O CONHECIMENTO DOS MONITORES DE SANTA ISABEL DO … · pela Portaria Interministerial 17/2007 e...

20
1 O CONHECIMENTO DOS MONITORES DE SANTA ISABEL DO PARÁ SOBRE OS FUNDAMENTOS DO ESPORTE DA ESCOLA E AS POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Silas da Cruz Coelho Acadêmico do Curso de Licenciatura em Educação Física UEPA [email protected] Josiléia do Socorro Neves de Lira Docente do Curso de Licenciatura em Educação Física UEPA [email protected] Resumo O objetivo deste estudo foi verificar o conhecimento dos monitores sobre a fundamentação teórica do Esporte da Escola em Santa Isabel do Pará, relacionando este conhecimento com possíveis implicações às práticas pedagógicas. Tendo os monitores como informantes, foi aplicado um questionário com oito questões abertas e fechadas baseadas nos princípios, objetivos e diretrizes do Esporte da Escola, que foi analisado à luz do referencial teórico. Participaram da pesquisa 09 monitores de 07 escolas do município. A partir de análise quanti/quali, os resultados obtidos apontaram para a um grande número de monitores que desconhecem a fundamentação pedagógica do Esporte da Escola, e a análise do referencial teórico indicou que o desconhecimento dos princípios, objetivos e diretrizes, implica no aumento das dificuldades no trato com o esporte educacional. Assim, o estudo concluiu que a formação pedagógica dos monitores de Santa Isabel do Pará, ora em evidência, não foi suficiente para dar suporte teórico aos mesmos, sendo possível afirmar que esta insuficiência de informações pode colaborar com a permanência do paradigma esporte/competição, prejudicando o alcance dos objetivos educacionais do Esporte da Escola. Palavras-chave: Esporte da Escola. Monitores. Fundamentação teórica. Implicações pedagógicas. INTRODUÇÃO O Esporte da Escola (EE) é uma atividade do Programa Mais Educação que busca promover a formação de valores educativos, e para isso, possui uma diversidade de materiais pedagógicos que direcionam a sua aplicação de acordo com os objetivos vislumbrados. O interesse por esse estudo surgiu após experiência como monitor do Programa Mais Educação (PME) por dois anos, onde realizaram-se atividades de esporte e lazer com foco educacional. Conforme o artigo 217 da Constituição Federal entende-se que o esporte é direito de todo cidadão, e o Esporte Educacional deve ser praticado nos sistemas de ensino evitando-se a competição exacerbada e a seletividade entre os praticantes, com a finalidade de desenvolvimento integral do

Transcript of O CONHECIMENTO DOS MONITORES DE SANTA ISABEL DO … · pela Portaria Interministerial 17/2007 e...

1

O CONHECIMENTO DOS MONITORES DE SANTA ISABEL DO PARÁ SOBRE OS FUNDAMENTOS DO ESPORTE DA ESCOLA E AS POSSÍVEIS

IMPLICAÇÕES ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Silas da Cruz Coelho Acadêmico do Curso de Licenciatura em Educação Física – UEPA

[email protected]

Josiléia do Socorro Neves de Lira Docente do Curso de Licenciatura em Educação Física – UEPA

[email protected]

Resumo O objetivo deste estudo foi verificar o conhecimento dos monitores sobre a fundamentação teórica do Esporte da Escola em Santa Isabel do Pará, relacionando este conhecimento com possíveis implicações às práticas pedagógicas. Tendo os monitores como informantes, foi aplicado um questionário com oito questões abertas e fechadas baseadas nos princípios, objetivos e diretrizes do Esporte da Escola, que foi analisado à luz do referencial teórico. Participaram da pesquisa 09 monitores de 07 escolas do município. A partir de análise quanti/quali, os resultados obtidos apontaram para a um grande número de monitores que desconhecem a fundamentação pedagógica do Esporte da Escola, e a análise do referencial teórico indicou que o desconhecimento dos princípios, objetivos e diretrizes, implica no aumento das dificuldades no trato com o esporte educacional. Assim, o estudo concluiu que a formação pedagógica dos monitores de Santa Isabel do Pará, ora em evidência, não foi suficiente para dar suporte teórico aos mesmos, sendo possível afirmar que esta insuficiência de informações pode colaborar com a permanência do paradigma esporte/competição, prejudicando o alcance dos objetivos educacionais do Esporte da Escola. Palavras-chave: Esporte da Escola. Monitores. Fundamentação teórica. Implicações pedagógicas.

INTRODUÇÃO

O Esporte da Escola (EE) é uma atividade do Programa Mais Educação que

busca promover a formação de valores educativos, e para isso, possui uma

diversidade de materiais pedagógicos que direcionam a sua aplicação de acordo

com os objetivos vislumbrados.

O interesse por esse estudo surgiu após experiência como monitor do

Programa Mais Educação (PME) por dois anos, onde realizaram-se atividades de

esporte e lazer com foco educacional. Conforme o artigo 217 da Constituição

Federal entende-se que o esporte é direito de todo cidadão, e o Esporte Educacional

deve ser praticado nos sistemas de ensino evitando-se a competição exacerbada e

a seletividade entre os praticantes, com a finalidade de desenvolvimento integral do

2

indivíduo, formando-o para o pleno exercício da cidadania e a prática do lazer,

seguindo a Lei nº 9.615/98 (BRASIL, 2011).

O que fomentou este estudo foi a compreensão de que o trato com o Esporte

Educacional é bastante singular, e falhas são recorrentes na sua aplicação quando

ignoradas essas singularidades. Sendo que para Tubino (apud Viacelli, 2002), o

principal equívoco que pode ser cometido durante a aplicação desta manifestação

de esporte diz respeito à sua percepção como um ramo do esporte-performance, ou

de rendimento.

