O consolador fev 2014

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O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste. Depende dele ser mais rico ao partir do que ao chegar, visto como, do que tiver adquirido em bem, resultará a sua posição futura. Quando alguém vai a um país distante, constitui a sua bagagem de objetos utilizáveis nesse país; não se preocupa com os que ali lhe seriam inúteis. Procedei do mesmo modo com relação à vida futura; aprovisionai-vos de tudo o de que lá vos possais servir. Ao viajante que chega a um albergue, bom alojamento é dado, se o pode pagar. A outro, de parcos recursos, toca um menos agradável. Quanto ao que nada tenha de seu, vai dormir numa enxerga. O mesmo sucede ao homem, a sua chegada no mundo dos Espíritos: depende dos seus haveres o lugar para onde vá. Não será, todavia, com o seu ouro que ele o pagará. Ninguém lhe perguntará: Quanto tinhas na Terra? Que posição ocupavas? Eras príncipe ou operário? Perguntar-lhe-ão: Que trazes contigo? Não se lhe avaliarão os bens, nem os títulos, mas a soma das virtudes que possua. Ora, sob esse aspecto, pode o operário ser mais rico do que o príncipe. Em vão alegará que antes de partir da Terra pagou a peso de ouro a sua entrada no outro mundo. Responder-lhe-ão: Os lugares aqui não se compram: conquistam-se por meio da prática do bem. Com a moeda terrestre, hás podido comprar campos, casas, palácios; aqui, tudo se paga com as qualidades da alma. És rico dessas qualidades? Sê bem-vindo e vai para um dos lugares da primeira categoria, onde te esperam todas as venturas. És pobre delas? Vai para um dos da última, onde serás tratado de acordo com os teus haveres. EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO capitulo XVI, item 9- Pascal Genebra,1860 Nas comemorações dos 150 anos de lançamento da primeira edição de O evangelho segundo o espiritismo, em janeiro de 1864, sugerimos que esta obra seja lida diariamente por todos nós. Ela resgata os ensinos morais de Jesus, estimulando o leitor à transformação íntima para o bem. O vocábulo evangelho é tão rico e significativo que nos enseja infinitas reflexões para a vivência renovadora no cotidiano de nossas vidas. Esclarecimento superior Valorização da vida Amor profundo Novos tempos Geração nova Esperança renovada Libertação espiritual Humanidade real Oração edificante Geraldo Campetti Sobrinho - Vice-presidente da Federação Espírita Brasileira

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O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do

que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém,

que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o

usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso

da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que ninguém

lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste. Depende dele ser mais

rico ao partir do que ao chegar, visto como, do que tiver adquirido em bem, resultará a sua posição futura. Quando

alguém vai a um país distante, constitui a sua bagagem de objetos utilizáveis nesse país; não se preocupa com os

que ali lhe seriam inúteis. Procedei do mesmo modo com relação à vida futura; aprovisionai-vos de tudo o de que lá

vos possais servir.

Ao viajante que chega a um albergue, bom alojamento é dado, se o pode pagar. A outro, de parcos recursos,

toca um menos agradável. Quanto ao que nada tenha de seu, vai dormir numa enxerga. O mesmo sucede ao

homem, a sua chegada no mundo dos Espíritos: depende dos seus haveres o lugar para onde vá. Não será,

todavia, com o seu ouro que ele o pagará. Ninguém lhe perguntará: Quanto tinhas na Terra? Que posição

ocupavas? Eras príncipe ou operário? Perguntar-lhe-ão: Que trazes contigo? Não se lhe avaliarão os bens, nem os

títulos, mas a soma das virtudes que possua. Ora, sob esse aspecto, pode o operário ser mais rico do que o

príncipe. Em vão alegará que antes de partir da Terra pagou a peso de ouro a sua entrada no outro mundo.

