálogo com os outros professores que

se aprende a profissão; o registo das práticas, a reflexão sobre o trabalho

e o exercício da avaliação são elementos centrais para o aperfeiçoamento

e a inovação;

Tato pedagógico – no ensino, as dimensões profissionais cruzam-se

sempre, inevitavelmente, com as dimensões pessoais;

Trabalho em equipa – os novos modos de profissionalidade docente

implicam um reforço das dimensões coletivas e colaborativas, do trabalho

em equipa, da intervenção conjunta nos projetos educativos de escola;

Compromisso social – engloba os princípios, os valores, a inclusão social

e a diversidade cultural. Educar é conseguir que a criança ultrapasse as

fronteiras que, tantas vezes, lhe foram traçadas como destino pelo

nascimento, pela família ou pela sociedade.

Ser professor é um processo que se desenvolve no tempo. Começa antes

de iniciar o processo de formação e prolonga-se ao longo da vida.

Como é sabido, a docência exige do professor um conjunto alargado de

conhecimentos específicos da área, assim como, de um leque de caraterísticas

que se tornam fundamentais no dia-a-dia do profissional docente e que permitem

o desempenho da sua atividade de forma mais correta, objetiva e eficaz.

As significações sobre a docência e sobre o professor são construídas

muito antes de entrar numa sala de aula, pois temos uma representação do que

seja um professor com base nos saberes construídos ao longo das nossas

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histórias de vida, onde as experiências refletem comportamentos, valores,

posturas profissionais e pessoais, que são os nossos primeiros saberes

construídos sobre a docência.

Esta prática representa um desafio e exige conhecimentos, competências

e preparação específica para o seu exercício. De acordo com Pimenta (2008),

os saberes da docência prendem-se com a experiência, o conhecimento e os

saberes pedagógicos, uma vez que funcionam como colaboradores na

construção da identidade do professor.

Desta forma, ser ou tornar-se professor perpassa caminhos incertos,

ambíguos e desconhecidos, onde cada um vai construindo a sua maneira de ser

e estar na profissão. Para Zabalza (2004), a aprendizagem profissional da

docência está relacionada com as nossas experiências e como as organizamos.

Atendendo à multiculturalidade existente nas escolas, e às mais diversas e

distintas caraterísticas pessoais dos alunos, o professor deve ser um profissional

capaz de perceber essas diferenças e caraterísticas individuais de cada um, de

forma a conseguir adaptar-se, e adaptar a sua forma de ensino às exigências

colocadas em cada momento.

Para além desta capacidade de adaptação, é fundamental para o docente,

ser flexível, atento às situações e ao contexto em que está inserido, e por vezes,

ter a capacidade de ultrapassar a barreira do trabalho escolar, sendo uma figura

importante para o aluno num contexto mais pessoal. Esta vertente de apoio

pessoal ao aluno é importante de forma que este sinta que tem no professor um

auxílio e alguém disponível para apoiar em questões extra curriculares que

demonstrem ser importantes para o seu desenvolvimento.

Num outro contexto torna-se necessário que o professor seja proactivo, que

procure o conhecimento e atualize constantemente o seu saber. É fundamental

acompanhar as mudanças inerentes à profissão docente, para que seja possível

proporcionar o melhor ensino possível aos seus alunos.

A constante evolução da sociedade e a exigência de os professores

conseguirem dar resposta às suas necessidades também implicam uma abertura

à inovação por parte dos profissionais da educação. Os professores têm de

desenvolver uma vertente autodidata, investigar com autonomia, obter

conhecimento teórico sobre a sua ação, refletir. A formação não tem fim, logo a

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aprendizagem deve ser contínua. Esta é uma forma que permite ao professor

desenvolver-se enquanto ser humano e profissional da educação.

Outra caraterística muito importante para o professor é a capacidade de

saber ouvir. A experiência dos colegas de profissão é muito importante para o

processo de evolução do professor, uma vez que, as dúvidas que vão surgindo

no quotidiano podem ter uma resposta ou pelo menos um auxílio que encaminha

para essa mesma resposta, através de situações vivenciadas por colegas

docentes.

Esta capacidade de saber ouvir, leva a outras duas caraterísticas

fundamentais para ser um bom professor: saber trabalhar em equipa e ter um

bom espírito de grupo. Sendo a escola um local onde existe um grande número

de profissionais é necessário para além de saber ouvir, saber trabalhar em

equipa, de forma a encontrar soluções e mecanismos, que proporcionem uma

melhoria no ensino ministrado, assim como, estratégias para atingir um elevado

nível de qualidade enquanto docente.

Em suma, para ter qualidade um professor deve conter conhecimento em

3 domínios: o saber; o ser; e o fazer. É necessário um saber especializado dos

conteúdos a lecionar, ter uma base teórica que o apoie nas suas ações. Estas

ações traduzem-se na prática, pelo que deve agir corretamente, o saber-fazer.

Paralelamente ao saber e ao fazer emerge o ser do docente. As características

pessoais do professor são muito importantes no seu quotidiano profissional, isto

é, há que saber estar de acordo com o ambiente em que se insere.

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4.2. O PROFESSOR ESTAGIÁRIO NUNO ABREU

Ser professor não é, de todo, uma tarefa fácil, pois tem de haver uma

constante preocupação com aspetos relacionados com o processo de ensino-

aprendizagem, a relação com a comunidade escolar e todo o desenvolvimento

profissional a que o professor deve estar sujeito.

O professor de hoje em dia difere, em muito, daquele que era o professor

do antigamente. Este último passava uma imagem de medo e receio aos seus

estudantes e todo o erro era punível com castigos, por vezes, dolorosos. Como

afirmam Fullan e Hargreaves (2001), os professores são muito mais do que um

conjunto de conhecimentos e competências. Nos dias de hoje, o professor não

é só um transmissor de conhecimentos, mas também se assume como um

psicólogo, um amigo e, em alguns casos, como uma pessoa da família. Teixeira

(1993, p.443) salienta que “o professor é um ser de relação numa profissão de

relação”.

Durante o meu processo de estágio senti, em alguns momentos, que estava

a exercer funções que iam para além da “simples transmissão de conteúdos e

conhecimentos”. Este foi um ano que vai ficar para sempre na minha memória,

não só pelas vivências que emergiram do processo de estágio, mas também por

ser, quem sabe, o primeiro ano de uma vida profissional que tanto ambiciono,

isto é, ser professor de Educação Física (EF). Durante o decorrer deste ano

houve uma constante supervisão, do meu trabalho realizado no dia-a-dia, por

parte do professor cooperante. Contudo, mesmo com todo este

acompanhamento do professor cooperante (PC) durante as aulas, esteve

presente, em alguns instantes, o sentimento de que eu era o único professor

responsável pela dinâmica das aulas e consequente atuação da turma.

A realização de outras tarefas como foi o caso de escrever sumários,

marcar faltas e justificação de faltas no âmbito do papel desempenhado na

direção de turma tornaram-se importantes para a minha formação e realização

enquanto pessoa e professor. Apesar de serem tarefas sempre desempenhadas

em par pedagógico com o PC a minha satisfação por realizar as mesmas era

notória.

No decorrer de toda esta caminhada foram acontecendo outras situações

que me deixaram particularmente feliz e que fizeram com que me sentisse,

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apesar de ser um professor estagiário, parte integrante e um membro ativo da

grande comunidade escolar. Uma das situações que recordo deve-se ao facto

de entrar na sala de professores e ser sempre recebido com agrado e respeitado

por todos os docentes e auxiliares da escola. Todos os elementos que referi atrás

tinham conhecimento de que eu estava a realizar o meu estágio profissional e

sempre se mostraram disponíveis para ajudar naquilo que fosse preciso para

que o meu estágio e a minha passagem pela ESRG fosse o mais positiva

possível.

Outros momentos dizem respeito ao facto dos auxiliares de ação educativa

me tratarem por “senhor professor” ou “professor Nuno” sempre que me dirigia

a eles para tratar de algum assunto, e os professores da escola me tratarem por

“colega”. Estas são palavras simples mas que fazem muita diferença no interior

de quem as recebe e, principalmente, para um professor estagiário, que inicia o

seu percurso na carreira docente.

Uma das situações mais marcantes, para mim, enquanto professor foi a

presença nas reuniões de Conselho de Turma e de Departamento. Como é

sabido estes são momentos restritos, e nestas ocasiões senti que fazia

realmente parte do grupo de professores da escola.

Todas estas situações deram-me um prazer especial e uma alegria enorme

por estar a enveredar no caminho de professor.

4.3. A IMPORTÂNCIA DA REFLEXÃO E O PROFESSOR REFLEXIVO

Como afirma Moretto (2007), o professor deve proceder à reflexão para

planear o seu ensino. Pois, só a partir do ato reflexivo sobre a prática continuada

é que o seu trabalho evolui. Quando reflete sobre o ensino o professor procura

identificar o que, de bom e mau, aconteceu na sua atuação para determinar

estratégias que possam dar resposta às lacunas identificadas. À medida que um

profissional vai evoluindo na sua capacidade de refletir, melhora também a

construção do seu planeamento.

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Fazendo uma ligação para aquilo que sucedeu durante este ano posso

dizer que no início as reflexões que elaborava eram muito descritivas no sentido

de dar importância como os exercícios/tarefas se desenrolavam, no entanto, não

era a melhor forma de refletir porque não me ajudava a perceber o que tinha

errado, o que tinha melhorado e o que tinham contribuído para a melhoria da

turma em determinadas matérias.

O tempo foi passando e com ele fui tendo a consciência que deveria

procurar soluções para que a lecionação de cada aula contribuísse para o

desenvolvimento das minhas competências profissionais. A reflexão assumiu um

elemento preponderante na realização deste estágio profissional porque quando

surgia um erro na minha atuação era “obrigado” a parar, pensar e descobrir uma

solução de forma enfrentar a situação menos boa que tinha acontecido. Quando

enfrentava uma dificuldade era um sinal para repensar as estratégias e modos

de atuação que tinha delineado com o objetivo de me reajustar às situações da

prática. Quando me deparava com uma situação bem conseguida e de sucesso

era sinal que o planeamento e as estratégias pensadas e executadas foram as

indicadas para aquele momento de atuação, contudo foi importante fazer o

registo refletido dessas situações, visto que há sempre possibilidade de fazer

melhor.

A reflexão e o ato de refletir destacaram-se como ferramentas cruciais para

o desenvolvimento do meu processo de formação porque foi através dela que

evoluí como professor encontrando soluções para os meus erros, e perceber de

que forma poderia melhorar a minha forma de atuar.

O estágio supervisionado remete para o desenvolvimento do professor

reflexivo, no professor estagiário, para que este tenha consciência das

facilidades e dificuldades que vai encontrando ao longo do seu caminho. Com

isto, o professor deve procurar soluções para continuar a resolver os problemas

com que se vai deparando.

Segundo Schõn (1992) podemos ainda refletir sobre a “reflexão na ação”

porque é desta forma que o profissional progride no seu desenvolvimento e

constrói a sua forma pessoal de conhecimento. Ainda na linha de pensamento

deste autor existem três tipos de reflexão: a “reflexão na ação”, que ocorre

durante a prática; a “reflexão sobre a ação”, que acontece depois da prática; e a

reflexão sobre a “reflexão na ação”, que consiste em olhar retrospetivamente

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para a ação e refletir sobre o que o profissional observou, que significado atribui

e o sentido que pode atribuir ao que aconteceu. É através da reflexão que o

profissional cresce e aprende a estar preparado para enfrentar novos desafios.

Neste modelo prático reflexivo, a teoria e a prática encontram-se

interligadas. É através da reflexão sobre a prática que (re) construímos novos

saberes e atenuamos a distância entre a teoria e a prática (Silva, 2009). Ao longo

das suas atuações o professor tem que elaborar os seus próprios juízos sobre o

que deve ou não fazer. São eles (professores) os responsáveis por tomar

decisões tendo em conta os seus conhecimentos.

Segundo Rodrigues (2001, p. 9) “a reflexão não é um processo natural e

requer muito tempo”. Seguindo esta afirmação, a reflexão para ser desenvolvida

tem de ser estimulada e trabalhada de forma autónoma e consciente,

ressalvando uma capacidade mais questionadora. A reflexão surge, desta forma,

da curiosidade sobre a prática docente, procurando razões, explicações e

soluções para a ação que aconteceu. Este pensamento é corroborado por Silva

(2009), que acredita que é através da reflexão que o professor encontra soluções

que o tornem capaz de dar resposta às diferentes situações que vai enfrentando.

Batista (2008) reforça que é importante que os processos de formação

inicial trabalhem a reflexão como forma de dar resposta às ações que os

docentes vão realizando. Desta forma, a formação inicial deve dotar os

estagiários de comportamentos intencionais que conduzem a uma prática

reflexiva. O estagiário deve adotar uma atitude de questionamento, procurar

soluções e estratégias no exercício da sua atividade promovendo a reflexão na

ação, a reflexão sobre a ação e a reflexão sobre a reflexão na ação (Schõn,1983

e 1991).

No processo de desenvolvimento da capacidade de refletir do estagiário é

o professor cooperante quem assume um papel determinante no

acompanhamento, supervisão e orientação do estágio, visto que é ele o

elemento que interage de forma sistemática no dia-a-dia na escola (Silva, 2009).

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4.4. A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Nas aulas de Educação Física a figura do professor torna-se mais

importante do que o que acontece nas outras disciplinas. E porquê? É na nossa

disciplina que se estabelece um elo de ligação mais próximo e mais afetivo entre

o professor-aluno, onde inclui os relacionamentos interpessoais e o convívio em

harmonia nas diversas atividades propostas, quer sejam corporais ou culturais.

Como refere Zuanon (2006), quando estamos na sala de aulas as relações

interpessoais ficam mais restringidas, ou seja, acabam por funcionar de uma

maneira mais formal. O professor e os alunos desenvolvem um modo de se

relacionar, estabelecendo ordem nas suas relações.

Antes do ano letivo se iniciar já me questionava sobre como iria ser a minha

turma, a que ano pertenceria, se teria alunos com atitudes e comportamentos

não apropriados ao contexto escolar, e se eu, enquanto professor estagiário, iria

conseguir controlar todas essas situações que pudessem vir a acontecer.

No primeiro dia de aulas foi feita uma breve apresentação do professor

cooperante à turma acerca da minha pessoa, isto é, “quem eu era e o que estava

ali a fazer”. De seguida o professor passou-me a palavra e foi aí que iniciei o

primeiro diálogo com a turma, onde me apresentei referindo o meu nome, de

onde vinha, a faculdade que estava a representar e quais as minhas expetativas

para o ano que se estava a iniciar.

