O Concretismo Surge Na Europa

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O Concretismo surge na Europa, por volta de 1917, na tentativa de se criar uma manifestação abstrata da arte.A busca dos artistas era incorporar a arte (música, poesia, artes plásticas) às estruturas matemáticas geométricas. A intenção deste movimento concreto era desvincular o mundo artístico do natural e distinguir forma de conteúdo.

Para os concretistas a arte é autônoma e a sua forma remete às da realidade, logo, as poesias, por exemplo, estão cada vez mais próximas das formas arquitetônicas ou esculturais. As artes visuais não figurativas começam a ser mais evidentes, a fim de mostrar que no mundo há uma realidade palpável, a qual pode ser observada de diferentes ângulos.

Por volta de 1950, a concepção plástica da arte chega ao Brasil através do suíço Max Bill: artista, arquiteto, designer gráfico e de interiores. Bill é o responsável por popularizar as concepções da linguagem plástica no Brasil com a Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956.

As características gerais do concretismo na literatura são: o banimento do verso, o aproveitamento do espaço do papel, a valorização do conteúdo sonoro e visual, possibilidade de diversas leituras através de diferentes ângulos.

ConcretismoO que é concretismo, características do concretismo, artistas, o movimento no Brasil, obras, literatura

Introdução 

O concretismo foi um movimento vanguardista que ocorreu nas artes plásticas, na música e na poesia. Surgiu na Europa, na década de 1950, e teve seu auge até a década de 1960. Os artistas precursores deste movimento foram: Max Bill (artes plásticas), Pierre Schaeffer (música) e Vladimir Mayakovsky (poesia).

Características principais do Concretismo:

- Elaboração artística em busca da forma precisa;

- Ênfase na racionalidade, no raciocínio e na ciência;

- Uso de figuras abstratas nas artes plásticas.

- União entra a forma e o conteúdo na obra de arte;

- Na literatura, os poetas concretistas buscavam utilizar efeitos gráficos, aproximando a poesia da linguagem do design;

- Envolvimento com temas sociais (a partir da década de 1960);Concretismo no Brasil

Na literatura brasileira, destacou-se Noigandres

(revista fundada em 1952) que ra formado pelos poetas Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos entre outros. Algumas obras da literatura concretista brasileira:

- Teoria da Poesia Concreta de Décio Pignatari (1965)

- Poetamenos (1953) e Pop-cretos (1964) de Augusto de Campos

- Galáxias (1963) de Haroldo de Campos 

Décio Pignatari e o Concretismo

Antes de darmos início à discussão, até mesmo para facilitar seu

entendimento, caro (a) usuário (a), analisemos um poema

concreto, sob a autoria de Décio Pignatari: 

Exemplo de poema concreto 

* Em vez de sentimentalismos, tem-se concretudes; 

* Em vez de elementos estruturais (estrofes, rimas...), a própria

palavra, a palavra-objeto; 

* Formas? Dispostas geometricamente, de modo a permitir que

o leitor assimile a mensagem por vários ângulos. Neste poema,

em especial, da esquerda para a direita, de cima para baixo e

vice-versa;

* Predomínio de imagens em detrimento ao caráter discursivo; 

Elementos estes, dentre tantos outros, fazem-nos deparar com

um novo estilo que norteou a poesia brasileira pós-Modernismo,

demarcada, sobretudo, pelo visual. 

Dessa forma, tendo em vista que a Literatura é concebida como

a expressão do homem vivendo em meio a seu tempo, façamos

uma breve retomada no contexto político que tanto demarcou a

era em questão. 

Contextualizamo-nos, pois, ao governo de Juscelino

Kubitschek, que, pautado por forças desenvolvimentistas, fez-se

notado por promover o crescimento industrial e urbano.

