O comportamento da defesa da selecção de Espanha no torneio de andebol nos Jogos Olímpicos de...
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António Manuel Marques de Sousa Alves Lopes
O COMPORTAMENTO DA DEFESA DA SELECÇÃO DE ESPANHA NO TORNEIO DE
ANDEBOL NOS JOGOS OLÍMPICOS DE PEQUIM 2008
ANÁLISE SEQUENCIAL NO MÉTODO ORGANIZADO DE
JOGO DE ANDEBOL EM SITUAÇÃO DE 6X6
Orientador: Professor Doutor Oleguer Camerino
Co-orientador: Professor Doutor Pedro Sequeira
Co-orientador: Professor Doutor Leonel Morgado
Universidade Lleida
Instituto Nacional de Educação Física da Catalunha
Lleida
2011
Universidade Lleida
Instituto Nacional de Educação Física da Catalunha, Lleida
Programa de doutoramento: Fonaments Metodològics de la Recerca de l’Activitat Física i l’Esport
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Análise sequencial no método organizado de jogo de Andebol em situação de 6x6
Dissertação apresentada para a obtenção do Grau Doutor pela Universidade de Lleida
António Manuel Marques de Sousa Alves Lopes
Orientador: Professor Doutor Oleguer Camerino
Co-orientador: Professor Doutor Pedro Sequeira
Co-orientador: Professor Doutor Leonel Morgado
Lleida
2011
Lopes, A. (2011). O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008. Análise sequencial no método organizado de jogo de Andebol, em situação de 6x6. Lleida: A. Lopes. Tese de Doutoramento apresentado ao Instituto Nacional de Educação Física da Catalunha da Universidade de Lleida. Palavras-chave: Análise de Jogo, Andebol, Defesa, T-Patterns, Formação Treinadores, Second
Life®.
Em memória do Miguel Ananias (1993-2011):
If good things lasted forever, would we appreciate how precious they are?
Para Sílvia:
Speak to me in a language I can hear humor me
Before I have to go
Deep in thought I forgive everyone
As the cluttered streets greet me once again
I know I can't be late supper's waiting on the table (V VI)
Tomorrow’s just an excuse away
So I pull my collar up and face the cold, on my own (VI)
The earth laughs beneath my heavy feet (IX)
At the blasphemy in my old jangly walk (XIV)
Steeple guide me to my heart and home (XVI)
The sun is out and Up and down again (XV)
I know I’ll make it, love can last forever (IX)
Graceful swans of never topple to the earth (III)
And you can make it last, forever you (XXII)
You can make it last, forever you (XIX)
And for a moment I lose myself
Wrapped up in the pleasures of the world
I’ve journeyed here and there and back again (X)
But in the same old haunts I still find my friends (XI)
Mysteries not ready to reveal (V)
Sympathies I’m ready to return
I’ll make the effort, love can last forever
Graceful swans of never topple to the earth
Tomorrow’s just an excuse
And you can make it last, forever you
You can make it last, forever you...
33, Corgan, B.
Agradecimentos
Antes de qualquer agradecimento gostaria de pedir desculpa pelo meu egoísmo para a realização deste trabalho, que me privou do tempo estar com aqueles que me são mais queridos:
- às minhas 3 Marias (minha avó, minha mãe e minha irmã) e ao meu avô que se sacrificaram, apoiaram e me chamaram à razão em todos os momentos, especialmente naqueles que eu discordava;
- à Sílvia, que me inspira e ensina todos os dias a ser mais justo e me contagia com a sua alegria, da forma como defende a vida, a liberdade e a igualdade, mas acima de tudo pelo seu AMOR;
- ao Ivo pela sua vivacidade, alegria e AMIZADE incondicional em cada reencontro.
Ao professor Oleguer Camerino pela sua persistência, dedicação e sacrifício na direcção desta tese e nos ensejos proporcionados além fronteiras.
Ao meu amigo, companheiro de viagem e de busca pela verdade e simplicidade Dr. Mário Beça.
Altruísmo, tolerância, humildade, empatia e amizade seriam as palavras que escolheria para descrever o professor e amigo Pedro Sequeira, que desde o dia que nos conhecemos me proporcionou oportunidades que nunca imaginei ter e apenas porque sim.
Ao professor Leonel Morgado, pelo entusiasmo, envolvimento, paixão com que contagia e abraça cada projecto. A sua clareza e proficiência foram cruciais nas decisões a tomar na direcção desta tese.
Às professoras Marta Castañer e Maria Teresa Anguera pelo seu incentivo desinteressado e amizade neste percurso.
Ao Bruno Pires, Márcio Cardoso e José Maria Dinis pelo entusiasmo e dedicação nos desafios apresentados.
Aos “meu professores de Andebol” João Prudente, José António Silva, Paulo Sá, Pedro Alvarez, Carlos Cruz, João Comédias, Claude Onesta, Manolo Laguna, Matts Olson, Rolando Freitas, António Cunha, Manolo Cadenas, Branislav Pokrajac, João Castro, Victor Marques, Ricardo Costa e Luís Duque pela sua disponibilidade na partilha do vasto conhecimento que têm sobre o nosso jogo, encontros que foram verdadeiras lições.
Aos meus novos amigos e colegas “lusófonos” (e não só) por tornarem o meu trabalho todos os dias mais fácil, possibilitando-me terminar esta tese enquanto trabalhava: Amélia Ordonho, Catarina Sousa, António Palmeira, Isabel Llorente, Timóteo Rodrigues, João Ferreira, Nuno Lourenço, Valter Matos, Sofia Fonseca, Ana Paulo, Luís Vilar, João Carvalho, Rute Muchacho, João Ildefonso, João Vieira, João Vaz, Paulo Ferreira, Mário Chaves, Pedro Costa, Miguel Carvalho, João Pedro Viana, Rúben Querido...
Há 7 anos atrás não sabia o que fazer e tinha medo de querer o que é que fosse. Pensava que, querer me levaria a tentar e que tentar me levaria a falhar e que outros seriam sempre melhores que eu, fizesse o que fizesse. Mas hoje, não consigo parar de querer. Eu quero viajar, aprender mais sobre o mundo e com o mundo, liderar uma equipa, surpreender-me a mim próprio. Quero ser a melhor pessoa que conseguir ser, quero ser eu a definir-me em vez de deixar os outros fazê-lo por mim. Quero vencer e ter pessoas contentes por isso, quero perder e ultrapassar a derrota. Eu quero ser mais generoso e amigo da mesma forma que todas estas pessoas têm sido para mim. Quero conhecer o desconhecido, ter uma vida interessante e cheia de surpresas... Não é que eu ache que vou conseguir tudo isto, mas só de saber que posso ter essa possibilidade: a possibilidade que as coisas podem sempre mudar.
"I wonder why we think faster than we can speak." (Calvin)
"Probably so we can think twice." (Hobbes)
“Experience is the name everyone gives to their mistakes”
Oscar Wilde (1854 - 1900), Lady Windermere's Fan, 1892, Act III
xiii
Índice Geral
Índice de Figuras ......................................................................................................................... xix
Índice de Tabelas ....................................................................................................................... xxix
RESUM ....................................................................................................................................... xxxi
RESUMO .................................................................................................................................. xxxiii
ABSTRACT ................................................................................................................................. xxxv
RESUMEN ............................................................................................................................... xxxvii
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3
CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 7
2.1. Análise (da Dinâmica) de Jogo.............................................................................................. 10
2.2. Modelos e Teorias para Análise da Dinâmica de Jogo ......................................................... 13
Perspectiva mecânica ou associativista .............................................................................. 14
Perspectiva da forma ou globalista ..................................................................................... 14
Perspectiva do fenómeno ou estruturalista ........................................................................ 15
2.2.1. Modelos de Análise dos Desportos Colectivos ............................................................. 15
Modelos Conceptuais .......................................................................................................... 15
Modelos Descritivos e Preditivos ........................................................................................ 18
2.2.2. Teorias para Análise dos Desportos Colectivos ............................................................. 20
Teoria Geral dos Sistemas ................................................................................................... 20
Teoria Geral da Acção ......................................................................................................... 21
Teoria da Complexidade ...................................................................................................... 21
2.3. O Comportamento Defensivo em Andebol .......................................................................... 24
2.3.1. Os Métodos de Jogo ...................................................................................................... 24
2.3.2. Os Meios Tácticos Individuais e de Grupo .................................................................... 25
2.3.3. Os Sistemas Defensivos ................................................................................................. 27
Sistema defensivo 6:0 ......................................................................................................... 27
Sistema defensivo 5:1 ......................................................................................................... 28
xiv
Sistema defensivo 4:2 ......................................................................................................... 28
Sistema defensivo 3:3 ......................................................................................................... 29
Sistema defensivo 3:2:1 ...................................................................................................... 29
Sistemas de defesa mistos ou combinada (5+1 e 4+2) ....................................................... 30
Sistemas de defesa individual ............................................................................................. 31
2.4. Tendências dos Estudos em Análise do Jogo de Andebol .................................................... 31
2.4.1. Investigação em Observação e Análise de Jogo no Andebol ........................................ 32
2.4.2. Análise de Jogo de Andebol e o Estudo do Processo Defensivo ................................... 33
Síntese ................................................................................................................................. 41
2.4.3. Estudos com Recurso à Análise Sequencial .................................................................. 44
SDIS-GSEQ ........................................................................................................................... 45
Theme .................................................................................................................................. 45
Síntese ................................................................................................................................. 56
2.5. Objectivos e Aplicação da Análise de Jogo ........................................................................... 57
2.5.1. Análise de Jogo para Fins Educacionais: a formação de treinadores ............................ 57
Os mundos virtuais como plataforma de ensino e de aprendizagem ................................ 60
CAPÍTULO 3 - OBJECTO E OBJECTIVOS DO ESTUDO .................................................................... 65
3.1. Objecto de Estudo ................................................................................................................ 67
3.2. Objectivos do Estudo ............................................................................................................ 67
3.2.1. Dimensões do Estudo .................................................................................................... 68
Dimensão Contextual .......................................................................................................... 68
Dimensão de Conduta ......................................................................................................... 68
CAPÍTULO 4 – MÉTODOS ............................................................................................................. 71
4.1. Desenho do Estudo .............................................................................................................. 74
4.2. Procedimentos Metodológicos ............................................................................................ 75
4.2.1. Fase Exploratória ........................................................................................................... 75
4.3. Amostra ................................................................................................................................ 75
4.3.1. Observacional ................................................................................................................ 75
4.3.2. Sujeitos .......................................................................................................................... 76
xv
4.4. Instrumentos ........................................................................................................................ 76
4.4.1. Instrumento de Registo ................................................................................................. 77
4.4.2. Instrumento de Observação .......................................................................................... 77
4.4.3. Manual de Procedimentos para registo e Observação ................................................. 78
Descrição do instrumento de observação ........................................................................... 78
4.5. Controlo da Qualidade dos Dados ....................................................................................... 91
4.5.1. Validação do Instrumento de Observação .................................................................... 91
Amostra para a validação .................................................................................................... 92
Participantes ........................................................................................................................ 92
4.6. Análise de Dados .................................................................................................................. 92
4.6.1. Limitações ..................................................................................................................... 93
Amostra ............................................................................................................................... 93
Instrumento de Observação (SODMO) ............................................................................... 93
Instrumento de Registo (MatchVision) ............................................................................... 93
Instrumento de Análise (Theme) ......................................................................................... 94
CAPÍTULO 5 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS .................................................. 95
5.1. Análise de Cada Jogo ............................................................................................................ 97
5.1.1. Jogo Croácia-Espanha .................................................................................................... 98
1ª parte.............................................................................................................................. 109
2ª parte.............................................................................................................................. 113
Síntese ............................................................................................................................... 115
5.1.2. Jogo China-Espanha..................................................................................................... 116
1ª parte.............................................................................................................................. 127
2ª parte.............................................................................................................................. 131
Síntese ............................................................................................................................... 135
5.1.3. Jogo França-Espanha ................................................................................................... 137
1ª parte.............................................................................................................................. 140
2ª Parte.............................................................................................................................. 144
Síntese ............................................................................................................................... 149
xvi
5.1.4. Jogo Espanha-Brasil ..................................................................................................... 151
1ª parte.............................................................................................................................. 154
2ª parte.............................................................................................................................. 157
Síntese ............................................................................................................................... 161
5.1.5. Jogo Coreia-Espanha ................................................................................................... 163
1ª parte.............................................................................................................................. 166
2ª parte.............................................................................................................................. 172
Síntese ............................................................................................................................... 174
5.1.6. Jogo Islândia-Espanha ................................................................................................. 175
1ª parte.............................................................................................................................. 184
2ª parte.............................................................................................................................. 191
Síntese ............................................................................................................................... 196
5.1.7. Jogo Croácia-Espanha – Apuramento do 3º e 4º classificados ................................... 198
1ª parte.............................................................................................................................. 201
2ª parte.............................................................................................................................. 203
Síntese ............................................................................................................................... 205
5.2. Análise dos Jogos da 1ª Fase .............................................................................................. 206
5.2.1. Jogos com a Croácia e com a China ............................................................................. 208
5.2.2. Jogos com a França e com o Brasil .............................................................................. 219
Síntese ............................................................................................................................... 224
5.3. Análise dos Jogos da 2ª Fase .............................................................................................. 226
Síntese ............................................................................................................................... 231
5.4. Análise dos Jogos que terminaram com Vitória ................................................................. 232
5.4.1. Jogos da 1ª Fase .......................................................................................................... 233
5.4.2. Jogos das 2ª e 3ª Fases ................................................................................................ 238
Síntese ............................................................................................................................... 243
5.5. Análise dos Jogos que terminaram com Derrota ............................................................... 245
5.5.1. Jogos da 1ª Fase .......................................................................................................... 245
5.5.2. Todas as Derrotas ........................................................................................................ 252
xvii
Síntese ............................................................................................................................... 257
5.6. Discussão ............................................................................................................................ 259
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES ...................................................................................................... 263
6.1. Análise de cada um dos Jogos ............................................................................................ 267
6.2. Análise dos Jogos Agrupados ............................................................................................. 271
CAPÍTULO 7 – PERSPECTIVAS FUTURAS .................................................................................... 275
7.1. Sugestões para Estudos Futuros ........................................................................................ 277
7.2. Possibilidades de Aplicação da Análise de Jogo ................................................................. 278
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 281
ANEXOS .......................................................................................................................................... I
Anexo 1 - Quadro síntese de Estudos de Análise de Jogo em Andebol ................................... III
xviii
xix
Índice de Figuras Índice de Figuras Figura 1 - Representação de uma situação de jogo no Campo de Andebol no Second Life ....... 62
Figura 2 - Representação da utilização da aplicação para a criação de movimentações no
Second Life ................................................................................................................................... 63
Figura 3 - Detecção de movimentos através do MotionCapture® para animação dos avatares no
Second Life ................................................................................................................................... 63
Figura 4 - Indicação do Desenho Observacional para o estudo .................................................. 74
Figura 5 - Representação gráfica do sistema defensivo 6:0 (ZONA) ........................................... 80
Figura 6 - Representação gráfica do sistema defensivo 5:1 (UNO) ............................................. 81
Figura 7 - Representação gráfica do sistema defensivo 3:3 (CUATRO) ....................................... 81
Figura 8 - Representação gráfica do sistema defensivo 4:2 (DOS) ............................................. 81
Figura 9 - Representação gráfica do sistema defensivo 1:5 (CINCO) .......................................... 81
Figura 10 - Representação gráfica do sistema defensivo 3:2:1 (NUEVE) .................................... 81
Figura 11 - Representação gráfica do campograma ................................................................... 85
Figura 12 - Representação gráfica da colocação do pivot adversário entre o 1º e 2º defensor
(P12D, P12E) ................................................................................................................................ 86
Figura 13 - Representação gráfica da colocação do pivot adversário entre o 2º e 3º defensor
(P23D, P23E) ................................................................................................................................ 86
Figura 14- Representação gráfica da colocação do pivot adversário no meio da defesa (PM) .. 86
Figura 15- Representação gráfica da colocação dos dois pivots adversários entre o 1º e 2º
defensor (2P12) ........................................................................................................................... 87
Figura 16- Representação gráfica da colocação dos dois pivots adversários entre o 2º e 3º
defensor (2P23) ........................................................................................................................... 87
Figura 17- Representação gráfica da colocação dos dois pivots adversários entre o 1º e 2º
defensor do lado direito e no meio da defesa (2P1MD) ............................................................. 88
Figura 18 - Representação gráfica da colocação dos dois pivots adversários entre o 1º e 2º
defensor do lado esquerdo e no meio da defesa (2P1ME) ......................................................... 88
Figura 19 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção
da Croácia e a de Espanha na 1ª fase .......................................................................................... 98
xx
Figura 20 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção da
Croácia e a de Espanha na 1ª fase............................................................................................. 100
Figura 21 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Croácia na 1ª fase 101
Figura 22 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl ................................................. 102
Figura 23 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl .............................................. 102
Figura 24 - Representação do evento p2,zona,zp,le,p23d,desl ................................................ 102
Figura 25 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Croácia na 1ª fase 103
Figura 26 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl ................................................. 104
Figura 27 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl .............................................. 104
Figura 28 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23e,desl.................................................. 104
Figura 29 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Croácia na 1ª fase 105
Figura 30 - Representação do evento p2,zona,zp,c,pm,desl .................................................... 106
Figura 31 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl ................................................. 106
Figura 32 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl .............................................. 106
Figura 33 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Croácia na 1ª fase 107
Figura 34 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl ................................................. 108
Figura 35 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl .............................................. 108
Figura 36 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a
selecção da Croácia e a de Espanha na 1ª fase ......................................................................... 109
Figura 37 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção da
Croácia e a de Espanha na 1ª fase............................................................................................. 110
Figura 38 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da Croácia na 1ª fase
................................................................................................................................................... 111
Figura 39 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl ................................................. 112
Figura 40 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl .............................................. 112
xxi
Figura 41 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a
selecção da Croácia e a de Espanha na 1ª fase ......................................................................... 113
Figura 42 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção da
Croácia e a de Espanha na 1ª fase............................................................................................. 114
Figura 43 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção
da China e a de Espanha na 1ª fase .......................................................................................... 116
Figura 44 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção da China
e a de Espanha na 1ª fase ......................................................................................................... 118
Figura 45 - Dendograma representativo do padrão sequencial de como a selecção de Espanha
deixou a selecção da China recuperar a posse de bola através de ressalto ofensivo (sem remate
à baliza) em todo o jogo na 1ª fase ........................................................................................... 119
Figura 46 - Representação do evento v5,nueve,zp,le,pm,desl ................................................. 120
Figura 47 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl .................................................. 120
Figura 48 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da China na 1ª fase... 121
Figura 49 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl .................................................. 122
Figura 50 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,p23d,desl ............................................... 122
Figura 51 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da China na 1ª fase... 123
Figura 52 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl .................................................. 124
Figura 53 - Representação do evento v5,nueve,zp,lec,pm,desl ............................................... 124
Figura 54 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da China na 1ª fase... 125
Figura 55 - Representação do evento v4,nueve,zp,c,p23d,desl ............................................... 126
Figura 56 - Representação do evento v4,nueve,zp,ld,p23d,desl .............................................. 126
Figura 57 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a
selecção da China e a de Espanha na 1ª fase ............................................................................ 127
Figura 58 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção da
China e a de Espanha na 1ª fase ............................................................................................... 128
Figura 59 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da China na 1ª fase
................................................................................................................................................... 129
Figura 60 - Representação do evento v4,nueve,zp,c,p23d,desl ............................................... 130
xxii
Figura 61 - Representação do evento v4,nueve,zp,ld,p23d,desl .............................................. 130
Figura 62 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a
selecção da China e a de Espanha na 1ª ................................................................................... 131
Figura 63 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção da
China e a de Espanha na 1ª fase ............................................................................................... 132
Figura 64 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 2ª parte do jogo com a selecção da China na 1ª fase
................................................................................................................................................... 133
Figura 65 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl .................................................. 134
Figura 66 - Representação do evento v5,nueve,zp,lec,pm,desl ............................................... 134
Figura 67 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção
de França e a de Espanha na 1ª fase ......................................................................................... 137
Figura 68 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção de
França e a de Espanha na 1ª fase .............................................................................................. 139
Figura 69 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a
selecção de França e a de Espanha na 1ª fase .......................................................................... 140
Figura 70 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção de
França e a de Espanha na 1ª fase .............................................................................................. 141
Figura 71 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção de França na 1ª fase
................................................................................................................................................... 142
Figura 72 - Representação do evento p5,zona,zp,ldc,p23d,desl .............................................. 143
Figura 73 - Representação do evento p5,zona,zp,c,p23d,desl ................................................. 143
Figura 74 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a
selecção de França e a de Espanha na 1ª fase .......................................................................... 144
Figura 75 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção de
França e a de Espanha na 1ª fase .............................................................................................. 146
Figura 76 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 2ª parte do jogo com a selecção de França na 1ª fase
................................................................................................................................................... 147
Figura 77 - Representação do evento p5,zona,zp,c,p23d,desl ................................................. 148
Figura 78 - Representação do evento p5,zona,zp,ld,p23d,desl ................................................ 148
Figura 79 - Representação do evento p5,zona,zp,lec,p23d,apr ................................................ 148
xxiii
Figura 80 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção
do Brasil e a de Espanha na 1ª fase ........................................................................................... 151
Figura 81 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção do Brasil
e a de Espanha na 1ª fase ......................................................................................................... 153
Figura 82 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a
selecção do Brasil e a de Espanha na 1ª fase ............................................................................ 154
Figura 83 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção do
Brasil e a de Espanha na 1ª fase ................................................................................................ 156
Figura 84 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo na 2ª parte do jogo entre a
selecção do Brasil e a de Espanha na 1ª fase ............................................................................ 157
Figura 85 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção do
Brasil e a de Espanha na 1ª fase ................................................................................................ 158
Figura 86 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 2ª parte do jogo com a selecção do Brasil na 1ª fase
................................................................................................................................................... 159
Figura 87 - Representação do evento v5,zona,zp,lec,pm,desl .................................................. 160
Figura 88 - Representação do evento v5,zona,zp,c,pm,desl ..................................................... 160
Figura 89 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção
da Coreia e a de Espanha na 2ª fase ......................................................................................... 163
Figura 90 - Gráfico frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção da Coreia e
a de Espanha na 2ª fase ............................................................................................................ 165
Figura 91 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a
selecção da Coreia e a de Espanha na 2ª fase .......................................................................... 166
Figura 92 - Gráfico frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção da
Coreia e a de Espanha na 2ª fase .............................................................................................. 167
Figura 93 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da Coreia na 2ª fase
................................................................................................................................................... 168
Figura 94 - Representação do evento v1,zona,zp,ld,p23e,desl ................................................ 169
Figura 95 - Representação do evento v1,zona,zp,le,p23e,desl ................................................. 169
Figura 96 - Representação do evento v1,zona,zp,c,opiv,blc ..................................................... 169
Figura 97 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da Coreia na 2ª fase
................................................................................................................................................... 170
xxiv
Figura 98 - Representação do evento e,zona,zp,c,p23e,desl .................................................... 171
Figura 99 - Representação do evento e,zona,zp,le,p23e,desl .................................................. 171
Figura 100 - Representação do evento e,zona,zp,ld,p23e,apr.................................................. 171
Figura 101 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a
selecção da Coreia e a de Espanha na 2ª fase .......................................................................... 172
Figura 102 - Gráfico frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção da
Coreia e a de Espanha na 2ª fase .............................................................................................. 173
Figura 103 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção
da Islândia e a de Espanha na 2ª fase ....................................................................................... 175
Figura 104 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção da
Islândia e a de Espanha na 2ª fase ............................................................................................ 177
Figura 105 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Islândia na 2ª fase 178
Figura 106 - Representação do evento p1,zona,zp,ld,pm,desl ................................................. 179
Figura 107 - Representação do evento p1,zona,zp,c,pm,desl .................................................. 179
Figura 108 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Islândia na 2ª fase 180
Figura 109 - Representação do evento p1,zona,zp,ldc,pm,desl ............................................... 181
Figura 110 - Representação do evento p1,zona,zp,c,pm,desl .................................................. 181
Figura 111 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Islândia na 2ª fase 182
Figura 112 - Representação do evento p1,seis,zp,c,p23d,desl ................................................. 183
Figura 113 - Representação do evento p1,seis,zp,c,opiv,stop .................................................. 183
Figura 114 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a
selecção da Islândia e a de Espanha na 2ª fase ........................................................................ 184
Figura 115 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção da
Islândia e a de Espanha na 2ª fase ............................................................................................ 186
Figura 116 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da Islândia na 2ª fase
................................................................................................................................................... 187
Figura 117 - Representação do evento p1,zona,zp,ld,pm,desl ................................................. 188
Figura 118 - Representação do evento p1,zona,zp,c,pm,desl .................................................. 188
xxv
Figura 119 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da Islândia na 2ª fase
................................................................................................................................................... 189
Figura 120 - Representação do evento p1,zona,zp,ldc,pm,desl ............................................... 190
Figura 121 - Representação do evento p1,zona,zp,c,pm,desl .................................................. 190
Figura 122 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a
selecção da Islândia e a de Espanha na 2ª fase ........................................................................ 191
Figura 123 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção da
Islândia e a de Espanha na 2ª fase ............................................................................................ 193
Figura 124 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após
golo sofrido pela selecção de Espanha na 2ª parte do jogo com selecção da Islândia na 2ª fase
................................................................................................................................................... 194
Figura 125 - Representação do evento p1,seis,zp,c,p23d,desl ................................................. 195
Figura 126 - Representação do evento p1,seis,zp,c,opiv,stop .................................................. 195
Figura 127 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção
da Croácia e a de Espanha na 3ª fase ........................................................................................ 198
Figura 128 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção da
Croácia e a de Espanha na 3ª fase............................................................................................. 200
Figura 129 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a
selecção da Croácia e a de Espanha na 3ª fase ......................................................................... 201
Figura 130 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção da
Croácia e a de Espanha na 3ª fase............................................................................................. 202
Figura 131 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a
selecção da Croácia e a de Espanha na 3ª fase ......................................................................... 203
Figura 132 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção da
Croácia e a de Espanha na 3ª fase............................................................................................. 204
Figura 133 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, dos dois primeiros jogos
observados da selecção de Espanha na 1ª fase ........................................................................ 208
Figura 134 - Gráfico frequências do tipo de eventos dos dois primeiros jogos observados da
selecção de Espanha na 1ª fase ................................................................................................ 210
Figura 135 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por
golo sofrido pela selecção de Espanha quando observados os dois primeiros jogos da 1ª fase
................................................................................................................................................... 211
Figura 136 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl ............................................... 212
xxvi
Figura 137 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl ............................................ 212
Figura 138 - Representação do evento p2,zona,zp,le,p23d,desl .............................................. 212
Figura 139 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por
golo sofrido pela selecção de Espanha quando observados os dois primeiros jogos da 1ª fase
................................................................................................................................................... 213
Figura 140 - Representação do evento v5,nueve,zp,lec,pm,desl ............................................. 214
Figura 141 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl ................................................ 214
Figura 142 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,p23d,desl ............................................. 214
Figura 143 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por
golo sofrido pela selecção de Espanha quando observados os dois primeiros jogos da 1ª fase
................................................................................................................................................... 215
Figura 144 - Representação do evento p2,zona,zp,c,pm,desl .................................................. 216
Figura 145 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl ............................................... 216
Figura 146 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl ............................................ 216
Figura 147 - Dendograma representativo do padrão sequencial de como a selecção de Espanha
deixou a selecção da China recuperar a posse de bola através de ressalto ofensivo sem remate
à baliza, quando observados os dois primeiros jogos da 1ª fase .............................................. 217
Figura 148 - Representação do evento v5,nueve,zp,le,pm,desl ............................................... 218
Figura 149 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl ................................................ 218
Figura 150 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, dos dois últimos jogos
observados da selecção de Espanha na 1ª fase ........................................................................ 219
Figura 151 - Gráfico frequências do tipo de eventos dos dois últimos jogos observados da
selecção de Espanha na fase de grupos (1ª fase) do Torneio de Andebol dos Jogos Olímpicos de
Pequim ...................................................................................................................................... 221
Figura 152 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por
golo sofrido pela selecção de Espanha quando observados os dois últimos jogos da 1ª fase . 222
Figura 153 - Representação do evento v5,zona,zp,le,pm,desl ................................................. 223
Figura 154 - Representação do evento v5,zona,zp,c,pm,desl ................................................... 223
Figura 155 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, para os jogos da
selecção de Espanha na 2ª fase ................................................................................................ 226
Figura 156 - Gráfico frequências do tipo de eventos dos jogos da selecção de Espanha na 2ª
fase ............................................................................................................................................ 228
xxvii
Figura 157 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por
golo sofrido em todos os jogos da 2ª fase ................................................................................ 229
Figura 158 - Representação do evento e,zona,zp,le,p23e,desl ................................................ 230
Figura 159 - Representação do evento e,zona,zp,c,p23e,desl .................................................. 230
Figura 160 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, para todos os jogos da
1ª fase que terminaram com vitória para a selecção de Espanha ............................................ 233
Figura 161 - Gráfico frequências do tipo de eventos de todos os jogos da 1ª fase que
terminaram com vitória para a selecção de Espanha ............................................................... 235
Figura 162 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por
golo sofrido em todos os jogos da 1ª fase que terminaram com vitória para a selecção de
Espanha ..................................................................................................................................... 236
Figura 163 - Representação do evento v5,zona,zp,le,pm,desl ................................................. 237
Figura 164 - Representação do evento v5,zona,zp,c,pm,desl ................................................... 237
Figura 165 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, para todos os jogos das
2ª e 3ª fases que terminaram com vitória para a selecção de Espanha ................................... 238
Figura 166 - Gráfico frequências do tipo de eventos de todos os jogos da 2ª e 3ª fase que
terminaram com vitória para a selecção de Espanha ............................................................... 240
Figura 167 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por
golo sofrido em todos os jogos da 2ª e 3ª fase que terminaram com vitória para a selecção de
Espanha ..................................................................................................................................... 241
Figura 168 -Representação do evento e,zona,zp,c,pm,desl ..................................................... 242
Figura 169 - Representação do evento e,zona,zp,le,p23d,apr ................................................. 242
Figura 170 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, para todos os jogos da
1ª fase que terminaram com derrota para a selecção de Espanha .......................................... 245
Figura 171 - Gráfico frequências do tipo de eventos de todos os jogos da 1ª fase que
terminaram com derrota para a selecção de Espanha ............................................................. 247
Figura 172 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por
golo sofrido em todos os jogos da 1ª fase que terminaram com derrota para a selecção de
Espanha ..................................................................................................................................... 248
Figura 173 - Representação do evento p2,zona,zp,c,pm,desl .................................................. 249
Figura 174 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl ............................................... 249
Figura 175 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl ............................................ 249
xxviii
Figura 176 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por
golo sofrido em todos os jogos da 1ª fase que terminaram com derrota para a selecção de
Espanha ..................................................................................................................................... 250
Figura 177 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl ............................................... 251
Figura 178 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl ............................................ 251
Figura 179 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23e,desl................................................ 251
Figura 180 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, para todos os jogos que
terminaram com derrota para a selecção de Espanha ............................................................. 252
Figura 181 - Gráfico frequências do tipo de eventos dos jogos que terminaram com derrota
para a selecção de Espanha ...................................................................................................... 254
Figura 182 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por
golo sofrido em todos os jogos que terminaram com derrota para a selecção de Espanha .... 255
Figura 183 - Representação do evento p5,zona,zp,c,pm,desl .................................................. 256
Figura 184 - Representação do evento p5,zona,zp,le,pm,apr .................................................. 256
Figura 185 - Representação do evento p5,zona,zp,c,p23d,desl ............................................... 256
xxix
Índice de Tabelas Índice de Tabelas Tabela 1 - Estudos portugueses no âmbito da análise de jogo que utilizaram a análise
sequencial ................................................................................................................................... 47
Tabela 2 - Nº de registos de configurações de eventos por cada jogo da selecção de Espanha 75
Tabela 3 - Critério 1 (Início da sequência) ................................................................................... 79
Tabela 4 - Critério 2 (Marcador de jogo) ..................................................................................... 80
Tabela 5 - Critério 3 (Sistema defensivo) .................................................................................... 82
Tabela 6 - Critério 4 (Forma de organização defensiva) ............................................................. 83
Tabela 7 - Critério 5 (Campograma) ............................................................................................ 84
Tabela 8 - Critério 6 (Local do pivot adversário) ......................................................................... 85
Tabela 9 - Critério 7 (Acções ofensivas do adversário) ............................................................... 89
Tabela 10 - Critério 8 (Oposição do defensor) ............................................................................ 89
Tabela 11 - Critério 9 (Formas de recuperação de bola / Fim da sequência) ............................. 90
Tabela 12 - Quadro indicativo dos jogos observados da Selecção de Espanha de acordo com o
sistema competitivo do Torneio de Andebol dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 ................. 97
Tabela 13 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo
Croácia-Espanha .......................................................................................................................... 99
Tabela 14 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo China-
Espanha ..................................................................................................................................... 117
Tabela 15 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo
França-Espanha ......................................................................................................................... 138
Tabela 16 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo
Espanha-Brasil ........................................................................................................................... 152
Tabela 17 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo Coreia-
Espanha ..................................................................................................................................... 164
Tabela 18 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo
Islândia-Espanha ....................................................................................................................... 176
Tabela 19 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo
Croácia-Espanha para apuramento dos 3º e 4º classificados ................................................... 199
xxx
Tabela 20 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para todos os
jogos observados da selecção de Espanha na 1ª fase............................................................... 206
Tabela 21 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para os dois
primeiros jogos observados da selecção de Espanha na 1ª fase .............................................. 209
Tabela 22 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para os dois
últimos jogos observados da selecção de Espanha na 1ª fase ................................................. 220
Tabela 23 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para os jogos
da selecção de Espanha na 2ª fase............................................................................................ 227
Tabela 24 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para os jogos
terminaram com a vitória da selecção de Espanha .................................................................. 232
Tabela 25 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para todos os
jogos da 1ª fase que terminaram com vitória para a selecção de Espanha ............................. 234
Tabela 26 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para todos os
jogos da 2ª e 3ª fase que terminaram com vitória para a selecção de Espanha ...................... 239
Tabela 27 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para todos os
jogos da fase 1ª fase que terminaram com derrota para a selecção de Espanha .................... 246
Tabela 28 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para todos os
jogos que terminaram com derrota para a selecção de Espanha ............................................. 253
Tabela 29 - Quadro síntese de Estudos de Análise de Jogo em Andebol .................................... III
xxxi
Resum
Els estudis relacionats amb l’estratègia defensiva a l’handbol són escassos. L’autor, entrenador
i responsable de la formació d’entrenadors d’handbol a Portugal, va identificar l’ absència
d’estudis relacionats amb l’ensenyament i l’aprenentatge del procés defensiu i el temps
dedicat a l’entrenament d’aquest procés.
Aquest estudi tracta d’analitzar el comportament de les defenses de la selecció d’handbol
d’Espanya en els Jocs Olímpics a Beijing durant les fases organitzades del joc en condicions de
6x6, utilitzant l’anàlisi observacional i seqüencial per a la detecció de patrons temporals.
Aquest estudi té com objectius: a) desenvolupar i validar un sistema d’observació de la
defensa organitzada (SODMO), i b) analitzar les seqüències de la selecció d’handbol de defensa
a Espanya durant el mètode organitzat del joc en els Jocs Olímpics del 2008, identificant: com
recuperar la possessió de la pilota i les seqüències de la conducta de la defensa abans de la
recuperació de la pilota, en funció del resultat del marcador del joc, el resultat final i la fase de
competició.
Es va utilitzar el mètode d’observació per realitzar aquest estudi perquè és un procediment
científic que va permetre la construcció d’un instrument d’observació que integra el sistema
de categories i el format de camp per observar, enregistrar i analitzar comportaments
perceptibles espontanis en contexts naturals d’interacció. El disseny de l’estudi va ser de tipus
ideogràfic, de seguiment i multidimensional.
La mostra d’aquest estudi observacional es representa per 3511 registres de seqüències
organitzades de la fase del joc defensiu dels set partits que la selecció d'Espanya va jugar al
Torneig d´Handbol. El programa THEME es va utilitzar per a l'anàlisi seqüencial i la detecció de
patrons temporals.
Els principals resultats mostren que:
(1) va ser possible detectar 33 patrons temporals en el comportament de les defenses de
selecció d’handbol del torneig a Espanya en els Jocs Olímpics de Beijing;
(2) el comportament defensiu més registrat va ser el desmarc defensiu;
(3) el sistema defensiu més utilitzat va ser el 6:0;
(4) la diferència de cinc o més gols en el marcador ha definit el resultat final del joc (victòria o
derrota);
(5) les seqüències dels patrons observats han precedit, a la majoria dels casos, la recuperació
de la pilota després del gol patit, independent del resultat final, del resultat parcial, del sistema
defensiu o fase de competició.
El resultat també tenia per objecte ajudar als entrenadors i les autoritats esportives a la
creació d’una simulació dels contextos d’interacció de les seqüències defensiva del joc
d’handbol per a implementar-lo en l’ús de models tridimensionals en el món virtual Second
Life®.
Paraules clau: Anàlisi de Jóc, Handbol, Defensa, T-patterns, Formació d’ entrenadors, Second
Life®.
RESUM
xxxii
xxxiii
Resumo
Os estudos relacionados com a performance defensiva no Andebol são escassos. A experiência
do autor como treinador e enquanto foi um dos responsáveis pela formação de treinadores de
Andebol em Portugal, permitiu-lhe identificar a ausência de conteúdos relativos ao ensino e
aprendizagem do processo defensivo e do tempo dedicado ao seu treino.
O presente estudo pretendeu analisar o comportamento da defesa da Selecção de Andebol de
Espanha nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, durante o método organizado de jogo em
situação de igualdade numérica 6x6, pela detecção de padrões temporais com recurso à
análise sequencial.
Este estudo teve como objectivos a) construir e validar um sistema de observação da defesa
no método organizado (SODMO) e b) analisar as sequências defensivas da Selecção de
Andebol de Espanha durante o método organizado de jogo, nos Jogos Olímpicos de 2008,
identificando: as formas de recuperação da posse de bola e as sequências dos
comportamentos dos defensores que antecedem a recuperação da bola, em função do
resultado do marcador parcial de jogo, do resultado final e da fase da competição.
A metodologia observacional foi escolhida para este estudo uma vez se trata de um
procedimento científico que permitiu a construção de um instrumento de observação,
combinando o sistema de categorias com o formato de campo, para observar, registar e
analisar condutas perceptíveis espontâneas em contextos naturais de interacção. O desenho
de estudo foi do tipo ideográfico, de seguimento e multidimensional.
A amostra observacional deste estudo é representada pelos 3511 registos de configurações de
eventos das sequências ocorridas durante método organizado do processo defensivo, em
situação 6x6, nos sete jogos que a Selecção de Espanha disputou no Torneio de Andebol nos
Jogos Olímpicos de Pequim de 2008. Foi utilizado o programa Theme para realizar a análise
sequencial para a detecção de padrões temporais.
As principais conclusões indicam que (1) foi possível detectar 33 padrões temporais no
comportamento na defesa da Selecção de Espanha durante o Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim de 2008; (2) o comportamento defensivo mais registado foi o
deslocamento defensivo; (3) o sistema defensivo mais utilizado foi o 6:0; (4) a diferença de 5
ou mais golos (vantagem ou desvantagem) no marcador parcial de jogo definiu o desfecho
final do jogo (vitória ou derrota); (5) as sequências dos padrões detectados antecederam, em
grande maioria, a recuperação da bola após golo sofrido, independentemente do resultado
final, resultado parcial, sistema defensivo e fase da competição.
Com os resultados obtidos, foi pretendido ainda contribuir para a formação de treinadores e
de agentes desportivos pela criação de um simulador de contextos de interacção das
sequências dos processos ofensivo e defensivo durante o método organizado do jogo de
Andebol, recorrendo a modelos tridimensionais no mundo virtual Second Life®.
Palavras-chave: Análise de Jogo, Andebol, Defesa, T-Patterns, Formação Treinadores, Second
Life®.
RESUMO
xxxiv
xxxv
Abstract
Studies related to defensive performance in handball are rare. The author’s experience as an
handball coach and while a coach educator in Portugal allowed him to identify the absence of
defense-related contents related to the teaching and learning process, and time devoted to its
practice.
The purpose of this study was to analyze the defensive behavior of the Spanish Handball team
in the Beijing Olympic Games, during the organized game method in 6x6 situations, using
sequential analysis to detect temporal patterns.
The main goals of this study were: a) to build and validate a defense observation system for
the organized game method (SODMO, Portuguese-language acronym) and b) to analyze the
defensive sequences of the Spanish national handball team, in the Beijing 2008 Olympic
Games, identifying: the methods for ball recovery and the behavioral sequence of defensive
players prior to it, regarding the match’s score board at the time, the final result of the match,
and the overall competition results.
The observational methodology was used in this study since it allows to observe, registry and
analyze data from perceptive interaction conducts in a natural context situation and to build
an observation instrument combining the category system and the field format. The study
design was ideographic, longitudinal and multidimensional.
The observational sample of this study is composed by 3511 events registered during the
organized defensive method, in the seven games of the Spanish national handball team in the
tournament. The software package Theme was used to perform sequential analysis and detect
temporal patterns.
The main findings showed that (1) it was possible to obtain 33 T-patterns from the defensive
behavior of the Spanish national handball team in the Beijing Olympic Games; (2) the
displacement of the defense was the most observed behavior; (3) the 6:0 defensive system
was the most used by the Spanish national team; (4) a goal differential of 5 or more in the
match score board defined the outcome of the match; (5) most of the detected patterns
sequence showed that the ball recovery was made after a conceded goal, regardless the match
outcome, scoreboard at the time, defense system, or competition stage.
It’s also intended as a contribution towards the improvement of coaching and sports agents’
education, applying the gathered data in a 3D simulator of defensive and offensive interaction
context, using the Second Life® virtual world.
Key words: Match analysis, Handball, Defense, T-patterns, Coaching education, Second Life®.
ABSTRACT
xxxvi
xxxvii
Resumen
Los estudios sobre el desempeño defensivo en el balonmano son escasos. El autor responsable
de la formación de los entrenadores de Balonmano en Portugal, detectó la falta de estudios
relacionados con la enseñanza y el aprendizaje del proceso de defensa y el tiempo dedicado a
su entrenamiento.
Este estudio trata de analizar el comportamiento de las defensas de la selección de balonmano
en España en los Juegos Olímpicos en Beijing durante el periodo organizado de juego en
condiciones de 6x6, utilizando el análisis observacional i secuencial para la detección de
patrones temporales.
Este estudio tiene como objetivo: a) crear y validar un sistema de observación en la defensa
método organizado (SODMO), y b) analizar las secuencias de la selección de balonmano de
defensa en España durante el método organizado de jugar en los Juegos Olímpicos en 2008,
identificando: cómo recuperar la posesión de la pelota y las secuencias de las conductas de las
defensas antes de la recuperación de la pelota, en función del resultado de la parte marcador
del juego, el resultado final y la fase de la competición.
El método de observación fue elegida para este estudio porque es un procedimiento científico
que permitió la construcción de un instrumento de observación que combina el sistema de
categorías y el formato de campo para observar los contextos, los comportamientos
perceptibles expontáneos en contextos naturales de interacción. El diseño del estudio fue de
tipo ideográfico, seguimiento y multidimensional.
La muestra de este estudio observacional está representada per 3511 registros de secuencias
organizadas de la fase del juego defensivo de los siete partidos que la selección de España jugó
en el Torneo de Balonmano. El programa THEME se utilizó para el análisis secuencial y la
detección de patrones temporales.
Los principales resultados muestran que:
(1) fue posible detectar 33 patrones temporales en el comportamiento de las defensas de
selección de balonmano del torneo en España en los Juegos Olímpicos de Beijing;
(2) el comportamiento defensivo más registrado fue el desmarque defensivo;
(3) el sistema defensivo más utilizado fue el 6:0;
(4) la diferencia de cinco o más goles ha definido el resultado final del juego (victoria o
derrota);
(5) las secuencias de los patrones observados han precedido, en la mayoría de los casos, la
recuperación del balón después de haber sufrido, independientemente del resultado final, del
resultado parcial, del sistema defensivo o la fase de la competición.
El resultado también tenía por objeto ayudar a los entrenadores y las autoridades deportivas a
la creación de una simulación de los contextos de interacción de las secuencias defensiva del
juego de balonmano para implementarlo en el uso de modelos tridimensionales en el mundo
virtual Second Life®.
Palabras clave: Análisis del Juego, Balonmano, Defensa, T-patterns, Formación de
entrenadores, Second Life®.
RESUMEN
xxxviii
Página 3
Capítulo 1 Introdução
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
Página 4
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Página 5
Os jogos desportivos colectivos de contacto e de invasão apresentam uma complexa
multiplicidade de características na interacção das acções de colaboração e de oposição, na
sua componente técnico-táctica. A análise de jogo permite descrever, compreender e estimar
essas caracterísiticas e acontecimentos através de procedimentos estatísticos, algo só possível
devido às diversas metodologias de observação e inovação tecnológica.
A análise de jogo pode ser entendida como o estudo do jogo a partir da observação dos
jogadores e das equipas, e que tem permitido recolher informação e melhorar o conhecimento
da modalidade e da importância de cada elemento no resultado de uma competição
(Garganta, 2001a), pelo registo das componentes biomecânicas, fisiológicas, psicológicas,
técnicas e tácticas. A análise de jogo com recurso a sistemas observacionais apresenta como
objectivos a medição e a interpretação: da performance individual, das situações tácticas, das
interacções inter e intra-equipas e o apoio no processo de tomada de decisão dos treinadores
(Nevill, Atkinson & Hughes, 2008).
Nas últimas grandes competições desportivas internacionais de Andebol tem-se notado uma
maior atenção para a realização de análises para o processo defensivo, que levou a que os
sistemas defensivos fossem mais dinâmicos e eficazes, obtendo maior sucesso durante o
método organizado. Apesar do reconhecimento da importância do processo defensivo no
Andebol (Antón Garcia, 2000), o conjunto de estudos que o analisam é ainda escasso, em
oposição aos que abordam o processo ofensivo do jogo (Sousa, 2000).
A infinidade de possibilidades para a resolução de acontecimentos diversos durante o jogo de
Andebol e a necessidade do estudo e conhecimento fundamentado do processo interactivo do
mesmo, requerem a construção e utilização de ferramentas que permitam observar e registar
as condutas, para uma análise mais rigorosa e abrangente possível do que acontece no terreno
de jogo.
A metodologia observacional foi utilizada uma vez que permite a combinação do rigor do
sistema de categorias com a flexibilidade do formato de campo. Desta forma esperou-se
registar a grande diversidade de situações de interacção, de colaboração e de oposição, que
ocorrem durante o método organizado do jogo de Andebol. A construção do sistema de
observação foi baseada na pesquisa bibliográfica de critérios e indicadores, validados e
utilizados noutros estudos (Prudente, 2006; Silva 2008), no âmbito da análise do jogo de
Andebol. Com a utilização de software especializado para o efeito, este estudo pretendeu
estudar o comportamento da defesa da Selecção de Espanha nos Jogos Olímpicos de Pequim
em 2008, durante o método organizado do jogo de Andebol, em situação de igualdade
numérica 6x6, com recurso à análise sequencial para a detecção de padrões temporais.
A análise de jogo é um meio indispensável para a criação de modelos de jogo e de treino para
a eficácia dos mesmos (McGarry & Franks, 1996). O contributo das novas tecnologias na
análise do jogo de Andebol, relacionando o processo ofensivo e com o defensivo, é
indispensável para a qualidade: da formação dos agentes desportivos, da selecção de atletas,
do desenvolvimento de métodos e meios de treino e de ensino mais sofisticados, e da
compreensão das tendências de evolução do jogo. Neste sentido foi também apresentada uma
aplicação que recorre ao mundo virtual Second Life® para criar e simular movimentações de
Andebol em 3D para utilizar na formação de agentes desportivos no Andebol.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 6
Esta introdução finaliza com a explicação da estrutura do trabalho realizado:
O capítulo 1 é o presente capítulo no qual se realiza uma introdução ao tema, com um breve
enquadramento teórico, se justifica a pertinência e se apresenta a estrutura do trabalho.
O capítulo 2 denomina-se “Revisão da Literatura” e nele pretende-se enquadrar
conceptualmente as questões fundamentais do estudo: as teorias e modelos de análise de
jogo, o estado geral dos estudos da análise de jogo no Andebol, particularmente através dos
autores que abordaram os fenómenos defensivos e dos que utilizaram a análise sequencial
como técnica de tratamento de dados; e ainda os objectivos e possibilidades de aplicação da
análise de jogo, com especial incidência no papel da formação de treinadores.
Partindo da reflexão ponto anterior, é levantada a problemática a investigar e definidos: o
objecto e os objectivos do mesmo, apresentados no capítulo 3.
No capítulo 4, “Métodos”, é apresentada a metodologia utilizada e os vários processos
inerentes: descrevendo-se e caracterizando-se os indicadores que compuseram o instrumento
de observação, apresentando-se o instrumento de registo, os procedimentos de análise
estatística utilizada para o tratamento dos dados e as limitações do estudo.
O capítulo 5 deste trabalho é composto pela apresentação e discussão dos resultados, no qual
se apontam os resultados obtidos das análises efectuadas, procurando projectá-los no âmbito
do quadro conceptual anteriormente descrito.
No capítulo 6, “Conclusões”, são apresentadas as principais ilações derivadas dos resultados e
objectivos do estudo realizado.
Nas perspectivas futuras, capítulo 7, são apresentadas sugestões para futuras investigações e
sendo estabelecida uma ponte para as possibilidades de utilização da análise de jogo,
nomeadamente no desenvolvimento de uma aplicação para a utilização dos dados, de análise
de jogo, no processo de formação de treinadores de Andebol, através da simulação 3D das
movimentações, no mundo virtual Second Life.
No final do presente trabalho são apresentadas as referências bibliográficas mencionadas
neste estudo.
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Página 7
Capítulo 2 Revisão da Literatura
CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA
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Este capítulo tem como principal objectivo perfilar o enquadramento teórico sobre 4 temas
fundamentais: Análise da Dinâmica do Jogo, Modelos e Teorias para a Análise da Dinâmica de
Jogo, Tendências dos Estudos em Análise do Jogo de Andebol e para Objectivos e Aplicação da
Análise de Jogo.
Os jogos desportivos colectivos exigem dos jogadores comportamentos perspicazes no sentido
de orientar as acções para a finalidade e objectivos do jogo. Desta forma cada jogador e
equipa têm como objectivo transformar a relação de oposição/colaboração de forma
vantajosa (Tavares, 1996). Os jogos desportivos colectivos de oposição/colaboração
caracterizam-se por serem constituídos por habilidades perceptivo-motoras1,
contextualizadas, elaboradas, intencionais, abertas e de regulação externa, que se
desenvolvem em circunstâncias de relação dialéctica, de incerteza e de variabilidade
temporais.
De acordo com Blázquez (1990) a observação e análise do comportamento pode ser realizada
de duas formas: fora da situação de competição (in vitro) ou em situação de competição (in
vivo). O estudo e análise do comportamento de jogadores e equipas em contexto natural
(treino ou competição) é:
- reconhecido como um dos meios fundamentais para a compreensão e evolução dos jogos
desportivos colectivos (Garganta, 2001b; Garganta, 2007);
- considerado um dos motivos que mais afectam a aprendizagem (modelação do treino) e a
eficácia da acção desportiva (Silva, 2008; Prudente, 2006; Hughes & Franks, 1997), porque as
capacidades dos jogadores são condicionadas fundamentalmente pelas circunstâncias
sucessivas que vão ocorrendo durante o jogo. São vários autores têm vindo a tentar perceber
os constrangimentos que caracterizam os diferentes jogos desportivos, no sentido de criar um
quadro de referência para o treino (Garganta, 2001a).
A competição parece ser o momento mais adequado para avaliar o desempenho, de jogadores
e equipas, uma vez que é neste ambiente complexo e imprevisível que se destacam
capacidades específicas que são significativas e verdadeiramente válidas para a análise
(Garganta, 1997).
Na revisão da literatura dos estudos sobre a observação e análise do jogo têm sido utilizados
diferentes tipos de expressões para descrever a mesma finalidade: observação de jogo/game
observation, análise de jogo/match analysis e análise notacional/notational analysis (Garganta,
1997). A expressão mais utilizada é “análise de jogo”, uma vez que engloba as diferentes fases
do processo: observação, registo e interpretação dos dados (Franks & Goodman, 1986; Hughes
& Franks, 1997; Garganta, 1997).
A análise de jogo pode ser entendida como um processo que parte da observação e registo dos
comportamentos até à análise dos dados e interpretação dos resultados (Franks, Goodman &
Miller, 1983; Hughes & Bartlett, 2002; Nevill, Atkinson, Hughes & Cooper, 2002). Trata-se de
um meio objectivo para recolha de elementos-chave que possam ser quantificados de uma
forma válida e consistente (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008).
1 De acordo com a corrente fenomenológica (Bayer, 1994, pp. 62).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 10
Pela análise de jogo é possível identificar padrões de actuação das equipas e jogadores,
identificando e discriminando os aspectos relevantes na obtenção de determinado resultado
(Volossovitch, 2005) e de momentos particulares que ocorrem durante um jogo (Ferreira, A.
2006).
2.1. Análise (da Dinâmica) de Jogo O desafio inicial da análise de jogo, para quantificar a performance desportiva, foi a de
determinar medidas que fossem objectivas e confiáveis para a recolha de dados.
Apesar de já existir alguma evidência no desenvolvimento da análise de jogo desde a primeira
década do século XX, o seu fortalecimento e aplicação ocorreu no final dos anos 70 (Nevill,
Atkinson & Hughes, 2008) que foi conducente com o desenvolvimento dos computadores
pessoais. A análise de jogo cresceu e desenvolveu-se tanto no campo da pesquisa como no
campo da sua aplicação, nomeadamente na análise da performance desportiva de elite (Nevill,
Atkinson & Hughes, 2008).
Numa primeira fase, os trabalhos científicos sobre a análise de jogo tiveram como objecto de
estudo a actividade física dos jogadores (quantificação do deslocamento, capacidades físicas,
diferenças intra-modalidade para diferentes posições) durante a competição, no sentido de
identificar o perfil de deslocamento (Garganta, 2001a), a partir do seu tipo, frequência e
quantidade. A partir destes dados foram criadas referências para a condução do processo de
treino e ainda para classificar os diferentes níveis de performance. O desenvolvimento do
sistema de categorias de Classificação de Movimento de Bloomfield (Bloomfield & Polman,
2004) transformou a análise do movimento no desporto, pela quantidade e pelo detalhe dos
dados que proporcionava (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008).
Seguidamente, a análise de jogo foi marcada pela investigação centrada na frequência dos
procedimentos de ordem técnica, no sentido de estabelecer a relação entre os diversos
indicadores2 (Garganta, 2007). A recolha de uma elevada quantidade de dados, relativa a uma
performance individual ou de uma equipa, viria a permitir a identificação de pontos fortes e
pontos fracos das performances (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008). O aparecimento das
tecnologias computacionais facilitou o processo de recolha e de análise dos comportamentos.
Desta forma foi possível desenhar sistemas de análise desportiva que permitiram registar
movimentos e acções técnicas dos jogadores, a que se seguiram e influenciaram o
aparecimento de uma série de estudos descritivos em diferentes modalidades e em variados
contextos (McGarry, Anderson, Wallace, Hughes & Franks, 2002).
Várias questões foram levantadas sobre a objectividade, dificuldade e complexidade da análise
e a aplicabilidade dos dados no treino e na competição. A análise centrada nos procedimentos
técnicos de forma isolada demonstrou pouca relevância contextual, uma vez que se mostrou
redutora na plenitude dos acontecimentos que ocorrem num jogo (Borrie, Jonsson &
Magnusson, 2002; Hughes & Bartlett, 2002; Volossovitch, 2005); o que fez com que os estudos
2 Um indicador de jogo é uma variável ou conjunto de variáveis que permite definir alguns aspectos da
performance (Hughes & Bartlett, 2002).
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seguintes se cingissem à relação da técnica com as acções tácticas (Garganta, 2001a). As
recentes investigações apontam para a utilização combinada de indicadores de performance
(e.g. biomecânicos com fisiológicos) para que a análise dos dados seja mais direccionada e
adequada às necessidades dos treinadores.
Para garantir uma representação mais fiel da situação competitiva a observação e análise dos
comportamentos de ordem táctica têm vindo a ser cada vez mais utilizada, tendo como
principal foco a detecção da estabilidade de padrões de comportamentos3 (Smeeton, Ward,
Williams, 2004; Garganta, 2007). Com a generalização da utilização dos computadores
pessoais, a meio da década de 80, foi possível aos investigadores recolherem e guardarem
grandes conjuntos de dados e também analisá-los com maior profundidade. Os estudos
realizados na análise táctica incidiram sobre os efeitos das alterações das regras de jogo na
táctica de algumas modalidades, nomeadamente no futebol, no rugby, na vantagem dos jogos
em casa, entre outros (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008).
Este tipo de abordagem viria a colocar dificuldades acrescidas tanto na observação e registo
como no tratamento e na análise estatística dos dados devido à sua complexidade - extensão
de relações possíveis entre jogadores, inexistência de sequências previsíveis das acções de
jogo, sistemas sujeitos a rápidas alterações (Volossovitch, 2002) - e diversidade de indicadores
(Moreno & Pino, 2000; Garganta, 2007), relacionadas com a interacção dos intervenientes
(colegas de equipa, adversários) e constrangimentos. A imprevisibilidade de um jogo pode ser
causada por qualquer acontecimento casual que influencie e modifique a direcção e os
acontecimentos do jogo (Garganta, 2001a), podendo não ser detectado (não ser tido como
relevante) pelas análises estatísticas. Os trabalhos mais recentes sobre análise táctica realçam
a importância da identificação e definição objectiva dos indicadores de performance e a
estabilidade dos perfis tácticos (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008).
Para a análise do jogo é necessário realizar a recolha de indicadores para o tipo de modalidade
a observar, podendo-se classificar os indicadores como: gerais de jogo ou estatísticos,
biomecânicos, técnicos e tácticos. Os indicadores que têm sido considerados para a análise dos
jogos desportivos colectivos são os indicadores gerais de jogo (ou estatísticos) e os tácticos
(Hughes & Bartlett, 2002).
Os indicadores gerais de jogo procuram, a partir da análise dos dados estatísticos do jogo,
justificar os comportamentos tácticos que estão na proveniência dos distintos níveis de
eficácia - e.g. em função da classificação final de uma competição ou do resultado final do jogo
- (Magalhães, 1999, Silva, 2000a; Rodrigues, 2005; Prudente, 2006; Volossovitch, 2007). A
análise deste tipo de indicadores pode fornecer informações importantes para a compreensão
e esclarecimento da prestação desportiva dos jogadores e das equipas (Hughes & Franks,
1997; Silva, 2000b; Rodrigues, 2005). Através da análise dos dados provenientes dos
indicadores gerais de jogo torna-se possível determinar o nível de rendimento das equipas e
3 O padrão pode ser entendido como uma sequência de actuação que parte de condutas critério. Estes
padrões podem ser configuráveis com base nas regularidades, tornando possível identificar as relações
entre o que acontece no jogo e os factores que contribuem para o sucesso e insucesso das equipas
(Magnusson, 1996, 2000).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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avaliar o contributo dos indicadores para esse rendimento, possibilitando a realização de
comparações de performances individuais, colectivas, de forma transversal e/ou longitudinal.
Assim, os indicadores gerais, apresentam-se como uma das medidas mais objectivas para
responder às questões relacionadas com a avaliação do rendimento desportivo.
Os estudos que utilizam os indicadores gerais de jogo sugerem a existência de uma
interactividade entre os diferentes indicadores, com uma interligação entre a dimensão
ofensiva e defensiva (Rodrigues, 2005), mas estas associações por si só pecam por não
conseguirem transmitir toda a informação do jogo. Neste sentido a validade destas
associações está dependente do conhecimento do enquadramento contextual no qual
ocorrem, pois os indicadores não retratam as causas e os motivos que influenciaram a sua
manifestação.
Para além da referida complexidade, devido ao elevado número e diversidade de indicadores,
o contexto no qual as acções decorrem assume uma particular relevância para a análise do
jogo. Nesta ordem de ideias é inevitável considerar as diferentes variáveis que estabelecem o
contexto no qual decorrem as acções para a análise de jogo (Lago, Martín, Seirul’lo & Alvaro,
2006; Ferreira, A. 2006; Garganta, 2007).
