O coelho e o elefante

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elefante coelho e o o Por que o pequeno é o novo grande na igreja de hoje Tony & Felicity Dale George Barna

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Por que o pequeno é o novo grande na igreja de hoje. Uma megaigreja é como um elefante. É vista com facilidade e se destaca na paisagem. Para produzir outra megaigreja, é preciso muito esforço em dinheiro e força de trabalho. Uma microigreja (igreja simples, igreja orgânica, igreja nos lares) é como um coelho. Eles vivem debaixo da terra e você não consegue achá-los com facilidade, mas estão em todos os lugares. Não são ameaçadores, pelo contrário, são afetuosos e fofinhos. Têm a capacidade de se multiplicar com rapidez porque qualquer um consegue reunir algumas pessoas em uma sala ou em uma cafeteria. E são muito fáceis de se multiplicar. Uma “epidemia” de igrejas-coelhos poderia transformar uma nação.

Transcript of O coelho e o elefante

Tony e Felicity Dale fi zeram sua residência no Barts Hospital, em Londres, onde foram pionei-ros nos conceitos da igreja simples enquanto estavam na escola de medicina, e depois no East

End, em Lon-dres. Agora, vivendo nos Estados Uni-dos, estão ativamente compro-metidos na plantação de igrejas. Fundaram a revista Hou-se2House e escreveram

vários livros, incluindo Renewing the Mind (Reno-vando a mente), Simply Church (Simplesmente igreja) e o manual de plantação de igrejas nos lares, Mãos à Obra. O casal participa regular-mente de conferências como palestrantes em todo o mundo. Eles têm quatro fi lhos crescidos e vivem em Austin, Texas.

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Por que o pequeno é o novo grande na igreja de hoje

Tony & Felicity DaleGeorge Barna

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“Tony e Felicity trazem anos de liderança global e experiência no movimento da igreja simples. Eles realmente são os pioneiros desse movimento no

Ocidente e têm percepções visionárias a oferecer neste livro prático, sincero e de fácil leitura.

Somos gratos pelo ministério deles.”

Alan HirschDiretor-fundador da shapevine.com e autor de

The Forgotten Ways

Uma megaigreja é como um elefante. É vista com facilidade e se destaca na

paisagem. Para produzir outra megaigreja, é preciso muito esforço em dinheiro e

força de trabalho. Uma microigreja (igreja simples, igreja orgânica, igreja nos lares) é

como um coelho. Eles vivem debaixo da terra e você não consegue achá-los com

facilidade, mas estão em todos os lugares. Não são ameaçadores, pelo contrário, são afetuosos e fo� nhos. Têm a capacidade de se multiplicar com rapidez porque qualquer

um consegue reunir algumas pessoas em uma sala ou em uma cafeteria. E são muito

fáceis de se multiplicar.Uma “epidemia” de igrejas-coelhos

poderia transformar uma nação.

As mudanças ocorridas em meio a esse movimento são tão fundamentais e de longo alcance que a igreja neste país nunca mais será a mesma. O Senhor está modi� cando o coração da igreja, transformando-a do interior, e essa mudança pode ser tão grande quanto a Reforma. Não estamos em busca de uma mudança apenas estrutural. Buscamos o próprio Jesus. Odres novos sem vinho novo não é a resposta. Se a presença do Senhor não permear o que está acontecendo, perdemos o foco. O povo de Deus almeja uma experiência nova tendo Jesus no centro, e Jesus no centro é a igreja.

George Barna é o autor do bestseller Revolução: cansado da igreja?, assim como de quarenta outros livros, incluindo The Seven Faith Tribes (As tribos das sete fés), Revolutionary Parenting

(Paternidade revolucionária) e Cristianismo pagão?. Ele é fundador do The Barna Group, uma empresa de pesquisa e recursos em Ven-tura, Califórnia, que se concen-tra em facilitar a transformação (veja www.barna.

org). Barna foi aclamado como “a pessoa mais citada na igreja cristã hoje” e é relacionado entre seus mais infl uentes líderes. Ele vive com sua esposa e suas três fi lhas no sul da Califórnia.