Responder-lhe-ão: Os lugares aqui não se compram: conquistam-se por meio da prática do bem. Com a moeda

terrestre, hás podido comprar campos, casas, palácios; aqui, tudo se paga com as qualidades da alma. És rico

dessas qualidades? Sê bem-vindo e vai para um dos lugares da primeira categoria, onde te esperam todas as

venturas. És pobre delas? Vai para um dos da última, onde serás tratado de acordo com os teus haveres.

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – capitulo XVI, item 9- Pascal – Genebra,1860

Nas comemorações dos 150 anos de lançamento da primeira edição de O evangelho segundo o espiritismo,

em janeiro de 1864, sugerimos que esta obra seja lida diariamente por todos nós.

Ela resgata os ensinos morais de Jesus, estimulando o leitor à transformação íntima para o bem.

O vocábulo evangelho é tão rico e significativo que nos enseja infinitas reflexões para a vivência renovadora no

cotidiano de nossas vidas.

Esclarecimento superior

Valorização da vida

Amor profundo

Novos tempos

Geração nova

Esperança renovada

Libertação espiritual

Humanidade real

Oração edificante

Geraldo Campetti Sobrinho - Vice-presidente da Federação Espírita Brasileira

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As aflições humanas - causas atuais No campo das aflições da criatura humana, podemos identificar causas que são criadas agora. Muita gente chora, se lamenta. Há muitos que se desesperam diante dos problemas, dos

tormentos, das dificuldades que estão lhes assoberbando a vida na atualidade, nesses dias. Quase nunca essas mesmas pessoas se apercebem de que esses sofrimentos, essas aflições,

esses problemas pelos quais estão passando foram criados agora, nesta mesma vida, nos tempos da nossa trajetória terrestre.

Uma das causas mais pungentes de aflições é o temperamento. Meu Deus! Quantas são as pessoas que têm temperamentos fortíssimos. São ditas pessoas de pavios curtos. Há outras que nem pavios têm, explodem por qualquer coisa. Então, são pessoas mal vistas, não são queridas, onde chegam

os outros saem. E isso é motivo de tormento, de aflição. Mas por causa delas mesmas. Existem outras que afirmam não levar desaforos para casa e, por qualquer coisa, estouram. Outras afirmam que são muito

boas, mas que ninguém pode pisar-lhes os pés, outras dizem... outras dizem tantas coisas para justificar o injustificável. Eu dou um boi para não entrar na briga; dou uma boiada para não sair da briga. São pessoas temperamentais, estranhas

criaturas. Vão gerando em torno de si medo em algumas, raiva em outras, indiferença em várias. Ao mesmo tempo, geram reações

similares de outros que também tenham pavios curtos, não tenham pavios ou que também são muito boas enquanto não tenham os pés pisados.

Afinal de contas, vivemos na Terra em busca da felicidade, em busca da nossa integração com Deus e com Suas Leis. Não importa se não se é religioso, se não se frequenta instituição religiosa, se não se participa de circuitos religiosos, Deus é

o Pai do Universo. Não nos importa como Ele seja chamado. Ele é o Pai do Universo, é o Grande Criador. E o nosso compromisso, nesta vida, é nos ajustar às Suas Leis.

Então há muitos sofrimentos, muitas aflições geradas por causa do nosso temperamento. Pessoas explosivas, pessoas que se fecham, ao invés de conversar, de discutir, de dizer o que é que lhes está incomodando. Elas se fecham e agem com raiva, com mágoa, com ódio, sem dizer uma palavra.

Quando se lhes perguntam: Há algum problema? - elas dizem: Não, está tudo bem.Mas neste está tudo bem, vai a marca da sua indisposição interior.