Nesse sentido, o objetivo geral desta pesquisa foi verificar o conhecimento

dos monitores atuantes em Santa Isabel do Pará sobre os fundamentos

pedagógicos que subsidiam o Esporte da Escola, correlacionando-o com possíveis

implicações às práticas pedagógicas. Especificamente, buscou-se identificar os

fundamentos pedagógicos que subsidiam o EE, levantar o material de capacitação

do Esporte da Escola, e apontar se há necessidade da prévia fundamentação

teórico-metodológica para aplicação de atividades de esporte educacional.

Para fundamentar a pesquisa formularam-se as seguintes questões

norteadoras: O monitor conhece as obras destinadas à sua formação? O monitor

conhece os fundamentos pedagógicos do Esporte da Escola? Há a necessidade de

preparo pedagógico específico para a aplicação do Esporte da Escola?

A análise dos dados teve uma abordagem quanti/quali, objetivando descrever

a atual situação dos monitores do Esporte da Escola em relação à sua atualização

teórica, quando comparadas as respostas com o referencial apontado como base.

Sabendo que programas e projetos de Esporte e Esporte Educacional

privilegiam profissionais ligados à Educação Física, e que esses profissionais

geralmente têm um conhecimento prévio acerca do esporte de modo geral, a

pesquisa se aprofundou nas especificidades do EE, onde os fundamentos indicados

são bastante delimitados.

O artigo apresenta sua estrutura dividida em seis sessões: a metodologia

utilizada; o Programa Mais Educação e a busca pelo ideal de Educação Integral; o

Esporte da Escola, evidenciando a relação histórica e filosófica entre os programas

Mais Educação e Segundo Tempo; a quarta sessão trata das possíveis implicações

pedagógicas do conhecimento ou desconhecimento teórico; apresentação e análise

dos dados; e as considerações finais sobre o estudo.

3

1 METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em 07 escolas do município de Santa Isabel do Pará1

que ofertaram a atividade Esporte da Escola, dentro do macrocampo de Esporte e

Lazer no Programa Mais Educação no ano de 2015, com 09 monitores do Esporte

da Escola.

Nos processos envolvidos estão a fase exploratória, com a busca de

informações (locais e pessoas), o levantamento bibliográfico, a coleta de dados com

sujeitos que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e a análise

de estudos como estímulo à compreensão, sendo uma pesquisa descritiva, com

uma abordagem quanti/quali sobre as informações coletadas.

A identificação dos fundamentos pedagógicos do esporte da Escola foi

possível após análise do material cedido para a formação dos monitores, sendo que

este material está disponível em sites oficiais do governo e foram desenvolvidos

através da parceria entre Ministério da Educação (MEC), Ministério do Esporte (ME),

Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (SNELIS),

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Estadual de

Maringá (UEM) e Universidade Estadual de Londrina (UEL).

A quantidade de monitores e escolas presentes em Santa Isabel do Pará foi

levantada através de informações cedidas pela Secretaria de Educação do

município.

Para a coleta de dados, o instrumento utilizado foi um questionário contendo

oito questões abertas e fechadas (quatro + quatro) relacionadas aos princípios,

objetivos e diretrizes do EE, produzido conforme a interpretação da coleção Práticas

Corporais e a Organização do Conhecimento (PCOC), que é disponibilizada como

material de capacitação dos monitores do Esporte da Escola através do site oficial

da SNELIS.

No sentido de analisar as respostas e quantificá-las, foram criadas quatro

categorias de análise: “Conhecem”, “Conhecem Parcialmente”, “Desconhecem” e

“Outros”. A categoria “Outros” se refere às respostas que não puderam ser

conclusivas, onde o monitor se evadiu do tema da questão.

1 Santa Isabel do Pará é uma cidade localizada a 41, 907 km de Belém, a Capital do Estado Pará,

possuindo uma área total de 717,662 km² e população estimada em 66.490 habitantes (IBGE, 2016).

4

A aplicação dos questionários foi realizada nas escolas e também nas casas

dos monitores, onde de início foi esclarecida a pesquisa, os objetivos e as questões

burocráticas de participação. Os monitores que participaram da pesquisa assinaram

um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e receberam uma cópia do

mesmo. Procedeu-se a análise quantitativa e qualitativa dos dados, de acordo com o

referencial levantado.

2 O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO E A BUSCA PELA EDUCAÇÃO INTEGRAL

Nos últimos anos o Brasil vem investindo em programas e projetos que visam

o aumento progressivo da jornada escolar, e na diversificação do conhecimento

disponível no projeto político-pedagógico das escolas, assim, vivemos no Brasil um

contexto político e social favorável ao debate do ideal de educação integral, com

demonstrações explicitas a favor deste ideal pretendido (VÁRIOS AUTORES, 2011).

Entre os programas com objetivos de integralização da educação está o

Programa Mais Educação, que segundo Vários Autores (2011, p.12), “foi instituído

pela Portaria Interministerial 17/2007 e pelo Decreto Presidencial 7083/2010 [...],

como estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a

organização curricular, na perspectiva da educação integral”.

As atividades do programa, de acordo com Vialich (2012), foram divididas nos

seguintes macrocampos: Acompanhamento Pedagógico, Meio Ambiente, Direitos

Humanos em Educação, Cultura e Artes, Cultura Digital, Promoção da Saúde,

Educomunicação, Investigação no Campo das Ciências da Natureza, Educação

Econômica e o macrocampo de Esporte e Lazer. O macrocampo de Esporte e Lazer

deve ofertar as atividades com uma visão assim definida:

Atividades baseadas em práticas corporais, lúdicas e esportivas, enfatizando o resgate da cultura local, bem como o fortalecimento da diversidade cultural. As vivências trabalhadas na perspectiva do esporte educacional devem ser voltadas para o desenvolvimento integral do estudante, atribuindo significado às práticas desenvolvidas com criticidade e criatividade. O acesso à prática esportiva por meio de ações planejadas, inclusivas e lúdicas visa incorporá-la ao modo de vida cotidiano (BRASIL, 2013a. p.19).

