O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude A N G O L A · 2018-10-22 · com rectidão....

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jornal Ano 5 - Nº 50 Maio 2014 Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá Directora-adjunta: Maria Odete Pinheiro O Céu é o Limite MINISTÉRIO DA SAÚDE GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA Hiperactivos aude a saúde nas suas mãos A N G O L A da Devido à heterogeneidade de crianças com comporta- mentos hiperactivos, conside- ra-se que a melhor das tera- pias é a multidisciplinar. Há consenso relativamente à efi- cácia do tratamento farmaco- lógico e terapia de comporta- mento. Sobreviva a um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Tem de agir rápi- do. Para isso, deve conhecer os sintomas. Perceber o que se está a passar. |32 AVC Sobreviva! Conheça os sintomas Gestão de Operações e Logística é o próximo módulo do programa de especialização em gestão da saúde que se realiza de 28 de Julho a 1 de Agosto, em Luanda. Gestão da cadeia de abastecimen- to, dos pacientes, dos materiais, dos stocks, negociação com fornecedores. Formadores doutorados |2 Logística nas unidades de saúde Conheça a história do Nilson. Um jovem saído de um bairro popular dos subúrbios de uma cidade de província que começa a treinar futebol e, em menos de três anos, consagra-se como o segundo melhor marcador no campeonato nacional de juvenis. Para tanto, não será alheio o projecto "Futebol e Cidadania", com palestras cons- tantes sobre valores de moralidade e comportamento de um verdadei- ro cidadão |24 Desporto, saúde e cidadania O novo campeão do Petro Atlético do Huambo Como em outros tipos de cancro, a detecção e tratamento precoce do cancro da próstata aumentam as perspectivas de cura. Este é um tipo de cancro que evolui lentamente. Mais de 90% dos casos são detectados através do PSA e do DRE |18 a 22 Cancro da Próstata Diagnóstico precoce e conduta terapêutica actual Saiba como na época do conflito armado, face às dificuldades na disponibilidade de medicamentos e de curativos, um médico e sua equipe de enfermagem tratavam pacientes queimados com aloé e mel. "Os resultados obtidos não representam uma pretensão de inovação na terapêutica existente para as queimaduras. O nosso objectivo é somente dar relevância às possibilidades que existem em qualquer lugar de resolver um dos problemas de saúde de maior urgência e prioridade numa popu- lação com recursos mínimos", diz- nos, com a humildade característi- ca dos grandes, o médico Florenti- no Cue |14 a 16 Casos Reais Tratar pacientes queimados no tempo da guerra O Inspector-geral da saúde, Miguel de Oliveira, enfrenta, com determinação, esta grande ameaça à saúde pública. Reuniu a comunicação social, esclareceu que os medica- mentos vendidos no mercado informal fogem ao controlo dos órgãos de fiscalização, pelo que a sua qualidade não é comprovada e podem ser prejudiciais à saúde. Na ocasião, a inspectora Júlia Simão conduziu uma palestra onde explicou em detalhe o que são medicamentos falsificados, impróprios e ensinou a reconhecê-los. Saiba tudo. | 4 e 6 Um destes comprimidos é falsificado Sabe qual é? Inspecção Geral da Saúde ensina a reconhecer os "assassinos silenciosos" Os medicamentos contrafeitos são produzidos de forma errada, são falsificações criadas apenas com o objectivo de fazer lucro fácil e podem ser danosos para a saúde"

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jornalAno 5 - Nº 50 Maio2014Mensal Gratuito

Director Editorial: Rui Moreira de Sá Directora-adjunta: Maria Odete Pinheiro

O Céu é o Limite

MINISTÉRIO DA SAÚDE

GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA

Hiperactivos

audea saúde nas suas mãos

A N G O L A

da

Devido à heterogeneidadede crianças com comporta-mentos hiperactivos, conside-ra-se que a melhor das tera-pias é a multidisciplinar. Háconsenso relativamente à efi-cácia do tratamento farmaco-lógico e terapia de comporta-mento.

Sobreviva a um Acidente Vascular

Cerebral (AVC). Tem de agir rápi-

do. Para isso, deve conhecer os

sintomas. Perceber o que se está

a passar. |32

AVC

Sobreviva!Conheça os sintomas

Gestão de Operações e Logística

é o próximo módulo do programa

de especialização em gestão da

saúde que se realiza de 28 de

Julho a 1 de Agosto, em Luanda.

Gestão da cadeia de abastecimen-

to, dos pacientes, dos materiais,

dos stocks, negociação com

fornecedores. Formadores

doutorados |2

Logística nas unidades de saúde

Conheça a história do Nilson. Um

jovem saído de um bairro popular

dos subúrbios de uma cidade

de província que começa a treinar

futebol e, em menos de três anos,

consagra-se como o segundo

melhor marcador no campeonato

nacional de juvenis. Para tanto,

não será alheio o projecto "Futebol

e Cidadania", com palestras cons-

tantes sobre valores de moralidade

e comportamento de um verdadei-

ro cidadão |24

Desporto, saúde e cidadania

O novo campeãodo Petro Atléticodo Huambo

Como em outros tipos de cancro, a

detecção e tratamento precoce do

cancro da próstata aumentam

as perspectivas de cura. Este

é um tipo de cancro que evolui

lentamente. Mais de 90%

dos casos são detectados

através do PSA e do DRE |18 a 22

Cancro da Próstata

Diagnóstico precoce e conduta terapêutica actual

Saiba como na época do conflito

armado, face às dificuldades na

disponibilidade de medicamentos

e de curativos, um médico e sua

equipe de enfermagem tratavam

pacientes queimados com aloé e

mel. "Os resultados obtidos não

representam uma pretensão de

inovação na terapêutica existente

para as queimaduras. O nosso

objectivo é somente dar relevância

às possibilidades que existem em

qualquer lugar de resolver um dos

problemas de saúde de maior

urgência e prioridade numa popu-

lação com recursos mínimos", diz-

nos, com a humildade característi-

ca dos grandes, o médico Florenti-

no Cue |14 a 16

Casos Reais

Tratar pacientesqueimados notempo da guerra

O Inspector-geral da saúde, Miguel de Oliveira, enfrenta,

com determinação, esta grande ameaça à saúde pública.

Reuniu a comunicação social, esclareceu que os medica-

mentos vendidos no mercado informal fogem ao controlo

dos órgãos de fiscalização, pelo que a sua qualidade não é

comprovada e podem ser prejudiciais à saúde. Na ocasião,

a inspectora Júlia Simão conduziu uma palestra onde

explicou em detalhe o que são medicamentos falsificados,

impróprios e ensinou a reconhecê-los. Saiba tudo. | 4 e 6

Um destes comprimidos é falsificado

Sabe qual é?Inspecção Geral da Saúde ensina a reconhecer os "assassinos silenciosos"

Os medicamentoscontrafeitos

são produzidos deforma

errada, sãofalsificações

criadas apenas com oobjectivo

de fazer lucro fácil epodem ser danosos

para a saúde"

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Conselho editorial: Prof. Dr. Miguel Bettencourt Mateus, decano daFaculdade de Medicina a UAN (coordenador), Dra. Adelaide Car-valho, Prof. Dra. Arlete Borges, Dr. Carlos (Kaka) Alberto, Enf. Lic. Con-ceição Martins, Dra. Filomena Wilson, Dra. Helga Freitas, Dra. Isa-bel Massocolo, Dra. Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dúnem, Dra. Jo-seth de Sousa, Prof. Dr. Josinando Teófilo, Prof. Dra. Maria Manuelade Jesus Mendes, Dr. Miguel Gaspar, Dr. Paulo Campos.Director Editorial: Rui Moreira de Sá [email protected]; Directora-adjunta: Maria Odete Manso Pinheiro [email protected];

Redacção: Francisco Cosme dos Santos; Luís Óscar; Madalena Mo-reira de Sá; Mara Mota.Correspondentes provinciais: Elsa Inakulo(Huambo); Diniz Simão (Cuanza Norte); Casimiro José (Cuanza Sul);Victor Mayala (Zaire) Publicidade:Maria Odete Pinheiro Tel.:935 432 415 [email protected] Revisão: Sa-ra Veiga; Fotografia: António Paulo Manuel (Paulo dos Anjos). Editor:Marketing For You, Lda - Rua Dr. Alves da Cunha, nº 3, 1º andar - In-gombota, Luanda, Angola, Tel.: +(244) 935 432 415 / 914 780 462,[email protected]. Conservatória Registo Comercial deLuanda nº 872-10/100505, NIF 5417089028, Registo no Ministério

da Comunicação Social nº 141/A/2011, Folha nº 143.Delegação em Portugal: Beloura Office Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693Sintra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247 670 Fax: + (351) 219 247 679E-mail: [email protected] Geral: Eduardo Luís Morais Salvação BarretoPeriodicidade: mensal Design e maquetagem:Fernando Almeida; Impressão e acabamento:Damer Gráficas, SATransportes: Francisco Carlos de Andrade (Loy) Distribuição e assinaturas: AfricanaTiragem: 20 000 exemplares. Audiência estimada: 100 mil leitores.

FICHA TÉCNICA

Parceria:

O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças

ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente

responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos

e o desenvolvimento sustentável do país.

QUADRO DE HONRAEmpresas Socialmente Responsáveis

www.jornaldasaude.org

2 AcTUALIdAdE Maio 2014 JSa

A lealdadeA Fundação Lwini lançou o Programa de Inter-venção Social “Educar é a Nossa Missão” – ao qualo Jornal da Saúde se associou. O programa promove campanhas de sensibiliza-ção para a mudança de comportamento e de boaspráticas no seio das famílias e da sociedade. As pa-lestras têm um tema mensal para debate. Convi-damos os leitores do JS a desmultiplicarem esteesforço junto às suas unidades de saúde, empre-sas e instituições, promovendo um encontro de

divulgação e debate sobre cada tema.

O tema central de Junho é a lealdade.Lealdadequer dizer sincero e honrado. É actuarcom rectidão. É a qualidade de ser verdadeiro: nãomentir; não fraudar; não enganar. É uma honra,uma qualidade das pessoas. Ser leal é estar ao ladode alguém, defendendo-o e apoiando-o.Temas colaterais para Junho: compromisso, since-ridade, administração.

Workshop

Qualidade dos medicamentosNos dias 3 a 5 de Junho realiza-se no Insti-tuto Nacional de Saúde Pública o Works-hop Nacional sobre Garantia de Qualidadedos Produtos Farmacêuticos. Na ocasiãoserá consensualizada a lista nacional de me-dicamentos essenciais de Angola.

O QUE PROMETEMOS

AO LEITORA saúde é um estado de completo bem-estar físico,mental e social, e não simplesmente a ausência dedoença ou enfermidade. Trata-se de um direito hu-mano fundamental. A conquista de um elevado ní-vel de saúde é a mais importante meta social.A promoção da saúde pressupõe o desenvolvimen-to pessoal e social, através da melhoria da informa-ção, educação e reforço das competências que ha-bilitem para uma vida saudável. Deste modo, o lei-tor fica mais habilitado a controlar a sua saúde, o am-biente, e fazer opções conducentes à sua saúde. Prometemos contribuir para: – Melhorar e prolongar a vida do leitor, através daeducação, informação e prevenção da saúde; – Contribuir para se atingirem os objectivos e metasda política nacional de saúde e os Objectivos do Mi-lénio, através da obtenção de ganhos em saúde nasdiferentes fases do ciclo de vida, reduzindo o pesoda doença;– Constituir um referencial de formação e um repo-sitório de informação essencial para os profissionaisde saúde.Queremos estreitar a relação consigo, incentivandoa sua participação em várias secções do Jornal daSaúde. Envie-nos os seus textos, comentários e su-gestões.

E-mail [email protected] 932 302 822 / 914 780 462www.jornaldasaude.org www.ordemmedicosangola.org

Os estudos indicam que a produção e distribuiçãode medicamentos falsificados é, aproximadamen-te, 15 vezes mais rentável que o tráfico de cocaína.É um crime organizado e poderoso. Sendo o riscode detecção relativamente baixo, quando compa-rado com os potenciais ganhos económicos, é umnegócio mais do que apetecível e que tende a cres-cer em todo o mundo.Sabemos que a saúde dos pacientes tem sofridoem consequência da toma de medicamentos fal-sos, ou impróprios para consumo. Muitos morrem. Quando se fala em medicamentos falsificados re-ferimo-nos a uma panóplia de parâmetros que po-dem apresentar-se de forma distinta do medica-mento original. E a ameaça aumenta com a simila-ridade que existe entre o medicamento original eas cópias que são encontradas no mercado.De acordo com a OMS, os medicamentos falsifi-cados representam um pouco menos de 1% do va-lor de mercado em países desenvolvidos, onde hámecanismos de controlo mais eficientes, mas maisde 50% em sites anónimos na Internet. Os paísesem desenvolvimento têm áreas em que mais de30% dos medicamentos à venda são contrafeitos.Para além da fiscalização (a operação “Jibóia” ins-peccionou recentemente, em Angola, 295 institui-ções, entre farmácias, unidades hospitalares e pon-tos fronteiriços, apreendeu 86 toneladas de medi-camentos impróprios e deteve 55 falsos farma-cêuticos), o combate à contrafacção de medica-mentos exige consumidores informados e capazesde reconhecer os produtos ilegais. Damos destaque nesta edição à iniciativa da Ins-pecção Geral da Saúde que, este mês, reuniu a co-municação social para uma palestra sobre o as-sunto. Uma actividade de louvar. A repetir.

Rui MoReiRa de SáDirector [email protected]

Medicamentos falsificados

Ameaça à saúde pública

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A vacina Rotavírus, destinada a reduzir amorbilidade e a mortalidade por doençasdiarreicas agudas em crianças menores decinco anos de idade, foi lançada no último diade Abril, no Huambo, pelo ministro Saúde,José Van-Dúnem, e pela coligação de parcei-ros do governo angolano para a vacinação in-fantil.

O Ministro da saúde destacou, na ocasião, que avacina contra o rotavírus terá benefícios para a so-brevivência infantil, esperando-se uma redução donúmero de óbitos superior a 10,5 mil por ano, as-sim como uma redução anual do número de casosde diarreia em cerca de 147 mil, além da poupançanos custos de tratamento de casos calculada em 8,8milhões de dólares anualmente.

Em Angola, a taxa de mortalidade em menoresde cinco anos é estimada em 164 por cada mil nadosvivos. Destes, cerca de 17,2 mil a 21,3 mil óbitos

anuais são atribuídos à infecção por esta doença.José Van-Dúnem considerou que esta iniciativa

constitui «um ganho considerável e também umtestemunho do compromisso político do governocontra as doenças imuno-preveníveis, em cada umadas 18 províncias», reforçado com o facto de o Mi-nistério da Saúde ter introduzido, em 2013, a vaci-na Pneumo-13 no seu Programa Nacional de Vaci-nação.

Ao discursar em nome da Aliança GAVI e dosparceiros, o chefe da equipa de vacinação da OMSem Angola, Jean-Marie Kipela, felicitou a decisão dogoverno de Angola de introduzir a vacina contra orotavírus no programa nacional de vacinação e real-çou os seus benefícios na redução das mortes pordiarreia grave.

Com estas acções, os parceiros da Aliança GA-VI estão a contribuir substancialmente para o al-cance do Objectivo 4 do Desenvolvimento do Mi-lénio (MDG 4), o qual consiste na redução da mor-bilidade e da mortalidade infantil e também para oalcance do Objectivo 5 de Desenvolvimento do Mi-lénio (MDG 5), sobre a melhoria da saúde materna.

A Aliança GAVI é uma parceria público-privadaque presta apoio à vacinação infantil, integrando paí-ses em desenvolvimento, governos doadores, a Or-ganização Mundial da Saúde, a UNICEF, o BancoMundial, a indústria de vacinas, agências técnicas, asociedade civil, a Fundação Bill & Melinda Gates eoutros parceiros do sector privado.

AcTUALIdAdE 3Maio 2014 JSa

Vacina rotavírus vai salvar a vida a mais de 10,5 mil crianças por ano

FOTO DE FAMÍLIA Os profissionais de saú-de que terminaram este mês, com sucesso, omódulo de “Recursos humanos e mudança nasaúde” que integra a 2ª edição do Programa deEspecialização em Gestão da Saúde, acompa-nhados pelas professoras e responsável execu-tiva. Da esquerda para a direita: Armando Dala;Maria Fernanda João; Márcia da Costa; João Ma-teus Donga; Malungo Muanza; Maria Fernanda

da Conceição; Alzira Duarte (professora);Fran-cisco Narciso; Amaral Justino Domingos; Rodri-na Júnior António; Generosa do Nascimento(professora); Mateus Lopes; Mário Martins; Te-resa Bessa; Lwena Correia; Maria do Céu Simba;Luzaiadio José; Mbiavanga AlvesO próximo módulo sobre Operações e logísti-ca na saúde decorre de 28 de Julho a 1 de Agos-to, em Luanda.

