o Castigo Eterno

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O castigo eterno Samuel J. McBride, Irlanda do Norte Introdução Talvez não haja outra doutrina nas Escrituras que tem produzido tanta oposição como o ensino de que o castigo eterno é o destino de todos os que deixam este mundo sem a salvação. Não ficamos surpreendidos quando vemos ateus e agnósticos mostrando esta oposição, mas é alarmante ver um aumento nos ataques verbais de entre os assim chamados evangélicos. O ataque moderno contra esta doutrina fundamental não é novo, mas recicla erros antigos e sofismas que prevaleciam no século XIX. Naquele tempo o erro geralmente chamado “a esperança maior” foi efetivamente combatido por muitos escritores que reconheceram o perigo de diluir o que o Espírito de Deus fala sobre este assunto, e durante muitas décadas as igrejas locais se beneficiaram da herança escrita que foi deixada por autores como F. W. Grant, Sir R. Anderson e W. Hoste, cujas publicações sobre este assunto merecem ser relidas. Não é o propósito deste estudo falar sobre as doutrinas falsas. O nosso alvo é investigar algumas das Escrituras que ratificam esta doutrina. Em livros teológicos este assunto é chamado “Escatologia Pessoal”, ist o é, a doutrina das últimas coisas que pertencem ao destino pessoal e não ao destino nacional. Os erros sobre este assunto são muito antigos. De fato, o primeiro propagador foi o próprio Satanás quando, falando com Eva, ele discordou de Deus e disse: “Nã o morrerás”. A civilização antediluviana era caracterizada por uma atitude materialista para com Deus e as coisas espirituais, e zombava das idéias de recompensa ou castigo futuro (Gn 4:19-24; Jó 22:15-17). Mais tarde, no reino de Judá, havia uma cultura hedonista reforçada pelos pseudo-profetas que proclamavam mensagens consoladoras falsas de paz e imunidade contra castigo futuro (Jr 23:17, 38-40). Tais profetas são avisados da vergonha e desgraça eterna que receberão, semelhante aos avisos finais em Apocalipse 22, sobre os que tiram palavras das profecias de Juízo. Os saduceus eram uma seita dos judeus muito influente no tempo do Novo Testamento, que rejeitavam com veemência qualquer possibilidade de ressurreição. Vamos considerar isto mais tarde. Quando Paulo visitou Atenas em Atos 17, ele encontrou pessoas gentias intelectuais, algumas das quais consideravam esta verdade sobre juízo futuro e ressurreição um assunto de zombaria. “E, como ouviram da ressurreição dos mortos, uns escarneciam” (At 17:32). Principais referências no Velho Testamento No Velho Testamento, o ensino sobre morte e a vida depois da morte é evidente, embora os detalhes não sejam muitos nos primeiros livros. Não há dúvida que os mortos ímpios não são simplesmente aniquilados ou colocados em algum tipo de “sono da alma”. Um juízo futuro os espera, e até aquele tempo estão mantidos numa prisão, às vezes chamado “a cova”, que pertence ao Seol (a palavra do Velho Testamento para descrever o destino das almas depois da morte). Estas referências à prisão, no Velho Testamento, devem ser levadas a sério, como afirmações exatas, porque esta linguagem é aprovada pelo Novo Testamento. Há evidência suficiente de que os salvos do Velho Testamento esperavam uma ressurreição corporal, e enquanto esperavam estariam num lugar de conforto onde teriam existência consciente não um sono da alma. As advertências divinas contra a prática proibida de necromancia (Dt 18:9-12) apresentam uma prova indireta, mas importante, de que desde o começo de Israel havia uma crença firme na existência consciente contínua dos seres humanos depois da morte. Aniquilação, ou sono da alma,

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A GLÓRIA DA SUA GRAÇA

Transcript of o Castigo Eterno

  • O castigo eterno

    Samuel J. McBride, Irlanda do Norte

    Introduo

    Talvez no haja outra doutrina nas Escrituras que tem produzido tanta oposio como

    o ensino de que o castigo eterno o destino de todos os que deixam este mundo sem a

    salvao. No ficamos surpreendidos quando vemos ateus e agnsticos mostrando esta

    oposio, mas alarmante ver um aumento nos ataques verbais de entre os assim

    chamados evanglicos. O ataque moderno contra esta doutrina fundamental no novo,

    mas recicla erros antigos e sofismas que prevaleciam no sculo XIX. Naquele tempo o

    erro geralmente chamado a esperana maior foi efetivamente combatido por muitos escritores que reconheceram o perigo de diluir o que o Esprito de Deus fala sobre este

    assunto, e durante muitas dcadas as igrejas locais se beneficiaram da herana escrita

    que foi deixada por autores como F. W. Grant, Sir R. Anderson e W. Hoste, cujas

    publicaes sobre este assunto merecem ser relidas.