De acordo com Gadotti (cit. por Silva, 2005), “o educador para pôr em

prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve

antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo

um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida.” Naquele

momento o meu pensamento recaía sobre a minha posição enquanto professor

estagiário, isto é, eu estava ali com o objetivo de transmitir os meus

conhecimentos aos alunos, para que estes pudessem disfrutar de novas

aprendizagens e refletirem sobre as suas ações e práticas. Ao mesmo tempo

pretendia aprender e evoluir com a minha nova turma, tanto a nível pessoal como

profissional, para que este processo de estágio se tornasse enriquecedor para o

meu futuro. Para isto acontecer tornou-se necessário um diálogo constante ao

longo do ano que me permitiu conhecer uma realidade, de certa forma, distinta

daquela que eu vinha habituado. Na linha de pensamento de Freire (1996, p.21)

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o “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua

produção ou a sua construção.”

Após esta pequena apresentação foi notória em algumas expressões dos

alunos que este não ia ser um ano fácil. Alguns alunos, nomeadamente aqueles

que não gostavam tanto da disciplina de EF, manifestavam a sua opinião

referindo que iriam ter exercícios mais complexos, que o professor não iria ser

tão tolerante. Estas opiniões surgiram devido à situação de terem um professor

estagiário a lecionar-lhes aulas. Da minha parte e ouvindo estas primeiras

impressões, logo no primeiro dia, fiquei entusiasmado para começar as aulas “a

sério” e mudar a opinião que lhes invadia os pensamentos, pois tinha a certeza

que novas ideias e formas de estar diferentes, como as que eu iria transmitir,

podiam ajudá-los a crescer como alunos e como pessoas. De acordo com Abreu

& Masetto (1990, p.115), “é o modo de agir do professor na sala de aula, mais

do que as suas caraterísticas de personalidade, que colabora para uma

adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada

conceção do papel do professor que, por sua vez, reflete valores e padrões da

sociedade”.

No tocante ao primeiro contacto que tive com a turma posso dizer que foi

bastante positivo, na medida em que a apresentação correu bem, pois os alunos

prestaram atenção a todas as informações que lhes fui transmitindo. A impressão

com que eu fiquei da turma também foi bastante boa, pois aquilo que tinham

demonstrado era serem alunos calmos e bem comportados, o que refletia um

bom princípio.

Ao longo do primeiro período consegui estabelecer uma relação afável e

respeitadora com os alunos, o que permitiu o cumprimento dos planos de aula

elaborados previamente, adotando estratégias de atuação específicas, de

acordo com as atitudes e comportamentos evidenciados pelos alunos. Estas

estratégias passaram pela explicação, mais do que uma vez, do mesmo

exercício e exemplificando as vezes que fossem necessárias para que os alunos

entendessem o objetivo dos exercícios.

Algumas vezes senti dificuldade em mostrar aos alunos que, embora não

gostassem de determinada modalidade ou exercício, era importante que se

esforçassem e aplicassem na execução do mesmo para serem cada vez

melhores enquanto alunos e pessoas, e não só para terem boa nota. Contudo,

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eu tinha a perfeita noção de que essa responsabilidade também passava por

mim para que os alunos se motivassem e passassem a gostar das aulas

realizadas. Seguindo o pensamento de Freire (1996, p.96), “o bom professor é o

que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até à intimidade do movimento do

seu pensamento. Sua aula é assim: um desafio e não uma cantiga de dormir.”

Concordando com esta afirmação acrescento que o professor deve ser capaz de

motivar os alunos, de os “trazer para cima” num dia menos bom e fazer com que

as capacidades de cada um sejam valorizadas.

À medida que as aulas foram decorrendo, e segundo as informações que

eu ia obtendo acerca das prestações e motivações dos alunos, tornou-se mais

fácil ir ao encontro das necessidades da turma e perceber quais as estratégias

que deveriam ser utilizadas para retirar o melhor aproveitamento de cada aluno.

Segundo Morales (2001, p.49), “a relação professor-aluno é complexa e

abarca vários aspetos; não se traduzindo numa fria relação didática nem numa

relação humana calorosa.” A minha opinião corrobora inteiramente a afirmação

do autor e onde descrevo a seguinte passagem: uma situação que acabou por

confundir alguns pensamentos em certos alunos da turma foi a diferença de

idades que havia entre o professor estagiário e os alunos. Nunca houve

situações negativas nem comportamentos que colocassem em causa o meu

desempenho enquanto professor desta turma, contudo era visível que dois ou

três alunos com quem eu me relacionava melhor fora das aulas e até mesmo

fora da escola, por vezes proferiam certos comentários e tomavam até atitudes

que não eram tão bem compreendidos pela restante turma. Após verificar esta

situação, na última aula do primeiro período, senti necessidade de chamar a

atenção à turma em geral e vincar a minha posição enquanto professor.

Tendo em conta as minhas caraterísticas pessoais, a forma como penso e

como me relaciono com quem me rodeia, esta não foi uma situação fácil de gerir,

no entanto tive consciência de que seria necessário intervir no sentido de

continuar a ser mantido o respeito entre as duas partes. Posto isto, esta foi uma

situação que aconteceu isoladamente e não teve repercussões em atividades

futuras. Outro momento que se verificou já nas últimas aulas do ano letivo foi um

episódio, por parte de um aluno de quem eu jamais esperaria essa atitude. Na

aula de avaliação sumativa de andebol este aluno colocou em causa a minha

prestação enquanto professor referindo mesmo: “o professor não sabe controlar

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a turma”; “isto não são exercícios que se façam numa avaliação”; “o professor

não presta a devida atenção aos exercícios”. Depois de ter proferido estes

comentários eu, enquanto professor, não tive outra solução se não pedir ao aluno

que saísse, marcando-lhe falta. Esta atitude causou alguma perturbação até ao

final da aula, contudo tentei abstrair-me do episódio sucedido e continuar a aula

mantendo os restantes alunos empenhados na realização dos exercícios.

Após o término da aula fui procurar o aluno e tentar perceber qual a razão

que o tinha levado a manifestar aquele comportamento e atitude. Depois de ter

conversado com o aluno em questão e de ele me ter explicado alguns

acontecimentos, menos positivos, que estavam a acontecer na sua vida este

pediu-me desculpas pelo sucedido e assumiu o erro que tinha cometido perante

toda a turma. Mesmo com este episódio menos positivo a turma manteve uma

atitude correta, o que me permitiu continuar a lecionar as aulas e desenvolver as

relações interpessoais de forma tranquila.

Nas últimas semanas havia-me questionado sobre aquilo que os meus

alunos poderiam pensar sobre as aulas de Educação Física que tinham tido

neste ano, a prestação do professor estagiário, a minha relação com a turma e

todas as atividades de que disfrutámos neste longo percurso. Para saber a

opinião de todos eles criei uma folha onde cada aluno pôde escrever, à sua

vontade e de forma anónima, o que pensava sobre a forma como tinham

decorrido as aulas da nossa disciplina e, em especial, da minha realização do

Estágio Profissional.

“Depois de ter lido, após a aula, todos os comentários que os alunos

escreveram posso dizer que foi um ano bastante positivo e que me deu

um grande gozo e apreço especial por ter vivido o meu ano de estágio

com esta turma. Pelos comentários que li, alguns fizeram referências à

complexidade dos exercícios realizados, à diversidade dos mesmos, a

gestão e organização da aula e à relação professor-aluno. De referir, que

também verifiquei, que alguns alunos fizeram críticas construtivas para o

meu futuro enquanto professor de Educação Física e um ou outro aluno

(a) que não gostou tanto de certas atitudes que eu demonstrei”.

(Reflexão do dia 30 de maio)

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Capítulo IV

REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

“Como professor não me é possível ajudar o

educando a superar sua ignorância se não supero

permanentemente a minha”.

Paulo Freire (s.d.)

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1. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO ENSINO E APRENDIZAGEM

1.1. CONCEÇÃO

De acordo com Matos (2013b, p.3) a conceção consiste em “projetar a

atividade de ensino no quadro de uma conceção pedagógica referenciada às

condições gerais e locais da educação, às condições imediatas da relação

educativa, à especificidade da EF no currículo do aluno e às caraterísticas dos

alunos”.

A conceção projeta-se na análise dos planos curriculares, mais

particularmente as competências gerais e transversais; a análise dos programas

de EF articulando as diferentes componentes: finalidades, objetivos, conteúdos

e indicações metodológicas; utilizar os saberes próprios da disciplina e os

saberes transversais em Educação, necessários aos vários níveis de

planeamento; por último deve-se ter em conta os dados da investigação em

educação e ensino e o contexto cultural e social da escola e dos alunos, de forma

a construir decisões que promovam o desenvolvimento e aprendizagem exigidos

(Matos, 2013b).

Antes do ano letivo se iniciar desfrutei de algumas atividades que

contribuíram para aumentar os meus conhecimentos ao nível do Ser Professor.

No primeiro dia que me desloquei à escola foi-me apresentado o Professor

Cooperante (PC), pessoa esta que viria a ser o orientador de toda a atividade

desenvolvida por mim, na escola, ao longo do ano letivo. Depois disto conheci

aqueles que viriam a ser os meus colegas estagiários, provenientes de um

núcleo da Universidade Lusófona de Lisboa e que iriam ser orientados por outra

professora do Departamento de Educação Física e Desporto (DEFD). Ainda

neste dia foi-nos feita, pelo PC, uma visita guiada a todas as instalações

escolares. Daqui pude observar que esta era uma escola, com boas condições

físicas e materiais, condições estas que eram propícias a um aumento do

empenho e desenvolvimento por parte dos alunos para obterem o maior sucesso

escolar.

Ainda no decorrer desta semana tive o primeiro contacto com a

comunidade educativa, nomeadamente os docentes, na primeira reunião geral

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de professores. Este momento permitiu-me conhecer aqueles que viriam a ser

os meus “colegas” de trabalho durante todo o ano que estava prestes a iniciar.

“Na sexta-feira aconteceu a primeira Reunião Geral de professores, onde

estiveram presentes os órgãos de direção da escola e todos os

professores da mesma. Esta sessão teve como função dar as boas vindas

ao corpo docente da instituição, bem como a apresentação dos objetivos

para o novo ano letivo. Posteriormente realizou-se um lanche que serviu

como um momento de descontração e confraternização, e onde comecei

a sentir-me mais integrado no corpo docente da escola”.

(Reflexão da primeira semana de estágio)

Após a realização desta reunião decorreu outro momento de troca de

informações com o professor cooperante. Foi neste encontro que eu fui

confrontado, pela primeira vez, com o regulamento interno da escola e o Projeto

Curricular de Escola (PCE). Foi através do PCE que me foram transmitidos os

conteúdos a trabalhar por área, as competências e capacidades a serem

adquiridas pelos alunos, os princípios pela qual a escola se rege e as prioridades

da mesma.

No primeiro dia da segunda semana tive a oportunidade de assistir à

primeira reunião de departamento. De salientar que a ESRG tem o seu próprio

Departamento de Educação Física e Desporto. Foi nesta reunião que, de uma

maneira mais formal, conheci todos os professores que integravam este

departamento. Confesso que estava com algum receio pela forma como ia ser

visto pelos professores com mais experiência. No entanto, tudo foi acontecendo

de forma tranquila e fui recebido da melhor forma possível e com bastante

agrado por parte dos demais professores. Ainda nesta reunião foram tratados os

assuntos ligados à preparação do ano letivo, propostas para o plano anual de

atividades (PAA) e elaboração dos critérios de avaliação para os ensinos básico

e secundário.

No meu caso, visto que lecionei aulas a uma turma do 11º ano necessitei

de analisar os programas nacionais de Educação Física para depois ajustá-los

às condições da escola e à realidade da turma que iria encontrar. A análise

destes programas serviu como uma mais-valia para o meu desempenho como

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professor, visto que me permitiu aumentar os meus conhecimentos relativos às

diferentes matérias de ensino e possibilitou-me tomar melhores decisões no

estabelecimento de objetivos e de estratégias a utilizar.

1.2. PLANEAMENTO

Segundo Bento (2003), o planeamento é uma atividade que antecede a

realização e prática do ensino e tem por base a seguinte sequência: elaboração

do plano, realização do plano, controlo do plano e confirmação ou modificação

do mesmo. Na linha de pensamento deste autor, o planeamento assume-se

como a tomada de decisão pela qual o professor define quais os objetivos a

atingir pelos alunos no processo de ensino. Graça (2001) afirma que a

planificação do ensino envolve um processo complexo que deve ter em conta as

indicações gerais e centrais do sistema educativo, sem esquecer as

caraterísticas locais onde o mesmo decorre.

No início do ano letivo tinha a noção que uma das principais tarefas que

deveria realizar prendia-se com o planeamento de toda a atividade a

desenvolver. Para isso foi importante delinear, previamente, tudo a que me

propunha realizar e de que forma o iria fazer. De acordo com Gandin (2010), o

planeamento pressupõe uma transformação da realidade de acordo com os

objetivos pretendidos, onde devemos ter em conta um conjunto de ações

rigorosas e precisas. Ainda segundo este autor as três principais etapas do

planeamento são: elaboração, execução e avaliação.

Durante o ano letivo o planeamento assentou em três níveis de realização,

sendo eles: o planeamento anual, unidade didática e plano de aula. Este

planeamento é elaborado de acordo com as normas dos Programas Nacionais

de Educação Física e que posteriormente serão adaptados às condições da

escola, as decisões e informações do departamento de Educação Física e o nível

psico-motor da turma. Deste modo, o planeamento assumiu-se como uma

ferramenta crucial que me facilitou a passagem à prática do processo de ensino-

aprendizagem.

O planeamento anual assume-se como um projeto estruturado a longo

prazo, incluiu todas as modalidades e atividades a desenvolver ao longo do ano

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letivo. A unidade didática diz respeito ao planeamento de uma modalidade

específica, que é constituída mediante um número de aulas, conforme a

avaliação diagnóstica realizada pelo professor onde vão ser descritos todos os

conteúdos a serem abordados nas aulas, distribuídos pelas seguintes funções

didáticas: introdução, exercitação, consolidação e avaliação. Depois disto têm

lugar a elaboração dos planos de aula, que são realizados com maior frequência,

e onde são expostos todos os exercícios e conteúdos que são esperados que os

alunos realizem em cada aula da unidade didática.

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1.2.1. PLANEAMENTO ANUAL

No seguimento das tarefas a executar, que dizem respeito à planificação,

surgiu o planeamento anual. Este é o primeiro nível de um processo de

planeamento e preparação de todo o ensino. Segundo Bento (2003, p.57), este

nível é “um jogo conjunto das indicações programáticas (pré planeamento

central) e das condições e ações (locais)”. Para ser elaborado, o professor tem

de recorrer a diversas ferramentas como são os casos do Programa Nacional de

Educação Física (PNEF), do Projeto Educativo de Escola (PEE), do Projeto

Curricular de Turma (PCT) e do Regulamento Interno da própria escola.

O planeamento anual, conforme mostra o anexo I, foi uma das tarefas que

me foi pedido para executar, pelo professor cooperante, no início do ano letivo.