Cardiopatia reumática, síndrome coronária aguda, diagnóstico por ima-gem em cardiologia, tratamento percutâneo da estenose aórtica e tra-tamento percutâneo da estenose aórtica, são alguns dos temas a se-rem debatidos no II Simpósio de Cardiologia e Cirurgia Cardíaca, pro-movido pelo Hospital Josina Machel, em parceria com a Interconti-nental Trading Company e o patrocínio do Ministério da Saúde, nosdias 30 e 31 de Maio no hotel Epic Sana, em Luanda. De acordo comaorganização, o objectivo é o de "dar continuidade à educação médi-ca e proporcionar a troca de experiência entre todos os profissio-nais que estão a actuar nesta área da medicina no país”. Recorde-seque cerca de 60% das mortes que ocorrem hoje no mundo são cau-sadas por doenças crónicas não transmissíveis, como a obesidade, diabetes, hipertensão e doençascardiovasculares. Desses óbitos, cerca de 80% ocorrem em países em desenvolvimento.

Novos gestores de recursos humanos na saúde

Cerca de 30 militares da Direção dos Serviços deSaúde das Forças Armadas terminaram, este mês, ocurso de Administração de Hospitais Militares, queteve como objectivo actualizar os conhecimentosdos gestores e contribuir para a implementação demelhorias na gestão e liderança dos hospitais emAngola.

O curso, que se realizou nas instalações da Clí-nica do Exército, foi organizado pelo Instituto de Hi-giene e Medicina Tropical (IHMT) da UniversidadeNova de Lisboa em parceria com a Direcção dosServiços de Saúde das Forças Armadas.

«O IHMT mantém uma relação estratégica comos Serviços de Saúde das Forças Armadas angola-nas que se reflecte na presença do seu director, ogeneral médico Aires Africano, no Conselho donosso Instituto», referiu o Director do IHMT, Pau-lo Ferrinho. Acrescentou que a colaboração entreas duas instituições se traduz «em inúmeras inscri-ções de militares desse Serviço nos programas deespecialização, de Mestrado e Doutoramento doIHMT».

O curso de Administração de Hospitais Milita-

res que agora terminou foi coordenado pelo coro-nel Hilário Rolo, por parte das Forças Armadas an-golanas, e por Carlos Andrade, pelo IHMT. O tér-mino deste curso coincidiu com o início de um ou-tro, na área da Clínica Tropical, frequentado por 24médicos e que visa proporcionar formação e trei-no em ambiente hospitalar, bem como desenvolverredes interactivas de clínicos com competências vá-rias: microbiologia, parasitologia, clínica médica, in-fecciologia, medicina das viagens, saúde pública e epi-demiologia. O curso de Clínica Tropical é coorde-nado, em Luanda, pelo coronel Humberto Moraise, em Lisboa, por Jorge Seixas e Kamal Mansinho, doIHMT, e terá a duração de quatro meses.

Recorde-se também, conforme informamosoportunamente, que um conjunto de médicos dohospital militar, entre os quais Filomena Neto, RosaCunha, Humberto Morais e Fernando Vasconcelos,frequentou igualmente, no ano lectivo de 2013/14,o Programa de Especialização em Gestão da Saúde,constituído por sete módulos, e ministrado emLuanda por uma das melhores escolas de gestãoportuguesa – o Indeg/Iscte.

Militares melhoram a gestão e liderança dos hospitais

II Simpósio de Cardiologia e CirurgiaCardíaca é já este mês

A directora do Instituto Nacional de Lutacontra as Drogas, Ana Graça, considerou otabagismo um problema de saúde públicaque deve merecer a atenção de todos parao seu combate.Em declarações à imprensa à margem do works-hop para apresentação e discussão da proposta so-bre o "plano estratégico do controlo do tabaco emAngola", que se realizou a 29 de Maio, em Luanda,Ana Graça referiu que o país ainda não possui es-tatísticas referentes ao número de fumadores, masque está a ser feito um trabalho para se saber o qua-dro actual desta problemática.

Acrescentou que o tabaco, além de fazer mal asaúde, traz consequências ambientais, por isso de-ve-se trabalhar para se evitar que aumente o nú-mero de fumadores no país, sejam activos ou passi-vos.

Disse que a falta de espaços apropriados para fu-madores também tem sido uma das preocupaçõesda instituição, mas que estão a ser trabalhar para asua resolução.

O encontro teve como objectivo reunir todasas unidades ligadas a matéria para discutir a pro-posta de plano estratégico para o controlo do ta-baco em Angola.

Situação actual

O tabagismo é considerado pela OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) a principal causa de mor-te evitável em todo o mundo. A OMS estima queum terço da população mundial adulta, isto é, 1 bi-lião e 200 milhões de pessoas, sejam fumadores.

Por ano morrem 4,9 milhões de pessoas devidoao tabaco, o que corresponde a mais de 10 mil mor-tes por dia. Em Angola, o cigarro ordinário que qual-

quer popular pode comprar e consumir custa 5kwanzas, preço muito inferior a 1 kg de açúcar ou 1litro de leite.

Em Luanda os fumadores surgiram em 1876após a abertura da primeira grande unidade fabrilde tabaco. Naquela época, esta indústria era sus-tentada por matéria-prima (folhas do tabaco) plan-tada principalmente nas províncias de Cuanza Nor-te e Malanje.

Problema de saúde pública

Consumo de tabaco vai ser controladoOs cigarros matam mais de 10 mil pessoas por dia em todo o mundo

Um dos grupos de trabalho que, durante oworkshop, analisou e debateu o plano estraté-gico do controlo do tabaco em Angola

A médica daDirecção Na-cional de Saú-de Pública, Fi-lomena Wil-son, apresen-tou o resumodo plano estra-tégico

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4 medicamentos Maio 2014 JSA

O combate à contrafacçãode medicamentos exigeconsumidores informadose capazes de reconhecer osprodutos falsificados, entreos quais se encontram amaioria dos que são impró-prios para consumo e pre-judiciais à saúde.

Por iniciativa da Inspec-ção Geral da Saúde, a ins-pectora farmacêutica JúliaSimão conduziu uma pa-lestra onde apresentou al-gumas definições relativasaos medicamentos, seus ti-pos e características. As-pecto importante é tam-bém a distinção entre osmedicamentos de referên-cia – produtos inovadores,cuja eficácia foi comprova-da cientificamente – e osmedicamentos genéricos,que partilham a mesmasubstância activa que osmedicamentos de referên-cia, mas que só podem serproduzidos quando a pa-tente do medicamento dereferência expire. São me-dicamentos totalmente in-tercambiáveis em relaçãoao de referência.

Júlia Simão salientou aimportância do número deregisto que só é conferidoaos (medicamentos apósestes passarem por testesde controlo de qualidade.Estes números de registosão atribuídos a cada medi-camento de forma específi-ca e qualquer outro labora-tório que apresente medi-camentos com o mesmonúmero de registo estará aincorrer em falsificação,como explicou a farmacêu-tica. Refira-se que quematribui os números de re-gisto é a entidade regulado-ra do país onde se regista omedicamento, como o IN-FARMED Portugal, ANVI-SA Brasil. Em Angola,quando o processo iniciar,será a DNME.

A importância do nú-mero de lote foi tambémreferida, pois é um dadofundamental para a ras-treabilidade durante o ciclode vida do medicamento epermite a localização e reti-rada de algum medica-mento impróprio para con-sumo.

Durante a exposição queefectuou a 9 de Maio, JúliaSimão referiu que os Servi-ços Nacionais de Farmaco-

vigilância (SNF), “sãoresponsáveis por moni-torizar a segurança equalidade dos medica-mentos ou reacções ad-versas não previstas epondo em prática medi-das de segurança, sem-pre que necessário.

São os SNF que rece-bem todas as notifica-ções relativas a reacçõesadversas de qualquermedicamento e que de-pois reencaminham osmedicamentos para la-boratórios, que analisamo produto e verificam serealmente existem irre-gularidades com o mes-mo. Vale lembrar que aFarmacovigilancia visamelhorar a qualidade e se-gurança dos medicamen-tos, em defesa do utente eda saúde pública, atravésda detecção, avaliação e

prevenção de reacções ad-versas a medicamentos.

Folheto informativoO folheto informativo que

deve vir em todas as embala-gens, é fundamental para queos consumidores percebamas características e os efeitosde cada medicamento espe-cífico.

Segundo Júlia Simão, osmedicamentos contrafeitospodem, muitas vezes, seridentificados através do fo-lheto, que não obedece às es-pecificações técnicas para oefeito, contendo informaçãopouco legível ou ilegível e,noutros casos, sem a plenitu-de das informações necessá-rias para o consumidor .

Os medicamentos contra-feitos (medicamentos falsifi-cados que são enganosos emrelação à sua identidade e/ouorigem) podem ter doses doprincípio activo alteradas ousimplesmente não ter princí-pio activo, datas de validadeincorrectas ou que podem servendidos em embalagens fal-sificadas, praticamente iguaisàs embalagens reais, mas quecontêm produto sem princí-pio activo nenhum.

A farmacêutica alertoupara o facto de existirem me-dicamentos de má qualida-de, impróprios para consu-mo, a circular pelos merca-dos ilegais, alguns destesmedicamentos são “rouba-dos de fábricas e embaladoscom embalagens falsas ouaté de outros medicamen-tos” ou até medicamentosque não obedecem as BPF(Boas Práticas de Fabrico),intencionalmente.

A par dos medicamen-tos contrafeitos existemos medicamentos impró-prios para consumo no-meadamente aquelesque não são mantidosnas condições de arma-zenamento necessárias,muitas vezes a tempera-turas desajustadas, ouexpostos a más condi-ções de higiene ou ain-da mal acondiciona-dos.

Medicamentos para disfunção eréctil no topo da contrafacçãoDe entre todos os medi-

camentos a circular no mer-cado angolano, aqueles quesão mais susceptíveis à con-trafacção “são os analgési-cos, antimaláricos, antibió-ticos antirretrovirais, anti-hipertensores, tuberculos-táticos, e citostáticos, assimcomo os anabolizantes emedicamentos para “ema-grecimento”, elencou a pa-lestrante.

Júlia Simão apresentou alista dos medicamentos quesão “campeões” da contra-facção em Angola. Paraalém dos acima referidosdestacam-se “os medica-mentos para o tratamentoda disfunção eréctil, como oViagra, o Ciales ou o Levitra.Estes são os que mais en-contramos falsificados nomercado.” Não obstante,continuam a ser também osmedicamentos mais vendi-dos.

Existem alguns parâme-tros para confirmar se os me-dicamentos são verdadeiros.“O número do lote (númeroimpresso na parte de fora dacaixa) deve ser igual ao quevem no frasco ou blister. Seos números não coincidi-rem, é porque algo não estábem. A data de validade doproduto não deve estar expi-rado e deve estar presentetanto na caixa como no blis-ter. O número de registo e en-dereço do fabricante tam-bém devem estar semprepresentes na embalagem”,explicou Júlia Simão.

O lacre de segurançatambém é um indicador im-portante para a credibilida-de de um medicamento, se-gundo a farmacêutica ango-lana. “Se um xarope não es-tiver bem lacrado significaque já foi usado e até pode játer sido diluído com outroscomponentes”, explicou.

A terminar a sua apresen-tação, Júlia Simão lembrouque “a publicidade e propa-ganda a qualquer medica-mento sem aviso prévio éexpressamente proibida”.As autoridades fiscalizado-ras do sector farmacêutico ejudiciais podem interditar avenda e ordenar a apreen-são e o confisco dos medica-mentos e dispositivos médi-cos, bem como a apreensãoe destruição dos objectosusados para a publicidade.

Inspectora farmacêutica ensina a reconhecer medicamentos falsificados

Como saber se

um medicamento

é verdadeiro?Na hora da compra verifique

na embalagem do

medicamento:

— Número do lote: o número impresso na parte

de fora da caixa deve ser igual ao que vem im-

presso no frasco ou no blister.

— Data de validade do produto:

— Número de registo do produto:

— Endereço do fabricante

— Lacre de segurança, inclusive para soros e xa-

ropes

"a data devalidade doproduto deveestar presentetanto na caixacomo no blister"

Rui MoReiRa de Sá

coM LuíS ÓScaR

A inspectora

farmacêutica Júlia

Simão mostra um blister

e uma embalagem de

comprimidos de um co-

nhecido anti-malárico, o

Coartem, totalmente

falsos

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6 medicamentos Maio 2014 JSA

—Fala-se de medicamentosimpróprios para consumo ede medicamentos contrafei-tos. Qual é a diferença?— Os medicamentos contra-feitos são produzidos de for-ma errada, são falsificaçõescriadas apenas com o objec-tivo de fazer lucro fácil e po-dem, evidentemente, ser da-nosos para a saúde. Já os me-dicamentos impróprios paraconsumo são aqueles que so-freram falhas em qualquerponto do processo, que vaidesde a produção até ao con-sumo. Qualquer falha notransporte do medicamento,no acondicionamento ou aténa venda pode tornar o medi-camento impróprio paraconsumo. Os medicamentoscontrafeitos, vendidos emmercados ilegais, estão quasesempre sujeitos a más condi-ções de armazenamento etransporte, o que os torna,também, na generalidade,impróprios para consumo.— Qual é o papel da Inspec-ção-Geral de Saúde (IGS) nocombate à venda destes me-dicamentos?— A nossa missão é acompa-nhar e fiscalizar todo o ciclode vida do medicamento,desde a produção, chegadaao país, até ao destino final,que é o consumidor. Quere-mos também informar aspessoas acerca destes medi-camentos que podem serprejudiciais para a saúde.— Como vai fazer chegar amensagem a uma popula-ção com um índice de anal-fabetismo que ronda os 40por cento?— A realização de palestrasinformativas é uma ferra-menta importante. Querotambém salientar a impor-tância dos jornalistas, que sãonossos parceiros na rede detransmissão de informação.Pretendemos interagir comos jornalistas, para conseguir-mos tornar estas informaçõesperceptíveis para o consumi-dor comum.

— De que forma podem aspessoas certificar-se da le-galidade dos estabeleci-mentos?— Se o consumidor for a umafarmácia e ficar com dúvidasacerca da legalidade da mes-ma, apenas tem que pedir pa-ra ver as licenças do Ministé-rio do Comércio e do Ministé-rio da Saúde.— Qual a proveniência dosmedicamentos contrafei-tos?— Angola não produz medi-camentos, porque não temosfábricas para o efeito. Feliz-mente, não temos informa-ção de que existam fábricasclandestinas no nosso país.No entanto, existe uma gran-de quantidade que entra deforma camuflada, vinda depaíses como a RD Congo ouatravés do contrabando.— Quais os medicamentosmais falsificados?— Antimaláricos, analgésicosou medicamentos para com-bater a disfunção eréctil. Vêmde países africanos que nóssabemos não terem laborató-rios reconhecidos pela OMSe pelas autoridades locais.— Como poderá ser feito ocontrolo da entrada dessesmedicamentos vindos dospaíses vizinhos?— Tem que haver um inter-câmbio de informação paraque, sempre que se detectemmedicamentos contrafeitos,esta informação chegue aosoutros países, para que estespossam implementar umcontrolo de forma sincroni-zada. Temos realizado algu-mas iniciativas neste sentido,nomeadamente a operação

Pangeia, que abrangeu toda aÁfrica Austral. Só assim con-seguiremos desmobilizar asvárias redes de falsificação demedicamentos presentes emÁfrica.— O mercado dos Kwanzasjá foi considerado um dosmaiores mercados a céuaberto de medicamentos.Qual é o ponto de situação?— Está mais controlada, atra-vés do Decreto 191/10, queprevê que ninguém possatransportar medicamentos

como bagagem nem vendermedicamentos ou importá-los se não tiver licença para oefeito.— A procura destes medica-mentos não se deve ao factode não existirem nas farmá-cias legais?— Não, hoje essa questão nãose coloca. Se passarem porqualquer farmácia percebemque está apetrechada, não sócom equipamentos mas tam-bém medicamentos. O quese vende na praça é o antima-lárico, que podem encontrarnas farmácias; o analgésico,que está na farmácia; e os me-dicamentos para o tratamen-

to da disfunção eréctil, quetambém podem ser encon-trados na farmácia.— A causa poderá residirnos preços?— Recentemente fui fazer es-sa comparação. Fui a umafarmácia ilegal e, posterior-mente, a uma farmácia legal.Fiquei surpreendido quandopercebi que na farmácia legalos medicamentos eram, efec-tivamente, muito mais bara-tos do que na farmácia ilegal.Eu posso confirmar isso.

