O anel de giges

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Filosofia para Crianças na BE da ESLA alunos do 3º ano, Facilitadora: Laurinda Silva Quarteira -2009/2010; 2010/2011 O Anel de Giges Imagina que tens o anel de que fala Platão, o famoso anel de Giges, que te torna invisível quando queres… É um anel mágico que um pastor encontrou por acaso no flanco de um cavalo de bronze. Basta rodar o anel e voltar o engaste para o lado da palma da mão para a pessoa se tornar totalmente invisível, e rodá-lo para o outro lado para voltar a ficar visível. Giges, que era um homem honesto, não soube resistir às tentações a que este anel o submetia: aproveitou os seus poderes mágicos para entrar no Palácio, seduzir a Rainha, assassinar o Rei, tomar o poder e exercê-lo em seu exclusivo benefício. Bastaria podermos tornar-nos invisíveis para que qualquer interdição desaparecesse, e não houvesse senão a procura, por parte de cada um, do seu prazer e do seu interesse egoístas. Imagina, como experiência de pensamento que tinhas esse anel. O que farias? O que não farias? Continuarias a respeitar a propriedade dos outros, a sua intimidade, os seus segredos, a sua liberdade, a sua dignidade, a sua vida? Ninguém pode responder por ti: a questão só a ti diz respeito, mas diz respeito a tudo o que tu és. Não tens o anel? Isso não te dispensa de reflectir, de julgar, de agir. Se há uma diferença mais do que aparente entre um malvado e um homem bom é porque o olhar dos outros não é tudo.

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Textos de Apoio - Filosofia para Crianças

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Filosofia para Crianças na BE da ESLA – alunos do 3º ano, Facilitadora: Laurinda Silva

Quarteira -2009/2010; 2010/2011

O Anel de Giges

Imagina que tens o anel de que fala Platão, o famoso anel de Giges, que te

torna invisível quando queres… É um anel mágico que um pastor encontrou

por acaso no flanco de um cavalo de bronze. Basta rodar o anel e voltar o

engaste para o lado da palma da mão para a pessoa se tornar totalmente

invisível, e rodá-lo para o outro lado para voltar a ficar visível.

Giges, que era um homem honesto, não soube resistir às tentações a que este

anel o submetia: aproveitou os seus poderes mágicos para entrar no Palácio,

seduzir a Rainha, assassinar o Rei, tomar o poder e exercê-lo em seu exclusivo

benefício.

Bastaria podermos tornar-nos invisíveis para que qualquer interdição

desaparecesse, e não houvesse senão a procura, por parte de cada um, do

seu prazer e do seu interesse egoístas.

Imagina, como experiência de pensamento que tinhas esse anel. O que farias?

O que não farias? Continuarias a respeitar a propriedade dos outros, a sua

intimidade, os seus segredos, a sua liberdade, a sua dignidade, a sua vida?

Ninguém pode responder por ti: a questão só a ti diz respeito, mas diz respeito

a tudo o que tu és.

Não tens o anel? Isso não te dispensa de reflectir, de julgar, de agir. Se há uma

diferença mais do que aparente entre um malvado e um homem bom é porque

o olhar dos outros não é tudo.