Como refere Mesquita (1997), consiste em delinear previamente tudo aquilo que

vai ser realizado, como e para quem deve ser feito.

Apesar de ser um plano exato e rigoroso, este deverá ser exequível e

passível de sofrer alterações, servindo para orientar para o fundamental, tendo

por base as indicações programáticas e análises feitas das condições da escola

e da turma (Bento, 2003). Ainda na perspetiva do autor, o sucesso do

planeamento depende da forma como este decorre, do modo como o professor

o controla, a elaboração e a realização do mesmo.

Para a construção deste planeamento foi necessário analisar o contexto

em que estava inserido, nomeadamente o mapa de rotação das instalações

desportivas e o material que a escola tem ao dispor dos professores e alunos.

Em primeiro lugar, antes de distribuir as unidades curriculares pelos vários

períodos letivos foi necessário saber a carga horária em cada um desses

períodos para assim se conseguir organizar o tempo que deverá ser dedicado a

cada unidade didática.

A organização do planeamento anual não foi, de todo, uma tarefa fácil

devido ao mapa de rotação das instalações desportivas. Este roulement está

definido para que, a cada três semanas, o professor mude de instalação, isto é,

a minha turma que tinha aulas à quarta-feira e sexta-feira, durante três semanas,

por exemplo, ficava às quartas-feiras no Pavilhão 1 (PV1) e às sextas-feiras no

Exterior 2 (E2). Esta foi uma situação que se afigurou como uma complexidade

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porque, desta forma, a turma teria de mudar constantemente de matéria de

ensino.

No seguimento da elaboração do planeamento anual, algumas

modalidades ficaram condicionadas, no que concerne ao número de aulas a

serem lecionadas, devido ao número de vezes com que a turma se encontrou

em determinada instalação desportiva. As modalidades afetadas por essa

condicionante foram o atletismo e a ginástica que, segundo o roulement de

instalações, cada turma deve usufruir apenas de 12 aulas (12 segmentos letivos

de 45 minutos), tanto na pista como na sala de ginástica.

Durante a realização do meu plano anual estiveram presentes os diferentes

tipos de avaliações, mais particularmente, a avaliação diagnóstica e sumativa.

Como é possível verificar numa das reflexões efetuadas, na primeira aula prática

do ano letivo foi feita uma avaliação geral onde tentei perceber o nível de

prestação e empenho motor da minha turma.

“… com o intuito de conhecer a realidade da turma e que realizassem

jogos lúdicos para descontrair e rentabilizar o tempo de aula. Os jogos

tiveram como base as modalidades do basquetebol e do futebol. Este

momento serviu, também, para perceber, de certa forma, o nível de

prestação motora em que a turma se encontrava”.

(Reflexão da 3ª semana)

1.2.2. UNIDADE DIDÁTICA

O nível que se segue após a realização do planeamento anual designa-se

por planificação do período ou unidade didática. Segundo Bento (2003), o

conteúdo e a estrutura destas unidades são determinados pelos objetivos de

cada modalidade, pelas indicações acerca da matéria e pelas linhas orientadoras

do programa e do plano anual. O autor refere, ainda, que este “procura garantir,

sobretudo, a sequência lógica-específica e metodológica da matéria, e organizar

as atividades do professor e dos alunos por meio de regulação e orientação da

ação pedagógica…” (Bento, 2003, p.60). Desta forma a unidade didática

assume-se como uma subdivisão dos diferentes períodos em unidades de

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matéria a lecionar. Cada unidade tem, no seu conjunto, um determinado número

de unidades letivas que, por sua vez, dependem do volume de matéria a

transmitir e da sua dificuldade (Bento, 2003). A planificação por unidade didática

foi elaborada segundo o Modelo de Estrutura do Conhecimento (MEC) (Vickers,

1990). Este é um modelo que se encontra organizado em três fases, sendo elas:

1- Fase de Análise; 2- Fase de decisão; 3- Fase de aplicação.

De acordo com Vickers (1990), o Modelo de Estrutura do Conhecimento é

composto por oito módulos, sendo que cada um possui caraterísticas

específicas, mas que se complementam de uma só forma, cujo desenvolvimento

vai permitir ao professor organizar todo o processo de ensino, tendo como

principal objetivo obter ganhos a nível cognitivo e na aptidão física para cada

modalidade.

No módulo 1 temos que conhecer o desporto que estamos a ensinar.

No módulo 2 devemos conhecer o ambiente no qual iremos ensinar,

através dos recursos materiais, humanos, espaciais e temporais.

Relativamente ao módulo 3 temos que conhecer o público com quem

iremos trabalhar, neste caso a turma, e saber os níveis em que se encontram

para definirmos o nível de ensino a lecionar.

No módulo 4 temos que organizar o conhecimento a ser transmitido aos

alunos numa ação sequenciada de competências técnicas e cognitivas.

No módulo 5, uma vez que estão definidas as técnicas, estratégias e

conceitos devemos estruturar e escolher os objetivos adequados aos alunos e

às situações que serão apresentadas.

No módulo 6 devemos analisar os tipos de avaliação a que os alunos serão

sujeitos, os critérios e as percentagens existentes nas diferentes categorias.

O módulo 7 diz respeito às progressões de ensino e situações de

aprendizagem.

Por fim, o módulo 8 faz referências aos meios que são utilizados para

preparar toda a matéria a abordar, sejam eles o planeamento anual, a unidade

didática ou o plano de aula.

A realização deste documento (MEC) tornou-se importante para a minha

intervenção enquanto professor de EF, pois com ele pude adquirir competências

e estruturar as matérias de ensino a serem abordadas em cada modalidade. Na

minha opinião, os módulos que se afirmam como essenciais para todo o

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desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem são os módulos 3,4 e 7.

Digo isto porque é necessário, antes de se programar o que se vai ensinar,

conhecer a turma a quem vai ser dirigido o processo de ensino e saber em que

níveis se encontra a mesma. A partir daqui pode-se realizar uma sequência

lógica dos conteúdos a serem abordados para que os alunos aprendam e

evoluam ao longo das aulas. As unidades didática presentes em cada módulo 4

tornam-se essenciais para a elaboração do programa de uma disciplina na qual

são apresentadas etapas claras e distintas do ensino e aprendizagem (Bento,

2003).

Este documento (anexo II) é imprescindível para um professor de EF, pois

é com ele que se pode planear e estruturar tudo o que vai ser abordado ao longo

das aulas de cada modalidade. O MEC é construído com base no tempo

disponível para cada modalidade, no roulement de instalações, nos recursos

materiais, nas avaliações iniciais e do planeamento anual.

Em algumas modalidades, devido ao número de tempos letivos disponíveis

para a lecionação de determinada modalidade, não foi possível realizar as

devidas avaliações diagnósticas. Nestes casos recorri às informações que

detinha de anos anteriores sobre a turma para elaborar a análise e extensão dos

conteúdos.

Um destes exemplos foi o atletismo, mais particularmente o lançamento do

peso e o salto em comprimento. Aqui, e após conversa com o professor

cooperante, achei por bem lecionar estas duas matérias ao mesmo tempo nas

aulas, dividindo a turma em dois grupos de ensino. Este foi um dos casos em

que tive a possibilidade de lecionar apenas três aulas de noventa minutos, e para

que os alunos disfrutassem de uma maior variedade de situações de

aprendizagem abordei as duas modalidades em conjunto. Nesta situação

procurei fazer uma abordagem geral da matéria em questão.

Contudo, no final destas três aulas tive a necessidade de realizar uma

avaliação sumativa, em que a distância do salto e do lançamento não foram os

aspetos essenciais na avaliação. Procurei, essencialmente, avaliar a evolução

dos alunos nas diferentes fases da técnica, quer do salto em comprimento bem

como do lançamento do peso.

Inicialmente senti algumas dificuldades na construção das unidades

didáticas porque queria introduzir muitos conteúdos na mesma aula. Depois, à

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medida que o tempo foi passando e das informações que eu fui recolhendo

acerca da prestação motora da turma fui-me apercebendo da dificuldade que os

alunos apresentavam em algumas modalidades e conteúdos das mesmas.

Houve certas modalidades, como foi o caso do basquetebol e do futebol,

em que a turma apresentou um melhor rendimento e fez com que fosse possível

criar unidades didáticas mais exigentes e que possibilitassem uma maior

aprendizagem por parte dos alunos.

No entanto, no caso do voleibol, em que até existiam seis alunos com um

nível bastante elevado de aprendizagem, um dos exemplos é que não foi

possível abordar sistemas defensivos devido às dificuldades que os restantes

alunos evidenciavam. Estas dificuldades diziam respeito a conteúdos de base

como são o caso do serviço por cima, da receção ao serviço, do passe e da

manchete.

Procurei transmitir todos os conteúdos abordados, nas diferentes

modalidades, de forma eficaz, pois, acredito, que só desta forma é que os alunos

poderão obter ganhos significativos ao nível da aprendizagem.

1.2.3. PLANO DE AULA

Depois da unidade didática surge a realização do plano de aula como o

último nível do planeamento realizado. Como refere Bento (2003, p.63), “na

preparação da aula tem lugar uma precisão dos seus objetivos (já estabelecidos

no plano da unidade); é planificado o seu decurso metodológico e temporal”. O

plano de aula assume-se como um guia indispensável para cada sessão

lecionada que tem como objetivo organizar, de uma forma detalhada, todos os

conteúdos e exercícios a serem abordados nas diferentes matérias de ensino.

No início do ano letivo foi proposto, aos três estagiários de EF, pelos

respetivos professores cooperantes, que, em conjunto, elaborassem um modelo

de plano de aula (anexo III). Este foi estruturado da seguinte forma: parte da aula

(inicial, fundamental, final), tempo de aula, conteúdos, objetivos específicos e

estratégias.

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De início senti algumas dificuldades na elaboração dos planos de aulas,

nomeadamente na escolha dos exercícios, pois era difícil encontrar uma

evolução coerente na realização dos mesmos e dividi-los pelas três partes da

aula. Outra das dificuldades que senti, mas já na parte prática da aula, dizia

respeito ao facto de gerir o tempo destinado a cada exercício, isto é, organiza-

los de acordo com o decorrer da aula e com a gestão da turma. Esta situação

verificou-se mais no primeiro período e em alguns casos, também devido à

evolução da aprendizagem dos alunos em cada exercício, não foi possível

concretizar o plano de aula no seu todo.

A escolha e seleção dos exercícios foi outro problema que tive de superar,

isto aconteceu porque procurava criar exercícios motivadores, altamente

dinâmicos, desafiantes mas que, ao mesmo tempo, promovessem a

aprendizagem de diversos conteúdos à minha turma. Isto não correu da melhor

forma com os meus alunos porque a informação que eles me iam passando,

proveniente do desempenho e até mesmo do diálogo, é que alguns exercícios

eram complicados e algo complexos, situação esta que eles não estavam

habituados. Depois de um conhecimento mais aprofundado da turma,

relacionado com motivações para a prática desportiva e com a prestação motora,

apercebi-me que a grande maioria dos alunos preferia exercícios mais simples

e que estivessem enquadrados com o nível em que os alunos se situavam.

À medida que o tempo foi passando, e que o número de planos de aula

realizados foi aumentando, as dificuldades foram sendo superadas e a prática

evoluindo. Com os erros cometidos ganhei experiência e aprendi a desenvolver

planos de aula que fossem adequados à realidade encontrada.

1.3. REALIZAÇÃO

A realização carateriza-se por ser o ponto de convergência de todos os

conceitos enunciados anteriormente, nomeadamente a conceção e o

planeamento. Segundo as normas orientadoras do EP (Matos, 2013b, p. 4) o

estudante estagiário deve ser capaz de “conduzir com eficácia a realização da

aula, atuando de acordo com as tarefas didáticas e tendo em conta as diferentes

dimensões da intervenção pedagógica”.

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A parte da realização assume-se como a principal figura de todo o processo

do Estágio Profissional, onde ocorreram as minhas principais dificuldades ao

nível do ensino e as estratégias que foram utilizadas como forma de suprimir as

mesmas.

1.3.1. O QUE OS PROGRAMAS DIZEM VERSUS AQUILO QUE

ENCONTRAMOS NA REALIDADE…

Na Educação, nomeadamente na EF, um dos grandes problemas que

surge no decorrer do processo ensino-aprendizagem diz respeito aos conteúdos

que os PNEF indicam como sendo alvo de aquisição e o nível das matérias

abordadas pela turma.

Como já foi referido anteriormente, nas primeiras aulas do ano letivo

deparei-me com muitas limitações apresentadas pelos alunos na sequência das

diferentes modalidades. O caso mais flagrante prendia-se com a modalidade do

voleibol, onde havia uma discrepância enorme sobre aquilo que os alunos já

deveriam apresentar como dados adquiridos e na realidade ainda detinham

bastantes dificuldades. Dentro da própria turma havia dois níveis distintos na

abordagem desta modalidade, sendo que 6 alunos apresentavam-se num nível

já avançado, enquanto que os restantes não conseguiam passar do introdutório.

Esta foi uma situação que me fez programar com muito cuidado a UD, pois

não queria prejudicar a evolução dos alunos mais habilidosos, contudo tinha que

promover a aquisição e aprendizagem de conteúdos de base, que ainda não

estavam assimilados aos alunos com mais dificuldades.

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Segundo o PNEF, referente ao ensino secundário, relativo à modalidade

do voleibol para o 11º e 12º anos, este refere que os alunos devem ser capazes

de servir por baixo ou por cima (tipo ténis) colocando a bola no meio-campo

oposto em condições de difícil receção; adotar uma postura ativa para receber o

serviço da equipa adversária, colocando a bola no jogador passador; o passador

deve posicionar-se de forma correta para passar a bola a um companheiro à sua

escolha de modo a facilitar-lhe a finalização; o aluno deve ser capaz de finalizar

em remate, amorti ou passe colocado; em situação defensiva, o aluno avança

no terreno assumindo uma atitude e posição apropriadas à proteção do ataque.

Todas estas eram situações que deveriam ser proporcionadas para

aprendizagem aos alunos da minha turma, contudo, devido ao nível de

desempenho motor que, grande parte da turma, apresentou nas aulas iniciais

não foi possível criar uma UD tão exigente.

As dificuldades que os alunos mais apresentavam diziam respeito à

receção ao serviço; na adoção de uma postura ativa em situação defensiva; na

definição da posição recebedor-não recebedor; e na manutenção dos três toques

por equipa. Estas situações acabavam por condicionar a fluidez no jogo, o que

determinava, muitas vezes, que a bola caísse constantemente ao chão ou

“andasse” de um meio-campo para o outro sem que as equipas conseguissem

construir situações que permitissem a finalização.