Os estudos que utilizam indicadores de ordem táctica procuram caracterizar o comportamento
dos jogadores e das equipas para demonstrar uma relação com os índices de eficácia, tendo
em consideração o processo e resultado final do jogo (Volossovitch, 2005). Neste sentido é
possível relacionar os indicadores tácticos com os seguintes aspectos: o tipo e a fase de
competição, o tipo de jogos, o local de disputa das partidas, a importância do jogo, a oposição
do adversário (Silva, 2008). Estes aspectos variam em função da modalidade, sendo oportuno
considerar aqueles que contextualizam e condicionam as acções de jogo:
- a diferença pontual no marcador de jogo – o comportamento das equipas e
jogadores apresentam características distintas em função do resultado parcial
(Castellano & Blanco, 2004; Volossovitch, Dumangane & Rosati, 2007);
- os momentos críticos do jogo – a evolução do resultado de uma equipa e dos
jogadores é avaliada no sentido de ser decisiva para o desfecho final (Silva, 2005;
Ferreira, A. 2006);
- os momentum profiles (“perfis de ímpeto”) – acções que antecedem o
comportamento observado são importantes e devem ser consideradas e integradas na
análise (Hughes, 2004; Volossovitch, Dumangane & Rosati, 2007);
- a relação numérica absoluta – influencia de forma decisiva os comportamentos de
jogadores e equipas (Antón Garcia, 1994; Prudente, 2000; Vilaça, 2001; Gomes, 2002;
Vasconcelos, 2003; Ferreira, D. 2006; Gomes, 2008);
- o tempo de jogo decorrido – de forma isolada ou associado com algum dos
condicionamentos anteriores (Castelo, 1992).
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Os estudos das acções de jogo devem ser realizados tendo em consideração as condições
momentâneas do envolvimento uma vez que estas apresentam características específicas
(Castellano & Blanco, 2004; Ferreira, A. 2006; Garganta, 2007).
Garganta (1998) refere a necessidade das categorias de observação conterem os seguintes
elementos:
- organização do jogo (referindo-se às características do encadeamento sequencial das
acções da equipa);
- características das sequências que conduzem a diferentes produtos;
- situações na qual se verifiquem rupturas na relação ataque/defesa.
Todavia, têm sido identificadas algumas dificuldades para que, através da análise de jogo, se
obtenham dados interpretáveis para o conhecimento do mesmo. Isto devido, essencialmente,
à subjectividade que caracteriza a própria observação. É necessário recorrer à observação
sistemática e objectiva para permitir a recolha de um número significativo de dados, que
garanta o registo de forma contínua das sequências de acções que ocorrem num jogo,
preservando assim as características da situação a observar (Lames & Hansen, 2001). Contudo
a análise sistemática do jogo só é fiável se os seus objectivos estiverem bem definidos
(Garganta, 2001a). Assim, os sistemas de observação devem permitir não só o registo dos
eventos, mas também a sua ordem de ocorrência, a identificação dos sujeitos observados e os
diferentes contextos em que se desenrolam, para que posteriormente possam ser realizadas
análises quantitativas e qualitativas.
A concomitância do elevado número de variáveis que interagem permanentemente no jogo
dificulta a recolha e o tratamento dos dados da prestação dos jogadores e das equipas,
tornando muito complexa a tarefa de alcançar a influência das variáveis na performance.
Greghaigne (1992) refere que os métodos heurísticos manifestam-se mais adequados para
imprevisibilidade do jogo que os algorítmicos, contudo ambos parecem ser importantes na
codificação e interpretação das acções. Se por um lado os métodos heurísticos são úteis para a
selecção de indicadores das acções de jogo, os métodos algorítmicos são vantajosos na
sistematização e na ordenação dos indicadores.
De seguida serão resumidas as principais características dos modelos e teorias consideradas
para a análise da dinâmica de jogo.
2.2. Modelos e Teorias para Análise da Dinâmica de Jogo A utilização de computadores para os sistemas de análise de jogo têm permitido a criação de
bases de dados em diferentes modalidades e ajudado no desenvolvimento de diversas técnicas
para a modelação da prestação desportiva.
De acordo com Matvéiev (2001), a metodologia da teoria do desporto realiza-se na
combinação de pressupostos conceptuais filosófico-cognitivos, perspectivas científicas gerais e
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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meios de conhecimento científico aplicados. Daqui é possível distinguir enfoques
metodológicos para as investigações no desporto: taxonómico (trata de ordenar
sucessivamente a informação obtida sobre os objectos submetidos a estudo), sistemático e de
modelação teórica.
A modelação de uma competição desportiva é uma técnica de informação analítica que
direcciona a atenção do modelador para os aspectos críticos dos dados que delimitam o
sucesso da performance (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008). Os modelos4 procuram encontrar
um preditor de confiança para prever e descrever o comportamento desportivo.
Quando os objectos de análise são de natureza dinâmica e em elevado número, os modelos
apresentam-se como um método de aplicação para explicar determinados fenómenos que
seriam dificilmente explicados de outra forma.
Para Matvéiev (2001), a modelação é aplicável no desporto e “consiste na essência da
formulação através de meios lógicos, de um determinado modelo concreto-abstracto do
objecto de investigação e na sua operação com o fim de obter conclusões que possam ser
transladadas, segundo a analogia, a apreciações sobre o objecto reproduzido”.
A concepção de modelos encontra-se dependente da interpretação da realidade e dos
aspectos que o modelador enuncie como relevantes. A perspectiva com que se observa as
situações de jogo em desporto influencia e condiciona as decisões inerentes ao processo de
análise de jogo. É possível considerar 3 perspectivas:
Perspectiva mecânica ou associativista
A perspectiva associativista procura analisar as actividades identificando e definindo os
comportamentos técnicos de base da modalidade, decompondo-os em elementos simples e
associando-os para reconstruir as representações de condutas mais complexas (Castelo, 1994),
de forma abstracta a partir de um “modelo ideal”. Nesta perspectiva encontram-se os estudos
que reproduzem o jogo colectivo como “um conjunto de acontecimentos agregados cuja
frequência, ordem cronológica, direccionalidade e complexidade não podem ser previstos de
antemão”. O jogo apresenta uma semelhança a uma estrutura caótica ou de baixa organização
interna (Garay & Hernández, 2005).
Perspectiva da forma ou globalista
A partir deste ponto de vista, os elementos a observar só apresentam um significado quando
relacionados em conjunto, articulando-se entre si no sentido de compor uma forma. Esta
forma resulta de uma interdependência dialéctica e da organização dos seus elementos em
função de determinadas leis (Castelo, 1994). Em oposição à perspectiva anterior parte-se da
totalidade (contexto) para o particular, analisando o jogo como uma série de acontecimentos
de carácter complexo no qual se distingue uma ordem que garante uma regulação e sentido
(Bayer, 1994; Castelo, 1994; Hernández, 1994). Nesta perspectiva é possível distinguir os tipos
de estudos (Garay & Hernández, 2005) relacionados com:
4
Um modelo pode ser entendido como uma descrição de uma representação sistemática e simplificada
de uma parte da realidade através de símbolos, formas geométricas e palavras (Willet, 1992).
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- as correntes comunicacionais que analisam o jogo como uma transformação de informação
motora entre os jogadores;
- a teoria dos jogos que analisa os jogos desportivos colectivos como jogos competitivos desde
que possuam determinadas características (estrutura de duelo, natureza simétrica, informação
perfeita);
- as correntes dualistas que contemplam a relação dialética de cooperação-oposição existentes
em todas as situações de jogo, e que se dividem em duas fases fundamentais: processo
ofensivo e processo defensivo;
- a corrente sistémica que analisa o jogo como um sistema que apresenta uma complexidade e
uma organização de acordo com um conjunto de parâmetros explicativos e universais que
incluem a funcionalidade dos mesmos.
Perspectiva do fenómeno ou estruturalista
A perspectiva estruturalista analisa os fenómenos de uma situação a partir da sua articulação
interna e das relações dos seus elementos que são funcionalmente interdependentes. Neste
sentido a estrutura de um jogo é tida num sistema de relações entre os jogadores, a bola, o
terreno, face ao regulamento de jogo, evidenciando a importância das relações observáveis.
Esta perspectiva introduz o conceito de modelo, que se pode resumir a uma construção teórica
que define e reproduz com rigor o sistema de relações que se estabelecem entre os elementos
de uma realidade (Castelo, 1994).
2.2.1. Modelos de Análise dos Desportos Colectivos O desenvolvimento dos jogos desportivos colectivos tem sido influenciado por diferentes
correntes de pensamento e pelos conhecimentos provenientes de variadas disciplinas técnicas
e científicas.
Os modelos de análise dos desportos colectivos têm como objectivo aprofundar o
conhecimento da realidade competitiva de uma modalidade. Os modelos teóricos que a seguir
se apresentam têm direccionado a visão do treino desportivo e que por extensão são
susceptíveis de serem aplicados ao estudo do jogo. Estes modelos podem ser agrupados em 2
tipos: modelos conceptuais e modelos descritivos e preditivos.
Modelos Conceptuais
De acordo com Álvaro & Dorado (1995), as diferentes visões de análise da actividade humana
nas décadas de 70 e 80 viriam a influenciar os métodos de análise de jogo, originando
diferentes modelos de análise dos desportos colectivos:
Modelo Analítico
Difundido nas décadas de 70 e 80, e tendo tido como referências Matvéiev e Platonov, este
modelo encontra-se relacionando com as componentes básicas do treino e a da sua
preparação como das capacidades: condicionais, técnica, táctica, estratégica, psicológica e
social (Matvéiev, 1990).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Modelo Estrutural
Este modelo, que apresenta Bayer como autor de referência, considera os elementos comuns
dos desportos colectivos, independentemente do seu significado cultural. Os desportos
colectivos são apresentados sempre com princípios operacionais transferíveis (estruturas
analógicas) de uma modalidade para outra: como a bola, o terreno, o alvo, as regras, os
companheiros e os adversários (Bayer, 1994; Moreno, 1984; Antón Garcia, 1998, 2002).
Modelo Funcional
Este modelo assenta na perspectiva que o jogo deve ser observado pelas diferentes funções e
situações desempenhadas pelos jogadores (a relação entre a cooperação e a oposição): se a
equipa tem posse de bola (ataque) ou se a equipa adversária tem a posse de bola (defesa),
referenciando o espaço (lugares de colocação, distâncias, locais de desmarcação, trocas de
espaços), o tempo (ritmos, velocidade de execucação) as regras do jogo, a técnica, a táctica, a
estratégia (circunstâncias e adequação da aplicação de procedimentos) e a comunicação
motriz (qualificação e variedade das acções, as redes de comunicação e contra-comunicação)
(Sánchez, 1987; Moreno, 1987; Antón Garcia, 1998, 2002). Para este modelo, o jogo
desenvolve-se na base de um conflito entre duas equipas que através de diferentes estratégias
procuram concretizar objectivos antagónicos.
Modelo Ergogénico
Este modelo baseia a sua análise nas necessidades biológicas de cada modalidade recaindo
sobre as fontes energéticas - exigências fisiológicas (Davey, Thorpe & Williams, 2002) - e nas
capacidades e necessidade motrizes dos jogadores - aspectos biomecânicos (Miller & Bartlett,
1993). No caso particular do Andebol as situações dos jogos são caracterizadas por esforços
intermitentes (Soares, 1988; Maia, Galvão & Ribeiro, 1989).
Modelo Praxiológico
A ideia fundamental deste modelo é o estudo da lógica interna dos jogos, sem ter em
consideração os intervenientes. A teoria da acção motora tem como objecto de estudo a acção
motora, que é considerada a unidade básica de análise. Esta é considerada uma propriedade
emergente que caracteriza um sistema praxiológico e tem uma relação estrutural que
determina uma lógica interna única (Teodurescu, 1984; Jiménez, 2000; Ribas, 2006).
Pelos estudos de Parlebas5 cria-se uma corrente cujo objectivo é analisar a relação que existe
entre os parâmetros que compõem a estrutura dos desportos e da sua lógica interna (Bayer,
1994), tendo como elementos o regulamento de jogo, a técnica, o espaço, o tempo, a
comunicação e a táctica e a estratégia (Castelo, 1994). A lógica interna do jogo de Andebol é
encontrada pelo registo das acções motoras (saltos, travagens, remates, passes, etc.)
realizadas durante um jogo sem ter em conta os jogadores.
5
Para Parlebas (1981) os jogos desportivos colectivos são situações motoras de confrontação codificada
denominada de jogo ou desporto pelas instâncias sociais, sendo definido pelo seu sistema de regras que
determina a sua linguagem interna.
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Página 17
Os modelos apresentados permitem reunir um conjunto de informação sobre a actuação dos
jogadores e equipas, contudo não se encontram totalmente ajustados à complexidade do jogo.
A análise é complexa devido ao número de participantes, à sua lógica interna e à dimensão
derivada da competição.
Neste sentido Areces e Vales (1996), apresentaram uma proposta para a sistematização dos
estudos em desportos colectivos. Esta proposta organizativa distribui-se em duas opções na
qual se deve centrar a análise: nos aspectos formais do jogo e/ou nos aspectos funcionais do
jogo.
Sistematização do estudo dos desportos
Aspectos formais
Os aspectos formais analisam o contexto físico onde decorrem as modalidades e as
constrições/possibilidades dos jogadores. A análise através dos aspectos formais condiciona os
conceitos da funcionalidade, dos conteúdos e da dinâmica dos acontecimentos. Este tipo de
estudos reduz-se à análise dos regulamentos a partir da componente física (número de
jogadores, espaço de jogo, tempo de duração do jogo (Vales, 1994), do procedimento (e.g.
graus de liberdade da acção admitidos nas relações existentes entre o jogador e os aspectos
físicos da estrutura) (Gómez, 1993) e da avaliação (formas de êxito ou execução eficaz dos
objectivos estabelecidos pelo jogo) (Colli & Faina, 1987; Castellano & Zubillaga, 1995).
Aspectos funcionais
Os aspectos funcionais do jogo permitem analisar o jogo de uma forma mais dinâmica,
lançando a possibilidade de duas categorias de estudo: a natureza dos acontecimentos do jogo
(investigação básica) e a dinâmica dos acontecimentos do jogo (investigação aplicada)
(Garrido, 2003).
Dinâmica do jogo
Os estes estudos que acompanham a dinâmica dos acontecimentos do jogo, ocupam-se da
análise das características e relações que se estabelecem entre os participantes e os elementos
de componente física (espaço, tempo, distâncias).
Para analisar a dinâmica da actividade dos jogadores, apoiam-se na perspectiva mecânico-
associacionista e em ciências biológicas, biomecânicas e psicológicas (e.g. abordagem
ecológica), advindo estudos que descrevem e avaliam os aspectos relacionados com a
prestação físico/condicional e técnico/táctica dos participantes.
Para o estudo da dinâmica da actividade da equipa, centram-se na perspectiva globalista e na
sociologia, surgindo estudos de natureza táctico/estratégica que descrevem e/ou avaliam os
comportamentos e atitudes manifestadas colectivamente por cada uma das equipas.
Natureza do jogo
Este tipo de estudos parte do conjunto de eixos fundamentais do jogo que proporcionam uma
visão genérica e abstracta, independentemente das características dos jogadores. Tem como
finalidade a manifestação de diferentes teorias sobre os elementos do jogo e das relações
bilaterais entre os mesmos e utilizando uma análise qualitativa sobre 3 perspectivas:
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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mecânico-associativistas, formo-globalista e fenomeno-estruturalista (Moreno, 1987; Castelo,
1994; Bayer, 1994; Antón Garcia, 1998, 2002).
Hernández (1994) ao examinar esta sistematização afirma que esta possibilita uma análise e
um estudo pormenorizado e diferenciador de cada uma das actividades. No entanto considera
que, as classificações que utilizam critérios internos partindo da estrutura funcional do
desporto são as mais adequadas e com maior interesse para a análise da modalidade,
permitindo uma definição e delimitação profunda da mesma.
Volossovitch (2008), por sua vez distingue dois grandes grupos de modelos que se aplicam aos
desportos colectivos: os modelos descritivos e modelos preditivos. Os modelos descritivos têm
como objectivos obter: a descrição de padrões de actuação das equipas, a identificação de
comportamento e circunstâncias para o resultado momentâneo e a previsão de resultados
futuros a partir dos dados existentes. Os modelos preditivos pretendem prognosticar a
prestação desportiva através dos resultados anteriores ou da informação recolhida no
decorrer do jogo.
Modelos Descritivos e Preditivos
No sentido de prognosticar a dinâmica dos resultados desportivos, tem sido prática comum
recorrer-se a modelos matemáticos, que normalmente são aplicados em acontecimentos não
circunscritos à actividade desportiva (Matvéiev, 2001).
De acordo com Franks e Goodman (1986), é possível identificar três tipos de modelos
matemáticos:
- deterministas: o conhecimento do estado actual do sistema e das forças que sobre ele
actuam permitem fixar e antecipar o modo como se comportará integralmente o sistema;
- axiomáticos: modelo que descreve o comportamento para construir classificações a partir de
determinado critério;
- probabilísticos ou estocásticos.
Por sua vez Hughes (2004) identifica os seguintes tipos de modelação: empírica, estocástica,
por técnicas estatísticas e por inteligência artificial:
Modelos Empíricos
A forma mais simples de modelação utiliza métodos empíricos para assegurar dados
suficientes para definir perfis de performance. Este tipo de modelo permite que sejam
retiradas conclusões acerca dos padrões de jogo de uma amostra de jogadores, o que
possibilita a análise e comparação da prestação de jogadores e equipas (Nevill, Atkinson &
Hughes, 2008).
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Modelos Estocásticos
O processo estocástico é uma representação matemática de um sistema que específica a
ocorrência provável de um conjunto de eventos, possibilitando o prognóstico da transição de
um conjunto eventos para outro conjunto de eventos em qualquer momento.
Um exemplo é o modelo construído por McGarry e Franks (1996) para o squash, que permitiu
identificar prospectivamente resultados a partir de performances anteriores pela previsão de
uma resposta associada ao resultado de uma determinada jogada, sendo os resultados
contudo limitados (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008).
Os modelos estocásticos não são os mais utilizados na investigação desportiva para estudar e
analisar o comportamento dos jogadores e equipas (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008). Contudo
este procedimento modelar encontra-se preparado para ser aplicado e perspectiva-se que
possa conduzir a resultados úteis e interessantes (McGarry & Franks, 1996), parecendo ser o
modelo mais completo para a análise do comportamento e da prestação desportiva (Nevill,
Atkinson & Hughes, 2008).
Modelos de Técnicas Estatísticas
A predição da prestação desportiva pode ser descrita como a habilidade de apresentar e
formar conclusões sobre o resultado futuro do desempenho desportivo, baseada na
combinação de dados recolhidos e do conhecimento prévio. É razoável assumir que com dados
válidos e confiáveis e com as técnicas mais adequadas a predição da prestação desportiva
possa ser possível (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008).
Do ponto de vista das ciências do desporto, as abordagens mais comuns para a predição do
desempenho desportivo utilizam uma vasta quantidade de dados e técnicas de estatística
aplicada (O’Donoghue, et al., 2004). Destas técnicas utilizadas para predizer a prestação
desportiva destacam-se: a regressão linear múltipla, a regressão binária, a análise da função
discriminante, a análise de clusters ou a combinação delas.
Santos (1999), a partir dos trabalhos realizados no Andebol com indicadores gerais de jogo
(estatísticos) distinguiu os seguintes tipos estudos:
- descritivos – através das medidas da estatística descritiva (média, desvio-padrão e
valores percentuais...) pretendem identificar e estabelecer valores de referência que
possibilitem a regulação da prestação desportiva pelas acções de jogo;
- univariados – a partir do teste de hipóteses procuram perceber a importância de
determinado indicador tentando estabelecer uma relação causa-efeito entre as
variáveis dependentes e as independentes. Estes estudos recorrem a medidas da
estatística como a amplitude e o coeficiente de variação de cada variável, tendo
procurado distinguir as equipas vencedoras das derrotadas. Este tipo de estudos
apresenta limitações uma vez que cada variável é tratada de forma isolada;
- bivariados – pretendem avaliar e hierarquizar o grau de associação entre duas
variáveis em estudo, no sentido de explicar a contribuição de cada uma delas através
de coeficientes de correlação linear. Os resultados de estudos de Magalhães (1999),
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Silva (2000a) e de Silva (2000b) demonstram a relação dos distintos indicadores
associada à classificação das equipas;
- multivariados – procuram identificar e hierarquizar múltiplos indicadores de jogo
relacionando-os com o resultado final do jogo através de processos estatísticos mais
complexos, como a análise da função discriminante, sendo exemplo os estudos de
Silva (2000b) e de Volossovitch, Ferreira e Gonçalves (2003).
Modelos de Inteligência Artificial
Bartlett (2004) apresentou uma perspectiva da utilização de inteligência artificial na qual
combinava o reconhecimento por voz, processamento da linguagem natural, sistemas de
monitorização do movimento por computador e a tomada de decisões.
A análise de jogo baseada em modelos de inteligência artificial com base em redes neuronais
artificiais tem sido utilizada (Perl, 2002; Jürgen & Baca, 2003), uma vez que permite a detecção
de padrões de estrutura complexa. A utilização prospectiva dos mapas de auto-organização de
Kohonen tem sido reconhecida na análise de jogo, possibilitando a demostração de padrões de
estrutura complexa, mas de um ponto de vista macroscópico.
Apesar das dificuldades de replicação das investigações realizadas, esta abordagem representa
uma possível e importante ligação para o estudo da dinâmica não linear, com o controlo
ecológico da variabilidade do movimento (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008).
No Andebol destaca-se o trabalho de Pfeiffer e Perl (2006) que procuraram identificar os tipos
de estruturas tácticas do jogo de Andebol utilizando as redes neuronais (Dynamically
Controlled Network)6, que com esta abordagem identificaram as situações tácticas
características das equipas analisadas.
2.2.2. Teorias para Análise dos Desportos Colectivos
Teoria Geral dos Sistemas
O aparecimento da teoria geral dos sistemas deve-se à concorrência de três linhas de
investigação: cibernética, teoria da informação e a teoria dos jogos7, às quais propuseram uma
teoria geral aplicada a qualquer sistema (Garay & Hernández, 2005). Esta teoria pretende
estudar a organização de fenómenos independentemente da sua formação e configuração
procurando os princípios comuns aos sistemas. Em termos práticos procura descrever e
explicar a entorpia e/ou a homeostase dos elementos de um sistema aberto ou fechado.
6 É um método que possibilita a identificação de tipos, frequências e distribuição dos padrões
informativos, estáticos ou dinâmicos (séries temporais), representados por conjuntos de valores. 7 A teoria dos jogos, pela lógica probabílistica procura predizer o melhor resultado para uma situação
proposta, com base num conjunto de condições previamente definidas e na qual se verifique uma
relação directa entre os adversários e objectivos antagónicos (Eigen & Winkler, 1989).
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Teoria Geral da Acção
De acordo com esta teoria o comportamento humano encontra-se, de forma contínua, sujeito
à interacção de quatro contextos concorrentes e sincrónicos: fisiológico, psicológico, cultural e
social. No âmbito desportivo, os elementos que constituem estes contextos modificam-se e
controlam a conduta de um jogador, mesmo que este possua um elevado grau de rendimento
e experiência. Os níveis de actuação estão subordinados à estabilidade da mesma, mais que à
maximização dos contextos, circunstância que não difere em absoluto do que sucede em
qualquer sistema (Garay & Hernández, 2005).
Teoria da Complexidade
A teoria da complexidade assenta num conjunto de concepções e instrumentos para a análise
de sistemas complexos, em que se destaca: a modelação dinâmica, as ideias de atractor, da
transição de fases, de criticalidade auto-organizada, a importância da retroalimentação
(feedback) e da interacção, o tempo como uma variável inalienável da análise, entre outros
(Lucas, 1997, 1999). A teoria da complexidade baseia-se na tentativa de explicação, através de
descrição empírica e matemática, de como os sistemas complexos decorrem da interacção dos
seus elementos seguindo regras simples (Lucas, 1999).
Lucas (1999) distingue quatro tipos de complexidade: a estática, a dinâmica, a evolutiva e a
auto-organizada:
- o primeiro tipo pressupõe que o sistema não se modifica durante o tempo, podendo
ser analisado num determinado momento. Nesta perspectiva encontram-se os estudos
de natureza descritiva e comparativa que relacionam os padrões das equipas com o
resultado. Os resultados destas análises têm servido para a definição das tendências
de evolução do jogo e costumam ser utilizados na formação de treinadores (Antón
Garcia, 1998, 2002);
- o segundo tipo acrescenta a dimensão do tempo ao estudo do sistema procurando
identificar funções nos seus padrões temporais. O tempo passa a constituir-se como o
parâmetro configurador da lógica interna do jogo (Castelo, 1992);
- o terceiro tipo pretende a partir do estudo de um extenso número de sistemas
orgânicos, reconhecer os seus padrões de adaptação e de aprendizagem para os
categorizar, sem garantir a possibilidade de predizer o seu comportamento uma vez
que o sistema pode apresentar novas soluções;
- o quarto diz que o sistema co-evolui com o seu ambiente e as suas funções são
descritas na relação com este. É necessário modelar os constrangimentos do ambiente
para que o sistema encontre as suas soluções e permitir que, a posteriori, seja possível
predizer os comportamentos emergentes. O estudo do jogo a partir deste tipo de
complexidade, ao seguir os princípios da perspectiva ecológica8 conduz a uma visão
contextualizada da performance dos jogadores e das equipas, possibilitando encontrar
8
De acordo com a abordagem ecológica os sistemas vivos são estudados no seu envolvimento natural,
com o qual estabelecem uma relação recíproca. O indivíduo percepciona a informação e actua em função do envolvimento e interferindo no mesmo, ou seja influenciando-se mutuamente (Gibson, 1966 in Araújo, 2006).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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regularidades na sua actividade (Araújo, 2006). O marcador e o tempo do jogo são as
variáveis que caracterizam o contexto de jogo.
Acompanhando a teoria da complexidade e enquadrando-se no tipo de complexidade auto-organizada, aparece a abordagem teórica dos sistemas dinâmicos e auto-organizados.
Teoria dos Sistemas Dinâmicos e Auto-Organizados
A teoria dos sistemas dinâmicos é considerada hoje um paradigma emergente para o estudo
dos jogos desportivos colectivos, uma vez que pretende contribuir para a descrição e
explicação das interacções dos elementos de um sistema através de uma visão integrada dos
fenómenos. A teoria dos sistemas dinâmicos assenta na convicção de que os padrões de
movimento partilham princípios fundamentais de organização não linear de sistemas abertos e
complexos. A abordagem teórica dos sistemas dinâmicos entende que o comportamento
biomecânico humano enquanto sistema pode ser modelado como um sistema dinâmico
complexo (Gréhaigne, Bouthier & David, 1997). Ideias de paradigmas científicos (e.g. a teoria
do caos) foram integradas em conceitos e instrumentos da teoria dos sistemas dinâmicos,
proporcionando um conjunto de fundamentos conceptuais para compreender o modo como
sistemas complexos se comportam ao longo do tempo. É neste sentido que esta teoria tem
sido mais usada: no estudo da cognição e da acção no desporto (Davids et al., 2001).
Na perspectiva dos sistemas dinâmicos os movimentos são organizados através de interacções
complexas do corpo com o seu ambiente de acordo com princípios universais da dinâmica. Um
sistema dinâmico e complexo apresenta como características: inúmeros e independentes
graus de liberdade, uma rede integrada de níveis do sistema, tendência de comportamento
não linear, constrangimento de componentes pelo comportamento de outros elementos e a
capacidade de criar padrões de relação estáveis e instáveis entre as partes do sistema que
emergem da auto-organização deste último (Handford, Davids, Bennett & Button, 1997).
O desempenho nos jogos desportivos colectivos é o produto da interacção de uma
multiplicidade de factores, os quais assumem diferentes graus de importância em função de
diversos condicionalismos (Silva, 2000b). Esta abordagem sugere que o jogo seja visto como
um sistema complexo de forma a integrar toda a informação recolhida e analisada. Assim, o
jogo deve ser entendido como um sistema dinâmico (McGarry et al., 2002; Lebed, 2006) e
analisado como tal. Não é só a equipa que constitui um sistema dinâmico em que existe auto-
organização, o duelo 1x1 e a própria competição entre duas equipas também constituem um
sistema dinâmico auto-organizado (McGarry, et al., 2002). O termo auto-organização aplica-se
ao processo que emerge de uma determinada ordem e estrutura no comportamento de um
sistema. Os estados auto-organizados de um sistema surgem da interacção dos seus
componentes de forma espontânea e sem a influência de qualquer ordem superior (Schmidt,
O'Brien & Sysko, 1999).
De acordo com McGarry et al. (2002) a análise do contexto do jogo deve ser entendida como
um sistema auto-organizado não-linear, fundamentando-se em princípios dinâmicos. Assim, o
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contexto desportivo deve: ser descrito em termos de parâmetros de ordem9 e de controlo10,
exibir a tendência geral para a estabilidade, manifestar o aumento da variabilidade antes de
qualquer transição não-linear no seu comportamento e ser visto em evolução.
McGarry e Franks (1996) demonstraram que perturbações – alterações nas fases em sistemas
dinâmicos – podiam ser identificadas em jogos de squash, neste caso de forma qualitativa.
Mais tarde foram verificados momentos de estabilidade e instabilidade em jogos de squash e
de futebol (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008). Os estudos evidenciaram a alternância entre os
estados do comportamento invariável (estável) e variável (instável) durante o jogo ligados a
pontos de transição, considerados como eventos chave do comportamento. Araújo (2006)
identificou estados coordenativos estáveis e transições entre os estados de ordem na
interacção dos jogadores. Os resultados do estudo demonstraram um acoplamento não
intencional entre o atacante e defensor na situação de 1x1, provando a influência dos
constrangimentos situacionais durante a realização da tarefa.
Lebed (2006) criticou o processo de jogo enquanto um sistema auto-organizado, uma vez que
o jogo perspectivado como uma inter-relação conflituosa voluntária entre oponentes com
objectivos opostos, nunca poderá formar um, mas sim dois sistemas, porque considera o jogo
como um fluxo. Outra crítica passou pela diferença no entendimento do conceito de
perturbação e da sua influência durante o jogo, dizendo que as acções dos jogadores não
podem ser reduzidas ao estímulo-resposta, uma vez que inviabilizaria o aparecimento dos
comportamentos do tipo antecipativo.
A análise de jogo tem evoluído para estudos cada vez mais complexos, por considerarem
vários e distintos indicadores e cada vez mais restritos, ao privilegiar a análise de momentos
particulares considerados relevantes do jogo. A partir da análise de base de dados tem-se
tentado configurar modelos de jogo (McGarry & Franks, 1996) que permitam prever uma
táctica vencedora. No entanto os métodos estatísticos têm sido questionados devido à
aleatoriedade e imprevisibilidade dos comportamentos dos jogadores nos jogos desportivos
colectivos.
A análise de jogo pode ser representada por diversos modelos que dependem dos propósitos
do observador em realçar determinadas características e/ou interacções. A pertinência do
modelo, independentemente da perspectiva de análise e da teoria, é sempre avaliada pela sua
capacidade de descrever o jogo e identificar os factores que determinam o desempenho
desportivo (Volossovitch, 2008).
A análise do jogo de Andebol deverá concentrar-se nas acções e comportamentos tácticos dos
jogadores de forma contextualizada, no qual farão parte todas as acções de cooperação e 9
O parâmetro de ordem descreve a organização estrutural de um sistema e representa uma variável
colectiva criada pela coordenação entre as componentes, que influencia o comportamento destas componentes, obrigando-as a pertencer a um padrão global. A dinâmica do parâmetro de ordem descreve como os padrões de um sistema evoluem, a organização estrutural e permite captar a sua coordenação (Handford, Davids, Bennett, & Button, 1997).
10 Os parâmetros de controlo representam constrangimentos que levam um sistema a diferentes
estados e padrões comportamentais. O parâmetro de controlo é uma força não determinada que obriga o sistema a passar de um atractor estável para outro. (Araújo, 2006; Kelso, 1995).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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oposição de todos os intervenientes respeitando o carácter dinâmico do jogo (frequência,
ordem e complexidade). Desta forma a análise deverá ser do tipo não linear.
2.3. O Comportamento Defensivo em Andebol O jogo de Andebol apresenta dois processos perfeitamente observáveis: o processo ofensivo e
o processo defensivo que se encontram em oposição contínua (Antón Garcia, 1998).
O processo defensivo11 caracteriza-se pela condição de uma das equipas que não se encontra
com posse de bola (Bayer, 1994), procura recuperá-la sem sofrer golo, perturbando e
antecipando-se às acções ofensivas dos jogadores atacantes, sem cometer infracções, e no
qual o guarda-redes contribui com a sua prestação para o sucesso final (Gomes, 2008). Para tal
é necessário que o comportamento dos defensores se adeqúe e adapte à especificidade do
ataque, seguindo princípios organizados num ou em vários sistemas de jogo12.
2.3.1. Os Métodos de Jogo Autores e especialistas na modalidade de Andebol identificaram e caracterizaram diferentes
momentos durante o processo defensivo, que têm sido designados por fases ou métodos13 de
jogo (Fonseca, 1999; Mortágua, 1999; Prudente, 2006; Silva, 2008)14. Os métodos de jogo
defensivo distinguidos são os seguintes (Teodorescu, 1984, Fernandez, & Falkowski, 1988;
Antón Garcia, 2000; Sousa, 2000; Ribeiro, 1999, 2003):
- recuperação defensiva – constitui um primeiro momento defensivo que tem início
desde logo que a equipa perde a posse de bola. A equipa ou alguns elementos
individualmente tentam parar ou travar a transição defesa-ataque do adversário,
impedindo e dificultando a progressão do portador da bola e defendendo as linhas de
passe, enquanto outros deslocam-se o mais rápido possível para a zona defensiva para
criar condições de organização de um sistema defensivo estruturado;
- defesa temporária (defesa de cobertura) – é o momento que se caracteriza pela
chegada dos defensores perto da área de baliza (mas não no seu posto específico),
pela utilização de um sistema defensivo alternativo, e onde se observa mais formas de
cooperação e entreajuda, para tentar anular uma situação eminentemente de
11
O processo defensivo pode ser entendido como um conjunto de acções que ocorrem desde a perda da posse de bola e que termina com a sua recuperação, sendo regulada por determinados princípios pelos quais os intervenientes coordenam as suas acções técnico-tácticas (Gomes, 2008). 12 Os sistemas de jogo representam a estrutura genérica de organização e das acções de uma equipa, a
partir das quais se estabelecem e seguem princípios de movimentação e colaboração previamente definidos (Teodorescu, 1984). 13 O método de jogo defensivo pode ser entendido como uma forma de organização (estrutura e
funcionalidade) de como os jogadores de uma equipa desenvolvem o processo defensivo, desde o momento da perda de posse de bola até à sua aquisição ou recuperação de posse da bola, através das suas acções individuais, grupo, colectivas, ocupação do terreno de jogo e a gestão do ritmo e tempo de jogo (adaptado de Garganta, 1997). 14
Na literatura específica da modalidade de Andebol regista-se a utilização, de forma indistinta, dos termos métodos de jogo e fases do jogo. Neste estudo optou-se pelo termo método de jogo como considerou Fonseca (1999) e também utilizado por Prudente (2006).
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finalização em ataque rápido ou uma possível vantagem posicional. Este método
termina quando equipa atacante começa a organizar o ataque;
- organização da estrutura defensiva – caracteriza-se pelo momento no qual a equipa
que defende procura organizar o seu sistema defensivo. Para além das substituições
ataque-defesa, das trocas de posições dos jogadores defensores, este momento pode
ser alcançado pela interrupção do ritmo de jogo mediante a realização de uma falta;
- defesa organizada em sistema (defesa em sistema ou defesa propriamente dita) – é o
último método do processo defensivo, sendo o mais utilizado, e o de maior duração no
decorrer de um jogo de Andebol. Assume-se quando todos os jogadores defensores se
encontram nos seus postos específicos num sistema defensivo15 e a equipa adversária
assume o ataque posicional em sistema.
Este estudo incide sobre o método organizado de jogo, ou seja quando uma equipa se
encontra durante o processo defensivo numa defesa organizada em sistema e a sua homóloga
em ataque posicional. O método de defesa organizado em sistema inicia-se quando a equipa
que perdeu a posse de bola se dispõem num sistema defensivo estruturado e as acções se
desenvolvem de acordo com princípios e estratégias defensivas previamente definidas.
2.3.2. Os Meios Tácticos Individuais e de Grupo O jogo de Andebol baseia-se fundamentalmente em acções 1x1, a partir de combinações de 2
ou 3 jogadores (Borges, 1996; Santos, 1999), surgindo tanto como forma de dar continuidade
como de culminar o ataque. Os gestos e decisões de ordem táctica defensiva correspondem a
deslocamentos sem bola face (ou antecipando) as deslocações do adversário directo e do
portador da bola: trajectórias, alterações de direcção e ritmo, velocidade (Lassiera, Ponz &
Andrés, 2001).
A dificuldade verificada na recolha de estudos sobre o processo defensivo reflectiu-se como
consequência na pesquisa de elementos sobre a descrição do comportamento defensivo em
equipas de alto rendimento. Desta forma a pesquisa foi alargada a trabalhos e livros técnicos,
nos quais foi possível apurar informação passível de ser associada ao comportamento
defensivo. Foi ainda possível identificar na bibliografia alguns estudos realizados sobre
diferentes postos específicos: guarda-redes (Oliveira, 1996), pivot (Santos, 1999), central
(Román, 1997b), 1º linhas (Román, 1997a; Espírito Santo, 2000), contudo não do ponto de
vista defensivo. Da recolha efectuada identificou-se um conjunto de trabalhos que referem e
distinguem acções associadas a comportamentos tácticos defensivos individuais e de grupo
(Lassiera, Ponz & Andrés, 2001).
Os trabalhos realizados para o estudo das grandes provas internacionais reflectem resultados
baseados nas acções técnicas de forma isolada (Gutierrez, 2009). Lasierra, Ponz & Andrés
(2001) ao abordarem uma sequência metodológica das intenções tácticas da defesa referem
15
Um sistema de jogo pode ser definido como uma estrutura organizativa de coordenação entre todos
os jogadores de uma equipa que têm como missão manter uma organização de jogo. Esta coordenação
representa a especialização dos jogadores a postos específicos que se alteram em função das linhas e
dos sistemas utilizados (Lasierra, Ponz & Andrés, 2001).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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conceitos relacionados com a táctica individual defensiva. Tratam de encadear as acções para
conseguir que as situações de ataque possam ser contrastadas por uma acção defensiva, uma
vez que o somatório de actuações de um defensor é uma série ininterrupta de intenções sem
vazios de actuação, ou seja encadeados cronologicamente. Nesta abordagem apontam para a
noção básica de marcação como um aspecto que oferece uma variedade de possibilidades em
função do adversário directo.
A táctica individual defensiva tem sido apresentada em diversas publicações (ainda embora
com diferente terminologia para um mesmo conceito), sobretudo nas que abordam o ensino
do jogo. São acções tidas como tarefas básicas de actividade defensiva para o
desenvolvimento integrado em sistemas de jogo (Laguna, 2005). Antón Garcia (2000) refere
que nas relações 1x1 o defensor deve: aproximar-se rapidamente sobre a linha do atacante
para parar ou atrasar as acções, quando o adversário directo não tem a posse de bola deve
procurar antecipar o espaço e provocar faltas técnicas, forçando o atacante a trajectórias
exteriores (menos favoráveis). A táctica individual defensiva apresentada e descrita nos
trabalhos consultados pôde ser sintetizada nos seguintes conceitos (Trosse, 1987; Falkowski &
Fernandez, 1987; Cuesta, 1989; Kandija, 1989; Mraz, 1989; Oliveira, 1995; Cuesta, 1989, 2000;
Ribeiro, 1999, 2003; Antón Garcia, 2000, 2001, 2002a, 2002b, 2002c; Lasierra, Ponz & Andrés,
2001; Mortágua, 2003; García, 2003; Ávila, 2005; Laguna, 2005): intercepção, controlo do
adversário (contacto), saída ao portador da bola, recuperação, deslocamento defensivo
(flutuação, basculação defensiva), marcação à distância, marcação premente, marcação de
intercepção, dissuasão, intercepção, bloco.
Outros trabalhos avançam com a descrição de meios tácticos de grupo defensivos,
contrastando com as análises estatísticas nas grandes competições que contabilizavam as
acções técnicas de cariz individual, nomeadamente do ponto de vista ofensivo (Antón Garcia,
2000).
Antón Garcia (2000) referiu que todos os sistemas defensivos exigem o domínio de diferentes
meios tácticos para fazer oposição aos meios tácticos ofensivos. Os meios tácticos são
utilizados em função da variabilidade específica do jogo e/ou do funcionamento do sistema,
uma vez que o processo defensivo de alto nível não se limita a reagir às acções ofensivas.
Antón Garcia (2000) classificou a utilização dos diferentes meios tácticos defensivos atendendo
à sua utilização geral dos sistemas defensivos: zona, individual ou mista (combinada). Assim,
distingue um conjunto de meios tácticos defensivos estruturados na seguinte lógica (do mais
simples ao mais complexo):
- meios imediatos: corresponde à distribuição de responsabilidades aos jogadores face à perda
da posse de bola;
- meios simples: refere-se sobretudo à cobertura defensiva e ao deslocamento defensivo
(Alonso, 1987);
- meios reactivos: situações de resposta a meios tácticos ofensivos: a dobra, troca de
adversário, defesa contra passe e entra e barreiras dinâmicas (bloco) (Alonso, 1987; Cuesta,
1989, 2000);
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- meios activos: quando os defensores assumem a iniciativa sem esperar que os adversários
iniciem as suas acções, podendo ser destacados a flutuação (troca de posição), o ataque ao
ímpar e o 2x1 (Cuesta, 2000).
2.3.3. Os Sistemas Defensivos O funcionamento dos sistemas defensivos é dinâmico uma vez que se encontra em
permanente evolução durante um jogo, modificando-se em função de circunstâncias
específicas do encontro. Esta alternância de sistemas e de intenções tácticas individuais
contribui para o êxito de uma equipa na sua actividade defensiva.
A evolução de sistemas e comportamentos defensivos tem contribuído para o aumento da
velocidade de jogo, visível tanto nas transições como no jogo posicional (Román, 2005, 2007).
Román (1996, 2007) identificou uma filosofia de mobilidade, alternância de espaços
defensivos, intercepção de passes constantes.
A taxonomia apresentada para organizar os vários sistemas defensivos tem sido (Cuesta, 1989;
Mraz, 1989; Oliveira, 1995; Ribeiro, 1999; Lasierra, Ponz & Andrés, 2001; Antón Garcia, 2000,
2002; Espina, 2009): zonal (uma linha, duas linhas, três linhas), individual e combinado/misto.
Sistema defensivo 6:0
O sistema 6:0 é um sistema que tem acompanhado a evolução do próprio jogo ao longo do
tempo (Espina, 2009). Tradicionalmente o sistema defensivo 6:0 é considerado como um
sistema zonal (Falkowski & Fernandez, 1987; Mraz, 1989; Oliveira, 1995; Espina, 2009), porque
cada defensor responsabiliza-se por uma zona independentemente das trajectórias ofensivas,
tendo como pressuposto a protecção da baliza colocando em toda a sua extensão os princípios
da amplitude e densidade em detrimento da profundidade (Alonso, 1978; Antón Garcia, 2000,
2004). Os defensores limitam-se a defender a baliza numa só linha defensiva realizando quase
que exclusivamente deslocamentos laterais em função da bola.
A evolução do sistema defensivo 6:0 parte para uma organização mais dinâmica e mais activa
por parte dos defensores que os levam a deslocamentos mais variados tanto em amplitude
como em profundidade (Alonso, 1987; Pontes, 1987; Oliveira, 1995; Antón Garcia, 1991, 2000,
2004; Espina, 2009) para: impedir que a 1ª linha ofensiva realize remates à distância, impedir a
ligação com os pivots, dificultar as possibilidades de ângulo de remate dos extremos ou
pontas, assegurar a cobertura perante saídas dos defensores ao portador da bola e impedir
penetrações aos 6 metros.
Antón Garcia (2000) apresentou os seguintes tipos de funcionamento da atitude defensiva do
sistema: passiva (baseado em deslocamentos laterais e a utilização de bloco), reactiva (é
actualmente a mais utilizada e recorre a deslocamentos em profundidade, respondendo às
iniciativas do adversário) e activa (muito mais agressiva e dinâmica, procurando uma
antecipação no sentido de condicionar o ataque do adversário).
Os seis elementos que compõem a mesma linha defensiva apresentam 3 tipos de funções
distintas (Pontes, 1987; Oliveira, 1995):
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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- extremos: condicionar e controlar as acções do adversário directo impedindo-o de rematar,
ajudar o colega de equipa mais próximo, impedir as entradas e acompanhando-as até efectuar
a troca de marcação e sair ao portador da bola na sua zona de acção;
- laterais: sair ao portador da bola na sua zona de acção em coordenação com o central do seu
lado, condicionar e controlar as acções do lateral contrário, efectuar marcação de intercepção
ao pivot que permaneça nos 6 metros, impedir a concretização de qualquer remate no seu
espaço de actuação;
- centrais: dirigir a defesa, realizar marcação de intercepção sobre os pivots que permaneçam
nos 6 metros, garantir equilíbrio da organização defensiva, sair ao portador da bola na sua
zona de acção em coordenação com o outro central, impedir a concretização de qualquer
remate no seu espaço de actuação.
Sistema defensivo 5:1
É um dos sistemas defensivos mais utilizados pela relação que consegue ser estabelecida entre
a profundidade e a amplitude, possibilitando uma elevada capacidade de adaptação aos
sistemas ofensivos (Román, 2000 in Espina, 2009). A organização deste sistema passa por 5
jogadores numa 1ª linha e um outro numa 2ª linha (Falkowski & Fernandez, 1987; Mraz, 1989;
Oliveira, 1995; Martinez, 2000; Espina, 2009):
- extremos: condicionar e controlar as acções do adversário directo impedindo-o de rematar,
ajudar o colega de equipa mais próximo, impedir as entradas e acompanhando-as até efectuar
a troca de marcação e sair ao portador da bola na sua zona de acção;
- laterais: sair ao portador da bola na sua zona de acção em coordenação com o central do seu
lado, condicionar e controlar as acções do lateral contrário, efectuar marcação de intercepção
ao pivot que permaneça nos 6 metros, impedir a concretização de qualquer remate no seu
espaço de actuação, acompanhar as entradas até efectuar a troca de marcação;
- central: dirigir a defesa, realizar marcação de intercepção sobre os pivots que permaneçam
nos 6 metros, garantir equilíbrio da organização defensiva, sair ao portador da bola na sua
zona de acção em coordenação com o lateral desse lado, impedir a concretização de qualquer
remate no seu espaço de actuação;
- defesa avançado: condicionar as acções de quem ocupa a zona do central adversário, impedir
a concretização de qualquer remate no seu espaço de actuação, complementar o espaço que
ocorre com a saída de qualquer dos laterais, acompanhar a entrada aos 6 metros e fazer a
troca de marcação, interceptar qualquer passe para o interior da defesa.
Sistema defensivo 4:2
É um sistema zonal profundo mas com pouca amplitude que poderá ser utilizado quando o
adversário utilize dois pivots fixos. É composto por 4 jogadores na 1ª linha e 2 jogadores na 2ª
linha defensiva que mantêm uma profundidade simétrica (Mraz, 1989; Oliveira, 1995; Espina,
2009):
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- extremos: condicionar e controlar as acções do adversário directo impedindo-o de rematar,
ajudar o colega de equipa mais próximo, impedir as entradas e acompanhando-as até efectuar
a troca de marcação e sair ao portador da bola na sua zona de acção;
- laterais: dirigir a defesa, garantir equilíbrio da organização defensiva, sair ao portador da bola
na sua zona de acção em coordenação com o central do seu lado, condicionar e controlar as
acções do lateral contrário, efectuar marcação de intercepção ao pivot;
- defesas avançados laterais: sair ao portador da bola, condicionar as acções do adversário,
impedir a concretização de qualquer remate no seu espaço de actuação, complementar o
espaço que ocorre com a saída de qualquer dos laterais, acompanhar a entrada aos 6 metros e
fazer a troca de marcação, interceptar qualquer passe para o interior da defesa.
Sistema defensivo 3:3
É um sistema muito profundo mas com pouca amplitude potenciando muitas acções de 1x1 na
zona dos extremos. É habitualmente utilizado com equipas adversárias que apresentam pouca
mobilidade. É composto por 3 jogadores na 1ª linha e 3 jogadores na 2ª linha (Falkowski &
Fernandez, 1987; Mraz, 1989; Oliveira, 1995; Espina, 2009) e que desempenham as seguintes
funções:
- extremos: condicionar e controlar as acções do adversário directo impedindo-o de rematar,
ajudar o colega de equipa mais próximo, impedir as entradas e acompanhando-as até efectuar
a troca de marcação e sair ao portador da bola na sua zona de acção;
- defesa avançado central: dirigir a defesa, realizar marcação de intercepção sobre os pivots
que permaneçam nos 6 metros, garantir equilíbrio da organização defensiva, sair ao portador
da bola na sua zona de acção em coordenação com o lateral desse lado, impedir a
concretização de qualquer remate no seu espaço de actuação;
- defesas avançados laterais: sair ao portador da bola, condicionar as acções do adversário,
impedir a concretização de qualquer remate no seu espaço de actuação, acompanhar a
entrada aos 6 metros e fazer a troca de marcação, interceptar qualquer passe para o interior
da defesa.
Sistema defensivo 3:2:1
É um sistema que concentra os seus elementos na zona central e é utilizado geralmente contra
equipas que possuam rematadores de longa distância e de elevada compleição física. É o único
sistema defensivo que se conhece o autor, Vlado Stenzel (Ribeiro, 1987; Antón Garcia, 2006). É
composto por 3 linhas defensivas (Ribeiro, 1987; Kandija, 1989; Mraz, 1989; Oliveira, 1995;
Cuesta, 2000; Laguna, 2005; Antón Garcia, 2006) no qual os jogadores têm as seguintes
funções:
- extremos: condicionar e controlar as acções do adversário directo impedindo-o de rematar,
ajudar o colega de equipa mais próximo, impedir as entradas e acompanhando-as até efectuar
a troca de marcação e sair ao portador da bola na sua zona de acção;
- central: dirigir a defesa, realizar marcação de intercepção sobre o pivot que realiza uma
entrada aos 6 metros, garantir equilíbrio da organização defensiva, sair ao portador da bola na
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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sua zona de acção em coordenação com o lateral desse lado, impedir a concretização de
qualquer remate no seu espaço de actuação;
- defesas avançados laterais: sair ao portador da bola, condicionar as acções do adversário,
impedir a concretização de qualquer remate no seu espaço de actuação, acompanhar a
entrada aos 6 metros e fazer a troca de marcação, interceptar qualquer passe para o interior
da defesa;
- defesa avançado central: dirigir a defesa, realizar marcação de intercepção sobre os pivots
que permaneçam nos 6 metros, garantir equilíbrio da organização defensiva, sair ao portador
da bola na sua zona de acção em coordenação com o lateral desse lado, impedir a
concretização de qualquer remate no seu espaço de actuação.
Com as 3 linhas defensivas é realçada a importância dos defensores laterais atacarem
directamente os seus adversários directos, quando têm a posse de bola e colocar-se nos 6
metros quando a bola se encontra nos extremos. Outra característica é facilidade com que se
pode transformar nos sistemas 5:1, 3:3, 1:5, 5+1 e 4+2 (Ribeiro, 1987). O maior problema
reside na distância entre todos os defensores, que dificulta os processo de colaboração entre
eles (Espina, 2009).
Sistemas de defesa mistos ou combinada (5+1 e 4+2)
É uma construção que tem como principal característica responsabilizar um ou dois defensores
numa marcação exclusiva ao adversário (Falkowski & Fernandez, 1987; Espina, 2009), para
limitar as acções de jogadores influentes numa equipa devido à sua capacidade de remate
e/ou de organização de jogo, ou ainda para resolver uma situação momentânea (superioridade
numérica, momentos finais de jogo). Devido às marcações individuais o espaço entre e nas
linhas defensivas diminuiu significativamente (Oliveira, 1995).
A sua composição baseia-se em 4 ou 5 jogadores numa 1ª linha defensiva (dois extremos e
dois laterais, ou dois extremos, dois laterais e um central) e um ou dois elementos em
marcação individual (Mraz, 1989; Oliveira, 1995), que desempenham as seguintes funções:
- extremos: condicionar e controlar as acções do adversário directo impedindo-o de rematar,
ajudar o colega de equipa mais próximo, impedir as entradas e acompanhando-as até efectuar
a troca de marcação e sair ao portador da bola na sua zona de acção;
- laterais: sair ao portador da bola na sua zona de acção em coordenação com o central,
condicionar e controlar as acções do lateral contrário, efectuar marcação de intercepção ao
pivot em coordenação com o central, acompanhar as entradas aos 6 metros do seu adversário
directo e realizar a troca de marcação;
- central: dirigir a defesa, realizar marcação de intercepção sobre os pivots que permaneçam
nos 6 metros, garantir equilíbrio da organização defensiva, sair ao portador da bola na sua
zona de acção em coordenação com o lateral, impedir a concretização de qualquer remate no
seu espaço de actuação.
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Sistemas de defesa individual
O desenvolvimento dos sistemas defensivos em dinâmica e profundidade é facto constatado
(Oliveira, 1995; Espina, 2009). Oliveira (1995) relatou que nos anos 30 as equipas utilizavam
sistemas defensivos individualizados, que foram recuando até aos 6 metros à medida que a
capacidade ofensiva técnica e táctica melhorava. Contudo, referiu também que
tendencialmente as equipas em termos defensivos ocupam cada vez mais espaço no terreno
de jogo e em maior número situações de defesa individual.
A marcação individual pode ser entendida como uma forma de defender os adversários
directos de forma inequívoca e muito próxima, independentemente da sua posição no terreno
de jogo. É utilizado normalmente para surpreender o adversário em determinados momentos
do jogo (finais de jogo em desvantagem no marcador) para desfazer a organização colectiva do
ataque (Espina, 2009).
Este tipo de sistema deve considerar dois factores (Oliveira, 1995):
- a distância a que a defesa joga da baliza (todo o campo, meio campo ou próxima da baliza).
Se a distância a que a defesa joga é próxima da baliza permite que sejam realizadas trocas de
marcação. Nas marcações a campo a inteiro e a meio campo as possibilidades de compensação
de um erro defensivo são reduzidas. Por outro lado a elevada proximidade com o ataque
adversário possibilitam alguns êxitos devido a intercepções e a falhas técnicas;
- e a distância entre o defensor e o seu adversário. Este factor encontra-se dependente da
qualidade técnica e das características físicas do adversário, tendo que se ter em consideração
um equilíbrio na distribuição das tarefas defensivas em função da criatividade, rapidez e
estatura do adversário.
2.4. Tendências dos Estudos em Análise do Jogo de Andebol A observação e análise de jogo têm sido utilizadas como âmbito de estudo por treinadores e
investigadores, apresentando vários objectivos dos quais se destaca, para a área do treino
desportivo: conhecer e analisar o comportamento da própria equipa e da adversária, para a
melhoria da prestação e da preparação desportiva.
Na última década houve um aumento dos estudos realizados na modalidade de Andebol
(Prudente, 2006; Silva, 2008). Na sua maioria, os estudos existentes baseiam-se na análise das
grandes competições internacionais, nomeadamente Campeonatos do Mundo, da Europa e
Jogos Olímpicos.
Em cada grande evento desportivo da International Handball Federation (IHF) ou da European
Handball Federation (EHF) são realizados relatórios e estudos distintos das provas que se
disputaram. Estes trabalhos são elaborados por especialistas que utilizam os indicadores
estatísticos de jogo, as medidas antropométricas, relacionando com as posições dos jogadores,
com os métodos de jogo, entre outros aspectos. Alguns destes trabalhos não cumprem as
exigências das investigações de âmbito académico. Em grande parte são do tipo de descritivo,
e centram a sua atenção, nos aspectos ofensivos, destacando-se em especial as desigualdades
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 32
numéricas e o contra-ataque. Por outro lado, é dado conta de trabalhos de âmbito académico
com recurso a metodologias, técnicas e instrumentos validados cientificamente.
Uma vez que este estudo se desenvolve numa competição masculina sénior no âmbito do alto
rendimento serão apresentados os estudos que foram realizados neste mesmo cariz. É
pretendido com este capítulo apresentar os trabalhos realizados em Portugal e alguns do
estrangeiro que utilizem a análise do jogo de Andebol como enfoque da sua investigação. Os
estudos realizados no Andebol podem ser classificados de acordo com o processo de jogo,
técnicas estatísticas, objecto de estudo, processos de jogo. Independentemente da sua forma
de classificação será possível registar tendências nos estudos efectuados. A descrição e a
classificação destes estudos permitirá caracterizar as tendências das investigações realizadas e
recolher indicadores e dados pertinentes para a selecção de variáveis.
Para além da referência aos trabalhos realizados sobre análise do jogo de Andebol (ANEXO 1 -
Quadro síntese de Estudos de Análise de Jogo em Andebol) serão apresentados os principais
resultados16 daqueles que abordaram objectiva ou indirectamente resultados relacionados
com os aspectos e componentes defensivas do jogo, no âmbito do alto rendimento em
competições masculinas. Posteriormente serão distinguidos aqueles que recorram à análise
sequencial como forma de tratamento dos dados recolhidos, independentemente do processo
de jogo que estudaram. Todos estes trabalhos consultados constituíram um ponto de partida
para a definição da problemática do estudo e de referência para o processo de selecção das
variáveis.
2.4.1. Investigação em Observação e Análise de Jogo no Andebol Na modalidade de Andebol, nos últimos anos, têm aumentado o número de estudos baseados
na análise do jogo, procurando explicações para a distinção do desempenho em competição.
Ao longo dos anos, vários estudos têm procurado determinar quais os factores que levam uma
equipa a ser mais eficaz do que outra durante um jogo (Leitão, 1998; Magalhães, 1999; Silva,
2000b; Volossovitch, 2005; Prudente, 2006).
Prudente (2006), indica que os estudos realizados ao nível do Andebol, à semelhança de outras
modalidades têm utilizado a análise de jogo como forma de entender o desempenho no jogo,
tendo em conta distintos indicadores (morfológico, energético, motor, psicológico, técnico e
táctico).
Inicialmente os estudos científicos sobre o rendimento no jogo de Andebol tentaram
interpretar o desempenho baseando-se nas características morfológicas e antropométricas
dos jogadores, procurando relacioná-las com as posições específicas que ocupavam no terreno
de jogo e a classificação alcançada no final das competições (Prudente, 2006). Posteriormente
seguiram-se os estudos baseados em indicadores fisiológicos que procuravam determinar a
especificidade do esforço dos jogadores em jogo (Borges, 1996; Maia, Galvão & Ribeiro, 1989).
Sucedeu-se a observação das situações de jogo que procuram entender o rendimento dos
16 É necessário ter em consideração que as diferenças apresentadas nos resultados dos trabalhos pode
ter sido caracterizada pelas mudanças significativas que ocorreram nas regras do jogo de Andebol até à
presente data.
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jogadores e equipas, pelos indicadores de jogo individuais e colectivos, referentes às acções
realizadas em termos ofensivos, e posteriormente defensivos, recorrendo sobretudo à análise
quantitativa.
A procura e a análise quantitativa/qualitativa de indicadores individuais e colectivos, na busca
do entendimento da prestação desportiva no jogo de Andebol, passaram a ser matéria de
estudo por parte dos investigadores.
2.4.2. Análise de Jogo de Andebol e o Estudo do Processo Defensivo Landuré, Petit e Bana (1993) identificaram e classificaram os perfis dos jogadores defensores e
os sistemas defensivos mais utilizados pelas selecções que participaram no Campeonato do
Mundo de 1993. Segundo Gomes (2008), os autores distinguiram os defensores como
“neutralizadores-blocadores” e “perturbadores-interceptores” em função das características
morfológicas e disponibilidade motora com as acções realizadas em jogo. Os sistemas
defensivos mais utilizados foram o 6:0 e o 5:1.
Algo que Klein (1998), na análise realizada ao Campeonato da Europa de 1998, reforça
indicando que os sistemas defensivos mais utilizados foram o 6:0 e o 5:1. Neste trabalho o
autor caracteriza o 6:0 utilizado pela Suécia, como um sistema defensivo compacto, com
quatro elementos centrais de elevada estatura, envergadura e mobilidade. Apresenta como
referência para o sistema defensivo 5:1 da selecção da Rússia, com três defensores centrais de
elevada envergadura e um defensor avançado com muita mobilidade e disponibilidade
motora. Apontou ainda que as equipas melhor classificadas possuíam até dois defensores
especializados, exigindo a realização de substituições nas transições entre os processos
ofensivo e defensivo.