Contudo, mescladas a esse avanço, apareciam a dívida social e a

inflação. Assim, em meio a esse ínterim, graças a um discurso

moralizante, subiu ao poder Jânio Quadros, demarcado pelas

forças impetuosas de promover uma verdadeira faxina em prol

de uma economia de uma ordem social mais justa. Depois de

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empossado, após sete meses de mandato teve de ceder lugar

para seu sucessor, João Goulart. Instaurava-se, assim, um

período de grandes instabilidades, tanto no campo político,

quanto no econômico, o que resultou na formação de duas

classes: de um lado as forças populares que clamavam por

reformas sociais, e de outro os setores conservadores, temendo

uma ameaça comunista. 

Em 1964 entrava em cena o Golpe Militar, e com ele a fase da

Ditadura, sem falar nos atos institucionais, sobretudo o AI 5.

Surgiu, então, outra classe, dessa vez mais inteligente do que

nunca, formada por movimentos estudantis, apoiados por

professores, intelectuais e artistas, cujo intuito era o de

promover uma verdadeira revolução social. Surgiu o cinema e

instaurou-se a Bossa Nova (que contava com a participação de

Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, notabilizados

por uma visão engajada da cultura nacionalista). O

Tropicalismo, fruto desta ascendência cultural, em muito se

baseou nas ideias do grande mestre Oswald de Andrade, com

seu Manifesto Antropofágico, traduzindo a realidade brasileira

com humor e irreverência por meio da habilidade artística. 

Assim, sob forte influência de tais acontecimentos, surgiu

também o Concretismo, originado em 1965 com a revista

Noigandres, caracterizado como um movimento que reproduziu,

tanto em forma quanto em conteúdo, as mudanças, ocasionadas

pela industrialização, que tanto se fizeram presentes em solo

brasileiro. Muitas de suas características já foram exaltadas por

meio do poema que nos serviu de exemplo, cuja ideologia era

fazer da palavra concreta objeto real para as manifestações

voltadas para a crítica à sociedade, tendo no

consumo exacerbado e no capitalismo sua principal “fonte de

alimentação”. 

Foi assim que seus principais precursores, Décio Pignatari,

Haroldo e Augusto de Campos (sendo esses dois últimos

irmãos), propuseram uma nova visão da arte poética, abnegada

de sentimentalismos extremos e fundada na concretude de

sentidos, explorando três de suas principais vertentes: a visual,

a sonora e a semântica. 

Como uma espécie de denúncia, já antes ressaltada, a literatura

se fez vista por intermédio de grandiosas criações, como esta de

Décio Pignatari, na qual notadamente identificamos uma crítica

ao imperialismo norte-americano e ao consumismo da sociedade

moderna, cujo slogan é “Beba Coca-Cola”. Nele, o autor

permite que o leitor faça possíveis interpretações, dada a

disposição geometricamente composta das palavras. São nítidas,

dentre muitas outras, interpretações voltadas para uma

concepção degradante do produto em voga (no caso, a bebida),

manifestada pelo uso dos vocábulos “babe, cola, caco, cloaca”,

denotando algo voltado para o imundo, para o pegajoso

Literatura Brasileira: Concretismo / Tropicalismo em Caetano Veloso com o Poema Rap “Língua”

Acadêmica: Joana da Paz

Apresentação

Na poesia, o que se pode dizer é que o ímpeto destruidor e revolucionário da Geração de 22, foi arrefecido na Geração de 30, diluiu-se a partir de 45. Naquele período a preocupação era produzir poesias de forma confortável de acordo com a sensibilidade de cada artista. O poeta João Cabral de Melo Neto foi o mais importante do período de 45, e em meados da mesma época já havia manifestação inibida daquela que seria a revolucionária poesia concreta.

A Poesia Concreta promoveu a ligação do ato de escrever poesia à produção da arte visual. Liderado inicialmente pelos irmãos Augusto e Haroldo Campos e Décio Pignatari, o grupo propunha a Poesia Concreta.

Em 1952, surgiu o grupo Noigandres, “a flor que afasta o tédio”. O nome foi recolhido em Ezra Pound, que havia retirado de uma canção trovadoresca e, significava para o grupo “poesia em progresso”.