Durante a realização foi possível verificar que os alunos, na grande maioria,

foram capazes de consolidar habilidades técnicas que já deveriam estar

adquiridas em anos anteriores. É certo que esta situação não se verificou em

todos os alunos da turma devido às capacidades que estão intrínsecas a cada

um.

Apesar de não ter sido possível cumprir os objetivos que estavam

propostos no programa, penso que o mais importante foi proporcionar situações

que permitissem aos alunos desenvolver as suas capacidades e a aquisição de

habilidades motoras nas quais revelavam bastantes dificuldades. Após uma

reflexão sobre toda a realização da UD posso dizer que o resultado foi positivo,

pois, os alunos, apesar das limitações apresentadas, conseguiram atingir e

cumprir os objetivos propostos e desenvolver novas situações de aprendizagem.

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1.3.2. QUE CONTEÚDOS A ABORDAR?

No início do ano letivo, aquando da realização do planeamento anual,

decidi em conjunto com o professor cooperante que iria abordar um vasto leque

de modalidades. Nesse momento pensei que seria benéfico para os alunos

vivenciarem uma grande variedade de modalidades desportivas, ainda que, com

unidades didáticas curtas.

Depois de analisar o mapa de instalações e o mapa de rotação das

instalações desportivas confirmei esta minha perspetiva, tendo em conta que a

ESRG se articulava com o Complexo Desportivo da Ribeira Grande o que

proporcionava um grande número e variável de instalações para lecionar as

aulas.

Esta foi uma opção que teve o meu incentivo e que tinha como objetivo

motivar os alunos para diferentes matérias de ensino. O facto de ter lecionado

várias modalidades distintas, cada uma delas com a cultura e caraterísticas que

lhes são próprias, “fui obrigado” a investir no meu conhecimento. Como o meu

“saber” não era o melhor em algumas delas tive necessidade de recorrer à

literatura e a manuais específicos, com o objetivo de proporcionar exercícios

motivadores e que se adequassem ao nível motor da turma. Esta situação

afigurou-se como um verdadeiro desafio para mim e foi um fator que contribuiu

para um aumento da minha cultura desportiva.

Contudo, no meio desta nova experiência, senti que os alunos não

aprenderam o suficiente sobre determinadas modalidades que se determinam

como sendo fundamentais para este ciclo de ensino. Na minha opinião e pelo

que pude constatar, no final de certas unidades didáticas, alguns alunos

acabaram por não aprender aquilo que era desejado. Quando me refiro a alguns

alunos falo especialmente naqueles que apresentavam, desde logo, algumas

lacunas a nível motor e cognitivo. Com isto, o facto de querer “oferecer” um

aumento de vivências desportivas traduziu-se, algumas vezes, em insucesso na

aquisição e aprendizagem de diversos conteúdos. Segundo o pensamento de

Jewett e Bain (1985), com este tipo de realização prática e com esta forma de

pensar pode-se estar a favorecer os mais hábeis com prejuízos para os menos

habilidosos. Na minha opinião, e na linha de pensamento do autor, deve-se

privilegiar um ensino justo e igual para todos, adequando os conteúdos ao nível

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dos diferentes alunos, sabendo desde logo que cada um tem a sua forma e

velocidade de aprendizagem mas que o tempo destinado à aquisição dos

conteúdos é o mais correto e propício para a mesma.

Como já referido noutro segmento deste relatório cada turma dispunha de

três semanas consecutivas (1 ou 2 tempos letivos por semana dependendo do

ano de ensino e do dia da aula) na mesma instalação e o que acontecia é que,

muitas das vezes, ao fim deste período de tempo os professores tinham que

mudar a instalação desportiva o que se consumava numa nova modalidade para

abordar.

A ideia e o pensamento com que fico, no final deste ano letivo, é que se

tivesse outro tipo de roulement, ou até mesmo se voltasse a viver esta situação

com este tipo de rotações, provavelmente optaria por aprofundar determinadas

modalidades, o que permitiria consolidar um maior número de habilidades

motoras por modalidade.

Em suma, concluo que a forma de planeamento que elaborei para as

diversas modalidades, tendo em conta a turma a quem lecionava, poderia ter

tido mais ganhos de aprendizagem se tivesse realizado um maior número de

aulas em determinadas matérias. Desta forma era possível aumentar a unidade

didática e o número de vezes com que os alunos exercitavam os vários

conteúdos programáticos.

1.3.3. GESTÃO DO TEMPO DE AULA

Com o objetivo de se retirar o maior aproveitamento das tarefas realizadas

na aula tem de se ter em atenção o tempo dedicado a cada uma delas. Neste

sentido, Rink (1993) refere que os professores eficazes criam um ambiente

propício para a aprendizagem e que a compreensão desse ambiente exige a

coordenação de três sistemas que operam na ecologia da aula: o sistema de

instrução, o sistema de gestão e o sistema de socialização dos alunos. A mesma

autora afirma que a gestão de aspetos organizacionais é fulcral na criação de

ambientes positivos de aprendizagem, e envolve a gestão das regras, das

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rotinas, das expetativas, das consequências, bem como a realização e

avaliação.

No início do ano letivo, como já foi referido anteriormente, colocava uma

quantidade elevada de exercícios nas aulas o que implicava um maior tempo

despendido na organização dos mesmos. Este número elevado implicava que

tivesse que transmitir sempre novas informações, isto é, explicar o objetivo do

exercício, o conteúdo do mesmo e a respetiva demonstração, e tudo isto

contribuía para um aumento do tempo de gestão e organização da aula.

Estes eram fatores que contribuíam para a redução de tarefas essenciais,

como era o caso da transmissão de feedbacks nos diferentes exercícios, o que

acabava por afetar a aprendizagem dos alunos. Cada vez que mudava de

exercício tinha que delinear e “montar” o mesmo, reorganizar os alunos e

explicar-lhes como é que o exercício deveria ser feito.

Uma das dificuldades que, no início, senti mas que, ao longo do tempo fui

conseguindo superar, prendeu-se com a transmissão de informação no início de

cada exercício. Por vezes tentava ser rápido e o mais sucinto possível na

explicação do exercício mas depois os alunos acabavam por não entender a

exercitação dos mesmos e o que se pretendia com o exercício pedido. Ao tentar

ser breve na explicação dos exercícios e pretender que os alunos tivessem o

máximo de tempo possível na realização dos mesmos fazia com que as dúvidas

surgissem e o tempo de prática diminuísse.

De acordo com Siedentop e Tannehill (2000), algumas das tarefas que

surgem para melhorar a gestão do tempo de aula dizem respeito ao: começar a

aula no horário estabelecido; reduzir os tempos de transição; utilizar métodos

para reunir os alunos e que permitiam rentabilizar o tempo; ser claro e conciso

nas regras; e manter o controlo e disciplina na turma para aumentar o tempo de

prática.

Com o objetivo de superar estas dificuldades fui ao longo do tempo

encontrando estratégias que me possibilitassem controlar da melhor forma a

gestão e tempo da aula. Em todas as aulas tentava sempre montar

antecipadamente os exercícios e manter a turma o mais organizada e

concentrada possível nas tarefas para aumentar o tempo de empenhamento

motor.

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Em todas as aulas, procurei proporcionar, a todos os alunos, o máximo de

oportunidades práticas de realização para que os ganhos de aprendizagem

fossem maiores e significativos. Para além disto tentei criar rotinas simples de

início e fim de aula e a instituição de regras básicas para que os alunos

mantivessem a atenção devida, quer nos momentos de instrução quer na

realização dos exercícios.

1.3.4. O ENSINO DO FUTEBOL COMO UMA MAIS-VALIA

Este é um dos pontos de suma importância para ser incluído no presente

relatório, pois, reflete a minha experiência, quer como praticante, quer como

treinador, facilitando, desta forma, a lecionação da modalidade. Contudo, os

conhecimentos que possuo estão diretamente ligados ao mundo do treino e,

como tal, foi sentida uma ou outra dificuldade na implementação de alguns

exercícios mais específicos.

Assim, nas primeiras aulas foram elaborados exercícios de maior

complexidade, com o objetivo de criar um conjunto de oportunidades aos alunos

para desenvolverem capacidades e conhecimentos, num nível acima daqueles

que estavam previstos. No entanto, à medida que as aulas foram decorrendo, as

dificuldades dos alunos foram surgindo. Neste sentido, foi necessário alterar o

planeamento e, em alguns casos, transformar a forma como os exercícios

estavam, inicialmente, delineados.

Neste contexto, da existência de bons professores, depende o futuro dos

nossos alunos e das nossas escolas, pois, de acordo com Nóvoa (2005), não há

nada que substitua um bom docente. O que decide o futuro de muitas crianças

e jovens não são as Leis, nem os programas, são, sim, os bons professores.

Segundo Shulman (1986), o conhecimento da matéria diz respeito à

quantidade e organização do conhecimento que está presente na mente do

professor, pois, nas situações narradas anteriormente tornaram-se importantes

os conhecimentos adquiridos na formação de treinador desta modalidade,

facilitando, desta forma, as alterações que foram realizadas no contexto

específico da aula.

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Por vezes foi necessário uma explicação ou mudança de posição para

determinado aluno, e com os conhecimentos que tinha presente acabava por

tornar o exercício mais dinâmico e de forma mais fluída.

No que concerne à explicação e demonstração dos exercícios estes foram

conceitos revelados com facilidade devido ao conhecimento adquirido na

formação como praticante e treinador. Logo, com uma boa demonstração os

alunos compreenderam mais facilmente aquilo que lhes era pedido.

1.4. AVALIAÇÃO

Segundo Carrasco (1989), a avaliação resulta de um juízo de valor obtido

através de uma medição. Associado a este está uma comparação, ou seja, deve

ser equiparado a uma média. De acordo com Mesquita (2012), o processo de

avaliação diz respeito ao recolher de informação e proceder a um juízo de valor,

que em muitos casos, tem o sentido de conduzir a uma tomada de decisão.

Na realidade este é um conceito que envolve uma grande subjetividade e

que tem por base critérios explícitos e implícitos. Este é um conceito que envolve

mais que uma medição acabando por se atribuir um valor de acordo com critérios

que envolvem problemas técnicos e éticos.

Ao longo do ano de estágio a avaliação tomou sempre um lugar de

destaque em todo o processo de ensino e foi alvo de uma constante reflexão.

Sem dúvida que este é um conceito muito importante mas que envolve, também,

muita responsabilidade e competência por parte do professor.

Na realização do meu estágio senti essa dificuldade, com maior

persistência, nas avaliações realizadas ao longo de todo o primeiro período.

Durante o decorrer do ano letivo foram dois os grandes momentos utilizados para

avaliar o processo de ensino-aprendizagem, designadamente a avaliação

diagnóstica e avaliação sumativa. Não menos importante, mas com uma

realização mais ocasional esteve a avaliação formativa.

A avaliação diagnóstica foi realizada no início de cada unidade de ensino

com o objetivo de perceber o nível de desempenho motor dos alunos em

determinada modalidade. Só com a realização desta avaliação é que foi possível

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dar continuidade à construção da etapa que se seguia, sendo o planeamento por

unidade didática, promovendo aulas que fossem ao encontro das capacidades

dos alunos e das suas dificuldades. Para a realização deste momento de

avaliação utilizei fichas de registo, de fácil leitura, para que no momento da sua

aplicação não fosse preciso perder muito tempo a encontrar conteúdos.

Aquando da realização da primeira avaliação diagnóstica, mais

precisamente na modalidade do voleibol, senti imensas dificuldades. Isto

aconteceu porque não tive presente a distinção de critérios de êxito e níveis, logo

tiveram de ser feitas novas versões para que este momento de avaliação fizesse

sentido.

“…como era a primeira aula da unidade didática, composta por um total

de sete aulas, foi feita uma avaliação diagnóstica. A tarefa de avaliação é,

em alguns aspetos, subjetiva e esta foi uma tarefa que me custou bastante

a realizar porque não consegui definir linhas orientadoras para executar a

mesma”.

(Reflexão da 4ª semana)

Outra das dificuldades que foi sentida por mim nesta avaliação prendeu-se

com a capacidade de observação e saber o que havia de observar. Por não ter

definido os critérios de êxito nos diferentes conteúdos esta tarefa afigurou-se

como bastante complexa.

O tempo foi passando e à medida que que ia realizando novas avaliações

iniciais, nas diferentes modalidades, a tarefa necessitou de ser ajustada e as

dificuldades encontradas por mim, nas primeiras aulas, foram sendo superadas.

No que diz respeito à avaliação sumativa este afirmou-se como um ponto

fulcral em todo o processo do EP. Como já foi referido este é um processo que

envolve uma grande responsabilidade e eu não fugi à regra, pois tive de atribuir

uma classificação final a cada aluno. Não só nestes momentos, mas com maior

ênfase no presente, tentei sempre ponderar, da melhor forma, o desempenho,

competência de cada discente. Os momentos de avaliação sumativa foram

executados sob a forma de jogos reduzido e exercícios critério, nas modalidades

coletivas, e na ginástica foi pedido aos alunos que eles criassem uma sequência

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com os diferentes elementos gímnicos que lhes foram apresentados e

lecionados.

Contudo, a avaliação dos alunos não se limita apenas à avaliação prática

ou teórica de cada modalidade. Esta deve ser contínua incorporando outros

elementos de avaliação que dizem respeito à pontualidade, assiduidade,

respeito, autonomia, cooperação, responsabilidade. Foi possível, ao longo do

ano letivo, registar as presenças, faltas e dispensas dos alunos, bem como

atitudes ou comportamentos menos corretos.

Fazendo agora uma referência às classificações obtidas pela turma ao

longo do ano letivo posso dizer que o segundo e terceiro períodos foram os

melhores, com médias na ordem nos 14,7 valores. Na minha opinião este é um

valor bastante satisfatório tendo em conta algumas das informações que eu

detinha da turma em anos anteriores. Outra situação que contribuiu em grande

parte para a subida das notas, de um ano para o outro, foi o aumento de número

de aulas realizado e o empenho e participação evidenciado por alguns alunos, o

que se traduziu numa melhor nota para os mesmos. É de referir e salientar que

em nenhum período se registaram notas inferiores a 10 valores.

Concluo que todo o processo de avaliação foi um pouco demorado e difícil

de ser aperfeiçoado, mas chego ao fim desta etapa com a convicção que com

todos os erros cometidos, as dificuldades superadas e os conselhos transmitidos

pelo PC contribuíram para um aumento da minha capacidade avaliativa.

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Capítulo V

PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E RELAÇÃO COM A

COMUNIDADE

“Não basta conquistar a sabedoria,

É preciso usá-la”.

Cícero (s.d.)

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Esta é uma área relativa ao Estágio Profissional e que, de acordo com as

normas orientadoras do mesmo, engloba todas as atividades não letivas

realizadas pelo estudante estagiário com o objetivo de o integrar na comunidade

escolar e que, desta forma, contribuam para aumentar o conhecimento do meio

regional e local para proporcionar uma melhor ligação entre o professor

estagiário, a escola e o meio que os rodeia.