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Por que o pequeno é o novo grande na igreja de hoje

Tony & Felicity DaleGeorge Barna

1ª edição

Tradução: Daniele M. Damiani Guabiraba

Curitiba2013

Tony e Felicity Dale e George BarnaO coelho e o elefante

Por que o pequeno é o novo grande na igreja de hoje

Coordenação editorial: Walter FeckinghausTradução: Daniele M. Damiani GuabirabaRevisão: Josiane Zanon MoreschiEdição: Sandro BierCapa: Sandro BierEditoração eletrônica: Josiane Zanon Moreschi

Rabbit and the Elephant, PortugueseCopyright © 2009 by Tony & Felicity DalePortuguese edition © 2013 by Editora Evangelica Esperança with permission of Tyndale House Publishers, Inc. All rights reserved.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

1. Igreja nos lares : Cristianismo 262.26

As citações bíblicas foram extraídas da Bíblia de Estudo NVI, Editora Vida (2003).

Todos os direitos reservados.É proibida a reprodução total e parcial sem permissão escrita dos editores.

Editora Evangélica EsperançaRua Aviador Vicente Wolski, 353 - CEP 82510-420 - Curitiba - PR

Fone: (41) 3022-3390 - Fax: (41) [email protected] - www.editoraesperanca.com.br

Dale, TonyO coelho e o elefante : por que o pequeno é o novo grande na igreja de hoje / Tony e

Felicity Dale, George Barna ; tradução Daniele M. Damiani Guabiraba. - - 1. ed. - - Curitiba : Editora Evangélica Esperança, 2013.

Título original: The rabbit and the elephant : why small is the new big for today’s churchBibliografiaISBN 978-85-7839-088-41. Igreja - Crescimento 2. Igreja doméstica 3. Pequenos grupos - Ensino bíblico I. Dale,

Felicity. II. Barna, George. III. Título

13-05300 CDD-262.26

Deus está mudando a igreja, partindo da “igreja como a conhecemos” para a “igreja como Deus quer”. Felicity e Tony Dale nos dão descrições emocionantes dos bastidores de como Deus está restaurando a ordem di-vina em sua casa. Talvez, a “praga espiritual de coelhos” descrita por eles aqui possa varrer nosso mundo da igreja criada pelo homem e convidar todos nós a nos juntarmos ao Rei, Jesus, enquanto ele edifica sua igreja.

Wolfgang SimsonAutor de Casas que mudam o mundo e The Starfish Manifesto

Tenho lido muitos livros a respeito do movimento da igreja nos lares, porém, este foi o mais útil de todos! Tony e Felicity Dale estão envolvi-dos no movimento da igreja nos lares, tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos há muitos anos, e trazem uma riqueza de informações e ajuda prática em todos os aspectos do ministério da igreja nos lares. O Coelho e o Elefante será o primeiro livro que recomendarei a quem está sendo levado a se envolver com a igreja simples.

Robert FittsAutor de The Church in the House: A Return to Simplicity

Tony e Felicity trazem anos de liderança global e experiência no movi-mento da igreja simples. Eles realmente são os pioneiros desse movi-mento no Ocidente e têm percepções visionárias a oferecer neste livro prático, sincero e de fácil leitura. Somos gratos pelo ministério deles.

Alan HirschDiretor-fundador da shapevine.com e autor de The Forgotten Ways

Neste novo livro de Tony e Felicity Dale, os “coelhos” são as igrejas simples, que estão se multiplicando com rapidez! Aqui você encontrará “comida de coelho” de qualidade na forma de inúmeros insights práti-cos envolvidos em histórias da vida real. Tony e Felicity Dale são vozes sábias falando sobre esse movimento emergente.

John WhiteTreinador de comunidades em LK10.com

Simples. Prático. Oportuno. O conteúdo deste livro é digno de elogio, porém, o mais importante: o livro ressalta a vida de um casal praticante e não apenas teórico, ou seja, pessoas que pensam no Reino e são hu-mildes de coração.

Curtis SergeantDiretor de estratégias globais do E3 Partners Ministry

Em uma época crucial, Deus nos enviou um presente precioso: Tony e Felicity Dale. Há poucas pessoas a quem respeito e amo com a inten-sidade como respeito e amo esses dois. É um privilégio chamá-los de amigos e colegas de trabalho. A experiência deles é uma voz profética para nós e este livro dá asas a esta voz.