    No o propsito deste estudo falar sobre as doutrinas falsas. O nosso alvo

    investigar algumas das Escrituras que ratificam esta doutrina. Em livros teolgicos este

    assunto chamado Escatologia Pessoal, isto , a doutrina das ltimas coisas que pertencem ao destino pessoal e no ao destino nacional.

    Os erros sobre este assunto so muito antigos. De fato, o primeiro propagador foi o

    prprio Satans quando, falando com Eva, ele discordou de Deus e disse: No morrers. A civilizao antediluviana era caracterizada por uma atitude materialista para com Deus e as coisas espirituais, e zombava das idias de recompensa ou castigo

    futuro (Gn 4:19-24; J 22:15-17). Mais tarde, no reino de Jud, havia uma cultura

    hedonista reforada pelos pseudo-profetas que proclamavam mensagens consoladoras

    falsas de paz e imunidade contra castigo futuro (Jr 23:17, 38-40). Tais profetas so

    avisados da vergonha e desgraa eterna que recebero, semelhante aos avisos finais em

    Apocalipse 22, sobre os que tiram palavras das profecias de Juzo.

    Os saduceus eram uma seita dos judeus muito influente no tempo do Novo

    Testamento, que rejeitavam com veemncia qualquer possibilidade de ressurreio.

    Vamos considerar isto mais tarde. Quando Paulo visitou Atenas em Atos 17, ele

    encontrou pessoas gentias intelectuais, algumas das quais consideravam esta verdade

    sobre juzo futuro e ressurreio um assunto de zombaria. E, como ouviram da ressurreio dos mortos, uns escarneciam (At 17:32).

    Principais referncias no Velho Testamento

    No Velho Testamento, o ensino sobre morte e a vida depois da morte evidente,

    embora os detalhes no sejam muitos nos primeiros livros. No h dvida que os mortos

    mpios no so simplesmente aniquilados ou colocados em algum tipo de sono da alma. Um juzo futuro os espera, e at aquele tempo esto mantidos numa priso, s vezes chamado a cova, que pertence ao Seol (a palavra do Velho Testamento para descrever o destino das almas depois da morte). Estas referncias priso, no Velho

    Testamento, devem ser levadas a srio, como afirmaes exatas, porque esta linguagem

    aprovada pelo Novo Testamento.

    H evidncia suficiente de que os salvos do Velho Testamento esperavam uma

    ressurreio corporal, e enquanto esperavam estariam num lugar de conforto onde

    teriam existncia consciente no um sono da alma. As advertncias divinas contra a prtica proibida de necromancia (Dt 18:9-12) apresentam uma prova indireta, mas

    importante, de que desde o comeo de Israel havia uma crena firme na existncia

    consciente contnua dos seres humanos depois da morte. Aniquilao, ou sono da alma,

  • tornaria esta prtica do oculto impossvel, e o triste exemplo da consulta do rei Saul

    com a feiticeira de Endor (I Sm 28:7) uma prova impressionante da existncia

    consciente contnua das almas depois da morte. Para os injustos, a condio ps-morte

    mesmo para um gentio mpio era entendida como terrivelmente diferente daquela dos justos, como a exclamao de Balao demonstra: Que a minha alma morra a morte dos justos, e seja o meu fim como o seu (Nm 23:10). Esta exclamao seria desnecessria e sem sentido se fosse meramente uma referncia morte do corpo, que

    era igualmente inevitvel para o justo.

    O cntico de Moiss faz uma ameaa terrvel de castigo futuro sobre a parte incrdula

    da nao de Israel, que descrita como gerao perversa, filhos em quem no h lealdade. Parte do castigo temporrio, mas importante notar a referncia ao fogo do inferno, que vai muito alm do alcance de retribuio meramente terrena. Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arder at ao mais profundo do inferno [seol] (Dt 32:22). Esta uma das primeiras aluses idia de que no Seol h diviso, e condies

    diferentes para os mortos justos e mpios.