Em 1954, Ferreira Gullar lançou no Rio de Janeiro, o livro A Luta Corporal, com experiências que leva em conta o espaço em branco do papel e as possibilidades de diagramação da palavra em poesia, unindo significante e significado, comunhão nova que se afinava com as propostas de concretistas de São Paulo.

Propostas que foram conhecidas pelo público em 1956 quando ocorreu e Exposição Nacional de Arte Concreta, reunindo artistas paulistas e cariocas no Masp (Museu de Arte de São Paulo. A mostra reunia poemas-cartazes e esculturas concretas, como principais participantes: Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Ferreira Gullar, Ronaldo Azeredo, Vladimir Dias Pino, Reinaldo Jardim, Mauro Faustino e Oliveira Bastos. Os concretistas reconheceram como precursores do movimento, Mallarmé, Apollinaire, Ezra Pound, James Joyce, William Williams, E.E. Cummings, Goringer, Oswald de Andrade e João Cabral de Melo Neto, além dos futuristas e dadaístas.

Neste trabalho farei uma breve biografia e análise da letraLíngua, música do cantor e compositor Caetano Veloso, que teve influencias do concretismo na fase tropicalista.

Concretismo

 Ainda que tenha sido bastante influenciado por movimentos artísticos que costumam estar associados à idéia de vanguarda negativa, o Tropicalismo também se manifestou como um desdobramento do Concretismo da década de 1950 (especialmente da Poesia concreta). A preocupação dos tropicalistas em tratar a poesia das canções como elemento plástico, criando jogos lingüísticos e brincadeiras com as palavras é um reflexo do Concretismo.

Características concretistas: Poemas com movimentos; Jogos de palavras e formas; Espaço em branco no papel; Diagramação

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da palavra em poesia; Ideograma: apelo à comunicação não-verbal; Atomização: as palavras são desmanchadas, criando outras palavras; Metacomunicação: simultaneidade da comunicação verbal e não-verbal; Polissemia: trocadilho, justaposição de substantivos e verbos, aliteração; Estrutura verbivocovisual: valorização do espaço visual, do aspecto gráfico da letra, da cor e da disposição das palavras; Poema objeto: Poema Concreto transforma-se num objeto em si mesmo, auto-suficiente, deixa de ser um intérprete de objetos exteriores, assim como de sensações subjetivas; Isomorfismo:representações virtuais que simulam o real, através de sua semelhança formal.

PENSAN

OQUASE

AMARDO

QUASAR

QUASEH

HUMANO

"quasar" de augusto de campos, décio pignatari ( poesia concreta )Biografia

Caetano Emanuel Viana Teles Veloso nasceu 7 de agosto de 1942 na Bahia, filho de José Teles Veloso (Seu Zezinho) e Claudionor Viana Teles Veloso (Dona Canô). Na infância, foi fortemente influenciado por arte, música, desenho e pintura; as maiores influências musicais desta época foram alguns cantores em voga, como "o rei do baião" Luiz Gonzaga, e músicas de maior apelo regional, como sambas de roda e pontos de macumba. Em 1956 freqüentou o auditório da Rádio Nacional, na capital fluminense, que contava com apresentações dos maiores ídolos musicais brasileiros.

Em 1960 mudou-se para Salvador, onde aprendeu a tocar violão. Apresentou-se em bares e casas noturnas de espetáculos. Nesta época, o interesse por música se intensificou.

Tragetória

Iniciou a carreira interpretando canções de bossa nova. Recebendo a influência de João Gilberto, um dos ícones e fundadores do movimento, em seguida ajudou a criar um estilo musical que ficou conhecido como MPB (música popular brasileira), deslocando a melodia pop na direção de um ativismo político e de conscientização social. O nome ficou então associado ao movimento hippe do final dos anos 60 e às canções do movimento da Tropicália.Trabalhou como crítico cinematográfico no jornal Diário de Notícias, dirigido pelo diretor e conterrâneo Glauber Rocha.