Czerwinski (2000), na sua análise ao Campeonato da Europa de 2000, corrobora com esta
última ideia referindo que quase todas as equipas utilizam jogadores especialistas na defesa,
chegando a realizar até três substituições. O autor aponta características particulares fazendo
distinção:
- do sistema defensivo 6:0 utilizado pela Suécia que se destacava dos seus adversários
pela sua profundidade na zona activa de jogo, possibilitando uma maior eficácia no
número intercepções;
- entre o sistema defensivo 5:1 utilizado pela selecção Francesa e pelas selecções da
Espanha e da Rússia:
- a selecção Francesa apresentava um defensor avançado com elevada
disponibilidade motora e capacidade táctica para a realização de acções antecipativas
na tentativa interceptar e/ou perturbar o adversário;
- as selecções de Espanha e da Rússia, o defensor avançado tentava
condicionar as trajectórias interiores dos laterais contrários à posição da bola;
- do sistema defensivo 3:2:1 da selecção Portuguesa destacando o número de
intercepções realizadas, atribuindo este feito à boa condição física dos jogadores;
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Sousa (2000) apresentou como objectivo modelar o processo defensivo, analisando 389
sequências defensivas das 4 selecções melhor classificadas e da selecção Portuguesa, quando
participaram no Campeonato da Europa de 2000. Concluiu que:
- a frequência da recuperação da posse de bola é superior para as selecções melhor
classificadas;
- as melhores selecções utilizaram preferencialmente os sistemas defensivos 6:0 e o
5:1 e que as principais acções de recuperação são a defesa do guarda-redes, o ressalto
defensivo, a falha técnica e a intercepção da bola;
- nos sistemas defensivos mais utilizados, apesar de serem de uma ou duas linhas
defensivas os jogadores apresentaram uma grande mobilidade e disponibilidade para a
perturbação e a recuperação da posse de bola.
Silva (2000a) ao procurar identificar o menor número de indicadores de jogo que distinguiriam
as equipas vencedoras das derrotadas, entre os 287 jogos dos Campeonatos Nacionais de
Andebol Masculinos de Portugal, entre as épocas 95/96 e 96/97, concluiu que:
- existiu uma relação entre a eficácia do guarda-redes e os defensores;
- os aspectos defensivos são particularmente mais importantes nos jogos equilibrados;
- a eficácia do guarda-redes apresentou-se como um indicador comum às diferentes
classificações atribuídas aos jogos observados (normais, equilibrados e
desequilibrados).
Calvo e Herrero (2001) realizaram um estudo que teve como objectivo identificar as causas dos
erros defensivos. Para analisar o funcionamento do sistema defensivo 5:1 das Selecções de
Espanha e França pelos registos obtidos nos processos defensivos, construíram um sistema de
observação com: um campograma (para identificar as zonas onde ocorreram os erros
defensivos), o período de jogo, a distância do sucesso ofensivo, as causas e a distribuição dos
erros. Verificaram que:
- a zona mais vulnerável para ambas as selecções foi a central (Espanha, 49,11% e
França, 45,11%), registando-se ainda um equilíbrio com os lados esquerdo e direito;
- apesar não terem sido registadas diferenças significativas, entre os períodos de jogo,
a selecção de Espanha cometeu mais erros defensivos entre os 0’ e os 10’ e entre os
30’ e os 40’, enquanto a selecção Francesa entre os 10’ e os 20’;
- ocorreram menos erros defensivos, e para ambas as selecções, entre os 40’ e os 50’;
- as duas selecções apresentaram também valores similares no que diz respeito à
distância do sucesso ofensivo, ocorrendo por mais ocasiões perto da 1ª linha defensiva
e nas causas mais frequentes (1x1);
- a selecção de Espanha cometeu mais erros devido a más trocas defensivas enquanto
a sua congénere Francesa no contra-bloqueio;
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- os erros defensivos, para a selecção de Espanha significaram 77,11% dos golos e para
a selecção Francesa 59,03%.
Volossovitch, Barbosa e Reinaldo (2002) procuraram identificar a influência da prestação do
guarda-redes no resultado final do jogo e analisar a correlação entre a média de eficácia dos
guarda-redes e a classificação final das suas equipas. Concluiram que os níveis de eficácia dos
guarda-redes, inferiores a 10% e superiores a 40%, por si só representam um factor
determinante para o desfecho final dos jogos.
Sevin e Taborsky (2004ab) procuraram sistematizar o sistema defensivo base e as alternativas
de cada selecção na análise do Campeonato da Europa de 2004 e concluíram que:
- as selecções da Suécia e da Islândia utilizaram somente um sistema defensivo,
enquanto as suas congéneres apresentaram pelos menos um sistema defensivo
alternativo;
- o sistema defensivo mais utilizado foi o 6:0, com grande profundidade, como sistema
inicial;
- o sistema defensivo 4:2 como sistema base foi apresentado pela selecção da
República Checa;
- durante a 1ª fase da prova as selecções sofreram um elevado número de golos,
sugerindo que não se aplicaram em termos defensivos;
- o desempenho defensivo das selecções da Dinamarca e da Alemanha tiveram maior
destaque nas meias-finais e esta última na final.
Varejão (2004) analisou 2370 sequências ofensivas dos jogos do Campeonato do Mundo de
2003 que terminaram com resultado igual ou inferior a 5 golos. Este autor pretendeu
identificar a variação da distância e da velocidade do primeiro passe do guarda-redes de
Andebol, a forma de recuperação da bola, a alternância de corredores de jogo do processo
defensivo para o processo ofensivo, o número de jogadores envolvidos, o número de passes
realizados, a zona de finalização, a forma de finalização e a duração dos ataques em função da
qualidade das selecções (melhores e piores) e do resultado final da sequência ofensiva (com
golo ou sem golo). Neste estudo foi verificado que:
- os guarda-redes têm um papel decisivo na recuperação da posse de bola e na rapidez
com que se inicia o processo ofensivo, sendo que as melhores selecções realizaram
primeiros passes mais longos e mais rápidos;
- as sequências ofensivas que utilizaram menos jogadores e tempos de ataque
menores terminaram com golo;
- as melhores e piores selecções recuperam a posse de bola com maiores percentagens
por defesa do guarda-redes (vindo ao encontro de Silva, 2000a) e por intercepção
(verificado por Sousa, 2000);
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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- as intercepções como forma de recuperação da bola implicaram sequências ofensivas
com sucesso utilizando pouco jogadores e tempos de ataque menores;
- as melhores selecções optaram por realizar o ataque em sistema quando não o
conseguiram concretizar em contra-ataque, sendo realizados mais passes e variações
de corredores;
- a zona central foi a preferencial para a finalização das melhores e piores selecções,
quer se concretizasse da 1ª ou da 2ª linha ofensiva.
Santos (2004) teve como objectivo principal configurar as tendências do jogo de Andebol com
base na análise da performance táctica ofensiva e defensiva. Foram analisadas 1090 acções de
11 jogos correspondentes às finais de Jogos Olímpicos e Campeonatos do Mundo. Foi realizada
uma análise descritiva, ANOVA, análise factorial, análise K-means Cluster e Teste de Associação
Qui-quadrado. Os resultados demonstraram que:
- o resultado da eficácia do ataque organizado das selecções vencedoras foi
significativamente superior ao da eficácia do ataque organizado das selecções
vencidas;
- os indicadores da eficácia ofensiva, da eficácia ofensiva em superioridade numérica e
da eficácia defensiva podem pertencer ao grupo dos indicadores que diferenciam as
selecções vencedoras das vencidas;
- quando associados os indicadores, relativos ao jogo defensivo em geral, alcançam
níveis mais elevados em relação aos indicadores relativos ao jogo ofensivo, o que
possibilitou afirmar que os indicadores relativos ao jogo defensivo têm vindo a
conseguir cada vez mais importância no quadro do sucesso desportivo do Andebol;
- se verificou um aumento significativo nos níveis de eficácia dos indicadores
relacionados com a recuperação da posse da bola sem golo sofrido;
- se verificou uma tendência para as selecções vencedoras utilizarem dois sistemas
defensivos por jogo, geralmente, do tipo por zona: fechado, o 6:0 e o 5:1 e aberto, o
3:2:1;
- os elevados níveis de perda da posse da bola por falhas técnico-tácticas estiveram
directamente associados à forma agressiva e pressionante do jogo defensivo individual
e colectivo;
- o lote de indicadores que de forma hierarquizada melhor traduziu o sucesso no jogo
de Andebol foi constituído pela: eficácia do ataque organizado, eficácia ofensiva,
eficácia ofensiva em superioridade numérica e pela eficácia defensiva;
- o lote de indicadores que melhor descreveu a organização táctica ofensiva e
defensiva do jogo de Andebol foi formado pelo: ataque organizado, ataque rápido,
perda da posse da bola por golo marcado, meio táctico individual remate espontâneo,
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meio táctico colectivo cruzamento, origem do processo ofensivo por reposição do
guarda-redes e defesa em inferioridade numérica;
- ao longo das últimas duas décadas verificou-se um aumento significativo dos níveis
de eficácia dos indicadores relacionados com a recuperação da posse da bola sem golo
sofrido, nomeadamente, a origem do processo ofensivo por defesa e reposição do
guarda-redes, intercepção, desarme, bloco e ressalto defensivo e por falha técnico-
táctica do adversário;
- existiu uma correlação positiva entre o nível de eficácia do guarda-redes e o sucesso
desportivo no Andebol.
Rodrigues (2005) recorreu a 98 jogos dos Campeonatos da Europa de 2002 e de 2004 para
analisar o poder discriminatório dos indicadores do jogo de Andebol em função do tipo de
jogo. Relativamente ao processo defensivo concluiu que:
- a eficácia dos guarda-redes é superior nos jogos das fases de grupos e representa um
dos principais indicadores para as selecções vitoriosas;
- nos jogos a eliminar as selecções demonstraram:
- maior agressividade defensiva, traduzida num maior número de faltas
técnicas provocadas e acções defensivas efectuadas, não sendo possível
determinar se existe de facto uma maior eficácia defensiva neste tipo de jogos;
- uma elevada capacidade de obter e evitar golos da 1ª linha ofensiva sendo
aquelas que apresentam melhores condições para serem bem sucedidas;
- maior eficácia das acções defensivas (superiores às dos jogos de grupo);
- maior percentagem de golos sofridos em penetração e de um contra-ataque;
- maior percentagem de faltas técnicas provocadas e percentagem de remates
sofridos em penetração.
- ao discriminar as selecções vencedoras das derrotadas com o menor conjunto de
indicadores, registou que:
- defensivamente existiu uma maior eficácia dos guarda-redes a remates da 1ª
linha ofensiva;
- as selecções vitoriosas apresentaram maiores valores de percentagem de
golos sofridos da 1ª linha ofensiva;
- as selecções derrotadas apresentaram maior percentagem de golos sofridos
de contra-ataque e de 2ª linha ofensiva e também maior percentagem no total
de remates sofridos;
- nos jogos da fase de grupos as selecções apresentaram maior qualidade de
intervenção do sistema defensivo e do guarda-redes;
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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- as selecções vitoriosas nos jogos da fase de grupos obtêm uma elevada
oposição aos remates efectuados a partir da 1ª linha ofensiva;
- em geral, os resultados apontam para a existência de uma interdependência entre os
aspectos ofensivos e os defensivos.
Pollany (2006) também referiu, na análise do Campeonato da Europa de 2006, que:
- os sistemas defensivos mais utilizados foram o 6:0 e o 5:1 e recomendou um maior
cuidado na análise dos sistemas uma vez que estes permitiam distintas interpretações;
- as selecções apresentavam um sistema defensivo alternativo para utilizar em
situações desfavoráveis e que quando se encontravam em superioridade numérica
eram mais pressionantes;
- continuaram a existir jogadores que só participam no processo defensivo;
- as selecções apresentaram defensores com trajectórias e papéis bem definidos
durante o processo defensivo;
- a selecção da Dinamarca destacou-se como a selecção mais criativa do ponto visto
defensivo, devido ao funcionamento e ao conjunto de alterações decorrentes em cada
jogo, considerando-a como a melhor a realizar recuperação defensiva:
- apresentou uma boa coordenação entre os defensores e os guarda-redes na
utilização do bloco (apesar de não ser a acção mais utilizada);
- a selecção de Espanha apresentou o sistema defensivo 6:0 com dois jogadores de
elevada estatura nas posições centrais, contudo foi muito permissiva na finalização
adversária, denotando-se falta de coordenação entre os jogadores:
- o bloco à semelhança da selecção da Dinamarca foi pouco utilizado;
- o processo defensivo foi decisivo para o sucesso da selecção Francesa tendo poucas
exclusões e utilizando quase em absoluto o sistema 5:1 com diferentes formas de
actuação dos seus jogadores:
- com um maior número de acções de bloco, quando comparada com as
selecções anteriores.
De entre os dados recolhidos da estatística oficial do Campeonato da Europa de 2008, Pokrajac
(2008) procurou recolher informação no sentido de construir um perfil do Andebol actual,
analisando as selecções melhor classificadas e comparando com as restantes da mesma prova.
Recorreu a indicadores de ataque e da defesa provenientes da estatística de jogo e concluiu
que foram os pequenos detalhes que distinguiram as equipas melhor classificadas: a eficiência
no remate, uma boa defesa (25 a 27 golos sofridos), poucas faltas e mais blocos realizados.
Taborsky (2008), para a mesma prova, afirma que, e de acordo com o esperado, os guarda-
redes apresentaram melhor eficácia nos remates da 1ª linha ofensiva, seguido dos remates da
zona de extremos. As restantes situações apresentaram relativamente a mesma eficiência.
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O estudo qualitativo de Hergeirsson (2008) baseou-se na observação e na utilização dos
indicadores estatísticos dos jogos da fase principal e das fases finais das 6 selecções melhor
classificadas, no Campeonato da Europa 2008. O autor indicou que:
- a diminuição da eficiência dos golos marcados pode ser entendida como uma reacção
de uma boa recuperação defensiva, defesa organizada e desempenho do guarda-
redes, em comparação com o Campeonato Europeu da Suíça de 2006;
- os guarda-redes defenderam mais remates de curta distância, que poderá ter sido
devido à melhoria e desenvolvimento da capacidade técnica-táctica, a uma melhor
cooperação com os defensores, a utilização de sistemas defensivos mais compactos
(6:0 e 5:1) com jogadores dinâmicos que preveniam e diminuiam o aparecimento de
espaços de finalização;
- a defesa organizada encontra-se a progredir tanto individualmente como
colectivamente;
- a recuperação defensiva está a ser interiorizada pelos jogadores assim que a equipa
perde a posse de bola, quer seja por golo marcado ou por outra situação que devolva a
posse de bola ao adversário;
- o sistema defensivo 6:0 foi utilizado por quase todas as selecções como o principal
sistema ou como alternativo (excepto para as selecções da França, Rússia, Hungria e
Montenegro);
- as selecções da Dinamarca, da Croácia e de França apresentaram jogadores que
demonstraram movimentos dinâmicos e flexibilidade táctica com os sistemas
utilizados;
- a selecção da Dinamarca utilizou um sistema defensivo 6:0 muito dinâmico e activo
especialmente na zona central com 4 jogadores, que pressionavam os jogadores entre
os 6 e 10 metros e ainda defendiam com sucesso o pivot;
- a Croácia foi a selecção que variou mais o seu sistema defensivo (5:1, 6:0 e 3:2:1);
- a selecção Francesa utilizou o sistema defensivo 5:1, com jogadores muito flexíveis e
fortes no 1x1;
- contrariando as expectativas dos peritos, as selecções ainda apresentaram jogadores
especialistas na defesa. Este facto pareceu não afectar a recuperação defensiva uma
vez que os jogadores pareceram ocupar melhor o espaço, no sentido de evitar golos de
contra-ataque e reposição rápida.
Gomes (2008) ao analisar e descrever o processo defensivo em situação de igualdade
numérica 6x6, das selecções classificadas nos três primeiros lugares do Campeonato da Europa
de Andebol de 2006, construiu um instrumento para registar os indicadores defensivos de
jogo: acção realizada, zona do campo, sistema defensivo, fase do jogo e duração do processo
defensivo. Verificou a associação entre os indicadores defensivos e o sucesso da selecção
concluindo que:
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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- a intercepção foi a acção defensiva que mais se associou com o sucesso do processo
defensivo;
- o sucesso do processo defensivo revela uma dependência significativa da pressão
sobre o remate e o bloco (sendo as selecções de França, de Espanha e da Dinamarca
que exercem uma forte pressão sobre a finalização ofensiva);
- o erro nas situações 1x1 foi o principal motivo do insucesso dos processos defensivos
(também verificado por outros autores);
- o desempenho dos guarda-redes revelou-se um factor determinante do sucesso do
processo defensivo para as três selecções melhor classificadas;
- as recuperações da posse de bola sem sofrer golo aconteceram 46,6% para a selecção
de França, 54% para a selecção de Espanha e 52,5% para a selecção daDinamarca;
- a grande parte dos processos defensivos terminava com finalização na zona central
da 1ª linha defensiva (registado também por Sousa, 2000);
- a elevada eficácia das selecções na 2ª linha defensiva deveu-se à actuação: do
defensor avançado para a selecção Francesa, dos defensores laterais para a selecção
de Espanha e dos dois defensores centrais para a selecção da Dinamarca;
- os sistemas defensivos mais utilizados foram o 5:1 e o 6:0 porém as selecções
apresentaram diferentes formas de interpretação intra e inter selecção, em diferentes
momentos do jogo (conforme recomendou Pollany (2006));
- a fase de defesa organizada revelou-se a mais eficaz do processo defensivo em
igualdade numérica, visto que 77,8% dos processos defensivos terminaram naquela
fase;
- os processos defensivos mais longos foram os mais eficazes (corrobora com Varejão,
2004);
- os guarda-redes têm um papel fundamental na eficácia dos processos defensivos
mais longos.
O autor distinguiu ainda a eficácia dos jogadores na recuperação da bola no processo
defensivo em função da sua duração. Apontou para diferenças significativas entre as selecções
quanto à duração do processo defensivo quando termina em golo ou em defesa do guarda-
redes, referindo que a capacidade de adiar a fase de finalização da equipa adversária é um
factor que influencia a eficácia dos processos defensivos.
Gomes, Volossovitch, Ferreira e Infante (2009) pretenderam caracterizar os processos
defensivos das equipas com êxito, em situação de igualdade numérica de 6x6 e a sua duração.
As sequências com intervalos de duração entre 0 a 10 e 21 a 30 segundos representaram
54,9% do processo defensivo. A eficácia defensiva das equipas é de 51,54% (23,85% devido
acções dos defensores e 27,69% devido às acções do guarda-redes. A importância dos guarda-
redes aumenta com a duração do processo defensivo. 48,46% corresponde à percentagem que
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termina em golo, ocorrendo mais golos nos intervalos com duração de 21 a 30 segundos, com
uma percentagem de 33,13%.
Gutiérrez e Férez (2009) realizaram um estudo que pretendeu quantificar a forma de
finalização das acções ofensivas em situações de igualdade numérica em função do sistema
defensivo para valorizar este último, através de 3 coeficientes: eficácia defensiva, produção
defensiva e resolução defensiva. Foram analisados 36 jogos, 17 referentes ao Campeonato da
Europa na Suíça em 2006 e 19 do Campeonato do Mundo na Alemanha em 2007. Daqui
resultaram 2837 unidades de análise em igualdade numérica. Os principais resultados referem
que:
- os sistemas defensivos mais utilizados em igualdade numérica foram o 6:0 e o 5:1,
reportando a 86,39% das acções defensivas;
- o sistema defensivo 6:0 foi utilizado em 54,7% das situações defensivas em igualdade
numérica;
- foi verificada uma maior proporção das acções recebidas nas defesas fechadas (6:0)
quando comparadas com as defesas abertas (5:1, 3:2:1, 5+1) como é o caso da
exclusão e dos livres de 7 metros com exclusão;
- as defesas abertas apresentaram valores superiores em recuperações de bola através
de faltas técnicas, remates falhados, perdas de bola e jogo passivo;
- se verificou uma diferença na percentagem de golos sofridos para os sistemas
fechados 33,74% e para os sistemas abertos 36,85%, o que sugere uma maior eficácia
das defesas fechadas;
- os remates falhados ocorreram nas defesas abertas, o que indica que, apesar de
existirem mais remates, estes realizaram-se em piores condições;
- a utilização do sistema defensivo 6:0 provocou o dobro das faltas, tendo sido
apontada como explicação a elevada densidade defensiva do sistema;
- através dos coeficientes, o sistema defensivo 6:0 revelou-se como o mais eficaz em
situações de igualdade numérica, sendo recomendada a sua utilização caso se
disponha de jogadores de elevada envergadura e se a intenção for o bloco defensivo e
se pretender sofrer o menor número de golos. Contudo, se o objectivo for forçar o
remate e recuperar a bola pela defesa do guarda-redes, o sistema defensivo 5:1
deverá ser o utilizado.
Síntese
Os estudos apresentados identificaram e caracterizaram os sistemas defensivos mais
utilizados, em diferentes competições sobretudo internacionais (Campeonato da Europa,
Campeonato do Mundo e Jogos Olímpicos), descriminando as principais funções e acções dos
jogadores. Foi verificada uma tendência das melhores selecções recorrerem a pelo menos dois
sistemas defensivos muito dinâmicos por jogo, com diferentes formas de interpretação e de
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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intra e inter relação, em diferentes momentos do jogo, uma do tipo fechada (6:0 e 5:1) e outra
aberta (3:2:1). Para as situações desfavoráveis as selecções costumam recorrer à utilização de
sistemas defensivos alternativos. A utilização de jogadores especialistas durante o processo
defensivo foi também uma característica referida.
É dado conta de um aumento significativo da eficácia dos indicadores relacionados com a
recuperação da posse da bola sem golo sofrido pelos jogadores defensores e pela reposição do
guarda-redes, interceptação, desarme, bloco e ressalto defensivo e por falha técnico-táctica do
adversário. A recuperação da posse de bola sem sofrer golo é superior nas selecções melhor
classificadas, tendo como principais acções: a defesa do guarda-redes, o ressalto defensivo, a
falha técnica e a intercepção da bola. A recuperação da posse da bola por falhas técnico-
tácticas encontra-se directamente associada à forma assertiva e pressionante, sobre as linhas
de passe e remate, quer em termos individuais quer em termos colectivos.
Os guarda-redes são referidos como decisivos na recuperação da posse de bola, tendo sido
verificada a existência de uma relação entre a eficácia dos guarda-redes e a defesa (um
indicador comum independentemente da classificação) e de uma correlação positiva entre a
eficácia do guarda-redes e o resultado do jogo. Os níveis de eficácia do guarda-redes inferiores
a 10% e superiores a 40% foram apresentados como factor determinante para o resultado final
do jogo, dando conta de uma maior eficácia nos remates da 1ª linha ofensiva. Para além da
defesa do guarda-redes, a intercepção é a acção defensiva que também se associa ao sucesso
do processo defensivo e que ocorre com percentagens consideráveis, contribuindo para o
desenvolvimento de situações ofensivas eficazes. Nos estudos foram identificadas mais acções
defensivas realizadas próximo da 1ª linha defensiva, sendo a zona central do terreno de jogo
como a mais vulnerável, uma vez que também é a preferencial para a finalização.
Em termos de contexto, os aspectos defensivos apresentaram-se como os mais relevantes nos
jogos considerados equilibrados. Foram realizados estudos para determinar quais os
momentos em que as selecções foram mais eficazes. Os processos defensivos mais longos
foram os mais eficazes, tendo o guarda-redes um papel fundamental. A importância dos
guarda-redes aumenta com a duração do processo defensivo. O método organizado revelou-se
o mais eficaz do processo defensivo em igualdade numérica, uma vez que grande parte deste
processo terminou naquele método.
Durante as fases de grupo das competições as selecções concederam mais golos do que nas
fases seguintes, contudo apresentaram uma maior qualidade de intervenção do sistema de
defensivo e a eficácia dos guarda-redes foi superior, principalmente da 1ª linha ofensiva,
representando um dos principais indicadores para distinguir as selecções vencedoras. Nos
jogos a eliminar as selecções apresentaram um maior número de falhas técnicas e de acções
defensivas.
Na generalidade, os indicadores relativos ao processo defensivo, quando associados, alcançam
níveis mais elevados do que os do processo ofensivo, apontando para a existência de uma
interdependência entre os aspectos ofensivos e os defensivos. A defesa durante o método
organizado encontra-se a progredir tanto individualmente como colectivamente. A utilização
de defesas compactas e dinâmicas, com diferentes formas de interpretação, com uma boa
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coordenação e cooperação entre os defensores (jogadores com uma grande mobilidade e
disponibilidade para a perturbação e a recuperação da posse de bola) e o guarda-redes e, o
desempenho deste último, as poucas exclusões e as poucas faltas apresentam-se como
decisivos para o sucesso do processo defensivo. Os instrumentos para registar os indicadores
defensivos de jogo têm-se baseado na acção realizada, na zona do campo, no sistema
defensivo, no método de jogo e na duração do processo defensivo. Poucos foram os estudos
que procuraram contextualizar o processo defensivo através da localização da bola e das
acções no terreno de jogo, possivelmente devido à utilização de indicadores estatísticos de
jogo.
Dos estudos apresentados foi possível estabelecer que as equipas de alto rendimento
analisadas:
Constatou-se que os estudos realizados na observação das componentes técnico táctica são
escassos, embora se tenha notado um aumento neste sentido, algo que Magalhães (1999),
Prudente (2000) e Silva (2008) também registaram. A dimensão táctica assume um papel
fundamental tanto no jogo (Bayer, 1994; Antón Garcia, 1998, 2002) como para a investigação,
na medida em que, em termos ofensivos a criação de uma situação vantajosa que facilite ou
permita o golo, é um dos principais objectivos do jogo de Andebol e, em termos defensivos é a
recuperação da bola sem sofrer golo. Os estudos que recorreram ao processo ofensivo como
objecto de estudo (e.g. Borges, 1996; Oliveira, 1996; Barbosa, 1999; Mortágua, 2003)
aparecem em maior número que os estudos que retratam o processo defensivo.
Silva (2000a) e Prudente (2006) ao realizarem um levantamento de estudos efectuados sobre
o Andebol identificaram um conjunto de estudos analíticos que analisavam os factores
condicionantes do rendimento fora do contexto de jogo e, um outro conjunto de estudos que
partiu da análise do jogo e que procuravam, da forma mais contextualizada possível, estudar
os factores de rendimento desportivo. Os estudos analíticos centraram-se nas características
dos jogadores e procuravam determinar um perfil morfológico dos jogadores de Andebol. Os
• apresentam um sistema defensivo base tendo dois ou mais como alternativos,
destacando-se os sistemas 6:0 e o 5:1;
• alteram o sistema defensivo quando se encontram numa situação desfavorável;
• apresentam uma defesa caracterizada por uma maior mobilidade dos jogadores na
procura do erro do adversário;
• utilizam jogadores especializados para defender durante o método organizado, ocupando
estes jogadores a zona central;
• apresentam como aspecto fundamental para o sucesso defensivo a colaboração dos
defensores com o guarda-redes;
• identificam as acções de 1x1 e as trocas defensivas como as principais razões para o erro
defensivo;
• constatam um maior sucesso na recuperação defensiva devido à definição de papéis e
trajectórias dos jogadores;
• associam a recuperação da posse de bola sem sofrer golos a indicadores como a intercepção, o desarme, o bloco e defesa do guarda-redes.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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estudos baseados na análise de jogo procuraram: caracterizar a actividade física dos jogadores
em contexto de jogo, analisar as componentes técnicas e analisar os aspectos tácticos. Silva
(2000a) tendo em conta a metodologia utilizada caracterizou a maioria dos estudos como
descritivos e classificou-os pelas técnicas estatísticas que utilizaram para o tratamento dos
dados, organizando-os como: univariados, bivariados e multivariados.
Freitas (2007) e Varejão (2004) indicaram que uma percentagem considerável de trabalhos
centrou-se no registo de frequências de um determinado conjunto de acções técnico-tácticas
realizadas pelos jogadores. Estes estudos incidiram na análise do jogo e na natureza descritiva
do mesmo para dar a conhecer uma melhor e mais abrangente realidade do jogo (Sanchez,
1991; Pokrajac, 2008), contudo enquadram-se num conceito de descrição, muitas vezes de
carácter individual, pouco ajustadas às questões multidimensionais de aspectos importantes
do jogo (Varejão, 2004).
Assim, devido às múltiplas dimensões que o jogo de Andebol apresenta e à sua
imprevisibilidade (Antón Garcia, 1998, 2002; Varejão, 2004) é fundamental a realização de
mais estudos que relacionem a interactividade entre as variáveis das sequências dos processos
ofensivos e defensivos, numa perspectiva multidimensional, uma vez que o rendimento dos
jogadores e equipas resulta de estratégias revistas em padrões de comportamento que se
verificam durante um jogo.
A análise de jogo deve centrar a sua atenção nas acções e comportamentos dos jogadores das
equipas em confronto, duma forma contextualizada pela ordem de ocorrência respeitando o
carácter dinâmico e imprevisível do jogo. Assim, a análise de jogo terá de ser do tipo não
linear, permitindo diferentes níveis de análise.
Serão apresentados de seguida os estudos em Andebol que utilizaram a Análise Sequencial
como técnica de tratamento dos dados.
2.4.3. Estudos com Recurso à Análise Sequencial Os estudos realizados na observação das componentes técnico táctica em Andebol são
escassos, embora se tenha notado um aumento nos últimos anos, assim como aqueles que
recorrem à metodologia observacional (Prudente, 2000), sejam eles no plano teórico
(desenvolvimento conceptual de modelos) ou no plano prático (aplicação de desenhos
observacionais, modelos de registo, aprofundamento das técnicas de análise de dados). A
metodologia obervacional possibilita a utilização de vários procedimentos estatísticos
intensivos para análise dos dados, destacando-se a análise sequencial. Vários estudos partem
do modelo científico básico, utilizando a metodologia observacional e um processo de análise
sequencial – que tem como objectivo obter padrões de sequenciais17 de conduta pela
detecção contingências entre diferentes condutas – para construir um modelo desportivo
(Hernández & Anguera, 2001).
17
Padrões sequenciais de conduta são sequências de categorias/indicadores que ocorrem com uma
frequência significativa distinta à esperada supondo que cada elemento da mesma não se encontra
condicionado pela ocorrência anterior (Bakeman & Quera, 1996) ou seja numa série total de eventos
analisa-se com que possibilidade surgirá uma conduta de um critério definido.
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Hernández & Anguera (2001) propuseram um modelo de natureza exploratória que funciona
como modelo descritivo e preditivo das acções motoras em futebol, baseando-se noutros
trabalhos analíticos que possuíam a capacidade de gerar modelos matemáticos. Os modelos
clássicos, com objectivo de determinar as transições das acções de jogo, utilizam o cálculo de
probabilidades em função do retardo definido, considerando fundamentalmente dois tipos de
análise sequencial:
- markoviano18 (McGarry & Franks, 1996): utilizado para descrever a conduta desportiva
observada e para predizer a actuação desportiva;
- retardos (Hernández & Anguera, 2001): que valoriza a resposta da acção que se espera de
uma equipa partindo da conduta anterior com vista à preparação de uma equipa através da
simulação de jogo.
Os investigadores têm utilizado vários métodos de análise recorrendo à análise sequencial
(Ardá, 1998; Hernández, Villena, Garcia, Orozco & Roldán, 2000), análise de clusters (Sousa,
2000), a análise coordenadas polares (Prudente, 2006) e das unidades de competição (Álvaro
& Dorado, 1995).
A análise dos dados encontra-se condicionada pelo desenho do estudo. A análise sequencial
permite que os dados sejam tratados quantitativamente, proporcionando assim uma melhor
compreensão dos comportamentos, para além do seu carácter fundamentalmente qualitativo.
Contudo, é necessário que a natureza dos dados possibilite o registo sincrónico (dados
concorrentes), diacrónico (dados sequenciais) e da duração (tempo) dos eventos. Se o registo
se realiza mediante o parâmetro duração existem diversas possibilidades de utilização de
software e pela sua relevância e utilidade destacam-se: o SDIS – GSEQ (Sequential Data
Interchange Standard - General Sequential Querier) e o Theme (Magnusson, 1996, 2000).
SDIS-GSEQ
É um software que realiza análise sequencial, pela leitura de ficheiros do tipo MDS.
Proporciona operações estatísticas sequenciais como tabelas de frequência de retardo, qui-
quadrado, resíduos ajustados e ainda realiza vários tipos de modificações de dados
(recodificações, agrupamentos e encadeamento de códigos de conduta, através de linguagem
de programação própria. Esta linguagem é considerada ideal para descrever dados sequenciais
obtidos pela observação directa de comportamentos individuais, díades e/ou grupos
(Bakerman & Quera, 1996).
Theme
Uma das técnicas analíticas mais recentes, nestes últimos anos, é a detecção de padrões
temporais registada em fotogramas (frames) (sendo possível realizá-la em outras unidades
convencionais de tempo) e que tem vindo a ser conseguido através do software Theme. O
Theme é um programa que permite detecção de padrões temporais – t-patterns – pela análise
estrutural intensiva dos dados considerando a ordem, o tempo e a estrutura hierárquica,
através de um único algoritmo (t-model). Possibilita a opção de filtragem de padrões em
função de critérios, quantitativa e qualitativamente estabelecidos para os objectivos do estudo
18 Uma cadeia de Markov é uma sucessão de variáveis aleatórias cujo seu estado presente não depende
do seu estado no passado (Weisstein, 2006).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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- como a frequência, a complexidade e estrutura - (Magnusson, 1996, 2000). A grande
vantagem dos padrões temporais é permitir a detecção de estruturas temporais particulares
(Anguera, 2004), o que facilita a detecção de estruturas ocultas.
Através de um dendograma, o Theme possibilita a representação das acções que ocorrem
numa ordem, com as distâncias, quanto ao número de frames, que permanecem
relativamente imutáveis, dentro de um intervalo crítico temporal previamente fixo.
De seguida serão apresentados os principais resultados dos estudos realizados em Portugal
que recorreram à análise sequencial para o tratamento dos dados recolhidos da análise do
jogo de Andebol (Tabela 1).
Ribeiro e Silva (2002) ao analisarem as selecções classificadas nos 4 primeiros lugares no
Campeonato da Europa da Suécia, pretenderam verificar a existência de padrões de conduta
entre as zonas onde ocorreram golo e os meios tácticos de grupo que originaram a situação de
ruptura e a sua relação com o resultado final. Pela análise sequencial concluíram que o meio
táctico penetrações sucessivas é uma conduta que induz ao golo e à finalização na zona dos
extremos e que os meios tácticos de grupo cruzamento e permuta são condutas que induzem
a obtenção do golo na primeira linha ofensiva. Verificaram ainda que o meio táctico de grupo
bloqueio é uma conduta que induz a obtenção do golo na segunda linha ofensiva.
Coelho (2003) analisou os jogos da equipa de Andebol do Futebol Clube do Porto de
2002/2003 e estabeleceu uma relação entre os vários sistemas defensivos e resultados do
ataque, recorrendo à análise sequencial. Como principais conclusões destacaram-se:
- a existência de um padrão de conduta para o sucesso da defesa que é activado pela
finalização do ataque na primeira linha ofensiva;
- a existência de um padrão de conduta para o insucesso da defesa que é precedido
pela finalização do ataque na segunda linha ofensiva;
- a finalização na primeira linha ofensiva é activada a partir de passes entre o central e
o lateral, ou de lateral para lateral, em ataques com duração até 10 segundos;
- a finalização na segunda linha ofensiva é activada por passes do extremo para o
lateral, extremo para o pivot, central para o pivot, em ataques com duração
compreendida entre os 10 e os 30 segundos.
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Tabela 1 - Estudos portugueses no âmbito da análise de jogo que utilizaram a análise sequencial
Autor
Principal Ano Título
Ribeiro, B. 2002 A importância dos meios tácticos de grupo ofensivos na obtenção do golo em Andebol. Um
estudo com recurso à análise sequencial.
Coelho, J. 2003 A defesa no Andebol. Um estudo com a equipa do Futebol Clube do Porto participante no
Campeonato 2002/2003 da Liga Portuguesa de Andebol.
Tavares, R. 2003 Caracterização do contra-ataque em equipas de andebol feminino. Um estudo realizado com
equipas participantes no Campeonato da Europa de 2002.
Veloso, M. 2003 Análise da oposição do guarda-redes de Andebol com remates de 1ª linha. Um estudo com
equipas participantes na Liga Portuguesa de Andebol.
Prudente, J. 2004 Caracterização do contra-ataque durante o Campeonato da Europa de Andebol de 2002.
Prudente, J. 2005 Análise dos indicadores de sucesso no contra-ataque em Andebol. Estudo do Campeonato da
Europa de Andebol de 2002, com recurso à análise sequencial.
Prudente, J. 2006 Análise da performance táctico-técnica no Andebol de alto nível.
Ferreira, N. 2006 O processo ofensivo em desigualdade numérica no Andebol. Um estudo com recurso à
análise sequencial.
Ferreira, D. 2006 Métodos de jogo ofensivo na transição defesa-ataque em Andebol. Estudo do contra-ataque
e do ataque rápido com recurso à análise sequencial.
Freitas, O. 2007 Metodologia observacional no Andebol. Análise às acções ofensivas da selecção campeã do
Mundo 2007.
Prudente, J. 2007 Análise da interacção guarda-redes/defensor durante o jogo de Andebol, com recurso à
análise sequencial.
Prudente, J. 2008 Analysis of tactical means leading to goal shooting in high level Handball using sequential
analysis and polar coordinates.
Prudente, J. 2008a O time-out no Andebol: análise da tomada de decisão do treinador na utilização do desconto
de tempo durante a competição no Campeonato da Europa de 2008.
Lima, J. 2008 Análise do jogo em Andebol. Estudo do processo defensivo da equipa de Espanha no
Campeonato do Mundo de 2005.
Prudente, J. 2008 Análise da performance táctico-técnica em Andebol de alto nível. Estudo das sequências
ofensivas em diferentes relações numéricas.
Prudente, J. 2008 Analysis of the relation between the mode of regaining the ball, the area where this occurs and whereto the 1st action with ball is made in high level world Handball in male seniors.
Silva, A. 2008 Modelação táctica do processo ofensivo em Andebol. Estudo de situações de igualdade
numérica 7 vs 7, com recurso à análise sequencial.
Silva, J. 2010 A utilização em Andebol da reposição rápida depois do golo e do ataque em sistema após
golo sofrido.
Veloso (2003) procurou identificar os aspectos que influenciaram o sucesso dos guarda-redes
na defesa a remates da primeira linha ofensiva, utilizando a análise sequencial. A amostra foi
composta por todas as acções do guarda-redes nos jogos da Liga Portuguesa de Andebol
2002/2003, destacando-se as seguintes conclusões:
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 48
- o golo marcado foi activado pelo deslocamento do guarda-redes para o lado
contrário ou ainda pela tentativa de defesa com impulsão com a perna contrária ao do
lado da bola, quando ocorreu um remate cruzado;
- a defesa do guarda-redes foi activada pela técnica de defesa a duas mãos, quando o
remate é realizado ao primeiro poste;
- a defesa em queda é activada pelo remate no primeiro poste e pela oposição com
contacto.
Prudente, Garganta e Anguera (2004, 2005) pretenderam caracterizar o processo do contra-
ataque para identificar os padrões de conduta que traduziram a eficácia nas sete selecções
melhor classificadas no Campeonato da Europa 2002, recorrendo à análise sequencial
retrospectiva. A amostra foi constituída por 306 sequências ofensivas de contra-ataque. As
principais conclusões indicaram que:
- durante a primeira parte dos jogos ocorreram a maioria das sequências de contra-
ataque (52%), com maior frequência entre os 20 e os 30 minutos e menor entre os 50
e os 60 minutos;
- a maioria das sequências decorreram em situações de igualdade 6x6 (69,9%) e em
superioridade numérica 6x5 (20,95%);
- a recuperação da bola, que antecedeu o início do contra-ataque em igualdade
numérica, foi realizada 52,8% através dos jogadores de campo e quando em
inferioridade numérica 87,5%;
- a eficácia no contra-ataque, em igualdade numérica 6x6, foi superior quando a
recuperação da bola foi efectuada pelo guarda-redes sem defesa da bola (38,9%),
quando comparada com os jogadores de campo sem ressalto defensivo (37,8%). No
entanto foi inferior quando a recuperação da bola foi realizada após defesa do guarda-
redes (27,3%);
- a eficácia no contra-ataque, em situações de superioridade numérica 6x5, foi maior
quando a bola foi recuperada pelos jogadores de campo, sem ressalto defensivo
(46,2%) e quando comparada com o guarda-redes após defesa (41,7%). Foi ainda
inferior, quando a recuperação da bola foi realizada pelos jogadores de campo com
ressalto (25%);
- em situações de inferioridade numérica 5x6, todas as recuperações da bola foram
efectuadas pelos jogadores de campo e aquelas com maior eficácia foram as que não
resultaram de ressalto defensivo (44,4%);
- a maioria dos contra-ataques iniciou-se com passe curto (69,9%), o drible foi utilizado
em 18,6% e o passe longo apenas em 6,9%;
- os contra-ataques mais eficazes foram os que se iniciaram com passe longo (57,1%);
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- a eficácia foi também superior quando participaram dois (45,2%) e três (36,6%)
jogadores;
- a principal causa de interrupção do contra-ataque foi a falta sofrida (37,7%);
- a recuperação da bola pelos jogadores de campo é activada pela utilização do drible
para dar início ao contra-ataque. No entanto a recuperação da bola pelo guarda-redes
é activada pela utilização do passe curto para dar início ao contra-ataque;
- o drible é a acção que tem uma probabilidade significativa de anteceder a
interrupção do contra-ataque por falta sofrida;
Prudente (2006) pretendeu neste estudo determinar padrões sequenciais de comportamento
das selecções, analisando a utilização dos meios tácticos ofensivos, a acção do guarda-redes
em interacção com o rematador e com o defensor e as diferentes interrupções de jogo,
recorrendo à análise sequencial, prospectiva e retrospectiva. A amostra deste estudo foi
constituída por 3170 sequência de 25 jogos das fases finais do Campeonato da Europa de 2002
e do Campeonato do Mundo de 2003 das selecções classificadas nos 8 primeiros lugares de
cada competição. Este trabalho apresenta um leque de conclusões bastante detalhado, pelo
que serão apenas apresentados os principais resultados gerais e aqueles referentes ao
processo defensivo. Neste sentido, o autor conclui que:
a) é significativa a probabilidade da cooperação guarda-redes/defensor influenciar a
eficácia do guarda-redes na defesa da baliza.
Os resultados da análise sequencial prospectiva permitiram afirmar que:
- o comportamento de antecipação do guarda-redes para o ângulo comprido
apresentou uma probabilidade significativa de anteceder a parada da bola em ambas
as competições;
- o comportamento de antecipação do guarda-redes para o ângulo curto apresentou
uma probabilidade significativa de anteceder a acção de parada da bola no
Campeonato da Europa de 2002;
- o comportamento sem colaboração do guarda-redes com o defensor apresentou uma
probabilidade significativa de anteceder a acção sem parada da bola, em ambas as
competições;
- a conduta do defensor ao contactar o rematador apresentou uma probabilidade
significativa de anteceder a parada da bola em ambas as competições;
- o comportamento do defensor ao realizar bloco ao remate em ambas as
competições, apresentou a probabilidade significativa de não sofrer golo;
- os comportamentos do defensor, não colocado entre o rematador e a baliza são
comportamentos com uma probabilidade significativa de anteceder a um golo sofrido.
Os resultados da análise sequencial retrospectiva, a partir das condutas critério
relativas ao modo de recuperação da bola, permitiram afirmar que:
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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- no Campeonato da Europa de 2002, a recuperação de bola por ressalto defensivo
apresentou uma probabilidade significativa de ser activada quando o defensor realiza
bloco de proximidade, afastado, de contacto com o rematador ou quando o guarda-
redes se baixa caindo para o lado da bola e antecipa o ângulo curto;
- no Campeonato do Mundo de 2003, o guarda-redes ao antecipar o ângulo comprido
e defender com o membro inferior apresentou uma probabilidade significativa de
anteceder a recuperação da bola após ressalto defensivo;
- no Campeonato da Europa de 2002, o defensor não colocado ou o guarda-redes sem
colaboração com o defensor apresentaram uma probabilidade significativa de
recuperarem a posse de bola após golo sofrido;
- no Campeonato do Mundo de 2003, o guarda-redes com saída em apoio e sem
colaboração com o defensor apresentaram uma probabilidade significativa de
recuperarem a posse de bola após golo sofrido.
b) é significativa a probabilidade do modo de recuperação da bola influenciar o modo de
início da sequência ofensiva:
Os resultados da análise sequencial prospectiva permitiram afirmar que a recuperação
da bola:
- pelo guarda-redes após defesa tem uma probabilidade significativa de activar um
passe curto no Campeonato da Europa de 2002 e um passe longo no Campeonato do
Mundo de 2003, como modo de início da sequência;
- pelo guarda-redes sem efectuar defesa tem uma probabilidade significativa de activar
o passe longo, como modo de início da sequência, em ambas as competições;
- após ressalto defensivo existe uma probabilidade significativa de activar o drible
como modo de início da sequência, em ambas as competições;
- através de intercepção ou desarme existe uma probabilidade significativa de activar o
drible como modo de início da sequência, em ambas as competições.
c) é significativa a probabilidade do modo de recuperação da bola influenciar a zona para
onde é efectuada a primeira acção com bola da sequência ofensiva;
d) a interrupção da sequência ofensiva por falta sofrida, apresenta uma probabilidade
significativa de activar o golo de 7 metros;
e) a não ocorrência de interrupção da sequência por falta sofrida evidencia uma
probabilidade significativa de activar o golo;
f) não é possível concluir que é significativa a probabilidade das interrupções por faltas
sofridas influenciarem o resultado da sequência;
g) é significativa a probabilidade da utilização de meios tácticos anteriores à finalização
influenciar a eficácia das sequências:
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Os resultados da análise sequencial retrospectiva permitirem afirmar que:
- os meios tácticos 1x1, passe picado, passe de ruptura e entrada apresentaram uma
probabilidade significativa de anteceder o golo em ambas as competições;
- a não utilização de meios tácticos anteriores à finalização apresentou uma
probabilidade significativa de anteceder a finalização com remate não concretizado em
golo.
h) é significativa a probabilidade da relação numérica influenciar a eficácia das
sequências:
Os resultados da análise sequencial retrospectiva permitem afirmar que:
- a zona correspondente à segunda linha ofensiva apresentou uma probabilidade
significativa de anteceder o golo, independentemente da relação numérica em ambas
as competições;
- o meio táctico entrada apresentou uma probabilidade significativa de anteceder o
golo, em situação de igualdade numérica, em ambas as competições;
- o meio táctico 1x1 apresentou uma probabilidade significativa de anteceder o golo no
Campeonato do Mundo de 2003, tanto em igualdade como em inferioridade numérica;
- as zonas correspondentes à primeira linha ofensiva do jogador central e do lateral
esquerdo apresentaram uma probabilidade significativa de ocorrer antecedendo um
remate não concretizado em golo, tanto em igualdade como em superioridade
numérica, em ambas as competições;
- a não utilização de meios tácticos anteriores à finalização apresentou uma
probabilidade significativa de anteceder ao remate não concretizado em golo, tanto
em igualdade como em superioridade numérica;
- a zona correspondente à primeira linha do jogador central apresentou uma
probabilidade significativa de anteceder a finalização da sequência sem remate, numa
relação de igualdade numérica, em ambas as competições.
Ferreira, D. (2006) recorreu à análise sequencial para caracterizar as sequências ofensivas que
influenciam o sucesso do contra-ataque e do ataque-rápido em equipas de alto nível. A
amostra consistiu em 359 sequências de 11 jogos do Campeonato do Mundo de 2005. Do
resultado da análise de detecção de padrões para a categoria resultado final do contra-ataque,
conclui que:
- o remate foi activado pela colocação do atacante na segunda linha ofensiva, numa
situação isolada com o guarda-redes, após contra-ataque directo originada numa
intercepção na recuperação defensiva do adversário;
- o ataque posicional apresentou uma probabilidade significativa de ser antecedido,
pela colocação do atacante na primeira linha ofensiva, na sequência de um ataque
rápido com início numa defesa do guarda-redes;
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
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- a paragem do contra-ataque com uma falta origina um lançamento livre de 9 metros,
activada pela colocação do atacante na primeira linha ofensiva numa situação 1x1 ou
1x2 e com origem numa entrada em posse de bola devido a mau passe do adversário;
Após uma análise prospectiva ao processo defensivo foi possível destacar que o sistema
defensivo 3:2:1 activa a perda de posse de bola pelo adversário por mau passe ou falta técnica
dando origem ao contra-ataque apoiado.
Ferreira, N. (2006a) analisou, com recurso à análise sequencial, as acções de ruptura no
processo ofensivo em desigualdade numérica, nas 566 sequências de 18 jogos do Campeonato
do Mundo de 2005 e dos Jogos Olímpicos de 2004. As principais conclusões indicaram que:
- o ataque posicional é a fase do processo ofensivo que as equipas preferem utilizar;
- foram detectados padrões sequenciais para o ataque posicional, mas não se verificou
o mesmo para o contra-ataque;
- as selecções optaram por utilizar os meios tácticos individuais em vez dos de grupo;
-o 1x1 é o meio táctico individual mais utilizado;
- em superioridade numérica:
- o golo apresentou uma probabilidade significativa de ser antecedido por
passes de ruptura, provocando finalização isolada contra o guarda-redes, na
segunda linha ofensiva do lado direito e centro e a conquista de livres de 7
metros;
- o remate falhado foi activado pelo remate da primeira linha ofensiva, com
bloco defensivo da zona central e do lateral esquerdo;
- em inferioridade numérica:
- o golo foi activado por desmarcações, passe de ruptura ou ressalto, que
possibilitaram a finalização isolada contra o guarda-redes, na ponta esquerda,
lateral esquerdo e na zona central da segunda linha ofensiva ou pela conquista
de livres de 7 metros;
- o insucesso das acções ofensivas apresentou a probabilidade de ser activada
por remates da primeira linha ofensiva com bloco defensivo duplo.
Os resultados de Ferreira, N. (2006a) não confirmaram os resultados de Ribeiro e Silva (2002),
uma vez que apontaram os meios tácticos individuais como os mais utilizados e também não
detectaram nenhum padrão de conduta para o golo e para os meios tácticos de grupo
analisados.
Prudente (2007) pretendeu verificar a influência da interacção entre os defensores e o guarda-
redes na eficácia deste último, recorrendo à análise sequencial. A amostra consistiu nos
comportamentos de colaboração observáveis dos guarda-redes e dos defensores, nas
sequências ofensivas, dos 25 jogos das fases finais dos Campeonatos da Europa de 2002 e do
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Mundo de 2003. Os resultados permitiram afirmar que provavelmente a cooperação guarda-
redes/defensor influencie a eficácia do guarda-redes, quando:
- o comportamento sem colaboração do guarda-redes com o defensor apresentou uma
probabilidade significativa de anteceder a acção sem parada da bola, nas duas
competições;
- o defensor contactou com o rematador existiu uma probabilidade significativa de
anteceder a parada da bola em ambas as competições, bem como a recuperação da
bola após ressalto defensivo na sucessão de defesa do guarda-redes;
- o defensor realiza bloco ao remate, existe uma probabilidade significativa da equipa
não sofrer golo, em ambas as competições;
- o defensor, não se coloca entre o rematador e a baliza, existe uma probabilidade
significativa de anteceder a recuperação da bola após golo sofrido.
Freitas (2007), teve como objectivo analisar, caracterizar e identificar padrões de conduta,
multidimensionais no processo ofensivo durante as sequências de contra-ataque e ataque
rápido da selecção da Alemanha. A amostra foi constituída pelas 125 sequências que deram
origem ao contra-ataque e ataque rápido, registadas nos 8 jogos da referida selecção no
Campeonato do Mundo de 2007 e de mais um no Campeonato do Mundo de 2005. As
principais conclusões deste estudo indicaram que foram: encontrados padrões completos de
contra-ataque e ataque directo e apoiado, contudo não se obtiveram de ataque rápido,
registando-se elevada eficácia na finalização (85%). As principais formas de recuperação de
bola foram realizadas por acções defensivas dos jogadores de campo (desarme, intercepção e
ressalto defensivo) e pelas faltas técnicas dos adversários. A zona onde ocorreram mais
recuperações de bola foi a zona central entre a primeira e a segunda linha defensiva. O contra-
ataque foi desenvolvido para zonas mais avançadas do campo (lateral direito e lateral
esquerdo). As formas de finalização com sucesso mais registadas foram um contra o guarda-
redes, 1x1, em igualdade e em inferioridade numérica.
Lima (2008) analisou os jogos da selecção de Espanha no Campeonato do Mundo de 2005,
recorrendo à análise sequencial, para estudar o seu comportamento tendo em consideração a
relação numérica absoluta e a diferença no marcador. O autor obteve as seguintes conclusões:
- em superioridade numérica o golo marcado activou o ataque organizado do
adversário e um sistema defensivo misto por parte da selecção de Espanha;
- em igualdade numérica, o golo marcado activou o ataque organizado do adversário e
o sistema defensivo 6:0;
- a perda de bola através de uma falta técnica pela selecção de Espanha activou o
ataque rápido ou contra-ataque apoiado do adversário;
- em superioridade numérica, a falta técnica activou a utilização do contra-ataque
apoiado com uma recuperação defensiva “deficiente” pela selecção de Espanha;
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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- em igualdade numérica, a falta técnica activou o contra-ataque apoiado que
culminou com um lançamento de 9 metros;
- quando o marcador de jogo se encontrava normal ou desequilibrado registou-se o
padrão de conduta para o golo marcado para a selecção de Espanha, sendo activados o
contra-golo e o ataque organizado; e activou apenas o ataque organizado quando o
marcador foi considerado desequilibrado;
- quando o marcador de jogo foi considerado equilibrado o sistema defensivo misto
activou o roubo de bola ou a marcação de jogo passivo;
- quando o marcador se encontrava desequilibrado, o sistema defensivo misto activou
o bloco.
Prudente, Lopes, Fernando (2008), procuraram analisar a utilização do time-out durante o
Campeonato da Europa de 2008 e as decisões dos treinadores para a sua solicitação. Desta
forma foram observados 23 jogos: 18 da fase principal da competição e outros 5
correspondentes às finais do primeiro ao 6º lugar. Foi utilizada a análise sequencial de
transições para estudar os dados recolhidos. O autor conclui que os treinadores que
solicitaram o desconto de tempo tendo em consideração: o resultado do marcador, antes do
marcador parcial de jogo registar uma diferença de 5 ou mais golos, em que a maioria (53,7%)
ocorreu nos últimos 5 minutos da primeira parte. Os treinadores interviram mais de forma
reactiva face a acontecimentos negativos e menos pró-activa quando em êxito (quando a
equipa estava empatada ou a vencer). Excepção feita para os minutos finais das primeira e
segunda partes dos jogos, em que maioritariamente, foram as selecções que se encontram a
vencer que solicitaram a paragem de jogo. A perda da bola no ataque apresentou uma
probabilidade significativa de anteceder à decisão de ser pedido um desconto de tempo, por
outro lado o golo apresentou uma probabilidade significativa de inibir essa decisão.
Silva (2008) pretendeu analisar as acções tácticas do jogo que contribuiram para a
diferenciação entre selecções vencedoras e vencidas, em situações de igualdade numérica 7x7,
recorrendo à análise sequencial prospectiva pela técnica de retardos. A amostra foi constituída
8965 sequências ofensivas de 44 jogos do Campeonato da Europa de 2006. Do estudo foi
possível indicar que a análise sequencial permitiu a detecção de diversos padrões de conduta,
distinguindo as selecções vencedoras das vencidas. As selecções vencedoras procuraram
finalizar em contra-ataque directo após uma falta técnica do adversário. Para as selecções
vencidas a utilização de contra-ataque apoiado apresentou a probabilidade significativa de
activar a perda de bola (falta técnica ou desarme). As selecções vencedoras apresentaram
padrões de finalizam distintos, no ataque em sistema, em função da sequência ofensiva
utilizada. Ainda no ataque em sistema as selecções vencidas apresentaram padrões de
finalização que activaram o bloco adversário. Para ambos os tipos de selecções analisadas a
finalização do ataque através de lançamentos livre de 9 metros apresentaram um padrão de
finalização inibidor do golo.
Prudente (2008) pretendeu analisar a relação entre o modo de recuperação de bola, o local de
ocorrência e para onde foi realizado o primeiro passe no Andebol de alto nível, recorrendo a
análise sequencial por retardos. A amostra foi constituída por 3170 sequências ofensivas, de
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25 jogos dos Campeonatos Europeu de 2002 e do Mundo de 2003, das selecções classificadas
nos 8 primeiros lugares. As principais conclusões do estudo indicaram que é possível
determinar a probabilidade do modo como a recuperação de bola influencia o local onde
ocorre e, a área para onde a primeira acção é realizada:
- uma defesa do guarda-redes induz à probabilidade da recuperação da bola ser
realizada na área de baliza e o passe ser realizado para as zonas do central e do lateral
perto da linha dos 7 metros;
- a recuperação da posse de bola pelos defensores após desarme ou intercepção
apresentou a probabilidade do guarda-redes sair da área de baliza e induzir a primeira
acção para perto da linha do meio campo;
- a recuperação de bola pelos defensores após ressalto defensivo apresentou a
probabilidade significativa de ocorrer na área de baliza, induzindo a primeira acção a
ser direccionada para as zonas laterais perto da linha dos 7 metros.
Silva (2010) pretendeu descrever e analisar padrões de conduta na fase ofensiva que
permitiram distinguir as equipas vencedoras das vencidas em função do golo sofrido e a sua
repercussão no marcador, em situação de igualdade numérica 7x7, com recurso à análise
sequencial prospectiva com a técnica de retardos. A amostra foi constituída por 8965
sequências ofensivas de 44 jogos do Campeonato da Europa de 2006. Foi possível identificar
padrões de conduta para as selecções vencedoras e para as vencidas. As selecções vencedoras
utilizam com menor frequências a reposição rápida após golo sofrido do que as selecções
vencidas, em momentos muito particulares quando de encontram em desvantagem por 1, 2
ou 3 golos. As selecções vencedoras apresentaram uma tendência em pressionar os
adversários a partir do momento que se encontraram em desvantagem. Em momentos que o
jogo se encontrava desequilibrado a favor das selecções vencedoras estas optaram por utilizar
o ataque em sistema em vez da reposição rápida.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Síntese
A necessidade para uma compreensão mais rigorosa do que influencia o desempenho das equipas e
jogadores, cativou a investigação para a análise do jogo.
Os primeiros estudos científicos efectuados em Andebol centraram-se inicialmente nas características
antropométricas e fisiológicas. Este tipo de estudo são considerados como analíticos, uma vez que
foram feitos não tendo em conta o contexto do jogo (Magalhães, 1999; Silva, 2000; Volossovitch, 2005;
Prudente, 2006), contudo permitiram traçar um perfil dos jogadores, fornecendo dados relevantes para
a condução do processo de treino. Constatou-se que a análise dos jogos das competições internacionais
constituiu grande parte das amostras e que foram realizados sobre os indicadores de rendimento, no
final de cada jogo. Antes de 2000, a análise tinha-se centrado no registo de frequência de acções
técnico-tácticas realizadas pelos jogadores, enquadrando-se no conceito descritivo, pouco adequado às
questões multidimensionais do jogo, conforme mencionou Varejão (2004).
Os estudos analisados recorreram a indicadores gerais de jogo para responder sobre qual seria o
estado actual do jogo de Andebol e as suas tendências. Contudo fizeram-no, em grande maioria,
analisando dados que não contemplavam variáveis que definiam o contexto no qual o jogo e as acções
ocorreriam. Devido à importância das questões tácticas, têm vindo a aumentar os estudos sobre esta
componente para entender a forma como diversos factores, mas de uma forma contextualizada,
contribuem para o desempenho desportivo (Magalhães, 1999; Silva, 2000; Volossovitch, 2005;
Prudente, 2006).
A complexidade dos problemas subjacentes à análise de jogo de Andebol requerem um conjunto de
técnicas que permitam analisar a estrutura contextual e multidimensional dos dados. Os trabalhos que
recorreram à análise sequencial quase todos utilizaram o software SDIS-GSEQ que permitiu registar e
analisar dados sequenciais de eventos, prospectiva e retrospectivamente. Somente Freitas (2007)
recorreu à utilização do software Theme. A utilização de novas ferramentas estatísticas para a análise
de jogo, como o Theme, possibilitou a detecção e a representação dos padrões temporais permitindo
uma abordagem de tratamento dos dados numa perspectiva multidimensional.
Os estudos que utilizaram o processo ofensivo como objecto de análise aparecem em maior número
que os estudos que sobre o processo defensivo (Varejão, 2004; Gomes & Volossovitch, 2008).
Foi possível verificar que a análise do desempenho no jogo de Andebol deve considerar a oposição, a
diferença verificada no marcador e o tempo de jogo decorrido, conforme indicou Volossovitch (2005).
Poucos têm sido os estudos que têm tido em conta o facto de as equipas poderem variar os seus
padrões de jogo de acordo com as características da oposição oferecida pelo adversário (Garganta,
2001). A análise dos estudos realizados permitiu concluir que o sistema defensivo, na sua variabilidade
de utilização, funcionamento, associação ao êxito a factores como a zona do campo, o tempo de jogo,
as falhas técnicas e as fases de jogo, são as variáveis mais estudadas, contudo a literatura não clarifica
os comportamentos utilizados pelos defesas neste método de jogo organizado e/ou em combinação
com a posição da bola, sistema defensivo e a posição do pivot adversário.