    A profecia de Isaas d informaes interessantes sobre as condies dos mpios

    depois da morte. O destino do rei da Babilnia revelado nas palavras solenes: O inferno desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda;

    despertou por ti os mortos Estes todos respondero, e te diro: Tu tambm adoeceste como ns, e foste semelhante a ns? (Is 14:9-10). A existncia consciente do indivduo sua capacidade para lembrar e falar so demonstradas nesta passagem. No podemos tentar escapar das realidades terrveis desta e de outras passagens semelhantes,

    dizendo que a linguagem usada hiprbole potica para o sepulcro, pois esta passagem

    claramente exclui tal interpretao. Porm tu s lanado da sua sepultura, como um renovo abominvel como um cadver pisado (Is 14:19). Assim, aqueles versculos anteriores sobre as condies no Seol no podem ser somente uma figura potica sobre

    o sepulcro, pois o rei da Babilnia compartilha Seol com estes outros, mesmo sem ser

    sepultado. Outra passagem semelhante sobre a runa de Tiro declara: Ento te farei descer com os que descem cova, ao povo antigo, e ti farei habitar nas mais baixas

    partes da terra, em lugares desertos antigos, com os que descem cova (Ez 26:20). Aqui notamos que a cova j tem habitantes desde tempos imemorveis, antes de

    Ezequiel. Tambm inaceitvel considerar que esta passagem seja meramente outra

    referncia ao sepulcro.

    O castigo futuro uma doutrina explicitamente afirmada na seguinte passagem, que

    combina exatamente com os acontecimentos profetizados mais detalhadamente em

    Apocalipse 20: E ser naquele dia que o Senhor castigar os exrcitos do alto nas alturas, e os reis da terra sobre a terra. E sero ajuntados como presos num crcere; e

    outra vez sero castigados depois de muitos dias (Is 24:21-22).

    Outra profecia sobre a runa de um futuro lder mpio chamado o rei (considerado corretamente como uma profecia sobre a runa do Anticristo) nos diz: Porque Tofete j h muito est preparada; sim, est preparada para o rei; ele a fez profunda e larga; a sua

    pira de fogo, e tem muita lenha; o assopro do Senhor como torrente de enxofre a

    acender (Is 30:33). Esta a primeira referncia ao que, no Novo Testamento, conhecido como o Lago de Fogo.

    Estas trs referncias profticas em Isaas 14, 24 e 30 tratam de lderes mpios

    futuros. Mas, e o futuro de pessoas comuns? O destino daqueles que seguem lderes

    mpios no diferente. A lamentao futura da maioria mpia em Israel tambm

    distintamente profetizada. Isso trata do tempo tempestuoso quando a aliana feita entre

    Israel e o Anticristo se mostrar falsa, e um refgio ftil de mentira. Os pecadores de

  • Sio se assombraram, o tremor surpreendeu os hipcritas. Quem dentre ns habitar

    com o fogo consumidor? Quem dentre ns habitar com as labaredas eternas? (Is 33:14).

    Antigamente, os pregadores do Evangelho aplicavam este versculo, e outros

    semelhantes, com grande efeito. O versculo avisa que no haver escape e que o fogo

    eterno algo que s de pensar amedrontador. Destas passagens, vemos que os seguidores do Anticristo compartilharo neste seu destino terrvel para sempre, um fato

    que repetido mais explicitamente no Novo Testamento.

    A ltima passagem do Velho Testamento a ser considerada Daniel 12:1-3. Aqui

    temos uma explicao das mais claras possveis sobre o futuro dos justos e dos mpios.

    Ambos experimentam a ressurreio corporal, e ambos entram numa condio eterna.

    Enquanto os justos tm vida eterna, para os mpios haver vergonha e desprezo eterno.

    O desprezo eterno (horror eterno, ARA) refere-se condio repugnante dos mpios eternamente, e a mesma palavra traduzida horror em Isaas 66:26 de fato, Daniel 12:3 provavelmente uma aluso direta. A irreversibilidade desta terrvel runa nos

    lembra que a condio do indivduo permanente. Quem injusto, faa injustia ainda; e quem est sujo, suje-se ainda (Ap 22:11). No estado eterno no haver melhora nem transformao.

    Principais palavra bblicas relacionadas ao inferno

    Deixando o Velho Testamento vamos agora considerar as palavras principais usadas

    no Novo Testamento sobre o destino de pessoas no salvas depois da sua morte.

    Seol

    Seol a palavra principal do Velho Testamento. Na traduo grega do Velho

    Testamento, a Septuaginta (LXX), Seol no traduzida sepulcro, e tambm a palavra hebraica para sepulcro no traduzida Hades. Para chegar a Seol preciso descer. Era o destino comum de todos os mortos. Entretanto, h indcios de que no Seol havia

    diversidade nas condies dos justos e dos mpios mortos. O fogo da ira de Deus

    ligado com o mais profundo Seol (Dt 32:22). Os justos e os mpios so vistos como

    totalmente distintos na ressurreio, em Daniel 12:2, pressupondo fortemente que se o

    destino eterno caracterizado por uma to grande distino, tambm haveria certamente

    uma distino semelhante no estado intermedirio (Seol). Esta distino revelada em

    Isaas 57: onde, em relao morte do justo, aprendemos que entrar em paz; descansaro nas suas camas, os que houverem andado na sua retido (v. 2). No ser assim para os mpios, pois o mesmo captulo nos informa: no h paz para os mpios, diz meu Deus (v. 21). Intimamente ligado com Seol est a palavra destruio (Abaddon), que uma palavra to importante que repetida tanto no hebraico como no

    grego em Apocalipse 9:11, onde usada para personificar o anjo do poo do abismo.