A minha participação e relação no meio escolar começou quando soube

que iria lecionar na Escola Secundária da Ribeira Grande. O facto de ter optado

por viver esta experiência (Estágio Profissional) na Ilha de São Miguel já se

tornava um grande desafio para mim, contudo, muito pouco ou nenhum era o

conhecimento que detinha sobre este meio. No entanto, o desconhecimento do

local onde eu iria realizar a minha prática pedagógica fez-me procurar algumas

respostas para dúvidas que estavam presentes na minha cabeça.

Sabendo da importância que é ter um bom conhecimento sobre o meio e a

comunidade educativa realizei uma análise, acerca do mesmo, que me viria a

ajudar no processo ensino-aprendizagem. Esta análise permitiu-me conhecer o

meio envolvente onde grande parte dos alunos desta escola se inserem, e tentar,

de alguma forma, compreender atitudes e motivações que viriam a estar

presentes nestes jovens ao longo das minhas aulas. Posso referir que a minha

integração na comunidade escolar foi relativamente fácil, isto é, sempre tive o

apoio de todos os membros que estavam presentes neste meio e que de tudo

fizeram para que a minha passagem por esta escola se tornasse bastante

positiva.

Durante todo o percurso realizado na Escola Secundária da Ribeira Grande

é de salientar o grande número de atividades que foram desenvolvidas, tanto

pela escola como pelo Departamento de Educação Física e Desporto, e que eu

tive possibilidade de estar envolvido, quer na dinamização como na participação

das mesmas e que contribuíram, em grande parte, para a minha integração e um

aumento do meu conhecimento no seio da comunidade escolar. As atividades

em que tive a possibilidade de participar tornaram-se importantes para mim,

enquanto professor e como pessoa, porque me permitiram conhecer a realidade

e o meio em que estava inserido, desenvolver as relações interpessoais com

todos os intervenientes, possibilitando, desta forma, aumentar o meu

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conhecimento no que concerne aos eventos que constavam do Plano Anual de

Atividades.

De seguida passo a identificar todas as atividades em que estive presente

e o contributo que as mesmas tiveram na minha formação enquanto futuro

professor e ser humano.

1. VOLTA AO ANO EUROPEU DOS CIDADÃOS

Esta foi a primeira atividade em que participei nesta nova aventura escolar

e que contou com a presença da turma que eu acompanhei, para uma

observação mais direta das aulas do professor cooperante, durante o primeiro

período. Esta iniciativa contribuiu, visto ter sido dinamizada no início do ano

letivo, para estar mais perto de todos os alunos desta turma e poder conhecê-

los um pouco melhor.

Na parte mais prática da atividade foi possível conhecer novos países que

tinham sido, recentemente, aceites na grande família da União Europeia e

relembrar factos históricos de alguns países que deram origem à criação deste

grande organismo europeu.

2. “SER DIFERENTE EM IGUALDADE”

Durante o primeiro período decorreram na nossa escola ações de

sensibilização no âmbito do tema acima identificado. Os temas que foram

tratados prendem-se com: a igualdade de oportunidades entre homens e

mulheres; orientação sexual e preconceito; a cultura do “perfeito” e deficiência;

a idade é um obstáculo?; e a pobreza e a discriminação social.

Com a minha turma tive possibilidade de assistir a duas ações de

sensibilização acerca das temáticas “igualdade de oportunidades entre homens

e mulheres e orientação sexual e preconceito”. Na minha opinião estes foram

temas bastante interessantes e que cativaram tanto os alunos como os

professores porque estando nós todos ligados à comunidade escolar torna-se

fundamental abordar temas que foquem algumas das áreas que, ainda hoje, são

vistas como “problemas” na nossa sociedade.

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Com isto, é necessário fazer passar algumas noções de como ultrapassar

estas dificuldades e é de salientar a importância que estas palestras têm para os

mais jovens. Digo isto porque é nestas idades que muitos deles principiam novas

formas de estar na sociedade e também começam a descobrir a sua identidade

e a formar/moldar a sua personalidade.

3. MEGA PEQUENO-ALMOÇO

Esta foi mais uma iniciativa organizada pela ESRG, mais concretamente

pela equipa de promoção da saúde em meio escolar. Este foi um projeto

realizado pelo segundo ano consecutivo e que conta com o apoio do

Departamento de Educação Física e Desporto, tendo como principal objetivo

proporcionar um momento de boa alimentação a todos os alunos da escola.

Como é do conhecimento de todos, muitas famílias sofrem de carências a

nível económico, que depois se repercutem nos bens alimentares, e quem acaba

por sofrer mais com esta situação são as crianças e jovens, provenientes destes

agregados familiares. Desta forma, tratou-se de uma manhã diferente marcada

por uma ajuda que a escola, juntamente com outras instituições se

disponibilizaram a dar aos alunos. Durante toda a manhã os professores

puderam acompanhar os seus discentes nesta iniciativa para que estes

pudessem usufruir de uma refeição completa onde estiveram presentes bens

essenciais, tais como: leite, iogurte, cereais, bolachas e fruta.

“Durante os anos em que eu frequentei, como estudante, escolas básicas

e secundárias nunca assisti a eventos deste género e, como tal, esta foi

uma situação que me deixou muito agradado e, de certa forma, comovido.

Isto porque, como já foi referido, hoje em dia muitas famílias não têm

possibilidade de dar as devidas refeições aos seus filhos”.

(Reflexão do dia 22 de outubro)

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4. PRIMEIROS-SOCORROS

Outra das iniciativas promovidas pela ESRG foi a formação dada pelos

Bombeiros Voluntários, às turmas do 11º e 12º anos, sobre Suporte Básico de

Vida e Primeiros Socorros. Esta foi uma ação de importância extrema e que

permitiu aos alunos adquirirem conhecimentos relativos à área da Saúde para

que estes tenham algumas noções básicas e saber como intervir em situações

a que todos nós podemos estar sujeitos.

Para os professores, neste caso para mim, foi também importante porque,

de alguma forma, ganhei novos conhecimentos numa área em que eu não estou

muito à vontade mas que na profissão de professor de Educação Física se torna

fulcral para alguma lesão ou problema que possa acontecer durante as aulas.

Esta tornou-se numa ajuda fundamental e que foi possível, infelizmente, aplicar

alguns dos conhecimentos adquiridos numa situação que ocorreu, duas

semanas depois, com um aluno da minha turma quando este manifestou

convulsões durante uma aula prática da minha disciplina. Estas ações de

formação são, na minha opinião, muito importantes e que toda a gente deveria

possuir alguns conhecimentos, no mínimo básicos, para saber intervir num

primeiro momento.

5.“VI TORNEIO CONVÍVIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA”

Realizou-se nos dias 12 e 19 de outubro de 2013, o “VI Torneio Convívio

da Administração Pública”, organizado pelo Serviço de Desporto de São

Miguel/Direção Regional do Desporto. O torneio contou com a realização de

duas atividades, sendo elas: futebol de 5, no Complexo Desportivo do Lajedo e

voleibol, no Complexo Desportivo das Laranjeiras.

Estiveram presentes cerca de 150 participantes, distribuídos por 14

equipas, em representação de 13 serviços. Pôde-se verificar que os funcionários

da Administração Pública estavam em grande forma e a vertente competitiva não

foi descurada, dando mais um sinal de grande vitalidade. A Escola Secundária

da Ribeira Grande esteve presente com uma equipa constituída por vários

docentes do Departamento de Educação Física e Desporto.

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A pontuação final do torneio era resultante da soma das classificações

obtidas nas duas modalidades. Assim, e face aos resultados alcançados a ESRG

conquistou o 1º lugar no “VI Torneio Convívio da Administração Pública”.

A minha participação neste torneio, visto ter sido realizado no início do ano

letivo, permitiu-me uma aproximação maior, em termos pessoais e desportivos,

aos restantes docentes da escola, o que contribuiu para um maior

desenvolvimento ao longo do meu ano de estágio.

6. TORNEIO “SCHOOL VOLEI”

Nos dias 16 e 17 de dezembro de 2013 foi realizado, pelo Departamento

de Educação Física e Desporto, o torneio designado por “School Volei”. Este foi

uma atividade dinamizada em grande parte das escolas da Ilha de São Miguel,

em que, primeiramente, foi organizado a fase intra escolas passando depois as

duas melhores equipas de cada sexo à fase regional. A dinamização e

programação deste torneio foi da parte dos três estagiários do DEFD, contando

com a ajuda, no seu desenvolvimento, de todos os docentes do nosso

departamento.

Esta atividade teve como principais objetivos: proporcionar oportunidades

para que todas as crianças e jovens possam viver experiências agradáveis,

aperfeiçoar habilidades, adquirir hábitos de autodisciplina, desenvolvendo em si

conceitos como a cooperação e competição com lealdade; "Aprender a viver com

os outros" fomentando as relações pessoais entre si e com as outras escolas;

fomentar a prática desportiva organizada e orientada aos jovens, dentro do

espaço escolar; observar e orientar os jovens praticantes, com maior interesse

e apetência para a modalidade, a integrar o desporto federado; e aumentar o

número de atletas federados na modalidade.

O torneio dinamizado na escola contou com a presença de 9 equipas

masculinas e 8 equipas do sexo feminino, agrupadas em três grupos de 3

equipas e dois grupos de 4 equipas, respetivamente.

Esta foi mais uma experiência bastante positiva, porque contribuiu para o

meu desenvolvimento enquanto professor, no que respeita à promoção e

dinamização de eventos desportivos para a comunidade educativa, e promoveu

um aumento de conhecimentos relativos à modalidade do voleibol.

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7. SEMANA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Na semana de 24 a 28 de Fevereiro de 2014 decorreu, na Escola

Secundária da Ribeira Grande, a XV Semana da Educação Física. Esta é uma

semana que já vem sendo realizada há quinze anos, como o próprio nome indica,

e que conta com a realização de três tipos de atividades.

A primeira e principal atividade desta semana prende-se com o Torneio

Tribol. Este torneio consiste na prática de três modalidades diferentes, como é o

caso do voleibol, basquetebol e futebol, em formas reduzidas (4x4, 3x3 e 5x5).

O torneio é dividido da seguinte forma: 3º ciclo feminino; 3º ciclo masculino;

secundário feminino e secundário masculino. Assim, as equipas que se

inscreveram para o torneio tiveram que, obrigatoriamente, participar nas três

modalidades e a pontuação final das equipas no torneio é feita de acordo com a

classificação obtida em cada uma das modalidades.

A segunda competição e atividade realizada nesta semana foi o torneio de

badminton, que viu este ano realizar a sua oitava edição. Neste torneio os alunos

também foram divididos consoante o seu sexo e o ciclo de ensino.

Para finalizar esta semana já vem decorrendo há seis anos a maratona de

dança. Nela os alunos que pretenderam participar tiveram de vir fantasiados ou

pintados.

Esta semana tem um sentido especial e a realização da mesma assenta

em dois pilares fundamentais, sendo eles: a promoção e a consciencialização de

que a atividade física é um fator necessário à melhoria da saúde; e a promoção,

o convívio e a competição saudável entre os alunos da ESRG.

A minha participação/acompanhamento ficou marcada em todas as

atividades que decorreram ao longo da semana, tanto na gestão das atividades

de cada modalidade, bem como na arbitragem dos jogos que aconteceram. A

minha envolvência nesta semana estendeu-se ainda na participação no torneio

de badminton, num grupo composto apenas por professores. Gostei imenso de

ter participado neste torneio, porque através dele foi possível aumentar a relação

com a comunidade escolar, no que diz respeito aos docentes que nele

participaram e pude desenvolver a prática desportiva numa modalidade bastante

acarinhada na Ilha de São Miguel.

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8. VISITA DE ESTUDO AO CAMPO DE GOLFE DA BATALHA

No dia 12 de março de 2014 tive a oportunidade de acompanhar a minha

turma numa visita de estudo ao Campo de Golfe da Batalha, concelho de Ponta

Delgada. Esta foi uma iniciativa que surgiu por parte da Azores Golf Islands e da

Associação de Turismo dos Açores que teve como objetivo tornar o golfe numa

modalidade acessível a todos os jovens como forma de promoção da mesma.

A visita foi orientada pelo jogador profissional André Medeiros, e desta pude

disfrutar do conhecimento de todas as instalações e infraestruturas que

envolvem um campo de golfe, bem como de uma atividade prática no âmbito da

modalidade.

Durante a visita guiada foram apresentadas algumas e principais regras do

golf. Tive ainda a oportunidade de usufruir da parte prática que constou da

realização de alguns batimentos e um minitorneio. Nesta componente prática, o

professor André Medeiros transmitiu e demonstrou a forma correta dos diversos

batimentos onde pude aprender a colocar as mãos no taco, a colocação do

tronco, a relação membros inferiores-membros superiores e todo o desenrolar

do gesto técnico.

Esta visita de estudo foi, na minha opinião, muito interessante porque me

permitiu conhecer e disfrutar do mundo do golfe, e também descobrir um pouco

da ilha de São Miguel. Com esta atividade foi notório o bom envolvimento que a

escola tem com a comunidade escolar, o que permitiu uma maior aproximação

entre os participantes e o Meio.

9. “IV TORNEIO DE BEISEBOL”

O Departamento de Educação Física e Desporto realizou, no dia 04 de

junho de 2014, o IV Torneio de Beisebol. Nesta atividade estiveram presentes 6

equipas do ensino secundário e 6 equipas do 3º ciclo, com cerca de 140

participantes, de ambos os sexos. Esta atividade contou, para o seu

desenvolvimento, com a ajuda de todos os professores e estagiários do

departamento.

A minha participação neste torneio ficou marcada pela arbitragem de jogos

no ensino básico e preenchimento das fichas de jogo do mesmo ciclo. Através

do meu envolvimento nesta atividade pude aumentar os conhecimentos relativos

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a uma modalidade que pouco conheço, desenvolver tarefas de organização de

atividades desportivas e, mais uma vez, as relações interpessoais, tanto com

alunos como com professores, ficaram bem vincadas.

10. DIREÇÃO DE TURMA

Segundo as normas de funcionamento do Estágio Profissional (Matos,

2013b), o professor estagiário deve escolher uma entre duas funções, sendo

elas: a direção de turma ou o desporto escolar. Consoante a escolha que o

professor fizer, este deve realizar ações de acompanhamento e desenvolver

tarefas no âmbito da sua função.

No meu caso, e devido ao facto do Desporto Escolar, na Região Autónoma

dos Açores, não possuir o mesmo quadro competitivo que existe no Continente,

nem a Escola Secundária da Ribeira Grande participar, por decisão do

Departamento de Educação Física e Desporto, nos Jogos Desportivos

Escolares, do 3º ciclo, acompanhei, mais de perto, a parte da direção de turma.