Também há problemas, aflições nesta atualidade, que são pendentes dos vícios que adquirimos. Quantos vícios! Uma criatura que aprendeu a fumar desde novinha, dali há poucos anos estará com asma, com bronquite,

com enfisema pulmonar e quem sabe com câncer. Estará transpirando mau odor, o tabaco na circulação sanguínea. Quantas são as enfermidades, amputações, degenerescências orgânicas por causa do tabagismo. Não é Lei de Deus ter que fumar, não foi uma imposição da Divindade ter que fumar, mas há liberdade, o livre arbítrio. Nesta

mesma vida, o indivíduo começou a usar essa droga, o tabaco e foi adoecendo o corpo, foi mutilando o corpo. Então, é natural que nós identifiquemos nesses indivíduos todos, aqueles que estão provocando aflições para suas vidas,

nesta atualidade, nesta mesma existência. Há aqueles que usam alcoólicos e vão na mesma direção. Bebem porque bebem. Afirmam mil coisas: bebem por alegria,

bebem por tristeza, bebem porque está quente, bebem porque o tempo está frio. Bebem porque bebem e vão gerando desgastes orgânicos, problemas neurológicos, dificuldades sociais que começam na

família, atormentada com uma pessoa alcoólatra ou alcoólica, como se diz atualmente. Começamos a verificar que há muitas aflições cujas causas estão na nossa vida presente, fazem parte da nossa atualidade e

cabe a nós ter precaução e evitar gradativamente. Existem situações que, verdadeiramente, são dispensáveis. Há coisas que não se precisa viver aqui, agora, não precisa

sofrer nesta existência. Recordo-me de um episódio que acompanhei de perto, porque se tratava de uma pessoa de minhas relações, que demorou

muito a se casar. Era uma jovem, professora e demorou a se casar porque queria encontrar o par ideal. Casou-se com um homem mais maduro que ela mas de um temperamento muito explosivo, daqueles intolerantes. Casaram-se, viveram felizes alguns meses. Ela engravidou, nasceu-lhe o bebê e quando o bebê contava três meses de

idade, era fim de ano e o casal resolveu ir a um comércio para comprar um refrigerador de maior tamanho, para atender à família que estava começando a crescer.

Saíram, fizeram as compras e voltaram para casa. Ele dirigindo o carro e ela, ao lado, com a criança nos braços. Numa determinada rua da cidade, um taxista fechou-lhe o carro, por inadvertência desses profissionais que trabalham de

qualquer jeito. Fechou-lhe o carro e ele, naquela aflição, naquela agonia, imaginou que o taxista tivesse feito de propósito. Acelerou seu veículo, foi atrás do taxista, cercou-o e abriu a porta do carro. Era para discutir, era para brigar, mas o taxista

imaginou que ele fosse ser agredido, tomou da arma no porta-luvas do táxi e descarregou sobre o pai de família. Matou na hora e a esposa teve que criar o filho a sós, sofrer a dificuldade da viuvez e de todos os comprometimentos

decorrentes disso. O outro homem, na prisão. E a vida seguiu seu curso. Não haveria nenhuma necessidade dessa criança ser criada órfã, dessa mulher ficar viúva, desse taxista ser preso, se não

fosse o temperamento e uma atitude infeliz de uma pessoa tensa, de temperamento tenso.

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São as causas atuais das aflições. Quantas são as pessoas que vão limpar a janela do prédio, do edifício, sem qualquer instrumento de segurança?

Dependuram-se nas janelas e caem. Não foi Deus que fez, não estava na hora. São suicídios indiretos. Quantas são as criaturas que bebem alcoólicos e apanham o carro para dirigir. Elas podem se matar, podem matar os outros,

podem provocar tragédias inomináveis na sociedade. Aflições geradas, agora, pela inadvertência, pela incúria, pela má vontade, pelo temperamento rebelde de alguém que entendeu que o álcool em si não teria o mesmo efeito que tem sobre todas as demais pessoas.