    Tambm em J 31:12 est associada com fogo que consome at perdio. No

    podemos dar aqui mais detalhes sobre as diferenas entre os justos e os mpios no Seol.

    Hades

    Hades a palavra grega usada na traduo Septuaginta para Seol, e a palavra do

    Novo Testamento que geralmente traduzida inferno. Hades o lugar onde o rico em Lucas 16 se encontrava depois da sua morte, e os pecadores ficam ali at que a morte e

    o inferno (hades) sero finalmente lanados para dentro do lago de fogo, depois do juzo

    do Grande Trono Branco em Apocalipse 20 um novo e permanente estado eterno chamado a Segunda Morte. Assim, Hades a habitao dos perdidos no estado intermedirio.

    Geena e o Lago de Fogo

  • A palavra Geena outra palavra para inferno, e ocorre 12 vezes no Novo

    Testamento. Fora da referncia em Tiago 3:6, somente usada pelo Prprio Senhor

    Jesus Cristo em Mateus, Marcos e Lucas. a traduo grega de uma forma abreviada

    do nome hebraico Vale de Hinom. O vale dos filhos de Hinom (tambm chamado Tofete) ficava nos arrabaldes da antiga Jerusalm, e se tornou notrio como centro de

    idolatria depravada e de sacrifcios humanos a Moloque (veja Jr 7:31), inicialmente sob

    o reinado do mau rei Acaz, at que aquelas cerimnias vis foram eliminadas por Josias.

    Tambm profanou a Tofete, que est no vale dos filhos de Hinom, para que ningum fizesse passar seu filho, ou sua filha, pelo fogo a Moloque (II Rs 23:10). Depois disto, a idia de contaminao e fogo sempre estava associada com aquele lugar que se tornou

    o lixo municipal de Jerusalm. Entretanto, a palavraGeena nunca foi usada como um

    endereo ou uma localizao em Jerusalm. Sempre se referia ao destino final dos

    mpios. Pelo que o Senhor Jesus Cristo falou sobre ele, os mpios vo para l depois do

    juzo final (Mt 23:33). Tanto o corpo como a alma vo para l diferentemente do Hades, e assim os mpios mortos sero ressuscitados antes de irem ao Geena (Mt

    10:28 e Mc 9:42-49).

    As condies no Geena so terrveis e assustadoras. Onde o seu bicho no morre, e o fogo nunca apaga a descrio do tormento que sofrero. O horror aumentado pela sua continuidade. Aqui vemos castigo irremedivel. O Lago de Fogo mencionado em

    Apocalipse o mesmo Geena, o destino final dos perdidos. A Besta e o Falso Profeta

    sero lanados vivos neste lugar depois da batalha final da Tribulao (Ap 19:20).

    Depois de terminar o reino milenar de Cristo na Terra, e depois da grande rebelio de

    Gogue e Magogue ser esmagada, o Diabo ser lanado no lago de fogo e enxofre, onde est a besta e o falso profeta; e de dia e de noite sero atormentados para todo o sempre (Ap 20:10). Por mais de mil anos a besta e o falso profeta sofrem o tormento do lago de

    fogo, antes de Satans ser lanado ali. Este um exemplo impressionante da

    preservao dos mortos mpios nas condies do Lago de Fogo. Foi dito, e com razo,

    que se Deus preservou Sadraque e seus amigos no fogo da fornalha na Babilnia, ento

    Ele pode tambm preservar estes dois homens mpios no fogo. As palavras cada um ser salgado com fogo (Mc 9:49), parecem se referir a esta preservao no fogo eterno.

    Os adoradores da Besta tambm esto destinados ao mesmo castigo: Se algum adorar a besta tambm este beber do vinho da ira de Deus e ser atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaa do seu

    tormento sobe para todo o sempre; e no tem repouso nem de dia nem de noite os que

    adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome (Ap 14:9-11). Todos os mortos no salvos comparecero perante o Grande Trono Branco (Ap

    20:11-15) para receber um julgamento pessoal. A coisa que todos tm em comum e que

    determina a sua runa que seus nomes no so achados escritos no livro da vida do

    Cordeiro. Assim, so lanados no Lago de Fogo. O terrvel carter final disto selado

    pelo pronunciamento: E a morte e o inferno foram lanados no lago de fogo. Esta a segunda morte (Ap 20:14).