De acordo com o documento das normas orientadoras de estágio, o

estudante estagiário deve “compreender o papel de diretor de turma na sua

relação com os pares, sob o ponto de vista administrativo e de gestão de

relações humanas”. Neste ponto, o mesmo documento refere que o estudante

deve identificar, apreciar criticamente e intervir nas atividades inerentes à

direção de turma e ao conselho de turma.

Já no ano transato, aquando da realização de trabalhos sobre estes dois

temas, sempre direcionei a minha atenção para a direção de turma. Isto porque

sempre tive grande interesse e alguma curiosidade nos problemas que, dia após

dia, vão surgindo com a vida académica e, por vezes pessoal dos discentes.

Alguns desses problemas estão relacionados com o comportamento dos

alunos(as), a assiduidade e algumas dificuldades que surgem, por vezes, na

relação entre professores e alunos.

Durante este ano letivo foi possível seguir todas as funções do diretor de

turma, uma vez que o professor cooperante era o diretor de turma do 11º D,

turma à qual lecionei as aulas da disciplina. Esta foi, sem dúvida, uma mais-valia,

pois tive a possibilidade de acompanhar, mais de perto, todos os problemas que

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surgiram com os meus alunos e consequentemente trocar ideias para a

resolução dos mesmos.

As tarefas que foram realizadas mais frequentemente ao longo de todas as

semanas passaram pela verificação do mapa de assiduidade da turma e

justificação das respetivas faltas. É de salientar o trabalho que o diretor de turma

tem de realizar, pois, tem de estar sempre atento ao limite de faltas que alguns

alunos atingem, para que estes não reprovem o ano. Outra tarefa que deve ser

realizada pelo diretor de turma é a observação de comportamentos desviantes

por parte dos seus discentes.

Durante esta participação ao nível da direção de turma consegui

acompanhar algumas situações menos positivas que aconteceram com alguns

alunos da minha turma.

Foi importante para a minha formação, enquanto professor e como pessoa,

a vivência de perto destes acontecimentos, pois assim acompanhei todo o

processo de evolução e resolução dos mesmos.

Relativamente à minha participação nas reuniões de conselho de turma

posso dizer que foram bastante proveitosas para mim quer a nível pessoal, quer

a nível profissional. Estes assumiram-se como momentos fundamentais para

novos ganhos de conhecimentos e experiência para mim, enquanto futuro

professor. Desta forma lidei mais de perto com professores já com um elevado

número de anos como docentes e que, através das conversas que iam surgindo

nestas reuniões, pude refletir sobre novas formas de ensino bem como todo o

processo que lhe está inerente.

De salientar que a minha presença nestes conselhos de turma não foi

sempre vista com bons olhos por parte de alguns professores. De início senti-

me um pouco constrangido com esta situação, no entanto eu tinha que pensar

que estava ali com o intuito de realizar uma das tarefas do estágio e que tinha

como principal objetivo presenciar novas experiências enquanto estudante

estagiário.

Para concluir, é de referir que ao longo do tempo me fui sentindo melhor

nestas reuniões com os restantes docentes da turma, e que apesar de ser visto

como um mero estagiário, por alguns deles, a minha presença nestes momentos

tornou-se fundamental para ampliar os meus conhecimentos relativamente à

realidade escolar.

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11. ESTUDO: “A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DESPORTIVA ESCOLAR”.

RESUMO

O presente estudo foi realizado no âmbito do Estágio Profissional, para a

obtenção do grau de mestre no 2º ciclo de Ensino nos Ensinos Básico e

Secundário. Desde o início do ano letivo deparei-me com o facto da Escola

Secundária da Ribeira Grande não desenvolver Atividades Desportivas

Escolares. Ao longo do tempo fui percebendo que os alunos desta escola,

nomeadamente aqueles que pertenciam ao 7º ano de escolaridade, sentiam

necessidade de participar em tais atividades. Sendo estes alunos com um

passado recente ligado à participação nas Atividades Desportivas Escolares o

desenvolvimento desportivo de cada um deles na escola ficou cingido às aulas

de Educação Física. Neste sentido, e após várias conversas com alguns destes

alunos e com os professores do Departamento de Educação Física e Desporto,

surgiu a ideia de realizar um levantamento de dados acerca da importância que

estas atividades têm para os alunos, de forma a obter dados conclusivos para a

apresentação de um projeto que permita implementar Atividades Desportivas

Escolares na Escola Secundária da Ribeira Grande. Para a realização deste

estudo foi elaborado um questionário, constituído maioritariamente por

perguntas de resposta fechada, que posteriormente foi aplicado a todas as

turmas do 7º ano. No que diz respeito aos resultados obtidos conclui-se que 59%

dos inquiridos já participaram nas Atividades Desportivas Escolares.

Relativamente a um dos principais objetivos do estudo verificámos que 84% dos

alunos desejam participar em alguma Atividade Desportiva Escolar que a escola

proporcione. Tendo em conta os resultados positivos que se verificaram foi

possível avançar com uma proposta de implementação destas atividades.

PALAVRAS-CHAVE: ATIVIDADES DESPORTIVAS ESCOLARES, ESCOLA,

PROJETO, INQUÉRITO, EDUCAÇÃO FÍSICA

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11.1. INTRODUÇÃO

Uma das características mais marcantes da sociedade contemporânea é a

mudança. Tais mudanças alteraram um conjunto de valores, de atitudes e de

comportamentos, moldando-os a um contexto social completamente novo.

Assim, o nosso quotidiano está fortemente marcado pela rápida evolução

técnica, faltando, ainda, alguma discussão sobre os efeitos a médio e longo

prazo, para assim podermos verificar quais as reais repercussões humanas

resultantes dos avanços/recuos do conhecimento.

Mudam-se os tempos, mudam-se os contextos e as situações, mudam-se

as causas dos problemas e os dramas, todavia, estes surgem ciclicamente com

gravidade renovada, pois, de acordo com Bento (1997), a luta pela vida não pode

conhecer pausa nem descanso e que a mesma não se confina à velhice, sendo

árdua e exigente na infância, na adolescência, na juventude e no período adulto.

Atualmente, a escola tem-se deparado com problemas que até bem pouco

tempo atrás não lhe eram colocados. A educação da criança e dos jovens que

outrora estiveram a cargo de diversas entidades/instituições, como exemplo a

família, a Igreja e da própria escola, nos últimos tempos, face às grandes

evoluções ocorridas nas sociedades ocidentais, o papel da família e da Igreja

tem diminuído de forma evidente, restando apenas a escola para levar a bom

porto todo o processo educativo.

Neste contexto, a criança é colocada durante longas horas do dia na

escola que nem sempre consegue ter atividades atrativas, do tipo complemento

curricular, entre outras. O desencanto, de toda a comunidade educativa, pode

ocorrer. Exigem-se dos professores tarefas para as quais poderão não estar

devidamente preparados. Estes, para além do decorrente da sua profissão,

passam a ser responsáveis por outros domínios, nomeadamente, o afetivo e/ou

de relacionamento, e de ordem moral que antes se diluíam por outros

educadores.

Hoje, à escola tudo é pedido e esta, com as diversas formas de

organização, não é capaz de responder com eficácia a todas as exigências. A

sua lógica interna continua bastante ligada à dimensão curricular do ensino -

que responde a uma necessidade da vida, o emprego - não levando ainda em

devida consideração a dimensão extracurricular e intercurricular, dimensões

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estas que poderão contribuir de maneira decisiva para a formação de cidadãos

preparados para viver uma civilização onde o tempo de trabalho já não é tudo.

Nos dias de hoje, sabemos que é muito difícil dar uma resposta satisfatória

a um mundo que se altera permanentemente e o mesmo, segundo afirma Mota

(1997, cit. por Reis 2008), se passa na educação, tornando-se fulcral aos

docentes estarem conscientes das mudanças dos tempos, no sentido de

aprimorar, como salienta Bento (1995), a capacidade de ler e de interpretar.

Neste sentido, a escola não pode nem deve ser entendida apenas como

“tempo de aulas”. Existem outros momentos, igualmente importantes, que

libertos de qualquer tarefa escolar, são dotados de elevado valor educativo. Tais

momentos livres são geralmente passados no espaço escolar a brincar e a

jogar, pois o jogo e a brincadeira são meios que vão ao encontro da essência

da pessoa, uma vez que possibilitam demonstrar a sociabilidade e a

individualidade.

Giddens (2000, cit. por Reis 2008) afirma que “a princípio, a criança brinca

sobretudo sozinha, mas, progressivamente, sente a necessidade de ter alguém

com quem brincar. Através das brincadeiras, as crianças melhoram a sua

coordenação corporal e começam a expandir o seu conhecimento acerca do

mundo dos adultos. Tentam novas habilidades e imitam o comportamento dos

mais velhos”. Nesta perspetiva, Patrício (1993, cit. por Reis 2008) relembra-nos

que a escola é o espaço de aprendizagem de grande valor no progresso da

sociedade e no desenvolvimento das pessoas, como também, o lugar

institucional de eleição para promover o cidadão e a cidadania.

No âmbito da realização do Estágio Profissional pretende-se que os

estudantes estagiários recorram à investigação como forma de complementar a

prática pedagógica, sendo uma tarefa que contribui, significativamente, para a

formação integral e abrangente do estudante estagiário.

Assim, e face a todo o cenário exposto, pretende-se com este trabalho

apresentar um conjunto de linhas orientadoras, com base na realidade da

Escola Secundária da Ribeira Grande e, sobretudo, refletir sobre a criação de

um Projeto de Atividade Desportiva Escolar, com claro objetivo de complemento

curricular.

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11.2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

11.2.1. A ESCOLA DE HOJE E OS NOVOS DESAFIOS

É já longo o debate, quer em termos de prática pedagógica quer em termos

ideológicos, em torno das motivações e objetivos das mudanças estruturais nos

sistemas de ensino de todo o mundo.

Neste sentido, confrontando a teoria com a prática, podemos observar que

as mudanças conjunturais, bem como estruturais, levam o seu tempo, exigindo

dos professores um posicionamento crítico e uma responsabilidade diferente

perante os processos de ensino-aprendizagem e de socialização dos alunos.

Bartolomeis (1984, cit. por Reis 2008) afirma que se tirarmos da escola o carácter

criador, a atmosfera de coisas novas e interessantes corremos o risco de só

encontrarmos tédio e desapontamento, um dever sem inspiração nem

entusiasmo.

Patrício (1992, cit. por Reis 2008) salienta que a escola é o local que garante

essa transmissão da tradição e da cultura. Neste contexto, cabe à escola

preparar o indivíduo, não só para a vida ativa, quer profissional quer social, mas

também para a gestão do seu tempo livre assumindo, desta forma, um importante

papel na sensibilização para escolha de atividades culturais na ocupação do

tempo de lazer, pelo que será necessário repensar o currículo, tendo como

objetivo o de adaptá-lo à nova sociedade.

Do estudo realizado por Félix (2002, cit. por Reis 2008) é possível concluir

que as atividades desportivas associadas à Cultura Popular são fundamentais,

tanto para a afirmação da identidade local e nacional num contexto de integração

europeia, como para o desenvolvimento de práticas de lazer que contribuam, por

sua vez, para o desenvolvimento local.

Porém, não devemos, nem podemos esquecer que muitos dos alunos só

frequentam a escola porque são obrigados por Lei, situação esta fruto da

massificação do ensino, do alargamento da escolaridade obrigatória e de uma

organização escolar que pouco mudou em quase cem anos, transformando o

professor num equilibrista, tentando, por vezes, conciliar o inconciliável.

Neste sentido, e segundo Reis (2008), a realidade das escolas e dos

públicos que hoje as frequentam exige que os professores sejam muito mais

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autónomos para gerir a sua ação - pensar e organizar processos de ensino

eficazes, em lugar de executar normativos e cumprir os programas, sem cuidar

de cumprir a aprendizagem a que esses instrumentos se destinam. Tal eficácia

é obstaculizada por rotinas de organização do trabalho, por instalações de

lógicas de trabalho improdutivas, não analisadas, que não permitem alcançar

esse desiderato, e são, em boa medida, provenientes da própria cultura

profissional. Contudo, é resultante, igualmente, da incapacidade do sistema e da

administração se reconverterem no sentido da regulação e da valorização da

qualidade, com o indispensável abandono da tradição regulamentadora que nos

caracteriza.

Nos últimos anos, um conjunto de estudos internacionais divulgaram que

nos situamos nos últimos lugares. Do ponto de vista da educação, de acordo

com Nóvoa (2005, cit. por Reis 2008), sempre fomos o Sul do Sul, olhámos para

a escola, ou seja, para a cultura escolar, com muita reserva e desconfiança.

Portugal, durante algum tempo, teve a ilusão de estar a fazer um esforço

importante na área da Educação. Todavia, tanto os indicadores quantitativos

como os qualitativos explicaram-nos que continuávamos no mesmo lugar de

sempre, aquele lugar que a nossa literatura designou por “Cauda da Europa”,

relacionada com os fracos resultados escolares obtidos por parte dos alunos.

Ao longo do século passado foram atribuindo cada vez mais missões à

escola e esta deixou-se inebriar por solicitações que, aparentemente, a

dignificavam na sua missão. Mas será que a escola poderá fazer tudo isto, para

além da sua missão primordial?

Reis (2008) refere que a escola é criticada por causa dos maus resultados

dos alunos, nomeadamente em disciplinas nucleares. É também criticada por

não preparar as novas gerações para a sociedade do conhecimento, para as

novas tecnologias, para a inovação, porém, não é um dilema de fácil resolução.

Todavia, não podemos esquecer que a escola não está ao serviço de um projeto

de ocupação, de guarda ou de entretenimento das crianças. Está ao serviço de

um projeto de aprendizagem. Mas isso não quer dizer que alunos diferentes não

possam chegar, a ritmos diferentes, à mesma meta.

Segundo Reis (2008), temos hoje a obrigação de satisfazer os interesses e

as necessidades dos alunos, com esforço próprio e a maior liberdade que for

possível. Contudo, não se confunda tornar o estudo interessante, tornando-o

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fácil, divertido, sem esforço. Toda a educação deve ter a sua dose de esforço,

porém, de esforço natural e voluntário, exigido por um interesse do discente e

não do professor. O grande desafio dos professores é conquistar estes alunos

para o esforço da aprendizagem, para o trabalho escolar. E, para isso, é preciso

que eles compreendam que a escola deve estar atenta à sociedade, mas não a

deve imitar.

É evidente que a escola não pode deixar de estar atenta às realidades

sociais e culturais, mas isso não significa que ela deva reproduzir, no seu seio,

os comportamentos exteriores. Muito pelo contrário, em muitos casos, a escola

deve ser capaz de fazer o contrário do que faz a sociedade. Num tempo de

apelos fortes à atividade, por vezes mesmo à agitação, a escola deve cultivar a

serenidade, o silêncio, a meditação.