A obra adquiriu um contorno pesadamente engajado e intelectualista e o artista firmava-se sendo respeitado e ouvido pela mídia e pela crítica especializada. Participou na juventude

de espetáculos semi-amadores ao lado de Tom Zé, da irmã Maria Bethânia e do parceiro Gilberto Gil, integrando o elenco de Nós por exemplo, Mora na filosofia e Nova bossa velha, velha bossa novaem 1964.

O primeiro trabalho musical foi uma trilha sonora para a peça teatral Boca de ouro, do escritor Nelson Rodrigues, do qual Bethânia participou em 1963, e também escreveu a trilha da peçaA exceção e a regra, do dramaturgo alemão Bertolt Brect, dirigido por Álvaro Guimarães, na mesma época em que ingressou na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia. Carreira musical

Foi lançado no cenário musical nacional pela irmã, a já conhecida cantora Maria Bethânia, que gravou uma canção de autoria no primeiro disco, Sol negro, um dueto com Gal Costa, as cantoras que mais gravaram músicas de sua autoria. Em 1965, lançou o primeiro compacto, com as canções, Cavaleiro e Samba em Paz, ambas de sua autoria, pela RCA, que posteriormente transformou-se em BMG (atualmente Sony BMG), participando também do musical Arena canta Bahia (ao lado de Gal, Gil, Bethânia e Tom Zé), dirigido por Augusto Boal e apresentado no TBC (São Paulo). Teve músicas inclusas na trilha do curta-metragem Viramundo, dirigido por Geraldo Sarno.

O primeiro LP gravado, em parceria com Gal Costa, foiDomingo (1967), produzido por Dori Caymmi, foi lançado pela gravadora Philips, que posteriormente transformou-se em Polygram (atualmente Universal Music), que lançaria quase todos os discos.Domingo contou com uma sonoridade totalmente bossa-novista, e a ele pertence o primeiro êxito popular da carreira, a cançãoCoração vagabundo. Mesmo não tendo sido um estrondoso sucesso, garantiu um bom reconhecimento a dupla e foi muito aclamado pelo meio musical da época, como Elis Regina, Wanda Sá, o próprio Dori Caymmi e Edu Lobo, marcando a estréia de ambos nessa gravadora, a convite do então diretor artístico João Araújo. A canção Um dia, no repertório deste, recebeu o prêmio de melhor letra no II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record.

Tropicalismo

Nesse mesmo ano, a canção Alegria, Alegria, que fez parte do repertório do primeiro LP individual, Caetano Veloso (janeiro de 1968), No dia em que vim-me embora, a antológica Tropicália,Soy loco por ti América e Superbacana, e também lançada em compacto simples, ao som de guitarras elétricas do grupo argentino Beat Boys, enlouqueceu o terceiro Festival de Música Popular Brasileira (TV Record, outubro de 1967), juntamente com Gilberto Gil, que interpretou Domingo no Parque, classificadas respectivamente em quarto e segundo lugar.

Era o início do Tropicalismo, movimento este que representou uma grande efervescência na MPB.

Este marco foi realizado pelo lançamento do álbumTropicália ou Panis et Circensis (julho de 1968), disco coletivo que contou com as participações de outros nomes

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consagrados do movimento, como Nara Leão, Torquato Neto, Rogério Duprat, Capinam, Tom Zé, Gil e Gal. Ficou associada a este contexto a canção É Proibido Proibir, da sua autoria (mesmo compacto que incluía a canção Torno a repetir, de domínio público), que ocasionou um dos muitos episódios antológicos da eliminatória do 3º Festival Internacional da Canção (TV Globo), no Teatro da Universidade Católica (São Paulo, 15 de setembro de 1968). Vestido com roupa de plástico, ele lança de improviso um histórico discurso contra a platéia e o júri. "Vocês não estão entendendo nada!", grita. A canção é desclassificada, mas também foi lançada em compacto simples. Em novembro, Gal defende sua cançãoDivino maravilhoso, parceria sua com Gil, no mesmo musical onde participou defendendo a canção Queremos guerra (de Jorge Benjor). Caetano lançou um compacto duplo que continha a gravação do samba A voz do morto que foi censurado, com isso o LP foi recolhido das lojas.