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2.5. Objectivos e Aplicação da Análise de Jogo A análise de jogo apresenta como objectivos fundamentais (Nevill, Atkinson, Hughes, &
Cooper, 2002; Nevill, Atkinson, & Hughes, 2008; Borrie, Jonsson & Magnusson, 2002;
Garganta, 2007; Lames, 2003; Antón Garcia, 2000): identificar os factores e eventos críticos
que condicionam o desempenho das equipas e jogadores, medir a performance individual e
colectiva, caracterizar a interacção inter e intra equipas, analisar a estrutura do jogo, fornecer
auxílio aos treinadores na tomada de decisão e também para fins formativos e educacionais.
Apesar de reconhecida a importância da análise de jogo para fins educacionais, a publicação da
aplicação nesta área é escassa (Nevill, Atkinson & Hughes, 2008). Uma das potencialidades de
aplicação foi demonstrada por More e Franks (1996) para o futebol. Hodges e Frank (2002),
Hodges, Williams, Hayes e Breslin (2007) e Horn, Williams e Scott (2002) mostraram como
treinadores e jogadores podem beneficiar do feedback visual. Para além dos referidos
objectivos da análise de jogo importa neste capítulo abordar as potencialidades de aplicação
na formação do treinador.
2.5.1. Análise de Jogo para Fins Educacionais: a formação de treinadores A educação e o treino dos atletas são uma das principais preocupações para o
desenvolvimento qualitativo do Andebol, daí a necessidade contínua da promoção da
qualidade de intervenção dos técnicos e restantes agentes desportivos. O treinador tem por
princípio as funções de dirigir, orientar, enquadrar e coordenar de forma autónoma a
preparação, aperfeiçoamento e rentabilização da prestação dos jogadores e das equipas.
A actividade de treinador é essencialmente uma actividade social constituída pela interacção
de treinadores com os jogadores (Jones, Armour & Potrac, 2002). Durante um jogo os
treinadores têm que tomar diversas decisões, muitas delas arriscadas, irreversíveis, com um
elevado grau de incerteza (pelo resultado e pelo que realmente é necessário fazer) e ainda
sobre pressão (Salmela & Moraes, 2003; Sequeira, Rodrigues & Hanke, 2006). A utilização de
conhecimentos do domínio específico da modalidade revela-se consensual para o sucesso dos
treinadores (Gilbert & Trudel, 2004). Alguns dos muitos aspectos que o treinador deve
dominar são: o conhecimento específico do jogo (técnicas, tácticas, estratégias) e o
conhecimento relacionado com as matérias base do treino (princípios do treino, fitness,
nutrição, análise do movimento, etc.) de acordo com o Coaching Review Panel (1991).
Um dos elementos para o desenvolvimento profissional do treinador é a oportunidade de
interacção com os seus pares. A formação de treinadores deve basear-se num conjunto claro
de finalidades direccionadas para a resolução de problemas e o entendimento das situações de
jogo. A observação do trabalho de treinadores de topo nos programas de formação de
treinadores deveria ser um requisito de formação (Jones, Armour & Potrac, 2005), uma vez
que o treino e a situação de competição representam um processo de natureza dinâmico no
qual é difícil capturar e traduzi-lo num modelo representativo (Franks & Goodman, 1986; Fairs,
1987; Côte, et al., 1995; Sherman, et al., 1997; Lyle, 2002).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 58
O estudo do jogo, a partir da observação do comportamento dos jogadores e das equipas, tem
vindo a construir um forte argumento para a organização e avaliação dos processos de ensino
e treino nos jogos desportivos colectivos (Garganta, 1998). O estudo do comportamento dos
jogadores e das equipas em competição, possibilita a representação de modelos de actividade
de jogadores e equipas. Desta forma poderá ser possível avaliar táctica e tecnicamente uma
equipa, transmitir informação de retorno para os treinadores e jogadores e, organizar e
desenvolver bases de dados para modelação (Hughes & Frank, 1997). Através da elaboração
de modelos será possível entender quais aqueles que são mais eficazes para definir estratégias
de trabalho (preparação e condução dos jogos, organização das situações de ensino–
aprendizagem do jogo).
Os treinadores têm de adquirir várias competências para desempenharem com sucesso as
suas funções e papéis numa equipa. Para o âmbito deste capítulo destacam-se as seguintes
competências:
- conhecimento do jogo: a actividade de treinador para além das outras valências do
treino e sociais, têm obviamente de ter um conhecimento profundo dos fundamentos
da modalidade que em que é actor, principalmente no processo de tomada de decisão
táctica;
- a capacidade de actualização permanente: uma vez que a evolução do jogo requer
que o treinador esteja em permanente alerta das novidades, reformulações das regras,
métodos de treino, etc.. Neste sentido, o acesso e utilização das novas tecnologias da
informação apresentam-se como fundamentais.
A exigência das competições e a especificidade que existe em cada modalidade requer que o
treinador detenha conhecimentos adequados às situações em que se enquadra. Assim, os
programas de formação de agentes desportivos têm evoluído ao longo das últimas décadas,
passando do paradigma do treinador exclusivamente ex-praticante para o reconhecimento da
necessidade de profissionais especializados em treino e competição desportiva.
Estas alterações verificadas nas últimas décadas são reflexo da importância social, económica
e educativa do treino desportivo. Uma das iniciativas mais relevantes na Europa é o programa
AEHESIS (Aligning European Higher Education Structure in Europe) promovido pela ENSSEE
(European Network of Sport Science, Education & Employment). Este programa tem como
objectivo clarificar e unificar os distintos programas de formação de agentes desportivos nos
países membros da União Europeia. Dos principais resultados deste programa destaca-se o
ordenamento da classificação dos níveis dos cursos de formação, perfazendo uma carreira
uniforme no seio da Europa. Esta carreira apresenta um considerável número de horas de
formação e de prática (ENSSEE, 2007).
O número de horas de formação requer um dispêndio de tempo que muitas vezes os
treinadores em actividade não dispõem, principalmente para atender a cursos presenciais,
dentro dos calendários muito competitivos e limitados. Uma das possibilidades para combater
esta abstinência espacio-temporal é a utilização das novas tecnologias de informação através
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das plataformas LMS (Learning Management System19
: e-learning20
e o v-learning21). Estas
alternativas manifestam vantagens do ponto vista financeiro e temporal uma vez que
permitem aos formandos acederem aos conteúdos dentro da sua própria disponibilidade22.
Contudo estes meios de interacção apresentam ainda alguma incapacidade/dificuldade para
demonstrar questões de ordem táctica, uma vez que estas plataformas não suportam as
variadíssimas aplicações de reprodução de diagramas e vídeos interactivos dos formadores; ou
requerem recursos que os formandos não dispõem.
De uma forma geral as questões de ordem táctica representam quase sempre um momento de
debate que exige uma disponibilidade e interacção do formador para os formandos, que se
numa actuação in vivo, com a demonstração a ser realizada por jogadores é aquela que mais
se aproxima da realidade, por outro lado a distância às alternativas como o vídeo não
permitem o melhor acesso à discussão de opções às situações tácticas apresentadas. A
simulação tridimensional tem sido utilizada para estudos laboratoriais (fisiológicos e
biomecânicos, técnicos e tácticos). Contudo estas situações ainda apresentam alguma
dificuldade na demonstração de alternativas no que se refere à aprendizagem e domínio dos
comandos base para a exemplificação de novas simulações e criação de novas apresentações
online.
Na formação de agentes desportivos não existe um seguimento histórico/científico acerca dos
meios e métodos utilizados. Crê-se que estes têm acompanhado a evolução tecnológica e
científica à medida das suas necessidades: formação presencial, à distância, mista com a
inovação tecnológica a esta associada. Nas modalidades desportivas colectivas é prática
comum o recurso a grupos de demonstração para desempenharem procedimentos técnicos,
tácticos e físicos. Esta prática recorrente leva a que seja necessário dispor de capital humano,
recursos espaciais e materiais por vezes muito dispendiosos. O recurso à utilização de modelos
de demonstração pela visualização de vídeo apresenta-se como um método menos
dispendioso, contudo com algumas limitações no que se refere ao tempo de realização,
execução, manutenção da qualidade do trabalho ao longo do tempo e da sua actualização
19
Learning Management Systems ou Sistema de Gestão de Aprendizagem – é um sistema informático
baseado na Web composto por um conjunto de ferramentas, que de forma automática disponibiliza à
distância conteúdos de aprendizagem, de um ou vários cursos, a utilizadores registados, permitindo-lhes
interagir com o professor, que verifica os progressos e responde às necessidades de cada aluno
(Moodle, 2010). 20
O e-learning originalmente designava qualquer tipo de ensino apoiado por meios electrónicos ou
informáticos. Contudo, actualmente o conceito é quase integralmente empregue exclusivamente para
indicar ensino à distância com recurso a computadores, normalmente focado na auto-aprendizagem
através de recursos didácticos organizados, apresentados em diferentes suportes tecnológicos de
informação e disseminado através da Internet (Masie, 1999). É aqui empregue neste sentido. 21
O v-learning refere-se a ensino (geralmente à distância) com recurso a mundos virtuais. 22
O v-learning integra aspectos assíncronos, em que cada formando acede ao conteúdo de
aprendizagem em momentos independentes do acesso do formador e demais formandos, mas também
aspectos síncronos, em que esse acesso tem de ser, pelo menos em parte, simultâneo. Nesta frase, é
feita referência aos aspectos assíncronos e ao facto de um acesso síncrono ao v-learning não requerer
dos formandos tempo em deslocações nem em estadias, sendo assim mais facilmente integrável na
disponibilidade temporal de cada um.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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(improvisação/alteração das situações) em tempo real. Para colmatar este último aspecto a
utilização de software específico ou aplicado tem sido empregue. No entanto esta prática
apresenta as suas limitações, no que se refere às questões da execução da técnica e
representatividade em termos espaciais das condicionantes tácticas nos ambientes virtuais em
que são apresentados na sua maioria realidades a duas dimensões e, morosas no que se refere
à programação dos movimentos (Lopes, et al., 2008b).
Existem várias ferramentas vocacionadas para o apoio à formação na área de desportiva e
para distintas modalidades (e.g. Dartfish, Digital Video Sport, Express Coaching Ltd, Sfw
Informática, Sportcode, Sportplan), mas que apresentam muitas limitações, quer seja no
processo de interacção 3D, quer na aprendizagem da aplicação ou mesmo na partilha da
informação. Assim, é dado conta da inexistência de um sistema combinado, que permita a um
formador, durante uma sessão de formação, solicitar a reprodução 3D de movimentações
desportivas, parar ou retomar como se de um filme se tratasse, e simultaneamente envolver
um grupo de formandos no processo de análise da movimentação sob diversas perspectivas,
num ambiente onde estão imersos e possam inclusivamente discutir modificações da
movimentação em causa. Muito menos, e consequentemente, a possibilidade de o formador e
formandos interagirem com essa reprodução tridimensional ao vivo, modificando-a ou
alterando-a como ferramenta de apoio à exposição e debate dos conceitos.
Nesta ordem de ideias surge a necessidade de se adequarem os meios de formação para que a
transmissão dos conhecimentos adquiridos da análise de jogo seja realizada de forma
sistemática, exequível, interactiva e pouco dispendiosa. A rentabilização do processo
formativo com recursos às novas tecnologias pode potencialmente produzir alterações
profundas nos meios e modelos de leccionação dos conteúdos, nos métodos de frequência
(síncronos23, assíncronos24, polissíncronos25), na decisão do corpo de prelectores e na forma
avaliar. Face ao exposto torna-se premente o recurso à utilização de métodos que rentabilizem
o investimento formativo.
Os mundos virtuais como plataforma de ensino e de aprendizagem
As novas tecnologias da informação e comunicação têm contribuído para a criação e
desenvolvimento de várias ferramentas no âmbito da formação, educação e investigação nas
mais diversas áreas. A criação e o desenvolvimento de aplicações que concebem pontos de
referência para a transmissão e partilha de conhecimento têm-se generalizado e difundindo ao
longo dos últimos anos (Lopes, et al., 2008a). A Internet revela-se um veículo acessível para a
divulgação de informação e conhecimento, sendo de fácil gestão e rentável do ponto de vista
económico-financeiro (em recursos humanos, materiais e espaciais) uma vez que é possível
atingir um vasto número de potenciais clientes e a qualquer parte do planeta e em qualquer
momento.
23
O método síncrono simula uma sala de aula em ambiente virtual, num horário pré-estabelecido e a
comunicação entre os participantes ocorre em tempo real. 24
No método assíncrono a comunicação é indeferida não existindo interacção em tempo real entre os
participantes. 25
O método polissíncrono refere-se à combinação dos métodos de comunicação síncrona e assíncrona
de forma simultânea.
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Os mundos virtuais tridimensionais multi-utilizador são uma dessas tecnologias, apresentando
novas possibilidades de trabalho colaborativo síncrono, mas também no sentido da melhoria e
humanização dos acessos e transmissão de conhecimentos através da Internet, tendo vindo a
desempenhar um importante papel no desenvolvimento de estratégias inovadoras e eficazes
para o processo de ensino-aprendizagem (Johnson, 2006; Bainbridge, 2007 Bettencourt &
Abade, 2007; Fortney, 2007; Kirriemuir, 2007; Mason, 2007; Richter, Anderson-Inman &
Frisbee, 2007; Morgado, in press). Os mundos virtuais tridimensionais são realidades
alternativas onde os intervenientes interagem entre si e sobre elementos nele presentes. No
campo da formação e educação é reconhecida a sua potencialidade, sendo utilizados por uma
diversidade assinalável de instituições de ensino e formação.
Contudo, a maioria dos mundos virtuais tridimensionais apresenta sérias limitações à criação
de conteúdo pelos próprios utilizadores, sendo geralmente esta criação de conteúdo limitada à
selecção de opções previamente definidas ou utilização de imagens e outros componentes
estéticos. No entanto existem alguns mundos virtuais que possibilitam o desenvolvimento
tecnológico a partir do utilizador. Dado que existem vários modos de se produzirem
simulações tridimensionais (desde às programadas por especialistas (e.g. jogos) às
configuráveis pelos próprios utilizadores que se adequam às necessidades personalizadas. A
novidade dos mundos virtuais é a simplicidade e possibilidade de interacção com que os
utilizadores podem desenvolver os seus próprios conteúdos, neste sentido podem recriar uma
multiplicidade de situações pedagógicas e adequá-las às suas necessidades.
As plataformas de mundos virtuais Second Life Grid (na qual se alicerça o conhecido mundo
virtual Second Life26 e OpenSimulator assumem uma faceta particular de permitir aos
utilizadores, através dos respectivos avatares (Labs, 2008), a possibilidade de criar conteúdo
pessoal de forma colaborativa e partilhá-lo com outros utilizadores (Labs, 2008). Os
utilizadores têm à disposição uma grande variedade de formas de comunicação, tais como
mensagens instantâneas, conversas privadas, comunicação por voz, streaming de vídeo, gestos
e animações (Robbins, 2007).
Estas plataformas constituem uma nova forma de atrair e conquistar os formandos para o
ensino à distância, nomeadamente para o v-learning (Johnson, 2006; Joseph, 2007; Kirriemuir,
2007; Mason, 2007, Richter, Anderson-Inman & Frisbee, 2007). Este ambiente tridimensional
apresenta uma imagem apelativa, perpetrando maior disponibilidade para o desenvolvimento
de actividades.
O ensino e a aprendizagem através destes ambientes apresenta um potencial invejável, uma
vez que permite aos seus utilizadores a imersão num ambiente visual dedicado a um tema.
Assim, optou-se pela utilização de um destes ambientes (nomeadamente o Second Life) para a
construção de uma plataforma de ensino, pela distinção e inovação na concepção de
conteúdos, pela facilidade de implementação de procedimentos de programação de
simuladores e por ser referenciado por investigadores de instituições de ensino e investigação
26 O Second Life é um mundo virtual 3D de interacção social, que é construído pelos seus próprios
“residentes” (utilizadores), reconhecido como um Massively Multiplayer Online Social Game (MMOSG) centrado nas dinâmicas da relação entre os utilizadores e na criação de objectos (Pereira et al., 2007).
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Olímpicos de Pequim 2008
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reputadas (Kirriemuir, 2007, 2008; Freitas, 2008; Warburton, 2009; Esteves, Fonseca,
Morgado, & Martins, 2010; Jorge Pereira et al., 2010;).
Hoje em dia existem mais de 300 instituições (Salmon & Hawridge, 2009), de educação e
formação no Second Life, que marcam a sua presença, desde um simples projecto de turma
até à construção de laboratórios de universidades para a realização de pesquisa e investigação
(e.g. Universidades de Harvard, Stanford, Cambridge) (Labs, 2008).
Ao nível da formação dos treinadores de Andebol, um aspecto com particular interesse é a
reprodução dinâmica de aspectos relacionados com a interacção do jogo, possibilitando uma
melhor compreensão das suas características.
A criação de um local próprio para a realização deste tipo de actividades já se encontra em
curso, tendo sido já apresentado o primeiro campo de Andebol no Second Life, que já esteve
situada na ilha da Utopia VI (ARCI).
Esta tecnologia tem sido experimentada, na criação e simulação de movimentos de Andebol
3D, e encontra-se em desenvolvimento em paralelo com o presente estudo (Lopes, et al.,
2009ab). Neste sentido têm sido: realizadas actividades de formação para analisar a interacção
entre os formandos e o formador, implementado software para o formador interagir com
simulador tridimensional no mundo virtual (Figura 1), realizada a captura de movimentos e de
gestos das acções técnicas dos jogadores de Andebol para produzir as animações dos avatares
no simulador no mundo virtual.
Figura 1 - Representação de uma situação de jogo no Campo de Andebol no Second Life
As actividades de formação têm sido realizadas no mundo virtual Second Life sob a forma de
aulas síncronas (webinars), dos quais se efectua posteriormente a análise de conteúdo dos
logs do chat dos participantes, no sentido de verificar o processo de interacção entre os
mesmos e os temas relacionados com Andebol (Lopes, Sequeira & Rodrigues, 2009b; Lopes &
Sequeira, 2010).
Simultaneamente, tem vindo a ser desenvolvido software (Figura 2) para que futuramente o
formador possa utilizar e controlar avatares pré-programados para realizar simulações
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tridimensionais de situações técnico-tácticas de movimentações do jogo de Andebol (Lopes, et
al., 2009). Desta forma será possível ao formador durante um webinar simular com os bots, em
tempo real, situações de natureza táctica 3D e adaptá-las às necessidades educativas e
formativas dos formandos, podendo ser visualizadas sob várias perspectivas (first person,
blimp or bird eye view, coach/player by position view) e simultaneamente interagindo com
estes.
Figura 2 - Representação da utilização da aplicação para a criação de movimentações no Second Life
Para que a simulação dos gestos e das movimentações de Andebol se aproximem da realidade,
tem-se vindo a capturar os movimentos básicos da modalidade através do MotionCapture®
(Lopes, et al., 2010) (Figura 3). O Second Life tem sido a opção uma vez que tem possibilitado
de uma forma acessível o estudo do processo da leccionação online, da implementação de
software e da integração das capturas dos movimentos de Andebol nos bots no mundo virtual.
Figura 3 - Detecção de movimentos através do MotionCapture® para animação dos avatares no Second Life
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Capítulo 3 Objecto e objectivos do estudo
CAPÍTULO 3 - OBJECTO E OBJECTIVOS DO ESTUDO
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Neste capítulo será definido o problema e o objecto de estudo. Posteriormente apresentados
os objectivos do estudo e definidas as variáveis de estudo.
De acordo com a revisão realizada foi possível identificar que:
- o método de jogo ofensivo organizado (ou em sistema) tem merecido mais atenção uma vez
que retrata a identidade do próprio jogo (Ribeiro, 2005) e é o mais utilizado pelas equipas
(Barbosa, 1999; Mortágua, 1999; Prudente, 2000; Ferreira, N. 2006a);
- o êxito de um sistema defensivo, na sua variabilidade de utilização e funcionamento
encontra-se associado a factores como a zona do campo, o tempo de jogo, as falhas técnicas e
e os métodos de jogo;
- é necessário o estudo da interacção entre os indicadores de rendimento (Prudente, 2006) e a
análise do desempenho deve considerar oposição defensiva, a diferença verificada no
marcador e o tempo de jogo decorrido (Volossovitch, 2005), e;
- a literatura não clarifica os comportamento utilizados pelos defensores neste método de jogo
e/ou em combinação com a posição da bola, sistema defensivo, posição do pivot adversário.
O que levantou a seguinte questão: se o factor defesa é um dos alicerces fundamentais para o
sucesso de uma equipa (Neves, 2004) e o método organizado é o mais utilizado e característico
do jogo de Andebol, como será o comportamento da defesa (organização e recuperação da
bola) na sua relação com o processo ofensivo adversário?
3.1. Objecto de Estudo O objecto de estudo é o comportamento da defesa da Selecção de Espanha, que antecede a
recuperação de bola, durante o método organizado de jogo, em situação de igualdade
numérica 6x6, no Torneio de Andebol dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.
3.2. Objectivos do Estudo O presente estudo tem como objectivo geral verificar e descrever os padrões de
comportamentos da defesa da Selecção de Andebol de Espanha, nos Jogos Olímpicos de
Pequim 2008, que antecedem às formas de recuperação de bola, no método organizado de
jogo, em situação de igualdade numérica 6x6, com recurso à análise sequencial.
Este objectivo será alcançado pela concretização dos seguintes objectivos específicos:
- Construção e validação do Sistema de Observação da Defesa no Método Organizado
(SODMO);
- Identificação e descrição dos padrões temporais de comportamento pela análise das
sequências defensivas da Selecção de Andebol de Espanha, nos Jogos Olímpicos de Pequim
2008, durante o método organizado de jogo, em situação de igualdade numérica 6x6,
considerando:
- a forma de recuperação da posse de bola;
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- o resultado do marcador parcial de jogo, o resultado final e a fase da competição.
É pretendido ainda contribuir para a formação de treinadores e agentes desportivos pela
construção e utilização de um mundo virtual 3D como plataforma de v-learning. Este
contributo passa pela criação de um simulador de contextos de interacção das sequências dos
processos ofensivo e defensivo do método organizado do jogo de Andebol, recorrendo a
modelos 3D no mundo virtual Second Life. O simulador permitirá a análise das sequências de
interacção ofensivas e defensivas de movimentações programadas, nos mais variados ângulos,
possibilitando a interacção dos formandos com o formador e com as sequências, em tempo
real, e que simultaneamente os mesmos as visualizem e assimilem as principais características
daquele método do jogo de Andebol. Estes dados serão provenientes da observação e da
detecção de padrões das interacções ofensivas e defensivas deste estudo.
3.2.1. Dimensões do Estudo A diversidade de indicadores utilizados nos diferentes estudos de análise do jogo de Andebol
permitiu enumerar um conjunto vasto de variáveis. O processo de selecção das variáveis e
indicadores encontra-se definido no capítulo Métodos. Durante a pesquisa bibliográfica foi
possível verificar a utilização de inúmeras variáveis nos diferentes estudos. Contudo algumas
vezes foram utilizados diferentes conceitos para referenciar a mesma variável em diferentes
estudos. Desta forma interessa delimitar os conceitos para este estudo. A partir dos objectivos
do estudo foram consideradas duas dimensões nas quais se enquadraram os critérios e as
categorias/indicadores do instrumento de observação.
Dimensão Contextual
Esta dimensão apresenta critérios dos quais não depende o poder de decisão dos
intervenientes, mas que influenciam no modo e na qualidade do desenrolar do jogo. Os
elementos que compõem esta dimensão procuram caracterizar o contexto observado no qual
decorrem as acções das equipas e jogadores:
- Tempo de jogo decorrido (registo em frames, segundos e minutos);
- Início da Sequência – é representada apenas por um indicador que precede uma interrupção
ou o final de uma sequência anterior;
- Marcador de Jogo – indica o resultado parcial do jogo pela diferença do número de golos
marcados entre a selecção de Espanha e a selecção adversária, sendo registado empate,
vantagem ou desvantagem (até ao máximo de 5 golos de diferença).
Dimensão de Conduta
Os elementos que constituem esta dimensão são aqueles que reflectem a decisão dos
intervenientes em observação, ou seja os seus comportamentos observáveis. Neste sentido
foram distinguidos os seguintes critérios, referenciados como relevantes para análise do
desempenho do jogo de Andebol:
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- Sistema Defensivo – representam os sistemas defensivos possíveis e relevantes em que uma
equipa se pode organizar (Sousa, 2000; Sevin & Taborsky, 2004; Prudente, 2006; Gomes, 2008;
Silva, 2008);
- Forma de Organização Defensiva – representa a forma de interpretação de um sistema
defensivo (Prudente, 2006; Silva, 2008);
- Campograma – trata-se de uma representação gráfica do terreno do jogo de Andebol
limitado por áreas específicas, na qual se delimita a zona de interacção entre o jogador
atacante portador da posse de bola e do seu defensor directo (Calvo & Herrero, 2001; Varejão,
2004; Prudente, 2006; Freitas, 2007; Gomes, 2008);
- Local do Pivot Adversário – foi incluído uma vez que os estudos consultados não
mencionaram a localização do(s) pivot(s) adversário(s) durante o método de jogo organizado,
embora referissem a importância atribuída às acções realizadas pelos jogadores que ocupam
esta posição específica (Silva, 2008);
- Acções de Grupo Ofensivas – este critério é composto por um conjunto de indicadores
referenciados como meios tácticos de grupo ofensivos (Leitão, 1998; Antón Garcia, 1998,
2000; Ribeiro & Silva, 2002; Prudente, 2006; Silva, 2008);
- Oposição do Defensor – é constituído pelos indicadores que representam os
comportamentos do defensor marcador directo do portador da bola (Sousa, 2000; Santos,
2004; Pollany, 2006; Gomes, 2008);
- Formas de Recuperação de Bola – inclui os indicadores que representam as diferentes formas
de recuperação de bola, quer seja pelo guarda-redes, pelos defensores, por erros do
adversário ou após golo sofrido (Magalhães, 1999; Sousa, 2000; Antón Garcia, 2002, 2005;
Varejão, 2004; Santos, 2004; Prudente, 2006; Gomes, 2008; Silva, 2000a, 2008). O golo sofrido
apesar de ser uma consequência das relações estabelecidas entre os comportamentos
observados será considerado como uma conduta, na medida que representa uma forma de
recuperar a posse de bola pela equipa que defende de acordo com as regras do jogo. Este
critério será simultaneamente considerado como um elemento da dimensão de contexto uma
vez que para efeitos de codificação delimitará o final de uma sequência.
Cada um destes critérios está organizado em categorias e é constituído por indicadores
observáveis que caracterizam. No capítulo dos Métodos será apresentado o instrumento de
observação e descritos com maior pormenor os indicadores que constituem cada uma das
categorias.
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Capítulo 4 Métodos
CAPÍTULO 4 – MÉTODOS
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A revisão da literatura efectuada permitiu retirar ilações fundamentais para a argumentação
do estudo. Contudo o estudo de um problema requer a escolha de métodos e procedimentos
adequados à análise da situação.
Este estudo caracteriza-se como observacional indutivo enquadrando-se no paradigma
qualitativo-associativo:
- qualitativo (interpretativo, hermenéutico, naturalista): pois tenta explicar a realidade,
descrevendo o eixo em que se desenrola o acontecimento, sendo o indivíduo um sujeito
interactivo e comunicativo;
- associativo: uma vez que foram registadas em simultâneo duas ou mais variáveis, não
existindo manipulação directa dos dados observados.
A viabilização da observação e da análise de jogo requer a definição de instrumentos
conceptuais, que delimitem a elaboração e aplicação de metodologias adequadas à natureza
do jogo (Garganta, 2001a).
A metodologia observacional foi escolhida para este estudo por se tratar de um conjunto de
procedimentos científicos que permitem registar a ocorrência de condutas perceptíveis de
forma organizada e sistemática para posterior análise. A metodologia observacional pode ser
entendida como uma acção intencional do método científico que se concretiza numa série de
etapas, e que tem como finalidade dar resposta a um objectivo relacionado com o
comportamento de sujeitos em contexto natural (Anguera, Blanco, Losada & Hernández,
2000).
Tendo sido originalmente desenvolvida para o estudo comportamento na área da psicologia, a
metodologia observacional, começou a ser utilizada em investigações relacionadas com o
estudo do comportamento nas áreas da actividade física e do desporto (Oliveira, Campaniço,
& Anguera, 2001). De acordo com Prudente (2000, 2006), Prudente, Garganta e Anguera
(2004), Silva (2008) e Gomes (2008), a metodologia observacional tem sido utilizada nos
últimos anos nos jogos desportivos colectivos, e embora já existam alguns trabalhos realizados
em Portugal, ainda são escassos no âmbito da análise do jogo de Andebol. A metodologia
observacional tem sido utilizada para analisar os aspectos tácticos do jogo, uma vez que é
referida como uma metodologia de investigação adequada ao estudo dos fenómenos
desportivos em contexto real (Anguera, 2003).
Os instrumentos de observação e registo, na metodologia observacional permitem a utilização
combinada do sistema de categorias com o formato de campo (Anguera, 2003; Jonsson et al.,
2006; Camerino, et al., 2007). Face à multiplicidade de situações e comportamentos que
ocorrem durante as sequências de um jogo de Andebol, optou-se pela utilização de um
sistema misto que combina o formato de campo e o sistema de categorias, devido à sua não
estardadização e à sua flexibilidade (Prudente, Garganta & Anguera, 2004).
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4.1. Desenho do Estudo De acordo com a representação gráfica dos diferentes desenhos observacionais o presente
estudo será em função (Figura 4):
- da temporalidade dos registos do tipo seguimento - registo e análise das sequências da
defesa organizada da selecção de Espanha durante o Torneio de Andebol nos Jogos Olímpicos
de Pequim;
- das unidades observadas do tipo ideográfico - comportamento de uma equipa (selecção de
Espanha) durante sequências da defesa organizada em vários jogos (do Torneio de Andebol
nos Jogos Olímpicos de Pequim) – ou seja são considerados vários sujeitos observados como
uma unidade, uma vez que existe um critério de afinidade e regras de jogo a seguir;
- da dimensionalidade do tipo multidimensional – registados vários níveis de resposta em
simultâneo da selecção observada (Anguera, 2000).
Figura 4 - Indicação do Desenho Observacional para o estudo
As unidades de observação são naturais (sequência de eventos) e analíticas (sequências de
comportamento). As unidades de registo foram definidas como unidades evento e o tipo de
registo pela ordem temporal.
A observação e registo dos comportamentos foram realizados no contexto natural de jogo,
recorrendo a indicadores integrados num instrumento de observação, para permitir a análise
da interacção dos comportamentos.
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4.2. Procedimentos Metodológicos Este estudo caracteriza-se por ser do tipo descritivo, que recorreu a um instrumento ad hoc
que combina um sistema de categorias e formato de campo (Anguera, 2003).
A estrutura e conteúdo do instrumento de observação foram sustentados pela revisão da
literatura existente em observação e análise do jogo de Andebol, a consulta de especialistas e
a validade interna pela realização dos testes de fiabilidade intra e inter observador.
Foi pretendido descrever o comportamento da defesa, que antecedeu a recuperação da posse
de bola, da selecção Espanha no método de jogo organizado em situação de 6x6, no Torneio
de Andebol dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008, pela análise das sequências dos eventos
registados. O tipo de análise para caracterizar o comportamento da defesa da selecção
observada foi sequencial, para a detecção de padrões temporais.
4.2.1. Fase Exploratória A fase exploratória ou passiva do estudo é um dos processos associados à metodologia
observacional para a construção de um instrumento de observação (Anguera, 2003).
A fase exploratória do estudo passou pela observação não sistemática de 2 jogos do
Campeonato da Europa de Andebol de 2006 que permitiu: efectuar uma listagem das condutas
observadas e correspondentes a cada um dos critérios, adaptar as existentes ao objecto de
estudo e facilitar posteriomente o reconhecimento de comportamentos. A escolha de jogos do
Campeonato da Europa para esta fase exploratória deveu-se à semelhança das características
competitivas da prova e à disponibilidade dos jogos. Esta fase foi dada como concluída quando
em duas observações consecutivas não foram registadas novas condutas.
Este processo possibilitou uma melhor definição dos comportamentos a observar, da amostra
observacional e da forma de registo, permitindo simultaneamente o treino do observador.
Após este procedimento foi definida a amostra para o estudo.
4.3. Amostra
4.3.1. Observacional A amostra observacional é representada pelos registos obtidos na observação dos sete jogos,
que correspondem 3511 registos de configurações de eventos.
Tabela 2 - Nº de registos de configurações de eventos por cada jogo da selecção de Espanha
Advesário Croácia China França Brasil Coreia Islândia Croácia Total
Registos 506 679 442 582 495 297 510 3511
Resultado Derrota Vitória Derrota Vitória Vitória Derrota Vitória -
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Foram tomadas as seguintes decisões relativamente ao seguimento inter-sessão da amostra:
1) Período de observação: desde o início do Torneio de Andebol dos Jogos Olímpicos de
Pequim 2008 até ao final;
2) Número de sessões: 7;
3) Critério de início e fim de sessão: sempre a primeira sequência ofensiva observável da
selecção adversária à de Espanha, no método organizado de jogo de Andebol, até ao final da
última sequência ofensiva observável da selecção adversária à de Espanha, no mesmo método
em situação de 6x6.
Para o seguimento intra-sessão da amostra foi tomada a seguinte decisão:
1) Registo da sessão: foram registadas todas as sequências ofensivas da selecção adversária à
de Espanha para o método organizado de jogo, em situação de 6x6, em cada um dos jogos,
tendo sido descartadas as sequências em que não fora perceptível o registo de alguma
conduta.
4.3.2. Sujeitos Para obtenção de dados foram observados sete jogos de Andebol realizados pela selecção de
Andebol de Espanha durante o Torneio Olímpico de Pequim de 2008. Esta prova internacional
representa uma das maiores competições de mais alto nível, a par dos Campeonatos do
Mundo e da Europa de Andebol. Nestas competições é possível observar inovações e
tendências a nível técnico-táctico do jogo de Andebol. Destes jogos foram seleccionadas as
sequências do método de jogo organizado enquanto a selecção de Espanha defendia, em
situação 6x6.
Foi escolhida a selecção de Espanha para ser observada pelos critério de conveniência e
acessibilidade dos jogos e porque esta selecção é considerada como uma das candidatas a
vencer qualquer uma das competições internacionais de selecções27 devido, ao número de
participações nos Jogos Olímpicos, aos títulos internacionais conquistados e à existência de
uma liga profissional naquele país, reconhecida internacionalmente como uma das mais
competitivas. Desta forma foi possível garantir que ao observar esta selecção estaria-se
perante jogadores de referência pela sua qualidade e competitividade.
4.4. Instrumentos Para a observação e registo do jogo as novas tecnologias têm sido fundamentais (Hernández &
Ramos, 1996), sendo necessária a aplicação de instrumentos de registo que permitam a
configuração e utilização de critérios ad-hoc de acordo com o desenho observacional.
27
De acordo com o Ranking List Nation – 2008 National Team Competitions da EHF
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Página 77
4.4.1. Instrumento de Registo O instrumento de registo foi uma nova versão do software Match Vision Studio 3.0 (Perea,
Alday, & Castellano, 2004; Castellano, Perea, Alday & Hernández, 2008), o Match Vision Studio
Premium. Este software foi desenhado para facilitar a observação sistemática no desporto,
para que através dele possa ser possível representar a realidade do ponto de vista do
observador. Este instrumento tem sido aplicado sobretudo no futebol sendo requerida a sua
utilização em outras modalidades (Anguera, Blanco, Losada & Hernández, 2000; Jonsson et al.,
2006).
O Match Vision Studio Premium é uma ferramenta que possui um interface gráfico intuitivo e
que auxilia os investigadores na observação, codificação, registo e análise de comportamentos
perceptíveis e espontâneos. Este software possibilita que em simultâneo seja reproduzido
vídeo em formato digital e o instrumento de observação, para o registo dos comportamentos.
As observações são registadas através de cliques sobre os códigos do instrumento de
observação que automaticamente, incluem o tempo e a duração do evento (frames e
segundos). O utilizador pode aceder em qualquer momento aos registos, o que facilita a
procura de comportamentos que foram observados e registados durante a sessão.
No sentido de facilitar a recolha de dados, os utilizadores podem definir (ad-hoc) até 12
critérios e 120 indicadores distintos, que deverão ser mutuamente exclusivos. O programa
permite, com facilidade, a definição, a inserção, a correcção de indicadores e critérios dos
instrumentos de observação que combinem o formato de campo com sistema de categorias
(Camerino, et al., 2007; Perea et al., 2004; Castellano, Perea, Alday & Hernández, 2008). Este
instrumento permite ao observador guardar a duração das ocorrências sequencialmente, para
a análise dos comportamentos, uma vez que o registo cria uma ordem progressiva de inclusão
entre os comportamentos registados, sendo importante para o tratamento de dados.
Para além de ser um instrumento de registo, o Match Vision Studio Premium integra uma
aplicação para a análise dos dados registados, permitindo a obtenção automática da
frequência, sendo possível estabelecer associações entre os indicadores através das tabelas de
contingência. Os dados provenientes deste instrumentos são armazenados em formato XLS,
que podem ser exportados para programas de estatística, como o SPSS, o SDIS–GSEQ
(Bakeman & Quera, 1996), Theme (Magnusson, 2000) que possibilitam a realização de uma
análise mais adequada aos objectivos e ao desenho observacional.
4.4.2. Instrumento de Observação Devido à diversidade de comportamentos a observar será utilizado um instrumento de
observação ad hoc para permitir a flexibilidade adequada às várias possibilidades de conduta
que ocorrem no contexto real de jogo, sendo contudo rigorosos (Anguera, Blanco, Losada, &
Hernández, 2000). O instrumento de observação foi baseado numa adaptação da combinação
do formato de campo com o sistema de categorias (Anguera & Blanco, 2001) de Prudente
(2004, 2006) e Silva (2008). Esta combinação possibilita um registo contextualizado (Anguera,
Blanco, Losada & Hernández, 2000; Camerino et al., 2007) do objecto de estudo.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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O instrumento de observação foi denominado como Sistema de Observação da Defesa no
Método Organizado (SODMO) e após a sua codificação foi inserido no Match Vision Studio
Premium. As unidades de codificação foram assumidas como eventos (Anguera & Blanco,
2001), tendo sido registada a duração, a ordem e a frequência. Numa perspectiva
multidimensional, cada código registado representou uma dada componente da realidade
observada e o seu conjunto num dado tempo uma configuração de eventos que se integra
numa sequência.
Para que o registo dos comportamentos a observar através do SODMO fosse uniforme, foi
necessário delimitar os conceitos. Neste sentido foi elaborado um manual para definir as
categorias, os indicadores, a codificação, as convenções de registo das ocorrências e aplicação
do SODMO no Match Vision Studio Premium. Desta forma poderá ser salvaguardada a sua
usabilidade, na óptica do utilizador, facilitando a interpretação do SODMO e a sua aplicação.
4.4.3. Manual de Procedimentos para registo e Observação Foram definidas as categorias que indicavam o início e o final de uma sequência, delimitando
desta forma os momentos que interessam aos objectivos do estudo. Para além destas
categorias foram definidos as condutas que definiram os comportamentos a observar. Estas
condutas foram distinguidas como critérios variáveis e critérios fixos, que são co-ocorrentes, e
encontram-se entre o início e o fim de cada uma das sequências.
Cada critério encontra-se definido por um conjunto de categorias ao qual estão associados
indicadores para que se proceda à observação e ao respectivo registo dos comportamentos
observáveis.
Os indicadores são representados por códigos no Match Vision Studio Premium e encontram-
se organizados de forma hierarquizada. Desta forma os dados são registados, sob a forma de
eventos, podendo ser utilizados no software Theme (Magnusson, 2000) para a detecção, e
posterior caracterização, dos padrões temporais dos comportamentos observados.
Descrição do instrumento de observação
O instrumento de observação é composto por 9 critérios: Início da Sequência, Marcador de
Jogo, Sistema Defensivo, Forma de Organização Defensiva, Campograma, Local do Pivot
Adversário, Acções de Grupo Ofensivas, Oposição do Defensor, Recuperação de Bola (Final da
Sequência).
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Critério 1
O Critério 1 (Início da Sequência) é composto apenas por uma categoria e um indicador, com o
código ON. Este indicador é registado apenas uma vez no início de cada sequência de forma
isolada (mais nenhum outro indicador de outro critério pode ser registado em simultâneo).
Tabela 3 - Critério 1 (Início da sequência)
Código Descrição
ON Como indicador descritivo do início de uma sequência é necessário que
exista igualdade numérica na relação 6x6, a selecção adversária da
selecção de Espanha esteja com posse de bola no seu meio campo
ofensivo e seja possível identificar a localização da bola, do pivot
adversário e o sistema defensivo da selecção de Espanha.
Critério 2
O Critério 2 (Marcador de Jogo) é composto por 3 categorias: Empate, Vantagem e
Desvantagem. O registo é efectuado tantas as vezes quantas as configurações de eventos que
ocorram numa sequência, em simultâneo com outros indicadores de outros critérios.
A categoria Empate apenas apresenta um indicador, com o código E.
A categoria Vantagem é composta por 5 indicadores em função do resultado parcial do
marcador relativamente à selecção observada: vantagem por um golo (V1), vantagem por dois
golos (V2), vantagem por três golos (V3), vantagem por quatro golos (V4) e vantagem por cinco
ou mais golos (V5).
A categoria Desvantagem é composta por 5 indicadores em função do resultado parcial do
marcador relativamente à selecção observada: desvantagem por um golo (P1), desvantagem
por dois golos (P2), desvantagem por três golos (P3), desvantagem por quatro golos (P4) e
desvantagem por cinco ou mais golos (P5).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Tabela 4 - Critério 2 (Marcador de jogo)
Categoria Código Descrição
Empate E Empatado / igualdade de golos (independentemente do número de golos).
Vantagem V1 Equipa observada vence por 1 golo.
V2 Equipa observada vence por 2 golos.
V3 Equipa observada vence por 3 golos.
V4 Equipa observada vence por 4 golos.
V5 Equipa observada vence por 5 ou mais golos.
Desvantagem P1 Equipa observada perde por 1 golo.
P2 Equipa observada perde por 2 golos.
P3 Equipa observada perde por 3 golos.
P4 Equipa observada perde por 4 golos.
P5 Equipa observada perde por 5 ou mais golos.
Critério 3
O Critério 3 (Sistema Defensivo) é composto por 5 categorias: Uma Linha, Duas Linhas, Misto,
Três Linhas e Individual. O registo é efectuado tantas as vezes quantas as configurações de
eventos que ocorram numa sequência, em simultâneo com outros indicadores de outros
critérios.
A categoria Uma Linha é composta por um indicador (6:0) com o código ZONA. É registado
sempre que os seis jogadores da equipa observada estão organizados numa só linha defensiva.
Figura 5 - Representação gráfica do sistema defensivo 6:0 (ZONA)
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A categoria Duas Linhas é composta por 5 indicadores (e respectivos códigos): 5:1 (UNO), 4:2 (DOS), 2:4 (TRES), 3:3 (CUATRO) e 1:5 (CINCO).
Figura 6 - Representação gráfica do sistema
defensivo 5:1 (UNO)
Figura 7 - Representação gráfica do sistema
defensivo 3:3 (CUATRO)
Figura 8 - Representação gráfica do sistema
defensivo 4:2 (DOS)
Figura 9 - Representação gráfica do sistema
defensivo 1:5 (CINCO)
A categoria Misto é composta por 3 indicadores (e respectivos códigos): 5+1 (SEIS), 4+2 (SIETE) e 3+3 (OCHO).
A categoria Três Linhas é composta apenas por um indicador (3:2:1) com o código NUEVE.
Figura 10 - Representação gráfica do sistema defensivo 3:2:1 (NUEVE)
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A categoria Individual é composta apenas por um indicador (marcação ou defesa individual –
homem a homem) com o código (HOMBRE).
Tabela 5 - Critério 3 (Sistema defensivo)
Categoria Código Descrição
Uma linha ZONA Os seis jogadores da equipa observada estão organizados numa só
linha defensiva.
Duas
linhas
UNO Cinco jogadores na primeira linha defensiva e um jogador na
segunda linha defensiva.
DOS Quatro jogadores na primeira linha defensiva e dois jogadores na
segunda linha defensiva.
TRES Dois jogadores na primeira linha defensiva e quatro jogadores na
segunda linha defensiva.
CUATRO Três jogadores na primeira linha defensiva e três jogadores na
segunda linha defensiva.
CINCO Um jogador na primeira linha defensiva e cinco jogadores na
segunda linha defensiva.
Misto SEIS Cinco jogadores na primeira linha defensiva e um jogador numa
segunda linha defensiva realiza uma marcação individual.
SIETE Quatro jogadores na primeira linha defensiva e dois jogadores numa
segunda linha defensiva realizam duas marcações individuais.
OCHO Três jogadores na primeira linha defensiva e três jogadores numa
segunda linha defensiva realizam três marcações individuais.
Três linhas NUEVE Três jogadores numa primeira linha defensiva, dois numa segunda
linha e ainda um jogador numa linha mais adiantada, distinta das
anteriores.
Individual HOMBRE Os jogadores realizam marcação individual a cada um dos seus
adversários directos.
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Critério 4
O Critério 4 (Forma de Organização Defensiva) é composto por uma categoria com 3
indicadores (que se referem à forma de interpretar a actuação do sistema defensivo) e pelos
respectivos códigos: Zona Activa (ZA), Zona Passiva (ZP) e Pressing (PRESS). O registo é
efectuado tantas as vezes quantas as configurações de eventos que ocorram numa sequência,
em simultâneo com outros indicadores de outros critérios.
Tabela 6 - Critério 4 (Forma de organização defensiva)
Código Descrição
ZA Existe oposição activa dos defensores sempre com: saída ao portador da
bola, marcação de proximidade ao portador da bola e pressão sobre linhas
de passe.
ZP Existe uma defesa recuada entre 1ª e 2ª linhas defensivas sem procura
activa da bola.
PRESS Os defensores procuram activamente a bola, com trajectórias de grande
profundidade sobre os adversários, existindo sempre pressão sobre o
portador da bola e sobre as linhas de passe, com os defensores actuando
em grande parte para além da 2ª linha defensiva.
Critério 5
O Critério 5 (Campograma) é composto por 3 categorias que são observadas do ponto de vista
do ataque do adversário da selecção observada e indicando a localização do portador da bola:
Primeira Linha, Segunda Linha e Zona de Transição. O registo é efectuado tantas as vezes
quantas as configurações de eventos que ocorram numa sequência, em simultâneo com
outros indicadores de outros critérios.
A categoria Primeira Linha é composta por 5 indicadores (e respectivos códigos): zona do
lateral direito (LD), zona do lateral direito mais próxima do central (LDC), zona do central (C),
zona do lateral esquerdo (LE) e zona do lateral esquerdo mais próxima do central (LEC).
A categoria Segunda Linha é composta por 5 indicadores (e respectivos códigos): zona do
ponta direita (PD), zona do pivot do lado direito (PIVD), zona do pivot central (PIVC), zona do
pivot do lado esquerdo (PIVE) e zona do ponta esquerda (PE).
A categoria Zona de Transição é composta apenas por um indicador com o código ZT, que
corresponde à zona anterior à zona activa de jogo.
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Tabela 7 - Critério 5 (Campograma)
Categoria Código Descrição
1ª linha LD Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo que compreende a limitação das zonas
LDC e ZT, a linha descontínua dos 9 metros e a linha lateral esquerda, normalmente onde
actuam os Laterais Direitos atacantes.
LDC Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo que compreende a limitação das zonas C,
LD, ZT e a linha descontínua dos 9 metros, normalmente onde actuam os Laterais Direitos
atacantes.
C Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo que corresponde aproximadamente à
distância de 6x6m e é limitada pelas zonas LD, LE, ZT e a linha descontínua dos 9 metros, e é
normalmente onde actuam os jogadores atacantes centrais.
LE Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo que compreende a limitação das zonas
LEC, ZT e a linha descontínua dos 9 metros e a linha lateral direita, normalmente onde
actuam os Laterais Esquerdos atacantes.
LEC Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo que compreende a limitação das zonas C,
LE, ZT e a linha descontínua dos 9 metros, normalmente onde actuam os Laterais Esquerdos
atacantes.
Zona
Transição
ZT Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo que compreende a distância de
aproximadamente 5 metros entre a linha do meio campo e o início das zonas LD, LDC, C, LEC
e LE. É considerada uma zona passiva de jogo.
2ª linha PD Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo entre a linha de fundo e a linha lateral
esquerda limitada até à linha descontínua dos 9 metros, à linha dos 6 metros e à zona PivD,
normalmente onde actuam os atacantes Pontas Direitos. Compreende aproximadamente 2,5
metros de largura.
PivD Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo entre a limitação das zonas PD, PivC, a
linha dos 6 metros e a linha descontínua dos 9 metros, normalmente onde actuam os
atacantes pivots de raiz e/ou os jogadores que realizam entradas.
PivC Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo entre a limitação das zonas PivD e PivE, a
linha dos 6 metros e a linha descontínua dos 9 metros, normalmente onde actuam os
atacantes pivots de raiz e/ou os jogadores que realizam entradas. Corresponde
aproximadamente 4 metros de largura.
PivE Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo entre a limitação das zonas PE, PivC, a
linha dos 6 metros e a linha descontínua dos 9 metros, normalmente onde actuam os
atacantes pivots de raiz e/ou os jogadores que realizam entradas.
PE Corresponde à zona do terreno de jogo defensivo entre a linha de fundo e a linha lateral
direita limitada até à linha descontínua dos 9 metros, a linha dos 6 metros e a zona PivE,
normalmente onde actuam os atacantes Pontas Esquerdos. Corresponde aproximadamente
2,5 metros de largura.
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Figura 11 - Representação gráfica do campograma
Neste critério é necessário ter em conta o lado do campo para o qual a equipa observada defende, trocando na 2ª parte do jogo.
Critério 6
O Critério 6 (Local do Pivot Adversário) é composto por 3 categorias: Um pivot, Dois pivots,
Outros. O registo é efectuado tantas as vezes quantas as configurações de eventos que
ocorram numa sequência, em simultâneo com outros indicadores de outros critérios. Cada
uma das categorias é constituída pelos indicadores abaixo descritos e respectivos códigos.
Tabela 8 - Critério 6 (Local do pivot adversário)
Categorias Código Descrição
Um pivot P12D Pivot entre o 1º e o 2ª defensor do lado direito da defesa.
P12E Pivot entre o 1º e o 2ª defensor do lado esquerdo da defesa.
P23D Pivot entre o 2º e o 3ª defensor do lado direito da defesa.
P23E Pivot entre o 2º e o 3ª defensor do lado esquerdo da defesa.
PM Pivot no meio da defesa.
Dois pivots 2P12 Dois pivots entre o 1º e o 2º defensor.
2P23 Dois pivots entre o 2º e o 3º defensor.
2P1MD Dois pivots um entre o 1º e o 2º defensor do lado direito da defesa e o outro no meio da defesa.
2P1ME Dois pivots um entre o 1º e o 2º defensor do lado esquerdo da defesa e o outro no meio defesa.
2P1E23 Dois pivots um entre o 1º e o 2º defensor do lado esquerdo da defesa e o outro entre o 2º e o 3º do lado direito da defesa.
2P1D23 Dois pivots um entre o 1º e o 2º defensor do lado direito da defesa e o outro entre o 2º e o 3º defensor do lado esquerdo da defesa.
Outros OPIV Outras situações que não se enquadrem nas anteriores.
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Figura 12 - Representação gráfica da colocação do pivot adversário entre o 1º e 2º defensor (P12D, P12E)
Figura 13 - Representação gráfica da colocação do pivot adversário entre o 2º e 3º defensor (P23D, P23E)
Figura 14- Representação gráfica da colocação do pivot adversário no meio da defesa (PM)
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Figura 15- Representação gráfica da colocação dos dois pivots adversários entre o 1º e 2º defensor (2P12)
Figura 16- Representação gráfica da colocação dos dois pivots adversários entre o 2º e 3º defensor (2P23)
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Figura 17- Representação gráfica da colocação dos dois pivots adversários entre o 1º e 2º defensor do lado direito
e no meio da defesa (2P1MD)
Figura 18 - Representação gráfica da colocação dos dois pivots adversários entre o 1º e 2º defensor do lado
esquerdo e no meio da defesa (2P1ME)
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Critério 7
O Critério 7 (Acções Ofensivas do Adversário) é composto por uma categoria: Meios Tácticos
de Grupo Ofensivos. O registo é efectuado tantas as vezes quantas as configurações de
eventos que ocorram numa sequência, em simultâneo com outros indicadores de outros
critérios. A categoria é constituída pelos indicadores abaixo descritos e respectivos códigos.
Tabela 9 - Critério 7 (Acções ofensivas do adversário)
Código Descrição
PERB Permuta de posição com o jogador que tem a bola.
PERM Permuta de posição entre jogadores que não têm posse de bola.
CZ Cruzamento entre o portador da bola e outro atacante.
BLQ Acção de bloqueio realizado por um atacante sem posse de bola perto da zona de
acção do portador da bola.
ECR Ecrã realizado na zona de acção do portador da bola, por um ou mais atacantes sem
posse de bola.
PEE Passe e entra.
PESU Penetração sucessiva.
Critério 8
O Critério 8 (Oposição do Defensor) é composto por uma categoria: Tipo de Oposição que o
defensor directo realiza sobre o portador da bola realiza. O registo é efectuado tantas as vezes
quantas as configurações de eventos que ocorram numa sequência, em simultâneo com
outros indicadores de outros critérios. Cada uma das categorias é constituída pelos indicadores
abaixo descritos e respectivos códigos.
Tabela 10 - Critério 8 (Oposição do defensor)
Código Descrição
STOP O defensor directo encontra-se parado, não realiza movimento, não faz oposição ao
portador da bola.
DESL O defensor directo do portador da bola encontra-se em deslocamento lateral.
APR O defensor directo ataca o portador da bola aproximando-se.
CONT O defensor directo ataca o portador da bola, contactando com o atacante.
BLC O defensor directo do portador da bola realiza acção de bloco ao remate.
FLT O defensor directo do portador da bola faz falta sobre o adversário.
F7M O defensor directo do portador da bola faz falta e provoca livre de 7 metros.
TINTER O defensor directo do portador da bola realiza uma tentativa de intercepção.
TDES O defensor directo do portador da bola realiza uma tentativa de desarme.
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Critério 9
O Critério 9 (Formas de Recuperação de Bola / Fim da Sequência) é composto por 6 categorias:
Guarda-Redes, Golo Sofrido, Acção dos Defensores, Erros do Adversário, Erros da Defesa e
Outros. Esta categoria é registada apenas uma vez no final de cada sequência e de forma
isolada (mais nenhum indicador de outro critério pode ser registado em simultâneo).
Tabela 11 - Critério 9 (Formas de recuperação de bola / Fim da sequência)
Categoria Código Descrição
Guarda-Redes DCB Guarda-redes defende e controla a bola de imediato.
DSC6 Guarda-redes defende sem controlar a bola dentro da área de 6m.
DSC9 Guarda-redes defende sem controlar a bola para fora da área de
6m.
REC Guarda-redes recupera a bola sem defesa, na área ou pela linha
final.
Golo Sofrido GS Recuperação da bola após equipa sofrer golo.
GS7M Recuperação da bola após equipa sofrer golo através de um livre de
7m.
Acção dos
Defensores
I Recuperação da bola através da intercepção da bola.
BL Recuperação da bola através de um bloco ao remate.
DSM Recuperação da bola através de desarme.
RES Recuperação da bola através de ressalto defensivo.
Erros do
Adversário
PDB Recuperação após passos/dribles.
PB Recuperação após perda de bola.
MPR Recuperação após mau passe/má recepção.
VIO Recuperação após violação da área de baliza.
FA Recuperação da bola após falta atacante.
JP Recuperação de bola após marcação de jogo passivo.
Erros da Defesa ROR Recuperação da bola pela equipa atacante através de ressalto
ofensivo após remate que vai à baliza.
ROO Recuperação da bola pela equipa atacante através de ressalto
ofensivo excluindo o remate que vai à baliza.
Outros OUT Outras situações que requerem a interrupção do jogo: desconto
tempo, limpeza terreno de jogo, lesão de um atleta e outros que
não se enquadram nos anteriores.
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4.5. Controlo da Qualidade dos Dados
4.5.1. Validação do Instrumento de Observação
O essencial para qualquer medição ser precisa é que meça o que se pretende medir. Para
garantir rigor na observação, no registo e na análise sistemática de comportamentos é
necessário controlar a qualidade da informação obtida de modo que seja fiável e precisa
(Castellano, Hernández, Gómez, Fontetxa & Bueno, 2000).
A qualidade dos dados encontra-se associada a três conceitos base: fiabilidade, precisão e
validade. A validade e a fiabilidade são duas características que um instrumento deve ter para
nos garantir a qualidade informativa dos dados recolhidos.
A validade refere a qualidade dos resultados da investigação no sentido dos mesmos serem
aceites. A validade de conteúdo e de constructo permite verificar se o instrumento em teste
avalia aquilo que é suposto avaliar. Desta forma o instrumento de observação foi apresentado
a especialistas no sentido de analisar a sua pertinência com os objectivos do estudo.
A validade interna e do conteúdo da adaptação do instrumento de observação foi garantida
pela consulta de 4 especialistas de Andebol: dois doutorados em observação e análise do jogo
de Andebol (com experiência enquanto treinadores de alto rendimento) e dois treinadores de
alto rendimento licenciados em Educação Física e Desporto com especialização em Andebol,
que comprovaram a homogeneidade, exaustividade, mútua exclusividade e pertinência das
categorias e do formato campo para o estudo do comportamento dos defensores durante o
método organizado de jogo, em situação de 6x6.
O instrumento de observação deverá possibilitar a mesma medição, nas mesmas condições,
independentemente do observador, com resultado idêntico, dentro de um erro aceitável.
Blanco (2001) apresenta 3 formas de entender a fiabilidade dos dados observacionais:
coeficentes de acordo mediante correlação, coeficientes de concordância entre observadores
e aplicação da teoria da generalibidade.
Os métodos de cálculo da fiabilidade que assentam em coeficientes de correlação podem ser
agrupados pela determinação da análise da estabilidade ou da consistência. Para o efeito foi
calculado o índice Kappa de Cohen (Castellano, Hernández, Gómez, Fontetxa & Bueno, 2000;
Sheskin, 2004; López & Pita, 2001) - que mostra a fiabilidade dos registos, intra e inter
observadores, indicando o grau de confiança que se pode ter na informação obtida, em termos
de estabilidade e consistência (Cardoso, 2000; Castellano, Hernández, Gómez, Fontetxa &
Bueno, 2000).
Para testar a estabilidade do instrumento o mesmo foi aplicado em dois momentos distintos
pelo mesmo observador (fiabilidade intra-observador). Para verificar a consistência do
instrumento o mesmo foi aplicado por dois observadores diferentes para uma mesma situação
(fiabilidade inter-observador).
Este procedimento estatístico permitiu aferir a fidelidade entre os resultados obtidos para um
mesmo teste em diferentes momentos e com observadores diferentes. O processo para
obtenção do valor Kappa de Cohen consistiu na comparação dos dados registados em duas
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Olímpicos de Pequim 2008
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sessões de observação de um mesmo jogo de Andebol. O valor de referência considerado
excelente é a partir de 75%, embora possam ser aceites valores como 60% (Ribeiro, 1999). O
valor de Kappa de Cohen foi maior que 80%, indicando um elevado grau de confiança em
termos de estabilidade e consistência do instrumento.
A comprovação da concordância intra e inter-observador consistiu na comparação dos dados
dos registos dos observadores, utilizando a função “Calcular Kappa” do programa SDIS-GSEQ.
Amostra para a validação
Foram utilizados dois jogos da amostra utilizada para o estudo (jogos do Torneio de Andebol
dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008) para garantir o nível de jogo e a pertinência dos
comportamentos das selecções participantes. Entre cada uma das sessões de observação
sucedeu-se um intervalo de três semanas.
Participantes
Foi necessário proceder à organização de sessões de treino para os observadores. Os registos
para a validação do instrumento foram realizados por dois observadores. O critério
estabelecido para a selecção de observadores foi: ser treinador de grau 3 no activo com
licenciatura em Educação Física e Desporto e com especialização em Andebol.
Através da apresentação do manual foi explicado aos observadores as definições, o
funcionamento, as convenções de registo e os limites dos instrumentos de observação e de
registo. Foram realizadas sessões de treino e esclarecimento para os observadores até ficarem
esclarecidas todas as dúvidas.
4.6. Análise de Dados A finalidade do tratamento de dados é estabelecer uma ordem no conjunto dos dados de
modo a transformá-los em informação passível de ser transmitida. O recurso à metodologia
observacional permitiu a realização de uma análise qualitativa e quantitativa dos dados.
Os dados pertencentes à amostra foram analisados pelas medidas da estatística descritiva,
recorrendo a técnicas de medida central (frequência, média e percentagem) para o estudo de
cada uma das categorias. A partir das quais foi possível descrever os eventos e configurações
das sequências em função do resultado parcial do marcador, adversário e tempo de jogo.
