O Banho de Diana - capfbaul.weebly.com · 2 Desenvolvimento 1. “O Banho de Diana” 1.1....

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História da Arte II Trabalho Escrito - Modalidade E Ana Neves nº 8258, Ana Fernandes nº 8253, Francisco Neves nº 8260, Sara Pereira nº 8288 e Sónia Torres nº 8256 1ºano, 2º semestre, Ciências da Arte e do Património FBAUL 2014/15 O Banho de DianaFrançois Boucher

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História da Arte II

Trabalho Escrito - Modalidade E

Ana Neves nº 8258, Ana Fernandes nº 8253,

Francisco Neves nº 8260, Sara Pereira nº 8288 e Sónia Torres nº 8256

1ºano, 2º semestre, Ciências da Arte e do Património

FBAUL 2014/15

“O Banho de Diana”

François Boucher

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Sumário

Introdução……………………………………………………………………………….1

Desenvolvimento………………………………………………………………………..2

1.“O Banho de Diana”………………………………………………………………2

1.1.Historia Material da Obra …………………………………………………..2

1.2.Análise Formal……………………………………………………………...2

1.3.Análise Temática e Simbólica………………………………………………4

1.3.3 Mitologia …………………………………………………………...6

2. Leitura Contextual………………………………………………………………7

Conclusão……………………………………………………………………………….8

Referências……………………………………………………………………………...9

Resumo

Este trabalho tem por objetivo fazer uma análise da obra “O Banho de Diana” de

François Boucher. Primeiramente vamos explicar a história material da obra. De seguida

passamos à análise formal, temática e simbólica e à leitura contextual e termina-se com uma

conclusão breve sobre os assuntos abordados.

Palavras-chave: François Boucher, “O Banho de Diana”, Rococó.

Introdução

No âmbito da disciplina de História da Arte II, escolhemos abordar a obra “O

Banho de Diana” do pintor francês François Boucher, de acordo com a Modalidade E.

Iniciaremos o trabalho com uma explicação da história material da obra, e

passaremos depois à análise formal, temática e simbólica, tendo em atenção os detalhes

mais importantes da obra.

Por fim, falaremos do estilo Rococó, e faremos uma breve introdução sobre

quem foi o pintor François Boucher, e como se motivou para fazer a obra “O banho de

Diana”.

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Desenvolvimento

1. “O Banho de Diana”

1.1. História Material da Obra

Em 1742, século XVIII, mais uma obra é concluída por François Boucher.

Desta vez, é uma pintura a óleo sobre tela, com dimensões de 57x73 cm.

Faz parte de uma série de quadros que foram feitos para decorar pavilhões de

caça. Em 1852 foi adquirido pelo departamento de pintura do Museu do Louvre de Paris

em França que ainda lá permanece. Com o intuito de saber informação sobre a

conservação da obra, contactamos o museu do Louvre através de correio eletrónico, aos

quais obtivemos a resposta de que a obra mantém-se original, não sofreu qualquer

restauro.

São utilizadas as normas comuns na preservação das obras, tendo em atenção o

meio ambiente em que estão expostas, como regular a iluminação, temperatura e

humidade. É preciso seguir um rígido controlo de segurança, a obra é manuseada por

pessoas especializadas, que usam os cuidados necessários para não danificar a obra.

1.2 Análise Formal

Observamos Diana como sendo uma dama, que após uma caçada, se encontra

sentada sobre caros trajes de seda a ser servida por uma ninfa, que lhe seca os pés.

Esta obra não se dedica apenas à deusa da caça e à sua acompanhante, mas também

à paisagem, as árvores e as suas raízes, o lago, onde a natureza foi domada pelo espirito

decorativo do artista, um vasto tecido azul de seda que forra a ribanceira, onde há um

leito cor-de-rosa e marfim a almofadar o sítio onde Diana repousa.

A cena mostra também os seus cães, as flechas e a caça, duas pombas e um coelho,

ambos presos ao arco de Diana. Os cães de caça são elementos importantes nesta

composição, um dos cães ergue a cabeça e olha fixamente para a moita e fareja.

O que seria uma cena de caça, foi suavizado de tal forma que nem parece que Diana

é uma caçadora implacável.

Boucher focalizou-se na sensualidade das figuras femininas, destacando os

tornozelos, os pulsos, o aperfeiçoamento do arco das sobrancelhas, a coloração a

vermelho dos lábios e dos mamilos.

Diana está sentada com um ar sereno, revelando uma certa pureza, apresenta as suas

curvas sensuais e delicadas, assumindo uma atitude confiante e despreocupada, após o

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êxito da caçada. Ela é divinamente bela, sem um fio de cabelo fora do sítio, é esbelta,

com um olhar sensual, mas inocente.

Num gesto cheio de sensualidade, ergue a perna esquerda apoiando docemente o pé

no joelho da sua acompanhante, que sentindo o toque da deusa, a olha com admiração.

