O CONTEXTO HISTÓRICO E O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO MUNICÍPIO DE

ILHA SOLTEIRA

Mariana Vasconcelos da Silva

maryvasc@hotmail.com

Discente Bacharel em Geografia

UNESP/FCT - Campus de Presidente Prudente

Resumo: O trabalho visa relatar o contexto histórico do município de Ilha Solteira, desde a

construção da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, que pela necessidade de abrigar os trabalhadores,

construíram a cidade sendo a mesma administrada por anos pela CESP, enfatizando como aquele

grande vazio se tornou um grande canteiro de obras, abrigando mais de 30 mil pessoas e com

poucos anos depois se tornou uma das Estâncias Turística do Estado de São Paulo, atualmente a

cidade possui uma infraestrutura em desenvolvimento, com bons hotéis, pousadas e ranchos para

alugar, restaurantes e lanchonetes, onde os turistas podem usufruir assim de boas hospedagens, a

cidade também tem vários atrativos naturais, como praias, parques, zoológicos e grandes eventos

acadêmicos e culturais durante o ano, atraindo muitos visitantes para a o município.

Palavra-chave: CESP; Ilha Solteira; turismo, infraestrutura.

INTRODUÇÃO

A partir da metade do século XIX, o Brasil precisava de infraestrutura, principalmente

de energia para continuar a crescer industrialmente, na época o país tinha uma capacidade

geradora deficiente de energia elétrica e por causa de algumas longas estiagens, sofreram

na época uma grave crise no fornecimento de eletricidade, e essas companhias de

concessionárias dos serviços de energia elétrica existente na época não estavam

acompanhando o ritmo de crescimento do país.

Os estudos sobre o aproveitamento do potencial hidráulico do Salto de Urubupungá,

no rio Paraná, foram elaborados pela CIBPU - Comissão Interestadual da Bacia do Paraná-

Uruguai, e em janeiro de 1955, a CIBPU encomendou a Società Edison, de Milão, estudos

iniciais a respeito das quedas de Urubupungá, e em 1960 a empresa italiana apresentou o

projeto propondo a construção das Usinas de Jupía e Ilha Solteira.

A construção da hidrelétrica de Ilha Solteira, iniciada em meados da década de 1960,

marcou o começo da fase das grandes obras.

Esse conjunto na época de sua construção era o maior complexo hidrelétrica do

Hemisfério Sul e quando iniciou a construção da Usina de Ilha Solteira, ela foi considerada a

sexta maior hidrelétrica do mundo, tendo como potência final a Usina de Ilha Solteira, com

3.230.000 KW.

Porém necessitava abrigar todos esses trabalhadores, resolveu assim criar um

núcleo urbano permanente, que deu origem a cidade de Ilha Solteira, o nome da Usina e do

núcleo urbano, originou-se de uma ilha fluvial denominada “Ilha Solteira”, existente no rio

Paraná, o núcleo começou a receber seus primeiros moradores em 1968 e ainda parecia um

grande canteiro de obra.

A administração da área residencial de Ilha Solteira era de responsabilidade

exclusiva da CESP, Ilha Solteira foi distrito da cidade de Pereira Barreto até a emancipação

em 30 de dezembro de 1991. Foi elevada à categoria de Estância Turística em 13 de Abril

de 2000 e decretada Ilha Capital da Cultura através do Decreto nº 2241, em 29 de Junho de

2001 e no dia 29 de Abril de 2005, através da Lei Complementar nº 877/2000, foi elevada à

Comarca.

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

Ilha Solteira recebeu essa denominação pela a existência de uma ilha situada a

800m da UHE Ilha Solteira e a 12 km dela existe um tipo de arquipélago fluvial com cinco

ilhas e cujo nome e Cinco ilhas, por estar sozinha, foi denominada Ilha Solteira. Essa Ilha é

repleta de espécies nativas da flora e fauna, possuí 2000m de comprimento e cerca de 300

m de largura. A Lei n.º 1125, de 06 de fevereiro de 2004 a declara como Área de Proteção

Ambiental.

O nome da Usina hidrelétrica e da cidade originou de uma ilha fluvial denominada

Ilha Solteira, existente no rio Paraná, cuja tendência é desaparecer, uma vez que sua

superfície diminui a cada ano, em decorrência da erosão provocada pelas cheias do rio

Paraná.

Ilha Solteira se localiza na margem paulista do rio Paraná, no extremo noroeste do

Estado de São Paulo, na divisa com Mato Grosso do Sul, há 600 km da capital de São

Paulo, com a seguinte posição geografia: Longitude: 51º 06’ 35” W e Latitude: 20º 38’ 44” S.