    Os que pregam que todos sero salvos (universalistas), os que pregam a aniquilao,

    e outros falsos ensinadores, recusam aceitar a durao eterna e o carter final deste

    destino dos mpios. Eles procuram forar as palavras eterno ou para sempre a ter um significado temporrio. Eles lutam para fazer as palavras destruir, destruio ou perecer significar a cessao da existncia. Tudo isso demonstra uma rebelio fundamental em aceitar as palavras do Senhor Jesus como sendo verdadeiras e reais, e

    torna os tais aptos a receberem as advertncias solenes de Apocalipse contra aqueles

    que procuram tirar quaisquer palavras do livro desta profecia (Ap 22:19). No h

  • espao aqui para mostrar quo ftil e fraudulenta so estas manobras. As excelentes

    obras de Sir R. Anderson e W. Hoste devem ser consultadas para obter mais detalhes.

    Outra referncia a Geena as trevas exteriores mencionadas em Mateus 8:12; 22:13; 25:30. Nestas trs referncias segue a expresso ali haver pranto e ranger de dentes. Estas so as mesmas trevas mencionadas por Pedro e Judas em II Pedro 2:17 e Judas v. 13. Enfatiza o horror de ser totalmente cortado das bnos de Deus. O

    sinnimo de Geena em Mateus 13:42, 50 fornalha de fogo. Assim ser na consumao dos sculos, viro os anjos, e separaro os maus de entre os justos, e lan-

    los-o na fornalha de fogo; ali haver pranto e ranger de dentes (vs. 49-50). Esta separao dos mpios de entre os justos descrita detalhadamente na profecia do Senhor

    sobre o julgamento das naes vivas (Mt 25:31-46). Parece que naquele juzo os mpios

    sero lanados diretamente no Geena. A expresso muito solene: E iro estes para o tormento eterno (Mt 25:46). Parece indicar um recuo infinito a uma distncia ainda maior de Deus e todas as bnos do Cu. As vrias referncias ao choro e ranger de dentes nos relembram da tristeza e dor associadas com Geena. Contudo, os acusadores de Estevo que rangiam seus dentes contra ele faziam isto como sinal de grande ira, e isto sugere que haver tambm muita ira, especialmente daqueles que queriam gozar das

    bnos do reino, mas foram lanados fora.

    O estado intermedirio

    A expresso o estado intermedirio usada para descrever a condio da alma depois da morte, mas antes da ressurreio. Quando algum morre a palavra sono usada, mas isso somente se refere ao corpo. A alma no dorme, apesar dos esforos de

    muitos falsos ensinadores para provar esta opinio enganosa. A existncia consciente

    entre a morte e a ressurreio ensinada tanto no Velho como no Novo Testamentos,

    como vimos nos vrios textos j citados. A passagem que mais revela o estado

    intermedirio Lucas 16. O testemunho da epstola de Judas tambm muito

    importante. Temos informaes sobre o fim daqueles que perseguiam os salvos a quem

    Judas escreveu, e contra quem eles deveriam combater severamente. Porque se introduziram alguns, que j antes estavam escritos para este mesmo juzo, homens

    mpios que convertem em dissoluo a graa de Deus, e negam a Deus, nico

    dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo (Jd 4). A sua condenao explicada no restante da epstola, quando exemplos sucessivos do castigo de Deus sobre os mpios,

    no Velho Testamento, so mencionados. importante notar que no primeiro grupo de

    trs exemplos, h um aspecto eterno desta condenao em dois destes casos: E os anjos que no guardaram o seu principado, mas deixaram a sua prpria habitao,

    reservou na escurido e em prises eternas at o juzo daquele grande dia. Assim como

    Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, havendo-se entregue fornicao

    como aqueles, e ido aps outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do

    fogo eterno (vs. 6-7). Os versculos que seguem do mais caractersticas destes indivduos perigosos, para os quais est eternamente reservada a negrura das trevas (v. 13).