Para a análise sequencial foi utilizado o programa Theme para a detecção dos padrões
temporais (Magnusson, 2000). Para detectar os padrões temporais este software considera a
ordem e o tempo relativo dos acontecimentos registados e a sua organização hierárquica. O
processo de análise sequencial é o do tipo probabilístico, no qual cada um dos eventos é tão
dependente do evento inicial como dos eventos anteriores (Hernández & Molina, 2002).
O recurso à análise sequencial permite detectar padrões de comportamento e também
procurar relações de associação entre os comportamentos durante as sequências registadas.
Após a detecção foi possível filtrar e analisar os dados de acordo com os seguintes critérios:
frequência, complexidade, estrutura, identidade e conteúdo comportamental (Magnusson,
2000).
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Para a descrição da análise sequencial dos padrões temporais foi estabelecido que as
sequências tinham que ocorrer pelo menos duas vezes (padrão).
Para a selecção dos dendogramas foram escolhidos aqueles que apresentavam padrões com
pelo menos 4 configurações de eventos na sua sequência e que dois deles se apresentassem
pela seguinte ordem:
- um 1º identificasse o início da sequência (on);
- e um último no final da mesma (forma de recuperação da bola).
Ainda que fossem cumpridos os critérios acima mencionados foram eliminados os
dendogramas cujas configurações apresentassem eventos de outras sequências distintas do
que àquela em que pertenciam.
4.6.1. Limitações Pretende-se com este sub-capítulo identificar aspectos susceptíveis de serem aperfeiçoados
em futuros trabalhos e que se apresentaram como limitações neste estudo. Assim sublinham-
se os seguintes aspectos:
Amostra
Evitar que a recolha de imagens seja realizada pelo recurso a transmissões televisivas, para
que as filmagens sejam apenas só e só do jogo em si, e não constituídas por interrupções e
perturbações de vária ordem (e.g. repetições de jogadas, ângulos cobertos com imagens
publicitárias, etc.).
Instrumento de Observação (SODMO)
A molecularização do sistema de observação determinou um elevado tempo de treino dos
observadores, concretamente na identificação e distinção de algumas zonas do campograma.
Instrumento de Registo (MatchVision)
O instrumento de observação teve que ser adaptado ao instrumento de registo uma vez que
não permitia a exequibilidade do registo de alguns indicadores. Contudo esta adequação não
comprometeu a recolha dos dados e o objectivo do estudo.
A impossibilidade de registar simultaneamente o comportamento dos restantes jogadores sem
bola (defensores e atacantes) para além do portador da bola e o seu defensor directo e a
colocação dos pivots.
A forma de registo do Match Vision Studio não permite distinguir num mesmo evento a ordem
pelo qual o indicador de comportamento ocorreu em primeiro lugar ou seja a precedência de
um comportamento num mesmo evento não é possível ser determinada (e.g. para o registo do
seguinte evento: “o pivot desloca-se para o meio da defesa e de seguida o defensor aproxima-
se do portador da bola” fica igual ao registo “o defensor aproxima-se do portador da bola e o
pivot desloca-se para o meio da defesa”).
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Instrumento de Análise (Theme)
A necessidade de aumentar o volume de dados, registando outras competições e/ou outros
métodos de jogo realizados pela Selecção de Espanha, para minorar a diminuta detecção de
padrões que a molecularização do sistema de observação possa ter implicado.
Os critérios utilizados para realizar a detecção de padrões temporais não permitiram
identificar as zonas de recuperação da bola, nem saber onde foi realizado o remate.
O Theme demonstrou uma elevada sensibilidade na detecção de padrões temporais,
identificando padrões que se estendiam para além de uma só sequência, facto que merece ser
tido em consideração no momento da análise dos resultados.
O Theme não permitiu realizar a análise sequencial de todos os dados simultaneamente.
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Capítulo 5 Apresentação e Discussão de
Resultados
CAPÍTULO 5 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
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Olímpicos de Pequim 2008
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5.1. Análise de Cada Jogo No Torneio de Andebol dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 o sistema competitivo dividiu as
as selecções participantes em 2 grupos de 6 equipas para disputar a 1ª fase, num sistema de
todos contra todos a uma volta. As 4 primeiras equipas de cada grupo ficavam apuradas para
os quartos de final da prova (2ª fase). De seguida as 4 equipas vencedoras avançaram para as
meias-finais e os vencedores das meias-finais disputaram a final, enquanto os vencidos
deciriam o apuramento para os 3º e 4º classificados (3ª fase). As restantes selecções jogaram
para o ordenamento classificativo. Pela análise do sistema competitivo decidiu-se denominar
1ª fase aos jogos disputados na pool de grupos e 2ª fase aos jogos a eliminar, excepção feita
para aqueles que atribuíam a classificação final no Torneio, que se denominou de 3ª fase.
Tabela 12 - Quadro indicativo dos jogos observados da Selecção de Espanha de acordo com o sistema competitivo
do Torneio de Andebol dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008
1ª fase 2ª fase 3ª fase
Pool de grupo Quartos de final Meias-finais Apuramento 3º e
4º classificados
Croácia-Espanha Coreia-Espanha Islândia-Espanha Croácia-Espanha
China-Espanha - - -
França-Espanha - - -
Espanha-Brasil - - -
Para a apresentação e discussão dos resultados dos jogos da selecção de Espanha, optou-se
por expor a análise descritiva e a sequencial dos dados, analisando os gráficos da distribuição
temporal, da frequência dos eventos e dos dendogramas:
- para cada um dos jogos disputados: distinguindo os dados de todo o jogo, seguido de
cada uma das partes que o constituíram;
- do conjunto de todos os jogos na 1ª fase;
- do conjunto de todos os jogos na 2ª fase: quartos de final e meia-final;
- do conjunto de todos os jogos que terminaram com vitória: na 1ª e na 2ª e na 3ª fase;
- do conjunto de todos os jogos que terminaram com derrota: na 1ª fase e em todas as
fases.
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5.1.1. Jogo Croácia-Espanha O jogo Croácia-Espanha foi o 1º jogo da 1ª Fase do Grupo A do Torneio de Andebol dos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008. A selecção de Espanha defrontava umas das selecções candidatas a
uma medalha olímpica no Torneio28.
O jogo na sua totalidade pautou-se pela desvantagem no marcador que a selecção de Espanha
(p1, p2, p3, p4, p5) teve em 85,71% das sequências observadas (36 em 42 sequências),
registando-se um desequilíbrio no marcador parcial (Silva, 2000), e no qual esteve a perder por
5 ou mais golos (p5) em apenas duas sequências em todo o jogo.
Figura 19 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção da Croácia e a de
Espanha na 1ª fase
As zonas apontadas a vermelho (quadrado vermelho) na Figura 19 apresentam os 10 golos
sofridos e os quadrados verdes as 5 recuperações por perda de bola adversário. O quadrado
castanho apresenta as sequências nas quais foi utilizado o sistema defensivo 6:0 (zona)
durante o jogo, tendo em consideração o resultado parcial do marcador.
28
5ª melhor selecção de acordo com o Ranking List Nation – 2008 National Team Competitions da EHF
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Foi possível identificar 6 tipos de sequências diferentes das 42 que compuseram a totalidade
do jogo, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado
parcial do marcador para selecção de Espanha.
Tabela 13 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo Croácia-Espanha
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 3 3 6 14,29 Vermelho
Perde por 1 golo P1 6 4 10 23,81 Laranja
Perde por 2 golos P2 6 3 9 21,43 Amarelo
Perde por 3 golos P3 4 5 9 21,43 Azul
Perde por 4 golos P4 3 3 6 14,29 Cinzento
Perde por 5 ou mais golos P5 2 0 2 4,76 Preto
Durante quase todo o jogo a selecção de Espanha recorreu à utilização do sistema defensivo
6:0 (zona), independentemente do resultado do marcador (vantagem para a selecção da
Croácia), uma vez que o treinador, possivelmente, entendeu que a discrepância no resultado
não advinha da ineficácia da utilização deste sistema mas de outros factores. Contudo, viria a
modificar o sistema defensivo a meio da 2ª parte para o 3:2:1 (nueve), quando o marcador
registava uma desvantagem por 3 golos (p3) e para o 5+1 (seis) quando o marcador registava
uma desvantagem por um golo (p1) e empate (e), voltando de seguida ao 6:0 (zona).
Esta alteração entre os sistemas defensivos permitiu que a selecção de Espanha recuperasse a
posse de bola sem sofrer golo com sucesso - sugerindo que houve alguma dificuldade na
adaptação da selecção adversária - mas que viria a ser relativo pois o resultado no marcador
manteve-se favorável à selecção da Croácia.
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade do jogo a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola mais vezes após golo sofrido (19) do que sem sofrer golo (14).
As formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foram através de: 5
perdas de bola do adversário (pb), uma por mau passe ou recepção (mpr), uma violação da
área de baliza (vio), uma por passos ou dribles (pdb), 3 remates do adversário para fora (rec),
duas por intervenções do guarda-redes (dsc9) e uma por intercepção (i).
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Figura 20 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção da Croácia e a de Espanha
na 1ª fase
Da análise sequencial do jogo da selecção de Espanha com a selecção da Croácia foram
detectados 4 padrões.
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Figura 21 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Croácia na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 5
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 2 golos (p2), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário entre o 2º e 3º defensor do lado direito (p23d), e o defensor directo do portador da
bola realizou deslocamento defensivo (desl), quando a bola circulou da zona do central (c) para
a zona do lateral direito mais próximo do central (ldc) e de seguida para a zona do lateral
esquerdo (le).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por 3 vezes durante o jogo.
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Figura 22 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl
Figura 23 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl
Figura 24 - Representação do evento p2,zona,zp,le,p23d,desl
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Figura 25 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Croácia na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 5
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 2 golos (p2), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário entre o 2º e 3º defensor do lado direito (p23d) e o defensor directo do portador da
bola realizou deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do central (c) para
a zona do lateral direito mais próximo do central (ldc) e de seguida volta para a zona do central
(c) com o pivot adversário entre o 2º e o 3º defensor do lado esquerdo (p23e).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por 3 vezes durante o jogo.
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Figura 26 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl
Figura 27 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl
Figura 28 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23e,desl
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Figura 29 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Croácia na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 5
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 2 golos (p2), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm) e o defensor directo do portador da bola realizou
deslocamento defensivo (desl) quando a bola estava na zona do central (c) e continuou com o
mesmo comportamento (desl) quando o pivot adversário se colocou entre o 2º e 3º defensor
do lado direito (p23d) e a bola circulou da mesma posição (c) para a zona do lateral direito
mais próximo do central (ldc).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes durante o jogo.
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Figura 30 - Representação do evento p2,zona,zp,c,pm,desl
Figura 31 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl
Figura 32 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl
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Figura 33 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Croácia na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 2 golos (p2), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário entre o 2º e 3º defensor do lado direito (p23d), e o defensor directo do portador da
bola realizou deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do central (c) para
a zona do lateral direito mais próximo do central (ldc).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por 5 vezes durante o jogo.
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Figura 34 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl
Figura 35 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl
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1ª parte
Na 1ª parte do jogo que opôs a selecção de Espanha frente à da Croácia foram registadas 24
sequências no método organizado de jogo em situação de igualdade numérica 6x6. Foi possível
identificar 6 tipos de sequências diferentes na 1ª parte, com as seguintes frequências e nos
seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador de jogo para selecção de
Espanha:
Figura 36 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a selecção da Croácia e a de
Espanha na 1ª fase
Na 1ª parte foram registadas duas sequências que caracterizam o jogo como desequilibrado
(Silva, 2000) pela desvantagem no marcador por 5 ou mais golos (p5), que coincidiu com as
últimas sequências do método de jogo organizado em situação de 6x6. A selecção de Espanha
apenas em 3 sequências, durante a 1ª parte, não esteve em desvantagem e que correspondeu
à fase inicial do jogo. O que significa que jogou quase toda a 1ª parte em desvantagem (19 das
24 sequências).
O sistema defensivo utilizado durante toda a 1ª parte, foi o 6:0 (zona) e em grande parte com
a forma de actuação do tipo passiva (zp). A manutenção do mesmo sistema defensivo 6:0
(zona) poderá ser explicada por ser o sistema mais rotinado e que a utilização de qualquer
outro sistema, nesta parte do jogo, poderia fazer com a selecção da Croácia conseguisse criar
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mais situações de golo de 2ª linha devido à diminuição da densidade dos jogadores que outros
sistemas alternativos apresentam, na 1ª linha defensiva.
De referir que a selecção de Espanha sofreu grande parte dos golos quando estava em
desvantagem no marcador por dois golos (p2).
Figura 37 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção da Croácia e a de
Espanha na 1ª fase
Das diferentes formas de recuperação de bola, nesta 1ª parte, a selecção de Espanha,
recuperou a posse de bola com golo sofrido por 11 vezes (gs e g7m) e sem golo sofrido por 7
vezes. A selecção de Espanha realizou duas recuperações de bola sem sofrer golo após
remates que foram directamente para fora (rec), uma pela perda de bola do adversário (pb),
uma por mau passe ou má recepção (mpr), uma violação da área de baliza (vio) e uma outra
por passos ou dribles (pdb). A recuperação de bola através de defesa pelo guarda-redes
ocorreu apenas por uma vez (dsc9).
Da análise sequencial da 1ª parte do jogo da selecção de Espanha com a selecção da Croácia
foi detectado 1 padrão.
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Figura 38 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da Croácia na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 2 golos (p2), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário entre o 2º e 3º defensor do lado direito (p23d), e o defensor directo do portador da
bola realizou deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do central (c) para
a zona do lateral direito mais próximo do central (ldc).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por 4 vezes na 1ª parte do jogo.
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Figura 39 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl
Figura 40 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl
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2ª parte
Na 2ª parte foram registadas 18 sequências no método organizado de jogo em situação de
igualdade numérica 6x6. Foi possível identificar 5 tipos de sequências diferentes na 2ª parte
nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador de jogo para selecção de
Espanha:
Figura 41 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a selecção da Croácia e a de
Espanha na 1ª fase
A 2ª parte do jogo foi equilibrada, segundo Silva (2000), uma vez que a selecção de Espanha
enquanto defendia durante o método organizado, em situação de igualdade numérica 6x6,
esteve em desvantagem por uma diferença menor que 5 golos (p1,p2,p3,p4) em 15 das 18
sequências.
Nesta 2ª parte foram utilizados 3 sistemas defensivos diferentes: o 6:0 (zona), o 5+1 (seis) e o
3:2:1 (nueve). Esta opção de alternar os sistemas defensivos poderá ser explicada pelo facto
do treinador de Espanha pretender causar instabilidade ofensiva na equipa adversária, na
tentativa de recuperar a posse de bola, pela criação de erros no ataque adversário. A alteração
para o sistema defensivo 3:2:1 (nueve) surgiu quando o resultado do marcador apontava para
uma desvantagem de 3 golos (p3) e o sistema defensivo 5+1 (seis) quando a desvantagem era
mínima (p1).
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Observa-se uma maior concentração de eventos na primeira metade da 2ª parte do jogo e,
que corresponde também a uma recuperação no marcador de jogo, significando que grande
parte das recuperações bola, independentemente do tipo, para este método do jogo
aconteceram aproximadamente nos primeiros 15 minutos da 2ª parte.
É possível observar ainda que existe um hiato entre os 87000 frames e os 100000 em que não
houve registo de eventos. Mas, que de seguida foi identificada uma recuperação no marcador
de jogo, que poderá ser explicada pelas situações de relação numérica distinta da 6x6, ou de
contra-ataque e/ou reposição de bola rápida que possivelmente ocorreram naquele hiato.
Figura 42 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção da Croácia e a de
Espanha na 1ª fase
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade do jogo a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola mais vezes após golo sofrido (8) do que sem sofrer golo (7).
Sem sofrer golo a selecção de Espanha realizou 4 recuperações de bola após perda de bola do
adversário (pb), uma através de intercepção, uma pela intervenção do guarda-redes (dsc9) e
uma após remate do adversário para fora (rec).
Não foram considerados dendogramas uma vez que não cumpriam os requisitos estipulados.
Esta ausência possivelmente deveu-se à elevada variabilidade de eventos que está relacionada
com os vários sistemas defensivos utilizados para diminuir a desvantagem no marcador e com
o diminuto número de sequências defensivas registadas no método organizado de jogo em
situação 6x6 para a selecção de Espanha.
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Síntese
No jogo com a selecção da Croácia, em 85,71% das sequências observadas a selecção de
Espanha esteve em desvantagem no marcador. Apenas em 3 das 24 sequências da 1ª parte o
marcador de jogo não apresentou desvantagem para a selecção de Espanha e também em 3
sequências esteve em desvantagem por 5 ou mais golos. A selecção de Espanha esteve em
desvantagem no marcador, durante a 2ª parte, em 15 das 18 sequências. Observou-se uma
maior concentração de eventos na 1ª metade da 2ª parte do jogo e que correspondeu a um
período de diminuição da desvantagem no marcador de jogo por parte da selecção de
Espanha.
A selecção de Espanha utilizou o sistema defensivo 6:0 em toda a 1ª parte e até à metade da
2ª parte do jogo, modificando-o para o 3:2:1 quando o marcador registava uma desvantagem
de 3 golos e para o sistema 5+1 quando o marcador registava uma desvantagem de 1 golo e
empate, voltando de seguida para o 6:0.
A selecção de Espanha sofreu mais golos enquanto o marcador apresentava uma desvantagem
por 2 golos, durante a 1ª parte do jogo. A recuperação de bola após golo sofrido ocorreu mais
vezes (19) do que sem sofrer golo (14). A selecção de Espanha sofreu mais golos durante a 1ª
parte do jogo (11).
A recuperação de bola sem sofrer golo deveu-se a 5 perdas de bola, a 1 mau passe ou
recepção, a uma violação da área de baliza, a uma falta por passos ou dribles, a 3 remates
realizados para fora, a duas intervenções do guarda-redes e uma intercepção.
Da análise sequencial foram detectados 4 padrões quando analisadas as sequências de todo o
jogo, no método organizado de jogo em situação de 6x6, enquanto a selecção de Espanha
defendia. Todos estes padrões apresentaram como forma de recuperação de bola o golo
sofrido, quando o marcador registava uma desvantagem por 2 golos, com o sistema defensivo
6:0, com a forma de actuação do tipo passiva e o comportamento dos defensores directos do
portador da bola, era o deslocamento defensivo, estando o pivot adversário na maioria das
vezes entre o 2º e o 3º defensor do lado direito. Dois destes 4 padrões apresentaram 5
configurações de eventos que se repetiram durante o jogo por 3 vezes. O padrão que
apresentou as 4 configurações mínimas repetiu-se por 5 vezes durante todo o jogo.
Na análise sequencial realizada em cada uma das partes do jogo, foi detectado apenas 1
padrão para a recuperação da posse de bola após golo sofrido, com as 4 configurações
mínimas, que se repetiu por 4 vezes ao longo da 1ª parte. Quando a selecção de Espanha
estava em desvantagem por 2 golos, com o sistema defensivo 6:0, com a forma de actuação do
tipo passiva e comportamento dos defensores directos do portador da bola foi o
deslocamento defensivo, estando o pivot adversário colocado entre o 2º e 3º defensor do lado
direito, quando a bola circulou da zona do central para a zona do lateral direito mais próxima
do central. A configuração dos eventos deste padrão e a repetição da distribuição temporal é
semelhante à apresentada num dos dendogramas quando foi realizada a análise das
sequências do jogo todo. Na 2ª parte foram detectados padrões, contudo os mesmos
continham configurações de eventos que pertenciam a mais do que uma sequência daí a não
serem considerados.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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5.1.2. Jogo China-Espanha O jogo China-Espanha foi o 3º jogo da 1ª Fase do Grupo A do Torneio de Andebol dos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008. A selecção de Espanha iria defrontar a selecção anfitriã dos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008 e de acordo com o ranking da International Handball Federation
(IHF) a selecção de Espanha era tida como favorita para este encontro.
O jogo teve duas partes distintas, uma 1ª parte que se pautou pelo equilíbrio no resultado do
marcador (Silva, 2000) e que chegaria ao intervalo com a selecção de Espanha em vantagem
por 4 golos (12-16). Uma 2ª parte desequilibrada no marcador (Silva, 2000) na qual a selecção
de Espanha acabaria por vencer (10-20) vencendo a partida (22-36).
Figura 43 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção da China e a de
Espanha na 1ª fase
Foi possível identificar 6 tipos de sequências diferentes nas 52 que compuseram a totalidade
do jogo, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado
parcial do marcador de jogo para selecção de Espanha.
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Tabela 14 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo China-Espanha
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 1 0 1 1,9 Vermelho
Vence por 1 golo V1 3 0 3 5,8 Verde
Vence por 2 golos V2 9 0 9 17,3 Púrpura
Vence por 3 golos V3 4 0 4 7,7 Azul marinho
Vence por 4 golos V4 5 0 5 9,6 Beje
Vence por 5 golos ou
mais golos
V5 6 24 30 57,7 Azul escuro
A selecção de Espanha esteve, em quase todas as sequências registadas, em vantagem (98%),
somente numa sequência da 1ª parte é que não esteve em vantagem (e). O jogo foi na sua
maioria desequilibrado, segundo Silva (2000), uma vez que a selecção de Espanha, enquanto
defendia durante o método organizado em situação de 6x6, esteve em vantagem por uma
diferença de 5 ou mais golos, em 30 das 52 sequências (57,7%).
Possivelmente, devido ao desequilíbrio registado no resultado do marcador, o sistema
defensivo 3:2:1 (nueve) e a forma de actuação passiva (zp) foram mantidos durante quase
toda a partida, podendo ter sido ser considerados como adequados ao adversário. Hipotiza-se
que a utilização de um sistema defensivo mais profundo, como o 3:2:1 (nueve), pretendia
condicionar o jogo ofensivo da selecção China, uma vez que esta é considerada uma equipa
mais fraca (de acordo com a classificação da IHF). Durante a 2ª parte, à medida que a diferença
no resultado do marcador se foi mantendo, em 5 ou mais golos, e a partir da segunda metade
da 2ª parte, registaram-se alterações no sistema defensivo: 4:2 (dos), 5+1 (seis), 5:1 (uno) e 6:0
(zona).
A selecção de Espanha sofreu 16 dos 22 golos, durante o método organizado de jogo em
situação de 6x6, sendo que 10 dos golos ocorreram na 1ª parte. Das diferentes formas de
recuperação da posse de bola, na totalidade do jogo a selecção de Espanha recuperou a posse
de bola mais vezes sem sofrer golo (27) do que após golo sofrido (16).
As formas de recuperação de bola, mais registadas, sem sofrer golo foram através das 7
defesas dos guarda-redes (dsc9, dsc6), seguida de 7 erros dos adversário (vio, mpr, fa, pdb), de
6 ressaltos defensivos (res), de 3 intercepções (i) e de 4 recuperações após remate falhado
sem intervenção directa do guarda-redes (rec).
De referir que a selecção da China realizou 5 recuperações de bola através de ressalto ofensivo
sem remate à baliza (roo).
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Figura 44 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção da China e a de Espanha na
1ª fase
Da análise sequencial do jogo da selecção de Espanha com a selecção da China foram
detectados 4 padrões.
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Figura 45 - Dendograma representativo do padrão sequencial de como a selecção de Espanha deixou a selecção
da China recuperar a posse de bola através de ressalto ofensivo (sem remate à baliza) em todo o jogo na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
deixou a selecção da China recuperar a posse de bola após ressalto ofensivo (sem remate à
baliza - roo):
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem de 5 ou mais golos (v5), o sistema
defensivo utilizado foi o 3:2:1 (nueve) e actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm), e a bola circulou da zona do lateral esquerdo (le) para a
zona do central (c) com o defensor directo do portador da bola a realizar deslocamento
defensivo (desl).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes durante o jogo (uma na 1ª parte e outra
na 2ª parte do jogo).
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Figura 46 - Representação do evento v5,nueve,zp,le,pm,desl
Figura 47 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl
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Figura 48 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da China na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem de 5 ou mais golos (v5), o sistema
defensivo utiliado foi o 3:2:1 (nueve) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), o defensor
directo do portador da bola realizou deslocamento defensivo (desl) quando a bola estava na
zona do central (c) e o pivot adversário no meio da defesa (pm) e se colocou entre o 2º e o 3º
defensor do lado direito (p23d).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na 2ª parte do jogo.
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Figura 49 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl
Figura 50 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,p23d,desl
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Figura 51 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da China na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem de 5 ou mais golos (v5), o sistema
defensivo utilizado foi o 3:2:1 (nueve) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm) e bola circulou da zona do central (c) para a zona do lateral
esquerdo mais próxima do central (lec), com o defensor directo do portador da bola realizar
deslocamento defensivo (desl).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por 3 vezes na 2ª parte do jogo (duas nos primeiros 15
minutos e uma nos últimos 15 minutos de jogo).
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Figura 52 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl
Figura 53 - Representação do evento v5,nueve,zp,lec,pm,desl
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Figura 54 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da China na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem de 4 golos (v4), o sistema
defensivo utilizado foi o 3:2:1 (nueve) e actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário entre o 2º e o 3º defensor do lado direito (p23d), e bola circulou da zona do central
(c) para a zona do lateral direito (ld), com o defensor directo do portador da bola a realizar
deslocamento defensivo (desl).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por 3 vezes na 1ª parte do jogo (nos últimos 15
minutos).
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Figura 55 - Representação do evento v4,nueve,zp,c,p23d,desl
Figura 56 - Representação do evento v4,nueve,zp,ld,p23d,desl
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1ª parte
Na 1ª parte do jogo entre a selecção de Espanha e da China foram registadas 28 sequências no
método organizado de jogo em situação de igualdade numérica 6x6. Foi possível identificar 6
tipos de sequências diferentes das 28 que compuseram a 1ª parte nos seguintes intervalos, em
função do resultado parcial do marcador de jogo para selecção de Espanha:
Figura 57 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a selecção da China e a de
Espanha na 1ª fase
A 1ª parte do jogo foi na sua maioria equilibrada, segundo Silva (2000), uma vez que a selecção
de Espanha, enquanto defendia durante o método organizado em situação de 6x6 esteve:
empatada, em desvantagem ou em vantagem por uma diferença inferior a 5 golos no
marcador, em 22 das 28 sequências.
De referir que o marcador parcial, para a selecção de Espanha, registou a situação de empate
(e) apenas numa sequência, estando em todas as outras sempre em vantagem
(v1,v2,v3,v4,v5). A vantagem por 5 ou mais golos começou a registar-se perto do final da 1ª
parte.
Nesta 1ª parte a selecção de Espanha utilizou apenas o sistema defensivo 3:2:1 (nueve) e com
a forma de actuação passiva (zp). Este sistema possivelmente foi escolhido pela necessidade
de criar situações de constante pressão sobre as linhas de passe, e assim dificultar a circulação
de bola, obrigando a selecção da China a jogar mais longe da baliza, e induzindo a um maior
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número de erros e falhas técnicas (o que se viria a registar), uma vez que o adversário, de
acordo com o ranking IHF, é mais fraco.
Das diferentes formas de recuperação de bola, nesta 1ª parte, a selecção de Espanha,
recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer golo (13) do que com golo sofrido (10). A
forma de recuperação de bola sem sofrer golo foi realizada através de: 5 ressaltos (res), 4
erros/falhas dos adversário (fa, pdb, vio, rec), 3 defesas dos guarda-redes (dsc9, dsc6) e uma
intercepção. Contudo é de referir que a selecção da China recuperou 4 posses de bola no seu
ataque através de 2 ressaltos após remate (ror) e 2 ressaltos sem remate à baliza (roo).
Figura 58 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção da China e a de
Espanha na 1ª fase
Da análise sequencial da 1ª parte do jogo da selecção de Espanha com a selecção da China foi
detectado 1 padrão.
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Figura 59 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da China na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem de 4 golos (v4), o sistema
defensivo utilizado foi o 3:2:1 (nueve) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário entre o 2º e o 3º defensor do lado direito (p23d), e a bola circulou da zona do
central (c) para a zona do lateral direito (ld), com o defensor directo do portador da bola a
realizar deslocamento defensivo (desl).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na 1ª parte do jogo (nos últimos 15
minutos).
O resultado deste dendograma da 1ª parte é igual ao apresentado quando foram analisados os
eventos do jogo por inteiro, significando que este padrão é estável.
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Figura 60 - Representação do evento v4,nueve,zp,c,p23d,desl
Figura 61 - Representação do evento v4,nueve,zp,ld,p23d,desl
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2ª parte
Na 2ª parte foram registadas 24 sequências no método organizado de jogo em situação de
igualdade numérica 6x6. Foi possível identificar apenas 1 tipo de sequências das 24 que
compuseram a 2ª parte nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador
de jogo para selecção de Espanha, que neste caso vencia por 5 ou mais golos (v5):
Figura 62 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a selecção da China e a de
Espanha na 1ª
Em todas as sequências (24) da 2ª parte do jogo, a selecção de Espanha esteve em vantagem
por 5 ou mais golos (v5), tendo apenas sofrido 6 golos (gs, gs7m). Apesar de não se verificar
variabilidade no resultado parcial do marcador e o mesmo ser considerado desequilibrado
(Silva, 2000), nesta 2ª parte, foram registadas alterações na utilização dos sistemas defensivos:
3:2:1 (nueve), 4:2 (dos), 5+1 (seis), 5:1 (uno) e 6:0 (zona).
Das diferentes formas de recuperação de bola, nesta 2ª parte, a selecção de Espanha,
recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer golo (14) do que com golo sofrido (6). As
formas de recuperação de bola sem sofrer golo foram através de: 4 erros/falhas do adversário
(vio, mpr), 4 defesas dos guarda-redes (dsc9, dsc6), 3 remates para fora (rec), os defensores
conseguiram realizar duas intercepções (i) e 1 ressalto defensivo (res). Contudo é de referir
que a selecção da China recuperou 3 posses de bola no seu ataque através de ressaltos
ofensivos sem remate à baliza (roo).
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Figura 63 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção da China e a de
Espanha na 1ª fase
Da análise sequencial da 2ª parte do jogo da selecção de Espanha com a selecção da China foi
detectado 1 padrão.
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Figura 64 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 2ª parte do jogo com a selecção da China na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem de 5 ou mais golos (v5), o sistema
defensivo utilizado foi o 3:2:1 (nueve) e a actuação defensiva foi do tipo passiva (zp), com o
pivot adversário no meio da defesa (pm), e a bola circulou da zona do central (c) para a zona
do lateral esquerdo mais próxima do central (lec), com o defensor directo do portador da bola
a realizar deslocamento defensivo (desl).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na 2ª parte do jogo (uma nos primeiros
15 minutos e outra nos últimos 15 minutos de jogo).
O resultado deste dendograma da 2ª parte é igual ao apresentado quando foram analisados os
eventos do jogo por inteiro, significando que este padrão é estável.
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Figura 65 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl
Figura 66 - Representação do evento v5,nueve,zp,lec,pm,desl
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Síntese
No jogo com a selecção da China, a selecção de Espanha esteve em vantagem no marcador em
98% das sequências observadas. Durante toda a 2ª parte do jogo o resultado no marcador
apresentou uma vantagem de 5 ou mais golos, registando-se assim mais sequências quando o
marcador apresentava esta diferença de golos (57,7%).
A selecção de Espanha utilizou o sistema defensivo 3:2:1, até a meio da 2ª parte, quando a
diferença no marcador apresentava uma vantagem de 5 ou mais golos, possibilitando a
alteração para os sistemas defensivos 4:2, o 5+1, o 5:1 e o 6:0.
A selecção de Espanha sofreu 16 dos 22 golos durante o método organizado de jogo em
situação de 6x6, sendo que 10 deles ocorreram durante a 1ª parte. A recuperação da posse de
bola sem sofrer golos ocorreu mais vezes (27) do que com golo sofrido (16), através de 7
intervenções do guarda-redes, 7 erros do adversários, 6 ressaltos defensivos, 3 intercepções e
4 remates para fora. Durante a 1ª parte foram realizadas mais recuperações de bola sem
sofrer golo através dos ressaltos defensivos (5) enquanto na 2ª parte foram recuperadas mais
vezes pelos erros do adversário e intervenções do guarda-redes. Foram ainda registadas 5
recuperações de posse de bola através de ressalto ofensivo sem remate à baliza e 2 ressaltos
ofensivos após remate pela selecção da China.
Da análise sequencial foram detectados 4 padrões, quando analisadas as sequências da
selecção de Espanha para todo o jogo, apresentando estes as 4 configurações de eventos
mínimas. Um destes padrões apresentou a recuperação de bola através de ressalto ofensivo
sem anteceder o remate à baliza para a selecção da China, enquanto os 3 restantes indicaram
a recuperação de bola após de golo sofrido. Em todos estes padrões detectados a selecção de
Espanha utilizou o sistema defensivo 3:2:1, e quando se encontrava em vantagem no
marcador por 4 ou mais golos.
O padrão da recuperação da posse de bola para a selecção da China por ressalto ofensivo sem
anteceder o remate à baliza ocorreu por duas vezes (uma na 1ª parte e outra na 2ª parte),
quando a selecção de Espanha tinha vantagem no marcador por 5 ou mais golos, utilizando o
sistema defensivo 3:2:1 com a forma de actuação do tipo passiva e o pivot adversário colocado
no meio da defesa, quando a bola circulou da zona do lateral esquerdo para a zona do central
e os defensores directos do portador da bola realizaram deslocamento defensivo.
Os padrões da recuperação da posse de bola após golo sofrido pela selecção de Espanha, 2
deles ocorreram durante a 2ª parte quando o marcador de jogo registava uma vantagem por 5
ou mais golos, e outro durante a 1ª parte quando a vantagem no marcador era de 4 golos. O
comportamento dos defensores directos do portador da bola nestes padrões foi sempre o
deslocamento defensivo, independentemente da zona onde se encontrava a bola e a
localização do pivot adversário.
Foi detectado 1 padrão de recuperação da posse de bola após golo sofrido com as 4
configurações mínimas em cada uma das partes quando analisadas as sequências em cada um
desses períodos de jogo. Ambas as configurações destes padrões ocorreram por duas vezes em
cada uma das partes, o sistema defensivo utilizado foi o 3:2:1, com actuação do tipo passiva e
o comportamento dos defensores directos do portador da bola foi o deslocamento defensivo.
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Na 1ª parte ocorreu quando o marcador registava uma vantagem por 4 golos para a selecção
de Espanha e com o pivot adversário colocado entre o 2º e 3º defensor do lado direito,
enquanto a bola circulava da zona do central para a do lateral direito. Na 2ª parte registou-se
quando o marcador indicava uma vantagem por 5 ou mais golos para a selecção de Espanha e
o pivot adversário se encontrava no meio da defesa, enquanto a bola circulava da zona do
central para a zona do lateral esquerdo mais próxima do central. A configuração dos eventos
destes 2 padrões e a repetição da distribuição temporal é semelhante à apresentada em
alguns dos dendogramas quando foi realizada a análise das sequências de todo o jogo.
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5.1.3. Jogo França-Espanha O jogo França-Espanha foi o 4º jogo da 1ª Fase do Grupo A do Torneio de Andebol dos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008. A selecção de Espanha defrontava a selecção que naquele
momento era a campeã europeia, sendo esta última favorita para este encontro. Caso a
selecção de Espanha vencesse esta partida estaria apurada para a fase seguinte, mesmo
faltando ainda um jogo do Grupa A por disputar.
O jogo na sua totalidade pautou-se pela desvantagem no marcador (p1, p2, p3, p4, p5) que a
selecção de Espanha teve em 88,56% das sequências observadas (31 em 35 sequências),
registando-se um desequilíbrio no marcador parcial (Silva, 2000), ou seja quando esteve a
perder por 5 ou mais golos (p5) em 62,86% das sequências (em 22 de 35 sequências).
Figura 67 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção de França e a de
Espanha na 1ª fase
Este resultado adveio principalmente do que aconteceu durante a 1ª parte (que teve o parcial
de 16-10 (p5) ao intervalo) uma vez que se registou um equilíbrio na marcha parcial do
marcador na 2ª parte, que culminou com uma desvantagem de 1 golo (p1) para a selecção da
Espanha por 12-11, sendo o resultado final de 28-21 para a selecção Francesa.
Embora tenha existido supremacia da selecção de Francesa reflectida no resultado final da
partida, não seria correcto afirmar que foi durante o método organizado de jogo em igualdade
numérica 6x6 que a selecção de Espanha perdeu o controlo do jogo, uma vez que em 35
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
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sequências a selecção de Espanha sofreu 16 golos (gs, gs7m) - 7 golos na 1ª parte e 9 na 2ª
metade.
O desequilíbrio neste jogo poderá ter sido originado pela ineficaz prestação da selecção de
Espanha em outros métodos do processo defensivo e durante o seu processo ofensivo, e ainda
na desiguldade na relação numérica dos jogadores, uma vez que o espaço existente no registo
temporal na Figura 67 entre as sequências, sugere que a alteração verificada no marcador
poderá ter estado relacionada com a utilização do contra-ataque (e/ou contra-golo) e à
finalização com golo em situações de relação numérica distintas da 6x6 por parte da selecção
Francesa. Reporta-se como sugestão, e porque o instrumento de observação não teve como
propósito, o registo das sequências de outros métodos de jogo, do processo ofensivo e de
outras relações numéricas da selecção de Espanha.
É possível identificar 7 tipos de sequências diferentes das 35 que compuseram a totalidade do
jogo, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial
do marcador de jogo para selecção de Espanha.
Tabela 15 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo França-Espanha
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 3 0 3 8,58 Vermelho
Vence por 1 golo V1 1 0 1 2,86 Verde
Perde por 1 golo P1 1 0 1 2,86 Laranja
Perde por 3 golos P3 1 3 4 11,42 Azul
Perde por 4 golos P4 1 3 4 11,42 Cinzento
Perde por 5 ou mais golos P5 5 17 22 62,86 Preto
Durante quase todo o jogo a selecção de Espanha recorreu à utilização do sistema defensivo
6:0 (zona), independentemente do resultado do jogo. A manutenção deste sistema defensivo
deveu-se possivelmente ao entendimento que o treinador fez da discrepância do resultado
não advir da ineficácia da utilização daquele sistema, mas de factores já sugeridos
anteriormente. A modificação do sistema defensivo viria a ocorrer no final da 2ª parte, na
tentativa de recuperar a posse de bola sem sofrer golo, através da alternância entre um
conjunto de sistemas que oferecessem uma maior profundidade que o 6:0 (zona): 3:2:1
(nueve), 5:1 (uno) e 5+1 (seis). Esta constante variação entre sistemas permitiu que a selecção
de Espanha recuperasse a posse de bola sem sofrer golo com sucesso - sugerindo que houve
alguma dificuldade na adaptação da selecção adversária - mas que viria a ser relativa, uma vez
que o resultado no marcador se manteve favorável à selecção adversária.
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Página 139
Figura 68 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção de França e a de Espanha
na 1ª fase
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade do jogo, a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola tantas as vezes sem sofrer golo (16) quantas aquelas após golo
sofrido (16). As formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foram
através de 7 ressaltos defensivos (res), de 3 intervenções do guarda-redes (dsc9, dcb), de duas
intercepções (i), de 3 erros do adversário (fa, pb) e de 1 remate para fora (rec).
A elevada variabilidade dos eventos poderá ter sido devida às sucessivas alterações ao sistema
defensivo da selecção de Espanha, na tentativa de encontrar uma forma de recuperar a posse
de bola sem sofrer golo e para impedir que o adversário se conseguisse adaptar e tivesse que
procurar novas soluções de ataque, no sentido de não deixar aumentar a desvantagem no
marcador.
Não foram considerados dendogramas uma vez que não cumpriam os requisitos estipulados.
Esta ausência possivelmente deveu-se à elevada variabilidade de eventos que poderá estar
relacionada com os vários sistemas defensivos utilizados e com o diminuto número de
sequências defensivas registadas no método organizado de jogo em situação 6x6 para a
selecção de Espanha.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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1ª parte
Na 1ª parte do jogo que opôs a selecção de Espanha frente à Francesa foram registadas 12
sequências no método organizado de jogo em situação de igualdade numérica 6x6. Foi possível
identificar 6 tipos de sequências diferentes das 12 que compuseram a 1ª parte, com as
seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador
de jogo para selecção de Espanha:
Figura 69 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a selecção de França e a de
Espanha na 1ª fase
Na 1ª parte foram registadas 5 sequências que caracterizaram o jogo como desequilibrado
(Silva, 2000): em desvantagem no marcador por 5 ou mais golos (p5). Nas restantes sequências
esteve empatada (e) por 3 ocasiões (na fase inicial do jogo), em vantagem por 1 golo (v1) uma
vez e nas restantes em desvantagem por um (p1), por 3 golos (p3) e por 4 golos (p4).
Resumindo, a selecção de Espanha esteve em desvantagem no marcador em 8 das 12
sequências na 1ª parte, neste método do jogo em situação de 6x6.
O sistema defensivo utilizado durante a toda a 1ª parte, independentemente do resultado
parcial do marcador, foi o 6:0 (zona) e em grande parte com a forma de actuação do tipo
passiva (zp). A manutenção do mesmo sistema defensivo (zona) poderá ser explicada por ser o
sistema mais rotinado e porque o resultado parcial do marcador, apesar de muito cedo ter
sido de grande desvantagem (p5), não reflectia a falha do sistema defensivo em si, mas de
consequências negativas possivelmente do próprio processo ofensivo da selecção de Espanha
que originavam situações (e.g. contra-ataque) no qual a sua congénere Francesa conseguia
marcar golo sem passar pelo método organizado de jogo, assim nunca tendo que enfrentar o
sistema defensivo 6:0 (zona).
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É possível observar na Figura 69, para este método de jogo em situação de 6x6, que o
resultado parcial de jogo passou do empate inicial (e), para uma situação de vantagem para 1
golo (v1), desvantagem para 1 golo (p1) e de seguida para uma desvantagem de 5 ou mais
golos (p5), existindo um hiato temporal entre estas últimas situações (p1 e p5). Este hiato
(14000 a 24000 frames e 33400 a 50400 frames) na evolução do marcador parcial de jogo, que
poderá ser explicado pelo número de golos sofridos pela selecção de Espanha: em situações de
relação numérica diferentes da 6x6, de contra-ataque e/ou reposição de bola rápida. Desta
forma é possível justificar que a grande parte das sequências registadas seja quando a selecção
de Espanha esteve em desvantagem por 5 ou mais golos (p5).
Figura 70 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção de França e a de
Espanha na 1ª fase
Das diferentes formas de recuperação da posse de bola, nesta 1ª parte, a selecção de Espanha,
recuperou-a após golo sofrido por 7 vezes (gs e g7m) e sem golo sofrido por 5 vezes. A
selecção de Espanha realizou 3 recuperações de bola sem sofrer golo através de ressalto (res),
duas delas quando esteve em desvantagem por 5 ou mais golos (p5) e uma quando estava
empatada (e). A recuperação da posse de bola através de defesa pelo guarda-redes ocorreu
apenas por uma vez, logo na primeira sequência de jogo (dsc9), quando o marcador de jogo
registava um empate (e) e ainda uma recuperação após remate do adversário para fora (rec).
Da análise sequencial da 1ª parte do jogo da selecção de Espanha com a selecção de França foi
detectado 1 padrão.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 71 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção de França na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composto por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 5 ou mais golos (p5), o
sistema defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) com actuação defensiva do tipo passiva (zp),
estando o pivot adversário entre o 2º e o 3º defensor do lado direito (p23d), e o defensor
directo do portador da bola realizou deslocamento defensivo (desl) quando a esta circulou da
zona do lateral direito mais próximo da zona do central (ldc) para a zona do central (c).
Na visualização topográfica, quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na 1ª parte do jogo.
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Figura 72 - Representação do evento p5,zona,zp,ldc,p23d,desl
Figura 73 - Representação do evento p5,zona,zp,c,p23d,desl
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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2ª Parte
Na 2ª parte foram registadas 23 sequências no método organizado de jogo em situação de
igualdade numérica 6x6. Foi possível identificar 3 tipos de sequências diferentes das 23 que
compuseram a 2ª parte nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador
de jogo para selecção de Espanha:
Figura 74 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a selecção de França e a de
Espanha na 1ª fase
A selecção de Espanha durante a 2ª parte esteve em desvantagem em todas as sequências
registadas no método organizado de jogo em igualdade numérica 6x6.
A 2ª parte do jogo foi na sua maioria desequilibrada (Silva, 2000), uma vez que a selecção de
Espanha enquanto defendia neste método esteve em desvantagem por uma diferença de 5 ou
mais golos (p5) em 17 das 23 sequências.
Nesta 2ª parte foram utilizados 4 sistemas defensivos diferentes: o 6:0 (zona), o 5:1 (uno), o
5+1 (seis) e o 3:2:1 (nueve). Esta opção poderá ser explicada pelo facto do treinador da
selecção de Espanha, possivelmente, pretender causar instabilidade ofensiva na equipa
adversária, na tentativa de recuperar a posse de bola sem sofrer golo, através de erros no
ataque adversário e simultaneamente encontrar um sistema que lhes proporcionasse mais
consistência defensiva, uma vez que a desvantagem por 5 ou mais golos (p5) se mantinha.
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A elevada variabilidade dos eventos pode ser devida às sucessivas alterações ao sistema
defensivo da selecção de Espanha, na tentativa de encontrar uma forma de recuperar a posse
de bola sem sofrer golo; e para que o adversário não se conseguisse adaptar e tivesse que
encontrar novas soluções de ataque tentando impedir, simultaneamente, que aumentasse a
vantagem no marcador.
O sistema defensivo 6:0 (zona) foi o mais utilizado durante a 2ª parte, a partir do qual se
realizaram 4 recuperações de posse de bola sem sofrer golo através de: duas intercepções (i),
uma intervenção do guarda-redes (dsc9) e de um remate do adversário para fora (rec).
Contudo a selecção Francesa adaptou-se ao sistema conseguindo marcar golos. Daí a que o
seleccionador de Espanha modificasse o sistema defensivo alternando e variando os sistemas
nos segundos 15 minutos da 2ª parte:
- para um 3:2:1 (nueve) que é um sistema defensivo composto por 3 linhas defensivas, sendo
caracterizado pela sua profundidade. Este sistema possivelmente foi escolhido pela
necessidade de criar: situações de constante pressão sobre as linhas de passe, dificuldade na
circulação de bola obrigando a selecção Francesa a jogar mais longe da baliza, situações que
induzam a um maior número de erros e falhas técnicas. Contudo este sistema defensivo (3:2:1)
é física e tacticamente exigente daí a necessidade de ser alternado com outros sistemas
defensivos menos profundos que permitissem gerir o esforço dos jogadores nesta fase final do
encontro;
- para um 5:1 (uno) possivelmente na tentativa de fortalecer mais a zona central do terreno de
jogo e conseguir que o defensor avançado interceptasse ou causasse situações de dissuasão e
corte das linhas de passe entre o jogador central e os laterais, reduzindo o ritmo de circulação
do jogo e criando situações de dúvida na realização das acções ofensivas e desta forma
conseguir recuperar a posse de bola sem sofrer golo;
- para um 5+1 (seis), tendo a marcação individual sido utilizada, possivelmente, para anular o
efeito do organizador de jogo, arriscando com o espaço deixado entre os defensores na
tentativa de recuperar a posse de bola e diminuir a desvantagem no resultado, e ainda
permitir que os restantes elementos defensivos recuperassem fisicamente para novamente
alterar o sistema defensivo para o 3:2:1 (nueve).
Estas constantes alterações ao sistema defensivo fizeram com que a selecção de Espanha
realizasse duas recuperações de bola através de ressalto defensivo (res), de uma perda de bola
do adversário (pb), de uma falta atacante (fa) e sofrendo apenas 3 golos (gs), em 8 ataques,
sendo contudo insuficientes para alterar o marcador parcial de jogo.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 75 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção de França e a de
Espanha na 1ª fase
Das diferentes formas de recuperação de bola, nesta segunda parte, a selecção de Espanha,
recuperou a posse de bola sem sofrer golo por 11 ocasiões e 9 através de golo sofrido (gs). As
formas de recuperação de bola sem sofrer golo foram através de 4 ressaltos (res), duas
intercepções (i), tendo o guarda-redes realizado 2 defesas (dcb, dsc9) e por 3 erros do
adversário (fa, pb).
Da análise sequencial da 2ª parte do jogo da selecção de Espanha com a selecção de França foi
detectado 1 padrão.
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Figura 76 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 2ª parte do jogo com a selecção de França na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 7
configurações de eventos (para os objectivos do estudo os dois últimos eventos serão
excluídos, porque aparecem após o fim da sequência considerada) que descrevem uma
probabilidade de como a selecção de Espanha recuperou a posse de bola após golo sofrido
(gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 5 ou mais golos (p5), o
sistema defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) com a actuação defensiva do tipo passiva (zp),
estando o pivot adversário entre o 2º e o 3º defensor do lado direito (p23d) e o defensor
directo do portador da bola a realizar deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da
zona do central (c) para a zona do lateral direito (ld) e aproximando-se do portador da bola
(apr) quando a esta foi para a zona do lateral esquerdo mais próximo da zona do central (lec).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na 2ª parte do jogo.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
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Figura 77 - Representação do evento p5,zona,zp,c,p23d,desl
Figura 78 - Representação do evento p5,zona,zp,ld,p23d,desl
Figura 79 - Representação do evento p5,zona,zp,lec,p23d,apr
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Síntese
A selecção de Espanha esteve em desvantagem no marcador em 88,56% das sequências
observadas no jogo com a selecção de Francesa (durante toda a 2ª parte em desvantagem no
marcador), e em 62,86% das quais por 5 ou mais golos de diferença.
Uma vez que foram registadas poucas sequências durante o método organizado em igualdade
numérica 6x6 e nas quais a selecção de Espanha apenas sofreu 16 golos (7 na 1ª parte e 9 na
2ª parte), não é possível apresentar dados concretos que permitam indicar que este método
de jogo, no seu processo defensivo, possa ter tido a influência directa na discrepância da
desvantagem no marcador de jogo. A disparidade no resultado do marcador poderá ter sido
originada pela prestação ineficaz da selecção de Espanha noutros métodos do jogo defensivo e
durante o seu processo ofensivo, em igualdade e em desigualdade numérica.
A selecção de Espanha em quase todo jogo utilizou o sistema defensivo 6:0,
independentemente do resultado do marcador, dando a entender que a discrepância no
resultado não advinha da ineficácia da utilização deste sistema, mas de outros factores já
sugeridos anteriormente. A modificação e a alternância dos sistemas defensivos, registou-se
no final da 2ª parte do jogo, entre o 3:2:1, o 5:1 e 5+1, permitindo que a selecção de Espanha
recuperasse a posse de bola sem sofrer golo. A utilização do sistema defensivo 6:0
possivelmente foi mantido durante quase todo o jogo porque este é o sistema mais utilizado
pela selecção de Espanha.
A selecção de Espanha recuperou a posse de bola tantas vezes sem sofrer golo como as que
não sofreu. As formas de recuperação de bola sem sofrer golo foram realizadas através de 7
ressaltos defensivos, de 3 intervenções do guarda-redes, de 3 erros do adversário, duas
intercepções e de 1 remate para fora. Na 2ª parte realizou 11 recuperações de posse de bola
sem sofrer golo 4 das quais quando o sistema defensivo era o 6:0. As constantes mudanças ao
sistema defensivo fizeram com que a selecção de Espanha realizasse duas recuperações de
bola através de ressalto, uma de perda de bola do adversário e de uma falta atacante,
sofrendo apenas 3 golos em 8 sequências.
A elevada variabilidade dos eventos parece ser devida às sucessivas alterações do sistema
defensivo da selecção de Espanha, na tentativa de encontrar uma forma de recuperar a posse
de bola sem sofrer golo, tentando que a selecção Francesa não se conseguisse adaptar e assim
impedi-la de aumentar a desvantagem no marcador. Desta forma quando analisadas todas as
sequências do jogo foram detectados padrões temporais, mas os mesmos não cumpriam todos
os requisitos propostos, uma vez que continham configurações de eventos que pertenciam a
mais do que uma sequência daí a não serem considerados.
Na análise sequencial realizada em cada uma das partes do jogo foram detectados 2 padrões
para a recuperação da posse de bola após golo sofrido para a selecção de Espanha (uma em
cada uma das partes), tendo-se repetido duas vezes, quando o marcador registava uma
desvantagem de 5 ou mais golos, o sistema defensivo utilizado era o 6:0 e a forma de actuação
do tipo passiva com o pivot adversário entre o 2º e 3º defensor do lado direito. O padrão da 1ª
parte, apresentava as 4 configurações mínimas e quando a bola circulou da zona do lateral
direito mais próxima do central para a zona do central os defensores directos do portador da
bola realizaram deslocamento defensivo. Enquanto no padrão encontrado na 2ª parte
apresentou 5 configurações de eventos: quando a bola circulou da zona do central para a do
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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lateral direito os defensores directos do portador da bola realizaram deslocamento defensivo,
aproximando-se quando a bola foi para a zona do lateral esquerdo mais próxima do central.
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5.1.4. Jogo Espanha-Brasil O jogo Espanha-Brasil foi o 5º e último jogo da 1ª Fase do Grupo A do Torneio de Andebol dos
Jogos Olímpicos de Pequim 2008. De acordo com o ranking da IHF a selecção de Espanha era
tida como favorita para este encontro. A selecção de Espanha tinha que obrigatoriamente
vencer este jogo para poder continuar a disputar os jogos de acesso à medalha Olímpica.
O jogo teve duas partes distintas, uma 1ª parte que se pautou pelo equilíbrio no marcador
(Silva, 2000) e que chegaria ao intervalo com a selecção de Espanha em vantagem por 3 golos.
(20-17). Esteve 50% do tempo que defendeu, neste método organizado em igualdade
numérica 6x6, em vantagem por 1 ou mais golos (v1, v2, v3) e empatado (e) 30%.
Figura 80 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção do Brasil e a de
Espanha na 1ª fase
A 2ª parte na maioria dos registos (84%) foi tida como desequilibrada (Silva, 2000), sempre
com uma vantagem de 5 ou mais golos (v5), que resultaria na vitória do jogo para a selecção
de Espanha (36-35), e que a apuraria para a próxima fase (quartos de final) do Torneio de
Andebol dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 152
Embora tenha existido esta supremacia da selecção de Espanha durante a partida, esta só se
verificou durante o método defensivo organizado de jogo em igualdade numérica 6x6, uma vez
que o jogo terminou com a diferença de apenas 1 golo. Este facto sugere que a utilização de
outros métodos de jogo e/ou situações de relação numérica diferentes da de 6x6 pela selecção
do Brasil poderão ter sido factores que condicionaram a vantagem mínima no resultado final
do jogo, que pode ser observado pelo espaço no registo temporal entre as sequências na
Figura 80.
É possível identificar 7 tipos de sequências diferentes das 45 que compuseram a totalidade do
jogo, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial
do marcador de jogo para selecção de Espanha.
Tabela 16 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo Espanha-Brasil
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 6 0 6 13,33 Vermelho
Perde por 1 golo P1 4 0 4 8,88 Laranja
Vence por 1 golo V1 3 0 3 6,66 Verde
Vence por 2 golos V2 3 0 3 6,66 Púrpura
Vence por 3 golos V3 4 2 6 13,33 Azul marinho
Vence por 4 golos V4 0 2 2 4,44 Beje
Vence por 5 golos V5 0 21 21 46,66 Azul escuro
Na fase inicial do jogo registou-se a utilização de um sistema defensivo mais profundo, o 3:2:1
(nueve), possivelmente na tentativa de condicionar o jogo ofensivo da selecção adversária,
dado que em comparação com a selecção de Espanha é considerada uma equipa mais fraca
(de acordo com a classificação da IHF). Durante o método organizado de jogo, em situação de
6x6, a selecção de Espanha concedeu mais golos quando comparada com a recuperação da
posse de bola sem sofrer golo, e uma vez que este sistema (3:2:1) é exigente física e
tacticamente, o sistema defensivo foi alterado para o mais utilizado pela selecção de Espanha,
o 6:0 (zona), que viria a dar maior consistência defensiva nos segundos 15 minutos da 1ª parte.
A selecção de Espanha começou a perder a vantagem de 5 ou mais golos (v5), no final da 2ª
parte. Como o instrumento de observação não possibilitou o registo de outros métodos de
jogo, é possível que a selecção do Brasil tenha aproveitado o contra-ataque e a reposição
rápida da bola em jogo após golo ou ainda situações de desigualdade numérica para ir
reduzindo a desvantagem.
A origem deste decréscimo de rendimento na parte final do jogo poderá ser devido ao facto
dos jogadores da selecção de Espanha estarem sobrecarregados de jogos, uma vez que
disputam uma liga profissional muito competitiva, fases finais das competições europeias da
EHF e terem disputado o Campeonato Europeu de 2008.
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Figura 81 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção do Brasil e a de Espanha na
1ª fase
É de referir que a selecção de Espanha sofreu 23 dos 35 golos durante o método organizado de
jogo em igualdade numérica 6x6, demonstrando que apesar das mudanças efectuadas no
sistema defensivo os jogadores dificilmente conseguiram impedir as situações ofensivas do
adversário. Um aspecto que pode ter condicionado a actuação da selecção de Espanha é o
facto do seleccionador do Brasil ser espanhol, treinador na ASOBAL e um conhecedor
profundo do trabalho desenvolvido até então pela selecção de Espanha.
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade do jogo a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola mais vezes após golo sofrido (23) do que sem sofrer golo (13). As
formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foram através de
recuperações de bola após remate nas quais o guarda-redes não chega a efectuar defesa (rec),
num total de 4. O guarda-redes efectou 3 intervenções (dsc9) e os defensores conseguiram 2
ressaltos defensivos (res). Apesar das várias alterações nos sistemas defensivos e na forma de
actuação dos mesmos a selecção de Espanha só conseguiu recuperar a posse de bola através
de erros do adversário por: 3 perdas de bola (pb) e uma falta atacante (fa).
Não foram considerados dendogramas uma vez que não cumpriam os requisitos estipulados.
Esta ausência possivelmente deveu-se à elevada variabilidade de eventos que está relacionada
com as diferentes vantagens no marcador e dos sistemas defensivos utilizados pela selecção
de Espanha.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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1ª parte
Na 1ª parte do jogo que opôs a selecção de Espanha frente à do Brasil foram registadas 20
sequências no método organizado de jogo em situação de igualdade numérica 6x6. Foi possível
identificar 5 tipos de sequências diferentes das 20 que compuseram a 1ª parte, com as
seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador
de jogo para selecção de Espanha:
Figura 82 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a selecção do Brasil e a de
Espanha na 1ª fase
A 1ª parte do jogo foi equilibrada (Silva, 2000), uma vez que a selecção de Espanha, durante o
método organizado de jogo defensivo em situação de 6x6 esteve empatada, em desvantagem
ou em vantagem no marcador por uma diferença de golos inferior a 5 em todas as 20
sequências.
De referir que o marcador para a selecção de Espanha registou a situação de empate (e) e
desvantagem (p1) até a meio da 1ª parte. A desvantagem no marcador para o método de jogo
observado foi sempre de um golo (p1). Na segunda metade da 1ª parte o registo do marcador
parcial mostra que a selecção de Espanha esteve sempre em vantagem no marcador por 1 ou
mais golos (v1, v2 e v3).
Apesar da variabilidade e equilíbrio registados no resultado do marcador de jogo a selecção de
Espanha utilizou 2 sistemas defensivos bem distintos: 3:2:1 (nueve) e o 6:0 (zona).
Na fase inicial do jogo o sistema defensivo utilizado foi o 3:2:1 (nueve) que é um sistema
composto por 3 linhas defensivas, em que a sua principial característica é a profundidade. Este
sistema possivelmente foi escolhido pela necessidade de criar situações de constante pressão
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sobre as linhas de passe, criando dificuldade na circulação de bola obrigando a selecção do
Brasil a jogar mais longe da baliza, possibilitando a criação de situações que induzam a um
maior número de erros e falhas técnicas, nesta fase inicial do jogo, uma vez que o adversário,
de acordo com o ranking IHF, é considerado mais fraco.
Contudo este sistema defensivo (3:2:1) é fisica e tacticamente exigente e possivelmente por
não estar a surtir o efeito desejado (recuperações de bola sem sofrer golo), o sistema tenha
sido alterado para o habitual 6:0 (zona) quando se aproximava o meio da 1ª parte, permitindo
“descansar” a equipa e dar estabilidade e consistência intra-defensiva. Este sistema defensivo
(6:0) foi mantido até ao final da 1ª parte.
A selecção de Espanha na 1ª parte esteve em vantagem em metade das sequências
observadas (10). O sistema defensivo utilizado na maioria destas sequências (8) foi o 6:0
(zona), significando que possivelmente o sistema defensivo 3:2:1 (nueve) não apresentou os
resultados desejados quando utilizado uma vez que foi quando a selecção de Espanha sofreu
mais golos (Figura 82).