Da existência de bons professores e do seu prestígio, depende, e muito, o

futuro das nossas escolas, quando todos sabemos que não há nada, nas

palavras de Nóvoa (2005, cit. por Reis 2008), que substitua um bom docente.

Saliente-se para que ninguém duvide: o que decide o futuro de muitas crianças

e jovens não são as Leis, nem os programas, são, sim, os bons professores.

Nos dias de hoje, é fácil percebermos que o mal-estar na escola é uma

realidade que tem vindo a aumentar. É de se prever, infelizmente, que aumentará

enquanto se mantiver este fosso entre características, interesses e saberes dos

alunos que chegam à Escola e aquilo que os professores e a instituição escolar

oferecem e exigem.

Neste sentido, Mota (1992, cit. por Reis 2008), relembra que a escola

passou a ser o local onde a nova geração permanece a maior parte do seu

tempo diário, onde os colegas assumem o papel de companheiros permanentes

e os professores o de figuras tutelares da educação; em claro contraste com os

anos anteriores, onde o espaço da casa, os pais e irmãos eram preponderantes

para as crianças.

11.2.2. A ESCOLA E O DESPORTO

Ao contrário daquilo que ainda muitos pensam ou perspetivam, inclusive

um número significativo de pais, a escola não é apenas o local para aprender

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determinados conteúdos programáticos, mas também para o desenvolvimento

do ser, o que irá refletir-se por toda a vida futura.

Não restam grandes dúvidas quanto ao facto da escola se apresentar como

o mecanismo mais eficaz no sentido da educação e, sobretudo, da saúde das

crianças e jovens. Neste contexto, a escola não pode deixar de assumir o seu

papel nesta temática tão complexa que é a educação para a saúde. Reis (2008)

salienta que a disciplina de Educação Física, sozinha, não tem a capacidade,

nem a obrigação, de responder a todo o tipo de solicitações motoras capazes de

beneficiar o desenvolvimento das crianças e dos jovens, sendo necessário

dedicar tempo e atenção a estas atividades de forma a equilibrar a tendência

geral para a inatividade.

Neste sentido, Mota (1992, cit. por Reis 2008) refere que o aumento da

aptidão física e a promoção da saúde têm sido um dos objetivos primordiais da

Educação Física. Deste modo, o fornecimento de uma informação clara do

significado da saúde, do exercício físico, o estabelecimento de hábitos saudáveis

e a criação de um potencial para a realização de atividades físicas são objetivos

e conteúdos importantes da educação da saúde que podem ser corporizados

nesta disciplina.

Garcia (2002), salienta a importância da criação de hábitos saudáveis nas

crianças que, com toda a certeza, depois se repercutirão na vida adulta, mesmo

na velhice. O desporto é um dos meios que poderá ser utilizado para conduzir

as crianças e os jovens a viverem melhor o tempo que lhes será disponibilizado

no futuro para tarefas não profissionais. Assim, é imperioso que a escola pense

na organização e consequente desenvolvimento de atividades durante o tempo

escolar liberto de tarefas curriculares.

Assim, torna-se necessário dedicar tempo e atenção a estas atividades de

forma a equilibrar a tendência geral e bem atual para a inatividade, pois, segundo

Mota (1992, p.42-43, cit. por Reis 2008), “as actividades físicas e desportivas na

escola servem mais o interesse prosaico de intenções e ideias vanguardistas,

mas totalmente divorciadas do contexto específico, do que a sua concretização

efectiva”. Como afirma Mota (1992, cit. por Reis 2008) a escola é o local ideal,

não apenas para a melhoria da aptidão física geral como igualmente para incutir

nos jovens hábitos de prática desportiva que permaneçam, no tempo, ligadas a

um estilo de vida. É neste contexto que a mesma deve dar uma resposta correta

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às motivações e necessidades das crianças e dos jovens em relação à cultura

motora, facilitando e estimulando o seu acesso às diferentes práticas lúdicas e

desportivas.

Por estas razões, aceitamos o apelo de Garcia (1998, p.51) quando afirma:

“deixemos ser o desporto o que sempre foi: uma actividade cultural mediatizada

por um corpo biológico. Intervir no campo do desporto é transmitir cultura através

do corpo”, embora a sua essência encontre-se algures na cultura, a sua análise,

através deste referencial, possibilitará “ir além do extenso cartesiano no

desporto”.

Através das atividades de complemento curricular e/ou extracurriculares,

as crianças poderão realizar, também, habilidades numa ou em várias

atividades, desenvolvendo-se pessoal e socialmente. Nesta perspetiva, Neto

(1994, cit. por Reis 2008) alerta-nos para as consequências futuras em crianças

e jovens privados de experiências de jogo livre pelos constrangimentos

familiares e sociais que se conhecem. Torna-se necessário repensar a escola de

hoje. Sabe-se que, cada vez mais, a ela cabe, também, o papel que em tempos

estava entregue às famílias, pois embora a criança não tenha mais horas diárias

de aulas, está mais tempo dentro da escola.

Hoje, começa a existir uma nova realidade: a do tempo livre dentro da

própria escola. Desta forma, a recreação deve ser entendida, de acordo com

Garcia (s/d, p.82), como mais um eixo que oriente a Educação Física na escola.

Segundo o mesmo autor (1999, p.151), “reabilitar o jogo na escola é contribuir

para a cultura, para a saúde, para a estética, para o ambiente, para a vida”.

No passado o tempo de permanência na escola resumia-se às aulas e aos

curtos intervalos entre as mesmas. Terminada a aula todos retornavam para

casa, onde eram esperados pela família, almoçavam, faziam os trabalhos para

casa e depois brincavam. Agora, com uma maior incidência, as crianças passam

a maior parte do dia dentro da escola, uma vez que têm aulas de manhã e de

tarde almoçam nas instalações e passam o resto do tempo dentro do recinto

escolar, embora, muitas vezes, não tenham atividades de complemento

curricular e/ou extracurriculares para realizar.

Segundo Mota (1992, cit. por Reis 2008), o que é necessário e fundamental

são conceitos de vida quotidianos que respeitem o que a criança pode efetuar

atualmente e ligar essas ações com o sentido de vida adulto, tendo em conta o

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80

que a criança poderá vir a adquirir, pois maioria das vezes, os interesses das

crianças e dos jovens têm estado completamente à parte das opções que são

tomadas.

Segundo Reis (2008) não poderemos continuar a viver num deserto de

ideias, onde nada está ligado a nada, num sistema em desintegração, sem

pontos de referência, sem sistemas de apoio para uma juventude cada dia mais

abandonada ao seu destino. Desta forma, trata-se de aproximar a escola da vida,

de integrar mais uma na outra e de consumar o que se deseja, conforme postula

Bento (1998), de desportivizar a escola e escolarizar o desporto.

A escola carece de riso, de entusiasmo, de dinamismo, de alegria, precisa

que se goste dela. Assim, o desporto é o meio primordial de renovação da

educação e uma vertente para a festa e para o convívio, de modo a quebrar a

rotina escolar com competições internas e externas. Estamos convencidos que

não existem respostas perfeitas num mundo que se altera permanentemente. De

qualquer modo, a escola, para Mota (1997, cit. por Reis 2008), constitui um ponto

de convergência para a vida. Não devemos esquecer que a formação do homem

é o seu objetivo e não o seu meio.

Por seu turno, a escola aparece com um duplo contributo. A disciplina de

Educação Física, lecionada do 1º ciclo ao secundário, realizada ao nível da

turma e com objetivos de formação nos vários planos, promove as atividades

corporais, lúdicas e desportivas e valoriza a necessidade da atividade física

desportiva.

Todavia, à escola, também, são tecidas críticas devido à pouca seriedade

atribuída às atividades de complemento curricular e pela desvalorização das

prestações desportivas. Bento (1995) afirma que o desporto constitui parte

integrante da cultura corporal ou física e é o grande meio da EF da sociedade.

O mesmo autor afirma que a disciplina de EF na transmissão de vivências

de eficácia na aquisição de técnicas desportivas pode influenciar positivamente

outros domínios escolares, contribuindo para a formação de expetativas

otimistas de competência com relevância em termos sociais. No entanto, não

constitui novidade para ninguém a necessidade de recriarmos e tornarmos mais

atraentes as formas de educação. Urge aproximar a escola da vida e da cultura

de crianças e jovens.

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Concordamos com Bento (1998) ao afirmar que a escola não pode ser uma

fonte de depressão. Muito pelo contrário, a escola deve ser um espaço para a

qualificação do quotidiano. O mesmo autor vai mais longe e diz-nos que é

inaceitável que a escola se afaste da realidade e faça de conta que não é nada

com ela, como se fosse uma reserva idílica para contemplar, preservar e impor

valores e orientações próprias de um tempo perdido no passado.

Em suma, não basta criticar a sociedade de consumidores passivos em que

vivemos, nem lamentar que as atividades de tempo livre das crianças e jovens

se reduzam ao consumo de programas de televisão, em jogos de

computadores, etc., pois, como refere Bento (1998, p.136) “é necessário intervir

na realidade, semeá-la de metas, de sonhos e de sentido humano (…) substituir

os apelos e lamentações por estratégias de ação e responsabilidade”.

Neste sentido, o desporto e, em particular, a disciplina de EF devem ser

vistos de uma forma direta e objetiva. Somos defensores e apologistas do

pensamento de Garcia (1998, p.52), pois “cremos que o desporto e a sua

vertente pedagógica, a EF, têm uma função a cumprir para além de funções ou

valores extrínsecos, como por exemplo a saúde ou a estética; cremos na função

educativa das práticas desportivas; cremos no valor social e cultural do

desporto; cremos que o desporto proporciona experiências centradas no

esforço com uma dimensão moral apreciável; cremos que o desporto, mais que

uma técnica, tem um sentido que deverá ser recuperado. Finalmente, cremos

que o desporto não tem que ser um instrumento da saúde ou da estética, mas

sim, ser percebido no campo das realizações humanas de onde resultam

benefícios pessoais aos mais variados níveis”.

Temos consciência das enormes responsabilidades atribuídas, atualmente,

à escola em virtude do quase esvaziamento de outras entidades educativas.

Mas os tempos são o que são, não valendo a pena pensar no utópico e nada

fazer com estas nossas crianças. A escola tem que estar atenta à realidade

onde se insere, pelo que a ocupação dos tempos livres das crianças é uma

tarefa que lhe é inerente.

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11.3. METODOLOGIA

11.3.1. OBJETIVO

Segundo Quivy e Campenhoudt (1998), a melhor forma de iniciar um

trabalho de investigação é seguir um método de trabalho ou um conjunto de

procedimentos de forma a progredir em direção a um objetivo. Neste contexto, o

presente estudo pretende contribuir de forma direta com linhas orientadoras,

facilitando, desta forma, a criação de um novo projeto de Atividade Desportiva

Escolar, com objetivo de complemento curricular, na Escola Secundária da

Ribeira Grande, escola que no ano letivo 2013/2014, realizei o Estágio

Profissional.

11.3.2. AMOSTRA

Após uma profunda análise do contexto da escola, a nossa amostra foi

constituída por todas as turmas/alunos do 7º ano, ou seja, 8 turmas, num total

de 170 alunos. Tal decisão recaiu no facto de tentarmos compreender os anseios

dos novos alunos, recém-chegados a uma nova escola.

Esta é uma amostra representativa da população escolar que nos

proporcionam indicadores relativamente aos alunos que frequentam este ano de

escolaridade, com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos. A escolha

desta amostra prende-se também com o facto de serem alunos com um passado

recente ligado às Atividades Desportivas Escolares.

11.3.3. INSTRUMENTO

Para efetuarmos a recolha dos dados que necessitávamos para a

consecução deste estudo, optámos por elaborar um inquérito, através de um

questionário escrito, conforme mostra o anexo IV, composto, na sua maioria,

com perguntas fechadas, de forma simples e direta, onde todos os participantes

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responderiam de forma anónima, com o objetivo de aferir o interesse dos alunos

relativo ao tema em questão.

11.4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Nos dias de hoje, o grande desafio para qualquer organização é ir de

encontro ao interesse dos indivíduos. Encontrar as soluções deve ser o ponto

primordial. Existem tarefas de resolução urgente e, para tal, terão de haver

pessoas com competência para receberem e tratarem a informação. Estamos

convencidos de que não existem respostas perfeitas num mundo que se altera

permanentemente. Contudo, a possibilidade de contribuir para a criação de um

projeto de atividade desportiva escolar de complemento curricular, justifica, por

si só, o estudo.

Pretendemos desta forma, contribuir para aspetos que, tradicionalmente,

têm a tendência de cair no esquecimento. Temos a consciência que se trata de

um tema difícil de trabalhar devido à grande precariedade de informação. No

entanto, se, por um lado, a inexistência de estudos sobre o tema que

pretendemos tratar nos dificultou a tarefa, por outro lado, nos motivou a

investigação neste domínio.

Gráfico 1 - Número de participantes no estudo, por sexo.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Masculino

Feminino

38%

62%

SEXO

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84

Observando o Gráfico 1, podemos verificar que o número de participantes

no estudo, por sexo, é de 106 raparigas e 64 rapazes, totalizando 170 alunos, o

que corresponde a 89%, dos alunos matriculados no 7º ano, no ano letivo de

2013-2014.

No gráfico 2 podemos observar os valores relativos às idades dos alunos

que participaram no estudo. Assim, podemos verificar que as maiores

percentagens de referências aparecem nas idades dos 12 e 13 anos,

correspondendo a 74%. Estas são, de facto, as idades que em condições

normais, os alunos, referentes ao 7º ano de escolaridade, encontram-se.

Todavia, e cada vez mais, em estudos desta natureza será constante o

aparecimento de alunos com idades entre os 14 e 16 anos.

Gráfico 2 - Valores das idades dos alunos que participaram no estudo.

0% 10% 20% 30% 40% 50%

12 anos

13 anos

14 anos

15 anos

16 anos

33%

41%

17%

6%

3%

IDADES

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85

O gráfico anterior demonstra que 101 alunos já participaram em alguma

Atividade Desportiva Escolar, correspondendo a 59% de participação. Ou seja,

a grande maioria dos alunos revelaram, uma vez mais, caso a Escola Secundária

da Ribeira Grande oferecesse tais atividades, a adesão seria bastante

significativa.

No gráfico 4 podemos constatar que 52 alunos, 31%, participaram nas

Atividades Desportivas Escolares no 1º ciclo. Relativamente ao segundo ciclo,

62 alunos, ou seja, 36%, afirmam ter participado nestas atividades. No 3º ciclo

Gráfico 3 - Participação dos alunos nas Atividades Desportivas Escolares.

Gráfico 4 – Ciclo de ensino em que participaram nas Atividades Desportivas Escolares

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

1ºciclo

2ºciclo

3ºciclo

31%

36%

10%

Em que ciclo de ensino?

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Sim

Não

59%

41%

Já participaste nas Atividades Desportivas Extracurriculares?