    A profecia de Enoque mostra que o patriarca antediluviano recebeu uma revelao

    especial sobre o juzo do grande dia. Ele entendeu que o Senhor viria com milhares de seus santos, para fazer juzo contra todos e condenar dentre eles todos os mpios, por

    todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras

    palavras que mpios pecadores disseram contra ele (v. 15). Isso no pode simplesmente se referir aos pecadores futuros que estaro vivos na Terra por ocasio da vinda do

    Senhor. Todos os pecadores atravs das eras que tm cometido atos mpios e falado

    palavras duras, no somente sero julgados, mas sero condenados (convencidos) nesta

  • ocasio (compare Fp 2:10: se dobre todo joelho e toda lngua confesse que Jesus Cristo o Senhor ). Assim, segue que a profecia de Enoque pressupe a existncia contnua de pecadores at este tempo de juzo. Deus executar juzo sobre todos, e a morte no ser obstculo para isso.

    Pedro nos diz que o Senhor sabe livrar da tentao os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juzo, para serem castigados (II Pe 2:9). A frase para serem castigados est no tempo presente. Significa que agora mesmo, durante todo o perodo do estado intermedirio at o dia do juzo, os injustos esto recebendo o castigo divino

    contnuo.

    O ensino do Senhor Jesus Cristo

    O ensino do Senhor Jesus Cristo sobre este assunto com certeza de mxima

    importncia, e a mais elevada autoridade para todos que confessam ser cristos. No

    acharemos nada nos quatro evangelhos para ajudar aqueles que negam o castigo eterno.

    Algumas das palavras mais pesadas usadas sobre este assunto foram proferidas pelo

    Senhor. O prprio ttulo deste captulo, O castigo eterno, vem das palavras do Senhor, no final do Seu discurso no Monte das Oliveiras: E iro estes para o castigo eterno (Mt 25:46, ARA). A narrativa do homem rico e Lzaro nos d um vislumbre singular do

    estado depois da morte. Muitos dizem que este relato uma parbola, e assim procuram

    esquivar-se da sua fora. Outros, com mais sutileza, afirmam que a linguagem parablica sem oferecer uma definio do que querem dizer com isto. Para todos que so suficientemente simples para aceitar que todas as parbolas do Senhor so

    identificadas como parbolas, basta observar que no h nada em Lucas 16 para indicar

    que a narrativa no seja uma narrativa solene de fatos. Alm disso, devemos ter a

    humildade de aceitar que o Senhor Jesus quer dizer exatamente o que Ele diz. Perguntas

    racionalistas do tipo que tipo de gua os espritos bebem?, alimentam um esprito de ceticismo, e no de f. Deveramos ser profundamente gratos que o prprio Senhor nos

    deu esta informao, e procurar com a obedincia da f assimilar o que foi revelado na

    Sua santa Palavra. Quando encontramos este tipo de curiosidade humana desnecessria,

    instrutivo lembrar da pergunta dos saduceus sobre a ressurreio. O Senhor Jesus no

    respondeu diretamente sua pergunta, mas lhes disse: Errais, no conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus (Mt 22:29; Mc 12:24). muito solene o que o Senhor acrescentou. Ele apresenta provas da existncia continua e da futura ressurreio de

    pessoas mortas h muito tempo, citando a experincia de Moiss perante a sara

    ardente. A auto-revelao de Deus para Moiss como o Deus de Abrao e Isaque e Jac

    explicada pelo fato que Deus no o Deus dos mortos, mas dos vivos, porque para ele vivem todos (Lc 20:38). surpreendente que o Senhor usou este incidente para refutar a doutrina dos saduceus. Quando Moiss viu a sara ardente ele tremeu. Por que

    foi isto uma grande viso para ele? A coisa surpreendente e alarmante foi que esta planta comum estava ardendo e continuava a queimar sem ser consumida. Era to

    diferente do que normalmente acontecia. O crepitar dos espinhos debaixo de uma panela (Ec 7:6) sugere um surto repentino de fogo e depois algumas poucas brasas, nada mais. Era isto que se esperava. Mas Moiss, sendo um homem espiritualmente

    sintonizado e tambm, provavelmente, o mais sbio da sua gerao quanto cincia e

    cultura humana (At 7:22), ficou admirado ao ver que esta planta podia violar todas as

    leis da qumica, biologia e fsica ao no ser consumida pelo fogo. Como pode este

    fenmeno ser explicado? A resposta est no poder de Deus. Este era o grande fato que

    os saduceus propositalmente ignoravam. A meno especfica, pelo Senhor, da sara

    ardente serviria para lembrar Seus ouvintes judeus, e os outros cticos que viriam

    depois, que o Deus que demonstrou Seu poder maravilhoso na preservao da sara

  • ardente no deserto, pode facilmente resolver o enigma de como o fogo do Geena e do

    Lago de Fogo pode queimar os perdidos para sempre, sem que eles sejam aniquilados.