Em metade das sequências (10) registadas nesta 1ª parte a selecção de Espanha sofreu golo
(gs), 6 deles nos primeiros 15 minutos quando utilizava o sistema defensivo 3:2:1 (nueve) e 4
golos já no final da 1ª parte quando utilizava o sistema defensivo 6:0 (zona).
Das diferentes formas de recuperação de bola, na 1ª parte, a selecção de Espanha, recuperou
a posse de bola mais vezes através de golo sofrido (10). As formas de recuperação de bola sem
sofrer golo foram através das duas defesas dos guarda-redes (dsc9), 4 remates que saíram pela
linha final sem a intervenção daquele último (rec), uma perda de bola (pb) e um ressalto
defensivo (res). Apesar da utilização de um sistema defensivo profundo (3:2:1) não foram
registadas recuperações através de intercepção.
Foram registadas mais sequências quando o resultado estava empatado (e), num total de 6.
Com este resultado parcial do marcador (e) ocorreram o maior número de eventos distintos
(variabilidade), que poderá ser explicada pela necessidade de anular as novas formas de
marcação de golo da equipa atacante. Assim, parece existir uma maior variabiliade de eventos
quando as equipas se encontram empatadas (e).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
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Figura 83 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção do Brasil e a de
Espanha na 1ª fase
Não foram considerados dendogramas uma vez que não cumpriam os requisitos estipulados.
Esta ausência possivelmente deveu-se à elevada variabilidade de eventos que está relacionada
com as diferentes vantagens no marcador e dos sistemas defensivos utilizados pela selecção
de Espanha.
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2ª parte
Na 2ª parte foram registadas 25 sequências no método organizado de jogo em situação de
igualdade numérica 6x6. Foi possível identificar 3 tipos de sequências diferentes das 25 que
compuseram a 2ª parte, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função
do resultado parcial do marcador de jogo para selecção de Espanha:
Figura 84 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo na 2ª parte do jogo entre a selecção do Brasil e a de
Espanha na 1ª fase
Nesta 2ª parte a selecção de Espanha esteve sempre em vantagem (v3, v4 e v5) nas sequências
observadas.
A 2ª parte do jogo foi na sua maioria desequilibrada (Silva, 2000), uma vez que a selecção de
Espanha enquanto defendia durante o método organizado de jogo em situação de 6x6 esteve
a vencer por uma diferença igual ou superiror a 5 golos em 21 das 25 sequências. Contudo no
final da 2ª parte a selecção do Brasil recuperou da desvantagem reduzindo-a para 3 golos (v3)
de vantagem para a selecção de Espanha.
O sistema defensivo utilizado em quase toda a 2ª parte foi o 6:0 (zona), coincidindo com a
vantagem de 5 ou mais golos (v5) que a selecção de Espanha teve durante esta parte, mesmo
apesar da variabilidade registada no resultado no final da 2ª parte.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 85 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção do Brasil e a de
Espanha na 1ª fase
Das diferentes formas de recuperação de bola, nesta 2ª parte, a selecção de Espanha,
recuperou a posse de bola mais vezes através de golo sofrido (gs), num total de 13 das 25
sequências. A forma de recuperação de bola sem sofrer golo foi após remate da selecção do
Brasil: através de uma defesa dos guarda-redes (dsc9) e de 2 remates que saíram pela linha
final (rec). Foram realizadas 3 recuperações de bola após erros ofensivos da selecção do Brasil:
duas por perda de bola (pb) e uma por falta atacante (fa).
As intervenções do guarda-redes não parecem ter sido preponderantes na recuperação de
bola sem sofrer golo. Apesar da utilização de um sistema defensivo de uma só linha defensiva
(6:0), a selecção de Espanha só recuperou a posse de bola através de ressalto (res) apenas uma
vez. Parece que existe uma maior variabiliade de eventos quando o resultado parcial do
marcador apresenta para a selecção de Espanha uma vantagem por 5 ou mais golos (v5), que
poderá ser explicada pela mutabilidade do comportamento ofensivo da selecção do Brasil na
procura do golo para tentar diminuir a desvantagem no marcador.
Da análise sequencial da 2ª parte do jogo da selecção de Espanha com a selecção do Brasil foi
detectado 1 padrão.
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Figura 86 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 2ª parte do jogo com a selecção do Brasil na 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido:
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem de 5 ou mais golos (v5), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm) e o defensor directo do portador da bola a realizar
deslocamento defensivo (desl), quando esta se deslocou da zona do lateral esquerdo mais
próxima do central (lec) para a do central (c).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por 3 vezes: duas nos primeiros 15 minutos e uma nos
segundos 15 minutos da 2ª parte do jogo.
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Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 87 - Representação do evento v5,zona,zp,lec,pm,desl
Figura 88 - Representação do evento v5,zona,zp,c,pm,desl
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Síntese
No jogo com a selecção do Brasil, a selecção de Espanha esteve vantagem no marcador em
77,75% nas sequências observadas. Durante a 1ª parte a selecção de Espanha esteve a vencer
(até 3 golos de diferença) em 50% das sequências e empatada em 30%. A situação de empate
e desvantagem, durante a 1ª parte registou-se até cerca dos primeiros 15 minutos da 1ª parte,
a partir da qual a selecção de Espanha esteve sempre em vantagem no marcador. A selecção
de Espanha durante a 2ª parte esteve sempre em vantagem no marcador em 84% (em 21 das
25) das sequências registadas e por 5 ou mais golos. Contudo a selecção do Brasil conseguiu
recuperar da desvantagem no marcador reduzindo a diferença para 3 golos de vantagem para
a selecção de Espanha, no final da 2ª parte. Embora se tenha registado uma supremacia no
marcador para a selecção observada durante o método organizado de jogo em igualdade
numérica 6x6, o resultado final da partida sugere que a selecção do Brasil conseguiu reduzir a
diferença no marcador através de outros métodos de jogo e também possivelmente em
situações de relação numérica diferentes da 6x6.
Parece que existe uma maior variabilidade de eventos quando as equipas se encontraram
empatadas, uma vez que durante a 1ª parte foram registadas mais sequências (6) com este
resultado no marcador e com um maior número tipo de eventos distintos. Este poderá ser
explicado pela necessidade de anular as novas formas de movimentação da equipa atacante.
Verificou-se novamente essa variabilidade, durante a 2ª parte, quando se registou uma
vantagem no marcador de 5 ou mais golos para a selecção de Espanha, que poderá ser
explicada pela mutabilidade do comportamento ofensivo da selecção do Brasil na procura do
golo para reduzir a desvantagem no marcador.
A selecção de Espanha utilizou o sistema defensivo 3:2:1 até a meio da 1ª parte, a partir daí
alterou para o sistema defensivo 6:0 que perdurou até quase ao final do jogo. A vantagem no
marcador para a selecção de Espanha coincidiu em 80% das sequências observadas com a
utilização do sistema defensivo 6:0.
Apesar das alterações efectuadas no sistema defensivo, a selecção de Espanha, durante o
método organizado de jogo em igualdade numérica 6x6, dificilmente conseguiu impedir as
situações de finalização da selecção do Brasil, sofrendo 23 dos 35 golos.
A selecção de Espanha recuperou a posse de bola mais vezes após golo sofrido (23) do que
sem sofrer golo (13). A forma de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foi
através de recuperações de bola após remate para fora sem o guarda-redes intervir por 4
ocasiões, seguido de 3 intervenções do guarda-redes, 2 de ressaltos defensivos. A selecção do
Brasil permitiu que a selecção de Espanha recuperasse a posse de bola através de 3 perdas de
bola e de uma falta atacante. A selecção do Brasil conseguiu ainda recuperar a posse de bola
através de 5 ressaltos ofensivos, 3 deles sem anteceder o remate e outros 2 após remate.
Apesar da utilização de um sistema defensivo 3:2:1 não foram registadas recuperações através
de intercepção, desarme ou erro do adversário.
Foram detectados padrões temporais quando analisadas as sequências de todo o jogo e da 1ª
parte, para a selecção de Espanha durante o processo defensivo no método organizado em
situação 6x6, contudo os mesmos não cumpriam todos os requisitos propostos, uma vez que
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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continham configurações de eventos que pertenciam a mais do que uma sequência, daí não
serem considerados.
Na análise sequencial realizada para as sequências da 2ª parte do jogo, foi detectado um
padrão, com as 4 configurações mínimas, para a recuperação da posse de bola após golo
sofrido para a selecção de Espanha, tendo ocorrido por 3 vezes, quando o resultado no
marcador registava uma vantagem de 5 ou mais golos, o sistema defensivo era o 6:0, com a
forma de actuação do tipo passiva, com o pivot adversário colocado no meio da defesa e os
defensores directos do portador da bola realizaram deslocamento defensivo, quando a bola
circulou da zona do lateral esquerdo mais próxima do central para a zona do central.
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5.1.5. Jogo Coreia-Espanha O jogo Coreia-Espanha foi um dos jogos dos quartos-de-final do Torneio (2ª fase). O vencedor
deste jogo iria disputar as meias-finais do Torneio de Andebol nos Jogos Olímpicos de Pequim
2008.
O jogo teve duas partes distintas, uma 1ª parte que se pautou pelo equilíbrio no marcador
(Silva, 2000) e que chegaria ao intervalo com a selecção de Espanha em vantagem por 1 golo
(13-14); e uma 2ª parte desequilibrada (Silva, 2000) na qual a selecção de Espanha acabaria
por vencer (11-15) vencendo a partida (24-29) e acendo à meia-final do Torneio.
Figura 89 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção da Coreia e a de
Espanha na 2ª fase
É possível identificar 6 tipos de sequências diferentes das 41 que compuseram a totalidade do
jogo, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial
do marcador de jogo para selecção de Espanha:
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Tabela 17 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo Coreia-Espanha
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 12 0 12 29,27 Vermelho
Perde por 1 golo P1 1 0 1 2,44 Laranja
Vence por 1 golo V1 8 7 15 36,59 Verde
Vence por 2 golos V2 0 1 1 2,44 Púrpura
Vence por 3 golos V3 0 1 1 2,44 Azul-Marinho
Vence por 5 ou mais golos V5 0 11 11 26,82 Azul Escuro
O jogo foi na sua maioria foi equilibrado (Silva, 2000), uma vez que o marcador de jogo para a
selecção de Espanha, enquanto defendia no método organizado em situação 6x6, esteve
empatado, em desvantagem ou em vantagem por uma diferença de golos inferior a 5, em 30
das 41 sequências. A selecção de Espanha esteve na maioria do método organizado de jogo
defensivo em vantagem no marcador (68%), embora esta só se acentuasse durante a 2ª parte
da partida como se observa na Tabela 17. As sequências de jogo quando o marcador de jogo
registava o empate (e) sucederam-se todas na 1ª parte do jogo.
Apesar da variabilidade e equilíbrio verificado no resultado parcial do marcador, o sistema
defensivo 6:0 (zona) e a forma de actuação passiva (zp) foram mantidos em toda a partida, que
poderá significar que tanto o sistema como a forma de actuação foram considerados como
adequados ao adversário.
A selecção de Espanha registou um maior número de golos sofridos (gs), na 1ª parte do jogo e
quando as sequências registavam um empate (e) no marcador. Na 2ª parte só viria a sofrer 4
golos (gs e gs7m).
A selecção de Espanha na totalidade do jogo recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer
golo (20) do que após golo sofrido (12). As formas de recuperação de bola sem sofrer golo
foram realizadas através de 5 ressaltos defensivos (res), de 4 intercepções (i), de 5 falhas do
adversário (pb, fa, jp) e de 6 intervenções do guarda-redes (dcb, dsc9).
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Figura 90 - Gráfico frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção da Coreia e a de Espanha na 2ª
fase
Apesar da estabilidade do sistema defensivo não foram encontrados dendogramas que
cumprissem os requisitos estipulados, possivelmente devido à variabilidade dos
comportamentos associados ao resultado do marcador de jogo e aos comportamentos da
selecção adaversária.
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1ª parte
Na 1ª parte foram registadas 21 sequências no método organizado de jogo em situação de
igualdade numérica 6x6. Foi possível identificar 3 tipos de sequências diferentes das 21 que
compuseram a 1ª parte nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador
de jogo para selecção de Espanha:
Figura 91 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a selecção da Coreia e a de
Espanha na 2ª fase
Durante o método organizado em situação 6x6, apesar do equilíbrio verificado no resultado
parcial de jogo, o sistema defensivo 6:0 (zona) e a forma de actuação passiva (zp) foram
mantidas em quase toda a 1ª parte, registando-se o maior número de golos sofridos (gs)
quando o marcador de jogo registava um empate (e).
Das diferentes formas de recuperação da posse de bola, nesta 1ª parte, a selecção de Espanha,
recuperou-a mais vezes sem sofrer golo (9) do que após golo sofrido (8). As formas de
recuperação de bola sem sofrer golo mais registadas foram as 4 intervenções do guarda-redes
(dcb, dcs9), seguido de 3 intercepções (i), uma falta atacante (fa) e 1 de ressalto defensivo
(res).
Uma vez que em mais de metade das sequências da 1ª parte (12) se registava um empate (e)
verificou-se que ocorreu um maior número de eventos diferentes com este resultado parcial,
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que poderá ser explicado pela necessidade da selecção de Espanha corresponder às diferentes
movimentações de ataque que a selecção da Coreia realizou para tentar marcar golo, através
da alteração da forma de actuação (zp, za) do sistema defensivo 6:0 (zona).
Figura 92 - Gráfico frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção da Coreia e a de Espanha
na 2ª fase
Da análise sequencial da 1ª parte do jogo da selecção de Espanha com a selecção da Coreia
foram detectados 2 padrões.
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Figura 93 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da Coreia na 2ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 8
configurações de eventos (para os objectivos do estudo só serão considerados os 5 primeiros
eventos, porque os restantes aparecem após o final da sequência) que descrevem uma
probabilidade de como a selecção de Espanha recuperou a posse de bola após golo sofrido:
- quando o resultado do marcador registava a vantagem de 1 golo (v1), o sistema defensivo
utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot adversário
entre o 2º e o 3º defensor do lado esquerdo (p23e) e o defensor directo do portador da bola
realizou deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do lateral direito (ld)
para a zona do lateral esquerdo (le), fazendo bloco (blc) quando a bola foi para a zona do
central (c) e o pivot se encontrava fora dos 9m (opiv - a fazer poste ou na marcação de uma
falta).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na 1ª metade da 1ª parte do jogo.
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Figura 94 - Representação do evento v1,zona,zp,ld,p23e,desl
Figura 95 - Representação do evento v1,zona,zp,le,p23e,desl
Figura 96 - Representação do evento v1,zona,zp,c,opiv,blc
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Figura 97 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da Coreia na 2ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 8
configurações de eventos (para os objectivos do estudo os 3 primeiros eventos serão
excluídos, porque são anteriores ao início da sequência considerada) que descrevem uma
probabilidade de como a selecção de Espanha recuperou a posse de bola após golo sofrido:
- quando o resultado do marcador registava um empate (e), o sistema defensivo utilizado foi o
6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot adversário entre o 2º e o 3º
defensor do lado esquerdo (p23e), o defensor directo do portador da bola realizou
deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do central (c) para a zona do
lateral esquerdo (le) e aproximou-se do portador da bola (apr) quando a bola foi para a zona
do lateral direito (ld).
Na visualização topográfica, quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na primeira metade da 1ª parte do jogo.
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Figura 98 - Representação do evento e,zona,zp,c,p23e,desl
Figura 99 - Representação do evento e,zona,zp,le,p23e,desl
Figura 100 - Representação do evento e,zona,zp,ld,p23e,apr
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2ª parte
Na 2ª parte foram registadas 20 sequências no método organizado de jogo em situação de
igualdade numérica 6x6. Foi possível identificar 4 tipos de sequências diferentes das 20 que
compuseram a 2ª parte nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador
de jogo para selecção de Espanha:
Figura 101 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a selecção da Coreia e a
de Espanha na 2ª fase
Na 2ª parte do jogo a selecção de Espanha esteve em vantagem no marcador em todas as
sequências registadas (20), e em 11 delas esteve em vantagem por 5 ou mais golos (v5).
No método de jogo observado durante a 2ª parte, apenas sofreu 4 golos (gs, gs7m): 2 em cada
um dos períodos de 15 minutos (Figura 101).
Das diferentes formas de recuperação de bola sem sofrer golos, na 2ª parte, a selecção de
Espanha, realizou 4 por ressalto defensivo (res), duas pelas defesas do seu guarda-redes (dcb,
dsc9), uma por intercepção e 4 por falhas do adversário (pb, rec, jp). As recuperações de bola
sem golo sofrido ocorreram na sua maioria, aproximadamente, entre os 10 e os 25 minutos da
2ª parte.
Devido ao desequilíbrio registado no marcador o sistema defensivo 6:0 (zona) e forma de
actuação do tipo passiva (zp) foram mantidas em toda a 2ª parte, que poderá significar que
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tanto o sistema defensivo como a forma de actuação foram entendidas como adequadas ao
adversário e ao resultado parcial do marcador de jogo.
Figura 102 - Gráfico frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção da Coreia e a de Espanha
na 2ª fase
Apesar da estabilidade do sistema defensivo não foram encontrados dendogramas que
cumprissem os requisitos estipulados, possivelmente devido à variabilidade dos
comportamentos associados ao resultado do marcador de jogo.
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Síntese
No jogo com a selecção da Coreia, a selecção de Espanha esteve em vantagem no marcador
em 68,29% das sequências (28 em 41) e por 5 ou mais golos em 26,82%, registando-se estas
últimas apenas durante a 2ª parte do jogo. Durante a 1ª parte o maior número de golos
sofridos ocorreu quando o marcador de jogo registava um empate.
Parece que existe uma maior variabilidade de eventos quando as equipas se encontravam
empatadas, uma vez que durante a 1ª parte foram registadas mais sequências (12 das 21
sequências) com este resultado no marcador e também um maior número de eventos
distintos, que poderá ser explicado pela necessidade da selecção de Espanha de se adequar as
novas formas de movimentação da selecção da Coreia.
A selecção de Espanha utilizou o sistema defensivo 6:0 e a forma de actuação do tipo passiva
durante todo o jogo, uma vez que este é o mais utilizado pela própria, e por ser aquele que é
tido como o mais eficaz em situações de igualdade numérica, conforme constataram Gutiérrez
e Férez (2009).
A selecção de Espanha recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer golo (20) do que após
golo sofrido (12), registando-se um maior número de golos sofridos (5 dos 8 golos) durante a
1ª parte e quando o marcador parcial estava empatado. Na 2ª parte só viria a sofrer 4 golos
(um deles através da marcação de um livre de 7 metros), com origem no método de jogo
organizado em situação 6x6.
A recuperação da posse de bola sem sofrer golo foi realizada através de 6 intervenções do
guarda-redes, 5 ressaltos defensivos, 4 intercepções e por 5 falhas do adversário. As
recuperações da posse de bola sem golo sofrido ocorreram na sua maioria, aproximadamente,
entre os 10 e os 25 minutos da 2ª parte.
Foram detectados padrões temporais quando analisadas as sequências de todo o jogo e da 2ª
parte, para a selecção de Espanha durante o processo defensivo no método organizado em
situação 6x6, contudo os mesmos não cumpriam todos os requisitos propostos, uma vez que
continham configurações de eventos que pertenciam a mais do que uma sequência, daí não
serem considerados.
Na análise sequencial realizada para as sequências da 1ª parte do jogo, foram detectados 2
padrões, com 5 configurações de eventos, para a recuperação da posse de bola após golo
sofrido para a selecção de Espanha, tendo cada padrão ocorrido por duas vezes, com o sistema
defensivo 6:0 e a forma de actuação do tipo passiva. Um dos padrões detectado ocorreu
quando o resultado no marcador registava a vantagem de 1 golo e os defensores directos do
portador da bola realizaram deslocamento defensivo com o pivot adversário colocado entre o
2º e o 3º defensor do lado esquerdo e a bola circulou da zona do lateral direito para a zona do
lateral esquerdo; e quando a bola foi para a zona do central e o pivot foi para fora dos 9
metros, o defensor realizou bloco. No outro padrão identificado, o resultado do marcador
registava um empate, com o pivot fixo entre o 2º e 3º defensor do lado esquerdo e quando a
bola circulou da zona do central para a zona do lateral esquerdo, os defensores directos do
portador da bola realizaram deslocamento defensivo, aproximando-se quando a esta última foi
para a zona do lateral direito.
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5.1.6. Jogo Islândia-Espanha O jogo Islândia-Espanha foi um dos jogos das meias-finais (2ª fase) no qual estava em disputa
um lugar na final do Torneio de Andebol nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.
O jogo teve duas partes distintas, uma 1ª parte que se pautou pelo equilíbrio no marcador
(Silva, 2000) e que chegaria ao intervalo com a selecção de Espanha em desvantagem por 2
golos (17-15), estando em 26% das sequências registadas, enquanto defendeu no método
organizado de jogo em igualdade numérica 6x6, em desvantagem por 1 golo (p1). Uma 2ª
parte que apesar de, na maioria das sequências registadas (84%) ser considerada equilibrada
no marcador (Silva, 2000), a selecção de Espanha esteve sempre em desvantagem - em 29%
das quais por 4 golos (p4) - registando-se um desequilíbrio no marcador em 16% (p5) dessas
sequências, o que resultou na derrota (36-30) e a impossibilidade de disputar a final do
Torneio de Andebol dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.
Figura 103 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção da Islândia e a de
Espanha na 2ª fase
É possível identificar 6 tipos de sequências diferentes das 31 que compuseram a totalidade do
jogo, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial
do marcador de jogo para selecção de Espanha.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Tabela 18 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo Islândia-Espanha
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 4 0 4 13 Vermelho
Perde por 1 golo P1 5 3 8 26 Laranja
Perde por 2 golos P2 2 0 2 6 Amarelo
Perde por 3 golos P3 1 2 3 10 Azul
Perde por 4 golos P4 2 7 9 29 Cinzento
Perde por 5 ou mais
golos
P5 0 5 5 16 Preto
O jogo foi na sua maioria equilibrado (Silva, 2000), uma vez que a selecção de Espanha
enquanto defendia, durante o método organizado em situação de 6x6 esteve empatada, em
desvantagem ou em vantagem por uma diferença inferior a 5 golos em 26 das 31 sequências.
Contudo, esteve em 27 das 31 sequências em desvantagem no marcador, o que resulta em
87% do tempo em que defendeu, durante o método organizado de jogo em igualdade
numérica 6x6. As sequências quando o marcador de jogo registava um empate (e) sucederam
todas na 1ª parte do jogo.
A utilização do contra-ataque, reposição de bola rápida e a finalização através de situações de
relação númerica diferentes da de 6x6, pela selecção da Islândia poderão ter sido factores que
condicionaram o jogo para estas circunstâncias, o que é indicado pela ausência de registos de
sequências na Figura 103.
Das diferentes formas de recuperação de bola na totalidade do jogo a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola mais vezes após golo sofrido (15) do que sem sofrer golo (10).
A selecção de Espanha registou um maior número de golos sofridos (gs) nos primeiros 15
minutos de cada uma das partes, independentemente do resultado do marcador; e também
quando o marcador parcial registava uma desvantagem por 1 golo (p1), na 1ª parte.
A forma de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foi através das
intervenções do guarda-redes num total de 4 (dsc6, dsc9). Apesar das várias alterações do
sistema defensivo e da forma de actuação, a selecção de Espanha só conseguiu recuperar 4
posses de bola através de erros do adversário (pdb, fa, pb) e ainda através de um ressalto (res)
e após um remate para fora (rec).
A recuperação de bola através das defesas pelo guarda-redes ocorreu por 4 ocasiões: quando
a selecção de Espanha estava em desvantagem por 4 golos (p4, dsc9), em desvantagem por 2
golos (p2, dsc6), em desvantagem por 1 golo (p1, dsc9) e em desvantagem por 5 ou mais golos
(p5, dsc9) – no final da 2ª parte.
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Uma vez que a selecção de Espanha esteve grande parte do tempo de jogo em desvantagem
no marcador, foram registadas várias alterações ao sistema defensivo, possivelmente no
sentido de tentar recuperar a posse de bola sem sofrer golo. A selecção Espanha utilizou 4
sistemas defensivos diferentes: o 6:0 (zona), o 5+1 (seis), o 4+2 (siete) e o 5:1 (uno),
alternando entre a forma de actuação passiva (zp) e a activa (za) durante todo o jogo. Quando
se encontrou em desvantagem por 4 (p4) e mais golos (p5) foi quando realizou mais alterações
entre eles recorrendo a todos. Ou seja, à medida que a desvantagem no resultado parcial
aumentava, mais alterações ao sistema defensivo foram realizadas, na tentativa parar o
ataque organizado adversário sem sofrer golo.
Figura 104 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção da Islândia e a de Espanha
na 2ª fase
A elevada variabilidade dos eventos possivelmente deveu-se às sucessivas alterações ao
sistema defensivo da selecção de Espanha, na tentativa de encontrar uma forma de poder
recuperar a bola sem sofrer golo e para que o adversário não se conseguisse adaptar e tivesse
que procurar novas soluções de ataque.
Parece que existe uma maior variabilidade nos eventos quando a selecção de Espanha se
encontra em desvantagem no marcador por 1 golo (p1) e por 4 golos (p4). Estas situações
poderão ser explicadas porque este tipo de sequências são tidas como momentos
importantes/críticos (Ferreira, A. 2006) num jogo, no qual a recuperação de bola sem sofrer
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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golo, pode originar: na primeira situação (p1) um ataque que poderá resultar no empate (e) no
marcador de jogo e na outra pode impedir que o resultado se torne desequilibrado (p5).
Da análise sequencial do jogo da selecção de Espanha com a selecção da Islândia foram
detectados 3 padrões.
Figura 105 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Islândia na 2ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido:
- quando o resultado do marcador registava a desvantagem de 1 golo (p1), o sistema defensivo
utilizado foi o 6:0 (zona) e actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot adversário no
meio da defesa (pm), e o defensor directo do portador da bola realizou deslocamento
defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do lateral direito (ld) para a zona do central
(c).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na 1ª parte do jogo (nos primeiros 15
minutos e nos segundos 15 minutos).
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Figura 106 - Representação do evento p1,zona,zp,ld,pm,desl
Figura 107 - Representação do evento p1,zona,zp,c,pm,desl
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Figura 108 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Islândia na 2ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido:
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem por 1 golo (p1), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm), e o defensor directo do portador da bola realizou
deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do lateral direito mais próximo
do central (ldc) para a zona do lateral do central (c).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na 1ª parte do jogo (nos primeiros 15
minutos e nos segundos 15 minutos).
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Figura 109 - Representação do evento p1,zona,zp,ldc,pm,desl
Figura 110 - Representação do evento p1,zona,zp,c,pm,desl
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
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Figura 111 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha em todo o jogo com a selecção da Islândia na 2ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido:
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 1 golo (p1), o sistema
defensivo utilizado foi o 5+1 (seis) e actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário entre o 2º e o 3º defensor no lado direito (p23d) e o defensor directo do portador
da bola realizava deslocamento defensivo (desl), quando esta se encontrava na zona do central
(c), e ficou parado (stop) quando o portador da bola ficou na mesma zona (c) e o pivot
adversário foi para fora dos 9m (opiv - fazer poste ou na marcação de uma falta).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes nos primeiros 15 minutos da 2ª parte do
jogo.
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Figura 112 - Representação do evento p1,seis,zp,c,p23d,desl
Figura 113 - Representação do evento p1,seis,zp,c,opiv,stop
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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1ª parte
Na 1ª parte foram registadas 14 sequências no método organizado de jogo em situação de
igualdade numérica 6x6. Foi possível identificar 5 tipos de sequências diferentes das 14 que
compuseram a 1ª parte nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador
de jogo para selecção de Espanha:
Figura 114 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a selecção da Islândia e a
de Espanha na 2ª fase
Apesar da variabilidade e equilíbrio verificados no resultado parcial, foram utilizados 2
sistemas defensivos o 6:0 (zona) e o 5+1 (seis). O primeiro (6:0) foi utilizado em quase toda a
1ª parte, combinando com alterações na forma de actuação passiva (zp) para activa (za). O
segundo sistema defensivo (5+1) foi utilizado numa parte particular do jogo, quando o
resultado do marcador registava uma desvantagem por 4 golos (p4) para a selecção de
Espanha, que ocorreu nos primeiros 15 minutos de jogo. A utilização deste sistema defensivo
misto, poderá ser explicada pela necessidade de ter sido necessário realizar uma marcação
individual, no sentido de anular as acções do jogador mais eficaz e/ou influente (melhor
marcador ou jogador organizador) da selecção da Islândia. Esta desvantagem no marcador
poderá ter acontecido devido a golos de contra-ataque, reposição rápida da bola e/ou
situações de relação numérica distintas do 6x6, por parte da selecção da Islândia, uma vez que
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neste método organizado não se encontram registos que indiquem esta súbita alteração no
marcador.
Neste método organizado de jogo, regista-se o facto que após a alteração para o sistema
defensivo misto 5+1 (seis), a selecção de Espanha só sofreu 1 golo (gs) e as sequências
seguintes já apontarem para a redução da desvantagem para um golo (p1) de diferença, que
poderá ser explicada pela melhoria da eficácia do seu ataque, quer durante o método
organizado, quer no contra-ataque, e em possíveis recuperações de bola nas transições.
Das diferentes formas de recuperação de bola, nesta 1ª parte, a selecção de Espanha,
recuperou a posse de bola mais vezes após golo sofrido (7) do que sem sofrer golo (5). A forma
de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foi através do seu guarda-redes (3)
e através de uma perda de bola (pb) e um remate para fora (rec).
A selecção de Espanha registou um maior número de golos sofridos (gs), quando o marcador
parcial registava uma desvantagem de 1 golo (p1). Porém, também sofreu mais golos nos
primeiros 15 minutos da partida (Figura 114). A recuperação de bola através das intervenções
do guarda-redes ocorreu por 3 vezes: uma quando a selecção de Espanha estava em
desvantagem por: 4 golos (p4, dsc9), a segunda por 2 golos (p2, dsc6) e por último por 1 golo
(p1, dsc9).
O maior número de golos sofridos, neste método organizado de jogo, ocorreu quando a
selecção de Espanha estava em desvantagem por 1 golo (p1), por 4 vezes - duas nos primeiros
15 minutos e outras tantas já no final da 1ª parte. Foi observável que nos segundos 15 minutos
da 1ª parte, não ocorreu registo da selecção de Espanha a defender durante o método
organizado de jogo (31000 a 47000 frames), que poderá indicar que durante este período a
selecção da Islândia optou por utilizar como recurso o contra-ataque e/ou a reposição rápida
de bola evitando assim o sistema 5+1 (seis), pois a sua congénere realizou uma recuperação de
4 golos (p4) para 1 (p1) neste método de jogo; ou ainda a ausência de registo naquele tempo
seja possivelmente devido às selecções não se encontrarem numa situação de igualdade
numérica de 6x6 no método organizado de jogo.
Verificou-se que ocorreram um maior número de eventos diferentes quando o marcador
apresentava uma desvantagem de 1 golo (p1) em 5 das 14 sequências da 1ª parte, que poderá
ser explicada pela necessidade da selecção de Espanha corresponder às diferentes
movimentações de ataque que a selecção da Islândia realizou; na tentativa de recuperar a
posse de bola sem sofrer golo e para o concretizar através de contra-ataque, uma vez que
Espanha nunca alterou o seu sistema defensivo 6:0 (zona), mas modificou a sua forma de
actuação (zp, za). A maioria das intervenções do defensor directo do portador da bola foram o
deslocamento defensivo (desl) e a aproximação (apr) ao atacante.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 115 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção da Islândia e a de
Espanha na 2ª fase
Da análise sequencial da 1ª parte do jogo da selecção de Espanha com a selecção da Islândia
foram detectados 2 padrões.
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Figura 116 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da Islândia na 2ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após de golo sofrido:
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 1 golo (p1), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm) e o defensor directo do portador da bola realizava
deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do lateral direito (ld) para a
zona do lateral do central (c).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na 1ª parte do jogo (nos primeiros 15
minutos e nos segundos 15 minutos). O resultado deste dendograma da 1ª parte é igual ao
apresentado quando foram analisados os eventos do jogo por inteiro.
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Figura 117 - Representação do evento p1,zona,zp,ld,pm,desl
Figura 118 - Representação do evento p1,zona,zp,c,pm,desl
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Figura 119 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 1ª parte do jogo com a selecção da Islândia na 2ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido:
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 1 golo (p1), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm) e o defensor directo do portador da bola realizava
deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do lateral direito mais próximo
do central (ldc) para a zona do lateral do central (c).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes na 1ª parte do jogo (nos primeiros 15
minutos e nos segundos 15 minutos). O resultado deste dendograma da 1ª parte é igual ao
apresentado quando foram analisados os eventos do jogo por inteiro.
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Figura 120 - Representação do evento p1,zona,zp,ldc,pm,desl
Figura 121 - Representação do evento p1,zona,zp,c,pm,desl
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2ª parte
Na 2ª parte foram registadas 17 sequências no método organizado de jogo em situação de
igualdade numérica de 6x6. Foi possível identificar 4 tipos de sequências diferentes das 17 que
compõem a 2ª parte nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador de
jogo para selecção de Espanha:
Figura 122 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a selecção da Islândia e a
de Espanha na 2ª fase
Das diferentes formas de recuperação de bola, na 2ª parte, a selecção de Espanha, recuperou
a posse de bola mais vezes após golo sofrido (8) do que sem sofrer golo (5).
Nesta 2ª parte, a recuperação da posse de bola através do guarda-redes apenas ocorreu por
uma única vez (dsc9). As restantes formas de recuperação da bola sem sofrer golo (5) foram
devidas a erros do adversário (fa, pb, pdb), tendo estes ocorrido quando o sistema defensivo
era o 4+2 e o resultado no marcador registava uma desvantagem por 4 ou mais golos (p4, p5),
para a selecção de Espanha.
Durante os primeiros 15 minutos da 2ª parte, a selecção de Espanha apenas conseguiu
recuperar a posse de bola sem sofrer golo por duas oportunidades, sofrendo 5 golos. Das 17
sequências, 8 delas terminaram com golo sofrido (gs) da selecção da Islândia. O menor número
de golos sofridos (1) aconteceu quando a selecção de Espanha estava em desvantagem por 5
ou mais golos (p5).
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A selecção de Espanha esteve em desvantagem no marcador por 4 ou mais golos (p4, p5) em
12 das 17 sequências registadas durante a 2ª parte, tendo sofrido metade dos golos (4) neste
tipo de sequências. Foram utilizados na 2ª parte do jogo 4 sistemas defensivos diferentes: o
6:0 (zona), o 5:1 (uno), o 5+1 (seis) e o 4+2 (siete).
Os sistemas defensivos 5:1 (uno) e 5+1 (seis) foram os dois mais utilizados pela selecção de
Espanha:
- quando estava em desvantagem por 1 golo (p1) recorreu ao 5+1 (seis) alternando a sua
forma de actuação passiva (zp) com a activa (za), presumivelmente para impedir ou reduzir a
participação no ataque do melhor marcador ou do organizador de jogo da selecção da Islândia;
- quando esteve em desvantagem por 3 golos (p3) utilizou o sistema 5:1 (uno), possivelmente
na tentativa de fortalecer mais a zona central do terreno de jogo e conseguir que o defensor
avançado interceptasse ou causasse situações de dissuasão e corte das linhas de passe entre o
jogador central e os laterais, reduzindo o ritmo de jogo e criando situações de dúvida na
realização das acções ofensivas, para desta forma recuperar a posse de bola sem sofrer golo;
- quando esteve em desvantagem por 4 golos (p4), a opção recaiu na utilização dos sistemas
no 5:1 (uno) e no 4+2 (siete) no final do jogo de forma activa (za). O 5:1 (uno) vem no
seguimento da mesma ideia de quando estaria em desvantagem por 3 golos (p3) e com o 4+2
(siete) surgem duas marcações individuais, possivelmente na tentativa de anular o efeito de
dois dos seus potenciais jogadores (organizador e o rematador mais eficaz) arriscando o
espaço deixado entre os defensores para tentar recuperar a posse de bola e diminuir a
desvantagem no resultado, uma que já se encontrava perto do final do jogo;
- quando esteve em desvantagem por 5 ou mais golos (p5), utilizou os 4 sistemas defensivos
diferentes 5:1 (uno), 5+1 (seis), 4+2 (siete) e 6:0 (zona), esta opção poderá ser explicada pelo
facto de se ter pretendido, com as variações de densidade defensiva, causar instabilidade
ofensiva na selecção adversária para provocar erros no ataque Islandês, na tentativa de
recuperar a posse de bola, e simultaneamente encontrar um sistema que proporcionasse mais
consistência defensiva.
A elevada variabilidade dos eventos foi devida às sucessivas alterações do sistema defensivo
por parte da selecção de Espanha, na tentativa de encontrar uma forma para poder recuperar
a posse de bola sem sofrer golo e para que o adversário não se conseguisse adaptar e tivesse
que encontrar novas soluções de ataque, tentando impedir o aumento da vantagem no
marcador.
Verificou-se que ocorreram um maior número de eventos diferentes quando o marcador
registou uma desvantagem por 4 golos (p4) em 7 das 17 sequências da 2ª parte. Esta situação
poderá ser explicada pela necessidade da selecção de Espanha, corresponder às diferentes
movimentações de ataque que a selecção da Islândia realizou na tentativa, de evitar sofrer
mais 1 golo e impedir que o jogo se tornasse desequilibrado, alternando entre os sistemas
defensivos 4+2 (siete) e 5:1 (uno) e combinando com diferentes formas de actuação (zp e za).
A maioria das intervenções do defensor directo do portador da bola quando utilizado o
sistema defensivo 4+2 (siete) foram o deslocamento defensivo (desl) seguindo-se a
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aproximação (apr) ao atacante; e quando utilizado o sistema defensivo 5:1 (uno) foram a
aproximação (apr) ao atacante seguido do deslocamento defensivo (desl). Foi possível também
verificar que o contacto (cont) com o portador da bola foi mais elevado quando foi utilizado o
sistema defensivo 5:1 (uno), indo de encontro à ideia que a colocação de um defensor
avançado pode criar uma maior densidade defensiva na zona central, e por consequência
maior contacto com o adversário no momento da finalização.
Regista-se o facto de existir, à semelhança do que aconteceu na 1ª parte, um período no qual
não se registou qualquer evento no método organizado defensivo da selecção de Espanha em
igualdade numérica 6x6 (91000 a 103000 frames).
Figura 123 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção da Islândia e a de
Espanha na 2ª fase
Da análise sequencial da 2ª parte do jogo da selecção de Espanha com a selecção da Islândia
foi detectado 1 padrão.
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Figura 124 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola após golo sofrido pela
selecção de Espanha na 2ª parte do jogo com selecção da Islândia na 2ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido:
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem por 1 golo (p1), o sistema
defensivo utilizado foi o 5+1 (seis) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário entre o 2º e 3º defensor no lado direito (p23d) e o defensor directo do portador da
bola realizava deslocamento defensivo (desl), quando esta se encontrava na zona do central
(c), e ficou parado (stop) quando o portador da bola ficou na mesma zona (c) e o pivot
adversário foi para fora dos 9m (opiv - a fazer poste ou na marcação de uma falta).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que este padrão ocorreu por duas vezes nos primeiros 15 minutos da 2ª parte do
jogo. O resultado deste dendograma da 2ª parte é igual ao apresentado quando foram
analisados os eventos do jogo por inteiro.
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Figura 125 - Representação do evento p1,seis,zp,c,p23d,desl
Figura 126 - Representação do evento p1,seis,zp,c,opiv,stop
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Síntese
No jogo com a selecção da Islândia, em 87% das sequências (27 das 31) observadas a selecção
de Espanha esteve em desvantagem no marcador. Durante a 1ª parte esteve em desvantagem
por 1 golo em 26% das sequências e na 2ª parte a selecção de Espanha esteve em
desvantagem em 84% das sequências consideradas (29% das quais por 4 golos e 16% por 5 ou
mais golos). A selecção de Espanha sofreu metade dos golos (4) durante a 2ª parte, enquanto
tinha a desvantagem de 4 ou mais golos.
A selecção Espanha utilizou 4 sistemas defensivos diferentes: o 6:0, o 5+1, o 4+2 e o 5:1,
alternando entre a forma de actuação passiva e activa durante todo o jogo. Durante a 1ª parte
foram utilizados 2 sistemas defensivos 6:0 e o 5+1. O sistema defensivo 6:0 foi utilizado em
quase toda a 1ª parte, combinando com alterações na forma de actuação passiva para activa.
O sistema defensivo 5+1 foi utilizado num momento particular do jogo, quando o resultado do
marcador registava uma desvantagem por 4 golos durante os primeiros 15 minutos e após esta
alteração, a selecção de Espanha só viria a sofrer um golo nas sequências consideradas.
Durante a 2ª parte do jogo a selecção de Espanha recorreu aos 4 sistemas defensivos
diferentes: o 6:0, o 5:1, o 5+1 e o 4+2, tendo os sistemas 5:1 e o 5+1 sido os mais utilizados.
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade do jogo a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola mais vezes após golo sofrido (15) do que sem sofrer golo (10). A
selecção de Espanha registou um maior número de golos sofridos nos primeiros 15 minutos de
cada uma das partes e quando o marcador parcial registava uma desvantagem por 1 golo.
Durante a 1ª parte a selecção de Espanha registou um maior número de golos sofridos (4),
quando o marcador registava uma desvantagem de 1 golo.
A forma de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foi através das
intervenções do guarda-redes num total de 4 (3 delas na 1ª parte) e também por 4 erros do
adversário derivados de uma falta assinalada por passos e/ou dribles, uma falta atacante e
duas por perda de bola. Durante a 2ª parte as formas de recuperação da posse de bola sem
sofrer golo, derivadas de erros técnicos dos adversários, ocorreram quando o sistema
defensivo utilizado pela selecção de Espanha era o 4+2 e o resultado no marcador registava
uma desvantagem por 4 ou mais golos.
A elevada variabilidade dos eventos possivelmente foi derivada às sucessivas alterações ao
sistema defensivo da selecção de Espanha, parecendo existir, uma maior variabilidade nos
eventos, quando a selecção de Espanha se encontrava em desvantagem no marcador por 1
golo (p1) e por 4 golos (p4). Durante a 1ª parte verificou-se um maior número de eventos
diferentes quando o marcador indicava uma desvantagem por 1 golo (em 5 das 14 sequências)
e na 2ª parte quando se registava uma desvantagem por 4 golos (em 7 das 17 sequências).
Da análise sequencial foram detectados 3 padrões, com as 4 configurações mínimas, quando
analisadas as sequências da selecção de Espanha em todo o jogo, repetindo-se duas vezes.
Todos estes padrões apresentaram como forma de recuperação de bola o golo sofrido, quando
o marcador apresentava uma desvantagem de 1 golo para a selecção da Espanha e a forma de
actuação defensiva era do tipo passiva. Em 2 dos padrões o sistema defensivo era 6:0, com o
pivot adversário no meio da defesa e o comportamento dos defensores directos do portador
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da bola era o deslocamento defensivo. No outro padrão encontrado o sistema defensivo foi o
5+1.
Da análise sequencial em cada uma das partes do jogo, foram detectados 2 padrões, com as 4
configurações mínimas que se repetiram por duas vezes durante a 1ª parte. Nestes padrões a
selecção de Espanha encontrava-se em desvantagem por 1 golo, utilizava o sistema defensivo
6:0, com a forma de actuação do tipo passiva, com o pivot adversário no meio da defesa e os
defensores directos do portador da bola realizavam deslocamento defensivo. Durante a 2ª
parte foi encontrado 1 padrão, com as 4 configurações mínimas, que se repetiu por duas
vezes, quando a selecção de Espanha estava em desvantagem no marcador por 1 golo, com o
sistema defensivo 5+1, com a forma de actuação do tipo passiva. A configuração dos eventos
destes padrões e a repetição da distribuição temporal é semelhante à apresentada nos
dendogramas quando foi realizada a análise das sequências de todo o jogo.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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5.1.7. Jogo Croácia-Espanha – Apuramento do 3º e 4º classificados No segundo jogo entre a Croácia-Espanha estava em disputa um lugar no pódio dos Jogos
Olímpicos de Pequim de 2008 e a respectiva medalha de bronze. As equipas já se tinham
defrontado neste torneio na 1ª fase, tendo a vitória sido da selecção Croata.
O jogo teve duas partes distintas, uma 1ª parte que se pautou pelo equilíbrio no marcador
(Silva, 2000) e que chegaria ao intervalo com a selecção de Espanha em desvantagem por 2
golos (14-12). Uma 2ª parte desequilibrada no marcador (Silva, 2000) na qual a selecção de
Espanha acabaria por vencer (15-23) tornando-se vencedora da partida (29-35) e conseguindo
medalha de bronze no Torneio de Andebol nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.
Figura 127 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo em todo o jogo entre a selecção da Croácia e a de
Espanha na 3ª fase
É possível identificar 8 tipos de sequências diferentes das 42 que compuseram a totalidade do
jogo, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial
do marcador de jogo para selecção de Espanha.
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Tabela 19 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado no jogo Croácia-Espanha para
apuramento dos 3º e 4º classificados
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 10 1 11 26 Vermelho
Perde por 1 golo P1 6 1 7 16 Laranja
Perde por 2 golos P2 2 1 3 7 Amarelo
Vence por 1 golo V1 2 1 3 7 Verde
Vence por 2 golos V2 0 4 4 9 Púrpura
Vence por 3 golos V3 0 2 2 7 Azul marinho
Vence por 4 golos V4 0 4 4 9 Beje
Vence por 5 ou mais
golos
V5 0 8 8 19 Azul escuro
O jogo foi na sua maioria equilibrado (Silva, 2000), uma vez que a selecção de Espanha
enquanto defendia, durante o método organizado em situação de 6x6, o marcador esteve
empatado, em desvantagem ou a em vantagem por uma diferença de golos inferior a 5 em 34
das 42 sequências. A selecção de Espanha esteve na maioria deste método de jogo em
vantagem (51%), embora esta só se verificasse e acentuasse durante a segunda metade da
partida como se observa na Figura 127. As sequências quando o marcador de jogo registava
um empate (e) sucederam-se quase todas na 1ª parte.
Apesar da variabilidade e equilíbrio verificados no resultado parcial de jogo, o sistema
defensivo 6:0 (zona) e a forma de actuação passiva (zp) foram mantidos em toda a partida que
poderá ser entendido que tanto o sistema como a forma de actuação foram adequadas face ao
adversário.
A selecção de Espanha registou um maior número de golos sofridos (gs e gs7m), nos primeiros
15 minutos de jogo quando o marcador parcial estava empatado (e) e nos últimos 15 minutos
de jogo, quando vencia por 5 ou mais golos (v5). Após os 15 minutos iniciais do jogo ocorreram
mais recuperações de bola sem golo.
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade do jogo a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer golo (18) do que após golo sofrido (17).
As formas de recuperação de bola sem sofrer golo foram realizadas através de 5 ressaltos
defensivos (res), de 4 intercepções (i), tendo o guarda-redes realizado 4 defesas (dcb, dsc9,
dsc6), por 4 erros do adversário (mpr, jp, fa, pb) e por último através de um remate para fora
(rec).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 128 - Gráfico de frequências do tipo de eventos em todo o jogo entre a selecção da Croácia e a de Espanha
na 3ª fase
Parece que a estabilidade dos eventos é maior quando a selecçao de Espanha se encontra em
vantagem no marcador por 5 ou mais golos (v5) e a variabiliade dos eventos é maior quando as
equipas se encontram empatadas (e).
Não foram considerados dendogramas uma vez que não cumpriam os requisitos estipulados.
Esta ausência possivelmente deveu-se possivelmente à elevada variabilidade de eventos
relacionada com o resultado do marcador nas sequências defensivas registadas no método
organizado de jogo em situação 6x6 para a selecção de Espanha.
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1ª parte
Na 1ª parte foram registadas 20 sequências no método organizado de jogo em situação de
igualdade numérica 6x6. Foi possível identificar 4 tipos de sequências diferentes das 20 que
compõem a 1ª parte nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador de
jogo para selecção de Espanha:
Figura 129 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 1ª parte do jogo entre a selecção da Croácia e a
de Espanha na 3ª fase
Apesar da variabilidade e equilíbrio verificado no resultado parcial do marcador de jogo, o
sistema defensivo 6:0 (zona) e a forma de actuação passiva (zp) foram mantidas em toda a 1ª
parte, registando-se o maior número de golos sofridos (gs e gs7m) quando o marcador de jogo
indicava um empate (e) durante os primeiros 15 minutos de jogo, durante este método de
jogo organizado em situação de 6x6. Após os 15 minutos iniciais ocorreram mais recuperações
de bola sem sofrer golo.
Das diferentes formas de recuperação de bola, nesta 1ª parte, a selecção de Espanha,
recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer golo (8) do que após golo sofrido (7). A forma
de recuperação de bola sem sofrer golo foi realizada através de 4 ressaltos defensivos (res),
não tendo sido registada nenhuma recuperação com a intervenção directa do guarda-redes.
Foram recuperadas 4 posses de bola após falha do adversário (pb, fa, i, rec).
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Uma vez que em metade das sequências da 1ª parte (10) se registava um empate (e) verificou-
se que ocorreram um maior número de eventos diferentes com este resultado parcial, que
poderá ser explicada pela necessidade da selecção de Espanha corresponder às diferentes
movimentações de ataque que a selecção da Croácia realizou para tentar marcar golo:
modificando a colocação do pivot em diferentes locais (p23d, pm, p23e), uma vez que a
selecção de Espanha nunca alterou o seu sistema defensivo (6:0), nem a forma de actuação
(zp) e a maioria das intervenções do defensor marcador directo do portador da bola foram o
deslocamento defensivo (desl).
Figura 130 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 1ª parte do jogo entre a selecção da Croácia e a de
Espanha na 3ª fase
Não foram considerados dendogramas uma vez que não cumpriam os requisitos estipulados.
Esta ausência possivelmente deveu-se possivelmente à elevada variabilidade de eventos
relacionada com o resultado do marcador nas sequências defensivas registadas, no método
organizado de jogo em situação 6x6 para a selecção de Espanha, nesta 1ª parte.
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Página 203
2ª parte
Na 2ª parte foram registadas 22 sequências no método organizado de jogo em situação de
igualdade numérica 6x6. Foi possível identificar 7 tipos de sequências diferentes das 22 que
compuseram a 2ª parte nos seguintes intervalos, em função do resultado parcial do marcador
de jogo para selecção de Espanha:
Figura 131 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo da 2ª parte do jogo entre a selecção da Croácia e a
de Espanha na 3ª fase
Em 16 das 22 sequências da 2ª parte do jogo, a selecção de Espanha esteve em vantagem no
marcador, sendo que nas últimas 8 vencia por 5 ou mais golos (v5).
Registou-se um maior número de golos sofridos (6) pela selecção de Espanha quando estava
em vantagem por 5 ou mais golos (v5) que coincidiram com os últimos 10 minutos de jogo,
durante o método organizado de jogo em situação de 6x6. O que poderá significar que a
selecção de Espanha com esta vantagem (em situações de jogo desequilibrado no marcador
(v5)) tenderá a sofrer mais golos (gs), porque a selecção Croata se adaptou à estratégia,
comportamentos defensivos, sistema defensivo e forma de actuação.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Das diferentes formas de recuperação de bola, na 2ª parte, foram realizadas pela selecção de
Espanha, 4 intervenções pelo guarda-redes (dcb, dsc6, dsc9), 3 por intercepções (i) – que
poderão ter sido a origem do resultado do marcador se ter tornado desequilibrado – duas por
erros do adversário (jp, mpr) e um ressalto defensivo (res).
Apesar da variabilidade verificada no resultado parcial o sistema defensivo 6:0 (zona) e forma
de actuação (zp) foram mantidas em toda a 2ª parte, sugerindo que tanto o sistema como a
forma de actuação foram adequadas ao adversário em questão.
Figura 132 - Gráfico de frequências do tipo de eventos da 2ª parte do jogo entre a selecção da Croácia e a de
Espanha na 3ª fase
Na 2ª parte o número de sequências em defesa organizada em situação de 6x6 aumentou à
medida que a selecção de Espanha foi aumentando a vantagem no marcador, podendo
significar que o seu processo ofensivo foi eficaz e que conseguiram organizar rapidamente a
sua defesa de forma a controlar a vantagem no marcador através do tempo de jogo.
Não foram considerados dendogramas uma vez que não cumpriam os requisitos estipulados.
Esta ausência possivelmente deveu-se possivelmente à elevada variabilidade de eventos
relacionada com o resultado do marcador nas sequências defensivas registadas no método
organizado de jogo em situação 6x6, para a selecção de Espanha.
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Síntese
No jogo com a selecção da Croácia para o apuramento do 3º e 4º classificado, a selecção de
Espanha esteve em vantagem no marcador em 51% das sequências observadas. Durante a 2ª
parte do jogo, a selecção de Espanha esteve em vantagem no marcador em 16 das 22
sequências, sendo que nas últimas 8 (19%) a vantagem foi de 5 ou mais golos.
Apesar da variabilidade e equilíbrio verificados no resultado parcial de jogo, o sistema
defensivo 6:0 e a forma de actuação passiva foram mantidos durante toda a partida, uma vez
que este é o mais utilizado pela selecção de Espanha, e por ser aquele que é tido como o mais
eficaz em situações de igualdade numérica, conforme constataram Gutiérrez e Férez (2009).
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade do jogo a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer golo (18) do que após golo sofrido (17). A
selecção de Espanha registou um maior número de golos sofridos, nos primeiros 15 minutos
de jogo (1ª parte) quando o marcador registava um empate e nos últimos 15 minutos de jogo
(2ª parte), quando vencia por 5 ou mais golos. Após os 15 minutos iniciais do jogo ocorreram
mais recuperações de bola sem sofrer golo.
As formas de recuperação de bola sem sofrer golo foram realizadas através de 5 ressaltos
defensivos, de 4 intervenções do guarda-redes, de 4 intercepções e por 4 erros do adversário
(mau passe /recepção, falta atacante e jogo passivo). Foi ainda recuperada uma posse de bola
após remate para fora.
Durante a 1ª parte, em metade das sequências (10) registou-se um empate no marcador e
verificou-se que ocorreram um maior número de eventos diferentes. Na 2ª parte do jogo, a
selecção de Espanha, sofreu o maior número de golos (6), quando estava com uma vantagem
no marcador por 5 ou mais golos, que coincidiu com os últimos 10 minutos de jogo.
Foram detectados padrões temporais quando analisadas todas as sequências do jogo, da 1ª e
da 2ª parte, para a selecção de Espanha durante o processo defensivo no método organizado,
contudo os mesmos não cumpriam todos os requisitos propostos, uma vez que continham
configurações de eventos que pertenciam a mais do que uma sequência, daí não serem
considerados.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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5.2. Análise dos Jogos da 1ª Fase Para ser possível a análise de todos os jogos, da 1ª fase, da selecção de Espanha, foi necessário
agrupá-los dois a dois, uma vez que o software Theme não conseguiu realizar o tratamento do
conjunto dos dados de todos estes jogos. O critério para o agrupamento dos jogos foi a ordem
cronológica.
As selecções adversárias da selecção de Espanha na 1ª fase do Torneio de Andebol dos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008 foram as seguintes: Croácia, China, França e Brasil. No conjunto dos
jogos a selecção de Espanha marcou 122 golos e sofreu 116 golos.
A selecção de Espanha nesta fase defrontou a selecção campeã europeia em título, a França, e
a selecção Croata, uma das selecções favoritas à medalha de ouro olímpica. A selecção da
China seria o adversário mais fraco que iria defrontar. Nesta fase a selecção de Espanha
venceu as congéneres da China e do Brasil, tendo perdido com as selecções da Croácia e a de
França29.
É possível identificar 11 conjuntos de sequências diferentes das 174 que compuseram a
totalidade dos jogos, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do
resultado parcial do marcador de jogo, para a selecção de Espanha.
Tabela 20 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para todos os jogos observados
da selecção de Espanha na 1ª fase
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 13 3 16 9,20 Vermelho
Perde por 1 golo P1 11 4 15 8,62 Laranja
Perde por 2 golos P2 6 3 9 5,17 Amarelo
Perde por 3 golos P3 5 8 13 7,47 Azul
Perde por 4 golos P4 4 6 10 5,75 Cinzento
Perde por 5 ou mais golos P5 7 17 24 13,79 Preto
Vence por 1 golo V1 7 0 7 4,02 Verde
Vence por 2 golos V2 12 0 12 6,90 Púrpura
Vence por 3 golos V3 8 2 10 5,75 Azul marinho
Vence por 4 golos V4 5 2 7 4,02 Beje
Vence por 5 golos ou mais
golos
V5 6 45 51 29,31 Azul escuro
29
5ª e 4ª melhores selecções, respectivamente, de acordo com o Ranking List Nation – 2008 National
Team Competitions da EHF
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Da análise da tabela 20, verifica-se que a selecção de Espanha durante a 1ª fase esteve em
vantagem no marcador 50% das sequências (87 em 174) e em desvantagem no marcador em
40,8% das sequências (71 em 171), e nas restantes o marcador registava um empate (9,2%).
Em termos de equilíbrio no conjunto dos jogos da selecção de Espanha, verifica-se que em
43,1% das sequências o resultado parcial do marcador apresentava o jogo como
desequilibrado (Silva, 2000): 29,31% quando vencia por 5 ou mais golos (v5) e 13,79% quando
perdia por 5 ou mais golos (p5). Estes desequilíbrios, quer pela vantagem quer pela
desvantagem, ocorreram em grande parte na 2ª parte dos jogos em causa, com excepção para
o jogo com a selecção Francesa.
Das diferentes formas de recuperação da posse de bola, na totalidade dos jogos a selecção de
Espanha recuperou-a mais vezes após sofrer golo (74) do que sem sofrer golo (70).
A forma de recuperação de bola sem sofrer golo foi através: 11 por perdas de bola (pb), 4 por
violações da área de baliza (vio), 3 por maus passes e/ou recepções (mpr) e 3 faltas atacantes
(fa). O guarda-redes realizou 15 intervenções (dsc9, dsc6) e a defesa 15 ressaltos defensivos
(res) e 6 intercepções (i). Foram ainda recuperadas 11 posses de bola após remate para fora
(rec).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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5.2.1. Jogos com a Croácia e com a China Neste conjunto de jogos a selecção de Espanha apresenta uma derrota e uma vitória,
marcando 65 golos e sofrendo 53.
Figura 133 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, dos dois primeiros jogos observados da
selecção de Espanha na 1ª fase
Da análise do plotter que junta os jogos da selecção de Espanha com as selecções da Croácia e
da China, durante a 1ª fase do Torneio foi possível verificar:
- uma crescente e constante vantagem do marcador, no jogo com a selecção da China, com a
utilização do sistema defensivo 3:2:1 (púrpura) e quando a vantagem se estabiliza (por 5 ou
mais golos), e perto do final do jogo, nota-se uma variabilidade na utilização dos sistemas
defensivos (6:0, 5:1, 4:2, 5+1);
- uma variabilidade no marcador de jogo (aumento e diminuição da desvantagem no
marcador), na partida com a selecção da Croácia, sendo utilizado em grande parte o sistema
defensivo 6:0 (verde) quando se registava a desvantagem e o sistema 3:2:1 (púrpura) quando
se registava o empate.
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É possível identificar 11 conjuntos de sequências diferentes das 94 que compuseram a
totalidade dos jogos, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do
resultado parcial do marcador de jogo para selecção de Espanha; e também verifcar o
contraste existente dos eventos face ao resultado parcial do marcador.
Tabela 21 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para os dois primeiros jogos
observados da selecção de Espanha na 1ª fase
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 4 3 7 7,45 Vermelho
Perde por 1 golo P1 6 4 10 10,64 Laranja
Perde por 2 golos P2 6 3 9 9,57 Amarelo
Perde por 3 golos P3 4 5 9 9,57 Azul
Perde por 4 golos P4 3 3 6 6,38 Cinzento
Perde por 5 ou mais golos P5 2 0 2 2,13 Preto
Vence por 1 golo V1 3 0 3 3,19 Verde
Vence por 2 golos V2 9 0 9 9,57 Púrpura
Vence por 3 golos V3 4 0 4 4,26 Azul marinho
Vence por 4 golos V4 5 0 5 5,32 Beje
Vence por 5 golos ou mais
golos
V5 6 24 30 31,91 Azul escuro
Da análise da tabela 21, verifica-se que a selecção de Espanha nos dois primeiros jogos
considerados, da 1ª fase, esteve em vantagem no marcador em 54,25% das sequências (51 em
94) e em desvantagem em 38,29% das sequências (36 em 94), e nas restantes o marcador
registava um empate (7,45%).
Em termos de equilíbrio no conjunto dos jogos da selecção de Espanha, verifica-se que em
34,04% das sequências o resultado parcial no marcador indicava o jogo como desequilibrado
(Silva, 2000): 31,91% quando vencia por 5 ou mais golos (v5) e 2,13% quando perdia por 5 ou
mais golos (p5). Estes desequilíbrios, pela vantagem, ocorreram em maioria na 2ª parte dos
jogos em causa e pela desvantagem todos na 1ª parte.