Os cães fazem ressaltar a violência controlada da caça, mas são representados de

uma forma que os transporta para o segundo plano, assim como os objetos à volta das

figuras centrais. As figuras iluminadas femininas de cores claras e delicadas, tons pastel,

o azul, o bege, o verde e o rosa contrastam com o verde-escuro das árvores e os juncos,

no plano de fundo.

A luminosidade é aqui aparente. A cabeça da primeira

figura ocupa naturalmente o ponto mais brilhante.

Várias linhas oblíquas acabam no fim da linha vertical

que passa no rosto da figura.

Ângulo reto (de 90◦).

A linha vertical da esquerda passa pela árvore e pelo

braço da ninfa. O focinho do cão segue numa linha

horizontal.

O pintor equilibrou a sua composição onde dominam as

linhas oblíquas vindas de cima à direita, e as de baixo vindas

da esquerda.

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O chão em primeiro plano é, ele também, ligeiramente

oblíquo no mesmo sentido, oblíqua reforçada pela aljava e

as flechas.

Retendo apenas as linhas oblíquas principais revela-se uma quadrícula regular:

Como podemos ler mais acima, a ninfa, que acompanha

Diana (a sua cor é ligeiramente mais escura) forma uma

linha oblíqua praticamente perpendicular à direita,

constituída pelo arco. Essa orientação é retomada por

várias linhas paralelas, o cão, a silhueta das árvores à

esquerda soltando-se do céu, a inclinação do busto da primeira prolongado acima da sua

cabeça pelo início de um tronco de árvore. É também a direção do olhar da ninfa. E a

orientação que segue a luz…

Agora as linhas oblíquas principais no outro sentido, são

paralelas ao seu olhar.

Combinando as linhas paralelas dos dois olhares:

Elas intersectam-se em ângulo reto,

perpendicularmente… e constituem a trama geométrica

da composição.

1.3 Análise temática e simbólica

O pintor recorre à mitologia como meio de exprimir uma atmosfera poética e

sensual impregnada de erotismo.

Boucher representa três das suas temáticas mais utilizadas: cenas pastorais,

mitologia e a caça. A temática pastoral foi também uma das principais temáticas da

época.

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A figura feminina mais próxima do espectador é

Diana, deusa da caça. Narra um episódio de Diana após o

seu banho depois da caça, e prepara-se para vestir os seus

trajes azuis de seda, começando com um colar de pérolas.

Mesmo Diana sendo representada como uma dama, utiliza um

diminuto crescente lunar no cabelo que é o seu símbolo, da

deusa da caça.

Ao seu lado, está outra mulher que se presume que

seja Calisto, a companheira de caça mais amada por esta e por cuja beleza tem

profunda admiração.

Como em muitas outras obras do século XVIII, no “Banho de Diana” há

presença de animais. Devido a diana, a deusa da caça estar retratada, a presença destes

cães é indispensável para a acompanhar, proteger e recolher o fruto da caça. A caça

presente no primeiro plano da obra e as setas situadas ao lado dos cães, simbolizando

uma caça bem-sucedida.

Boucher não evidencia a crueldade da caça nos traços de

Diana, muito pelo contrário. Pinta – as com tons delicados,

refletindo o sol na pele das jovens, com mais incidência em Diana.

Os traços do rosto são delicados e femininos e os do corpo

mostram uma certa sensualidade e erotismo, que demonstra a

admiração que o artista tinha pela beleza da figura feminina

retratando-a como quase uma condição divina.

Diana Resting after her bath,

François Boucher, 1742

Musée du Louvre | Paris – França

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1.3. 3. Mitologia

Na mitologia romana, Diana, mais conhecida como filha de Júpiter e de Latona,

e irmã gêmea de Febo, era a deusa da caça, da lua, dos desportos e dos animais

selvagens.

Indiferente ao amor e caçadora incansável, obteve do pai, permissão para não se

casar e manter-se virgem para sempre. Diana era venerada em templos rústicos nas

florestas, onde os caçadores lhe ofereciam sacrifícios. Júpiter, forneceu-lhe um séquito

de sessenta oceânides e vinte ninfas que, como ela, renunciaram ao casamento. Diana

foi cedo identificada com a deusa grega Ártemisia que depois absorveu a identificação

de Artemis com Selene (Lua) e Hécate (ou Trívia), de onde derivou a caracterização

usada por vezes na literatura latina: triformis dea ("deusa de três formas"). O mais

famoso dos seus santuários ficava no bosque junto ao lago Nemi, perto de Arícia.

Por tradição, o sacerdote do seu templo deveria ser um escravo fugitivo que

matasse o seu antecessor em combate. Em Roma, o seu templo mais importante

localizava-se no monte Aventino e teria sido construído pelo rei Sérvio Túlio no século

VI a.C. Na arte romana, era em geral representada como caçadora, com arco e aljava,

acompanhada de um cão ou cervo. Boucher apropriou-se destes elementos e com

exceção ao cervo, incorporou-os na sua obra.

Diana de Versalhes, Leocarés, séc. IV a.C.