— E o que nos pode dizer daretirada de medicamentosdo mercado, por parte daIGS?— Não retirámos medica-mentos do mercado. Retirá-mos lotes de medicamentos.Nenhum medicamento estáproibido. O que pode estarproibido é um lote ou dois lo-tes de um medicamento.Houve um caso específicoem que suspendemos ummedicamento mas não oproibimos. Havia um alertainternacional por um fabri-cante na Índia, que fabrica oprincípio activo desse medi-camento, ter deixado que o

mesmo fosse contaminadocom um outro agente mortal.Morreram pessoas no Pa-quistão, Índia, Brasil, etc. Oque nós fizemos foi suspen-der o produto todo. Retirá-mos tudo o que havia no mer-cado, fizemos o controlo dequalidade e os lotes que se re-velaram próprios voltaram aomercado, enquanto os que serevelaram impróprios foramretirados definitivamente.— Todos estes problemasnão ficariam resolvidos seexistisse um registo dos me-dicamentos?— É um processo muito com-plexo. Envolve identificar cor-rectamente quem fabrica omedicamento e implica iden-tificar quem o adquire lá forae o fornece ao importador.Depois, há um conjunto devários itens que devem seranalisados: este medicamen-to vai ser vendido só em An-gola ou lá fora também? Esteimportador é licenciado, ounão, pela OMS? Temos algu-ma lei, ou não, que regula oregisto de determinados me-dicamentos? Pode haver umconjunto de várias falhas nes-te processo... Já estão identifi-cadas as empresas que têmcondições para importar me-dicamentos. São empresasque têm condições para ar-mazenar, transportar e con-servar os medicamentos cor-rectamente. Também já estádefinida a lista de medica-mentos que cada uma destasempresas vai poder importar.Está feito todo o trabalho pre-liminar. Agora estamos na fa-se final.— E há alguma data já pre-vista para termos, efectiva-mente, o registo de medica-mentos?— Isto ainda leva o seu tem-po. Eu acredito que mais unsseis meses e podemos con-cluir este processo. Agora, istonão dá garantias de que nãohaverá mais medicamentoscontrafeitos ou medicamen-tos impróprios para o consu-mo no mercado. O registo vaireduzir de forma considerá-vel os medicamentos contra-feitos mas, continuando aexistir falhas no longo trajectodesde a fábrica até ao consu-midor, há sempre chances deo medicamento se tornar im-próprio para ao consumo.—Não se consegue proibir aimportação de países comoa Nigéria ou a RD Congo,responsáveis pela entradade medicamentos contrafei-tos?— É possível proibir essa

importação mas a nossafronteira terrestre é tão ex-tensa que acaba sempre porexistir passagem ilegal. Noano passado realizámos aoperação Jibóia, (operaçãode fiscalização da fronteira)e detectámos um importa-dor que importou umagrande quantidade de me-dicamentos do Congo masque, durante todo o proces-so, dizia que estava a im-portar colunas de som. Evieram, de facto, colunas desom. Só que dentro das co-lunas não havia materialelectrónico. Estavam reple-tas de medicamentos. Amelhor maneira de apa-nharmos este tipo de con-trabando é através de de-núncias. É um processomuito difícil.— Qual é a percentagem demedicamentos que sãoinspeccionados e quais sãoos critérios para as inspec-ções?— Todos os medicamentosque entrem em Angola deforma oficial – a maioria queentra pelo Porto de Luandae todos os que entram peloAeroporto 4 de Fevereiro –,são vistos pelas nossas equi-pas permanentes. É feitauma inspecção à chegada,com elementos da IGS, dapolícia económica, da polí-cia fiscal e alfândega. Alémdisto, a documentação é en-viada previamente, para seranalisada. A inspecção é fei-ta abrindo o contentor ou aembalagem para verificar ascondições de acondiciona-mento e de transporte dosmedicamentos e vários ou-tros parâmetros.— Os medicamentos sãotodos vistos?— Todos os que chegam aAngola legalmente. Os me-dicamentos contrafeitosnão são sujeitos a quaisquerinspecções, a não ser quesejam descobertos. — Que percentagem dosmedicamentos que circu-lam em Angola são impró-prios para consumo?— Através das nossas ins-pecções, chegamos à con-clusão que 80 por cento dosmedicamentos que circu-lam no mercado negro sãoimpróprios para consumo.Quanto mais sensibilizar-mos os consumidores acer-ca destes medicamentosvendidos ilegalmente quesão impróprios para consu-mo mais rapidamente va-mos acabar com esse negó-cio.

“Precisamos que o consumidor faça a sua parte nãocomprando medicamentos em mercados ilegais”

miguel de oliveira, inspector-Geral da saúde, quer toda a população mobilizada para vencer uma grande ameaça para a saúde pública

As autoridades angolanas es-

tão preocupadas com a exis-

tência de um mercado para-

lelo de medicamentos, sem

qualquer garantia para o

consumidor. Miguel de Oli-

veira, Inspector-Geral da

Saúde, admite que 80 por

cento dos medicamentos

vendidos nos mercados de

rua são impróprios para con-

sumo.

Miguel de Oliveira Os antimaláricos, analgésicos e medicamentos para combater a disfunção

eréctil são os mais falsificados

Que conselho tem para a grande fatia da população que recorre ao mercado do contrabando?As pessoas devem compreender que os medicamentos vendi-dos no mercado informal são medicamentos que fogem ao con-trolo dos órgãos de fiscalização, seja a IGS, a inspecção do co-mércio, a polícia económica ou a polícia fiscal. São medicamen-tos cuja qualidade não pode ser comprovada e que, por isso, po-dem ser prejudiciais à saúde. Aconselhamos as pessoas a com-prarem medicamentos apenas através de formas credíveis, devi-damente certificadas pelo Ministério do Comércio e pelo Minis-tério da Saúde. Precisamos que o consumidor faça a sua parte:não compre medicamentos a partir de nenhum mercado ilegal.

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Quando se fala em cadeia le-gal de abastecimento seria fá-cil de pensar que esta cadeianão poderia ser afectada pelaentrada de medicamentosfalsificados, pois é um cami-nho bastante regulamentadoe fiscalizado. Mas a realidadeapresenta-se de forma dife-rente. Nos últimos anos,tem-se vindo a notar, emtodo o mundo, um acrésci-mo de medicamentos falsifi-cados na cadeia legal que sebaseiam sobretudo em me-dicamentos inovadores es-senciais para salvar vidas co-mo antineoplásicos, medica-mentos de uso psiquiátrico,medicamentos para doençascardíacas e medicamentospara o tratamento de doen-ças infecciosas.

A cadeia ilegal de abaste-cimento é hoje uma grandepreocupação. Um dos meiosmais utilizados no mundo - eque em Angola deverá cres-cer - para a circulação deprodutos falsificados é a In-ternet. É um meio extrema-mente difícil de controlar pa-ra as autoridades fiscalizado-ras de cada país, pois a legis-lação não prevê estas situa-

ções e, desta forma, é difícilpoder agir. Enquanto quena cadeia legal o grupo demedicamentos falsificadosdetectados são essencial-mente medicamentos essen-ciais à sustentação da vidahumana, na cadeia ilegal sur-

gem grupos de medicamen-tos diferentes, que aparecempor razões também elas dife-rentes. Já na cadeia ilegal osmedicamentos falsificadossão maioritariamente medi-camentos anabólicos (este-róides), analgésicos, anti-in-

fecciosos, antibióticos, pro-dutos auxiliares de emagreci-mento e medicamentos parao tratamento da disfunçãoeréctil, sendo que este últimolidera em Angola. As razõesque levam os utilizadores aprocurarem a Internet é prin-

cipalmente a vergonha. Outilizador não quer ser con-frontado com perguntas outão pouco que façam juízosde valor devido ao produtoque necessita. E para este tipode pessoas a Internet temuma característica que pou-

cas vias têm: é impessoal,ou seja, não tem de falarcom ninguém ou deslocar-sea lado nenhum. Encomendaem sites o que pretende, e namaior parte das vezes o quese verifica é que as encomen-das são entregues na casa.

7JSA Maio 2014 medicamentos

Como os medicamentos falsificados entram na cadeia legal e ilegal de abastecimento

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

196

484

9641123

1412

17591834

20032054

1986 2018número de incidentes sobre

contrafacção de medicamentos

detectados entre 2002 e 2011

no mundo

Fonte: Pharmaceutical Security institute PSi-inc.org. <http://www.psi-inc.org/incidentTrends.cfm> Consultado em 25 de Maio de 2014.

Fonte: Baseado na tese de mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas da autoria de Stéphanie Nunes Silveira.

Fabricante

Fabrico centros

de distribuição

armazenista

principal

o desvio e a adulteração pode ocorrer em qualquer ponto, a partir do

momento em que o produto sai da posse do fabricante.Fluxo principal genuíno

Fluxo secundário genuíno

Fluxo principal contrafeito

Fluxo secundário contrafeito

armazenista

secundário

Re-embalagem

armazenista do

mercado paralelo

Fabricante de medica-

mentos contrafeitosdistribuidor de medi-

camentos contrafeitos

Retalhistas

ilegaisdoentes cientes

Farmácias,

hospitais,...

doente

enganado

Legít

imo

ilegít

imo

distribuição Retalhista Paciente

"as razões que levam osutilizadores a encomendarematravés da internet éprincipalmente a vergonha. apessoa não quer serconfrontada com perguntas outão pouco que façam juízos devalor devido ao produto quepretende"

Rui MoReiRa de Sá

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Cerca de 7.183 famílias dediversos bairros do municí-pio de Cazengo, provínciado Cuanza Norte, partici-pam, desde Março desteano, num projecto comuni-tário de saúde que se con-substancia na mobilizaçãodos munícipes com vista àadopção de medidas de hi-giene colectiva para a pre-venção de doenças e manu-seamento correcto dos resí-duos sólidos.A informação foi presta-

da pela coordenadora doprojecto de saúde da empre-sa SHS no município de Ca-zengo, Giovana Barros Ri-beiro, referindo que a referi-da acção está a ser imple-mentada em parceria com a

Direcção Provincial de Saú-de, abrangendo um total de32.702 cidadãos que benefi-ciam diariamente de infor-mações práticas sobre cui-dados primários de saúde eprevenção de doenças nascomunidades.Giovana Barros disse que

no quadro do projecto desaúde, em curso no Cazen-go, a SHS promoveu, duran-te o mês de Abril último, 86acções de sensibilização dascomunidades sobre os mé-todos de prevenção dedoenças, seguidas de cam-panhas de recolha de resí-duos sólidos, construção delatrinas e aterros sanitáriosdomésticos e colectivos.Referiu que a acção abar-

cou ainda a mobilização doscidadãos sobre o tratamentocorrecto a dar ao lixo visan-do a prevenção de doenças,

sobretudo a malária, asdoenças diarreias agudas,febre tifóide, entre outras.

PalestrasDe acordo com a respon-

sável, as palestras dirigidasaos populares abordaram,principalmente, matériasrelacionadas com a impor-tância da fervura ou trata-mento da água com lixívia,cuidados preventivos damalária, importância doaleitamento materno para asaúde da mãe e do bebé econtrolo pré-natal, de modoa motivar as comunidadespara mudança de compor-tamento, promoção da saú-de individual e colectiva.Giovana Barros disse que

as acções realizadas têm es-tado a contribuir para o de-senvolvimento do censo crí-tico individual e colectivo

dos cidadãos, em torno dasmedidas ou comportamen-tos a adoptar para a preven-ção de doenças no seio dafamília e da comunidade.

Faltam enfermeirosO município de Cazengo

conta com um projecto co-munitário de saúde desde2011.Cazengo é o município

sede da província do Cuan-za Norte, constituído poruma extensão territorial de1.793 quilómetros quadra-dos e conta com uma popu-lação estimada em mais de150 mil habitantes distribuí-dos por duas comunas, no-meadamente, Ndalatando(sede) e Canhoca.O reduzido número de

enfermeiros condiciona oacesso aos cuidados de saú-de com qualidade

Presidente da Associação Nacional dos Enfermeiros de Angola, Adelaide Nobre

Jsa maio 2014 8Saúde Cuanza norTe

Projecto comunitário de saúde beneficia mais de sete mil famílias do município de Cazengo

A presidente da Associação Na-cional dos Enfermeiros de Angola(ANEA), Adelaide Nobre, afirmourecentemente, em Ndalatando,que o acesso equitativo aos servi-ços de saúde com qualidade nãopode ser conseguido sem que ha-ja um número suficiente e ade-quadamente preparados de en-fermeiros que trabalhem comresponsabilidade.A responsável fez esta afirma-

ção quando participava das 6as.Jornadas Científicas de Enferma-gem decorridas de 10 a 12 deMaio, em Ndalatando, referindoque trabalhadores adequada-mente formados, em número su-ficiente e motivados, são essen-ciais para a saúde da população.Adelaide Nobre destacou,

igualmente, o papel e a responsa-bilidade do enfermeiro na melho-ria da saúde da população, assimcomo a sua contribuição para oalcance dos “Objectivos de De-senvolvimento do Milénio”(ODM).“Os enfermeiros são os profis-

sionais de saúde que se encon-tram em todo o território e, mui-tas vezes, os únicos trabalhadoresda saúde disponíveis para a po-pulação”, disse.

Planificação dos recursos humanosAdelaide Nobre considerou de

extrema importância a necessidadeda planificação dos recursos huma-nos, tendo em atenção o seu vínculocom a segurança do paciente, bemcomo a medição da carga de traba-lho dos enfermeiros.Acrescentou que a carência de

profissionais não se resolve apenascom o recrutamento de mais técni-cos, mas também é necessária maisformação e a melhoria das suas con-dições de trabalhos com vista a au-mentar a segurança dos pacientes ea qualidade dos cuidados de saúde.Afirmou que o enfermeiro de-

sempenha um papel de extremaimportância no campo da assistên-cia, não só em presença das doen-ças, mas também no ensino das me-didas sanitárias que muito poderãoajudar na conservação da saúde ena prevenção contra as doenças.As 6as. jornadas científicas de en-

fermagem recomendaram, entreoutras, a formação contínua dosprofissionais de saúde, em especialenfermeiros, para que se possa co-brir o sistema nacional de saúde.

Plano de formaçãoIncentivar o recrutamento de no-

vo pessoal de enfermagem, a todosos níveis, tendo em conta as neces-sidades de cada região bem como aelaboração de um plano de forma-ção especializada para os profissio-nais de enfermagem a nível médio esuperior foram outras das recomen-dações saídas do fórum.As 6as. jornadas de enfermagem

contaram com a participação demais de 100 profissionais das 18 pro-víncias do país, tendo abordado as-pectos ligados a acesso e constran-gimentos ao exercício da actividadede enfermagem em Angola.

Melhoria da prestação dos cuidados de saúdeNa ocasião, o director provin-

cial de Saúde do Cuanza Norte,

Manuel Duarte Varela, disse queo evento vai contribuir para man-ter os enfermeiros cada vez maiscapacitados, organizados e valo-rizados.Esclareceu que o executivo de-

finiu a redução da mortalidade in-fantil, da morbi mortalidade pordoenças infecciosas, atenção econtrolo das doenças não trans-missíveis, bem como a melhoriada qualidade da prestação doscuidados de saúde, como princi-pais metas a atingir neste domí-nio.Lembrou que para alcançar este

desiderato o enfermeiro terá sem-pre uma palava a dizer, pois estáinserido em todos os níveis de in-tervenção de assistência sanitária.

Dia mundial do enfermeiroO evento inseriu-se nas cele-

brações do Dia Mundial do Enfer-meiro, comemorado a 12 deMaio, tendo este ano decorridosob o lema “Enfermeiro, uma for-ça para a transformação, um re-curso vital para a saúde”.O Dia Mundial do Enfermeiro

é celebrado a 12 de Maio em ho-menagem à cidadã britânica Flo-rence Nightingale, um marco daenfermagem que ficou conhecidacomo "A Dama da Lâmpada", porpercorrer os leitos de soldadosdurante a noite em tempos deguerra.