As diretrizes que orientam a construção educativa nas atividades do Esporte e

Lazer, segundo Moll et al (2013), são as seguintes: Vivências lúdicas; Respeito e

5

valorização da diversidade cultural; Promoção da intergeracionalidade; Promoção da

interdisciplinaridade e intersetorialidade; e Relação metodológica participativa.

Trabalhar as vivências em uma perspectiva educacional, segundo Moll et al

(2013), significa desenvolver o esporte em instituições de ensino de formas

sistemáticas e assistemáticas, objetivando desenvolver o ser integralmente,

formando-o para a cidadania e para o lazer, sem o uso da seletividade e da

hipercompetitividade. Sobre o esporte de rendimento e o esporte participação/lazer,

Moll et al (2013, p.09), diz:

O esporte de rendimento tem como característica básica ser praticado, segundo normas e regras nacionais e internacionais, com finalidade de obter resultados de alta performance e integrar pessoas e comunidade do País e estas com outras nações. [...] O esporte de participação/lazer caracteriza-se por se desenvolver pela livre escolha do sujeito, compreendendo as modalidades esportivas praticadas com finalidade de integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e da educação e preservação do meio ambiente.

Com base na citação anterior, percebemos que o uso do esporte de

rendimento não se encaixa no perfil do Esporte da Escola, e o esporte

participação/lazer, de modo conceitual, dá a liberdade de o sujeito escolher a

modalidade e a participação nela, de acordo com a sua vontade, o que entra em

choque com as diretrizes do EE, que em dado momento deve se utilizar de práticas

sistemáticas para aplicação das atividades.

O macrocampo de Esporte e Lazer, segundo Vialich (2012), inicialmente

contava com vinte e uma atividades, e entre elas estava o “PST no Mais Educação”

(que se tornaria o EE). Sobre a evolução do Programa Segundo Tempo (PST), PST

no Mais Educação, até o atual Esporte da Escola, discutiremos a seguir.

3 DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO AO ESPORTE DA ESCOLA

O PST no formato padrão foi elaborado em 2003, regimentado por meio da

portaria nº. 96, de 02 de dezembro de 2004, e regulamentado pela portaria nº. 032,

de 17 de março de 2005 como estratégia do Governo Federal em parceria com o

Ministério do Esporte para democratizar o acesso de crianças, adolescentes e

jovens às práticas e à cultura do esporte, pautadas na concepção do Esporte

Educacional (PEREIRA, 2006). Quanto à fundamentação pedagógica do PST,

6

[...] está pautada na oferta de múltiplas vivências do esporte em suas diversas modalidades, trabalhadas na perspectiva do esporte educacional, voltado ao desenvolvimento integral do indivíduo e no acesso à prática esportiva por meio de ações planejadas, inclusivas e lúdicas como estímulo à vida ativa (BRASIL, 2016, p.07).

Com o sucesso obtido pelo PST em seus anos iniciais, foram criados

posteriormente “os projetos especiais (PST universitário, PST para pessoas com

deficiência e PST navegar) e houve a inclusão do PST no rol de atividades

constantes no Programa Mais Educação” (SOUZA et al, 2013, p. 01). A inclusão do

PST ao PME proporcionou a integração de ideais e dispôs que os programas

contribuíssem para que ambos pudessem alcançar os objetivos em comum.

Verifica-se que os dois Programas (PST e Mais Educação) coadunam em diversos aspectos, entre eles: os objetivos de inclusão, de democratização, de ressignificação de espaços e conteúdos, de apropriação de espaços alternativos, de aproximação com a comunidade e de pressupostos pedagógicos. Objetivam no seu desenvolvimento a formação de valores, a transformação de atitudes, a promoção da cidadania, a inclusão social e a participação coletiva (SOUZA et al, 2013, p.04).

Inicialmente essa integração entre os dois programas foi denominada PST na

escola e hoje se chama Esporte da Escola/Atletismo e Múltiplas Vivências

Esportivas, e essa evolução ocorre desde 2009 quando se iniciou a parceria

(BRASIL, 2015a).

O EE é hoje entendido como uma atividade do PME, a e aplicação das ações

esportivas preservam os fundamentos filosóficos relativos ao PST (BRASIL, 2013b).

Nos estudos realizados, observamos repetidas falas acerca dos objetivos do EE;

sendo esses objetivos apontados por Brasil (2016): O Esporte da Escola trabalha

com o objetivo central de oportunizar o acesso à prática esportiva a todos os alunos

da educação básica do ensino público, mantendo em sua base objetivos

educacionais que visam promover a inclusão, diminuição da desigualdade e

diminuição da discriminação social, de raça, cor ou de qualquer outra natureza.

Outro objetivo é possibilitar acesso a diversas modalidades esportivas, fazendo com

que essas modalidades sejam ministradas de modo inclusivo e lúdico, ampliando o

tempo de permanência na escola por vontade própria, fortalecendo hábitos e valores

que corroborem na formação da cidadania; além de auxiliar na compreensão das

diversas correlações possíveis entre esporte e cultura, educação, saúde e vida ativa.

7

Objetivamente, o Esporte da Escola diverge do Esporte na Escola, sendo que

para Santin (2007, p. 257), Esporte na Escola “[...] é aquele que é assumido, trazido

de fora”, e para Betti (apud Leite, 2010, p. 01), o grande problema deste “é a

prioridade dada pela escola à competição e a formação de atletas, uma vez que a

prioridade deveria ser fornecer o maior número de atividades formativas possíveis”.

Quanto à capacitação dos agentes necessários ao EE, segundo Brasil

(2015a, p.02), “pretende-se por meio dos Cursos de Extensão qualificar a atuação

dos professores/monitores a fim de melhor atender os beneficiados que participam

da Atividade Esporte da Escola”. O curso de extensão presencial é:

[...] composto de aulas teóricas e práticas e tem como propostas as múltiplas vivências esportivas, a saber: Esportes de Invasão [...], Esporte de Marca e de Rede [...]; Ginástica, dança e atividades circenses [...]; e Lutas, Capoeira e Práticas corporais de aventura [...] (BRASIL, 2015a, p.02)

Não por coincidência, o material didático-pedagógico destinado aos monitores

é um kit com 4 Livros: Esporte de Invasão – Esporte de Marca e de Rede –

Ginástica, dança e atividades circenses - Lutas, Capoeira e Práticas

corporais de aventura. Sendo que estes livros compõem a coleção Práticas

Corporais e a Organização do Conhecimento.