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade dos jogos considerados a
selecção de Espanha recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer golo (41) do que após
sofrer golo (35).
As formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foram: 6 por perdas de
bola (pb), 4 por violações da área de baliza (vio), 3 por maus passes e/ou recepções (mpr) e
uma por falta atacante (fa). O guarda-redes realizou 8 intervenções (dsc9, dsc6) e a defesa 6
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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ressaltos defensivos (res) e 4 intercepções (i). Foram ainda recuperadas 7 posses de bola após
remate do adversário para fora (rec).
Figura 134 - Gráfico frequências do tipo de eventos dos dois primeiros jogos observados da selecção de Espanha
na 1ª fase
Da análise sequencial foram detectados 4 padrões quando analisadas as sequências para este
conjunto de jogos (Croácia e China), dois deles enquanto a selecção de Espanha estava em
desvantagem por 2 golos (relativos aos jogos com a Croácia) e outros dois quando se
encontrava em vantagem por 5 ou mais golos (relativos aos jogos com a China).
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Figura 135 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por golo sofrido pela
selecção de Espanha quando observados os dois primeiros jogos da 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 5
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de dois golos (p2), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário entre o 2º e 3º defensor do lado direito (p23d), e o defensor directo do portador da
bola realizva deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do central (c) para
a zona do lateral direito mais próximo do central (ldc) e de seguida para a zona do lateral
esquerdo (le).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por 3 vezes e durante o jogo com a selecção da Croácia.
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Figura 136 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl
Figura 137 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl
Figura 138 - Representação do evento p2,zona,zp,le,p23d,desl
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Figura 139 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por golo sofrido pela
selecção de Espanha quando observados os dois primeiros jogos da 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 5
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem por 5 ou mais golos (v5), o sistema
defensivo utilizado foi o 3:2:1 (nueve) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm) e a bola a circular da zona do lateral esquerdo mais
próxima do central (lec) para a zona do central (c), com o defensor directo do portador da bola
a realizar o deslocamento defensivo (desl) e continuou com o mesmo comportamento (desl),
na mesma posição (c) quando o pivot adversário se colocou entre o 2º e 3º defensor do lado
direito (p23d).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes e durante o jogo com a selecção da
China.
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Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 140 - Representação do evento v5,nueve,zp,lec,pm,desl
Figura 141 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl
Figura 142 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,p23d,desl
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Página 215
Figura 143 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por golo sofrido pela
selecção de Espanha quando observados os dois primeiros jogos da 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 5
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 2 golos (p2), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm), o defensor directo do portador da bola realizou
deslocamento defensivo (desl) quando a bola estava na zona do central (c) e continuou com o
mesmo comportamento (desl) quando o pivot adversário se colocou entre o 2º e 3º defensor
do lado direito (p23d), e a bola circulou da mesma posição (c) para a zona do lateral direito
mais próximo do central (ldc).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes e durante o jogo com a selecção da
Croácia.
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Figura 144 - Representação do evento p2,zona,zp,c,pm,desl
Figura 145 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl
Figura 146 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl
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Página 217
Figura 147 - Dendograma representativo do padrão sequencial de como a selecção de Espanha deixou a selecção
da China recuperar a posse de bola através de ressalto ofensivo sem remate à baliza, quando observados os dois
primeiros jogos da 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 4
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
deixou a selecção da China recuperar a posse de bola através de ressalto ofensivo sem remate
à baliza (roo):
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem de 5 ou mais golos (v5), o sistema
defensivo utilizado foi o 3:2:1 (nueve) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm), e a bola circular da zona do lateral esquerdo (le) para a
zona do central (c), com o defensor directo do portador da bola a realizar deslocamento
defensivo (desl).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes e durante o jogo com a selecção da
China.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
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Figura 148 - Representação do evento v5,nueve,zp,le,pm,desl
Figura 149 - Representação do evento v5,nueve,zp,c,pm,desl
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Página 219
5.2.2. Jogos com a França e com o Brasil Neste conjunto de jogos a selecção de Espanha foi derrotada pela congénere Francesa e
venceu a selecção do Brasil, marcando 57 golos e tendo sofrido 63 golos.
Figura 150 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, dos dois últimos jogos observados da
selecção de Espanha na 1ª fase
Da análise do plotter que junta os jogos da selecção de Espanha com as selecções de França e
do Brasil, durante a 1ª fase do Torneio foi possível verificar:
- uma crescente estabilidade na vantagem do marcador, no jogo com a selecção do Brasil, com
a utilização do sistema defensivo 6:0 (verde), com excepção para a parte inicial do jogo no qual
foi utilizado o sistema 3:2:1 (púrpura);
- uma crescente estabilidade na desvantagem do resultado do marcador de jogo, na partida
com a selecção Francesa, sendo utilizado em grande parte o sistema defensivo 6:0 (verde) e,
próximo do final a passagem pelos sistemas 5:1 (vermelho), 5+1 (amarelo) e 3:2:1 (púrpura).
É possível identificar 11 conjuntos de sequências diferentes das 80 que compuseram os jogos
considerados, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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parcial do marcador de jogo para selecção de Espanha; assim como também é possível
verificar o constraste dos eventos em função do resultado parcial do marcador.
Da análise da tabela 22, verifica-se que a selecção de Espanha, nos jogos com a França e Brasil,
na 1ª fase, esteve em vantagem no marcador 45% das sequências (36 em 94) e em
desvantagem no marcador em 43,75% das sequências (23 em 94), e nas restantes o marcador
registava o empate (11,25%).
Tabela 22 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para os dois últimos jogos
observados da selecção de Espanha na 1ª fase
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 9 0 9 11,25 Vermelho
Perde por 1 golo P1 5 0 5 6,25 Laranja
Perde por 3 golos P3 1 3 4 5 Azul
Perde por 4 golos P4 1 3 4 5 Cinzento
Perde por 5 ou mais golos P5 5 17 22 27,5 Preto
Vence por 1 golo V1 4 0 4 5 Verde
Vence por 2 golos V2 3 0 3 3,75 Púrpura
Vence por 3 golos V3 4 2 6 7,5 Azul marinho
Vence por 4 golos V4 0 2 2 2,5 Beje
Vence por 5 golos ou mais golos V5 0 21 21 26,25 Azul escuro
Em termos de equilíbrio no conjunto dos jogos considerados da selecção de Espanha, verifica-
se que, em 53,75% das sequências, o resultado parcial do marcador indicava o jogo como
desequilibrado (Silva, 2000): 26,25% quando vencia por 5 ou mais golos (v5) e 27,5% quando
perdia por 5 ou mais golos (p5). Estes desequilíbrios, tanto pela vantagem como pela
desvantagem, ocorreram em maioria na 2ª parte dos jogos em causa.
Das diferentes formas de recuperação da posse de bola, nos jogos considerados, a selecção de
Espanha recuperou-a mais vezes após golo sofrido (39) do que sem sofrer golo (29).
As formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foram através das 6
intervenções do guarda-redes realizando (dsc9, dcb), dos 9 ressaltos defensivos e das duas
intercepções (i) realizadas pelos defensores. Foram recuperadas 7 posses de bola devido a
falhas do adversário: 5 por perdas de bola (pb) e duas por faltas atacantes (fa) e ainda
recuperadas outras 5 após remate do adversário para fora (rec).
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Página 221
Figura 151 - Gráfico frequências do tipo de eventos dos dois últimos jogos observados da selecção de Espanha na
fase de grupos (1ª fase) do Torneio de Andebol dos Jogos Olímpicos de Pequim
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções de França e do Brasil,
foi detectado 1 padrão com as 4 configurações mínimas, que se repetiu duas vezes.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 152 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por golo sofrido pela
selecção de Espanha quando observados os dois últimos jogos da 1ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 8
configurações de eventos (para os objectivos do estudo serão excluídas a primeira e as três
últimas configurações de eventos, porque a primeira aparece antes do início da sequência e as
restantes após o final da sequência considerada) que descrevem uma probabilidade de como a
selecção de Espanha recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem de 5 ou mais golos (v5), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm), o defensor directo do portador da bola realizou
deslocamento defensivo (desl) quando esta circulou da zona do lateral esquerdo (le) para a
zona do central (c).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes e durante o jogo com a selecção do
Brasil.
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Figura 153 - Representação do evento v5,zona,zp,le,pm,desl
Figura 154 - Representação do evento v5,zona,zp,c,pm,desl
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Síntese
No conjunto dos 4 jogos realizados durante a 1ª fase, a selecção de Espanha esteve em
vantagem no marcador em 50% das sequências (87 das 174) observadas, sendo que em
29,31% vencia por 5 ou mais golos. A selecção de Espanha esteve em desvantagem no
marcador em 40,8% das sequências e em 13,79% por 5 ou mais golos. A selecção de Espanha
venceu os jogos com as selecções da China e do Brasil, tendo sido derrotada pelas selecções da
Croácia e de França.
A selecção de Espanha realizou mais recuperações de bola após golo sofrido (74) do que sem
sofrer golo (70). A forma de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foi através
de 21 erros do adversário: 11 por perdas de bola, 4 por violação da área de baliza, 3 por maus
passes e/ou recepções e 3 por faltas atacantes. O guarda-redes realizou 15 intervenções e a
defesa 15 ressaltos defensivos e 6 intercepções. Foram ainda realizadas 11 recuperações de
bola após remates do adversário para fora.
Para análise sequencial do conjunto dos jogos da 1ª fase foi verificada a impossibilidade de se
realizar a análise de todos os dados em simultâneo, sendo estes agrupados em pares pela
ordem cronológica: Croácia-China e França-Brasil.
Nos jogos com as selecções da Croácia e da China, a selecção de Espanha esteve em vantagem
no marcador em 54,25% das sequências (51 em 94), e por 5 ou mais golos em 31,91% das
sequências, que ocorreram maioritariamente na 2ª parte. A desvantagem no marcador
observou-se em 38,29% das sequências (36 em 94) observadas, e por 5 ou mais golos em
2,13% das sequências verificadas todas na 1ª parte.
A selecção de Espanha, neste par de jogos, recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer
golos (41) do que após sofrer golo (35). A forma de recuperação de bola sem sofrer golo com
maior registo foi através de 6 por perdas de bola, 4 por violação da área de baliza, 3 por maus
passes e/ou recepções e uma por falta atacante. O guarda-redes realizou 8 intervenções e a
defesa 6 ressaltos defensivos e 4 intercepções. Foram ainda realizadas 7 recuperações de bola
após remate para fora.
Da análise sequencial foram detectados 4 padrões quando analisadas as sequências para este
conjunto de jogos (Croácia e China), dois deles enquanto a selecção de Espanha estava em
desvantagem por 2 golos (relativos aos jogos com a Croácia) e outros dois quando se
encontrava em vantagem por 5 ou mais golos (relativos aos jogos com a China).
Dos padrões obtidos referentes ao jogo com a selecção da Croácia, ambos apresentaram 5
configurações de eventos, com o sistema defensivo 6:0, com o marcador do portador da bola a
realizar deslocamento defensivo, o pivot adversário entre o 2º e 3º defensores do lado direito
e a forma de recuperação de bola foi após golo sofrido. Estas configurações repetiram-se por 3
vezes e num dos padrões foram apenas consideradas as duas últimas repetições, porque
metade dos eventos estavam ligados a uma sequência seguinte. Os 2 padrões são coincidentes
com os detectados quando foi realizada a análise das sequências do jogo todo com a selecção
da Croácia (consultar Figuras 18 e 26).
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Página 225
Nos padrões obtidos no jogo com a selecção da China, em ambos os padrões o sistema
defensivo utilizado foi o 3:2:1 e o comportamento defensivo do marcador do portador da bola
foi o deslocamento defensivo, tendo a localização do pivot adversário variado do meio defesa
para o 2º e 3º defensores do lado direito, ocorrendo todas na 1ª parte do jogo. Um dos
padrões indica como a selecção de Espanha recuperou a posse de bola após golo sofrido,
apresentando 5 configurações de eventos que se repetiram por duas vezes. O outro padrão
encontra-se relacionado com a recuperação da posse de bola pela selecção da China após
ressalto ofensivo sem remate à baliza, apresentando as 4 configurações mínimas e que se
repetiram por 3 vezes, durante a 1ª parte do jogo. O padrão referente à recuperação da posse
de bola para a selecção da China através de ressalto ofensivo sem remate à baliza é
coincidente com o detectado quando foi realizada a análise das sequências do jogo todo com a
selecção da China (consultar Figura 42).
Nos jogos com a selecção da França e do Brasil, a selecção de Espanha esteve em vantagem no
marcador em 45% das sequências (36 em 94) e em 26,25% vencia por 5 ou mais golos.
Verificou-se uma desvantagem no marcador em 43,75% das sequências (23 em 94) observadas
e por 5 ou mais golos em 27,5%. As sequências nas quais se verificou uma vantagem e uma
desvantagem por 5 ou mais golos ocorreram em maioria na 2ª parte dos jogos considerados.
A selecção de Espanha para este par de jogos realizou a recuperação da posse de bola mais
vezes após golo sofrido (39) do que sem sofrer golo (29). As formas de recuperação de bola
sem sofrer golo com maior registo foram através das 9 intervenções do guarda-redes, dos 9
ressaltos defensivos e das duas intercepções realizadas pelos defensores. Foram recuperadas 7
posses de bola devido a erros do adversário: 5 por perdas de bola e duas por faltas atacantes e
ainda realizadas 5 recuperações de bola após remate do adversário para fora.
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções de França e do Brasil,
foi detectado 1 padrão com as 4 configurações mínimas, que se repetiu duas vezes. O padrão
derivou da recuperação da bola após golo sofrido no jogo com a selecção do Brasil, no qual a
selecção de Espanha tinha uma vantagem no marcador por 5 ou mais golos, com o sistema
defensivo 6:0, com a forma de actuação do tipo passiva, o pivot adversário no meio da defesa
e o defensor marcador do portador da bola realizava deslocamento defensivo.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 226
5.3. Análise dos Jogos da 2ª Fase Os jogos da 2ª fase do Torneio de Andebol dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, consistiram
nos jogos dos quartos de final e da meia-final. O primeiro opôs a selecção de Espanha à da
Coreia, tendo acesso ao jogo da meia-final com a selecção da Islândia. No conjunto dos jogos a
selecção de Espanha venceu a Coreia (29-24) e perdeu com a Islândia (36-30), encontro que
ditou o afastamento da final do Torneio, obrigando a jogar novamente com a selecção da
Croácia, mas para o apuramento do 3º e 4º classificados.
Os jogos foram distintos entre si, a selecção de Espanha venceu sem grande oposição a
selecção da Coreia, mas por outro lado não conseguiu a mesma réplica perante a selecção da
Islândia. Ambos os jogos terminaram com resultado no marcador desequilibrado, vencendo
por 5 ou mais golos (v5) nos quartos de final, e perdendo por 5 ou mais golos (p5) na meia-
final.
Figura 155 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, para os jogos da selecção de Espanha na 2ª
fase
Da análise do plotter que junta os jogos da selecção de Espanha com as selecções da Islândia e
da Coreia, durante a 2ª fase do Torneio foi possível verificar:
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- uma crescente e instável vantagem do marcador, no jogo com a selecção da Coreia, com a
utilização do sistema defensivo 6:0 (verde);
- uma crescente e instável desvantagem do resultado do marcador de jogo, na partida com a
selecção da Islândia, com a utilização em grande parte do sistema defensivo 6:0 (verde) e com
alterações para o sistema defensivo 5:1 (vermelho), 5+1 (amarelo) e 4+2 (siete).
É possível identificar 10 conjuntos de sequências diferentes das 72 que compõem a totalidade
do jogo, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos de eventos, em função do
resultado parcial do marcador de jogo para selecção de Espanha; sendo possível verificar o
constraste dos eventos em função do resultado parcial do marcador entre a vitória e derrota e
semelhanças quando o marcador registava o empate.
Tabela 23 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para os jogos da selecção de
Espanha na 2ª fase
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 16 0 16 22,22 Vermelho
Perde por 1 golo P1 6 3 9 12,50 Laranja
Perde por 2 golos P2 2 0 2 2,78 Amarelo
Perde por 3 golos P3 1 2 3 4,17 Azul
Perde por 4 golos P4 2 7 9 12,50 Cinzento
Perde por 5 golos P5 0 5 5 6,94 Preto
Vence por 1 golo V1 8 7 15 20,83 Verde
Vence por 2 golos V2 0 1 1 1,39 Púrpura
Vence por 3 golos V3 0 1 1 1,39 Azul-Marinho
Vence por 5 ou mais golos V5 0 11 11 15,28 Azul Escuro
Os registos realizados nestes jogos demonstraram que estes foram na sua maioria equilibrados
(Silva, 2000), uma vez que a selecção de Espanha enquanto defendia durante o método
organizado em situação de igualdade numérica 6x6, esteve empatada, em desvantagem ou em
vantagem por uma diferença inferior a 5 golos em 56 das 72 sequências (77,78%). O
desequilíbrio no marcador de jogo esteve patente nestes dois jogos por um lado pela
vantagem por 5 ou mais golos (v5) em 11 das 72 sequências (15,28%) no jogo com a selecção
da Coreia e por outro lado pela desvantagem por 5 ou mais golos (p5) em 5 das 72 sequências
(6,94%) no jogo com a selecção da Islândia. As sequências quando o marcador de jogo
registava um empate (e) sucederam todas (16) durante a 1ª parte dos jogos. Uma curiosidade
é que o número de sequências observadas quer em vantagem (v1, v2, v3, v4, v5) quer em
desvantagem (p1, p2, p3, p4, p5) foram proporcionalmente iguais (38,89%), num total de 28
sequências para cada.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Das diferentes formas de recuperação de bola na totalidade dos jogos, a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer golo (30) do que após sofrer golo (27).
As formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foram através das 10
intervenções do guarda-redes (dsc9, dsc6, dcb) e dos 6 ressaltos defensivos (res) e das 4
intercepções (i). Foram recuperadas 8 posses de bola através dos erros do adversário: 4 por
perdas de bola (pb), duas por falta atacante (fa), uma por jogo passivo (jp) e outra por
passos/dribles (pdb). Foram ainda recuperadas 2 posses de bola após remate para fora (rec).
Figura 156 - Gráfico frequências do tipo de eventos dos jogos da selecção de Espanha na 2ª fase
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções da Coreia e da
Islândia, foi detectado 1 padrão com as 4 configurações mínimas, que se repetiu por 3 vezes.
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Figura 157 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por golo sofrido em todos
os jogos da 2ª fase
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 5
configurações de eventos (para os objectivos do estudo só foram consideradas as quatro
primeiras configurações de eventos, porque a última aparece após o final da sequência) que
descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha recuperou a posse de bola após
golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava um empate (e), o sistema defensivo utilizado foi o
6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot adversário entre o 2º e o 3º
defensor do lado esquerdo (p23e), o defesa directo do portador da bola realizava
deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do lateral esquerdo (le) para a
zona do central (c).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por 3 vezes e durante a 1ª parte do jogo com a selecção
da Coreia.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 158 - Representação do evento e,zona,zp,le,p23e,desl
Figura 159 - Representação do evento e,zona,zp,c,p23e,desl
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Síntese
No conjunto dos 2 jogos que constituiram esta 2ª fase, a selecção de Espanha venceu sem
grande oposição a selecção da Coreia (por 5 ou mais golos), mas por outro lado não conseguiu
a mesma réplica frente à selecção da Islândia (sendo vencida por 5 ou mais golos). A selecção
de Espanha esteve em vantagem e em desvantagem no marcador em 38,89% das sequências
observadas. A vantagem no marcador por 5 ou mais golos registou-se em 15,28% das
sequências (11 em 72) e a desvantagem pelo mesmo número de golos em 6,94% (5 das 72). As
sequências quando o marcador de jogo registava um empate (e) sucederam todas (16) durante
a 1ª parte dos jogos.
A selecção de Espanha neste conjunto de jogos recuperou a posse de bola mais vezes sem
sofrer golo (30) do que após golos sofrido (27). A forma de recuperação de bola sem sofrer
golo com maior registo foi através das 10 intervenções do guarda-redes e dos 6 ressaltos
defensivos e das 4 intercepções realizadas pela defesa. Foram realizadas 8 recuperações de
bola através dos erros dos adversários: 4 perdas de bola, duas faltas atacantes, uma por jogo
passivo e outra por passos/dribles. Foram ainda recuperadas duas posses de bola após remate
para fora.
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções da Coreia e da
Islândia, foi detectado 1 padrão com as 4 configurações mínimas, que se repetiu por 3 vezes. O
padrão reporta à recuperação da posse de bola após golo sofrido no jogo com a selecção da
Coreia, no qual o marcador de jogo registava um empate. O sistema defensivo utilizado foi o
6:0, com a forma de actuação do tipo passiva, o pivot adversário estava situado entre o 2º e o
3º defensores do lado esquerdo e o defensor directo do portador da bola realizava
deslocamento defensivo, quando a bola circulou da zona do lateral esquerdo para a zona do
central.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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5.4. Análise dos Jogos que terminaram com Vitória Para ser possível a análise de todos os jogos, com resultado vitorioso para a selecção de
Espanha, foi necessário agrupar os jogos dois a dois, uma vez que o software Theme não
conseguiu realizar o tratamento do conjunto dos dados de todos estes jogos. O critério para o
agrupamento dos jogos foi a ordem cronológica.
As selecções adversárias da selecção de Espanha foram, na qual esta saiu como vitoriosa, pela
ordem cronológica, foram as seguintes: China, Brasil (ambas da 1ª fase), Coreia (quartos de
final) e Croácia (apuramento dos 3º e 4º classificados). No conjunto dos jogos a selecção de
Espanha marcou 136 golos e sofreu 110 golos.
Embora os jogos tenham sido distintos entre si, somente um dos adversários seria considerado
do mesmo nível da selecção de Espanha, a selecção da Croácia. Contudo, a selecção de
Espanha facilmente venceria os jogos com as selecções da China, da Coreia e da Croácia por 5
ou mais golos (v5), tendo tido alguma dificuldade a levar de vencida a selecção do Brasil (v1).
É possível identificar 8 conjuntos de sequências diferentes das 180 que compuseram a
totalidade deste conjunto de jogos, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos,
em função do resultado parcial do marcador de jogo, para a selecção de Espanha.
Tabela 24 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para os jogos terminaram com a
vitória da selecção de Espanha
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 29 1 30 16,67 Vermelho
Perde por 1 golo P1 11 1 12 6,67 Laranja
Perde por 2 golos P2 2 1 3 1,67 Amarelo
Vence por 1 golo V1 16 8 24 13,33 Verde
Vence por 2 golos V2 12 5 17 9,44 Púrpura
Vence por 3 golos V3 8 5 13 7,22 Azul marinho
Vence por 4 golos V4 5 6 11 6,11 Beje
Vence por 5 golos ou
mais golos
V5 6 64 70 38,89 Azul escuro
Da análise da tabela 24, verifica-se que a selecção de Espanha quando venceu os jogos esteve
em vantagem no marcador em 74,99% das sequências (135 em 180) e em desvantagem no
marcador em 21,67% das sequências (15 em 180), e nas restantes o marcador registava um
empate (16,67%).
Em termos de equilíbrio no conjunto destes jogos da selecção de Espanha, verifica-se que em
38,89% das sequências o resultado parcial no marcador indicava o jogo como desequilibrado
(Silva, 2000) quando vencia por 5 ou mais golos (v5) e que estes desequilíbrios ocorreram em
grande parte na 2ª parte dos jogos em causa.
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Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade dos jogos a selecção de Espanha
recuperou-a mais vezes sem sofrer golo (78) do que com golo sofrido (68).
As formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foram através das 20
intervenções do guarda-redes (dsc9, dsc6, dcb), dos 18 ressaltos defensivos (res) e das 10
intercepções (i). Foram recuperadas 21 posses de bola através dos erros do adversário: 6 por
perdas de bola (pb), 6 por violação da área de baliza (vio), duas devido a jogo passivo (jp), 3
por maus passes e/ou recepções (mpr), 3 por faltas atacantes (fa) e uma por passos/dribles
(pdb). Foram ainda recuperadas 9 posses de bola após remate do adversário para fora (rec).
5.4.1. Jogos da 1ª Fase O jogo que opôs a selecção de Espanha à da China, foi o terceiro jogo do Torneio de Andebol e
terminou com o resultado 36-22. O jogo entre a selecção de Espanha e a do Brasil foi o quinto
e último jogo da fase de grupos (1ª fase) terminou 36-35. No conjunto dos jogos a selecção de
Espanha marcou 72 golos e sofreu 57 golos.
Figura 160 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, para todos os jogos da 1ª fase que
terminaram com vitória para a selecção de Espanha
Da análise do plotter que junta os jogos que terminaram com vitória para a selecção de
Espanha durante a 1ª fase do Torneio foi possível verificar:
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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- uma crescente e estável vantagem do marcador, no jogo com a selecção da China, com a
utilização do sistema defensivo 3:2:1 (púrpura) e perto do final da partida a passagem pelos
sistemas 6:0 (verde), 5:1 (vermelho), 5+1 (amarelo) e 4:2 (azul), quando a estabilidade na
vantagem do marcador se manteve por 5 ou mais golos;
- uma crescente e variável vantagem do resultado do marcador de jogo, na partida com a
selecção do Brasil, com a utilização em grande parte do sistema defensivo 6:0 (verde),
excepção para a parte inicial do jogo no qual recorreu ao sistema 3:2:1 (púrpura).
Foi possível também verificar o constraste dos eventos em função do resultado parcial do
marcador especialmente quando a diferença foi de 5 ou mais golos, com alterações nos
sistemas defensivos principalmente no jogo com a selecção da China; e quando esta diferença
diminuiu no final do jogo com a selecção do Brasil.
É possível identificar 7 conjuntos de sequências diferentes das 97 que compuseram a
totalidade dos jogos considerados, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos,
em função do resultado parcial do marcador de jogo para selecção de Espanha.
Tabela 25 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para todos os jogos da 1ª fase
que terminaram com vitória para a selecção de Espanha
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 7 0 7 7,22 Vermelho
Perde por 1 golo P1 4 0 4 4,12 Laranja
Vence por 1 golo V1 6 0 6 6,19 Verde
Vence por 2 golos V2 12 0 12 12,37 Púrpura
Vence por 3 golos V3 8 2 10 10,31 Azul marinho
Vence por 4 golos V4 5 2 7 7,22 Beje
Vence por 5 golos ou
mais golos
V5 6 45 51 52,58 Azul escuro
Nos jogos que terminaram com vitória para a selecção de Espanha na 1ª fase, esta nunca
esteve em desvantagem no marcador por mais de 1 golo (p1), que se verificou nos 2 jogos em
causa, apenas em 4 sequências.
A selecção de Espanha esteve em vantagem (v1, v2, v3, v4, v5) em 88,66% das sequências (86
em 97). O resultado parcial do marcador mostra que os jogos foram desequilibrados em
52,58% das sequências registadas (51 em 97), uma vez que enquanto defendia durante o
método organizado em situação de iguadade numérica 6x6, esteve em vantagem por uma
diferença igual ou superior a 5 golos (Silva, 2000).
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade dos jogos considerados a
selecção de Espanha recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer golo (40) do que após
sofrer golo (39).
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As formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foram através das 9
intervenções do guarda-redes (dsc9, dsc6), dos 8 ressaltos defensivos (res) e 3 das
intercepções (i). Foram recuperadas 11 posses de bola através dos erros do adversário: 3 por
perdas de bola (pb), 3 por violação da área de baliza (vio), duas por falta atacante (fa), duas
por maus passes e/ou recepções (mpr) e uma por passos/dribles (pdb). Foram ainda
recuperadas 8 posses de bola após remate do adversário para fora (rec).
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções da China e do Brasil,
foi detectado 1 padrão.
Figura 161 - Gráfico frequências do tipo de eventos de todos os jogos da 1ª fase que terminaram com vitória
para a selecção de Espanha
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 162 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por golo sofrido em todos
os jogos da 1ª fase que terminaram com vitória para a selecção de Espanha
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 7
configurações de eventos (para os objectivos do estudo só serão consideradas as 4 primeiras
configurações, porque as restantes aparecem após o final da sequência) que descrevem uma
probabilidade de como a selecção de Espanha recuperou a posse de bola após golo sofrido
(gs):
- quando o resultado do marcador registava uma vantagem de 5 ou mais golos (v5), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm) e o defensor directo do portador da bola realizou
deslocamento defensivo (desl) quando esta circulou da zona do lateral esquerdo (le) para a
zona do central (c).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes e durante o jogo com a selecção do
Brasil.
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Figura 164 - Representação do evento v5,zona,zp,c,pm,desl
Figura 163 - Representação do evento v5,zona,zp,le,pm,desl
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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5.4.2. Jogos das 2ª e 3ª Fases O jogo que opôs a selecção de Espanha à selecção da Coreia foi o jogo dos quartos de final da
competição que terminou com uma vitória por 24-29. O jogo entre a selecção de Espanha e a
selecção da Croácia foi o último jogo do Torneio (apuramento dos 3º e 4º classificados)
terminou com uma vitória por 29-36. No conjunto dos jogos a selecção de Espanha marcou 64
golos e sofreu 53 golos.
Figura 165 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, para todos os jogos das 2ª e 3ª fases que
terminaram com vitória para a selecção de Espanha
Da análise do plotter que junta os jogos que terminaram com vitória para a selecção de
Espanha durante as 2ª e 3ª fases do Torneio foi possível verificar:
- uma crescente e instável vantagem no marcador, nos jogos com as selecções da Coreia e da
Croácia, com a utilização permanente do sistema defensivo 6:0 (verde).
É possível identificar 8 conjuntos de sequências diferentes das 83 que compuseram os jogos
considerados, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado
parcial do marcador de jogo para selecção de Espanha.
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Página 239
Tabela 26 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para todos os jogos da 2ª e 3ª
fase que terminaram com vitória para a selecção de Espanha
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 22 1 23 27,71 Vermelho
Perde por 1 golo P1 7 1 8 9,64 Laranja
Perde por 2 golos P2 2 1 3 3,61 Amarelo
Vence por 1 golo V1 10 8 18 21,69 Verde
Vence por 2 golos V2 0 5 5 6,02 Púrpura
Vence por 3 golos V3 0 3 3 3,61 Azul marinho
Vence por 4 golos V4 0 4 4 4,82 Beje
Vence por 5 golos ou
mais golos
V5 0 19 19 22,89 Azul escuro
Da análise da tabela 26, verifica-se que a selecção de Espanha nos dois jogos considerados, nas
2ª e 3ª fases, esteve em vantagem no marcador 59,03% das sequências (49 em 83) e em
desvantagem no marcador em 13,25% das sequências (11 em 83), e nas restantes o marcador
registava um empate (27,71%).
Em termos de equilíbrio no conjunto dos jogos da selecção de Espanha, verificou-se que em
22,89% das sequências o resultado parcial no marcador indicava o jogo como desequilibrado
(Silva, 2000) quando vencia por 5 ou mais golos (v5) e que estes desequilíbrios ocorreram
todos na 2ª parte dos jogos em causa.
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade dos jogos considerados a
selecção de Espanha recuperou a posse de bola mais vezes sem sofrer golo (38) do que com
golo sofrido (29).
As formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foram realizadas através
das 10 intervenções do guarda-redes (dsc9, dsc6, dcb), dos 10 ressaltos defensivos (res) e das 7
intercepções (i). Foram recuperadas 9 posses de bola através dos erros do adversário: 3 por
perda de bola (pb), duas por violação (vio), duas devido a jogo passivo (jp), uma por mau passe
e/ou recepção (mpr) e uma por falta atacante (fa). Foram ainda recuperadas duas posses de
bolas após remate do adversário para fora (rec).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções da Coreia e da
Croácia, foi detectado 1 padrão.
Figura 166 - Gráfico frequências do tipo de eventos de todos os jogos da 2ª e 3ª fase que
terminaram com vitória para a selecção de Espanha
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Figura 167 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por golo sofrido em todos
os jogos da 2ª e 3ª fase que terminaram com vitória para a selecção de Espanha
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 6
configurações de eventos (para os objectivos do estudo as duas últimas configurações foram
excluídas, porque são posteriores ao final da sequência considerada) que descrevem uma
probabilidade de como a selecção de Espanha recuperou a posse de bola após golo sofrido:
- quando o resultado do marcador registava um empate (e), o sistema defensivo utilizado foi o
6:0 (zona) e actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot adversário no meio da defesa
(pm), e o defensor directo do portador da bola realizou deslocamento defensivo (desl) quando
a bola estava na zona do cental (c) e quando circulou para a zona do lateral esquerdo (le) e o
pivot se colocou entre o 2º e o 3º defensor do lado direito (p23d), o defensor directo
aproximou-se (apr) do portador da bola.
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes (uma durante o jogo com a selecção da
Croácia e outra durante o jogo com a selecção da Coreia).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 168 -Representação do evento e,zona,zp,c,pm,desl
Figura 169 - Representação do evento e,zona,zp,le,p23d,apr
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Página 243
Síntese
No conjunto dos 4 jogos que terminaram com a vitória para a selecção de Espanha, esta esteve
em vantagem no marcador 74,99% das sequências observadas (135 em 180) e em
desvantagem em 21,67% das sequências (15 em 180). A selecção de Espanha esteve em
38,89% das sequências a vencer por 5 ou mais golos, que ocorreram em grande maioria
durante as 2ª partes dos jogos em causa. A selecção de Espanha venceu na 1ª fase as selecções
da China e do Brasil e nas fases seguintes as selecções da Coreia e da Croácia.
A selecção de Espanha realizou mais recuperações de bola vezes sem sofrer golo (78) do que
com golo sofrido (68). As formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foi
através das 20 intervenções do guarda-redes, dos 18 ressaltos defensivos e das 10
intercepções realizadas pela defesa. Foram realizadas 21 recuperações de bola através dos
erros do adversário: 6 por perda de bola, 6 por violação da área, duas devido a jogo passivo, 3
por maus passes e/ou recepções, 3 por falta atacante e uma por passos/dribles. Foram ainda
realizadas 9 recuperações de bola após remate das selecções adversárias para fora.
Para análise sequencial do conjunto dos jogos que terminaram com vitória foi verificada a
impossibilidade de se realizar análise de todos os dados em simultâneo, sendo estes agrupados
em pares pela ordem cronológica: China-Brasil e Coreia-Croácia.
Nos jogos com as selecções da China e do Brasil, a selecção de Espanha nunca esteve em
desvantagem no marcador por mais de 1 golo, tendo estado em vantagem em 88,66% das
sequências (86 em 97) observadas e a vencer por 5 ou mais golos em 52,58% (51 em 97).
A selecção de Espanha nos jogos da 1ª fase que terminaram com vitória recuperou a posse de
bola mais vezes sem sofrer golo (40) do que após golo sofrido (39). As formas de recuperação
de bola sem sofrer golo com maior registo foram através das 9 intervenções do guarda-redes,
dos 8 ressaltos defensivos e das 3 intercepções realizadas pela defesa. Foram realizadas 11
recuperações de bola após erros do adversário: 3 por perda de bola, 3 por violação da área de
baliza, duas faltas atacantes, duas por maus passes e/ou recepções e uma por passos/dribles.
Foram ainda realizadas 8 recuperações de bola após remate das selecções adversárias para
fora.
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções da China e do Brasil,
foi detectado 1 padrão com a recuperação de bola a ser realizada após golo sofrido e quando o
marcador registava uma vantagem por 5 golos ou mais, em que o sistema defensivo utilizado
foi o 6:0 com a forma de actuação do tipo passiva, com o pivot adversário no meio da defesa e
o comportamento do defensor directo do portador da bola foi o deslocamento defensivo,
enquanto a bola circulou da zona do lateral esquerdo para a zona do central. Para esta
sequência foram consideradas as 4 configurações mínimas que se repetiram duas vezes e
durante o jogo com a selecção do Brasil.
A selecção de Espanha no conjunto dos jogos com a Coreia e a Croácia esteve em vantagem no
marcador em 59,03% das sequências (49 em 83) observadas, sendo que em 22,89% se
encontrava a vencer por 5 ou mais golos, e durante as segundas partes dos jogos. Esteve em
desvantagem 13,25% das sequências (11 em 83) observadas.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 244
Para este conjunto de jogos a selecção de Espanha recuperou a posse de bola mais vezes sem
sofrer golo (38) do que com golo sofrido (29). A forma de recuperação de bola sem sofrer golo
com maior registo foi através das 10 intervenções do guarda-redes, dos 10 ressaltos
defensivos e das 7 intercepções realizadas pela defesa. Foram realizadas 9 recuperações de
posse de bola após erros dos adversários: 3 por perdas de bola, duas por violação da área,
duas devido a jogo passivo, uma por mau passe e/ou recepção e uma por falta atacante.
Foram ainda realizadas duas recuperações de bola após remate para fora.
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções da Coreia e da
Croácia, foi detectado 1 padrão com a recuperação de bola a ser realizada após golo sofrido e
quando o marcador registava um empate, em que o sistema defensivo utilizado era o 6:0 com
forma de actuação do tipo passiva, no qual o pivot adversário se deslocou do meio da defesa
para ficar entre o 2º e o 3º defensor do lado direito, enquanto o defensor directo do portador
da bola realizou deslocamento defensivo com a bola na zona do cental e, aproximou-se do
atacante quando a bola circulou para a zona do lateral esquerdo. Para esta sequência foram
consideradas as 4 configurações mínimas que se repetiram duas vezes, uma durante o jogo
com a selecção da Coreia e outra durante o jogo com a selecção da Croácia.
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Página 245
5.5. Análise dos Jogos que terminaram com Derrota Para estudar o comportamento da defesa da selecção de Espanha nos jogos em que saiu
derrotada foram analisados o conjunto dos jogos da 1ª fase e o conjunto de todos os jogos (1ª
e 2ª fases).
5.5.1. Jogos da 1ª Fase O jogo que opôs a selecção de Espanha à selecção da Croácia foi o primeiro jogo do Torneio de
Andebol e terminou com o resultado 29-31. O jogo entre a selecção de Espanha e a selecção
Francesa foi o 4º jogo da 1ª fase e terminou 21-28. No conjunto dos jogos a selecção de
Espanha marcou 50 golos e sofreu 59 golos.
Figura 170 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, para todos os jogos da 1ª fase que
terminaram com derrota para a selecção de Espanha
Da análise do plotter que junta os jogos que terminaram com derrota para a selecção de
Espanha durante a 1ª fase do Torneio foi possível verificar:
- uma crescente e instável desvantagem no marcador, nos jogos com as selecções da Croácia e
de França, com a utilização quase permanente do sistema defensivo 6:0 (verde), excepção
para a parte final do jogo com a selecção Francesa, quando perdia por 5 ou mais golos, alterou
para os sistemas 5:1 (vermelho), 5+1 (amarelo) e 3:2:1 (púrpura).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 246
É possível identificar 7 conjuntos de sequências diferentes das 97 que compuseram os jogos
considerados, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos, em função do resultado
parcial do marcador de jogo para selecção de Espanha.
Tabela 27 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para todos os jogos da fase 1ª
fase que terminaram com derrota para a selecção de Espanha
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 6 3 9 11,69 Vermelho
Vence por 1 golo V1 1 0 1 1,30 Verde
Perde por 1 golo P1 7 4 11 14,29 Laranja
Perde por 2 golos P2 6 3 9 11,69 Amarelo
Perde por 3 golos P3 5 8 13 16,88 Azul
Perde por 4 golos P4 4 6 10 12,99 Cinzento
Perde por 5 ou mais golos P5 7 17 24 31,17 Preto
Nos jogos da 1ª fase que terminaram com derrota para a selecção de Espanha, esta nunca
esteve em vantagem no marcador por mais de 1 golo (v1). Esta vantagem apenas se verificou
nos 2 jogos em causa apenas numa sequência.
O resultado parcial do marcador mostra que os jogos foram equilibrados em 68,83% das
sequências registadas (53 em 77), uma vez que enquanto defendia, no método organizado em
situação de igualdade numérica 6x6, esteve empatada, em vantagem ou em desvantagem por
uma diferença inferior a 5 golos (Silva, 2000). Contudo, a selecção de Espanha esteve em
desvantagem (p1, p2, p3, p4, p5) em 87,01% das sequências (67 em 77).
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade dos jogos considerados a
selecção de Espanha recuperou a posse de bola mais vezes após sofrer golo (35) do que sem
sofrer golo (30).
As formas de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foram através das 5
intervenções do guarda-redes (dsc9, dcb), dos 7 ressaltos defensivos (res) e das 3 intercepções
(i) realizadas pela defesa. Foram recuperadas 11 posses de bola através dos erros do
adversário: 7 por perdas de bola (pb), uma por violação da área de baliza (vio), uma por mau
passe e/ou recepção (mpr), uma por dribles ou passos (pdb) e uma falta atacante (fa). Foram
ainda recuperadas 4 posses de bola após remate dos adversários para fora (rec).
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Página 247
Figura 171 - Gráfico frequências do tipo de eventos de todos os jogos da 1ª fase que terminaram com derrota
para a selecção de Espanha
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções da Croácia e França
foram detectados 2 padrões.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 172 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por golo sofrido em todos
os jogos da 1ª fase que terminaram com derrota para a selecção de Espanha
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 5
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de dois golos (p2), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário no meio da defesa (pm), o defensor directo do portador da bola realizou
deslocamento defensivo (desl) quando a bola estava na zona do central (c) e continuou com o
mesmo comportamento (desl), quando a bola circulou da zona do central (c) para a zona do
lateral direito mais próximo do central (ldc) e o pivot adversário se colocou entre o 2º e o 3º
defensor do lado direito (p23d).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes e durante o jogo com a selecção Croácia.
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Página 249
Figura 173 - Representação do evento p2,zona,zp,c,pm,desl
Figura 174 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl
Figura 175 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Figura 176 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por golo sofrido em todos
os jogos da 1ª fase que terminaram com derrota para a selecção de Espanha
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 5
configurações de eventos que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha
recuperou a posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de dois golos (p2), o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o pivot
adversário entre o 2º e o 3º defensor do lado direito (p23d), o defensor directo do portador da
bola realizou deslocamento defensivo (desl) quando a bola circulou da zona do central (c) para
a zona do lateral direito mais próximo do central (ldc), e continuou com este comportamento
(desl), quando a bola voltou para a zona do central (c) e o pivot adversário se colocou entre o
2º e o 3º defensor do lado esquerdo (p23e).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por 3 vezes e durante o jogo com a selecção da Croácia.
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Figura 177 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23d,desl
Figura 178 - Representação do evento p2,zona,zp,ldc,p23d,desl
Figura 179 - Representação do evento p2,zona,zp,c,p23e,desl
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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5.5.2. Todas as Derrotas Os jogos que tiveram como resultado final a derrota da selecção de Espanha foram, pela
ordem cronológica, os seguintes: Croácia, França (ambos na 1ª fase) e Islândia (meia-final). O
jogo que opôs a selecção de Espanha à Croácia, foi o 1º jogo do Torneio e terminou com o
resultado 29-31. O jogo entre a selecção de Espanha e a Francesa foi o 4º jogo da 1ª fase e
terminou com o resultado 21-28. A 3ª derrota foi com a selecção da Islândia no jogo da meia-
final por 30-36. No conjunto destes jogos a selecção de Espanha marcou 80 golos e sofreu 95
golos.
Figura 180 - Gráfico plotter dos eventos em função do tempo de jogo, para todos os jogos que terminaram com
derrota para a selecção de Espanha
Da análise do plotter que junta os jogos que terminaram com derrota para a selecção de
Espanha durante a 1ª e 2ª fase do Torneio foi possível verificar:
- uma crescente e instável desvantagem no marcador, nos jogos com as selecções da Croácia,
de França e da Islândia com a utilização quase permanente do sistema defensivo 6:0 (verde),
excepção para a parte final do jogo com as selecções Francesa e Islandesa, quando perdia por
4 ou mais golos, alterando para os sistemas 5:1 (vermelho), 5+1 (amarelo) e 3:2:1 (púrpura).
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É possível identificar 7 tipos conjuntos de sequências diferentes das 108 que compuseram a
totalidade dos jogos considerados, com as seguintes frequências e nos seguintes intervalos em
função do resultado parcial do marcador de jogo para selecção de Espanha.
Tabela 28 - Frequência dos tipos de sequências de jogo em função do resultado, para todos os jogos que
terminaram com derrota para a selecção de Espanha
Resultado parcial Código 1ª parte 2ª parte Total % Cor
Empate E 10 3 13 12,04 Vermelho
Vence por 1 golo V1 1 0 1 0,93 Verde
Perde por 1 golo P1 12 7 19 17,59 Laranja
Perde por 2 golos P2 8 3 11 10,19 Amarelo
Perde por 3 golos P3 6 10 16 14,81 Azul
Perde por 4 golos P4 6 13 19 17,59 Cinzento
Perde por 5 ou mais golos P5 7 22 29 26,85 Preto
Nos jogos que terminaram com derrota para a selecção de Espanha, esta nunca esteve em
vantagem no marcador por mais de um golo (v1), esta vantagem apenas se verificou, nos 3
jogos em causa, apenas numa sequência.
O resultado parcial do marcador mostra que os jogos foram equilibrados em 73,15% das
sequências registadas (79 em 108), uma vez que enquanto defendia, no método organizado
em situação de igualdade numérica 6x6, esteve empatada em desvantagem ou em vantagem
por uma diferença inferior a 5 golos (Silva, 2000). Contudo, a selecção de Espanha esteve em
desvantagem (p1, p2, p3, p4, p5) em 87,03% das sequências (94 em 108).
Das diferentes formas de recuperação de bola, na totalidade dos jogos considerados, a
selecção de Espanha recuperou a posse de bola mais vezes após sofrer golo (50) do que sem
sofrer golo (40).
A forma de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foi através das 9
intervenções do guarda-redes (dsc9, dsc6, dcb), dos 8 ressaltos defensivos (res) e das 3
intercepções (i) realizadas pela defesa. Foram recuperadas 16 posses de bola através dos erros
do adversário: 10 por perda de bola (pb), uma por violação da área de baliza (vio), duas por
passos e/ou dribles, duas por faltas atacante (fa), uma por mau passe e/ou recepção (mpr).
Foram ainda recuperadas 4 posses de bola após remate dos adversários para fora (rec).
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 254
Figura 181 - Gráfico frequências do tipo de eventos dos jogos que terminaram com derrota para a selecção de
Espanha
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções da Croácia, França e
Islândia foi detectado 1 padrão.
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Figura 182 - Dendograma representativo do padrão sequencial da recuperação de bola por golo sofrido em todos
os jogos que terminaram com derrota para a selecção de Espanha
Este dendograma apresenta, no quadro à esquerda, uma sequência composta por 6
configurações de eventos (para os objectivos do estudo só foram consideradas as cinco
primeiras configurações de eventos, porque a última aparece após o final da sequência
considerada) que descrevem uma probabilidade de como a selecção de Espanha recuperou a
posse de bola após golo sofrido (gs):
- quando o resultado do marcador registava uma desvantagem de 5 ou mais golos (p5), o
sistema defensivo utilizado foi o 6:0 (zona) e a actuação defensiva do tipo passiva (zp), com o
pivot adversário no meio da defesa (pm), o defensor directo do portador da bola realizou
deslocamento defensivo (desl) quando a bola estava na zona do central (c) e aproximou-se
(apr) do portador da bola, quando esta foi para a zona do lateral esquerdo (le); o defensor
directo do portador da bola voltou a realizar deslocamento defensivo (desl), quando a bola
voltou para a zona do central (c) e o pivot adversário se colocou entre o 2º e o 3º defensor do
lado direito (p23d).
Na visualização topográfica, no quadro à direita (ligação dos eventos em termos temporais),
verifica-se que esta sequência ocorreu por duas vezes e durante o jogo com a selecção
Francesa.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 256
Figura 183 - Representação do evento p5,zona,zp,c,pm,desl
Figura 184 - Representação do evento p5,zona,zp,le,pm,apr
Figura 185 - Representação do evento p5,zona,zp,c,p23d,desl
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Página 257
Síntese
No conjunto dos 3 jogos que terminaram com a derrota para a selecção de Espanha, esta
nunca esteve em vantagem no marcador por mais de 1 golo. A selecção de Espanha esteve em
desvantagem no marcador em 87,03% das sequências (94 em 108) observadas, nos jogos com
as selecções da Croácia, França e Islândia. Esteve em desvantagem no marcador por 5 ou mais
golos em 26,85% das sequências (29 das 108), que ocorreram em maioria durante a 2ª parte
dos jogos considerados.
A selecção de Espanha realizou mais recuperações de bola após sofrer golo (50) do que sem
sofrer golo (40). A forma de recuperação de bola sem sofrer golo com maior registo foi através
das 9 intervenções do guarda-redes, dos 8 ressaltos defensivos e das 3 intercepções realizadas
pela defesa. Foram realizadas 16 recuperações da posse de bola após erros do adversário: 10
por perda de bola, uma por violação da área de baliza, duas por passos e/ou dribles, duas por
faltas atacantes, uma por mau passe e/ou recepção e uma violação. Foram ainda realizadas 4
recuperações após remate dos adversários para fora.
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções da Croácia, França e
Islândia foi detectado 1 padrão com a recuperação de bola a ser realizada após golo sofrido e
quando o marcador registava uma desvantagem por 5 ou mais golos, em que o sistema
defensivo utilizado era o 6:0 com forma de actuação do tipo passiva, o pivot adversário no
meio da defesa e o comportamento do defensor marcador do portador da bola foi o
deslocamento defensivo, enquanto a bola estava na zona do central e quando foi para a zona
do lateral esquerdo aproximou-se do portador da bola, e realizou novamente deslocamento
defensivo quando a bola foi para a zona do central e o pivot se colocou entre o 2º e o 3º
defensor do lado direito. Para este padrão foram consideradas as 5 primeiras configurações de
eventos que se repetiram duas vezes e durante o jogo com a selecção de França.
Para o conjunto dos jogos da 1ª fase no qual a selecção de Espanha saiu derrotada, esta nunca
esteve em vantagem por mais de 1 golo. A selecção de Espanha esteve em desvantagem em
87,01% das sequências (67 em 77) observadas, nos jogos com as selecções da Croácia e França.
Esteve em desvantagem no marcador por 5 ou mais golos em 31,17% das sequências (24 em
77), que ocorreram em maioria durante a 2ª parte.
A selecção de Espanha nos jogos da 1ª fase que terminaram com derrota recuperou a posse de
bola mais vezes após sofrer golo (35) do que sem sofrer golo (30). A forma de recuperação de
bola sem sofrer golo com maior registo foi através das 5 intervenções do guarda-redes, dos 7
ressaltos defensivos e 3 das intercepções realizadas pela defesa. Foram realizadas 11
recuperações de bola após erros do adversário: 7 por perdas de bola, uma violação da área de
baliza, uma por mau passe e/ou recepção, uma por dribles ou passos e uma por falta atacante.
Foram ainda realizadas 4 recuperações de bola após remate dos adversários para fora.
Da análise sequencial dos jogos da selecção de Espanha com as selecções da Croácia e França
foram detectados 2 padrões com a recuperação de bola a ser realizada após golo sofrido,
quando o marcador registava uma desvantagem por 2 golos, em que o sistema defensivo
utilizado era o 6:0 com forma de actuação do tipo passiva e o comportamento dos defensores
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 258
marcadores do portador da bola foi o deslocamento defensivo. Estes padrões apresentaram 5
configurações de eventos que se repetiram, num padrão duas vezes e noutro 3 vezes ambos
durante o jogo com a selecção da Croácia. Nestes padrões o pivot adversário variou a sua
posição por 3 locais diferentes: o meio da defesa, entre o 2º e 3º defensor do lado direito e
entre o 2º e 3º defensor do lado esquerdo. Os dois padrões são coincidentes com os
detectados quando foi realizada a análise das sequências do jogo todo com a selecção da
Croácia (consultar Figuras 29 e 25).
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Página 259
5.6. Discussão A natureza descritiva e ideográfica deste estudo não permite chegar a respostas inferenciais à
problemática do estudo do comportamento da defesa no jogo de Andebol. A abordagem
indutiva levada a cabo neste estudo possibilita incutir a discussão dos resultados obtidos
comparando com algum do referencial teórico, apresentado nomeadamente os resultados
descritivos dos estudos revistos. Porém, devido à diversidade de estudos existentes e ao
elevado número de indicadores utilizados neste trabalho não foi possível estabelecer uma
relação directa com os resultados obtidos em estudos anteriores, no que respeita à análise
sequencial e com recurso ao software Theme.
Na realização deste estudo foram identificados e descritos 33 padrões temporais de
comportamento, recorrendo à análise das sequências defensivas da selecção de Andebol de
Espanha, nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, durante o método organizado de jogo, em
situação de igualdade numérica 6x6, considerando: a forma de recuperação da posse de bola,
o resultado do marcador parcial de jogo, o resultado final e a fase da competição. Os padrões
temporais detectados descrevem comportamentos distintos de interacção entre a defesa da
selecção de Espanha e o ataque adversário. De acordo com a teoria dos sistemas dinâmicos,
estes padrões podem ser considerados como características emergentes que são
determinadas pelos constrangimentos tácticos, estratégicos e regulamentares do jogo
(Handford, Davids, Bennett & Button, 1997).
Os padrões temporais detectados tiveram na sua maioria as 4 configurações mínimas de
eventos, que se repetiram duas a três vezes durante o jogo. Dos 33 padrões temporais
detectados, que cumpriram os requisitos, 18 deles foram identificados nos jogos em que
selecção de Espanha saiu como derrotada. Nestes jogos em que a selecção de Espanha saiu
como derrotada não foi possível observar a alternância dos sistemas defensivos sugerida por
Cuesta (2000) para uma maior variedade de acções.
Os jogos que terminaram com a derrota da selecção de Espanha e que apresentaram mais
padrões temporais foram os disputados com as selecções da Croácia (1ª fase) e da Islândia (2ª
fase). No jogo com a selecção da Croácia todos os 5 padrões detectados registavam uma
desvantagem por 2 golos. O padrão detectado quando analisados os eventos da 1ª parte do
jogo com a selecção da Croácia é igual a um dos padrões detectados quando analisados os
eventos de todo o jogo. No jogo com a selecção da Islândia todos os 6 padrões detectados
registavam uma desvantagem por 1 golo. Os 3 padrões detectados em cada uma das partes do
jogo com a selecção da Islândia são iguais aos 3 padrões detectados quando analisados os
eventos de todo o jogo.
O jogo que apresentou mais padrões temporais quando a selecção de Espanha saiu como
vencedora foi o realizado com a selecção da China (1ª fase), sendo quase todos os padrões (4
em 5) referentes à análise dos eventos de todo o jogo. Os dois padrões detectados neste jogo,
em cada uma das partes, são iguais a dois dos que foram detectados quando analisados os
eventos de todo o jogo. Na maioria destes padrões o marcador registava uma vantagem no
marcador de 5 ou mais golos. De referir ainda que neste jogo a selecção de Espanha permitiu a
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 260
recuperação da posse de bola por ressalto ofensivo sem ser antecedido de remate pela
selecção adversária.
Quando analisados os jogos no qual a selecção de Espanha saiu como vitoriosa, verificou-se
que a análise sequencial conjunta dos eventos dos jogos com as selecções da Croácia e da
Coreia, apresentou um padrão em comum, quando o marcador de jogo apresentava um
empate, o sistema defensivo era o 6:0, com o pivot adversário no meio da defesa e o defensor
directo do portador da bola realizou deslocamento defensivo quando a bola estava na zona do
central, aproximando-se do portador da bola quando bola foi para a zona do lateral esquerdo
e o pivot adversário se colocou entre o 2º e 3º defensor do lado direito.
O jogo entre a selecção de Espanha e a selecção da Croácia (3ª fase) foi o único o qual não foi
detectado qualquer padrão temporal que cumprisse os requisitos, possivelmente porque a
selecção Croata preferiu utilizar outro método de jogo, que não o organizado, para tentar
recuperar da desvantagem no marcador, implicando uma maior heterogeneidade dos
indicadores registados nas configurações de eventos, uma vez que procurava criar
instabilidade defensiva à selecção de Espanha.
Do conjunto de padrões temporais identificou-se que os sistemas defensivos mais utilizados
foram o 6:0, o 3:2:1 e o 5+1. A utilização destes sistemas defensivos é coincidente com os
estudos que os identificaram como os mais utilizados (Landuré, Petit & Bana, 1993; Klein,
1998; Czerwinski, 2000; Sousa, 2000; Sevin, & Taborsky, 2004; Santos, 2004; Pollany, 2006;
Hergeirsson, 2008; Gomes, 2008; Férez, Gutiérrez, Fernández, & Sánchez, 2008; Gutiérrez &
Férez, 2009). O sistema defensivo mais utilizado foi o 6:0, de uma forma passiva, ou seja, com
os jogadores entre a 1ª e a 2ª linhas defensivas. Este sistema foi quase sempre alterado a
partir da metade da 2ª parte dos jogos. Contrariamente ao estudo de Silva (2008) foi possível
detectar padrões sequenciais quando foram utilizados os sistemas defensivos 3:2:1 (e.g. jogo
com a selecção da China) e 5+1 (e.g. jogo com a selecção da Islândia).
Nos jogos em que a selecção de Espanha era tida como favorita à vitória, esta utilizou
inicialmente o sistema defensivo 3:2:1, excepção feita ao jogo com a selecção da Coreia (ao
utilizar o sistema defensivo 6:0) provavelmente por se tratar dos quartos de final da prova.
Apesar do sistema defensivo 3:2:1, ter sido utilizado e detectado em padrões sequenciais não
foram registadas formas de recuperação de bola através de erros do adversário, contrariando
o estudo de Ferreira, D. (2006) que concluiu que aquele sistema activaria um mau passe ou
uma falta técnica.
A mudança entre os sistemas defensivos de estrutura fechada (6:0) com os de estrutura aberta
(3:2:1, 4:2, 5+1 e 5:1) parece seguir a lógica das conclusões de Gutiérrez e Férez (2009), e
ideias de Antón Garcia (1991) de Sá e Silva (2006) e de Román (2007), no que se refere à
alteração da estratégia defensiva. Ou seja, criar situações que originem um maior número de
erros e falhas técnicas e piores condições de remate para o adversário recorrendo a sistemas
defensivos de estrutura aberta; e voltando a um sistema de estrutura fechada para garantir o
menor número de golos sofridos através de uma maior densidade na zona central ocasionando
e incitando a remates de longa distância por parte do adversário; e ainda possibilitando que os
jogadores possam recuperar fisicamente do desgaste causado pela exigência dos outros
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Página 261
sistemas mais abertos. O retorno ao sistema defensivo 6:0 é efectuado porque é o sistema
mais utilizado pela selecção de Espanha e por ser aquele que é tido como o mais eficaz em
situações de igualdade numérica, conforme constataram Gutiérrez e Férez (2009).
A selecção de Espanha quando o marcador registava uma desvantagem por 4 ou mais golos,
alterou o sistema defensivo de 6:0 para 5:1 ou 5+1 ou 3:2:1, contudo foi apenas no jogo com a
selecção da Islândia que foram detectados padrões temporais para estes 2 últimos sistemas
defensivos. A alteração dos sistemas defensivos, quando o marcador se aproximava daquela
diferença de golos no marcador, sugere que seria para evitar que esta passasse para 5 ou mais
golos, visto que em qualquer dos jogos observados a vantagem no marcador por esta
diferença assumiu-se como determinante para o desenlace final do jogo, indo de encontro às
conclusões de Silva (2008).
O comportamento da defesa parece modificar-se a partir da variabilidade verificada no
marcador de jogo, indo no sentido do que foi referenciado por Silva (2008): o resultado do
marcador promove adaptações na forma como as equipas actuam a nível táctico. Desta forma
o resultado do marcador parece actuar como um parâmetro de controlo que influencia a
organização do comportamento da defesa em resposta às alterações no marcador. A defesa
parece apresentar um comportamento tendencialmente estável antes de se manifestar uma
variabilidade (McGarry et al., 2002), que possivelmente é devida ao constrangimento imposto
pela vantagem ou desvantagem no marcador. Ou seja, o marcador de jogo parece representar
um constrangimento que força o comportamento da defesa a modificar-se (Araújo, 2006;
Kelso, 1995).
Neste estudo foi possível apurar que as principais formas de recuperação da posse bola são
coincidentes com outros estudos efectuados (Sousa, 2000; Mortágua, 2003; Santos, 2004;
Varejão, 2004; Freitas, 2007). O golo sofrido, apontado como uma das possíveis formas de
recuperar a posse de bola, foi aquele que mais se evidenciou. Das formas de recuperação de
bola destaca-se ainda as 5 recuperações da posse de bola através de ressalto ofensivo sem
remate à baliza e 2 ressaltos ofensivos após remate pela selecção da China, tendo sido
detectado um padrão temporal referente ao ressalto ofensivo sem remate à baliza.
A selecção de Espanha apresentou como sistema de defensivo base o 6:0, que teve algumas
variações na forma de actuar dos seus segundos defensores em função do adversário,
nomeadamente perante as selecções da Croácia, França e Islândia. Os comportamentos
observados demonstraram o que, empiricamente, já se conhece como comportamentos
típicos num jogo de Andebol por parte dos defensores: o deslocamento defensivo, o
aproximar, o contacto, o estar parado, o cometer falta e o bloco.