Atualmente no Museu do Louvre

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Uma das histórias mais famosas de Diana foi ter transformado o caçador Acteão

(ou Acteon) num cervo, que a viu nua enquanto tomava banho.

Conta a lenda que Acteão, criado pelo centauro Quíron, surpreendeu Diana e as

suas ninfas enquanto se banhavam numa nascente. Este é punido por Diana, por tê-la

visto nua sem o querer. Segundo a mitologia, nenhuma criatura poderia vê-la nua. Neste

caso, a nudez representa-se como símbolo da verdade. A deusa da lua, símbolo do

emocional, da curva, do incompreensível, em contraste com Apolo, deus sol, símbolo da

razão, da linha reta. Irritada, a deusa transformou o caçador num cervo, para que se

tornasse presa dos seus próprios cães de caça, enfurecidos pela mesma maldição.

2. Leitura Contextual

Imaginemos um longo serão de leitura num salão glamoroso contendo pinturas,

decoradas ao mais magnífico esplendor, cobrindo o teto e as paredes. A aristocracia,

com as suas roupas elegantes, ouvindo discursos sobre a razão e o conhecimento em

busca do progresso. Homens da sociedade mais alta procurando que a “luz afaste as

trevas”. Universalidade, individualismo e autonomia eram os princípios deste

movimento cultural denominado por Iluminismo.

Encontramo-nos então no século XVIII, em plena França, onde reina o estilo que

nasceu neste mesmo país: o rococó, um estilo alegre e elegante, que retratava o glamour

da época. Por muitos considerado como uma decadência do estilo barroco.

Versalhes dá lugar a festas glamorosas, teatros e óperas entre outras divertidas e

luxuosas atividades. Estes ambientes ajardinados, mundanos e requintados, são

representados em diversas obras e simultaneamente relatam temas da vida quotidiana

como cenas galãs e eróticas, cenas pastoris, o retrato, a fantasia e a mitologia, em

tonalidades claras e luminosas, em detrimento dos temas religiosos e de estado.

Com o rigor marcante do século anterior, a França é líder nas artes deste século.

Rejeitando os traços académicos e as imposições da igreja, celebra agora uma arte mais

livre. Transmite-nos sentimentos agradáveis e uma técnica apurada, pretendendo

celebrar a alegria de viver. Os cortesãos franceses interessavam-se pela arte e apoiavam

os seus artistas. Houve um grande aumento na valorização das artes decorativas, fruto

do elevado consumismo da época.

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Na representação dos burgueses e até mesmo de membros da nobreza e da realeza,

existia uma fuga à extravagância anterior, sendo pintados em poses naturais e nos seus

aposentos. Apresentam uma visão mais sonhadora e pastoril do que heroica.

A cortesã Madame de Pompadour ficou conhecida como a mais prestigiosa

patrocinadora da época, que ficará imortalizada em diversas obras de arte. Um dos

artistas que teve a oportunidade de interpretar a beleza e a inteligência desta dama foi o

aclamado Boucher.

O francês François Boucher (nascido em 1703 e falecido a 1770) foi um dos

protagonistas deste movimento e por muitos é considerado o favorito desta época.

Premiado com o prémio ‘Roma’ e Mestre em temas mitológicos da antiguidade clássica,

galantes e pastoris. Conhecido pelas belas mulheres repousando nas suas pinturas, que

se apresentam mais volumosas, provocadoras e com um olhar cativante. O triunfar da

voluptuosidade que estimula o amor galante, que dá lugar ao prazer, e a ideia do amor,

não marcará só o seu trabalho mas também este estilo.

Artista de versatilidade artística inigualável, além de pintura trabalhava em desenho,

tapeçaria, decoração, figurinos de teatro e cenografia. Esta ligação teatral era desfrutada

diariamente pela sociedade, sendo irónico o facto de que consideravam que estes

quadros eram retirados da experiência direta, da realidade quotidiana e da natureza onde

eles viviam, no entanto eram disfarçados magicamente pois pintavam na verdade a

realidade desejada.

Entre os seus quadros são relevantes: “ Odalisca” (1749), “O Sonho de Vénus”

(1750), “Rinaldo e Armida” (1734) e a obra “O Banho de Diana” (em algumas

traduções apresenta-se como sendo “Diana Repousando após o seu Banho”) de 1742

que acabamos de analisar.

Conclusão

Com este trabalho podemos concluir que “O Banho de Diana” é uma obra que

foi feita para fins decorativos, sendo o tema principal a caça, daí representar Diana, a

deusa da caça. É uma obra do Rococó, um estilo artístico que foi buscar a sutileza em

contraposição às cores fortes do barroco.

François Boucher foi talvez o artista decorativo mais celebrado do século XVIII,

este pintor Francês Rococó era conhecido pelas suas pinturas idílicas e voluptuosas.

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Referências

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<http://obelogue.blogspot.pt/2007/08/o-carteiro-o-diabo-est-nos-pormenores.html>.

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Museum of Art.

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www.dec.ufcg.edu.br/biografias/MGArtemi.html>.

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