4 IMPLICAÇÕES DO CONHECIMENTO TEÓRICO ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

O Esporte da Escola, após diversas modificações de nomenclatura ainda

mantém bases filosóficas do PST, sendo essas pautadas em princípios como

cidadania, diversidade, inclusão social, e democracia, para promover a formação de

valores educativos (BRASIL, 2013b). Para auxiliar o trato com o EE, esforços

coletivos foram realizados para montar uma matriz conceitual passível de

operacionalização, quando os agentes (monitores e coordenadores) conseguem se

emancipar do engessamento docente às estratégias do ensino do esporte e aplicá-lo

de acordo com as bases educacionais (ARAÚJO et al, 2012).

A prática do esporte no âmbito educacional, segundo Tubino (1999), se

relaciona com o desenvolvimento de diversas outras áreas, como a cultura, a ciência

e a saúde. O que vem sendo discutido nas obras destinadas ao EE é como fazer

uso do “poder” que o esporte oferece para a educação integral, sem cair no desvio

eminente que pode vir a ocorrer durante a execução das práticas esportivas mal

8

elaboradas, como a competitividade exacerbada, seletividade e exclusão dos menos

aptos (OLIVEIRA et al, 2014).

Quando o monitor desconhece as diretrizes do EE, é possível que também

não siga os processos didáticos disponíveis para a sua aplicação, colaborando com

a permanência do paradigma esporte/competição. Sobre as dificuldades de se lidar

com a inclusão no esporte educacional, Oliveira e Perim (2009, p.23), dizem:

Em linhas gerais, a Educação Física e o esporte aparecem alicerçados na seletividade e na eficiência esportiva, nas quais os mais aptos, os mais habilidosos e os mais performáticos são suas expressões. No entanto [...], devemos ter a ideia de que todos têm direito à prática esportiva. Não devemos enaltecer ou supervalorizar a participação de um grupo específico, pois podemos correr o risco de incluir o que estava de fora e terminar excluindo os que sempre participaram das atividades.

Atento às dificuldades encontradas, os profissionais envolvidos com o EE têm

a necessidade de conhecer muito bem as diretrizes, conceitos e objetivos que

permeiam o esporte no contexto educacional, e para Oliveira e Perim (2009, p. 209),

cabe a eles: “problematizar, interpretar, relacionar, e desenvolver com seus alunos

as amplas manifestações da cultura corporal, de tal forma que os alunos

compreendam os sentidos e significados impregnados nas práticas corporais”. Para

subsidiar esses profissionais, Oliveira et al (2014), diz que o Ministério do Esporte

em parceria com o Ministério da Educação, fornece materiais que buscam auxiliar o

conhecimento teórico e oferece ainda cursos de formação específica para a atuação

de monitores em programas que envolvem o esporte educacional. Sobre a coleção

Práticas Corporais e a Organização do conhecimento, Oliveira et al (2014) afirma

que esta subsidiará o Esporte da Escola junto ao Programa Mais Educação,

trazendo amparo pedagógico aos profissionais envolvidos, e que a proposta central

é enriquecer pedagogicamente as ações relacionadas ao Esporte da Escola.

A atualização pedagógica dos profissionais que trabalham com o Esporte da

Escola ou com qualquer outro programa educacional deve ser trabalhada com

comprometimento por parte dos mesmos, sendo que os monitores devem ter o

entendimento que mantêm um compromisso com o próximo, e uma

responsabilidade de se atualizar constantemente (ARAÚJO et al, 2012).

Sobre a importância da fundamentação teórica e pedagógica no Esporte da

Escola e programas educacionais em geral, trazemos a seguinte fala sobre o PST:

9

[...] O Programa Segundo Tempo tem a “reversão do quadro atual de injustiça, exclusão e vulnerabilidade social” como um de seus princípios, (e) o esporte passa a integrar o conjunto de ações que podem, dependendo da forma como são feitas as intervenções pedagógicas, promover uma leitura crítica da realidade, apontando para a construção de novas formas de existência (OLIVEIRA e PERIM, 2009, p.24, grifo nosso).

Os subsídios pedagógicos disponibilizados para o EE permitem a reflexão

sobre o ensino das práticas corporais e seus desdobramentos para a organização

do conhecimento no contexto escolar, e orientam sobre a importância da formação

integral e emancipadora, permitindo a participação de todos nas atividades

organizadas e atendendo sempre aos princípios básicos do Esporte Educacional,

que são o da participação, inclusão e emancipação (OLIVEIRA et al, 2014).

Novamente sobre as obras disponibilizadas pelo governo, especificamente a

Coleção Práticas Corporais e a Organização do Conhecimento, Oliveira et al (2014)

diz que a contribuição se dá no fortalecimento dos propósitos defendidos,

potencializando a estrutura pedagógica defendida, e lembra da importância do

Esporte da Escola estar sempre atrelado e em consonância às ações propostas no

Projeto Politico Pedagógico da escola.

Com inúmeras orientações norteando o trato pedagógico com o Esporte da

Escola, fica explícito que o ato de aprender precede o de ensinar, e assim como diz

Darido (2003, p.26), “o importante é aprender a ensinar, e para tal o conhecimento

teórico é fundamental na medida que fornece os elementos de compreensão do

processo ensino-aprendizagem”. E especificamente sobre o alcance dos objetivos e

concretização das atividades pedagógicas segundo as diretrizes, Brasil (2013b,

p.10), diz que estas “dependem do papel desempenhado por diversos atores: Gestor

escolar, Coordenador Municipal/Estadual do Programa Mais Educação, Facilitador e

Monitor/Professor de Educação Física”.