Unidades de saúdeDe realçar que a rede sanitária

da província do Cuanza Norte éconstituída por nove hospitais, 96postos e 21 centros de saúde to-dos devidamente equipados commeios técnicos modernos.Em termos de recursos huma-

nos, 72 médicos, entre nacionaise expatriados, e 885 enfermeirosasseguram o funcionamento dosector na província que contacom um uma população estima-da em cerca de 438.659 habitan-tes, distribuídos em 10 municí-pios.

"O acesso equitativo aos serviços de saúde exige enfermeiros formados, motivados e em número suficiente"

Giovana Barros riBeiro O projecto, implementado em par-

ceria com a Direcção Provincial de Saúde, abrange um total de

32.702 cidadãos que beneficiam diariamente de informações

práticas sobre cuidados primários de saúde e prevenção de

doenças nas comunidades

Diniz Simão | Correspondente no

Cuanza norte | Texto

LuCaS LeiTão | Foto

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9publicidadeJSA Maio 2014

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JSA Maio 2014 10Saúde Zaire

O Pima-CD4 apresenta a ca-pacidade de fornecer o re-sultado de exame de sangueem apenas 20 minutos e per-mite prestar melhor acom-panhamento aos pacientescom Sida.

Aos participantes foramministrados vários conteú-dos, entre os quais o perfilepidemiológico do VIH/Si-da em Angola e no Zaire, autilização do novo aparelhoPima-CD4 e suas vantagens,cistometria do fluxo doCD4/CD3, controlo de qua-lidade e biossegurança, co-lheita de amostras de san-gue com lancetas e trabalhode mãos.

O director provincial daSaúde no Zaire, João MiguelPaulo, referiu, no encerra-mento da acção formativa,que a utilização do referidoaparelho - que constituiuma inovação tecnológica -, permite obter resultados dediagnósticos fiáveis para omelhor tratamento médicoe medicamentoso dos pa-cientes.

O médico acrescentouque o aparelho Pima-CD4tem valências que permitemproporcionar assistência dealta qualidade aos doentes.O responsável solicitou, porisso, aos formandos a trans-mitirem com destreza os co-nhecimentos adquiridos aosdemais colegas nos respec-tivos municípios.

O seminário que decor-reu na escola técnica básicade saúde, foi orientado pelosespecialistas da direcçãoprovincial da saúde do Zai-re.

Promoção dos enfermeirosA Ordem dos Enfermei-

ros de Angola na provínciado Zaire está preocupadacom a situação dos seusmembros enquadrados nosector da saúde como técni-cos básicos que trabalhamhá anos, sem qualquer pro-moção.

A ausência de uma escolade enfermagem de nível mé-dio na região constitui oprincipal impasse existenteo que dificulta aos “homensda seringa” dar continuida-de dos estudos.

A preocupação foi mani-festada pelo presidente daOrdem dos Enfermeiros noZaire quando falava à mar-gem dos festejos do dia in-ternacional dos enfermei-ros, assinalado a 12 de Maio.

Nsakala Mpasi Hibertoinformou que esforços estãoa ser junto do governo pro-vincial para encontrar me-canismos que possam viabi-lizar a realização de um cur-so com duração de doisanos, para permitir a pro-moção de todos os enfer-meiros.

“Todo os técnicos básicosda saúde que possuem habi-litações literárias até a 10ªclasse devem inscrever-seno curso para aumentar oseu nível profissional”, disseNsakala Mpasi Hiberto paraquem existe vontade porparte do Governo provincialem transformar, ainda esteano, a escola técnica básicada saúde, localizada emMbanza, num Instituto Mé-dio da Saúde.

O presidente da Ordemdos Enfermeiros no Zaire re-velou que o seu pelourocontrola a nível da provín-cia, 824 enfermeiros, sendo637 técnicos básicos e 175técnicos médios.

A rede sanitária, prosse-

guiu Nsakala Hiberto, éconstituída por 27 centrosde saúde, seis hospitais mu-nicipais, alguns dos quais dereferência em termos de ca-pacidade instalada, e umhospital provincial localiza-do na sede provincial,Mbanza Congo.

O médico louvou, na oca-sião, os esforços desenvolvi-dos pelo Governo local naconstrução, expansão e mo-dernização dos serviços dasaúde em todos os municí-pios. O facto, avançou, per-mitiu a melhoria das condi-ções de trabalho dos enfer-meiros locais.

Nsakala Mpasi Hibertoadiantou que neste momen-to decorrem os trabalhos derestauro e ampliação do ac-tual hospital provincial coma edificação de mais duasnaves, onde passam a fun-cionar os serviços pediátri-cos e maternidade. Com aampliação das infra-estrutu-ras, a capacidade de interna-mento cresce para 189 ca-mas.

Técnicos de saúde aprendem a manusear aparelho de laboratório que conta as célulasVíctOr Mayala

correspondente no Zaire

Técnicos de laboratório pro-

venientes dos seis municípios

da província do Zaire partici-

param, durante cinco dias,

num seminário de capacita-

ção sobre o manuseamento

do Pima-CD4, um aparelho

utilizado para a contagem de

células de defesa do organis-

mo humano.

O directorprovincial daSaúde no Zaire,João Miguel Paulo,referiu, noencerramento daacção formativa,que a utilizaçãodo referidoaparelho - queconstitui umainovaçãotecnológica -,permite obterresultados dediagnósticos fiáveispara o melhortratamentomédico emedicamentosodos pacientes.

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11publicidadeJSA Maio 2014

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O número reduzido de enfer-meiros condiciona a assis-tência dos cuidados primá-rios de saúde no Municípioda Quilenda, província doCuanza-Sul, revelou ao Jor-nal da Saúde o chefe de Re-partição da Saúde no muni-cípio, Paulo André.O responsável da saúde

naquele município conside-rou preocupante o reduzidonúmero de enfermeiros, naordem de 47 técnicos, dosquais apenas um de nívelmédio, em detrimento doaumento exponencial de no-vos postos de saúde, cons-truídos nos últimos anos, noquadro do programa decombate à pobreza e dos cui-dados primários de saúde.Paulo André referiu que

os 12 Postos de Saúde funcio-nam com apenas um enfer-meiro que se vê “afogado”com as enchentes que as res-pectivas unidades sanitáriasregistam, principalmentenas épocas de transição deestação seca para as chuvas evice-versa. Preocupado, Pau-lo André considera ser umaquestão que tarda a ter solu-ção, uma vez que os últimosconcursos públicos fornece-ram poucas quotas ao muni-cípio e apela às estruturascompetentes no sentido deflexibilizarem o ingresso denovos quadros para o sectorda saúde.

Infraestruturas aumentamApesar deste condiciona-

lismo da falta de técnicos dasaúde, Paulo André faz umaavaliação positiva em termosde infraestruturas sanitáriasno município da Quilenda,tendo assinalado que, em2002, a Quilenda possuiaapenas um Centro de Saúdede referência e três postos desaúde. Desde 2009 foramconstruídos mais unidadessanitárias, cujo quadro actualcompreende um hospitalmunicipal com capacidadepara 63 camas de interna-mento e 12 postos de saúde,distribuídos nas localidadesde maior concentração po-pulacional.Caros leitores, sigam a en-

trevista que o Chefe de Re-partição da Saúde do Muni-cípio da Quilenda concedeuao Jornal da Saúde:— Senhor Chefe de Reparti-ção da Saúde, no Municípioda Quilenda, Paulo André,faz-nos uma caracterizaçãoda situação sanitária novosso município?— O município da Quilendacresceu significativamente,em termos de infraestruturassanitárias, porque a Admi-nistração implantou em qua-se todas as localidades demaior concentração popula-cional postos de saúde, como intuito de aproximar a as-sistência sanitária junto dascomunidades. Actualmente,o município da Quilenda tempoucas localidades sem umaunidade sanitária. A boa no-tícia é que vão ser contem-pladas no corrente ano. Es-tou a referir-me das localida-des de Cahana, Banza Qui-lenda, Hombo e Quilonga. Apar destes esforços ainda te-mos grandes desafios pelafrente para podermos atingiros objectivos que são aproxi-

mar, cada vez mais, os servi-ços de assistência e humani-zação dos serviços da saúdenas comunidades.A realidade actual do mu-

nicípio da Quilenda em infra-estruturas e do corpo clínico,compreende uma rede sani-tária composta por 13 unida-des sanitárias, sendo umHospital municipal de refe-rência, e 12 Postos de saúde,dos quais um vai ser elevadoà categoria de Centro, dada avalência da sua estrutura. Es-

ta unidade sanitária está lo-calizada na sede da Comunado Quirimbo. Prestam servi-ços ao sector ao nível do mu-nicípio da Quilenda um totalde três médicos, dois técni-cos superiores de enferma-gem e 47 enfermeiros. Quan-to aos meios rolantes, temostrês Ambulâncias operacio-nais. Destas, uma foi atribuí-da ao posto da comuna doQuirimbo. Na área dos recur-sos humanos temos umagrande preocupação, porque

o número actual não respon-de as necessidades em ter-mos de cobertura.Para minimizar a situação

são necessários mais 36 en-fermeiros para cobrirmos aslacunas que existem nas uni-dades sanitárias que funcio-nam com apenas um enfer-meiro. É uma situação preo-cupante porque, Imagine-mos, o único enfermeiroadoece. Então o posto fechao que é desabonatório.— Qual é a estratégia da re-partição municipal da Saú-de da Quilenda para gerir assituações que acabou demencionar?— Em termos de recursoshumanos temos vindo a fa-zer a superação dos técnicospara elevarem as suas capa-cidades técnicas e adquiri-rem competências para exer-cerem a profissão com ascompetências requeridas. Éassim que estão a participarno curso de superação quedecorre na Escola Técnica deEnfermagem da província,sete enfermeiros que, termi-nado o curso, vão possuir o

nível médio, processo que vaicontinuar até que todos be-neficiem desta formação.Quanto à expansão da redesanitária ao nível do municí-pio, a Administração conti-nua a priorizar a construçãode mais unidades sanitáriasnas localidades que carecemdas mesmas. É um processoque vai continuar até que onosso município tenha infra-estruturas sanitárias à alturade atender as populações.O programa dos cuidados

primários de saúde tem pro-piciado a execução de pro-jectos com impacto directonascomunidades, quer seja nocapítulo de atendimento aosmunícipes, como no melho-ramento dos serviços nas co-munidades. Estamos a adop-tar um mecanismo que contacom o envolvimento das au-toridades tradicionais e líde-res comunitários para, emtempo oportuno, aferirmosindicadores qualitativos equantitativos, sobre as taxasde natalidade e mortalidadeao nível do município. Comoé do domínio de todos, con-sideramos a adopção destemecanismo porque em mui-tas localidades os partos sãofeitos fora das unidades sani-tárias e muitos casos fogemdo nosso controlo.Outra compnente da nos-

sa estratégia é de massificar oprograma de educação paraa saúde nas comunidades,campanhas de vacinação, lu-ta antí-larval, sobre o trata-mento da água para consu-mo e do uso de mosquiteirosempregnados.— Como está o abasteci-mento em medicamentos eequipamentos?— Quanto ao abastecimentode medicamentos, estamosbem porque o programa doscuidados da saúde permiteadquirir, através de fornece-dores, medicamentos e víve-res, além dos medicamentosessenciais fornecidos pelaDirecção provincial.Não temos razões de

queixa porque as necessida-des têm sido supridas comabastecimento regular defármacos e dos equipamen-tos.— Qual a maior preocupa-ção que o sector da saúdeenfrenta no município?— A grande preocupação é o

A administradora da Quilenda, Maria Caimboa Monteiro, ga-

rante melhorias no sector da saúde

Chefe de Repartição da Saúde da Quilenda, Paulo André "A

grande preocupação é o surgimento de doenças resultantes do

consumo de água imprópria, como febre tifóide, schistosomía-

se, amebíase, infecções urinárias e da pele, em resultado da falta

de água potável"

Muitos dos problemas desaúde que as comunidadesenfrentam e que, frequente-mente, conduzem à morte,na realidade são devidos a ra-zões fora do sector da saúde eque os responsáveis por estenão controlam. São os cha-mados determinantes da saú-de. No caso do município daQuilenda, temos:- Falta de água potável. A esta-

ção de captação e tratamentode água está parada. Conse-quências: febre tifóide, schis-tosomíase, amebíase, infec-ções urinárias e da pele.- A degradação das vias deacesso que ligam a sede mu-nicipal às diversas localida-des. Consequências: avariasna ambulância; chegada tar-dia dos doentes às unidadesde saúde.

Principais problemas do

município que afectam a saúde

Hospital Municipal da Quilenda com 63 camas de internamento

é a única unidade sanitária de referência que presta serviços no

município

Residências que acomodam os médicos que prestam serviços

no município da Quilenda

Saúde CUAnzA SUl

CASIMIRO JOSÉ | SUMBE

Correspondente no Cuanza Sul

Texto e fotografia

Número reduzido de técnicos de saúde condiciona a assistência sanitária nas comunidades da Quilenda

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surgimento de doenças re-sultantes do consumo deágua imprópria, como febretifóide, schistosomíase, ame-bíase, infecções urinárias eda pele. Tudo isso resulta dafalta de água potável, sobre-tudo na periferia da Vila daQuilenda. Dispomos de umaestação de captação e trata-mento de água, construídaentre 2010 e 2011, no quadrodo Programa de Investimen-tos Públicos (PIP), mas estáparada e já estamos a sentiras consequências.Outra preocupação que

afecta o sector da saúde nomunicípio é da falta dos ser-viços de ortopedia, cirurgia,radiologia e bloco operató-rio e, com isso, os respecti-vos médicos. Por isso, recor-remos a evacuações paraGabela ou Sumbe sempreque surgem casos destas es-pecialidades. Mas a explo-são demográfica na Quilen-da justifica a existência dosreferidos serviços. A degra-dação das vias de acesso queligam a sede municipal àsdistintas localidades da cir-

cunscrição municipal cons-tituem outros constrangi-mentos que enfrentamos.Muitas vezes nos confronta-mos com casos de evacua-ções das localidades longín-quas para o hospital munici-pal, onde temos de sacrificara ambulância pelo mau es-tado das estradas.Por outro lado, regista-

mos com frequência casosgraves que aparecem nohospital fruto da negligên-

cia das famílias.—Quais os Programas queestão a ser executados paraa melhoria da assistênciano Município da Quilenda?— Os programas em execu-ção na Quilenda são aquelesque são baixados pela Direc-ção Provincial da Saúde, no-meadamente os de distri-buição de mosquiteiros, deAlbendazol, medição detensão arterial, testes deVIH/Sida e campanhas de

vacinação. Além destes quemencionei estamos tam-bém a executar outros pro-gramas, como de tuberculo-se e lepra, de vigilância epi-demiológica, de educaçãopara a saúde, água e sanea-mento ambiental. A colabo-ração das comunidades éessencial para surtiremefeitos. — Quais os desafios paraos próximos tempos?— Os principais desafios

apontam no sentido da con-tinuidade da superação per-menente de técnicos desaúde para que respondamàs exigências do presente edo futuro. Vamos, por outrolado, continuar a desenvol-ver esforços no sentido deaproximarmos, cada vezmais, os serviços da saúdenas comunidades, com aextensão da rede sanitária eo melhoramento das unida-des sanitárias já existentes.

Além disso, vamos melho-rar os mecanismos de edu-cação sanitária das comuni-dades para diminuir a proli-feração das doenças evitá-veis, como a malária, febretifóide, infecções da pele,entre outras.No domínio da forma-

ção, sempre que notificadospela Direcção Provincial daSaúde, vamos enviar qua-dros para a sua superaçãopermanente.

A administradora municipalda Quilenda, Maria CaimboaMonteiro, garantiu ao Jornalda Saúde que a sua adminis-tração vai continuar a priorizaro sector da saúde com a execu-ção de programas e projectosque visem melhorar a assistên-cia médico-medicamentosano município. Entre as acçõesprogramadas para os cuidadosprimários de saúde em 2014 aadministradora municipal daQuilenda anunciou a aquisi-ção de painéis solares para ofornecimento de corrente eléc-trica ao posto de saúde de Da-

vid na comuna do Quirimbo, aconstrução de mais três resi-dências para acomodar os mé-dicos, juntando-se às seis jáexistentes, a construção de sis-temas de água por sistema degravidade para fornecimentoaos postos de saúde.Maria Monteiro adiantou,

por outro lado, que face à pro-cura dos serviços no Centromunicipal de referência, a ad-ministração vai empenhar-se,nos próximos tempos, na cria-ção de condições estruturaispara o funcionamento de ou-tros serviços que fazem falta no

município, como o bloco ope-ratório, serviços de maternida-de, serviços de ortopedia, ra-diologia e outros indispensá-veis.