Então começamos a perceber que há muitas aflições que geramos agora. Aqueles pais que não educam bem aos seus filhos e, desde cedo, vão lhes ensinando a devolver violência com violência, a

brigar nas ruas, a não levar desaforos para casa, a tirar proveito de tudo, a passar por cima de todo mundo para conquistar seus objetivos em nome da esperteza, logo mais, esses pais estarão sofrendo tanto, porque a polícia virá à sua porta dizer que eles mataram índios, incendiaram índios pensando que eram mendigos, bateram em empregadas domésticas, supondo que fossem meretrizes, como se mendigos e meretrizes devessem apanhar da classe média ou de quem quer que seja.

A educação que receberam. E tanto é verdade que são esses mesmos pais, que já deflagraram esse processo horrível de deseducação ou de má educação, que vão em busca de profissionais corruptos para defender seus filhinhos dos crimes que eles próprios ensinaram.

É tão estranha a criatura humana quando se distancia das Leis de Deus, quando não presta atenção no mundo que é, por si mesmo, de provas e de expiações, que nos cabe amaciar, vivendo melhor. Como é que me aproveitarei de qualquer que seja a situação de minha vida para piorar a minha condição?

É preciso ter muito cuidado para que não geremos nestes dias de nossa vida aflições que teremos que sofrer nestes dias de nossa vida.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 164, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Fed. Esp. do Paraná.

No livro Nas Fronteiras

da Loucura, psicografado

por Divaldo Franco ,

ditado pelo espírito

Manoel Philomeno, que

quando encarnado

desempenhou atividades

médicas e espiritistas em Salvador, relata episódios

protagonizados pelo venerando Espírito Bezerra de

Menezes, na condução de equipes socorristas junto a

encarnados em desequilíbrios.

Philomeno registra, dentre outros pontos de

relevante interesse, o encontro com um certo sambista

desencarnado, o qual não é difícil identificar como Noel

Rosa, o poeta do bairro boêmio de Vila Isabel, no Rio

de Janeiro, muito a propósito, integrava uma dessas

equipes socorristas encarregadas de prestar

atendimento espiritual durante os dias de Carnaval.

Interessado em colher informações para a

aprendizagem própria (e nossa também!), Philomeno

inquiriu Noel sobre como este conciliava sua anterior

condição de "sambista vinculado às ações do Carnaval

com a atual, longe do bulício festivo, em trabalhos de

socorro ao próximo". Com tranqüilidade, o autor de

"Camisa listrada" respondeu que em suas canções

traduzia as dores e aspirações do povo, relatando os

dramas, angústias e tragédias amorosas do submundo

carioca, mas compreendeu seu fracasso ao

desencarnar, despertando "sob maior soma de

amarguras, com fortes vinculações aos ambientes

sórdidos, pelos quais transitara em largas aflições".

No entanto, a obra musical de Noel Rosa cativara

tantos corações que os bons sentimentos despertados

nas pessoas atuaram em seu favor no plano espiritual;

"Embora eu não fosse um herói, nem mesmo um

homem que se desincumbira corretamente do dever,

minha memória gerou simpatias e a mensagem das

musicas provocou amizades, graças a cujo recurso fui

alcançado pela Misericórdia Divina, que me recambiou

para outros sítios de tratamento e renovação, onde

despertei para realidades novas". Como acontece com

todo espírito calceta que por fim se rende aos

imperativos das sábias leis, Noel conseguiu, pois,

descobrir "que é sempre tempo de recomeçar e de agir"

e assim ele iniciou a composição de novos sambas, "ao

compasso do bem, com as melodias da esperança e os

ritmos da paz, numa Vila de amor infinito...".

Entre os anos 60 e 70, Noel Rosa integrava a

plêiade de espíritos que ditaram ao médium, jornalista e

escritor espírita Jorge Rizzini a série de composições

que resultou em dois discos e apresentações em

festivais de músicas mediúnicas em São Paulo. O

entendimento do Poeta da Vila quanto às ebulições

momescas, é claro, também mudou: "O Carnaval para

mim, é passado de dor e a caridade, hoje, é-me festa

de todo, dia, qual primavera que surge após inverno

demorado, sombrio".

FONTE: http://www.omensageiro.com.br/artigos

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