    No de admirar que o apstolo Paulo perdesse a pacincia com aqueles que

    sofismavam sobre a realidade da ressurreio futura e fizesse a pergunta: Como ressuscitaro os mortos? E com que corpo viro? (I Co 15:35). Ele os repreende severamente: Insensatos! (v. 36), como ele comea sua resposta. Quanto maneira como uma pessoa pode sentir sensaes fsicas sem ter corpo (que o argumento

    principal dos cticos e racionalistas) no achamos necessrio explicar, mas apontamos

    ao fato que o apstolo Paulo, quando foi arrebatado para o terceiro cu, teve

    experincias para as quais, normalmente, o corpo necessrio. No entanto, ele era

    incapaz de afirmar se de fato estava no corpo ou fora do corpo (II Co 12:1-5). Assim,

    obviamente, Paulo no tinha dificuldade nenhuma em crer que experincias sensoriais

    so absolutamente possveis, mesmo na ausncia do corpo. Isto deve resolver o assunto

    para qualquer um que sinceramente cr na Bblia.

    Os seguintes fatos so evidentes na narrativa do rico e Lzaro. Tanto os justos como

    os mpios (salvos e perdidos) esto conscientes depois da sua morte. Os salvos so

    consolados e os perdidos so atormentados. O destino irreversvel, transferncias so

    impossveis. Fogo (esta chama) um instrumento de tormento. No h alvio deste tormento, mesmo quando buscado de modo comovente. Apesar do grande abismo, possvel falar atravs dele. A memria preservada quanto s pessoas vivas na Terra

    (seus irmos) e quanto aos mortos (Lzaro). Quando a importncia das Escrituras foi

    mencionada, o rico nega a suficincia e supremacia da Palavra de Deus para a

    converso dos seus irmos: E disse ele: No, pai Abrao (v. 30). Isso ilustra como os pensamentos errados dos pecadores perdidos sobre as coisas divinas continuam mesmo

    depois da morte. Mudana de pensamento (arrependimento) no ocorre na habitao dos

    perdidos. Se, por acaso, o leitor ainda no salvo, que estas consideraes possam o

    levar a crer na Palavra de Deus agora, acerca do nico remdio para seu pecado e sua

    penalidade. No h escape para qualquer um que negligencia to grande salvao veja Hebreus 2:1-4.

    O juzo e o castigo eterno

    As passagens j consideradas mostram que h um vnculo muito ntimo entre o

    destino dos mpios e o juzo de Deus. O juzo de Deus um assunto grande demais para

    ser tratado detalhadamente aqui. Deus absolutamente justo e no temos a liberdade de

    intrometer nossa curiosidade v neste assunto. No far justia o Juiz de toda a terra? (Gn 18:25). O pecador no ter nada a dizer em sua prpria defesa. Ele confessar que

    reconhece perfeitamente que Deus est certo e que Jesus Cristo o Senhor. O livro de

    Eclesiastes termina com a afirmao que Deus h de trazer a juzo toda a obra, e at tudo o que est encoberto, quer seja bom, quer seja mau (Ec 12:14). Paulo, falando no contexto da culpa imperdovel dos gentios, fala do dia quando Deus h de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho (Rm 2:16), que, provavelmente, uma aluso a Eclesiastes 12:14. Paulo falou sobre o juzo vindouro com Flix, um oficial romano endurecido que tremeu perante ele (At 24:25). Ele avisou

    a elite ateniense do fato que Deus tem determinado um dia em que com justia h de julgar o mundo, por meio do homem que destinou (At 17:31).

    Ligaes com outras doutrinas

    Muitas outras doutrinas bblicas so prejudicadas pelo erro associado com a doutrina

    do castigo eterno. E. W. Rogers mostrou os problemas que aqueles que rejeitam o

    castigo eterno tm que encarar em relao doutrina da Pessoa do Senhor Jesus Cristo.

    Perguntamos aos que propagam aniquilao: nosso Senhor Jesus foi aniquilado quando

  • morreu? Ele era verdadeiramente homem. Perguntamos ao Universalista: Se todos os

    homens, no final, sero salvos, por que Cristo morreu? O que fez a Sua morte

    absolutamente necessria?

    O valor infinito da propiciao refutado quando a doutrina do castigo eterno

    negada. J no resta mais sacrifcio pelos pecados, mas certa expectao horrvel de juzo, e ardor de fogo, que h de devorar os adversrios De quanto maior castigo cuidais vs ser julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano

    o sangue da aliana, com que foi santificado, e fizer agravo ao Esprito da graa? (Hb 10:26-29).