Neil ColeAutor de Igreja orgânica: plantando a fé onde a vida acontece e Liderança

orgânica

Tony e Felicity Dale fazem a pergunta certa neste livro: por que a igreja está crescendo na África, Ásia e América Latina enquanto milhares de igrejas estão fechando e sua frequência é a menor de todos os tempos nos Estados Unidos e Europa? Eles fazem a pergunta e nos dão a res-posta vinda de Deus! Não deixe de ler este livro!

Floyd McClungDiretor internacional da All Nations Family

Tony e Felicity Dale descobriram o segredo para recuperar o propósito original de Deus para a igreja. A igreja de hoje é 95% tradição e 5% ver-dade. O que aconteceria se conseguíssemos inverter essas porcentagens? Eu incentivo você a ler tirar todo o proveito de O Coelho e o Elefante.

Sid RothHospedeiro do site It’s Supernatural!

Tony e Felicity Dale estão à frente de uma revolução que está se for-mando no corpo de Cristo hoje. Tal revolução é marcada pelo crescente número de cristãos que estão se reunindo fora da igreja organizada e descobrindo Cristo de novas maneiras na comunidade cristã. Este livro dará um panorama a respeito de alguns aspectos interessantes que es-tão marcando essa revolução. Entre outras coisas, você descobrirá que pode conhecer Jesus Cristo de modo profundo e pode falar dele fora das estruturas típicas do cristianismo institucional de acordo com as formas novas e mais simples da vida da igreja. Leia este livro e junte-se a uma revolução capaz de superar a Reforma!

Frank ViolaAutor de Da eternidade até aqui, Reimaginando a igreja e Cristianismo

pagão? (Coautoria com George Barna)

Para

Jon, Matt, Tim e Becky,que não tiveram escolha

a não ser participar dessa jornada conosco.

Agradecimentos

Ao longo dos anos tivemos o privilégio de compartilhar da vida de outras pessoas cujas experiências são muito mais extensas do que os temas abordados neste livro. Gastamos horas discutindo as diferentes maneiras de Deus trabalhar. Conversamos regular-mente em longas teleconferências, sentamos juntos ao redor da mesa de refeições e passamos dias ouvindo Deus. Estes tempos de “ferro afiando ferro” nos ajudaram a “afiar” os nossos pensa-mentos.

Valorizamos e apreciamos a sabedoria de pessoas como Vic-tor e Bindu Choudhrie, Neil Cole, Curtis Sergeant, Wolfgang Simson, Mike Steele e John White.

Outros amigos também abriram o caminho no qual temos tido o privilégio de caminhar: Robert Fitts, Alan Hirsch, Jim Rutz, Frank Viola.

Finalmente, nossos agradecimentos vão para aqueles que es-tavam dispostos a compartilhar suas histórias de trincheiras nas páginas deste livro.

Sumário

Introdução.......................................................................................13Capítulo 1: No princípio...................................................................17Capítulo 2: A manifestação de Deus...............................................27Capítulo 3: Uma lição de história....................................................35Capítulo 4: A história nos dias de hoje............................................41Capítulo 5: Além da reforma............................................................51Capítulo 6: Uma vida (de igreja) radical..........................................57Capítulo 7: A voz do Mestre.............................................................65Capítulo 8: Orar sem cessar.............................................................73Capítulo 9: Imagens da igreja..........................................................79Capítulo 10: Fácil de reproduzir......................................................85Capítulo 11: Marchando ao toque do Espírito...............................95Capítulo 12: A grande omissão.....................................................101Capítulo 13: Os princípios de Lucas 10.......................................113Capítulo 14: Histórias da colheita................................................125Capítulo 15: Contando histórias...................................................147Capítulo 16: Fazendo discípulos...................................................153

Capítulo 17: Liderança...................................................................159Capítulo 18: Unidade em meio à diversidade...........................169Capítulo 19: Finanças do Reino...................................................185Capítulo 20: Os desafios do momento.......................................195Capítulo 21: Evitando armadilhas..............................................203Capítulo 22: Sem edifício suntuoso, sem controle

e sem glória...............................................................213Capítulo 23: A arte da caça aos coelhos......................................219Anexos: Algumas perguntas e, talvez, algumas respostas........223Bibliografia...............................................................................237