Falta de água potável é preocupanteA administradora Maria

Monteiro mostrou-se preocu-pada com o atraso que se veri-fica na conclusão do progra-ma de abastecimento de águaà sede do município, cujasobras da estação de tratamen-to foram Concluídas há bas-tante tempo, faltando a rede

de distribuição. “A nova esta-ção de captação, tratamento edistribuição de água, cons-truída no quadro do Progra-ma de Investimentos Públi-cos (PIP) já está concluída,mas falta a rede de distribui-ção domiciliar. Actualmenteo povo não compreende que,com o empreendimento aolado, continue sem ter água”,lamentou, para quem a faltade água potável está na ori-gem de doenças de origem hí-drica, devido ao consumo deágua imprópria pelas popula-ções. Fez saber que o recurso

para adquirir a água pelos ha-bitantes da sede e arredorestem sido as cacimbas e furosartesianos que não são sufi-ciente para a atenuar carên-cia.A administradora munici-

pal da Quilenda considera serurgente que o sector das con-clua a empreitada para o be-nefício das populações.O município da Quilenda

tem uma superfície de 2.439quilómetros quadrados, con-ta com uma população esti-mada em 99.187 mil habitan-tes distribuídos.

Administração municipal da Quilenda com prioridades na melhoria da saúde

JSA Maio 2014 13

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14 ESTUDO DE CASO Maio 2014 JSA

O caso que decidimos partilhar com os colegas constitui uma tentativa terapêutica nascida das circunstâncias em que se vivia no Hospital 17 de Se-tembro, no Sumbe, Cuanza Sul, face às dificuldades na disponibilidade de medicamentos e curativos, assim como à impossibilidade de isolamento

dos pacientes queimados, nos idos tempos de 2001 e princípios do 2002.

Hospital Provincial do Sumbe

A nossa experiência na aplicação de aloé e mel nos queimados

Diz Aristóteles: “Quando se cortam umas suculentas folhas dealoé, produz-se uma rápida cicatrização da sua superfície, cujafinalidade é evitar que se perca o precioso suco que contém. Alógica natural diz-nos que, se a planta é capaz de regenerareficazmente a superfície danificada das suas próprias folhas,também actuará cicatrizando as feridas dos seres humanos queestejam em contacto com elas”.“As feridas de Jesus Cristo foram tratadas, ainda que já depoisde morto, com aloé e mirra (uma outra planta) ”, in Capítulo19 do Evangelho Segundo S. João.Soldados gregos, gladiadores romanos e guerreiros de diversosimpérios foram tratados com aloé.Existem mais de 200 espécies de aloé, sendo as mais utilizadaso Aloé Barbadenses e o Aloé Vera.Das suculentas folhas de aloé extraem-se dois

produtos principais: o alcibar e o gel.

O aloé pertence ao grupo das plantas xerófilas, capazes defechar os estomas das suas folhas logo que se produza qualquercorte ou ferida. Deste modo, evitam a perda de água.O Instituto de Ciências e Medicina LINUS PAULING, de PaloAlto, na Califórnia, o Instituto Weissmann de Israel e aUniversidade de Oklahoma nos E.U.A., apoiados por provas delaboratório e experiências químicas, mencionam as seguintespropriedades desta planta:O aloé bloqueia as fibras nervosas periféricas até aos planosmais profundos, inibindo pelo bloqueio a condução dosimpulsos nervosos, embora o faça de modo reversível.O aloé penetra profundamente nas três camadas da pele(epiderme, derme e hipoderme) graças à presença deLigninas e Polissacáridos, restituindo os líquidos perdidosnaturalmente ou por deficiências do equilíbrio osmóticona homeostasia ou por danos externos.Conteúdo da folha do aloé

O aloé contém glicósidos, polissacáridos, enzimas,minerais, inúmeras vitaminas e aminoácidos essenciaise secundários.No suco do aloé localiza-se o acemanann.Propriedades do aloé de acordo com os estudoscientíficos antes referidos:

O acemanannO acemanann é um produto que existe no nosso corpo até àpuberdade, aumentando a resistência imunológica contra parasitas,vírus e bactérias. Localiza-se principalmente na casca verde do aloé,mas também no gel interior. Alcança um alto teor no suco do aloé.

Florentino F. Fernández Cue Médico

Colaboradores: Médicos, pessoal de enfermagem e de Serviço Geral

do Hospital Provincial de Sumbe, Cuanza Sul.

Os resultados obtidos não representam umapretensão de inovação na terapêutica existen-te para as queimaduras, não obstante os dados

considerados não sejam depreciáveis.O nosso objectivo é somente dar relevância

às possibilidades que existem em qualquer lu-gar de resolver um dos problemas de saúde demaior urgência e prioridade numa populaçãocom poucos ou aparentemente mínimos re-

cursos ou instituições médicas.Tomando como referência a experiência

existente da aplicação do aloé e meldesde os tempos remotos, práticaretomada pela ciência moder-na, iniciámos a terapêuticacom ambos os produtos,aplicando-os directa-mente na pele.

O aloéÉ o melhor adoçante utilizado pelo homem, visto que é o único quecontém proteínas e vitaminas. É obtido através do néctar das floresque as abelhas recolhem e transportam para a colmeia, onde otransformam, armazenam e desidratam. O mel é utilizado pelo Ho-mem desde tempos remotos como alimento e também de formaterapêutica, pelas suas propriedades imunológicas, bactericidas eexpectorantes. Perde-se no tempo a origem da sua utilização paraas mais variadas finalidades. Gregos e Romanos, antes de Cristo, se-guiam um provérbio: “mel no interior e óleo no exterior”. Hipó-crates, na Grécia, costumava prescrever mel para acalmar a ansie-dade dos noivos antes do casamento, o que originou a expressãode “lua-de-mel”.

Composição do mel

Açúcares naturais:Frutose 41%; Dextrose 34%; Enzimas e vitaminas 3 %; Água 18%Cinzas 2%; Proteínas 2 %Vitaminas:A, B1, B2, B5, B6, C , E, K,PP.Sais minerais: Ca, P, S, K, Cl, Na, Mg, Fe, Mn, Cu, Si, B, N e outros,presentes em menores quantidades.Ácidos: málico, cítrico, fórmico, tânico, cúprico, oxálico, fosfórico,butírico, acérico, láctico, valeriânico e propiónico.Outros elementos: lípidos, fermentos, histamina, maltosa, dulci-tol, aldeídos, clorofila, carotina, tanino, albumina e vários óleos.

Propriedades terapêuticas conhecidas do mel:

—Energético, bactericida, anti-séptico, anti-reumático, vasodilata-dor, diurético, digestivo, hiperglicémico, tonificante, antiespasmódi-co, sedativo, vermífugo.—Tonifica e rejuvenesce a pele e os músculos.—A cor do mel mantém-se na íntegra graças ao ácido fórmico e àinibina, excelente bactericida.

Foram tratados 35 pacientes queimados e internados noHospital, ao longo do período anteriormente referido.Foram classificados a partir da Classificação da AmericanBurn Association, de 1980; a Classificação de Gomes de1995, para estabelecer a gravidade; a Classificação deBoyer 1992, Berhmann 1994 e O´Sullivan 1993, paradeterminar a profundidade da lesão.

O mel

A nossa experiência

Para a aplicação do produto nos pacientes quei-mados, foi utilizado o suco de aloé barbadenses sil-vestre (encontra-se em grandes extensões na pro-víncia).Cortados os bicos e bem lavada a folha, foitriturado, moído e coado, até se conseguir extrair omáximo do mesmo. Adicionámos ao suco de aloé20% de mel natural da região (1 porção em 5 por-

ções). A conservação do produto curativo para a peledos queimados era constituída por aloé (80%) + mel

(20%). A mistura foi mantida em refrigeração a 4ºC. oucom “acumuladores” congelados numa caixa térmica. O

produto foi utilizado, estando conservado à temperaturadescrita, durante os 7 dias posteriores à sua preparação. A

mistura foi aplicada em toda a extensão da queimadura pormeio de uma gaze simples humedecida. Posteriormente, enco-

bria-se a lesão com as restantes capas de gaze para a isolar. Na face,também tentámos encobrir a maior parte das lesões com a gaze hu-

medecida. Também se aplicava directamente na queimadura nos luga-res impossíveis de serem encobertos. Os curativos faziam-se em diasalternados: às segundas, quartas e sextas-feiras.

Preparação, aplicação e conservação da mistura de aloé(80%) + mel (20%)

—Inibidor da dor—Anti-inflamatório —Queratolítico—Coagulante—Bactericida—Purgativo drástico—Regenerador celular

(emoliente)—Antiparasitário

(vermífugo)—Energético

e nutritivo—Anti-colesterolémico—Digestivo—Desintoxicante—Reidratante e

cicatrizante (queimaduras)

—Regularizador nas dismenorreias

—Abortiva—Colagogo—Emenagoga—Limpador natural

de superfícies

(presença desaponinas)

—Penetrante nostecidos (pela lignina)

—Anestésico (presençada lignina)

—Bactericida —Anti-viral—Vermífugo

(tricomoníases, giardíases, teníases, etc.)

—Anti-séptico—Coagulante

(anti-hemorrágico)—Anti-inflamatório—Anti-prurítico—Hidratante natural—Aumenta o fluxo

no leito capilar—Ajuda a neutralizar

os venenosneuro-paralisantese necrotizantes

Observações geraisO tempo empregado com este método para o tratamento das queima-duras dos pacientes é adequado, de acordo com os parâmetros referi-

dos na literatura respeitante. Não foi possível isolar nenhum dospacientes tratados. Todos os pacientes foram atendidos

na enfermaria da cirurgia.

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16 ESTUDO DE CASO Maio 2014 JSA

Classificação das queimaduras

Classificação de Boyer 1992, Berhman1994, O`Sullivan 1993

Determinação da profundidade da queimaduraPrimeiro grau:Epidérmica. Cicatriza entre 2 a 5dias.Segundo grau:Superficiais (derme papilar). Ci-catriza entre 10 a 14 dias.Profundas: (derme reticular). Cicatriza entre 21a 35 dias.Terceiro grau: Toda a derme e hipoderme (Ne-cessário enxertar).Quarto grau: T.C.S., fáscia, músculo, osso, etc.(Necessário enxerto de pele e outras actividadesde regeneração.)

Classificação da American Burns Asso-ciation 1980 e Gomes 1995

Classificação da gravidade da lesãoLEVES (MÍNIMAS OU PEQUENAS QUEIMA-DURAS):Primeiro grau:qualquer extensãoSegundo grau:<15 % adultos, <10 % criançasTerceiro grau:<2 %MODERADAS:Segundo grau: 15 – 25 % adultos10 – 20 % criançasTerceiro grau: 2 – 10%GRAVES (MAIOR, CRITICA OU GRANDES QUEIMADURAS):Terceiro grau:> 10%Queimaduras da cara, pés, mãos e genitaisQueimaduras eléctricasQueimaduras por inalaçãoQueimaduras associadas a fracturas ou traumas importantesQueimaduras em indivíduos de risco

A maioria dos pacientes era dosexo masculino (22). Menos demetade era do sexo feminino(13). Por idade, os pacientes di-vidiam-se pelos seguintes esca-lões:De 0 a 12 anos: 24De 13 a 25 anos: 1De 26 a 40 anos: 7 De 41 e mais: 3As idades predominantes eram:De 0 a 6 anos: 23; De 26 a 40anos: 7

Foram tratadas 24 crianças porqueimaduras: 12 em estado gra-ve com menos de 7 anos. Duasnão terminaram o tratamento (1falecido, 1 por abandono do hos-pital).A água quente (chá, sopa,

etc.) (20) e o querosene (7) foramas causas mais frequentes dasqueimaduras: seis das queima-duras graves aconteceram porcontacto com água quente e cin-co por contacto com querosene.O querosene vertido na cama foia causa que provocou a morteaos 2 pacientes falecidos: 1 adul-to e 1 criança, com 75 % e 39 % dequeimaduras, respectivamente.Outras causas das queima-

duras foram: óleo de cozinhaquente (2); explosão de botija deO2 e de gás metano (1 por cadaum); fogo na roupa, queimaduraeléctrica, queimaduras com bra-

sas de carvão (1 por cada um). Um caso foi tratado por apre-

sentar síndrome da escaldadurada pele no braço direito. A maio-ria dos queimados recebeu tra-tamento entre 15 e 49 dias (de 2 a7 semanas) (20), sendo 11 gra-ves, 7 leves e 2 moderados. Predominaram as queima-

duras graves (15), depois as ligei-ras (11) e as moderadas (4).Dos pacientes tratados no pe-

ríodo de 29 a 49 dias (da 5ª a 7ªsemana): 3 deles eram pacientesem estado grave e receberam al-ta num período de 30 e 33 dias(não completaram a 5ª semana).Os casos graves são na sua maio-ria, crianças queimadas em zo-na crítica (cara, olhos, mãos,pescoço, pés, genitais, glúteos).Localizaram-se 22 das zonas crí-ticas lesionadas nas crianças emestado grave. Nos adultos em estado grave,

as lesões apenas se apresenta-ram em 5 das zonas críticas.No tronco (tórax e abdómen)

e nas extremidades, as criançassofreram 36 das lesões e os adul-tos 21; 1 adulto sofreu queima-dura do couro cabeludo.Dos atendidos, 30 termina-

ram o tratamento, 2 faleceram, 2abandonaram e 1 foi trasladadopara Luanda.A maioria das crianças em es-

tado grave evoluiu com escassa

cicatrização exuberante (quelói-des).Uma criança em estado gra-

ve, com 4 % de queimaduras (aotomar na mão um cabo comenergia eléctrica), apresentouuma lesão num pé de grau 3, quedeixou sequelas de 1,8% . Esteve43 dias internada.Um dos pacientes que abando-nou o hospital apresentou quei-maduras por querosene namandíbula e no pescoço, che-gando ao banco de urgência 7dias depois do acidente, comáreas de lesões de grau 4 por ne-croses a nível do osso mandibu-lar, e grau 3 por lesões no pesco-ço com infecção de todas asqueimaduras.O paciente trasladado para

Luanda apresentava queimadu-ras das costas de grau 2 (18%). Foi assistido no banco de ur-

gência do hospital pela primeiravez dois meses depois do aci-dente, apresentando infecçãodas queimaduras. Nos 24 diasde internamento, chegou a esta-belecer-se tecido de granulaçãoútil em grande parte da lesão;portanto, evoluiu favoravel-mente.Consideramos, dentro dos

pacientes em estado grave, umpaciente que apresentou quei-maduras (grau 2 superficiais 9%,profundas 6 % e grau 3, 3%) com

sequelas de 3%. Esteve em trata-mento 42 dias.Uma paciente fez tratamento

durante 56 dias devido a quei-maduras leves. Apresentou grau2 (5%) e grau 3 (1%) a nível dapélvis. Devido a irregularidadesnos curativos, a zona lesionadainfectou.Uma paciente feminina este-

ve 90 dias internada com diag-nóstico de queimaduras ligeirasem lesões grau 1 (3%), grau 2, su-perficial (1%), profundas (0,5%).No total (4,5%), aprofundaram-se pela infecção devido às irregu-laridades do tratamento, provo-cando sequelas até 3%.No paciente que apresentou

o síndrome de escaldadura dapele no membro superior direi-to, foi aplicada terapêutica anti-biótica de amplo espectro do ti-po das cefalosporinas de tercei-ra geração (Cefalexina), i.m. eoral.Apesar das dificuldades para

a obtenção dos medicamentosprescritos para estes tipos de pa-cientes, os mesmos receberamas doses estabelecidas com osantibacterianos (penicilina, am-picilina, gentamicina e co-tri-moxazole), dado o esforço dainstituição médica para os obter.Igualmente, as medidas de hi-dratação necessárias foramcumpridas.

Análise aos resultados obtidos

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18 ONCOLOGIA Maio 2014 JSA

Na primeira consulta, o mé-dico interno realizou ocheck-up de rotina e deter-minou o valor de PSA (Pros-tate-Specific Antigen): 6.3ng/ml (nanogramas por mi-lilitro).

O urologista levou a caboo DRE (Digital Rectal Exami-nation), ou toque rectal(TR), a ecografia, a biópsiada próstata, avaliando a si-tuação: grau 6 na classifica-ção de Gleason e estádioprostático T1c (Tumor iden-tificado por biópsia).

De momento, o urologis-ta pretende praticar a pros-tatectomia radical; um outromédico urologista prefere acriocirurgia. O oncologistaradioterapeuta fala de radia-ção com acelerador (IMRT -Intensity-Modulated Radio-therapy) , enquanto outroradioterapeuta propõe o im-plante de sementes. Um ter-ceiro oncologista sugere aradiação com alta taxa dedose (HDR - High Dose Ra-te) .