A politica educacional envolvendo a aplicação do esporte deve ser entendida

da seguinte forma:

[...] implementar uma política pressupõe o envolvimento de pelo menos dois tipos de agentes. O primeiro é aquele encarregado pela formulação dos termos de funcionamento de um programa e possui autoridade para definir os objetivos e a forma como o programa será desenvolvido, são os formuladores. O segundo é encarregado de executar o programa, ‘traduzindo suas concepções em medidas concretas de intervenção’, são os implementadores, sendo que estes é que fazem a política. (SILVA, 1999, apud VIALICH, 2012, p.37)

10

O sucesso no alcance dos objetivos depende de um entendimento entre os

agentes formuladores dos objetivos e os agentes executores que aplicam as

atividades, assim, “a implementação de uma política pressupõe que uma autoridade

central ‘induza’ seus agentes implementadores a atuarem de modo a realizar os

objetivos propostos por ela” (SILVA, 1999, apud VIALICH, 2012, p.37). Os agentes

implementadores do Esporte da Escola são os monitores, assim, o alcance dos

objetivos perpassa por uma profunda fundamentação teórica que os auxiliem a

aplicar as atividades de acordo com as diretrizes estabelecidas.

Com base nas informações apontadas sobre formação para o Esporte

Educacional, fica claro que há sim a necessidade de uma formação especifica que

auxilie o monitor durante a aplicação das atividades do EE.

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Santa Isabel do Pará contava em 2015 com 54 escolas municipais, das quais

28 participaram do PME e 13 ofertaram o Esporte da Escola como atividade, tendo

18 monitores cadastrados no EE. Destas 13 instituições de ensino, 07 aceitaram

fornecer dados dos seus monitores, sendo que a quantidade de monitores que

participaram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi de

09, totalizando 50% dos monitores do EE em Santa Isabel do Pará no ano de 2015.

Os termos “Conhecem”, “Conhecem Parcialmente”, “Desconhecem”, e

“Outros”, foram escolhidos para servir de parâmetros em todas as perguntas, e

assim facilitar a análise quantitativa e posterior análise qualitativa dos dados de

acordo com o referencial levantado.

5.1 O PERFIL DO MONITOR E A SUA RELAÇÃO COM O ESPORTE DA ESCOLA

Buscando identificar qual a relação que o monitor mantém com o Esporte, o

Esporte Educacional, e o seu perfil profissional, no campo de identificação do

questionário havia um quadro onde eram dadas as seguintes opções: o Monitor é

formado em Educação Física; universitário de Educação Física ou Esportes; atleta

ou ex-atleta; técnico ou ex-técnico; e outros (subjetivo).

Neste campo de identificação pudemos analisar que 22% dos monitores eram

profissionais formados em Educação Física (EF), 67% cursavam EF, e 11% não

11

estavam ligados à EF, mantendo contato com o esporte através de práticas

esportivas profissionais e amadoras. De acordo com Brasil (2013b), os monitores do

EE devem preferencialmente ser da área de Esporte ou Educação Física, e a

pesquisa apontou que todos estavam de acordo com essas recomendações. Cabe

ressaltar que a maioria dos monitores (89%) está cursando EF ou já concluiu o

curso, sendo esta primeira análise considerada positiva.

Foi verificado um número significativo de profissionais formados em EF (22%)

que participaram do EE como monitores, sem vinculo empregatício, tendo apenas

um contrato como voluntário do PME, recebendo uma bolsa que varia de acordo

com a quantidade de turmas que o monitor atende, sendo este um ponto a ser

observado.

5.2 O CONHECIMENTO DOS MONITORES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE O

ESPORTE DA ESCOLA E O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

A primeira pergunta do questionário versa sobre o conhecimento do monitor

acerca da relação mantida entre o EE e o PST. Em questão aberta, esperou-se que

os monitores atentassem às bases históricas, filosóficas e metodológicas mantidas

entre o PST e o EE.

Gráfico 01: Conhecimento dos monitores sobre o Esporte da Escola e o Programa Segundo Tempo Fonte: Autor

A análise demostrou que a minoria dos monitores (22%) conhece de forma

aprofundada a relação entre o EE e o PST. 33% dos monitores alegaram saber

sobre a relação, porém diante das respostas analisadas percebemos um

conhecimento bastante superficial sobre o assunto, incluindo-os na categoria

“Conhecem Parcialmente”. Durante os estudos percebemos a evolução histórica do

“PST na Escola”, até chegar ao “Esporte da Escola”, e segundo Brasil (2013b), as

bases filosóficas durante esta evolução são mantidas as mesmas. Quanto aos

métodos de aplicação, estes devem priorizar a participação, a inclusão e

0%

45%

33%

22%

Outros

Desconhecem

Conhecem Parcialmente

Conhecem

12

emancipação (OLIVEIRA et al, 2014). Identificamos que 45% dos monitores

desconheciam tal relação, sendo este um quantitativo considerado expressivamente

negativo.

5.3 O CONHECIMENTO DOS MONITORES SOBRE OS OBJETIVOS DO

ESPORTE DA ESCOLA

Os objetivos definidos pelo Ministério do Esporte, quanto aos resultados

esperados diante da aplicação da atividade EE dentro do PME, segundo Brasil

(2016), podem ser assim entendidos: dar oportunidade aos alunos da educação

básica do ensino público de acessar práticas esportivas de cunho educacional,

promovendo a inclusão, e a diminuição de qualquer tipo de desigualdade que

porventura possam estar ocorrendo; e ainda, objetiva a aplicação de diversas

modalidades esportivas de modo lúdico, ampliando o tempo de permanência na

escola, e auxiliando a compreensão das diversas correlações possíveis entre

esporte e cultura, educação, vida ativa e saúde.