Municípios Limítrofes:

Norte - Município de Rubinéia

Sul - Município de Itapura

Leste- Município de Pereira Barreto

Oeste- Município de Selvíria (MS)

Nordeste - Município de Suzanapólis

Sudeste - Município de Andradina

Fig1. Localização Geográfica de Ilha Solteira.

Fonte: Localização de Ilha Solteira. Disponivel em< www.ilhasolteira.com>. Acessado em 22 de

outubro de 2010.

CONTEXTO HISTÓRICO

O início das obras de Ilha Solteira deu-se antes do término da Usina de Jupiá, sendo

a distância entre os dois canteiros de obras pouco mais de 60 km, possibilitou que a equipe

de Jupiá realiza-se o planejamento de Ilha Solteira podendo assim construí-la em seguida.

O canteiro de obras de Ilha Solteira nasceu em 1967, os equipamentos usados

muitos foram fabricados no Brasil, porém houve a necessidade de importar outros como

turbinas e geradores, o porte do canteiro de obras da Usina de Ilha Solteira parecia de um

complexo industrial, sendo o maior implantado até então no país.

A construção dessa usina de grande porte, em uma região carente do apoio dos

grandes centros urbanos, exigia a edificação de alojamentos de solteiros, de vilas operárias

e de instalações para a residência dos operadores das máquinas. O núcleo urbano de Ilha

Solteira foi construído em terras pertencentes ao município paulista de Pereira Barreto.

No dia 15 de outubro de 1968 os primeiros trabalhadores chegaram e se instalaram

para construir a Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, ocuparam suas casas no núcleo

residencial, que foi elaborado para que a população ficasse em torno de 35.000 habitantes,

em cerca de 6.000 casas e os alojamentos para os solteiros, o núcleo já contava com o

planejamento para que toda a população tivesse infraestrutura sanitária, elétrica,

comunicações, saúde e educação.

As obras de terraplanagem haviam sido iniciadas em 1966 e a construção das

habitações em 1967, mas a cidade parecia um acampamento em construção, com tantos

maquinários trabalhando a todo tempo, quando ainda seus primeiros moradores chegaram.

Fig2. Foto da cidade de Ilha Solteira em construção.

Fonte: Museu Virtual de Fotos Históricas de Ilha Solteira e Região. Disponivel em

<www.dee.feis.unesp.br/museu>. Acessado em 10 de julho de 2011.

Fig3. Contrução de prédios e da caixa da água.

Fonte: Museu Virtual de Fotos Históricas de Ilha Solteira e Região. Disponivel em

<www.dee.feis.unesp.br/museu>. Acessado em 10 de julho de 2011.

Fig4. Vista da Construção do núcleo urbano de Ilha Solteira.

Fonte: Museu Virtual de Fotos Históricas de Ilha Solteira e Região. Disponivel em

<www.dee.feis.unesp.br/museu>. Acessado em 10 de julho de 2011.

A qualquer pessoa que desempenha alguma atividade ligada à construção de

barragens dá-se o nome de “barrageiro”. Esta denominação se refere aos trabalhadores do

canteiro de obras de uma usina, serviam de moradia para esses funcionários as casas e os

alojamentos, com toda a infraestrutura, porém a zona habitacional, formada por quadras

simétricas compostas por casas do mesmo nível, obedecia ao critério que agrupava a

população em seis níveis de categoria profissional, como mostra o quadro a seguir:

Quadro1. A profissão e seu respectivo nível do imóvel.

Nível Categoria Profissional Exemplos de Cargos

1 Operários não especializados Serventes, ajudantes, vigias,

zeladores.

2 Funcionários que exercem

profissões manuais

especializadas

Carpinteiros, encanadores,

pintores, soldadores.

3 Auxiliares administrativos Chefes de turma, encarregados,

Mestre de obra e ficais.

4 Assistentes técnicos Auxiliares de enfermagem,

desenhistas, projetistas,

inspetores, professores de ensino

primário.

5 Técnico-administrativo ou

cargos de chefia

Agrimensores, professores de

ensino técnico.

6 Nível universitário de todas

as profissões liberais

Médicos, engenheiros, arquitetos,

professores do ensino médio,

assistentes sociais, orientadores

educacionais e pedagógicos.

Fonte: CESP. Ilha Solteira – A Cidade e a Usina. SP, 1988.