Contudo na análise de detecção de padrões temporais apenas surgem o deslocamento, o
aproximar do portador da bola e o estar parado (este último aparece associado às marcações
dos livres de 9m). O que suscita curiosidade é que o comportamento parado do defensor surge
nos padrões temporais ao invés da falta cometida e/ou do contacto, uma vez que estes
últimos habitualmente antecedem o anterior, ou seja, é necessário que exista um contacto
prévio com o atacante para que seja marcada uma falta ao defensor e posterior marcação de
um livre de 9m.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 262
Padrões temporais que cumprissem os requisitos definidos e que apresentassem outras
formas de recuperação de bola para além de após de golo sofrido (excepção para o padrão
que terminou com ressalto ofensivo para a selecção da China sem remate prévio à baliza),
como o bloco, a intercepção, o contacto, o ressalto defensivo e a defesa do guarda-redes não
foram detectados, contrariando os resultados apresentados por Silva (2008). No entanto estas
discrepâncias podem ser devidas às diferenças existentes entre a molaridade (Anguera et al,
2000) dos dados recolhidos (que faz variar a maior ou menor frequência do registo de eventos
e o elevado número de combinações entre indicadores nas configurações de eventos) e o
tratamento dos mesmos por diferentes modelos matemáticos na realização da análise
sequencial através do Theme (Magnusson, 2000) e do SDIS-GSEQ (Bakeman & Quera, 1992).
Estes podem ser factores explicativos da quase exclusiva detecção de padrões temporais que
terminam com a recuperação da posse de bola da selecção de Espanha após golo sofrido.
Nos padrões temporais detectados, tendo em consideração os aspectos ofensivos dos
adversários da selecção de Espanha, verificou-se que o pivot adversário, se situou no meio da
defesa ou entre o 2º e 3º defensor do lado esquerdo ou entre o 2º e 3º defensor do lado
direito. Por fim, não foram encontradas outras posições do pivot, empiricamente,
características do jogo como a utilização de 2 pivots por parte do ataque e as acções ofensivas
de grupo não apareceram em nenhum dos padrões. Uma das possibilidades de ausência da
detecção destes indicadores pode dever-se à heterogeneidade dos indicadores registados nas
configurações de eventos, no que se refere à localização dos pivots e dos meios tácticos de
grupo porque estes se manifestam sobre a forma de combinações de dois ou mais atacantes
em momentos particulares das sequências ofensivas, sendo parcos.
O principal objectivo da defesa no jogo de Andebol é recuperar a posse de bola de forma a
evitar o golo. Era esperado encontrar mais padrões temporais que permitissem descrever os
comportamentos da defesa da selecção de Espanha, em interacção com o comportamento dos
adversários, que antecedem a recuperação da posse de bola, no método organizado de jogo
em situação de 6x6, tendo em consideração o resultado parcial do marcador de jogo. Os
padrões encontrados referem-se, quase na sua totalidade, a recuperações da posse de bola
após golo sofrido (a excepção é o padrão detectado no jogo com a selecção da China, mas que
indica que esta última fica com posse de bola após ressalto ofensivo sem remate prévio à
baliza). Os resultados apresentados permitem retirar algumas indicações de padrões que se
estabeleceram na interacção entre a defesa de selecção de Espanha e o ataque dos seus
adversários, tendo em consideração o marcador de jogo e o tempo de jogo. Todavia, do ponto
de vista prático, os padrões apresentados são escassos em detalhe para possibilitarem uma
descrição e um entendimento adequado para jogadores e treinadores, se prepararem para
uma situação de treino ou de competição.
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Capítulo 6 Conclusões
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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Este capítulo apresentará as principais considerações do trabalho realizado de acordo com os
objectivos enunciados. Ao longo da realização deste estudo foram encontrados alguns
desafios, que implicaram adaptações ao que inicialmente se pretendia efectuar. Todas estas
modificações foram realizadas de modo a garantir o rigor metodológico e os objectivos do
estudo. Para além dos objectivos do estudo foram registados factos que se entendeu deverem
ser evidenciados.
O jogo, enquanto fenómeno, de acordo com Garganta (1997), desenvolve-se segundo um
processo interactivo (devido à relação entre os intervenientes), global (o valor das equipas
pode ser maior ou menor que a soma dos valores individuais), complexo (devido às inúmeras e
algumas imprevisíveis possibilidades de relação entre os intervenientes) e organizado (porque
a sua estrutura e funcionalidade são representadas a partir das relações de cooperação e
oposição de acordo e em função de regras, de princípios e de objectivos).
A perspectiva com que se observa e analisa as situações de jogo em desporto influencia e
condiciona as decisões inerentes ao processo de análise de jogo. Neste trabalho foi esperado
proporcionar uma perspectiva qualitativa sobre os jogos observados, através do registo de
configurações de eventos para permitir uma contextualização dos dados. Foram verificadas e
descritas regularidades de algumas sequências nos jogos observados, pela detecção de
padrões temporais através da análise sequencial recorrendo ao software Theme.
De acordo com a revisão da literatura não existe uma única teoria que consiga, neste
momento, explicar a existência de padrões temporais no comportamento e nas suas
interacções. Algumas indicações podem ser encontradas na teoria dos sistemas dinâmicos e
complexos (Kelso, 1995), uma vez que existem conceitos chave que os descrevem e também
se aproximam da definição e da detecção de padrões temporais. Os padrões temporais
poderão ser considerados como uma característica emergente na teoria dos sistemas
dinâmicos, uma vez que envolvem um conjunto de comportamentos distintos conduzidos por
regras de interacção. Os padrões temporais encontrados na interacção entre o ataque e a
defesa, numa perspectiva macroscópica, poderão ser encarados como um fenómeno auto-
organizado, sobre constrangimentos em condições particulares, emergentes da interacção das
regras (condicionamentos tácticos, estratégicos e regulamentares) dos elementos das duas
equipas.
A diferença do resultado no marcador possibilitou descrever temporalmente o equilíbrio dos
jogos: pelo tempo que uma equipa se encontrou em vantagem no marcador, pela percepção
das diferenças registadas no marcador (modificações no sistema defensivo, comportamentos
dos defensores, ataque adversário) e pela variação do resultado que se registou durante o
jogo. Tendo em consideração os princípios da teoria dos sistemas dinâmicos, o marcador de
jogo poderá ser considerado como um parâmetro de controlo (Kelso, 1995). Contudo é
necessário que sejam realizadas mais pesquisas para que esta metodologia possibilite a
identificação de parâmetros controlo. O resultado do marcador permitiu que fosse possível
observar e contextualizar os comportamentos de interacção distintos, de elevada
complexidade e de carácter antagónico, atribuindo-lhes uma lógica de leitura que facilitou a
representação e compreensão da dinâmica das sequências de jogo, através dos padrões
temporais detectados pelo software Theme.
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 266
O comportamento da selecção de Espanha, nas sequências observadas apresentou
características de um sistema auto-organizado: procurando uma ordem e uma regulação de
acordo com as interacções entre os jogadores, tendo o comportamento (dos jogadores e das
equipas) alterando-se a partir das regularidades e da variabilidade, verificadas nos sistemas
defensivos, forma de actuação, colocação do pivot e do comportamento do defensor.
Em termos teóricos é dada conta da existência: de diversas terminologias e metodologias que
tornam difícil a verificação dos resultados obtidos em estudos anteriores, e que os modelos
utilizados para a análise de jogo não contemplam a influência das acções e decisões dos
treinadores.
Devido à diversidade de estudos existentes e ao elevado número de indicadores utilizados
neste trabalho não foi possível estabelecer uma relação directa com os resultados obtidos em
estudos anteriores, no que respeita à análise sequencial. Uma vez que grande parte dos
estudos que recorreu à utilização do SDIS-QSEG, para realizar análise sequencial possibilitando
a obtenção de padrões de conduta (e.g. Silva, 2008; Prudente, 2006), contudo estes padrões
não apresentaram a interacção dos comportamentos de ambas as equipas e nem quando e
quantas vezes ocorreriam.
A análise sequencial recorrendo ao algoritmo do programa Theme, permitiu registar 33
padrões temporais, que antecederam a recuperação da posse de bola no método organizado
de jogo em situação 6x6, no comportamento da defesa da Selecção de Espanha durante o
Torneio de Andebol nos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008, possibilitando indicar as ilações a
seguir apresentadas.
Nos padrões temporais detectados nos jogos da selecção de Espanha, no método organizado
de jogo em situação de 6x6, foi possível verificar que:
- parece existir uma relação entre os comportamentos ofensivos e defensivos entre as
selecções, indo de acordo com as conclusões de Rodrigues (2005), ou seja que os
comportamentos do ataque parecem influenciar a variação do número de eventos do
comportamentos da defesa;
- quanto maior a variabilidade dos eventos menor é a detecção de padrões de acordo com os
critérios estabelecidos;
- tiveram na sua maioria as 4 configurações mínimas de eventos, que se repetiram duas a três
vezes durante o jogo;
- quase todos os padrões detectados, independentemente do resultado no marcador,
mostraram que a posse de bola foi recuperada mais vezes após golo sofrido. Este facto pode
dever-se à categoria golo sofrido ter sido a mais representativa do critério recuperação de
bola;
- os comportamentos mais frequentes, nos padrões temporais, dos defensores em função da
posição do portador da bola foram a aproximação deste último e o deslocamento defensivo;
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- o sistema defensivo mais utilizado foi o 6:0, de uma forma passiva, ou seja, com os jogadores
entre a 1ª e a 2ª linhas defensivas. Este sistema foi quase sempre alterado a partir da metade
da 2ª parte dos jogos;
- nos jogos em que a selecção de Espanha era tida como favorita à vitória utilizou inicialmente
o sistema defensivo 3:2:1, com excepção do jogo com a selecção da Coreia, provavelmente por
se tratar dos quartos de final da prova;
- a selecção de Espanha quando o marcador registava uma desvantagem por 4 ou mais golos,
alterou o sistema defensivo de 6:0 para 5:1 ou 5+1 ou 3:2:1;
- a diferença de 5 ou mais golos (vantagem ou desvantagem) no marcador definiu o desfecho
final do jogo, ou seja, a selecção de Espanha venceu os jogos quando se encontrava a vencer
por uma diferença de 5 ou mais golos e saiu derrotada quando estava com a mesma
desvantagem;
- foram detectados mais padrões quando o resultado do marcador era vantagem e
desvantagem do que com o resultado do marcador empatado;
- o pivot adversário, se encontrava no meio da defesa ou entre o 2º e 3º defensor do lado
esquerdo ou entre o 2º e 3º defensor do lado direito;
- nenhuma configuração dos eventos apresentou categorias do critério das acções ofensivas de
grupo, nem a colocação do pivot adversário nas categorias que representam a entrada de um
segundo pivot;
- outras acções de recuperação de bola, como o bloco, a intercepção, o contacto, o ressalto
defensivo e a defesa do guarda-redes não deram origem a padrões temporais que cumprissem
os requisitos definidos. Provavelmente, devido à menor frequência de ocorrência desses
eventos, ou à imprevisibilidade das acções de jogo e por conseguinte ao elevado número de
combinações entre eventos que daí resultem.
6.1. Análise de cada um dos Jogos No jogo com a selecção da Croácia em que a selecção de Espanha saiu como derrotada:
- em 85,71% das sequências observadas, a selecção de Espanha esteve em desvantagem no
marcador;
- utilizou o sistema defensivo 6:0 até à metade da 2ª parte do jogo, alterando-o para o 3:2:1 e
para o 5+1;
- a análise sequencial para todos os eventos do jogo indicou 4 padrões temporais, que
apresentaram como forma de recuperação de bola o golo sofrido, com uma desvantagem de 2
golos no marcador, utilizando o sistema defensivo 6:0, com a forma de actuação do tipo
passiva e o comportamento do defensor directo do portador da bola foi o deslocamento
defensivo, tendo o pivot adversário, na maioria das vezes entre, o 2º e o 3º defensor do lado
direito. Dois destes quatro padrões apresentaram 5 configurações de eventos que se
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
Página 268
repetiram durante o jogo por 3 vezes. O padrão que apresentou as 4 configurações mínimas
repetiu-se 5 vezes durante todo o jogo;
- a análise sequencial dos eventos de cada uma das partes do jogo, detectou 1 padrão
temporal, com as 4 configurações mínimas para a recuperação da posse de bola após golo
sofrido, que se repetiu por 4 vezes ao longo da 1ª parte, quando a selecção de Espanha estava
em desvantagem por 2 golos no marcador, com o sistema defensivo 6:0, com a forma de
actuação do tipo passiva e o comportamento do defensor directo do portador da bola foi o
deslocamento defensivo, tendo o pivot adversário situado entre o 2º e o 3º defensor do lado
direito, quando a bola circulou da zona do central para a zona do lateral direito mais próxima
do central e recuperou posse de bola após sofrer golo.
No jogo com a selecção da China em que a selecção de Espanha saiu como vencedora:
- esteve em vantagem no marcador em 98% das sequências observadas;
- utilizou o sistema defensivo 3:2:1 até a meio da 2ª parte, quando a diferença no marcador se
estabilizou numa vantagem de 5 ou mais golos, possibilitando a alteração para os sistemas 4:2,
o 5+1, o 5:1 e o 6:0;
- a análise sequencial para os eventos de todo o jogo indicou 4 padrões temporais,
apresentando todos as 4 configurações de eventos mínimas. Um destes padrões apresentou a
recuperação da posse de bola através de ressalto ofensivo para a selecção da China sem
remate prévio à baliza, enquanto os 3 restantes indicaram a recuperação da posse de bola
após de golo sofrido. Em todos estes padrões a selecção de Espanha utilizou o sistema
defensivo 3:2:1, registando o marcador, uma vantagem por 4 ou mais golos e tendo o defensor
directo do portador da bola realizado deslocamento defensivo;
- foi detectado 1 padrão temporal de recuperação da posse de bola após golo sofrido com as 4
configurações mínimas, quando analisados os eventos em cada uma das partes do jogo. Ambas
as configurações destes padrões ocorreram por duas vezes em cada uma das partes. O sistema
defensivo utilizado foi o 3:2:1, com a forma de actuação do tipo passiva, enquanto o defensor
directo do portador da bola realizou o deslocamento defensivo.
No jogo com a selecção de França em que a selecção de Espanha saiu como derrotada:
- esteve em desvantagem no marcador em 88,56% das sequências observadas no jogo;
- em quase todo jogo utilizou o sistema defensivo 6:0, independentemente do resultado do
marcador, modificando e alternando os sistemas defensivos no final da 2ª parte do jogo, entre
o 3:2:1, o 5:1 e o 5+1;
- quando analisados sequencialmente todos os eventos do jogo, não foram detectados
padrões temporais porque as configurações das sequências não cumpriram todos os requisitos
propostos para serem considerados. Esta ausência de padrões t possivelmente deveu-se à
elevada variabilidade dos eventos;
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- a análise sequencial realizada nos eventos em cada uma das partes do jogo indicou dois
padrões para a recuperação da posse de bola após golo sofrido (um para cada uma das partes),
tendo-se repetido por duas vezes, quando o marcador registava uma desvantagem de 5 ou
mais golos, o sistema defensivo utilizado era o 6:0, com a forma de actuação do tipo passiva e
o pivot adversário encontrava-se entre o 2º e 3º defensor do lado direito. O padrão da 1ª parte
apresentou as 4 configurações mínimas e o defensor directo do portador da bola realizou
deslocamento defensivo. Enquanto o padrão da 2ª parte, apresentou 5 configurações de
eventos nas quais o defensor directo do portador da bola realizou deslocamento defensivo e
aproximou-se deste último.
No jogo com a selecção do Brasil em que a selecção de Espanha saiu como vencedora:
- esteve em vantagem no marcador em 77,75% nas sequências observadas, 46,66% das quais
por 5 ou mais golos, todas na 2ª parte. Embora se tenha registado supremacia no marcador da
selecção observada, durante o método organizado de jogo em igualdade numérica 6x6, o
resultado final da partida (36-35) sugere que a selecção do Brasil conseguiu reduzir a diferença
nos golos através de outros métodos de jogo e também em situações de desigualdade
numérica.
- utilizou o sistema defensivo 3:2:1 até a meio da 1ª parte, a partir daí alterou para o sistema
defensivo 6:0 que perdurou até quase ao final do jogo;
- quando analisados sequencialmente todos os eventos do jogo e da 1ª parte não foram
detectados padrões temporais, porque as configurações das sequências não cumpriam todos
os requisitos propostos para serem consideradas. Esta ausência de padrões temporais
possivelmente deveu-se à elevada variabilidade dos eventos;
- a análise sequencial realizada nos eventos da 2ª parte do jogo, indicou a detecção de 1
padrão temporal com as 4 configurações mínimas referente à recuperação da posse de bola
após golo sofrido. Este padrão temporal ocorreu por 3 vezes, quando o resultado no marcador
registava uma vantagem por 5 ou mais golos, o sistema defensivo utilizado era o 6:0, com a
forma de actuação do tipo passiva, o pivot adversário estava situado no meio da defesa e o
defensor directo do portador da bola realizou deslocamento defensivo, quando a bola circulou
da zona do lateral esquerdo mais próxima do central para a zona do central.
No jogo com a selecção da Coreia em que a selecção de Espanha saiu como vencedora:
- esteve em vantagem no marcador em 68,29% das sequências observadas, 26,82% das quais
por 5 ou mais golos;
- utilizou o sistema defensivo 6:0 e com a forma de actuação do tipo passiva durante todo o
jogo;
- quando analisados sequencialmente todos os eventos do jogo e da 2ª parte não foram
detectados padrões temporais, porque as configurações das sequências não cumpriam todos
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
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os requisitos propostos para serem consideradas. A esta ausência de padrões temporais
possivelmente deve-se à elevada variabilidade dos eventos;
- a análise sequencial realizada para os eventos da 1ª parte do jogo, detectou 2 padrões
temporais, com 5 configurações de eventos, referentes à recuperação da posse de bola após
golo sofrido. Estas sequências ocorreram duas vezes em cada padrão, com a selecção de
Espanha a utilizar o sistema defensivo 6:0 com a forma de actuação do tipo passiva. Num dos
padrões o resultado no marcador registava uma vantagem por 1 golo e o defensor directo do
portador da bola realizou deslocamento defensivo, com o pivot adversário colocado entre o 2º
e 3º defensor do lado esquerdo quando a bola circulou da zona do lateral direito para a zona
do lateral esquerdo; e quando foi para a zona do central e o pivot adversário deslocou-se para
fora dos 9 metros, o defensor directo do portador da bola realizou bloco. No outro padrão, o
resultado do marcador registava um empate, com o pivot adversário entre o 2º e 3º defensor
do lado esquerdo, quando a bola circulou da zona do central para a zona do lateral esquerdo, o
defensor directo do portador da bola realizou deslocamento defensivo, aproximando-se deste
último quando a bola foi para a zona do lateral direito.
No jogo com a selecção da Islândia em que a selecção de Espanha saiu como derrotada:
- em 87% das sequências esteve em desvantagem no marcador, 16% das quais por 5 ou mais
golos;
- a selecção Espanha utilizou durante quase toda a 1ª parte o sistema defensivo 6:0
combinando com alterações na forma de actuação passiva e activa. O sistema defensivo 5+1
foi utilizado quando o resultado do marcador registava uma desvantagem por 4 golos durante
os primeiros 15 minutos e após esta alteração só viria a sofrer 1 golo durante o método
organizado de jogo em situação 6x6. Durante a 2ª parte do jogo a selecção de Espanha utilizou
4 sistemas defensivos diferentes: o 6:0, o 5:1, o 5+1 e o 4+2; tendo os sistemas 5:1 e o 5+1 sido
os mais utilizados;
- a análise sequencial para todos os eventos do jogo detectou 3 padrões temporais com as 4
configurações mínimas que se repetiram duas vezes, apresentando como forma de
recuperação de bola o golo sofrido, quando o marcador registava uma desvantagem por 1 golo
e a forma de actuação defensiva era do tipo passiva. Em 2 dos padrões, o sistema defensivo
utilizado era o 6:0, com o pivot adversário no meio da defesa e o comportamento do defensor
directo do portador da bola foi o deslocamento defensivo. No outro padrão encontrado o
sistema defensivo utilizado foi o 5+1;
- a análise sequencial dos eventos em cada uma das partes do jogo detectou 2 padrões
temporais com as 4 configurações mínimas que se repetiram duas vezes com referente à
recuperação da posse de bola após golo sofrido, durante a 1ª parte. Nestes padrões a selecção
de Espanha encontrava-se em desvantagem por 1 golo, utilizava o sistema defensivo 6:0, com
a forma de actuação do tipo passiva, com o pivot adversário no meio da defesa e o defensor
directo do portador da bola realizou deslocamento defensivo. Na 2ª parte o padrão temporal
detectado repetiu-se por duas vezes com as 4 configurações mínimas, quando a selecção de
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Espanha estava em desvantagem no marcador por 1 golo, com o sistema defensivo 5+1 e com
a forma de actuação do tipo passiva.
No jogo com a selecção da Croácia para o apuramento do 3º e 4º classificado em que a
selecção de Espanha saiu como vencedora:
- esteve em vantagem no marcador em 51% das sequências observadas, 19% dos quais por 5
ou mais golos;
- o sistema defensivo utilizado foi o 6:0 e a forma de actuação passiva foram mantidos durante
toda a partida;
- quando analisados sequencialmente todos os eventos do jogo e de cada uma das partes não
foram detectados padrões temporais, porque as configurações das sequências não cumpriam
todos os requisitos propostos para serem consideradas. Esta ausência de padrões temporais
possivelmente deveu-se à elevada variabilidade dos eventos.
6.2. Análise dos Jogos Agrupados Nos jogos da 1ª fase a selecção de Espanha venceu os jogos com as selecções da China e do
Brasil, tendo sido derrotada pelas selecções da Croácia e de França, assim:
- no conjunto dos 4 jogos realizados a selecção de Espanha esteve em vantagem no marcador
em 50% das sequências observadas, e em 29,31% por 5 ou mais golos;
- foi verificada a impossibilidade de se realizar a análise sequencial de padrões temporais dos
eventos de todos os jogos da 1ª fase, sendo estes agrupados em pares pela ordem cronológica:
Croácia-China e França-Brasil;
- a análise sequencial dos eventos dos jogos com as selecções da Croácia e da China detectou 4
padrões temporais sendo 2 deles quando estava em desvantagem por 2 golos (relativos aos
jogos com a selecção da Croácia) e outros dois quando se encontrava em vantagem por 5 ou
mais golos (relativos aos jogos com a selecção da China):
- dos padrões temporais referentes ao jogo com a selecção da Croácia, ambos
apresentaram sequências com 5 configurações de eventos, em que a selecção de
Espanha recuperou a posse de bola após golo sofrido e utilizou o sistema defensivo
6:0, com o defensor directo do portador da bola a realizar deslocamento defensivo,
com o pivot adversário situado entre o 2º e 3º defensor do lado direito. Estas
sequências repetiram-se por 3 vezes e num dos padrões foram apenas consideradas as
duas repetições;
- nos padrões temporais, referentes ao jogo com a selecção da China, ambos
ocorreram na 1ª parte e o sistema defensivo utilizado foi o 3:2:1, o defensor directo do
portador da bola realizou deslocamento defensivo, tendo a localização do pivot
adversário variado do meio defesa para o 2º e 3º defensor do lado direito. Um dos
padrões temporais indica como a selecção de Espanha recuperou a posse de bola após
golo sofrido, apresentando 5 configurações de eventos que se repetiram por duas
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
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vezes. O outro padrão temporal apresenta a recuperação da posse de bola pela
selecção da China após ressalto ofensivo sem remate à baliza, com as 4 configurações
mínimas e que se repetiram por duas vezes;
- a análise sequencial dos eventos dos jogos com as selecções de França e do Brasil, detectou 1
padrão temporal com as 4 configurações mínimas, que se repetiu por duas vezes. O padrão
temporal reporta ao jogo com a selecção do Brasil apresentando o golo sofrido como forma de
recuperação da posse de bola, quando o marcador registava uma vantagem de 5 ou mais
golos, o sistema defensivo utilizado era o 6:0, com a forma de actuação do tipo passiva, com o
pivot adversário situado no meio da defesa e quando o defensor directo do portador da bola
realizava deslocamento defensivo.
Nos jogos da 2ª fase a selecção de Espanha venceu o jogo com a selecção da Coreia (por 5 ou
mais golos), tendo sido derrotada pela selecção da Islândia (por 5 ou mais golos) e:
- esteve quer em vantagem e quer em desvantagem no marcador 38,89% das sequências
observadas;
- a análise sequencial dos eventos dos jogos nesta fase detectou 1 padrão temporal com as 4
configurações mínimas, que se repetiu por 3 vezes, apresentando como forma de recuperação
da bola o golo sofrido, durante o jogo com a selecção da Coreia. Este padrão temporal ocorreu
quando o marcador de jogo registava um empate, o sistema defensivo utilizado era o 6:0, com
forma de actuação do tipo passiva, o pivot adversário estava situado entre o 2º e o 3º defensor
do lado esquerdo e o defensor directo do portador da bola realizava deslocamento defensivo,
quando a bola circulou da zona do lateral esquerdo para a zona do central.
Nos jogos que terminaram com Vitória a selecção de Espanha venceu na 1ª fase as selecções
da China e do Brasil e nas fases seguintes as selecções da Coreia e da Croácia e:
- no conjunto dos 4 jogos a selecção de Espanha esteve em vantagem no marcador em 74,99%
das sequências observadas e 38,89% das quais por 5 ou mais golos;
- foi verificada a impossibilidade de se realizar a análise sequencial de padrões temporais dos
eventos de todos os jogos que terminaram com vitória para a selecção de Espanha, sendo
estes agrupados em pares pela ordem cronológica: China-Brasil e Coreia-Croácia:
- a análise sequencial dos eventos dos jogos com as selecções da China e do Brasil,
detectou 1 padrão temporal em que a forma de recuperação de bola foi após golo
sofrido. Este padrão temporal ocorreu quando o marcador registava uma vantagem
por 5 ou mais golos, em que o sistema defensivo utilizado era o 6:0 com a forma de
actuação do tipo passiva, com o pivot adversário situado no meio da defesa e o
comportamento do defensor directo do portador da bola foi o deslocamento
defensivo, enquanto a bola circulou da zona do lateral esquerdo para a zona do
central. Para este padrão temporal foram consideradas as 4 configurações mínimas
que se repetiram duas vezes e durante o jogo com a selecção do Brasil;
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- a análise sequencial dos eventos dos jogos com as selecções da Coreia e da Croácia,
detectou 1 padrão temporal em que a forma de recuperação da posse de bola foi após
golo sofrido. Este padrão temporal ocorreu quando o marcador registava um empate,
o sistema defensivo utilizado foi o 6:0 com a forma de actuação do tipo passiva, no
qual o pivot adversário se deslocou do meio da defesa para ficar situado entre o 2º e o
3º defensor do lado direito, enquanto o defensor directo do portador da bola realizou
deslocamento defensivo e aproximou-se do atacante com bola quando esta circulou
da zona do central para a zona do lateral esquerdo. Para este padrão foram
consideradas as 4 configurações mínimas que se repetiram duas vezes, uma durante o
jogo com a selecção da Coreia e outro durante o jogo com a selecção da Croácia.
Nos jogos que terminaram com Derrota a selecção de Espanha nunca esteve em vantagem no
marcador por mais de um golo nos jogos com as selecções da Croácia, França e Islândia, e:
- esteve em desvantagem no marcador em 87,03% das sequências, sendo em 26,85% por 5 ou
mais golos;
- a análise sequencial dos eventos no conjunto dos 3 jogos detectou 1 padrão temporal com a
forma de recuperação da posse de bola após golo sofrido. Este padrão temporal ocorreu
quando o marcador registava uma desvantagem por 5 ou mais golos, em que o sistema
defensivo utilizado foi o 6:0 com forma de actuação do tipo passiva, o pivot adversário no
meio da defesa e o comportamento do defensor directo do portador da bola foi o
deslocamento defensivo, enquanto a bola estava na zona do central e quando circulou para a
zona do lateral esquerdo aproximou-se do portador da bola e realizou novamente
deslocamento defensivo quando a bola foi para a zona do central e o pivot se colocou entre o
2º e 3º defensor do lado direito. Para este padrão temporal foram consideradas as 5 primeiras
configurações que se repetiram duas vezes e durante o jogo com a selecção de França;
- a análise sequencial dos eventos dos jogos da 1ª fase detectou 2 padrões em que a forma de
recuperação da posse de bola foi após golo sofrido. Este padrão ocorreu quando o marcador
registava uma desvantagem por 2 golos, em que o sistema defensivo utilizado era o 6:0 com a
forma de actuação do tipo passiva e o comportamento do defensor directo do portador da
bola foi o deslocamento defensivo. Estes padrões apresentaram 5 configurações de eventos
que se repetiram, num dos padrões temporais por duas vezes e noutro 3 vezes ambos durante
o jogo com a selecção da Croácia. Nestes padrões o pivot adversário variou a sua posição por 3
locais diferentes: no meio da defesa, entre o 2º e 3º defensor do lado direito e entre o 2º e 3º
defensor do lado esquerdo.
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Capítulo 7 Perspectivas Futuras
CAPÍTULO 7 – PERSPECTIVAS FUTURAS
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A elevada complexidade dos jogos desportivos colectivos e a quantidade de factores que pode
influenciar os processos de interacção dos seus intervenientes fazem com que se perspectivem
sugestões para estudos futuros, no sentido de favorecer o conhecimento mais profundo das
modalidades. Neste sentido apresentam-se sugestões para estudos futuros e possibilidades de
aplicação da análise de jogo:
7.1. Sugestões para Estudos Futuros Para estudos futuros considera-se que se deva:
- aprofundar o mesmo tipo de estudo para:
- verificar ou refutar os resultados apresentados;
- diferentes situações de relação numérica;
- outras selecções (na nacionalidade, no escalão e no género);
- as transições defesa-ataque e ataque-defesa;
- analisar a influência dos sistemas ofensivos e defensivos tanto no ataque como na
defesa;
- estudar a duração da actividade defensiva, em função do sistema defensivo utilizado e do
resultado parcial;
- procurar incluir nos padrões sequenciais as acções dos restantes defensores para além do
defensor directo do portador bola;
- procurar padrões temporais que permitam identificar os momentos críticos do jogo;
- definir os indicadores pelo estudo e caracterização das séries temporais de cada um dos jogadores,
para uma maior precisão no seu registo, especialmente no que se refere à localização;
- verificar as diferenças e as semelhanças entre as análises dos padrões detectados nos
mesmos jogos tendo em consideração o resultado do marcador de jogo (com diferentes
indicadores do marcador de jogo) e por outro lado também não tendo em consideração o
resultado do marcador;
- analisar a eficácia defensiva com a eficácia do ataque para extrair um padrão de rendimento;
- possibilitar o estudo da análise do jogo considerando as decisões do treinador;
- analisar momentos parciais do jogo em função do tempo;
- analisar a influência das acções sem bola dos jogadores atacantes nas sequências durante o
método organizado de jogo defensivo;
- utilizar outros modelos matemáticos de análise sequencial para verificação e comparação dos
resultados;
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Para finalizar reforça-se a necessidade de utilizar métodos mistos (e.g. como o recurso a
entrevista dos intervenientes, parâmetros fisiológicos, informação dos treinadores) de
investigação para aumentar o potencial de cada um deles, no sentido de entender e dar a
conhecer a problemática da interacção dos jogos desportivos colectivos.
7.2. Possibilidades de Aplicação da Análise de Jogo A existência de vários trabalhos no âmbito da análise de jogo apresentam alguma distância da
sua aplicação prática no terreno, quer seja em treino, competição ou mesmo para formação,
seja devido à dispersão, pela inacessibilidade da informação ou ainda pelo elevado nível de
abstracção necessário para a sua compreensão e aplicabilidade. Este encadeamento supõe a
antecipação e a necessidade de tornar significativas e aplicáveis determinadas conclusões para
momentos e acontecimentos particulares do jogo.
O contributo da investigação na análise dos processos ofensivos e defensivos do jogo de
Andebol, utilizando as novas tecnologias de informação, será fundamental para a melhoria da
qualidade dos processos de formação dos agentes desportivos, a selecção de atletas, o
desenvolvimento de métodos e meios de treino mais sofisticados, e constituir-se como um
factor de desenvolvimento da modalidade.
A formação de treinadores deve ser diversificada e o mais abrangente possível, fornecendo
variedade de conteúdo nas diversas componentes (técnica, táctica, estratégica, física,
fisiológica, psicológica...). Um dos maiores desafios da formação tem sido a implementação de
programas de formação que vão de encontro aos objectivos e integração dessas componentes
(especialmente as técnicas, tácticas e estratégicas) no treino de equipas e atletas
individualmente. Os vários níveis de certificação que contribuem para o desenvolvimento
formativo do treinador, não conseguem integrar todas as necessidades de um treinador como
é o caso do conhecimento do jogo e a sua aplicação.
O processo de ensino e formação tem de se basear cada vez mais em evidências empíricas do
que na tradição e na intuição, daí a necessidade de se procurarem meios através dos quais seja
possível a transmissão de informação para uma efectiva aprendizagem.
O envolvimento dos distintos agentes desportivos em torno do sistema desportivo, depende
das funções que lhe são inerentes e da sua disponibilidade temporal. O espectro conjectural
das exigências nomeadamente no campo qualitativo e quantitativo da formação requerem
medidas que comportem de igual forma oportunidade e disponibilidade.
O verdadeiro potencial dos mundos virtuais 3D é inquestionável e imenso, nas mais variadas
dimensões que comporta a nossa sociedade actual. Como fenómeno recente e sem
precedentes no seu desenvolvimento, as investigações, a exploração e consequências da
utilização de mundos virtuais ainda se encontra numa fase que se pode denominar de
embrionária, pese embora a existência de um corpo significativo de literatura científica já
disponível (vd. estado da arte apresentado). Poderá dizer-se que é esperado que os mundos
virtuais 3D – hoje representados paradigmaticamente pelo Second Life – representem e se
tornem uma versão tridimensional do que a Internet é hoje: uma plataforma de partilha de
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informação e interacção entre pessoas com a vantagem de ser construída e realizada em 3D e
de permitir o contacto conjunto e partilhado.
A utilização deste mundo virtual para a simulação de movimentos de Andebol em 3D, já foi
experimentada e encontra-se em desenvolvimento, paralelamente com o presente estudo. No
mundo virtual Second Life foram realizadas actividades de formação para analisar o contexto
de interacção entre os formandos e o formador (Lopes et al., 2008a; Lopes & Sequeira, 2010),
implementado o software para as movimentações a utilizar pelo formador no mundo virtual
(Lopes et al., 2009), a captura de movimentos e gestos (Motion Capture) dos jogadores de
Andebol para as animações 3D dos avatares (Lopes et al., 2010). Neste sentido apontam-se
algumas sugestões para uma melhor implementação do processo em desenvolvimento:
- realização de actividades de formação para uma melhor compreensão de como tirar partido
dos recursos e das potencialidades deste mundo virtual (comandos básicos, algumas regras de
comunicação e utilização de objectos e interacção);
- aumento do nível de abrangência e participação da amostra e das matérias nas actividades
de formação para outros níveis de formação de treinadores, para árbitros e para dirigentes;
- realização de actividades de formação em simultâneo para distintos agentes desportivos
(e.g.: com treinadores e árbitros);
- possibilidade alterar as componentes simuladas de forma dinâmica e interactiva, em resposta
ao conteúdo dos debates de conceitos entre formadores e formandos.
Uma boa forma para entender os conceitos de jogo e ajudar na preparação táctica e
estratégica de uma equipa através dos conhecimentos relativos: às suas possibilidades,
características dos adversários e da competição desportiva, poderá passar pela utilização de
simuladores que recorram a inteligência artificial num sistema de natureza complexa e
adaptativa, e que poderá ser o caminho para a melhoria do treino de rendimento, da
compreensão da aprendizagem na iniciação desportiva, devido à possibilidade da criação de
situações dinâmicas adequadas ao nível do jogador e objectivos do treinador.
Num futuro emergente, crê-se numa utilização concertada das tecnologias de observação e
análise de jogo com os mundos virtuais, no sentido da reprodução e da possibilidade de
análise passar directamente dos resultados abstractos para a representação mais objectiva e
concreta da simulação 3D. A massificação deste tipo de tecnologias poderá permitir que
futuramente seja possível que cada treinador possa utilizar a realidade aumentada e outras
tecnologias emergentes na demonstração e análise das situações de jogo e de treino.
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Referências
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I
Anexos
ANEXOS
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
II
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III
Anexo 1 - Quadro síntese de Estudos de Análise de Jogo em Andebol Tabela 29 - Quadro síntese de Estudos de Análise de Jogo em Andebol
Título Ano Autores Objectivos Processo abordado
Direcção da evolução do andebol
de alto nível na década de 70
1983 Marques, A. Analisar as qualidades físicas e os aspectos
técnico-tácticas nas principais competições
dos anos 70 e 80.
Ofensivo e Defensivo
Campeonato do Mundo 1993 1993 Landuré, Petit & Bana
Entre outros objectivos:
Identificar e classificar os perfis dos defesas e
dos sistemas defensivos
Ofensivo e Defensivo
O guarda-redes de Andebol: um
estudo exploratório das suas
características e eficiência nos
remates de 1ª linha e de ponta
1996 Oliveira, P. Descrever a estrutura de gestos técnicos do
guarda-redes português nos remates de 1ª
linha e de ponta.
Ofensivo e Defensivo
Estudo do processo ofensivo
durante o período de formação
dos jogadores de Andebol. Análise
comparativa e evolutiva das
acções de pré-finalização e
finalização nos escalões de
infantis, iniciados e juvenis
1997 Sequeira, A. Caracterizar a acção da guarda-redes de
Andebol feminino na oposição a remates de
1ª linha, através da observação e análise de
sequências de remates.
Ofensivo e Defensivo
O processo ofensivo no Andebol:
estudo comparativo entre equipas
femininas de diferentes níveis
competitivos
1998 Leitão, A. Analisar o desenvolvimento das acções
ofensivas em equipas da 1ª divisão feminina
em Portugal, compreendendo: a origem, o
desenvolvimento e a conclusão.
Ofensivo
Análise do jogo de Andebol.
Estudo comparativo do processo
ofensivo em equipas de iniciados e
juvenis femininos
1998 Conceição, L. Analisar o desenvolvimento das acções
ofensivas em equipas de iniciadas e juvenis
femininos.
Ofensivo
Caracterização da acção ofensiva
do jogador central de Andebol:
estudo descritivo em jogadores de
alto rendimento nacional
1998 Teixeira, J. Analisar e caracterizar a acção ofensiva do
Jogador Central de Andebol Masculino de Alto
Rendimento.
Ofensivo
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
IV
Analysis of Men’s European
Championship in Italy
1998 Klein Entre outros objectivos:
Identificar e classificar os perfis dos defesas e
dos sistemas defensivos
Ofensivo e Defensivo
Andebol português versus andebol
mundial: estudo comparativo da
organização ofensiva em equipas
femininas de alto rendimento
1999 Fonseca, O. Analisar e comparar a organização do
processo ofensivo no jogo de andebol sénior
feminino português com equipas de alto
rendimento mundial.
Ofensivo
Perfil de excelência do jogador
pivot de Andebol definido a partir
de indicadores somáticos, técnicos
e tácticos
1999 Santos, F. Identificar um conjunto de indicadores
somáticos e técnico-tácticos capazes de
diferenciarem os jogadores pivots nacionais
dos jogadores pivots internacionais.
Ofensivo
Organização do jogo em Andebol.
Estudo comparativo do processo
ofensivo em equipas de alto nível,
em função da relação numérica
ataque-defesa.
1999 Barbosa, J. Comparar o processo ofensivo em função da
relação numérica ataque-defesa
Ofensivo
Modelo de jogo ofensivo em
Andebol. Estudo da organização da
fase ofensiva em equipas seniores
masculinas de Alto Rendimento
Portuguesas
1999 Mortágua, L. Estudar a organização da fase ofensiva em
equipas seniores masculinas de alto
rendimento portuguesa.
Ofensivo
Relação entre indicadores de
eficácia e a classificação final de
equipas de Andebol: um estudo no
campeonato nacional da 1ª divisão
masculina
1999 Magalhães, F. Identificar um conjunto de indicadores da
performance que melhor se associam com a
classificação final das equipas.
Ofensivo e Defensivo
A importância dos indicadores do
jogo na discriminação da vitória e
derrota em andebol.
2000 Silva, J. Identificar o menor lote de indicadores do
jogo que discriminam as equipas vitoriosas das
derrotadas em Jogos Equilibrados, Jogos
Normais e Jogos Desequilibrados.
Ofensivo e Defensivo
Análise dos comportamentos
técnico tácticos dos laterais de
andebol no jogo de ataque: um
estudo com atletas de alto
rendimento
2000 Espírito Santo, J. Identificar um conjunto de indicadores técnico
ou tácticos susceptíveis de diferenciarem os
dois grupos de laterais em estudo.
Ofensivo
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V
A concretização do ataque no
Andebol português de alto nível
em superioridade numérica 6x5
2000 Prudente, J. Analisar a concretização do ataque no
Andebol português em superioridade
numérica 6x5.
Ofensivo
Modelação do processo defensivo
em andebol: um estudo em
equipas de alto rendimento
seniores masculinas.
2000 Sousa, R. Descrever a organização do processo
defensivo de equipas de Andebol de alto
rendimento seniores masculinas, tendo como
referência fundamental a dimensão táctica do
jogo.
Defensivo
Analysis of Men’s European
Championship in Croatia
2000 Czerwinski Entre outros objectivos:
Identificar e caracterizar os perfis dos defesas
e dos sistemas defensivos
Ofensivo e Defensivo
Estudo do processo ofensivo em
desigualdade numérica em
equipas de Andebol seniores
masculinas portuguesas de alto
rendimento
2001 Vilaça, P. Descrever e comparar a organização e a
prestação ofensiva em desigualdade
numérica, no jogo de Andebol, de equipas de
alto rendimento seniores masculinas
portuguesas.
Ofensivo
Estudio sobre el funcionamiento
del 5:1 en el Campeonato de
Europa de Croacia 2000 por las
equipos nacionales de España y
Francia
2001 Calvo & Herrero Identificar as causas dos erros defensivos no
sistema defensivo 5:1
Defensivo
Configuração do processo ofensivo
no jogo de Andebol pela relação
cooperação/oposição relativa à
zona da bola. Estudo em equipas
portuguesas de diferentes níveis
competitivos
2001 Moreira, I. Analisar e comparar a configuração do
processo ofensivo do jogo de andebol em
equipas masculinas portuguesas de diferentes
níveis de competição, considerando a relação
cooperação/oposição relativa à zona da bola.
Ofensivo
A importância dos meios tácticos
de grupo ofensivos na obtenção do
golo em Andebol. Um estudo com
recurso à análise sequencial
2002 Ribeiro, B
Silva, J.
Verificar existência padrão de conduta entre
as zonas de obtenção de golo e as acções de
ruptura que lhes estão na origem.
Ofensivo
Caracterização do ataque
posicional em Andebol. Análise da
Circulação de bola.
2002 Guedes, J. Analisar a circulação de bola durante o ataque
posicional.
Ofensivo
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
VI
A Influência da Prestação do
Guarda-Redes no Rendimento da
Equipa
2002 Volossovitch, A.
Barbosa, D.
Reinaldo, M.
Identificar a influência da prestação do
guarda-redes no resultado final do jogo e
analisar a correlação entre a média de eficácia
dos guarda-redes e a classificação final das
suas equipas.
Ofensivo e Defensivo
Caracterização do contra-ataque
no Andebol. Estudo em equipas
seniores masculinas portuguesas
de Alto Rendimento
2003 Cardoso, E. Caracterizar o contra-ataque das equipas
seniores masculinas de alto rendimento, do
Andebol português, participantes no
campeonato nacional da 1ª divisão.
Ofensivo
O Contra-Ataque nos
Campeonatos da Europa de 1996 a
2002
2003 Gomes, F. Caracterizar o contra-ataque das selecções
participantes dos Campeonatos da Europa de
1996 a 2002.
Ofensivo
Análise dos indicadores de sucesso
do contra-ataque em Andebol.
Estudo do Campeonato da Europa
de 2002, com recurso à análise
sequencial
2004 Prudente, J.
Garganta, J.
Anguera, T.
Determinar quais as condutas e
comportamentos que estão ligados à
utilização com êxito do contra-ataque nas
equipas classificadas nos sete primeiros
lugares no CE 2002. Identificar padrões de
conduta respeitantes a zonas e acções de
recuperação da bola, modo de início e
desenvolvimento.
Ofensivo
Caracterização do contra-ataque
durante o Campeonato da Europa
de Andebol de 2002 (CE 2002),
com recurso à análise sequencial
2004 Prudente, J.
Garganta, J.
Anguera, T.
Verificar como se processa o contra-ataque
nas equipas classificadas nos sete primeiros
lugares do CE 2002 e que condutas e
comportamentos estão ligados à utilização,
com êxito, deste método de jogo.
Ofensivo
Particularidades da organização do
contra-ataque no andebol
português de alto rendimento
2004 Jorge, P.
Volossovitch, A.
Analisar a frequência de utilização do contra-
ataque, definindo as características do seu
desenvolvimento pela selecção nacional
portuguesa sénior masculina nos CM 2001 e
2003 e nos CE 2000 e 2002.
Ofensivo
O Sucesso no Andebol. Estudo
Comparativo da Organização
Táctica de Equipas com Diferentes
níveis de Desempenho
Competitivo
2004 Rocha, S.
Lucidio; G.
Queirós ,F.
Ênio; R.,
Descrever, analisar e comparar a organização
táctica ofensiva e defensiva do jogo de
andebol de equipas com diferentes níveis de
desempenho desportivo.
Ofensivo e Defensivo
Tendências Evolutivas do Jogo de
Andebol – Estudo centrado na
análise da performance táctica de
equipas finalistas em
Campeonatos do Mundo e Jogos
Olímpicos
2004 Santos, L. Configurar as tendências do jogo de Andebol com base na análise da performance táctica ofensiva e defensiva de equipas finalistas dos Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos
Ofensivo e Defensivo
Performance diferencial no
andebol - Uma Análise do Jogo e
de Tempo e Movimento em
Equipas que disputaram o
2004 Varejão, J.
Sampaio, J.
Analisar a variação da distância e da
velocidade do primeiro passe em função da
qualidade das equipas e do desfecho final do
ataque.
Ofensivo
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VII
Campeonato Mundial 2003
Análise da Oposição do Guarda-
Redes de Andebol a Remates de
Primeira Linha. Um Estudo com
Equipas Participantes no
Campeonato 2002/2003 da Liga
Portuguesa de Andebol
2004 Veloso, M.
Silva, J.
Identificar e analisar os aspectos e os gestos
técnicos mais utilizados que influenciam o
sucesso dos Guarda-redes na defesa a
remates de primeira linha.
Defensivo
A performance diferencial em
Andebol – Estudo de caso a partir
de indicadores estatísticos
2004 Neves, P. Identificar os factores e indicadores que
condicionaram a classificação da selecção
sueca no Campeonato do Mundo 2003 e nos
campeonatos internacionais anteriores.
Ofensivo e Defensivo
Configuração do processo ofensivo
no jogo de Andebol pela relação
cooperação/oposição relativa à
zona da bola. Estudo em equipas
portuguesas de diferentes níveis
competitivos
2004 Moreira, I.
Tavares, F.
Analisar o jogo das melhores equipas
portuguesas de distintos níveis competitivos
(jovens e adultos), de forma a configurar a
organização ofensiva pela superioridade
numérica relativa destes dois grupos:
condições de finalização, métodos de jogo;
relação numérica de cooperação/oposição.
Ofensivo
O contra-ataque no Andebol
Português de Alto Rendimento.
Estudo realizado com a selecção
nacional de seniores masculinos
2004 Jorge, P. Analisar os factores de eficácia do contra-
ataque e as particularidades da sua utilização
pela selecção nacional.
Ofensivo
Desenho e validação de um
sistema de observação no Andebol
2004 Prudente, J.
Garganta, J.
Anguera, T.
Construção e validação de um sistema de
observação ad hoc para o Andebol, com base
na importância relativa atribuída a variáveis
tácticas.
Ofensivo
Analysis of 6th Men’s European
Championship
2004 Sevin & Taborsky Entre outros objectivos:
Identificar e caracterizar os sistemas
defensivos base
Ofensivo e Defensivo
Os momentos críticos nos jogos de
andebol. Um estudo nos jogos do
VI Campeonato da Europa de
Andebol de Seniores Masculinos –
2004
2005 Silva, A.
Silva, J.
Janeira, M.
Caracterizar os momentos críticos do jogo,
através da análise do conjunto de indicadores
que definem as sequências ofensivas das
equipas vitoriosas e derrotadas.
Ofensivo
Análise dos indicadores de
rendimento em jogos de Andebol –
jogos a eliminar vs jogos em grupo
2005 Rodrigues, M. Avaliar o poder discriminatório dos
indicadores estatísticos que traduzem o
rendimento das equipas.
Ofensivo e Defensivo
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
VIII
Análise do jogo de Andebol:
Sistema ofensivo e as suas
transformações – Um estudo com
equipas seniores masculinas
participantes no campeonato da
Liga Profissional de Andebol
2004/2005
2005 Ribeiro, S. Analisar a influência que a transformação do
sistema ofensivo apresenta na prestação
desportiva das equipas.
Ofensivo
A tomada de decisão no guarda-
redes de andebol
2006 Sá, A.
Gomes, A.
Fernandez, J.
Verificar se guarda-redes de andebol
experientes e não experientes observam os
mesmos indicadores na antecipação do
remate.
Defensivo
Análise da oposição da guarda-
redes de andebol feminino a
remates de 1ª linha
2006 Couto, J.
Sá, A.
Caracterizar a acção da guarda-redes de
Andebol feminino na oposição a remates de
1ª linha, através da observação e análise de
sequências de remates.
Ofensivo e Defensivo
Métodos de Jogo Ofensivo na
Transição Defesa-Ataque em
Andebol. Estudo do Contra-ataque
e do Ataque Rápido com recurso à
análise sequencial
2006 Ferreira, D. Analisar e caracterizar as sequências
ofensivas, tendo em vista a compreensão dos
mecanismos que influenciam o
desenvolvimento e o sucesso do contra-
ataque e do ataque rápido.
Ofensivo
O Processo Ofensivo em
Desigualdade Numérica no
Andebol. Um estudo com recurso à
análise sequencial
2006 Ferreira, N.
Garganta, J.
Silva, J.
Analisar do processo ofensivo nas situações de
desigualdade numérica no Andebol, em
equipas de alto nível.
Ofensivo
A construção do modelo dinâmico
para a probabilidade de marcar no
andebol
2006 Volossovitch, A.
Dumangane, M.
Verificar se a influência da eficácia ofensiva e
defensiva das equipas na probabilidade de
marcar é constante ao longo do jogo de
Andebol,
Verificar se o seu impacto depende do
carácter do jogo e da “qualidade” do
encontro, em função do ranking das equipas
em confronto do 18º Campeonato de Seniores
Masculinos de Andebol.
Ofensivo e Defensivo
Análise da performance táctico-
técnica no andebol de alto nível -
estudo das acções ofensivas com
recurso à análise sequencial
2006 Prudente, J. Determinar padrões sequenciais realizados
pelas equipas nas fases ofensiva e defensiva e
relacioná-los com o resultado final,
considerando as situações de desigualdade
numérica;
Analisar a utilização táctica dos livres de 9 m
bem como dos meios tácticos ofensivos,
considerando as situações de desigualdade
numérica;
Analisar a acção do guarda-redes, em
situações de confronto directo com o
rematador e em cooperação defensor /
guarda-redes na defesa do remate,
Ofensivo e Defensivo
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IX
relacionando as respectivas características
com o resultado final;
Analisar as diferentes interrupções das
sequências ofensivas e a sua relação com o
resultado final.
Qualitative Analysis of 2006
European Championship
2006 Pollany Entre outros objectivos:
Identificar e caracterizar os sistemas
defensivos base e as acções realizadas.
Ofensivo e Defensivo
Caracterização do contra-ataque
no Andebol – Estudo em equipas
Seniores Femininas
2006 Moutinho, S. Caracterizar o jogo de grande espaço (contra-
ataque directo, contra-ataque apoiado e
ataque rápido em equipas seniores de
andebol feminino da 1ª divisão.
Ofensivo
Análise das interrupções das
sequências ofensivas no Andebol
de alto nível. Estudo do time-out e
da falta sofrida
2007 Prudente, J.
Garganta, J.
Anguera, T.
Analisar a interrupção das sequências:
- por faltas sofridas e a respectiva influência
no resultado final, tendo em conta diferentes
relações numéricas;
- por time-out solicitado e a respectiva
influência no resultado final.
Ofensivo
Metodologia Observacional no
Andebol Análise às acções
ofensivas da selecção campeã do
mundo 2007
2007 Freitas, O. Observar e caracterizar a prestação táctica no
contra-ataque e ataque rápido da selecção da
Alemanha, no campeonato do mundo 2007.
Ofensivo
Análise da interacção guarda-
redes/defensor durante o jogo de
andebol, com recurso à análise
sequencial
2007 Prudente, J.
Garganta, J.
Anguera, M.
Verificar a sua influência na eficácia do
guarda-redes na defesa da baliza.
Defensivo
Efectividad de resultado en
situaciones de juego de
Superioridad numérica (6x5) en el
balonmano de alto nivel
2007 Prudente, J.
Marques, A.
Garganta, J.
Analisar eficácia do resultado no ataque em
superioridade numérica 6x5 no andebol de
alto nível;
Verificar se os jogadores portugueses
aproveitam a superioridade numérica;
Verificar o grau de eficácia dos jogadores
portugueses comparando-os com os jogadores
mundiais de alto nível;
Caracterizar o jogo dos jogadores portugueses
de alto nível em jogos com superioridade
numérica 6x5.
Ofensivo
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
X
Análise Da Performance Táctico-
Técnica Em Andebol De Alto Nível.
Estudo Das Sequências Ofensivas
Em Diferentes Relações Numéricas
2008 Prudente J.
Garganta, J.
Anguera, T.
Detectar padrões de comportamento relativos
à finalização das sequências ofensivas,
considerando diferentes relações numéricas.
Ofensivo
A Organização Do Jogo De Andebol
Na Escola. Estudo comparativo do
processo ofensivo em função do
formato de jogo: Andebol de 5 e
jogo formal.
2008 Mortágua, L. Analisar o jogo de andebol praticado na
Escola, centrando-nos nas acções ofensivas do
jogo de Andebol de 5 e jogo formal.
Ofensivo
Análise dos Processos Defensivos
da França em Função do Sucesso -
estudo realizado no Campeonato
da Europa Masculino de 2006
2008 Gomes, F.
Volossovitch, A.
Analisar a relação de um conjunto de
indicadores do processo defensivo, em
situação de igualdade numérica 6x6,
referentes aos jogos da selecção francesa no
Campeonato da Europa de Andebol de
Seniores Masculinos de 2006.
Defensivo
Analysis of the relation between
the mode of regaining the ball, the
area where this occurs and
whereto the 1st action with ball is
made in high level world handball
in male seniors
2008 Prudente, J. Analisar a relação entre o modo de
recuperação de bola, o local de ocorrência e
para onde foi realizado o primeiro passe no
andebol de alto nível.
Ofensivo e Defensivo
The game indicators associated
with team sucess in the last ten
minutes of balanced handball
matches
2008 Teles, N.
Volossovitch, A.
Identificar o conjunto de indicadores de jogo
relevantes que distinga as equipas vencedoras
das vencidas nos últimos dez minutos dos
jogos equilibrados.
Ofensivo e Defensivo
O time-out no Andebol: análise da
tomada de decisão do treinador na
utilização do desconto de tempo
durante a competição no
Campeonato da Europa de 2008
2008 Prudente, J.
Lopes, H.
Fernando, C.
Compreender e analisar a utilização do Time-
out durante o Campeonato da Europa 2008,
bem como as decisões dos treinadores na
solicitação desse desconto de tempo.
The defensive performance in
handball analysis of the three first
placed teams in men’s European
chanpionship 2006
2008 Gomes, F.
Volossovitch, A
Analisar e descrever o processo defensivo das
melhores equipas Europeias, classificadas nos
três primeiros lugares no Europeu de 2006.
Defensivo
The effect of past performance on
the probability to score in a
handball match
2008 Volossovitch, A.
Dumangane, M.
Rosati, N.
Verificar se a performance anterior de uma
equipa e dos seus adversários influencia a
possibilidade de marcar golo no jogo. Testar
se a influencia varia com o tempo e se altera
com a importância do jogo e qualidade da
equipa.
Ofensivo
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XI
Analysis of tactical means leading
to goal shooting in high level
handball using sequential analysis
and polar coordinates
2008 Prudente, J.
Anguera, M.
Garganta, J.
Entender os constrangimentos que induzem a
eficácia de uma equipa durante o processo
ofensivo de jogo.
Ofensivo
Association between the beginning
and conclusion of the offensive
process in elite female handball
2008 Gomes, I.
Sampaio, J.
Vaz, L.
João, P.
Maçãs, V.
Determinar a associação entre o início e a
conclusão do processo ofensivo das equipas
que participaram na fase final do campeonato
nacional feminino de 2001/2002 e nove jogos
internacionais (competições europeias e
selecção nacional).
Ofensivo
EHF Men’s Euro 2008 – Analysis,
discussion, comparison, tendencies
in modern handball
2008 Pokrajac Entre outros objectivos:
Recolher informação para traçar o perfil do
joga de andebol actual.
Ofensivo e Defensivo
Cumulative Indicators of Team
Playing Performance in Handball
(Olympic Games Tournaments
2008)
2008 Taborsky Estudar dos indicadores de jogo do Torneio de
Andebol dos Jogos Olímpicos de 2008.
Ofensivo e Defensivo
Modelação táctica do processo
ofensivo em andebol. Estudo de
situações de igualdade numérica 7
vs 7, com recurso à análise
sequencial
2008 Silva, J. Descrever e analisar as acções tácticas do jogo
que contribuem para a diferenciação entre
equipas vitoriosas e derrotadas, nas situações
de igualdade numérica 7 vs 7, em jogos de
Andebol de alto nível.
Ofensivo e Defensivo
8th Men’s European Handball
Championship in Norway
Qualitative Trend Analysis
2008 Hergeirsson Caracterizar e apresentar tendências do jogo
actual.
Ofensivo e Defensivo
Análise do ataque em sistema em
inferioridade numérica 6x7 – Um
estudo com equipas de alto nível
2009 Maia, B. Analisar e descrever as sequências e os
ataques das equipas vencedoras e vencidas e
quando o resultado se encontrava com uma
diferença de dois golos em situação de
desigualdade numérica 6x7.
Ofensivo
Análise da duração do processo
defensivo no Andebol. Estudo de
caso no Campeonato Europeu
Absoluto Masculino Suíça 2006
2009 Gomes, F.
Volossovitch, A.
Ferreira, A.
Infante, J.
Caracterizar os processos defensivos das
equipas com êxito, em situação de igualdade
numérica (6x6) e sua duração.
Defensivo
O comportamento da defesa da Selecção de Espanha no Torneio de Andebol nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008
XII
Cuantificación y valoración de la
eficácia de los sistemas defensivas
empleados en el marco situacional
de igualdad numérica en los
equipos de balonmano de alto
nivel
2009 Gutiérrez, O.
Férez, J.
Quantificar a forma de finalização das acções
ofensivas desenvolvidas em situações de
igualdade numérica em função do sistema
defensivo encontrado e valorizar o
rendimento dos sistemas defensivos.
Defensivo
A utilização em andebol da
reposição rápida depois do golo e
do ataque em sistema depois do
golo sofrido
2010 Silva, J. Descrever e analisar padrões de conduta na
fase ofensiva que permitam distinguir as
equipas vencedoras das vencidas em função
do golo sofrido e sua repercussão no
marcador.
Ofensivo
Efeitos do local do jogo, da
qualidade das equipas e dos
períodos do jogo na performance
do guarda-redes de Andebol.
2010 Casimiro, E. O objectivo do presente trabalho foi o de
investigar os efeitos do local de jogo, da
qualidade das equipas e dos períodos de jogo
na performance dos guarda-redes de andebol.
Defensivo
Efeitos do local, período do jogo e
equilíbrio das equipas na
performance do Andebol de alto
nível.
2010 Oliveira, T. Verificar a existência da vantagem casa no
Andebol, em função do equilíbrio das equipas,
identificar os períodos dos jogos onde as
equipas marcam mais golos em função do
local do jogo e identificar as estatísticas dos
jogos associadas ao sucesso das equipas em
função do local do jogo.
Ofensivo e Defensivo
Análise Dinâmica da Performance
no Andebol de Alto Nível.
2010 Teixeira, R. Identificar a variação da performance das
equipas em confronto em jogos de diferentes
ritmos e identificar o efeito da qualidade das
equipas em confronto na dinâmica da
performance no jogo.
Ofensivo e Defensivo