Concertos

- Villa dei Quintili, Roma, Italia - Associazione Regina Viarum de Marisela Federici Rivas y Cardona (18-7-2005)

Cinema

- Coração Vagabundo (2008)

- Cinema Falado (1986)

- Doces Bárbaros (1976)

Literatura

- Veloso, Caetano (1997). Alegria, Alegria.. Rio de Janeiro: Pedra que ronca.

- Veloso, Caetano (1997). Verdade tropical.. São Paulo: Companhia das Letras.

- Veloso, Caetano (2003). Tropical Truth: A Story of Music and Revolution in Brazil. New York City, New York: Alfred A. Knopf.

- Veloso, Caetano (2003). Letra só.. Companhia das Letras.

- Veloso, Caetano (2005). O mundo não é chato.. São Paulo: Companhia das Letras.

- Morais Junior, Luís Carlos de (2004). Crisólogo. O estudante de poesia Caetano Veloso.. Rio de Janeiro: HP Comunicação.

- Mei, Giancarlo (2004). Canto Latino: Origine, Evoluzione e Protagonisti della Musica Popolare del Brasile (in Italian). Stampa Alternativa-Nuovi Equilibri.

Características do poema Língua: Polissemia: trocadilho;Atomização: as palavras desmanchadas, criando

outras;Verbivocovisual: valoriza todos os sentidos de comunicação da palavra; Metacomunicação: coincidência e simultaneidade da comunicação verbal e não-verbal.

Texto para análise

LínguaCaetano VelosoGosto de sentir a minha língua roçar

A língua de Luís de CamõesGosto de ser e de estarE quero me dedicar a criar confusões de prosódiaE uma profusão de paródiasQue encurtem doresE furtem cores como camaleõesGosto do Pessoa na pessoaDa rosa no RosaE sei que a poesia está para a prosaAssim como o amor está para a amizadeE quem há de negar que esta lhe é superior?E deixe os Portugais morrerem à míngua"Minha pátria é minha língua"Fala Mangueira! Fala!

Flor do Lácio Sambódromo.

Lusamérica latim em pó.O que quer O que pode

Esta língua?

Vamos atentar para a sintaxe dos paulistasE o falso inglês relax dos surfistasSejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem MirandaE que o Chico Buarque de Holanda nos resgateE – xeque-mate – explique-nos LuandaOuçamos com atenção os deles e os delas da TV GloboSejamos o lobo do lobo do homemLobo do lobo do lobo do homemAdoro nomesNomes em ãDe coisas como rã e ímãÍmã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímãNomes de nomesComo Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabée Maria da Fé

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em póO que querO que pode esta língua?

Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma cançãoEstá provado que só é possível filosofar em alemãoBlitz quer dizer coriscoHollywood quer dizer AzevedoE o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo

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A língua é minha pátriaE eu não tenho pátria, tenho mátriaE quero frátriaPoesia concreta, prosa caóticaÓtica futuraSamba-rap, chic-left com banana(– Será que ele está no Pão de Açúcar?– Tá craude brô– Você e tu– Lhe amo– Qué queu te faço, nego?– Bote ligeiro!– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!– Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!– I like to spend some time in Mozambique– Arigatô, arigatô!) Nós canto-falamos como quem inveja negrosQue sofrem horrores no Gueto do HarlemLivros, discos, vídeos à mancheiaE deixa que digam, que pensem, que falem.