Introdução

Estamos na região rural da índia e está calor. O calor é tão in-tenso que o suor escorre pelo nosso rosto. A elevada tempera-tura se deve aos inúmeros corpos reunidos em uma sala sem ar--condicionado para a conferência sobre plantação de igrejas. As mulheres, com exóticas flores tropicais em seus sáris coloridos, iluminam o ambiente monótono ao redor. Embora façamos di-ferentes atividades com frequência, o chão de concreto torna-se muito ríspido após algumas horas. Nós, os ilustres visitantes do Ocidente e nossos intérpretes, somos os únicos privilegiados a ter cadeiras. É hora de descansar um pouco.

“Imagine dois elefantes...”O público se agita, pois percebe que uma história está prestes

a começar.“Nesse caso, eles são macho e fêmea.”Algumas risadinhas.“E vocês os colocam naquela sala atrás de nós” (apontando

para uma pequena cozinha fora do salão principal).Mais risos. As pessoas sabem que ninguém conseguiria colo-

car um elefante naquele lugar, quem dirá dois!

O coelho e o elefante16

“Deem a eles bastante comida e água e fechem a porta. Após três anos, voltem e abram a porta. O que sairá de lá?”

As pessoas sussurram alguma coisa. Olhamos para o nosso intérprete pedindo ajuda.

“Eles estão dizendo que sairão de lá três elefantes. A mãe, o pai e o filhote.”

“Muito bom. Em três anos, a mamãe elefanta e o papai ele-fante tiveram um bebê elefante! Agora, em vez de dois elefantes, vamos imaginar o que aconteceria se colocássemos dois coelhos naquele lugar.”

O público começa a rir, pois já prevê o que está por vir.“No fim de três anos, quando abrir a porta, é melhor correr

para salvar a sua vida, porque milhões de coelhos sairão por ela.”A plateia caiu na gargalhada!Mas também entenderam qual era o “xis” da questão. Algo

grande e complexo é difícil de procriar, porém, algo menor e mais simples se multiplica com facilidade. Os elefantes levam mais tempo para chegar à maturidade e têm um período maior de gestação. Leva tempo para gerar apenas um elefante. Por outro lado, os coelhos são extremamente férteis o tempo todo. Chegam à maturidade em torno de quatro a seis meses, e seu pe-ríodo de gestação dura apenas trinta dias. Daí vem a expressão “reproduzir-se como coelhos”.

Aprendemos essa história com outras pessoas1, mas não im-porta o lugar do mundo para onde vamos, desde a primitiva zona rural da Índia até as sofisticadas cidades do Ocidente, as pessoas referem-se à analogia e a aplicam, instintivamente, à plantação de igrejas. Tornou-se uma parábola muito conhecida.

1 Tanto quanto podemos determinar, essa história teve origem com Curtis Sergeant, que tem uma vasta experiência pessoal em movimentos de plantação de igrejas de crescimento rá-pido por todo o mundo. Foi popularizado por Wolfgang Simson, um especialista em cresci-mento da igreja e pesquisador da Alemanha.

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Uma megaigreja é como um elefante. É vista com facilidade e se destaca na paisagem. Para produzir outra megaigreja, é pre-ciso muito esforço em dinheiro e força de trabalho. Uma microi-greja (igreja simples, igreja orgânica, igreja nos lares) é como um coelho. Eles vivem debaixo da terra e você não consegue achá-los com facilidade, mas estão em todos os lugares. Não são ameaça-dores, pelo contrário, são afetuosos e fofinhos. Têm a capacida-de de se multiplicar com rapidez porque qualquer um consegue reunir algumas pessoas em uma sala ou em uma cafeteria. E são muito fáceis de se multiplicar.

Uma “epidemia” de igrejas-coelhos poderia transformar uma nação.

Introdução

1

No princípio

Charles Dickens iniciou seu romance Um conto de duas cidades2 com a assustadora frase: “Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos...” Para nós, essas palavras tornaram-se uma realidade opressiva.