Gráfico 02: Conhecimento dos monitores sobre os objetivos do Esporte da Escola Fonte: Autor

No gráfico anterior identificamos uma elevada porcentagem de monitores que

trabalham no EE sem a compreensão dos objetivos desta atividade (45%), sobre

isso, Darido (2003), diz que qualquer atividade pedagógica necessita de uma

importante etapa prévia, onde a atualização teórica deve acontecer antes de

qualquer tipo de aplicação prática, explicitando que o ato de aprender precede o de

ensinar. Quando esta etapa do processo pedagógico é esquecida ou desmerecida, a

aplicação das atividades corre grande risco de não obedecer às orientações básicas

do Esporte da Escola, dificultando o alcance dos objetivos.

O total de monitores que não responderam de modo totalmente correto,

citando os objetivos de forma incompleta, correspondeu a 33% do total (Conhecem

Parcialmente). No intuito de situar o leitor quanto às respostas consideradas

0%

45%

33%

22%

Outros

Desconhecem

Conhecem Parcialmente

Conhecem

13

incompletas na análise, citamos as palavras do monitor 4 sobre os objetivos do EE:

“Levar aos alunos das escolas públicas o acesso a práticas esportivas, através do

Programa Mais Educação”. Destacamos que o acesso às práticas esportivas é

apenas um dos objetivos do Esporte da Escola.

5.4 O CONHECIMENTO DOS MONITORES SOBRE A MANIFESTAÇÃO

EXCLUSIVA DE ESPORTE NO ESPORTE DA ESCOLA

O esporte enquanto manifestação, segundo a Lei Pelé nº. 9.615 de

24/05/1998, está classificado como Esporte Participação, Esporte Rendimento e

Esporte Educacional, sendo que cada manifestação possui especificidades de

aplicação e possuem diretrizes distintas (OLIVEIRA et al, 2014, p.09). A pergunta 02

indaga sobre qual manifestação deve ser desenvolvidas no EE.

Gráfico 03: Conhecimento sobre as manifestações de esporte no Esporte da Escola Fonte: Autor

Notamos com preocupação que a maioria dos monitores (67%) não pôde

reconhecer o Esporte Educacional como única manifestação a ser desenvolvida no

Esporte da Escola. Nesse item, a resposta “Esporte Participação” foi bastante

mencionada, talvez pela nomenclatura, porém a questão lida com o esporte

enquanto manifestação e não sobre princípios. Sendo essa questão fundamental

para analisar a importância do conhecimento sobre conceitos teóricos.

5.5 O CONHECIMENTO DOS MONITORES SOBRE OS PRINCÍPIOS DO

ESPORTE DA ESCOLA

A pergunta 04 foi empregada no intuito de identificar claramente como os

monitores conseguem definir os princípios do Esporte da Escola. Após análise de

livros, artigos, informativos, manuais e outras publicações sobre o Esporte da

Escola, e o Esporte Educacional, notamos algumas das formas de aplicação que

0%

67%

0%

33%

Outros

Desconhecem

Conhecem Parcialmente

Conhecem

14

não coadunam com as bases filosóficas do EE, dentre elas destacam-se a ênfase ao

rendimento e a seletividade, visto que isto acaba por ir de encontro aos princípios

primordiais do Esporte Educacional. As opções consideradas corretas seriam:

Totalidade, Inclusão, Coeducação, Emancipação, Participação, Cooperação,

Regionalismo.

Gráfico 04: Conhecimento dos princípios do Esporte da Escola pelos monitores Fonte: Autor

Com base neste gráfico, foi possível a reflexão sobre uma das questões

fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa, notando que a maioria dos

monitores (56%) não reconhece quais são os princípios do Esporte da Escola, sendo

necessário esclarecer que os monitores que responderam de forma equivocada a

essa questão apontaram da seguinte forma: 80% responderam que entre os

princípios do EE estaria a Seletividade, e 20% responderam que o Rendimento seria

um dos princípios trabalhados no EE, possibilitando o entendimento de que a

fundamentação teórica deveria preceder a aplicação das atividades no Esporte da

Escola, sendo que o desconhecimento dessas informações, de acordo com o

referencial levantado, possibilita que haja implicações negativas à prática

pedagógica, visto que as atividades do EE possuem princípios específicos.

5.6 O CONHECIMENTO DOS MONITORES SOBRE A “COLEÇÃO PRÁTICAS

CORPORAIS E A ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO”

A coleção Práticas Corporais e a Organização do Conhecimento foi concebida

para subsidiar os profissionais do Esporte da Escola, Programa Segundo Tempo e

programas afins (OLIVEIRA et al, 2014); sendo essencial na capacitação dos

monitores. Os livros desta coleção são os seguintes: livro 1 - Esporte de Invasão;

livro 2 - Esporte de Marca e de Rede; livro 3 - Ginástica, dança e atividades

circenses; e livro 4 - Lutas, Capoeira e Práticas corporais de aventura.

0%

56%

0%

44%

Outros

Desconhecem

Conhecem Parcialmente

Conhecem

15

Gráfico 05: Conhecimento sobre a coleção Práticas Corporais e a Organização do Conhecimento Fonte: Autor

Conhecer esta coleção é sem dúvida essencial para o desenvolvimento do

Esporte da Escola, e com os dados obtidos na pesquisa foi possível afirmar que a

maioria dos monitores (56%) desconhece esta coleção, que é cedida para a sua

capacitação, podendo este fato ser responsável por diversos problemas decorrentes

do desconhecimento teórico (segundo o referencial levantado), que vão desde uma

simples menção a um conceito de forma equivocada, até a aplicação de uma

atividade prejudicial aos alunos, sem atender às diretrizes e construindo uma

barreira ao alcance dos objetivos do Esporte da Escola. Sobre as implicações

relacionadas, utilizamos o rendimento, como forma de exemplificar o desvio de

função que pode acontecer nas práticas esportivas de cunho educacional, quando

aplicadas por profissionais desqualificados.