Análise da obra Língua

No texto Língua de Caetano Veloso na primeira estrofe o eu - lírico se reporta na primeira pessoa “Gosto de sentir a minha língua roçar /A língua de Luís de Camões”, dizendo que gosta que a língua portuguesa seja entrelaçada com a língua de Luís de Camões, em seguida fala de sua dedicação pela língua, com sua prosódia em paródias que fazem diminuir o sofrimento, e metaforicamente em: “E furtem cores como camaleões” que a língua está em constante mutação, de acordo com o tempo e sua regionalidade. O poeta personifica Camões e Pessoa, às vezes com ironia outras vezes com gracejos aos poetas portugueses, e também da prosa de Guimarães Rosa que é um dos grandes escritores brasileiro. Observa-se o sentimentalismo do poeta em relação a língua portuguesa do Brasil, quando fala “Minha pátria é minha língua”.

Na segunda estrofe “Flor do Lácio Sambódromo / Lusamérica latim em pó”, nestes versos expõe a história da língua portuguesa, desde sua base, passando pela Península Ibérica, Portugal, até a atualidade. “O que quer / O que pode / Esta língua?” é uma pergunta bastante abrangente, pois a língua portuguesa brasileira, além de ser descendente do português de Portugal, tem suas próprias composições de povos imigrantes, que resulta numa grande miscigenação, então além de tudo isso, a língua quer se atualizar, e por meio dela se pode tudo.

Na terceira estrofe o eu - lírico está na primeira pessoa do plural e fala da sintaxe, do estrangeirismo e pede que sejamos imperialistas, com a dicção de Carmem Miranda e o resgate com Chico Buarque de Holanda e nos chama a atenção para ‘os deles e delas de TV’, a língua é também o teatro, o cinema, a poesia, os meios de comunicação de massas e a própria música popular. “De coisas como rã e ímã / Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã”

Na quarta estrofe o poeta demonstra em “A língua é minha pátria / E eu não tenho pátria, tenho mátria / E quero

frátria” que a língua pode ser inovada, inclusive fala da poesia concreta como futurista, e na mistura do samba-rap.

Em toda esta obra percebe-se que o autor usa metáforas, com rimas constantes e a musicalidade inovada, justamente para exaltar e explorar a “Língua Portuguesa Brasileira” sugerindo reflexões sobre a mesma.

O trocadilho, o desmanchar de palavras e criação de outras, a valorização de todos os sentido da comunicação por meio da palavra (língua / idioma) e, coincidência e simultaneidade da comunicação verbal e não-verbal: é que fazem com que o PoemaLíngua seja comparado com os poemas de Haroldo e Augusto de Campos juntamente com os demais concretistas, pois Caetano na sua imensa criação fez com que o Poema Língua seja um poema Concreto.

Contextualização

Diferenças conceituais à parte pode-se dizer que Olavo Bilac e Caetano Veloso são intelectuais emblemáticos destas épocas distintas da vida brasileira. O tensionamento do fim do império, a consolidação da República e os debates daí decorrentes sobre os rumos do país envolveram Olavo Bilac por inteiro e marcaram sua produção artística e militância política em favor da construção de uma grande nação dos trópicos. Ao lado da produção literária, vamos encontrar Olavo Bilac mergulhado na defesa das causas patrióticas, utilizando o texto e o reconhecimento público, enquanto intelectual, para defender seus pontos de vista nos diversos meios de comunicação disponíveis na época. Podemos dizer, guardadas as devidas proporções, que Olavo Bilac foi um homem de mídia no seu tempo, dedicando-se à militância jornalística no Rio de Janeiro e em São Paulo, participando ativamente de conferências e debates nos mais diversos lugares do país e na Europa, na Academia Brasileira de Letras, editando livros e se transformando em um dos principais polemistas de então. Estas polêmicas lhes renderam um duelo de capa e espada com o poeta Pardal Mallet, além de prisões, exílio e perseguições no governo Floriano Peixoto. Nestas ocasiões, utilizava-se da sátira e da paródia, na imprensa e no teatro, para criticar seus adversários.

Esta capacidade de Olavo Bilac em balançar as estruturas do poder estabelecido também está presente em Caetano Veloso.