Chegamos aos Estados Unidos em 1987 cheios de esperança e expectativas. Viemos das selvas concretas do extremo leste de Londres para a vasta e livre região do Texas. Trocamos uma ilha fria, chuvosa e com muito vento pelos dias com temperaturas agradáveis e ensolarados do montanhoso Texas. Gostamos mui-to da comida, das pessoas e da cidade. Nossos quatro filhos es-tavam muito felizes por poderem sair quando quisessem e por terem uma piscina para compartilhar com seus novos amigos. De fato, aquele foi o melhor dos tempos.

Foi também o pior dos tempos. Deus havia nos abandonado – pelo menos, era isso que parecia. Ele nos deixou mudar para o Texas, no entanto, tão logo chegamos ao aeroporto, foi como se ele tivesse nos abandonado e tomado o próximo avião de volta para a Inglaterra, deixando-nos à mercê de nós mesmos!

2 DICKENS, Charles. Um conto de duas cidades.

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Como chegamos a essa situação?Nós nos conhecemos quando estudávamos no renoma-

do “Royal and Ancient Hospital of Saint Bartholomew” (Barts Hospital, fundado em 1123). Foi amor à primeira vista sobre o microscópio utilizado na histologia. Não foi bem assim, porém, como havia poucos cristãos na escola (somente quatro de nós en-tre 150 alunos em nossa sala), com frequência éramos colocados juntos no mesmo grupo, e uma profunda amizade se desenvol-veu. Então, logo sentimos que Deus nos conduziu ao casamento.

Naquela época, a Inglaterra já estava na era pós-cristã, sendo as-sim, todos os cristãos da escola de medicina e do hospital, desde as enfermeiras e os alunos de medicina até os fisioterapeutas e portei-ros, incluindo alguns médicos qualificados, formaram uma comu-nidade fechada. Como passávamos muito tempo juntos, estudando e trabalhando no hospital, aos poucos fomos percebendo que atuá-vamos mais como uma igreja dentro do hospital do que o fazíamos sendo membros de igrejas tradicionais que cada um frequentava aos domingos. Portanto, decidimos dar um passo improvável, cha-mando-nos de igreja. Esse foi um movimento extremamente con-troverso na época. As pessoas esperavam que a igreja fosse liderada por profissionais. No entanto, isso nos deu uma satisfação duvidosa de certa notoriedade, pois deixamos uma organização que reunia grupos de estudantes cristãos por todo o país e pregamos contra alguns dos púlpitos mais conhecidos de Londres!

Deus começou a agir. Nossos momentos juntos sempre foram exemplos gloriosos de como o Espírito Santo pode agir em um grupo de pessoas que chega até ele pedindo direção. Em pouco tempo, os alunos começaram a vir de todas as regiões do país para conferir o que estava acontecendo e utilizavam a chama espiritual sentida por eles para iniciar movimentos semelhantes quando retornavam para suas faculdades e universidades. Como resultado, mais pessoas tornaram-se cristãs e muitas se enche-ram do Espírito Santo.

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Depois da formatura, nossa igreja da escola de medicina nos enviou, junto com uma ótima enfermeira, para o extremo leste de Londres a fim de dar início a uma nova igreja. Fomos reuni-dos por um casal maravilhoso que havíamos encontrado quando nos mudamos para lá. Naquele tempo, o extremo leste de Lon-dres não era um lugar tão valorizado como é agora. Era uma área muito desprovida do ponto de vista social, com problemas devastadores para onde quer que olhássemos. Entretanto, Jesus parecia brilhar ainda mais na escuridão.

Durante o trabalho, Tony sempre ouvia histórias angustiantes que, de fato, não tinham resposta médica, e quando isso acon-tecia, ele simplesmente dizia para o paciente: “Sabe, não tenho certeza se a medicina conseguirá ajudá-lo com esse problema, mas alguma vez você já pensou em orar por isso?” De modo ge-ral, o paciente respondia: “Ah, doutor, eu oro, mas sinto como se minhas orações não passassem do teto!” Essa era a oportunidade de Tony compartilhar as Boas Novas! Centenas de seus pacientes tornaram-se cristãos e muitos milagres aconteceram exatamente naquele consultório enquanto ele orava pedindo cura ou liberta-ção. À medida que a igreja crescia, Tony conseguia encaminhar os novos cristãos para um grupo caseiro que se reunia bem na-quela rua ou, pelo menos, próximo de onde eles moravam.