5.7 EM RELAÇÃO AO CONHECIMENTO DOS MONITORES ACERCA DOS

TEMAS TRANSVERSAIS NO ESPORTE DA ESCOLA

Oliveira et al (2014), diz que Temas transversais são meios de se trabalhar

determinada atividade em consonância com um aspecto importante para a vida em

grupo, e que no Esporte da Escola existem diversos modos de integrar o conteúdo

aos Temas Transversais, apresentando na coleção Práticas Corporais e a

Organização do Conhecimento as seguintes possibilidades: O esporte e o tema

transversal orientação sexual; a dança e o tema transversal pluralidade cultural; a

ginástica e o tema transversal saúde; as lutas e o tema transversal trabalho e

consumo; as práticas corporais de aventura e o tema transversal meio ambiente; e a

capoeira e o tema transversal pluralidade cultural. Na questão 06, perguntamos

“quais os temas transversais a serem desenvolvidos no EE e quais os mais

trabalhados?”.

0%

56%

0%

44%

Outros

Desconhecem

Conhecem Parcialmente

Conhecem

16

Gráfico 06: Conhecimento sobre os Temas Transversais e formas de aplicação utilizadas Fonte: Autor

Observamos diante das respostas obtidas que nenhum dos monitores

participantes da pesquisa soube descrever claramente quais Temas Transversais

devem ser trabalhados no Esporte da Escola e de que forma trabalhavam com os

temas na aplicação das atividades, e a maioria (67%) desconhecia qualquer Tema

Transversal, sendo que 33% dos monitores alegaram conhecer os Temas

Transversais, mas não souberam esclarecer como aplicá-los dentro das atividades

do Esporte da Escola.

5.8 O CONHECIMENTO DOS MONITORES SOBRE O PRINCÍPIO ESPECÍFICO

DA EMANCIPAÇÃO NO ESPORTE DA ESCOLA

No intuito de analisar o conhecimento aprofundado dos monitores sobre os

princípios do Esporte da Escola escolhemos a Emancipação para servir de base aos

nossos questionamentos, sendo um princípio bastante explicitado no referencial

estudado. Segue gráfico com a análise sobre as respostas:

Gráfico 07: Conhecimento dos monitores sobre o princípio da Emancipação no Esporte da Escola Fonte: Autor

Notamos que a maioria (56%), embora tenha se empenhado em responder,

não descreveu o princípio da emancipação corretamente e nem soube descrever

como trabalhar o esporte tendo em vista este princípio; levamos em consideração

que a Emancipação ocorre quando o aluno, através de experiências práticas e

teóricas, se sente apto a realizar uma prática de forma autônoma, sem a

0%

67%

33%

0%

Outros

Desconhecem

Conhecem Parcialmente

Conhecem

0%

56%

11%

33%

Outros

Desconhecem

Conhecem Parcialmente

Conhecem

17

necessidade de se restringir ao local de aprendizado e atentando aos ensinamentos

dados durante o Esporte da Escola (OLIVEIRA et al, 2014).

5.9 CONHECIMENTO DOS MONITORES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS

DESTINADAS AO ESPORTE DA ESCOLA

Com a finalidade de obtenção de dados sobre o conhecimento dos monitores

acerca de obras literárias que se relacionam com o Esporte da Escola, perguntamos

aos monitores se eles tiveram contato com alguma obra literária específica para sua

capacitação teórica e metodológica para atuar no Esporte da Escola. Sendo

consideradas todas as obras que se relacionam com o Esporte da Escola, segundo

o estudo realizado; consideramos essencial para a conclusão da pesquisa entender

como o monitor vem se apossando destas obras. A análise das respostas dos

monitores está expressa no gráfico a seguir:

Gráfico 08: Conhecimento das obras literárias destinadas ao Esporte da Escola Fonte: Autor

Percebemos que o nível de desconhecimento acerca das obras destinadas à

formação do monitor é altíssimo (78%). E entre as respostas recebidas, destacamos

a resposta do Monitor 5 para nortear o leitor sobre os inclusos na categoria

“Desconhecem”: “Não sei relacioná-las, porém tenho conhecimento de que eram

várias e nenhuma chegava às mãos dos monitores”.

Em um conjunto que se refere aos conhecimentos dos monitores sobre os

princípios e objetivos do Esporte da Escola, sobre materiais de capacitação teórica e

metodológica e sobre bases filosóficas e históricas, os resultados demostraram que

em todos os gráficos gerados e analisados as respostas inseridas na categoria

“Desconhecem” se sobressaíram às demais. Resultado esse que se mostra negativo

e aponta para um elevado grau de desconhecimento dos monitores sobre os

fundamentos do Esporte da Escola.

11%

78%

0%

11%

Outros

Desconhecem

Conhecem Parcialmente

Conhecem

18

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a exposição de diversos pontos de vista apresentados por autores da

área, cabe a afirmação de que a fundamentação pedagógica por parte dos

monitores é essencial para o alcance dos objetivos educacionais do Esporte da

Escola. Assim, as possíveis consequências na aplicação do EE por pessoas que

desconhecem os seus fundamentos, pendem para o desenvolvimento de atividades

outras, que podem se distanciar dos objetivos pretendidos, como a aplicação de

atividades de rendimento ou a promoção da seletividade no âmbito escolar.

Considerando que o Esporte da Escola é embasado em uma literatura

específica, que versa sobre o esporte educacional, e os princípios e diretrizes para

aplicação das atividades de acordo com os objetivos vislumbrados, o estudo

concluiu que os monitores de Santa Isabel do Pará não possuem conhecimento

específico que contemple as necessidades exclusivas do Esporte da Escola.

Observados os resultados negativos em relação aos conhecimentos dos

monitores sobre a fundamentação pedagógica, e em relação ao conhecimento dos

materiais disponíveis para a sua capacitação, e estando ainda, embasados no

material de estudo que afirma a relação que o preparo pedagógico mantém com a

concretização das atividades do Esporte da Escola, fica explícito a grande

possibilidade de insucesso devido a esse desconhecimento; assim, enfatizamos a

importância do preparo pedagógico dos monitores, do acesso aos cursos

disponíveis on-line e aos vários materiais de capacitação teórica.