    A doutrina da justificao pela f (veja o cap. 4 deste livro) est intimamente ligada

    com as outras obras da justia de Deus, como, por exemplo, o juzo final. Aquele que

    salvo no entrar em condenao [juzo], mas [j] passou da morte para a vida. Quem cr nele no condenado [julgado]; mas quem no cr j est condenado, porquanto no cr no nome do unignito Filho de Deus. Quanto ao incrdulo, a ira de Deus sobre ele permanece (Jo 5:24; 3:18, 36). Assim, a experincia futura da ira eterna de Deus sobre o pecador incrdulo realmente uma continuao da sua posio na

    Terra. Mas, graas a Deus, o Evangelho nos informa que possvel para aqueles que

    eram filhos da ira, como os outros tambm, serem salvos desta posio e introduzidos posio digna de concidados dos santos e da famlia de Deus.

    A negao do castigo eterno

    Devemos notar que quando a verdade do galardo eterno e do castigo eterno

    rejeitada ou desprezada, h sempre um acrscimo correspondente de manifestao

    pblica de pecado e rebeldia contra Deus, resultando no aumento visvel da corrupo e

    depravao na sociedade envolvida. Assim foi nos dias de No, e tambm ser nos dias

    da vinda do Filho do Homem. Os escarnecedores hoje em dia talvez sejam mais sutis na

    sua negao desta doutrina do que foi Lameque com suas palavras frvolas (Gn 4:23-

    24), mas os efeitos desta zombaria da Palavra de Deus so terrveis, e o juzo de Deus

    certo. Os caps. 2 e 3 de II Pedro e a carta de Judas devem ser lidas cuidadosamente para

    nos relembrar da importncia disso. As caractersticas dos nossos dias, com

    governadores que ao mal chamam bem, e ao bem mal (Is 5:20), correspondem com as condies morais que prevaleciam no final decadente do Reino de Jud que so denunciadas pelos profetas do Velho Testamento e tambm so projetadas para o

    perodo da Tribulao. Condies contemporneas combinam com o que o Senhor Jesus

    disse que precederia a Sua vinda terra (Mt 24), e so um assunto frequente das

    profecias do Novo Testamento (I Ts 5, II Pe 3, Judas).

    A vigilncia contra o erro necessria

    No devemos ficar surpreendidos que haja grande desvio das verdades que

    antigamente eram respeitadas e valorizadas entre os evanglicos, mas devemos ficar vigilantes contra a penetrao desta contaminao entre os cristos que at agora se

    consideram fora do alcance deste tipo de mal. O clima crescente de sentimentalismo em

    relao doutrina e interpretao bblica j viu a aceitao, em larga escala, de idias

    novas e duvidosas sobre a Soberania Divina.Sentimentos humanos egostas j

    conceberam a idia de que haver uma segunda chance depois do Arrebatamento para

    as pessoas que negligenciaram to grande salvao durante esta dispensao da graa, e

    que podero aceitar o evangelho e rejeitar o Anticristo durante a Tribulao apesar do aviso claro, contrrio a isto, em II Tessalonicenses 2. Uma vez que estes

    pensamentos, centralizados no homem, penetram na teologia, logo em seguida surgiro

    objees doutrina do castigo eterno, baseados nos apelos perigosos de que esta

    doutrina terrvel incompatvel com a verdade de que Deus amor. No posso ver

  • como o castigo eterno amvel ou justo uma doutrina que no sei pregar sem negar a beleza e glria de Deus. Esta citao tpica das vozes emocionais daqueles que rejeitam esta doutrina. No sculo XVII, Francis Turretin aptamente chamou tais

    pessoas de absurdamente misericordiosas. Fazemos bem em tirar das nossas mentes todas as pressuposies humansticas e obedecer s admoestaes sbias de Eli:

    Longe de Deus esteja o praticar a maldade e do Todo-Poderoso o cometer a perversidade! Porque, segundo a obra do homem, ele lhe paga; e faz a cada um segundo

    o seu caminho. Ele tambm diz: ao meu Criador atribuirei a justia, e ao reconhecer a pobreza total do intelecto humano para analisar ou compreender a Deus, ele diz:

    Ensina-nos o que lhe diremos, porque ns nada poderemos pr em boa ordem, por causa das trevas (J 34:10, 11; 36:3; 37:19).

    Que ns, portadores do testemunho cristo, possamos preservar a pureza doutrinria

    em relao a este assunto. Sua solenidade deve renovar em ns o louvor e a gratido a

    Deus pela libertao que Ele nos deu de to terrvel destino. Deve estimular tambm a

    atividade evanglica, para ajudar outros a entrar no benefcio de to grande salvao.