Por favor, não pensem que somos especiais. O que víamos não era incomum. Na verdade, histórias assim estavam aconte-cendo por todo o país. Tendo como cenário o movimento caris-mático, a Inglaterra era um lugar empolgante para ser cristão na década de 70. As igrejas começavam de maneira espontânea nas casas das pessoas, dando origem ao que se chamava de “movi-mento da igreja nos lares”. Milhares de igrejas surgiram, dando uma expressão dinâmica do corpo de Cristo a cada cidadezinha ou vilarejo do país.

Esses foram tempos emocionantes. Havia dias que nós, literal-mente, corríamos para o prédio onde nos reuníamos porque não

No princípio

O coelho e o elefante22

podíamos esperar para entrar na presença do Senhor. Por vezes, a presença de Deus era tão real que todos nós nos víamos com o ros-to no chão, em total adoração a ele. Não ousávamos participar de uma reunião sem confessar nossos pecados, porque sabíamos que o Espírito Santo, muito provavelmente, o revelaria em público.

Por toda a nação, correntes dessas igrejas nos lares se forma-vam. Elas tinham sua própria liderança apostólica (tentativas an-teriores de reproduzir as equipes de liderança descritas em Efé-sios 4) e, algumas vezes, se reuniam durante semanas gloriosas quando ficávamos em tendas e passávamos momentos maravi-lhosos de adoração, ensinamento e comunhão.

Assim como a maioria das igrejas nos lares ao longo de todo o Reino Unido, nossa ambição era crescer o máximo possível. O conceito de megaigreja já estava começando a ser aceito e acredi-távamos que uma igreja grande seria uma indicação da aprova-ção de Deus. Nosso pequeno grupo cresceu rapidamente e, por fim, nos tornamos um dos maiores espetáculos daquela região da cidade. Como diversas outras igrejas nos lares, levamos al-gum tempo até sairmos de casa. No entanto, enquanto crescía-mos, mudanças súbitas ocorreram. Aos poucos, o sentimento da presença de Jesus foi diminuindo. Na realidade, a maioria das igrejas não convencionais não passava de versões ligeiramente maiores de todas as demais igrejas dos arredores.

Na primavera de 1987, estávamos no avião voltando da Cali-fórnia onde estivemos ministrando. Um de nós se virou para o outro: “Deus falou alguma coisa com você enquanto estávamos fora?” Quando comparamos nossas anotações, descobrimos que o Senhor havia falado para os dois, individualmente, para dei-xarmos a Inglaterra e nos mudarmos para os Estados Unidos. Em seguida ele deixou claro que o nosso destino era o Texas.

Seis meses mais tarde, no dia seguinte após a passagem do pri-meiro furacão que atingiu a Inglaterra depois de 500 anos e um dia antes da Segunda-feira Negra, quando o mercado de ações que-brou, nós, nossos quatro filhos e doze caixas do tamanho máximo

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permitido pela companhia aérea chegamos ao Texas. Não conhecí-amos ninguém. Sentimo-nos como Abraão, que obedeceu ao cha-mado para mudar-se sem saber aonde estava indo.

Durante os primeiros anos em que vivemos nos Estados Uni-dos, tentamos nos adaptar às igrejas locais. Porém, foi um fracas-so total, em grande parte devido a nossa falta de entendimento a respeito da cultura das igrejas norte-americanas.

As finanças tornaram-se um problema. Ingenuamente, en-tendemos que deveríamos trabalhar no mesmo ministério com o qual Tony estava envolvido em Londres: um ministério vol-tado aos médicos e profissionais da área da saúde. Isso também fracassou de forma impressionante. Ninguém queria empregar dois médicos não licenciados.

No entanto, o mais devastador foi o fato de Deus ter parado de falar conosco e não nos dar qualquer indicação do porquê. Passávamos tempos pedindo perdão em atitude de arrependi-mento e buscando sua face, mas os céus estavam em silêncio. Simplesmente, era como se ele não estivesse mais lá. Deus havia nos abandonado.