Quadro 2. Características das casas de Ilha solteira

Tipo de

habitação

Área em m²

Lote Área

Coberta

Alpendre Programa

Nível 1 108,00 32,64 8,40 Sala, ½ dormitórios, cozinha,

banheira, tanque, alpendre,

área de frente e de fundo.

Nível 2 132,00 44,90 16,10 Sala, 2/3 dormitórios, cozinha,

banheiro, lavanderia, alpendres,

área de frente e fundo.

Nível 3 132,00 44,90 16,10 Idem, com melhoramentos

internos e esquadrias.

Nível 4 188,00 67,68 18,80+13,96

p/auto

Sala, 3 dormitórios, cozinha,

banheira, lavanderia, alpendres,

área de frente e de fundo,

garagem.

Nível 5 300,00 105,52 29,20+21,44

p/auto

Sala, 3 dormitórios, cozinha,

banheiro, lavanderia, dormitório

e banheiro para emprega,

alpendres, área de frente e

garagem, área lateral de

serviços e área de fundo para

extensão.

Nível 6 560,00 152,00 34,00+28,00

p/auto

Sala de estar, sala de jantar, 4

dormitórios, banheiro, lavado,

copa, cozinha, lavanderia,

dormitório e banheiro para

empregada, alpendres, área de

frente, garagem, área lateral de

serviços e área de fundo para

extensão.

Fonte: CESP. Ilha Solteira – A Cidade e a Usina. SP, 1988.

Quanto a origem dos habitantes de Ilha Solteira, cerca de 70% deles era de

procedência da região de Urubupungá, em um raio de 100 km, cerca de 25% dos

trabalhadores era das demais cidades do interior do Estado de São Paulo e apenas os 5%

restantes eram provenientes de outros Estados do país, do Norte, do Nordeste e do Sul, e

essa população somente aumentava com os anos porem começou a diminuir com a

finalização da Usina, como mostra o quadro:

Quadro 3. Evolução da população de Ilha Solteira.

Mês/ Ano N° de Habitantes

Agosto/ 1969 14.200

Novembro/1969 16.254

Março/ 1970 20.568

Março/ 1971 30.334

Março/1972 31.681

Abril/1972 30.991

Maio/1972 29.815

Setembro/1972 28.405

Dezembro/1973 25.949

Dezembro/1975 22.388

Dezembro/1976 21.446

Dezembro/1977 22.752

Fonte: CESP. Ilha Solteira – A Cidade e a Usina. SP, 1988.

A partir das obras, muitos trabalhadores deixaram a cidade. A emancipação de Ilha

Solteira foi em 30 de dezembro de 1991e foi elevada à categoria de Estância Turística em

13 de Abril de 2000.

TURISMO EM ILHA SOLTEIRA

Estância turística é um título concedido pelo governo do estado de São Paulo a

municípios que apresentem características turísticas e determinados requisitos, devem

dispor de infraestrutura e serviços à atividade turística, os municípios com este status

podem receber aportes financeiros específicos para incentivo ao turismo.

Os recursos turísticos existentes em Ilha Solteira atraem visitantes de várias

localidades proximas e ainda de outros Estados que aqui vêm para desfrutar dos rios para a

prática de esporte e lazer e das atrações culturais e técnico-científicas.

O turismo é um fenômeno social é complexo é diversificado, a partir do momento em

que começaram os estudos científicos do turismo, muitas definições tem sido dadas durante

os anos, a primeira definição remonta-se ao ano de 1911, que o economista austríaco

Hermann Von Schullern descreve que “Turismo é o conceito que compreende todos os

processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na permanência

e na saída do turista de um determinado município, país, ou estado”.

Para OMT - Organização Mundial do Turismo / World Tourism Organization (OMT

/WTO), 1991 é:

“O turismo compreende as atividades desenvolvidas pelas pessoas ao longo de

viagens e estadas em locais situados fora do seu enquadramento habitual, por um período

consecutivo que não ultrapasse um ano, para fins recreativos, de negócios, ou outros.”

Ilha Solteira tem vários atrativos turísticos naturais e artificiais, a cidade é única,e foi

totalmente planejada e administrada pela CESP por anos, tem um povo hospitaleiro, aberto

a todos que a visitam, têm como marco o Turismo, a Tecnologia e a Cultura. A Cidade

possui praias artificiais e três grandes rios: o Rio Paraná, o Rio Tietê e o Rio São José dos

Dourados que propiciam a prática de esportes náuticos, pesca esportiva e lazer as famílias

e aos seus visitantes, há vários eventos culturais e beneficentes realizados pelo poder

público ou pela comunidade, eventos acadêmicos proporcionados pela comunidade

cientifica como, por exemplo, a UNESP – Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita

Filho”, atrai um grande contingente de turistas.