A forma iconoclasta e o conteúdo inovador do Tropicalismo colocaram Caetano Veloso no centro do debate cultural nos meios de comunicação de massas, no qual ficou evidente o choque da sua proposta com os modelos de análise da intelectualidade da esquerda tradicional. Entretanto, era o elemento contestatório do Tropicalismo à ordem estabelecida que mais chamava a atenção e que transformou Caetano Veloso no alvo da repressão da ditadura militar. Cem anos antes da canção de Caetano Veloso, Olavo Bilac fez um poema intitulado Língua Portuguesa, também considerado uma celebração ao idioma. O texto de Olavo Bilac destaca a excepcionalidade de uma língua originária do latim, que viceja num ambiente exótico e, ao mesmo tempo, agreste. Da mesma forma que o texto de Caetano Veloso, o poema de Olavo Bilac

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sugere reflexões sobre a língua e fornece pistas acerca do olhar do autor sobre a nacionalidade.

Celebrar a língua é uma intenção que está registrada no conjunto dos textos, em particular na invocação do ícone de Camões. Esta reverência ao principal poeta da língua portuguesa demonstra que em ambos está presente o que se tornou um estigma em Caetano Veloso, o sentimento de narcisismo, de sentir prazer em valorizar o que é próprio de si. Desta forma, o projeto estético do cantor é parte integrante de um projeto político que expressa uma visão multifocal de país. 

Considerações finais

Fazer a analise da letra Língua de Caetano Veloso é uma experiência maravilhosa, é viajar com a língua portuguesa e ver o quanto é grandiosa, o autor inova, não sei como me expressar, mas entendi um ‘malabarismo’ com as letras formando novas palavras onde a exalta de maneira extraordinária, fazendo trocadilhos e demonstrando a flexibilidade do nosso idioma, que o faz diferenciado dos demais. Estas transformações fazem com que o Poema Língua tenha semelhança com os poemas concretistas dos irmãos Campos, Décio Pignatari, Ferreira Gullar e os demais autores.

Temos uma reflexão sobre a língua como resultado da herança da civilização brasileira, na qual o elemento europeu, em contato com a cultura tropical e africana, se transforma e se apresenta como algo original através dos falares diversos.

Além das comparações entre Olavo Bilac, Caetano e Camões em relação ao idioma, faço também comparação do autor e sua arte com as letras, a Carlos Drummond de Andrade “O criador de palavras” com seu léxico drummondiano,

É prazeroso viajar com estes monstros consagrados da nossa literatura, e o mais importante é o leque de oportunidades, no aprendizado da língua portuguesa brasileira, particularmente melhorou meus conhecimentos a respeito do Concretismo e da inovação da língua.

CONCRETISMO O último movimento literário significativo do século XX foi oconcretismo, cujo marco é simbolizado pela Exposição Nacional de Arte Concreta no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, em 1956. No entanto, seus principais autores – Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari – já editavam havia alguns anos a revista Noigandres, em que elaboraram a nova estética.

O concretismo é marcado pela abolição dos versos e pela utilização de recursos gráficos como parte da própria composição literária. O poema concretista leva em conta não apenas a disposição espacial das palavras, como também o tipo de desenho das letras, as cores empregadas, desenhos, fotografias e outros elementos visuais. O objetivo era revitalizar a invenção poética, com a rejeição das formas tradicionais do verso. 

CRIAÇÕES RECENTES A produção literária mais recente apresenta enormes variações de temas e procedimentos. Durante a ditadura militar (1964-1985), tiveram peso as questões ligadas à falta de liberdade no país. De lá para cá, cresceram de importância os elementos relativos às mudanças no Brasil, como a industrialização. Alguns temas significativos são o vazio da vida urbana e o cotidiano nas grandes metrópoles. Há muitos autores contemporâneos expressivos. A paulistana Lygia Fagundes Telles fez sua estréia, ainda adolescente, na década de 1930, mas alcançou maior destaque com As Meninas, de 1973. Rubem Fonseca, de estilo irônico, destaca-se na criação de contos de temática urbana e violenta.