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86

apenas 17 alunos, correspondendo a 10%, participaram em tais atividades.

Finalizando, 39 alunos responderam que nunca participaram em qualquer

atividade da escola.

Neste sentido é notório que é no 1º e 2º ciclos que se registam os maiores

valores relativos à participação, isto é, 114 alunos, com 67%. Contudo, é no 3º

ciclo que verificamos um decréscimo acentuado na participação dos alunos,

somando ao facto de 39 alunos não participarem em qualquer atividade

desportiva que a escola realize.

No que diz respeito ao Gráfico 5, podemos verificar que um valor

significativamente elevado de alunos, 142, o que corresponde a 84%, desejam

participar em alguma Atividade Desportiva Escolar, caso a Escola Secundária da

Ribeira Grande proporcione a realização das mesmas.

Gráfico 5- A importância das Atividades Desportivas Escolares

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Sim

Não

84%

16%

Se a Escola Secundária da Ribeira Grande tivesse ADE´s participarias?

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87

No tocante ao Gráfico 6, o primeiro horário que os alunos consideram ser

o mais indicado e preferido para a realização das Atividades Desportivas

Escolares é entre as 15h30 – 17h00, com cerca de 43% de preferência.

Relativamente ao segundo horário que os alunos mais desejam é o das 08h45 –

10h15, com 32%. Por último, o horário que menos despertou interesse aos

alunos foi o das 12h05 – 13h30, correspondendo a 9%.

11.5. CONCLUSÃO

Atualmente, o desporto é um produto da sociedade que o concebe, sendo

esta uma verdade que não necessita de grande argumentação nem

fundamentação sociológica. No entanto, o paradigma civilizacional mudou:

passou de um modelo alicerçado sobre o livro, a escrita, para um outro baseado

sobre a imagem, a sensação, o imediato, a oralidade. Desta forma, o desporto

não ficou imune a esta mudança, que nos obriga a sermos capazes de formular

as perguntas necessárias e a incentivar todos quantos organizam, preparam,

dirigem ou praticam a atividade desportiva, a procurar as respostas que os

tempos de mudança intensa e de incertezas impõem.

O presente estudo pretendeu contribuir para a criação de um projeto de

Atividade Desportiva Escolar, na Escola Secundária da Ribeira Grande. Se, por

Gráfico 6 - O horário preferido pelos alunos.

0% 10% 20% 30% 40% 50%

8h45-10h15

12h05-13h30

15h30-17h00

32%

9%

43%

Horário preferido pelos alunos

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um lado, a inexistência de estudos sobre o tema nos dificultou a tarefa, por outro

lado, nos incentivou e nos motivou o investigar neste domínio. Tratou-se de um

tema difícil de trabalhar devido à precariedade de informação localmente

existente. Todavia, a possibilidade de contribuir para a criação de um novo

projeto, justificaram, por si só, a investigação neste domínio.

A elaboração deste trabalho, dada a forma como foi realizado,

proporcionou-nos um conjunto de informações, desde o conhecimento científico

a diversas áreas no mundo do desporto, tornando-se, assim, num importante

contributo para a compreensão do desporto na escola.

Neste sentido, e de forma a cumprir os objetivos delineados anteriormente,

os resultados foram apresentados a toda a Comunidade Escolar (Conselho

Executivo, Departamento de Educação Física e Desporto, turmas da escola,

docentes de outras disciplinas, bem como a Associação de Pais) com o intuito

de mostrar a importância das Atividades Desportivas Escolares para a população

envolvida no estudo. Toda esta informação servirá como base orientadora para

a criação de um projeto educativo que envolve a atividade desportiva, com o

objetivo de complemento curricular, nesta escola.

Perante este cenário, entendemos tecer algumas considerações finais. De

todo este trabalho resultaram algumas ideias centrais de contributo para a

criação de um projeto de Atividade Desportiva Escolar, sendo elas:

Relativo à participação, 170 alunos matriculados no 7º ano, no ano letivo

de 2013-2014, responderam ao questionário, o que corresponde a 89% de

participação;

No tocante às idades dos alunos que participaram no estudo, verificamos

que 74% dos participantes encontram-se entre os 12 e 13 anos;

No que diz respeito à participação em alguma Atividade Desportiva

Escolar, 101 alunos, ou seja, 59% de participação já o realizaram;

Relativamente ao ano de escolaridade em que já participaram de alguma

Atividade Desportiva Escolar, 52 alunos, 31%, participaram no 1º Ciclo; 62

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alunos, ou seja, 37%, participaram no 2º Ciclo. Contudo, no 3º ciclo apenas

17 alunos, cerca de 10%, participaram em tais atividades;

Foi possível aferir que 142 alunos, o que corresponde a 84%, desejam

participar em alguma Atividade Desportiva Escolar, caso a Escola Secundária

da Ribeira Grande proporcione a realização das mesmas;

Finalizando, o horário que os alunos consideram ser o mais indicado para

a realização das Atividades Desportivas Escolares é das 15h30 às 17h00,

com cerca de 43% de preferência. O segundo horário mais desejado é o

seguimento das 08h45 às 10h15, com 32%;

A Escola Secundária da Ribeira Grande possui um conjunto de

Instalações Desportivas ímpares, proporcionando a implementação de um

vasto leque de projetos desportivos, nas diversas vertentes.

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Capítulo VI

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

“Não há nenhum segredo para o sucesso. É o

resultado de preparação, trabalho duro, e

aprender com o fracasso”.

Colin Powell (s.d.)

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Esta área diz respeito às atividades e “vivências importantes para a

construção da competência profissional, com o objetivo de promover o

desenvolvimento ao longo da vida profissional, proporcionando o sentido de

pertença e identidade profissionais, a colaboração e a abertura à inovação”

(Normas Orientadoras do Estágio Profissional, 2013).

O processo de formação inicial do estudante culmina com a realização do

EP, onde este se afigura como o momento propício para mobilizar os

conhecimentos e aprendizagens que temos vindo a adquirir, ao longo dos anos,

na faculdade. É na Universidade que nos é transmitido o conhecimento teórico

e as competências necessárias para depois serem aplicadas no contexto

escolar, neste caso, de forma supervisionada.

O meu grande sonho a nível profissional sempre passou por ser professor

de Educação Física e este ano tive a oportunidade de começar a realizar esse

sonho. No entanto, este começo marca o final de uma longa etapa marcada por

diversas vivências que me proporcionaram ganhos enormes ao nível do

conhecimento.

O quadro que se segue foi elaborado no âmbito do Projeto de Formação

Individual (PFI) e mostra o planeamento das atividades desenvolvidas, durante

o ano letivo que acaba de findar, na área do desenvolvimento profissional.

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Fui obrigado a projetar o futuro, delinear as tarefas e atividades, definir os

objetivos e descrever como iria combater as dificuldades que possam surgir.

Desta forma, preparei e planeei a minha atividade refletindo acerca da ação

antes desta mesma acontecer.

No que concerne ao Projeto de Formação Individual, este veio a revelar-se

num documento orientador de toda a minha atuação no início do ano letivo.

Através da sua realização foi viável estabelecer uma ordem das atividades que

tive o dever de realizar, servindo de guia para esta etapa tão importante que é o

Estágio Profissional. Com a elaboração do mesmo tive que refletir sobre mim, as

ÁREA 3 - DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

Objetivos Estratégias Calendarização

Projeto de Formação Individual

Orientar e projetar as ações/atividades a

desenvolver ao longo do ano letivo.

Identificar e desenvolver os principais temas relacionados com a

atividade de docente.

Entrega no dia 18 de Novembro de 2013; Apresentação entre os dias 13 a 27 de Janeiro de 2014.

Portefólio Digital

Dar a conhecer todas as atividades desenvolvidas, no

decorrer do ano letivo, do estágio profissional;

Estruturar os conhecimentos, adquiridos em todas as

vivências, que a experiência do estágio irá proporcionar.

Atualização de forma sistemática das

atividades/ações desenvolvidas.

Durante todo o ano letivo.

Projeto Investigação-

ação

Apresentar e contribuir com um projeto de

desenvolvimento para as atividades desportivas

escolares.

Apresentar dados que justifiquem a

implementação e a importância destas

atividades na escola.

2º e 3º Período

Relatório de Estágio

Fundamentar todo o processo, desenvolvido ao

longo do ano letivo, na função de professor estagiário e

refletir sobre as experiências ocorridas no mesmo período.

Pesquisar, na bibliografia disponível, todas as

dúvidas que possam surgir durante a abordagem de

algum tema; Fundamentar todas as decisões

tomadas.

Final do 3º período (2º semestre)

Quadro 1 – Apresentação das tarefas realizadas na área 3 do Estágio Profissional.

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minhas capacidades e expetativas; acerca da escola e das suas possibilidades;

as diferentes áreas e suas respetivas aplicações.

Ainda no âmbito do Projeto de Formação Individual foi possível apresentar,

a uma grande parte da comunidade escolar, os resultados obtidos na aplicação

do questionário às oito turmas do 7º ano de escolaridade.

Na apresentação estiveram presentes todos os docentes do departamento,

bem como, um total de seis turmas, do 7º ao 12º ano, proporcionando desta

forma uma agradável experiência, pois foi possível vivenciar um conjunto de

emoções. Assim foi possível valorizar a comunicação oral, uma vez que na

assistência havia um leque variado de alunos e docentes de outras disciplinas.

A elaboração do portefólio digital teve como principal função dar a conhecer

todas as atividades desenvolvidas no decorrer do ano letivo. O objetivo deste

centrou-se na necessidade de estruturar os conhecimentos adquiridos em todas

as vivências que a experiência do estágio me proporcionou. A realização e a

atualização constante deste documento permitiu que a professora orientadora

estivesse ao corrente de toda a atividade desenvolvida por mim, durante o EP.

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Capítulo VII

CONCLUSÕES E PERSPETIVAS PARA O FUTURO

“A vida só pode ser compreendida, olhando-se para

trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para a

frente”.

Soren Kierkergaard (s.d.)

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Estes últimos cinco anos, onde constam a Licenciatura e o Mestrado, foram

anos de trabalho, dedicação, alegrias, tristezas, transcendência, mas acima de

tudo muito prazer. Estes anos ficaram marcados por um misto de sentimentos

positivos mas também negativos. Estes sentimentos positivos refletem o término

de mais uma etapa crucial da minha vida académica, sendo que esta diz respeito

a toda a minha passagem pelo Ensino Superior. Por outro lado, todos estes anos

de formação inicial foram carregados de muitas experiências fabulosas que

marcaram o meu ser, tanto no campo pessoal como profissional e que me

deixam com um sentimento de orgulho muito grande.

Agora que chego ao fim de mais uma longa etapa da minha vida, o Estágio

Profissional, posso dizer que muitos foram os momentos que vão ficar para

sempre guardados na minha memória. Alguns destes momentos dizem respeito

ao primeiro dia que cheguei à minha nova escola, o primeiro contacto com a

turma, a primeira aula propriamente dita e o último dia de aulas que se revelou

num misto de sensações.

A experiência que ressalta depois de um ano tão longo como este antevia

um percurso repleto de muito trabalho, de dificuldades, sacrifícios, novas

estratégias, de evolução mas, em grande parte, de muita superação. Todos

estes conceitos estiveram presentes ao longo desta etapa e foi com as

dificuldades que eu ia encontrando, no caminho percorrido, que surgia sempre a

necessidade de parar, pensar e encontrar uma nova maneira para ultrapassar

os desafios que iam surgindo.

O sentimento que fica no final deste ano é que tudo passou muito rápido,

porque parece que ainda foi ontem que estava a falar com os meus pais para

saber se havia possibilidade de realizar o Estágio na ilha de São Miguel, e hoje

estou perante o dia em que estou quase a abandonar a ilha. Todo o processo de

Estágio permitiu-me sentir e disfrutar da sensação que é Ser Professor, conhecer

de perto a realidade de uma escola secundária nos Açores, perceber quais as

competências e exigências que um professor tem que desempenhar na sua

função para que no final de tudo os ganhos de aprendizagem dos alunos fossem

o mais importante.

A partir desta etapa consegui, também, perspetivar a importância da

ligação e relação entre professores e alunos para que se consiga cativar a turma,

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conseguindo um respeito mútuo, fazendo com que o clima das aulas seja o mais

propício às aprendizagens dos mais novos. Outro dos aspetos que me permitiu

evoluir no campo profissional foram todos os momentos de reflexão que eram

necessários após as aulas e cada atividade realizada, que me possibilitaram

refletir sobre o porquê de ter agido de certa forma e não de outra, e perceber de

que maneira é que isso influenciou a minha prestação enquanto professor. Esta

foi uma tarefa que se afirmou bastante difícil de realizar para mim, enquanto

professor estagiário, mas que se revelou fundamental para toda a minha

evolução ao longo deste processo. Consegui adquirir competências nas diversas

áreas do conhecimento, formação profissional e planeamento que contribuíram

para o desenvolvimento de todas as minhas funções enquanto professor.

Um dos meus grandes objetivos sempre passou por fazer com quem os

alunos adquirissem conhecimentos teóricos, desenvolvessem e evoluíssem a

nível das suas capacidades motoras sem nunca esquecer a parte Humana que

vai ser sempre necessária nas vidas deles. A nível pessoal sinto que “dei tudo”

para que a excelência fosse sempre atingida, para que as dificuldades fossem

superadas e os objetivos cumpridos. Da experiência vivida durante este ano

ganho, sem dúvida, momentos marcantes que se prendem com as constantes

superações que me permitiram evoluir ao nível do meu conhecimento e da minha

competência profissional e pessoal.

Chegando ao fim de mais uma etapa, está prestes a iniciar-se outra na

minha vida. Esta, espero eu, repleta de trabalho onde novas experiências vão

surgir acompanhadas, decerto, com muitos conhecimentos.

É sabido que a lecionação nas escolas não está fácil, mas acredito que os

tempos são de mudança e novas aventuras vão aparecer. O meu grande sonho

sempre passou por ser professor de Educação Física e irei lutar e “esperar” para

que tal prática aconteça. Os momentos que vêm aí não vão ser, de todo, os mais

fáceis, no entanto, não se pode “cruzar os braços” e ficar à espera que as

oportunidades surjam. Para se vingar não basta apenas existir, é preciso

acreditar, lutar e persistir, e é com esse pensamento que vou enfrentar o futuro,

convicto de que posso e vou atingir os meus objetivos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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ANEXO I – Planificador Anual

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XX

ANEXO II – Unidade Didática

ANO LETIVO 2013-2014

PLANIFICAÇÃO - UNIDADE DIDÁTICA

Unidade Didática: Ano: 11º

Total de Aulas: Turma: D

N.º Aula

Data Objetivo

Geral Conteúdos

Função Didática

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Anexo III – Plano de aula

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XXII

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XXIII

Anexo IV – Questionário aplicado no estudo

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