Isso durou nove anos muito longos e muito sombrios.Durante aqueles anos, tivemos longas conversas sobre o que

tínhamos visto na Inglaterra. No fim, chegamos à conclusão que, embora não tenhamos percebido naquele momento, provavel-mente estávamos passando por um período de renovação. Pas-sávamos horas discutindo sobre a natureza da igreja. Poderia existir algo relacionado à igreja como a percebíamos nos Estados Unidos, ou até mesmo pelo que o movimento da igreja nos lares havia se tornado na Inglaterra, que, de alguma maneira, impedia a manifestação livre do Espírito Santo? Por que experimentamos o poderoso mover de Deus nos anos anteriores e por que tudo havia cessado? Poderia a percepção do mover de Deus em poder ter algo relacionado ao fato de as igrejas serem pequenas – pe-quenas o suficiente para ter comunhão profunda?

No princípio

O coelho e o elefante24Tony e Felicity Dale fi zeram sua residência no Barts Hospital, em Londres, onde foram pionei-ros nos conceitos da igreja simples enquanto estavam na escola de medicina, e depois no East

End, em Lon-dres. Agora, vivendo nos Estados Uni-dos, estão ativamente compro-metidos na plantação de igrejas. Fundaram a revista Hou-se2House e escreveram

vários livros, incluindo Renewing the Mind (Reno-vando a mente), Simply Church (Simplesmente igreja) e o manual de plantação de igrejas nos lares, Mãos à Obra. O casal participa regular-mente de conferências como palestrantes em todo o mundo. Eles têm quatro fi lhos crescidos e vivem em Austin, Texas.

o co

elho

e o elefan

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Por que o pequeno é o novo grande na igreja de hoje

Tony & Felicity DaleGeorge Barna

Ton

y & Felicity D

ale / Geo

rge B

arna

“Tony e Felicity trazem anos de liderança global e experiência no movimento da igreja simples. Eles realmente são os pioneiros desse movimento no

Ocidente e têm percepções visionárias a oferecer neste livro prático, sincero e de fácil leitura.

Somos gratos pelo ministério deles.”

Alan HirschDiretor-fundador da shapevine.com e autor de

The Forgotten Ways

Uma megaigreja é como um elefante. É vista com facilidade e se destaca na

paisagem. Para produzir outra megaigreja, é preciso muito esforço em dinheiro e

força de trabalho. Uma microigreja (igreja simples, igreja orgânica, igreja nos lares) é

como um coelho. Eles vivem debaixo da terra e você não consegue achá-los com

facilidade, mas estão em todos os lugares. Não são ameaçadores, pelo contrário, são afetuosos e fo� nhos. Têm a capacidade de se multiplicar com rapidez porque qualquer

um consegue reunir algumas pessoas em uma sala ou em uma cafeteria. E são muito

fáceis de se multiplicar.Uma “epidemia” de igrejas-coelhos

poderia transformar uma nação.

As mudanças ocorridas em meio a esse movimento são tão fundamentais e de longo alcance que a igreja neste país nunca mais será a mesma. O Senhor está modi� cando o coração da igreja, transformando-a do interior, e essa mudança pode ser tão grande quanto a Reforma. Não estamos em busca de uma mudança apenas estrutural. Buscamos o próprio Jesus. Odres novos sem vinho novo não é a resposta. Se a presença do Senhor não permear o que está acontecendo, perdemos o foco. O povo de Deus almeja uma experiência nova tendo Jesus no centro, e Jesus no centro é a igreja.

George Barna é o autor do bestseller Revolução: cansado da igreja?, assim como de quarenta outros livros, incluindo The Seven Faith Tribes (As tribos das sete fés), Revolutionary Parenting

(Paternidade revolucionária) e Cristianismo pagão?. Ele é fundador do The Barna Group, uma empresa de pesquisa e recursos em Ven-tura, Califórnia, que se concen-tra em facilitar a transformação (veja www.barna.

org). Barna foi aclamado como “a pessoa mais citada na igreja cristã hoje” e é relacionado entre seus mais infl uentes líderes. Ele vive com sua esposa e suas três fi lhas no sul da Califórnia.