O que é a próstata?Aproximadamente dois

terços (2/3) da glândulaprostática são formados porcélulas prostáticas normais.O restante terço (1/3) é cons-tituído por vários elementos:a uretra, os músculos dapróstata que rodeiam a ure-tra, o tecido fibroso quemantém a próstata unida, osvasos sanguíneos e os canaisejaculadores. A próstataproduz o fluido seminal, quese mistura com o esperma edá origem ao sémen.

Onde se situaa glândula prostática e qual a sua função?A glândula prostática en-

contra-se por trás dos ossospúbicos, na bacia. Acimaencontra-se a bexiga e abai-xo da glândula está o recto.O seu tamanho normal é de20 a 25 cc (centímetros cúbi-cos), aproximadamente adimensão de uma noz.

Apresenta dois lobos late-rais: direitƒo e esquerdo, euma cápsula similar à cascade um ovo. A uretra passapelo centro da próstata. Oscanais mais pequenos, cha-mados ejaculadores, vão decada testículo até ao interior

da próstata e esvaziam-se nauretra, no centro da glându-la. A glândula é ainda com-posta por dois nervos pélvi-cos, produtores de erecção,laterais à próstata.

Compreender o cancro da próstataComo em muitos outros

tipos de cancro, a detecção etratamento precoce do can-cro da próstata aumentamas perspectivas de cura. Esteé um tipo de cancro que evo-lui lentamente. Mais de 90%dos casos são detectadosatravés do PSA e do DRE.Quando aparece na fase fi-nal da vida, como é frequen-te, a repercussão da doençapode ser mínima. Muitoshomens portadores de ADCP morrem devido a causasnão relacionadas com o can-cro.

A frequência do cancroda próstata aumentou deforma explosiva nos últimosanos, consternando a ciên-cia médica e os homens emgeral. Notícias e reportagensinundaram os meios de co-municação, com duas con-sequências imediatas: oshomens estão mais cons-cientes dos problemas dapróstata, o que é bastantepositivo; mas informaçõesdesencontradas têm geradopreocupações desnecessá-rias e inadequadas, o quetem consequências negati-vas. É importante ter emconta os riscos de se discutirpublicamente este tema, pe-las suas muitas controvér-sias técnicas ainda não re-solvidas.

É a segunda ou terceiraforma de cancro mais co-

mum nos homens, depoisdo cancro da pele. É a segun-da principal causa de mortepor cancro nos homens, de-pois do cancro de pulmão.Tem uma incidência univer-sal de 100,4 casos por cada100 000 homens.

Diagnóstico do Cancro da Próstata (ADC P)Para obter um diagnósti-

co fiável, devem realizar-seos seguintes procedimentos,pela ordem indicada:— DRE (Toque Rectal);— PSA (Antígeno Específicoda Próstata); — Ecografia Transrectal;— Avaliação na classificaçãode Gleason;— Classificação por Está-dios: T1, T2, T3,T4; — Classificação por EtapasA, B, C, D;

— Avaliação de PSA depoisdo tratamento.

Exame rectal digital da Próstata (DRE - Digital Rectal Exam) Todos os médicos deter-

minam o estado da próstataa partir do exame da glându-la prostática, através do to-que rectal digital inicial.

Existem alguns factoresde risco associados ao can-cro da próstata, nomeada-mente os antecedentes fa-miliares (pai, irmãos, tios)deste tipo de cancro; a expo-sição ao cádmio no local detrabalho (soldadura, bate-rias ou electrótipos). Nos ho-mens casados parece existirmaior risco do que nos sol-teiros. Por outro lado, a dietarica em gorduras pode tam-bém aumentar o risco de pa-decer deste problema. Porfim, os homens submetidosa vasectomias também sãomais afectados pelo cancroda próstata do que os quenão passaram por esse pro-cesso.

Classificação do cancroda próstata pela gravidade da doençaT1a, T1b - DRE normal nu-ma amostra TURP - RaroT1c - DRE normal , PSA su-perior a 4,0 ng/ml - 64%T2a - Tumor pálpavel docancro da próstata que com-promete metade ou menosde um lóbolo prostático -16%T2b - Tumor pálpavel docancro da próstata que com-

promete mais de metade deum lóbolo prostático - 12%T2c - Tumor pálpavel docancro da próstata que com-promete ambos os lóbolosprostáticos - 4% T3- Tumor pálpavel do can-cro da próstata que compro-mete um ou ambos os lóbo-los prostáticos e tambémum tumor fora da próstataque o cancro invadiu ultra-passando a cápsula - 4%T4 - Bexiga e recto compro-metidos - Raro

Dos homens que rece-bem este diagnóstico, amaioria (64%) apresentacancro T1c.

Classificação por EstádiosEstádio A - Tumor oculto,não palpável ao toque.Estádio B-Tumor dentro dapróstata, palpável. Estádio C - Tumor na cama-da exterior da próstata.Estádio D - Tumor com fo-cos em outros órgãos.

PSAPSA significa “Prostate

Specific Antigen”, ou “Anti-génio Específico da Prósta-ta”. Trata-se de uma enzimacuja função consiste em tor-nar o esperma líquido. To-dos os homens têm uma pe-

quena quantidade de PSAno sangue – um aumentodessa quantidade pode indi-car problemas na próstata,não necessariamente can-cerígenos. A quantidade dePSA no sangue é medida emnanogramas (a bilionésimaparte de um grama) por mi-lilitro de sangue (ng/ml).Através de uma análise san-guínea é possível medir osníveis de PSA no sangue,permitindo a detecção deADC P clinicamente signifi-cativo, em idade avançada, eelevando o potencial de de-tecção de cancros curáveisem pacientes mais jovens. Acélula cancerígena prostáti-ca produz 10 vezes mais PSAdo que a célula normal.

O valor do PSA aumentacom a idade do paciente. Pa-ra homens até aos 60 anos, onível normal rondará os 2.5ng/ml. Em pacientes commais de 60 anos, os valoressão considerados normaisse não ultrapassarem 4.0ng/ml. Em média, os ho-mens diagnosticados comcancro da próstata apresen-tam valores na ordem dos7.2 ng/ml. Contudo, 15%dos homens com ADC P re-velam um PSA consideradonormal, inferior a 4.0 ng/ml.Quando o valor ultrapassaos 10 ng/ml, há 66% de pro-babilidade de se tratar deum diagnóstico de ADC P.Entre 25 a 30% dos pacientescom um PSA inferior a 4.0ng\ml apresenta cancro depróstata.

Classificação do ADCPsegundo o PSAÉ possível apresentar um

PSA superior a 4.0 ng/ml enão ter desenvolvido cancrona próstata. Metade dos ho-mens com 60 anos de idadeou mais tem uma próstatade maior dimensão, comoresultado de outra doença, aBPH (hiperplasia prostáticabenigna), que eleva o PSAacima dos 4.0 ng/ml. Tam-bém a inflamação da glân-dula prostática, a prostatite,pode ser responsável pelasubida do nível de PSA.

A classificação GleasonA classificação de Glea-

son indica a rapidez do de-senvolvimento do cancro evaria entre os graus 2 e 10.Um terço (1/3) dos homenscom um grau entre 2 a 6 naclassificação de Gleason po-

Florentino Francisco

Fernandez cue

urologista

Compreender o Cancro da Próstata

Diagnóstico precoce econduta terapêutica actual

Frequência com que se descobre o Cancro

da Próstata no Exame Clínico e na Autópsia

Idade Na autópsia No exame clínico

50 – 59 11% 4%

60 – 69 24% 11%

70 – 79 32% 23%

mais de 80 44% 28%

Risco de cancro da próstata segundo

os níveis de PSA e o toque digital (DRE)

Níveis de PSA Risco de cancrono sangue Toque Normal Toque Anormal

Desconhecido 10% 40%

Menor que 4 3% 15%

Entre 4 e 10 15% 60%

Maior que 10 50% 95%

Grupos de PSA

Até 4,0 ng/ml

Até 4,1 - 10 ng/ml

Até 10,1 - 20 ng/ml

Mais de 20 ng/ml

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20 ONCOLOGIA Maio 2014 JSA

derão acusar um grau entre7 a 10 na amostra de prosta-tectomia radical no micros-cópio.

O nível mais baixo (nadir) de PSAO nadir de PSA é o nível

mais baixo atingido pelo PSAapós o tratamento, podendoavaliar o seu sucesso e indi-car a probabilidade de voltara desenvolver cancro dapróstata. Trata-se da maisimportante e única mediçãoimediatamente depois dotratamento.

O nadir compreende doispassos: determinar o PSAmais próximo de 0.2 ng/ml(PSA zero); e a sua perma-nência nesses valores.

É, portanto, o elementoque qualifica a terapêuticaestabelecida para o doente.

Manifestações clínicas O cancro da próstata não

produz sintomas nas fasesiniciais. Com o decorrer dotempo, podem surgir proble-mas relacionados com o pro-cesso de micção, nomeada-mente: dificuldade para ini-ciar ou terminar esse proces-so, jacto urinário fraco, au-mento do número de mic-ções, sobretudo nocturnas, egotejo no final da micção. Po-de ainda detectar-se sanguena urina, assim como reten-ção urinária. Outro sintomaprende-se com a dor na eja-culação e as dores acima dascoxas, na zona sacrolombare suprapúbica.

Meios diagnósticos do ADC PO diagnóstico de cancro

da próstata torna-se maisexequível quando provém dacombinação dos exames detoque rectal (DRE) e de PSA.O exame de toque, por si só,apresenta uma taxa de falhana detecção do cancro decerca de 30% a 40% dos ca-sos; o exame de PSA pode fa-lhar em cerca de 20% dos ca-sos – de sublinhar que valo-res elevados de PSA não re-presentam obrigatoriamentea presença de ADC P; mas aexecução conjunta dos doisexames permite identificaresta patologia em mais de95% dos pacientes.

O toque rectal é extrema-mente importante para odiagnóstico do cancro dapróstata, visto que é atravésdeste exame que o médicopercebe se a glândula apre-

senta uma forma irregular ede consistência endurecida.

A Ecografia Transrectal éum exame muito utilizado naavaliação da próstata, essen-cial para a orientação e siste-matização das biópsias desseórgão. Contudo, não é total-mente fiável enquanto exa-me isolado para o diagnósti-co de cancro, falhando em60% a 70% dos casos. Con-juntamente com um toquerectal ou valores elevados dePSA, pode fornecer dadosadicionais importantes parao diagnóstico.

A biópsia é a melhor for-ma de diagnosticar, definiti-vamente, o cancro da prósta-ta. Falha em menos de 5%dos casos, não existindo ain-da outro exame que seja tãofiável a ponto de se poder dis-pensar a realização da bió-psia.

Que tipo de paciente de-ve ser alvo de uma biópsiaprostática?

A grande indicação pararealização de biópsia prostá-tica coloca-se quando há ahipótese de estarmos peran-te um cancro da próstata. Eladeve ser levada a cabo quan-do os dados relativos ao do-seamento sanguíneo do PSAe à sua velocidade de aumen-to, as alterações na consis-tência ou forma da próstata,ou ambos os elementos severifiquem.

Colheita de amostra para Biópsia Prostáticaatravés da Ecografia TransrectalNa ecografia transrectal, o

médico insere uma sonda norecto para detectar zonasanómalas. A sonda envia on-das sonoras (ultra-sons) quesão reflectidas na próstata eum computador usa os ecospara criar uma imagem - aecografia. A sonda permiteavaliar a glândula prostáticae identificar áreas específicaspara serem alvo de biópsia.Ela contém, ainda, um tubono seu interior - o guia daagulha – que é apontado parapartes específicas da prósta-ta, libertando uma agulhacom o objectivo de efectuarbiópsias de diferentes partesda glândula.

Incidência (morbilidade e mortalidade)O cancro da próstata atin-

ge os homens na sua fase

mais socialmente produtiva,ou seja, a partir da quinta dé-cada da vida (a partir dos 40anos), sendo que se verificaum aumento da patologiacom o avanço da idade. Aliás,ela manifesta-se em quase50% dos indivíduos com 80anos, sendo que não poupanenhum homem que vivaaté aos 100 anos.

Sabemos que 10% dos pa-cientes diagnosticados nosestágios A e B não necessitamde tratamento. 13% delesapresentam um carácter in-dolente, não se manifestan-do clinicamente – os seusportadores morreram com ocancro, mas não por causadele.

O cancro da próstata ma-nifesta-se em numerosos in-divíduos sem lhes causarqualquer problema: 24% doshomens entre os 60 e os 70anos apresentam focos can-cerosos e faleceram semdoença prostática aparente.Cerca de 11% apresentaram,em vida, problemas com ocancro da próstata. Com aprostatectomia radical, apro-ximadamente 15% dos ho-mens não atingem a cura.

A maioria dos casos deADC P localiza-se na parteposterior da próstata, pertodo recto.

Em Portugal, o cancro dapróstata mata aproximada-mente 1800 homens por ano.

Factores de riscoI -Factores hereditáriosOs antecedentes familia-

res aumentam a probabilida-de de desenvolver a doença ede esta ser mais precoce. Nosparentes de primeiro grau(pai ou irmão), os riscos au-

mentam 2,2 vezes quandoafectam um parente de pri-meiro grau; 4,9 vezes quandoatingem dois parentes de pri-meiro grau; e 10,9 vezesquando três parentes de pri-meiro grau sofrem de cancroda próstata.II - Factores Ambientais

ou DietéticosA incidência do cancro da

próstata é muito alta em paí-ses escandinavos, intermé-dia no Brasil e nos EstadosUnidos, e baixa em países doExtremo Oriente, diferençastalvez explicadas pelo consu-mo de gordura animal - a in-gestão de alimentos com altoteor de gordura é elevada naEscandinávia e baixa no Ex-tremo Oriente. Por outro la-do, sabemos que o cancro dapróstata é 10 vezes mais co-mum em norte-americanosdo que em japoneses resi-dentes no Japão; mas essa ta-xa torna-se equivalentequando falamos de japone-ses que vivem nos EUA. Po-demos, então, pensar que es-tes dados se explicam porfactores ambientais ou dieté-ticos, e não hereditários.

Diagnóstico Precoce do Cancro de Próstata ADC P por meio de Exame Preventivo Periódico (EPP)Este é o exame médico pe-

riódico a que todos os ho-mens com idades com-preendidas entre os 40 e os 45anos se devem submeter, nosentido de se diagnosticarprecocemente o cancro dapróstata (ADC P). Os homenscom antecedentes familiaresdesta doença devem realizaro EPP a partir dos 40 anos de

idade. Aos homens sem fac-tores de risco hereditários re-comenda-se o EPP a partirdos 45 anos.

Fases de Definição do EPP paradiagnosticar o Cancro da Próstata(ADC P).Numa primeira fase, deve

levar-se a cabo o Exame Pre-ventivo Periódico anual, ba-seado na Classificação Inter-nacional de Sintomas Prostá-ticos e nos Exames de ToqueRectal (DRE) e PSA Total. Poroutro lado, importa apostarna Educação para a Saúde.

Se o resultado for positivona primeira fase, a segundacompreenderá a obtençãode um diagnóstico, por meiode uma ecografia e uma bió-psia transrectais, também al-vo de classificação por etapase estádios.

A terceira fase é terapêuti-ca, dependendo do estádioverificado: se for A ou B, exis-te a hipótese de uma avalia-ção terapêutica radical (ci-rurgia ou radioterapia) ou deoutra terapêutica não radical.Se a classificação for de C ouD, a avaliação terapêutica épaliativa, envolvendo qui-mioterapia, radioterapia e ci-rurgia. A quarta fase refere-seao acompanhamento daevolução do paciente, con-trolando o nadir (ponto maisbaixo) de PSA ao longo de 5,10 e 15 anos: trimestralmenteno primeiro ano (se não va-riar); semestralmente no se-gundo e terceiro anos (se nãovariar); e anualmente, depoisdisso.

Tipos de Tratamentopor Estádios e EtapasCom base na avaliação do

estádio do cancro, é possíveldeterminar o tratamentomais apropriado. Podemosdividir o cancro da próstataem quatro estádios: A, B, C eD, ou I, II, III e IV, em que osestádios A e I correspondemao grupo de tumores locali-zados e de prognósticos maisfavoráveis; e os grupos D ouIV seriam os relativos aos ca-sos de cancro mais avançadoe de prognóstico mais grave.

Assim, nos estádios A e B,que atingem os lóbulos, asopções de tratamento po-dem incluir a cirurgia ou ra-dioterapia.