Alguns Exemplos dos Atrativos Turísticos em Ilha Solteira:

Ilha Solteira

É uma ilha fluvial situada a 800m da jusante da UHE, batizada assim, devido à

existência a 12 quilômetros dela, de um arquipélago fluvial com cinco ilhas, cujo nome é

“Cinco Ilhas”. Desta forma, a ilha em questão, por estar sozinha, foi denominada “Ilha

Solteira”.

Fig5. Ilha Solteira

Fonte: Google Earth

Rio São José dos Dourados

Por ser um rio de corredeiras, favorecia a piracema do dourado, peixe que lhe que

lhe da o nome, que entrava através do Paraná, procurando a cabeceira do rio São José dos

Dourados para a desova (antes da UHE Ilha Solteira).

Rio Tietê

O rio Tietê possui 1.100 km de extensão. Nasce no município de Salesópolis - SP,

numa altitude de 1.030m a 22 km do Oceano Atlântico e desemboca no Rio Paraná no

município de Itapura.

Rio Paraná

O Rio Paraná é formado pelo encontro das águas dos rios Grande e Paranaíba.

Fig 6. Localização das Praias

Fonte: www.ilhasolteira.com.br

Praia Catarina

Local de lazer destinado às comunidades local e regional. Possui infraestrutura como

quiosque e área para camping, recebe grande contigente de turista principalmente no final

de semana ou quando há realizações de eventos no local.

Fig 7.

Fotos

da

Praia

Fonte: www.ilhasolteira.com

Praia Marina

Atualmente, o local contém infraestrutura voltada para a prática do windsurfe, Jet ski,

prancha a vela, motor e canchas, ainda têm um bar e lanchonete com todos os serviços.

Reservatório Ilha Solteira

Com o represamento do rio Paraná pela Usina Hidrelétrica Ilha Solteira, formou um

grande reservatório.

Zoológico de Ilha Solteira

O Centro de Conservação da Fauna Silvestre, zoológico, foi construído em 1979,

pela administração da CESP, com a finalidade de abrigar melhor alguns animais

provenientes do enchimento dos Reservatórios de Jupiá e Ilha Solteira.

Fig. 8 Entrada do zoológico

Fonte: www.ilhasolteira.com

CONCLUSÃO

O município possui grandes atrativos turísticos, e estão investindo para melhorar a

infraestrutura, não somente a prefeitura, mas a população local, também estam melhorando

seus serviços e comércios, com abertura de mais hotéis, pousadas e restaurantes houve

para absorver esse aumento des turistas no município, não somente para esses atrativos

naturais, também ocorre na cidade grandes eventos culturais e acadêmicos realizados pela

prefeitura ou pela universidade e faculdades presentes na cidade, como por exemplo, a

UNESP, que realizam eventos, encontros, semanas e congressos.

Tem também dois eventos de grande repercussão regional que e a FAPIC, onde e

comemorado o aniversário da cidade com grandes atrações, realizado na semana do dia 15

de outrubro, e o outro e o MOTOFEST, grande encontro dos motoqueiros, esse último

evento sempre se encontra lotado e essas pessoas vêm prestigiar o evento de varias partes

do Brasil, dinamizando assim a economia local.

A cidade passou por uma evolução muito rapida, principalmente se compararmos a

mesma com outras cidades da região, Ilha Solteira tem uma história rica e possui grandes

atrativos naturais e cada vez mais chama atenção dos turistas, proporcionando assim

melhoras ao município e a sua população e para todos os visitantes da Estância Turistica de

Ilha Solteira.

¹- Eixo Tematico: Geografica Econômica

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOULLÓN, R. C. Planejamento do espaço turístico. Bauru: EDUSC,2002, 278p.

CASTRO, I. E. Paisagem e Turismo. De estética, nostalgia e política. IN:YÁZIGI, E. Abdo

(org). Turismo e paisagem. São Paulo: Contexto, 2002.

CESP. Ilha Solteira – A Cidade e a Usina. SP, 1988.

CRUZ, R. C. A. As paisagens artificiais criadas pelo turismo. IN: YÁZIGI, E. Abdo (org.).

Turismo e paisagem. São Paulo: Contexto, 2002.

RODRIGUES, A. B. Turismo e espaço: rumo a um conhecimento transdisciplinar. 3 ed. São

Paulo: Hucitec, 2001.