Como contribuição à temática, deixamos a reflexão sobre a possibilidade de

um processo seletivo destinado à investidura no cargo de monitor, onde seja

possível a detecção dos conhecimentos sobre o Esporte Educacional, e os

fundamentos do EE, visando facilitar a obtenção de resultados satisfatórios na

aplicação do Esporte da Escola. Interessante notar que este foi um estudo preliminar

passível de continuação e aprofundamento, onde outros fatores sejam analisados.

The Knowledge of the monitors of Santa Isabel do Pará on the fundamentals of the Sport of School and the possible implications to the pedagogical pratices

Abstract The objective of this study was to verify the knowledge of the monitors about on the theoretical foundation of the Sport of School in Santa Isabel do Pará, correlating this knowledge with possible implications to the pedagogical practices. Taking the

19

monitors as informants, a questionnaire was applied with eight open and closed questions based on the principles, objectives and guidelines of the Sport of the School, which was analyzed in the light of theoretical references. Participated in the survey 09 monitors from 07 municipal schools. From analysis qualitative and quantitative, the obtained results pointed to a large number of monitors that ignore the pedagogical foundation of the Sport of School , and the analysis of the theoretical foundation indicated that the ignorance of the principles, objectives and guidelines, implies in the increase of difficulties in dealing with the educational sport. Thus, the study concluded that the pedagogical training of monitors of Santa Isabel do Pará, ora in evidence, was not sufficient to give theoretical support to the same, being possible to affirm that this inadequacy of information can collaborate with the permanence of the paradigm sport/competition, hindering the scope of educational objectives of the Sport of School. Keywords: Sport of School. Monitors. Theoretical Foundation. Pedagogical implications.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Allysin Carvalho de et al. FORMAÇÃO E ATUAÇÃO PEDAGÓGICA NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: reflexões sobre o fazer cotidiano do professor. Motrivivência, Ano XXIV, nº 38, p.40-58, 2012. BRASIL, Equipe de Coordenação Esporte da Escola. Curso de extensão Esporte da Escola - folder de divulgação. UFRGS, 2015a. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/122662/Comunicado.pdf?sequence=1>. Acesso em: 02 mar. 2016. BRASIL, Ministério da Educação. Manual Operacional de Educação Integral. Brasília, 2013a. BRASIL, Ministério do Esporte. Diretrizes do Programa segundo Tempo. 2011. __________. Segundo Tempo Esporte da Escola – Informativo. 2015b. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/122665>. Acesso em: 19 mar. 2016. __________. Esporte da Escola. 2016. Disponível em: < http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/esporte-educacao-lazer-e-inclusao-social/segundo-tempo-na-escola/apresentacao>. Acesso em: 13 mar. 2016. __________. Manual de orientação do Esporte na Escola. 2013b. DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física na Escola: Questões de Reflexão. Rio de Janeiro: Guanabara, 2003. IBGE. Pará: Santa Isabel do Pará. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=150650> Acesso em: 11 fev. 2016.

20

LEITE, Eduardo Alves. O esporte na escola: sua realidade e possibilidade de mudanças. Efdeportes, Revista Digital - Buenos Aires - Ano 14 - Nº 142 - Março de 2010. Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd142/o-esporte-na-escola.htm> Acesso em: 28 fev. 2016. MOLL, Jaqueline (org); PINTO, Leila Mirtes de Magalhães; RAMOS, Maria Leonor Brenner Ceia; OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira. Cadernos Pedagógicos Mais Educação: esporte e lazer. 2013. MONITOR 4. Questionário IV. [Fev. 2016]. Pesquisador: Silas da Cruz Coelho. Santa Isabel do Pará, 2016. MONITOR 5. Questionário V. [Fev. 2016]. Pesquisador: Silas da Cruz Coelho. Santa Isabel do Pará, 2016. OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli de; PERIM, Gianna Lepre. Fundamentos do Programa Segundo Tempo: da reflexão à prátiva. Eduem, Maringá, 2009. OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli de (org); GONZÁLEZ, Fernando Jaime; DARIDO, Cristina Suraya. Esportes de Invasão Basquetebol, Futebol, Handebol e Ultimate Frisbee. In: Coleção Práticas Corporais e a Organização do Conhecimento. Eduem, Maringá, 2014. PEREIRA, Jhones Rodrigues. Educação Física Escolar Indígena: O Programa Segundo Tempo e sua Importância na Revitalização dos Jogos Tradicionais das Crianças do Povo Baré na Escola Municipal de Terra Preta- Rio Negro – Manaus/ Amazonas. 69 p. Monografia (Especialização) – UnB, Brasília, 2006. SANTIN, Silvino. Esporte Educacional: Esporte na Escola e Esporte da Escola. Rio Grande do Sul, 2007. SOUZA, Sérgio Rosa de; GENÚ, Marta; ARAÚJO, Adnelson; KRAVCHYCHYN, Cláudio; OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli de. Os Programas Segundo Tempo e Mais Educação: uma parceria para a inclusão social por meio do esporte na escola em tempo integral. Fiep Bulletin – Vol. 83 - Special Edition - ARTICLE II – 2013. TUBINO, Manuel José Gomes. O que é esporte. São Paulo: Brasiliense, 1999. VÁRIOS AUTORES. Tendências para a educação integral. Fund. Itaú Social, SP, 2011. Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/pt/br_tend_educ_integ.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2016. VIACELLI, Samoara. Desporto e rendimento escolar. Revista Digital Efdesportes, Ano 8, Nº 55, Buenos Aires, Dezembro de 2002. Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd55/despor.htm> Acesso em: 13 dez. 2015. VIALICH, Andrea Leal. O Programa Mais Educação em São José dos Pinhais: possibilidades para o esporte?. Dissertação (Mestrado) – UFPR, Curitiba, 2012.