ETAPA I (Estádio A)Nesta fase, o tumor está

oculto, não sendo possíveldetectá-lo através do toque.O seu tratamento pode in-cluir observação cuidadosasem necessidade de trata-mento. Não provoca sinto-mas ou problemas. E/ou po-de ter um crescimento lento.Pode também ser propostaradioterapia, cirurgia (pros-tatectomia radical) e radiote-rapia após a cirurgia. Por ou-tro lado, são também usadasterapias radioactivas dentroou à volta do tumor, assimcomo formas de radioterapiacom novas técnicas de inves-tigação. Existem outras pro-vas clínicas.

ETAPA IIa (Estádio B) Nesta etapa, o tumor

apresenta dimensões muitodiminutas, mas pode ser de-tectado visualmente ou atra-vés do toque. Implica obser-vação cuidadosa sem trata-

Classificação Porcentagem Índice Gleason de Homens de crescimento

2-6 60% Médio

7 30 a 35% Rápido

8-10 10% Muito rápido

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21publicidadeJSA Maio 2014

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22 ONCOLOGIA Maio 2014 JSA

mento, caso não cause sinto-mas e apresente um ritmo decrescimento lento. Por outrolado, pode implicar radiote-rapia, cirurgia (prostatecto-mia radical), com ou sem dis-secção dos gânglios linfáticospélvicos, e radioterapia apósa cirurgia. Podem existirsubstâncias radioactivasdentro ou junto ao tumor,pelo que é importante reali-zar um ensaio clínico de ra-dioterapia com novas técni-cas, assim como outros en-saios clínicos, tais como a te-rapia hormonal seguida deprostatectomia.

ETAPAS IIb e IIc (Estádio B) Nesta etapa, o tumor está

confinado à próstata e podeser detectado visualmente ouatravés do toque. O seu trata-mento envolve prostatecto-mia radical, com ou sem téc-nica preservadora dos ner-vos; com ou sem dissecçãodos gânglios linfáticos pélvi-cos; e com ou sem radiotera-pia após a cirurgia. É possívelque também implique radio-terapia. Pode não se aplicarqualquer tratamento, apenasseguindo a situação de perto,se não apresentar sintomasou outros problemas e o seucrescimento for lento. O tra-tamento pode envolver subs-tâncias radioactivas coloca-das dentro ou junto ao tu-mor, assim como ensaios clí-nicos com novas técnicas deradioterapia ou ensaios clíni-cos mediante criocirurgia.Outros ensaios clínicos, co-mo terapia hormonal segui-da de prostatectomia, po-dem ser equacionados.

ETAPA III (Estádio C)O tumor localiza-se na ca-

mada exterior da próstata. Es-ta fase implica tratamento ra-dioterapêutico, nomeada-mente terapia hormonal e ra-dioterapia. Exige, ainda, ci-rurgia (prostatectomia radi-cal) e deve ser considerada adissecção dos gânglios linfá-ticos pélvicos e/ou a radiote-rapia após a cirurgia. É essen-cial que se proceda a uma ob-servação cuidadosa (sem ne-cessidade de tratamento), senão houver sintomas ou ocrescimento for lento.

De referir os tratamentospaliativos, que aliviam os sin-tomas do cancro (como asdores relacionadas com amicção, as dores ósseas, etc.).Neste caso, o paciente nãopode ser submetido a cirurgiaou radioterapia radical. Pode,contudo, receber radiotera-pia paliativa, terapia hormo-nal ou uma cirurgia RTU (res-secção transuretral). Existirãosubstâncias radioactivas den-tro ou à volta do tumor, peloque serão usadas ainda ou-tras provas clínicas e ensaios

clínicos de criocirurgia.

ETAPA IV (D) Neste estádio, o tumor

atinge órgãos adjacentes edistanciados da próstata. Otratamento baseia-se emhormonas e/ou na castração.O paciente poderia receberum dos seguintes tratamen-tos: terapia hormonal, radio-terapia e/ou cirurgia, de for-ma a aliviar os sintomas. De-ve ser observado cuidadosa-mente se existe uma doençamais grave, se não se revelamsintomas e se o tumor apre-sentar crescimento lento. Po-de haver lugar a uma or-quiectomia, assim como aum ensaio clínico de quimio-terapia sistémica.

Cancro de próstata recorrente ou recidiva O tratamento dependerá

de vários factores, não só dotratamento recebido ante-riormente. Assim, se o pa-ciente se submeteu a prosta-

tectomia e o cancro surge nu-ma área pequena, pode rece-ber radioterapia. Se o tumorse disseminou, deve usar-seterapia hormonal. É aindacomum a administração deradioterapia ou quimiotera-pia para aliviar sintomas co-mo dor nos ossos ou outras.Pode, também, realizar-seum ensaio clínico de quimio-terapia ou terapia biológica.

Resumo das TerapiasInvasivas no Cancro da Próstata 1.Prostatectomia Radical:

efectuada nos estádios A e B,apresenta como principaiscomplicações a incontinên-cia urinária, em 32% ou maisdos pacientes; e a perda dafunção sexual (25 - 90%). Nogeral, não se realizam prosta-tectomias radicais em pa-cientes com mais de 70 anos.

Universidade Johns Hop-kins, Memorial Sloan Kette-ring, Northwestern University

(Dr. Catalona), ClevelandClinic, Mayo Clinic, etc.2.A Criocirurgia ou Pros-

tatectomia por Congelação3.A Radioterapia, com

uma gama de métodos de

tratamento: a radioterapiaexterna, a braquiterapia esuas combinações, além dasterapias hormonais usadasantes, durante ou depois daRadioterapia.4.A Cirurgia Paliativa: a.Orquiectomia, o méto-

do mais simples e eficaz dereduzir as hormonas andro-génicas. Combinada com otratamento anti-androgéni-co, esta cirurgia melhorasubstancialmente a qualida-de de vida. A taxa média desobrevivência após a or-quiectomia é de 55% numperíodo de 40 meses; e pertode 25% dos pacientes sobre-vivem 5 anos ou mais. b.TURP, ou Ressecção

Transuretral da Próstata, é aextirpação ou abertura do ca-nal uretral prostático para ali-viar os transtornos da reten-ção urinária. Leva-se a caboquando o paciente não podeser submetido a prostatecto-mia radical devido à sua ida-de ou a outra enfermidade.

Prognóstico do Cancro da Próstata Após aterapia invasivaNum total de 1819 pacien-

tes submetidos a prostatecto-mia radical (746 casos), ra-dioterapia externa (340 ca-sos) e braquiterapia (732 ca-sos), verificou-se, após 10anos, que entre 80 a 90% dospacientes sujeitos a prosta-tectomia radical se curaram,sendo que 65 a 85 % dos queexperienciaram radioterapiaexterna também ficaram li-vres da doença no mesmoperíodo de tempo. Após seteanos e sem associação tera-pêutica, os três métodosmostraram os mesmos resul-tados (Cleveland Clinic e Me-morial Sloan Kettering).

A experiência e a capaci-dade do médico são muitomais importantes do que ométodo terapêutico que seutiliza.Tratamentos Hormonais do ADC PAvançado com Metástases e Recidiva ESTÁDIOS C e Da) Análogos da LH-RH,

hormona que controla a pro-dução da LH. A administra-

ção de um análogo da LH-RH bloqueia a produção detestosterona nos testículos. Otratamento com Zoladex(Goserelin) produz, na pri-meira semana, um aumentobrusco da testosterona, o quepode intensificar os sinto-mas. b) Anti-andrógenos são

substâncias que bloqueiam aacção da testosterona queainda circula no sangue. Uti-lizam-se no bloqueio andro-génico máximo (MAB): An-drocur – ciproterona; Fluta-mida.c) (MAB): Flutamida +

Goserelin d)Antagonista de LH-RH:

pode ser utilizado em vez doanálogo desta hormona (LH-RH), com algumas vanta-gens, como a não existênciada elevação transitória datestosterona que acompa-nha o início da terapêuticacom os análogos.e)Estrogénios: a hormo-

na feminina provou ser eficazna neutralização dos efeitosda testosterona e retardar ocrescimento do cancro dapróstata.f) Tratamentos Secundá-

rios: em caso de fracasso naterapêutica com hormonas,revelam-se importantes naprodução de estrogénios. g)Quimioterapia - os tra-

tamentos normais do cancromelhoram os sintomas, masnão necessariamente a so-brevivência. h)Corticosteróides, para

reduzir a dor e melhorar aqualidade de vida. Pode di-minuir os níveis de PSA e ele-var a sobrevivência.i)Imunoterapia: explora o

sistema imunológico para re-tardar ou interromper o cres-cimento maligno.j) Outros Agentesk)A terapia hormonal in-

termitente, que minimiza osefeitos colaterais da perda detestosterona e, ao mesmotempo, maximiza o efeito te-rapêutico da terapia hormo-nal, tem demostrado benefí-cios em termos psicológicos.

Todas as terapias de pri-vação androgénica aumen-tam o risco de osteoporose.

REFERÊNCIASDr. Francisco Estévez Carrizo. 2000. ME-DICINA GENERAL. 25: 568-572. MUSÉ, Ignacio e SABINI, Graciela, Revis-ta Médica del Uruguay. 2001; 17: 5.Radiotherapy Clinics of GeorgiaProstRcision en RCOG Teléfono Local: 404-320-1550 Línea Gratuita: 800-952-7687Grupo de Competências em PatologiaProstática da SEMG. Revista Médica delUruguay. 2001; 17: 10-16.Wilson J.M.G., Jungner G.: Principles andpractice of screening fordisease. PublicHealth Papers 34. Genebra. OrganizaciónMundial de la Salud, 1968.Consejo de Europa, Comité de Ministros:«On screening as a tool of preventive me-dicine», Recomendación nº R (94) 11, Es-trasburgo, Consejo de Europa, 1994.Centro internacional de investigación delcancro (International Agency for Re-search on Cancer). Bases de datos sobre aincidencia del cancer, EUCAN 1995 (da-dos extraídos a 13 de outubro de 1999).

Classificação Internacional

de Sintomas Prostáticos

Existem várias formas de avaliar de forma objectiva a sintoma-tologia desta patologia, sendo a mais utilizada a CISP – Classifi-cação Internacional de Sintomas Prostáticos, que consistenum conjunto de sete perguntas relacionadas com os sintomase uma pergunta sobre a qualidade de vida genérica.

1 - No último mês, quantas vezes ficou com a sensação denão esvaziar completamente a bexiga? 0 1 2 3 4 5(0 - Nenhuma | 1- Menos de 1 vez em 5 vezes)2 - No último mês, quantas vezes teve de urinar novamentemenos de duas horas após ter urinado?0 1 2 3 4 5(2- Menos de metade das vezes | 3- Metade das vezes | 4- Mais demetade das vezes | 5- Quase sempre)3 - No último mês, quantas vezes observou que, ao urinar,parou e recomeçou várias vezes?0 1 2 3 4 54 - No último mês, quantas vezes observou que foi difícil con-ter a urina?0 1 2 3 4 55 - No último mês, quantas vezes observou que o jacto uriná-rio estava fraco?0 1 2 3 4 56 - No último mês, quantas vezes em média teve de se levan-tar à noite para urinar?0 1 2 3 4 57 - No último mês, quantas vezes teve de fazer força para co-meçar a urinar?0 (nenhuma) 1 (1 vez) 2 (2 vezes) 3 (3 vezes) 4 (4 vezes) 5(5 vezes) Mediante a pontuação obtida, os sintomas podem ser classi-ficados da seguinte forma: — Sintomas Ligeiros: pontuação de 0 a 7.— Sintomas Moderados: pontuação de 8 a 19.— Sintomas Graves: pontuação superior a 20. A classificação deverá ser interpretada pelo seu médico.

Algas:são depurativas, ricasem minerais e vitaminas econtêm fibra. Recomenda-se para ajudar a eliminar osefeitos secundários do trata-mento com quimio e radio-terapia pelos seus efeitos re-forçativos do sistema imuni-tário. Arroz integral: contém ini-bidores da protéase, que pa-recem atrasar o apareci-mento do cancro o resvera-trol. No farelo de arroz exis-tem substâncias anti-cance-rígenas que parecem prote-ger do cancro do cólon, damama e da próstata.Frutos secos: as nozes, ave-lãs, amêndoas e sementesde girassol: fonte de vitami-nas B e E, assim como de mi-nerais como o magnésio,manganésio, selénio e zin-co. Com uma pequenaquantidade garante-se umbom aporte de antioxidan-tes.Soja:os alimentos que con-têm isoflavonas inibem aprodução de testosterona eretardam o crescimento dotumor.As gorduras:é recomendá-vel ingerir alimentos combaixo teor de gordura ani-mal, na proporção de ape-nas 15% do total de calorias. A ingestão abundante de to-mate (pró-vitamina A) eseus derivados diminuiria

em 35% os riscos de cancroda próstata, de acordo coma Universidade de Harvard. — Vitamina E (800 mg aodia). — Selenium (200 µg ao dia),por recomendação do Me-morial Sloan Kettering Can-cer Center, em Nova Iorque. — Finasterida, substânciaanti-androgénica, ajuda naprevenção dos tumores ma-lignos da próstata, segundoo National Cancer Institute,nos Estados Unidos.Cartilagem de tubarão:assuas propriedades anti-an-giogénicas ajudam a preve-nir que os vasos sanguíneosalimentem os tumores, difi-cultando o seu crescimento. A semente de abóbora(muteta) pode ter acção be-néfica pelas suas proprieda-des anti-inflamatórias e des-congestionantes da prósta-ta.O chá verde, assim como opreto, pode atrasar o cresci-mento das células cancerí-genas, de acordo com o Ex-perimental Biology 2004, daSociedade Americana deCiências Nutricionais.O vinho tinto contém resve-ratrol, que diminui e/ouatrasa o aparecimento docrescimento do cancro. Osmédicos recomendam queos homens se limitem a umamédia de dois copos por dia.

Recomendações alimentares preventivas para o cancro da próstata

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24 RESPONSABILIDADE SOCIAL Maio 2014 JSA

Chama-se Nilson. Não temapelido, como nos confessou.Tem 16 anos. Frequenta a 9ªclasse. Vive no bairro do Cam-biote, subúrbios do Huambo."Há três anos disseram-meque havia a possibilidade detreinar". E começou. Com de-terminação. Todos os dias.Hoje é campeão! Foi o segun-do melhor marcador no cam-peonato nacional de juvenispelo Petro Atlético do Huam-bo. "Os meus colegas ficaramfelizes", disse-nos.

Palestras sobre éticaA história podia ficar por

aqui. Mas não fica. O mais re-levante é que, ao mesmo tem-po em que joga à bola, fre-quenta palestras sobre ética,moral e saúde. "Aprendi acomportar-me, a respeitar os

mais velhos e a prevenir-medo VIH/Sida", revelou-nossem complexos.

Esta é uma história verídi-ca. E só foi possível graças aoprojecto "Futebol e Cidada-nia" dirigido à inclusão socialde crianças e adolescentes,promovido pelo Petro Atléticodo Huambo e patrocinadopela BP Angola. Segundo oseu mentor, José Muluzi, oprojecto “Futebol e cidada-nia” objectiva, para além daocupação dos tempos livres,motivar e inculcar nas mentesdos jovens valores de morali-dade e comportamento deum verdadeiro cidadão e pro-mover o desenvolvimento dasua consciência. E os resulta-dos são animadores. “Emconversas que temos manti-do com os seus pais e encarre-gados de educação, estes ma-

nifestam satisfação por nota-rem que, ao nível de compor-tamento em casa e relaçãocom os amigos, os petizes me-lhoraram bastante: não di-zem obscenidades, sabem re-lacionar-se com os outros e aimportância de não deitaremlixo na rua, por exemplo”, ga-rante.

Selecção nacional e carreira internacional"Quero jogar na selecção

nacional e seguir uma carreirainternacional", sublinha Nil-son. Nesta frase demonstra,porventura sem ainda saber,duas características dos cam-peões: querer ser um vence-dor e acreditar em si próprio.

E, com os ensinamentosque recebe em simultâneoaos treinos, aprenderá certa-mente que na vida de umcampeão sempre haverá al-gumas derrotas, assim comona vida de um perdedor sem-pre haverá vitórias. A diferen-ça está em que, enquanto oscampeões crescem nas derro-tas, os perdedores acomo-dam-se com as vitórias.

Não é todos os dias que se vê um jovem de um bairro popular

dos subúrbios de uma cidade de província, saído do nada, come-

çar a treinar futebol e, em menos de três anos, consagrar-se co-

mo o segundo melhor marcador no campeonato nacional de

juvenis.

Como se fazem os campeõesProjecto "Futebol e Cidadania"já começou a dar frutos

Governador da província enaltece iniciativa

O governador de Benguela, Isaacdos Anjos, inaugurou a exposiçãotecnológica "Mundo BP - umaemocionante viagem ao mundo dopetróleo e do gás", em 16 de Maio,na Mediateca da capital da provín-cia.

O objectivo do evento - que de-correu até ao dia 21 - foi o de mos-trar à população as avançadas tec-nologias usadas na pesquisa e ex-tracção de petróleo, como se garan-te a segurança, a protecção ambien-tal, quais os recursos humanos ne-cessários e, ainda, quais os projec-tos sociais em benefício das comu-nidades.

O evento antecedeu a consultapública sobre o programa de perfu-ração exploratória do Bloco 24, naregião costeira de Benguela, que serealizou no dia 21.

"Somos todos estudantes""Nesta viagem ao mundo do pe-

tróleo e do gás somos todos estu-dantes" afirmou o governador deBenguela, Isaac dos Anjos, no acto

oficial de inauguração. "Eu próprioestou interessado em saber comooperam em águas profundas parapodermos esclarecer a populaçãode Benguela em várias ocasiões",referiu. Agradeceu à BP esta inicia-tiva que considerou"louvável poisvai permitir um melhor conheci-mento do que será o futuro".

Por sua vez, o Vice-presidentepara área de Comunicação e Rela-ções Externas da BP Angola, Paulo

Pizarro, falando na cerimónia deabertura, fez uma breve caracteri-zação da empresa a nível mundial,em Angola e descreveu sumaria-mente os conteúdos da exposição."Consideramos importante que aspessoas saibam como funciona aindústria do petróleo, como é feita asísmica, a prospecção, o desenvol-vimento, a produção, a comerciali-zação do petróleo e gás, as oportu-nidades que há para quadros e em-

presas angolanas e quais os benefí-cios para o país e suas comunida-des".

De acordo com Paulo Pizarro"embora a maior parte da produçãopetrolífera esteja localizada na ba-cia do baixo Congo, as empresasoperadoras estão já a iniciar os seusprogramas de prospecção nas ba-cias do Kwanza e de Benguela".Concretamente, a BP "vai iniciar oseu programa prospecção no Bloco

24, com a Sonangol Pesquisa e Pro-dução como parceiro, o qual se si-tua em águas profundas de Ben-guela. Já fizemos o estudo de im-pacto ambiental, como manda a lei,e vamos fazer a consulta pública nodia 21", concluiu.

A exposição recebeu a visita demilhares de pessoas, em particularde jovens estudantes que foramguiados e elucidados por técnicosda BP presentes no local.

BP organizou exposição tecnológica em BenguelaCom um objectivo informativo e educativo

Nilson joga futebol e

frequenta palestras

sobre ética, moral

e saúde

O certame recebeu a visita de milhares de pessoas, em particular de jovens

estudantes do secundário, politécnico e universitário

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26 RESPONSABILIDADE SOCIAL Maio2014 JSA

Em Angola, a malária é en-démica nas 18 províncias doPaís e continua a ser a pri-meira causa de morte. Omaior índice de transmissãoregista-se nas províncias donorte do país como Cabin-da, Uíge, Malange, CuanzaNorte, Lunda Norte e LundaSul.

Segundo o Programa Na-cional de Controlo da Malá-ria, a doença representa cer-ca de 35% da demanda decuidados curativos, 20% deinternamentos hospitalares,40% das mortes perinatais e

25% de mortalidade mater-na.

Para a prevenção destadoença, é necessário fazer ocontrolo do vector da malá-ria, reduzindo tanto o nu-mero, como a taxa da infec-ção parasitária do caso clíni-co, controlando o mosquitoportador da malária e assimreduzindo e/ou interrom-pendo a transmissão dadoença.

Nesta senda, o Projectode Aproveitamento Hidroe-léctrica de Laúca, em parce-ria com as administrações

municipais de Cambambe eCacuso, promoveu, de 23 a25 de Maio, uma campanhade prevenção contra a ma-lária.

A campanha foi realizadaem 11 aldeias que se encon-tram no entorno da obra. Oevento serviu para sensibili-zar as populações destas al-deias sobre a necessidade dese prevenir contra o mosqui-to usando repelentes, oumosquiteiros impregnados,bem como a limpeza dasáreas onde moram. Duranteos três dias de campanha fo-

ram ao terreno 15 técnicos emédicos providenciados pe-los municípios de Cacuso eCambambe e cerca de 52 vo-luntários, dos quais 40 daOdebrecht e 12 das empre-sas subcontratadas, nomea-damente da Epos, Intertec,Hulesi e Angoreal.

As equipas apoiaram arealização de palestras, dis-tribuição de mosquiteirosimpregnados, testes rápi-dos, vacinas em crianças de0-10 anos de idade e em mu-lheres grávidas, consultaspediátricas e clínica geral.

De acordo com a Organiza-ção Mundial da Saúde, a malá-ria afecta 300 milhões de pes-soas em todo o mundo. Todosos anos, cerca de meio milhãode casos de malária são diag-nosticados, matando entreum e três milhões de pessoas.A maior parte das vítimas écomposta por crianças me-nores de 5 anos na África Sub-saariana.

Odebrecht combate a maláriajunto das comunidades

Resultados alcançados

No total foram realizados:

612 testes rápidos. Destes

168 foram positivos

(27,4%) e 444 negativos

(72,6%);

300 mosquiteiros

impregnados distribuídos;

600 folhetos informativos,

700 camisolas

e 200 bonés;

273 crianças vacinadas

(sarampo, febre amarela,

BCG, pentavalente

e pneumo);

158 crianças de 0 - 10

anos de idades atendidos

na consulta pediátrica :

Tipos de Patologias

Malária

71 casos

Parasitária intestinal

33 casos

Infecções respiratórias

agudas

35 casos

Patologias inespecíficas

19 casos

Assistência medicamento-

sa foi feita de acordo com

o tipo de patologia e os ca-

sos positivos de malária

foram tratados com Coar-

tem de acordo com a faixa

etária do paciente.

Em 11 aldeias na hidroeléctrica de Laúca

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27publicidadeJSA Maio 2014

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Tal como já referido, aPHDA é uma doença cróni-ca não existindo cura outratamento eficaz: dietassem açúcar, doses exagera-das de vitaminas entre ou-tras teorias semelhantesnão passam de mitos.Devido à heterogeneida-

de de crianças com com-portamentos hiperactivosconsidera-se que a melhordas terapias é a multidisci-plinar apesar de existir con-sensualidade ao se afirmarque o tratamento farmaco-lógico bem como a terapiade comportamento costu-mam ser os mais eficazes.

Os tratamentos mais frequentes para a PHDA são: 1)Tratamento compor-

tamental – assente em téc-nicas de mudança da con-duta.O objectivo das terapias

comportamentais é o de re-duzir a frequência de com-

portamentos inadequadose aumentar a frequência decomportamentos deseja-dos. As estratégias de modifi-

cação do comportamentohabitualmente mais usadastêm por objectivo induzirrespostas adequadas, isto é,aumentar probalidade deque um comportamentodesejável se repita e dimi-nuir a probalidade de apa-recimento de comporta-mentos inadequados, le-vando-os à extinção. Segundo Vásquez (1993,

cit. in Bautista, 1997), é ain-da recomendado que àcriança seja facultado umambiente de aprendizagemestruturado, treino de rela-xação (que a ensine a con-trolar-se), actividades quedesenvolvam o seu nível deatenção/concentração e jo-gos educativos.

2) Tratamento cogniti-vo-comportamental – ba-seado em técnicas cogniti-vas e comportamentais queajudam a fomentar o auto-controlo. Pretendem fo-mentar uma maior interio-rização das normas, maiorplanificação das tarefas emaior auto-controlo, sendoalgumas delas: o treino decomportamentos sociais, oprograma de auto-controlode kendall, a aprendizageme o treino da auto-aprendi-zagem de Meichembaum ea técnica da tartaruga de

Schneider & Robin. Quan-do combinadas com o tra-tamento farmacológico têmmais sucesso (Bautista,1997).

3)Tratamento farmaco-lógico – baseado em psico-fármacos.

A PHDA é caracterizadapor um abrandamento daactividade do cérebro pro-vocada pela dificuldade dascélulas cerebrais segregaremum transmissor neural. Co-mo tal, uma forma de tratareste distúrbio será actuar so-bre as células cerebrais. É

justamente por esta razãoque se usam medicamentosque intervêm positivamentena atenção continuada e napersistência nas actividades,sendo os mais utilizados osestimulantes, os tranquili-zantes e os antidepressivos(Bautista, 1997).As crianças medicadas,

na maior parte das vezes, fi-cam menos impulsivas,menos agressivas, fazemmenos ruído, têm menosproblemas de adaptação emenos atitudes destrutivas,por isso se percebe o por-quê de cada vez mais se op-tar por esta alternativa. No entanto, contraria-

mente ao que se possa pen-sar, a medicação não lhesaumenta a inteligência, “…mas sim a capacidade deaprendizagem e a capaci-dade de evocação e reme-moração.” (Lopes, 2003:241).No que diz respeito a

efeitos secundários, estesestão relacionados com asdoses que cada criança to-ma, ou seja, quanto maior adose maior a probabilidadede surgirem efeitos colate-rais. Lopes (2003), apontacomo alguns desses efeitosa diminuição do apetite, in-sónias, tiques nervosos epsicose temporária.

Importa salientar quenem todas as crianças hipe-ractivas têm de ser obriga-toriamente medicamenta-das, devendo a prescriçãomedicamentosa ser realiza-da apenas quando a criançaesteja em situação de fra-casso escolar relativo ou defracasso social.Nesta mesma perspecti-

va Schweizer & Prekop(2005), apresentam formasde psicoterapia comple-mentares, tais como: -Terapia do apego– acom-panhamento terapêuticocom vista ao expressar desentimentos de aversão pe-la criança, bem como, re-solver conflitos de interac-ção familiar;- Terapia familiar sistémi-ca – acompanhamento te-rapêutico que procura re-solver os problemas dacriança partindo do pressu-posto que estes têm origemno seio familiar (problemasde comunicação intra-fa-miliar);- Cinesiterapia– tratamen-to que procura melhorar ainterligação entre o hemis-fério direito e o hemisférioesquerdo;- Terapia pelo jogo – assen-te na psicanálise e com umaperspectiva lúdica, a crian-ça é envolvida no jogo co-

lectivo para que desenvolvacompetências relativas àaquisição de regras/rotinas,desenvolva a área da socia-lização bem como a auto-estima;- Musicoterapia – terapiaque procurará desenvolver,através da música, dos seuselementos constituintes eda dança (expressão corpo-ral), a percepção, a atençãoe a concentração. Possibili-ta ainda à criança o desen-volvimento da capacidadede comunicação, auto-esti-ma, criatividade, motricida-de, coordenação motora,socialização e organização. - Psicomotricidade – visamelhorar a habilidade mo-tora, a organização do es-quema corporal, o compor-tamento social e o desen-volvimento da personalida-de.

Referência bibliográfica:— Bautista, R. (1997). Ne-cessidades Educativas Es-peciais. Lisboa: Dinalivro.— Falardeau, G. (1999). AsCrianças Hiperactivas.Mem Martins: CETOP.— Lopes, J. (2003). A Hipe-ractividade. Coimbra:Quarteto.— Schweizer, C. & Prekop, J.(2005). Crianças hiperacti-vas. Porto: Âmbar.

28 Hiperactividade Maio 2014 JSA

Intervir na Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção

AnA RitA Alves

Docente de educação especial

e Formadora

No artigo anterior debruça-

mo-nos sobre o que é a

PHDA e quais as suas princi-

pais características. Hoje re-

portamo-nos a várias formas

de intervenção.

“Todo o comportamento é comunicação! É impossível deixar de comunicar! (…) O silêncio, arecusa de prestar atenção ao outro, o cortar a palavra contém em si o valor de uma mensagem.Difícil se torna por vezes compreender a mensagem (…). Mais difícil ainda é descodificá-lanum contexto relacional, que garanta a transmissão e a retransmissão desta mesma mensa-gem”. (Falardeau, 1999:8)

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29publicidadeJSA Maio 2014

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30 Terapia da Fala Maio 2014 JSA

O principal objectivo do tra-balho entre terapeutas da fa-la e ortodontistas é a resolu-ção de problemas do siste-ma estomatognático, queengloba um conjunto de es-truturas orais que desenvol-vem funções comuns com aconstante participação damandíbula. Este sistemamostra-nos claramente anecessidade de um trabalhoconjunto entre estes doistécnicos, pois dele fazemparte dois grupos de estrutu-ras: as estáticas/passivas(dentes, maxila, mandíbulae ossos cranianos) e as dinâ-micas/activas (músculosmastigatórios, supra e infra-hioideus, cervicais, faciais elinguais). Equilibradas econtroladas, elas serão res-ponsáveis pelo funciona-mento harmonioso da face(Marchesan, 2005). As estru-turas passivas serão respon-sáveis pela forma e as estru-turas activas serão responsá-veis pela função, sendo queexiste uma relação constan-te entre forma e função. Paraas relacionar, é necessárioexistir um conhecimentoprévio do crescimento, de-senvolvimento e relação en-tre as estruturas do sistemaestomatognático, assim co-mo da relação entre as dife-rentes estruturas e funções.É essencial, ainda, relacio-nar as características cranio-faciais (oclusão, tipo de face)com o padrão muscular. As funções do sistema es-

tomatognático são compor-tamentos realizados a partirdas estruturas que com-põem este sistema. Assim,uma alteração nestas estru-turas pode conduzir a altera-ções ao nível da deglutição,respiração, mastigação, falae sucção.

Hábitos orais deletérios/ nocivos:

— sucção digital ( chucharno dedo)— sucção labial— sucção lingual— uso prolongado de chu-peta e/ou biberão— onicofagia (roer asunhas) — alimentação pastosaprolongada— bruxismo (hábito deranger os dentes)— briquismo (hábito deapertar os dentes)Estes hábitos poderão

influenciar negativamenteo desenvolvimento da face,a forma das arcadas dentá-rias e conduzir, igualmente,a alterações na fala, masti-gação, deglutição e respira-ção. Deste modo, é impor-

tante o trabalho conjuntoentre ortodontista e tera-peuta da fala nas alteraçõesdas funções do sistema es-tomatognático, na medidaem que o ortodontista de-verá ser o responsável peloacompanhamento cranio-facial e pelas alteraçõesoclusais (sendo importanteter em conta as recidivas),enquanto o terapeuta da fa-la será o responsável pelaterapia mio funcional, quepermitirá a reeducação dasestruturas oro-faciais (for-ma) e, consequentemente,das funções estomatogná-ticas (função).

Já ouviram falar em recidivas pós-tratamento ortodôntico? Já todos nós ouvimos co-

mentários do tipo: “Afinal oaparelho não resultou”, ou“assim que retirei o apare-lho voltou tudo ao mesmo”.

Nessa situação, o tera-peuta da fala, em conjuntocom a equipa médica, tra-balha para resolver a maiorparte dos problemas rela-cionados com o posiciona-mento de língua em repou-so ou na fala, problemas derespiração oral, deglutiçãoinfantil ou atípica, altera-ções de mastigação e ou-tros hábitos nocivos que ac-tuam de forma oposta à doaparelho.O trabalho conjunto en-

tre o ortodontista, o otorri-nolaringologista e o tera-peuta da fala é fundamen-tal para que exista sucessono tratamento ortodôntico.Em tom de conclusão,

pode referir-se que as fun-ções trabalhadas na Tera-pia da Fala, como a respira-ção, a mastigação, a deglu-tição e a fala podem interfe-rir com a arcada dentária.Em contrapartida, conside-ra-se que as alterações es-truturais da arcada dentá-ria podem interferir no de-sempenho destas funções. Tendo em conta tudo o

que foi referido, torna-sefundamental uma relaçãoentre dois especialistas demodo a subsistir um ade-quado equilíbrio entre for-ma e função, verificando-seresultados estéticos e fun-cionais harmónicos e está-veis.

A importância de um trabalho em conjunto

Terapia da Fala e Ortodontia

Vanda Sardinha

Terapeuta da Fala

[email protected]

Não

vale a pena

"colocar os dentes

no devido lugar" se os

problemas que levaram

às alterações dentárias

continuam lá depois

de retirarem o

aparelho.

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31publicidadeJSA Maio 2014

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32 avc Maio 2014 JSA