O Agendamento No Jornalismo Popularesco

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O Agendamento Midiático no Jornalismo Televisivo: Considerações teórico-empíricas acerca da influência dos programas popularescos na audiência Carlos Alberto Garcia Biernath 1 RESUMO Levando em consideração a representatividade dos programas televisivos de cunho popularescos junto aos telespectadores, é possível imaginar que alguns destes programas ‘agendaram’ seu público através dos assuntos (re)tratados ao longo das edições – ricas na temática violência. Nesse sentido, este trabalho analisou, à luz da Análise de Discurso de tradição francesa e da hipótese do agendamento – ou agenda setting –, dois programas jornalísticos do gênero popularesco – Documento Especial – Televisão Verdade e Aqui Agora – que marcaram época na televisão brasileira, entre o final da década de 80 até meados da década de 90 do século XX. Mesmo não sendo o veículo que mais ‘agendou’ assuntos à sociedade, conforme pesquisas histórias, a televisão acaba por deter um forte poder junto à audiência quando traz à tona pautas de grande repercussão – a violência cotidiana, por exemplo, ‘agendando’ a pauta social de acordo com seus interesses. 1 Graduado em Jornalismo pela Universidade Sagrado Coração – USC; Mestrando em Comunicação Midiática pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Bolsista FAPESP.

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Levando em consideração a representatividade dos programas televisivos de cunho popularescos junto aos telespectadores, é possível imaginar que alguns destes programas ‘agendaram’ seu público através dos assuntos (re)tratados ao longo das edições – ricas na temática violência. Nesse sentido, este trabalho analisou, à luz da Análise de Discurso de tradição francesa e da hipótese do agendamento – ou agenda setting ¬–, dois programas jornalísticos do gênero popularesco – Documento Especial – Televisão Verdade e Aqui Agora – que marcaram época na televisão brasileira, entre o final da década de 80 até meados da década de 90 do século XX. Mesmo não sendo o veículo que mais ‘agendou’ assuntos à sociedade, conforme pesquisas histórias, a televisão acaba por deter um forte poder junto à audiência quando traz à tona pautas de grande repercussão – a violência cotidiana, por exemplo, ‘agendando’ a pauta social de acordo com seus interesses.

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O Agendamento Midiático no Jornalismo Televisivo: Considerações

teórico-empíricas acerca da influência dos programas popularescos na

audiência

Carlos Alberto Garcia Biernath1

RESUMO

Levando em consideração a representatividade dos programas televisivos de cunho

popularescos junto aos telespectadores, é possível imaginar que alguns destes

programas ‘agendaram’ seu público através dos assuntos (re)tratados ao longo das

edições – ricas na temática violência. Nesse sentido, este trabalho analisou, à luz da

Análise de Discurso de tradição francesa e da hipótese do agendamento – ou agenda

setting –, dois programas jornalísticos do gênero popularesco – Documento Especial –

Televisão Verdade e Aqui Agora – que marcaram época na televisão brasileira, entre o

final da década de 80 até meados da década de 90 do século XX. Mesmo não sendo o

veículo que mais ‘agendou’ assuntos à sociedade, conforme pesquisas histórias, a

televisão acaba por deter um forte poder junto à audiência quando traz à tona pautas de

grande repercussão – a violência cotidiana, por exemplo, ‘agendando’ a pauta social de

acordo com seus interesses.

PALAVRAS-CHAVE: Aqui Agora; Análise do Discurso; Documento Especial;

Jornalismo; Televisão.

INTRODUÇÃO

Ciro Marcondes Filho (1994), citando Marshall McLuhan, ressalta que a

televisão tem a capacidade de unir todos os sentidos do homem, algo único a todos os

meios de comunicação que existiam na época de seu nascedouro.

Bem antes da televisão, no século XIX, as pessoas buscavam entretenimento

através de romances populares, que eram amplamente negociados às famílias de baixa

renda. Com esses livretos em mão, as pessoas permitiam-se sonhar, fantasiar e exprimir

1 Graduado em Jornalismo pela Universidade Sagrado Coração – USC; Mestrando em Comunicação Midiática pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Bolsista FAPESP.

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verdadeiras sensações de ansiedade e prazer, algo que antes só era possível dessa forma.

Isso mostra o quanto o homem sempre valorizou e buscou a fantasia. De tal modo, sua

influência junto à audiência é inegável, pois a televisão, quando de seu surgimento,

passou a ser “um algo a mais” em relação à voz que vinha das ondas sonoras

transmitidas pelo rádio: a imagem apresentada ali parecia ser uma companhia ao

telespectador, que muitas vezes estava sozinho no ambiente, mas sentia-se

acompanhado enquanto assistia a seus programas pela TV.

Documentários e telejornais são programas que fazem parte do gênero

jornalístico. Todavia, não é essa a única função dos programas de cunho jornalístico. Há

que se considerar que, por vezes – ou talvez muitas vezes – esses programas abusam de

elementos que inferem diretamente no imaginário das pessoas, influenciando a

percepção de desigualdades discursivas, como o imagético.

Para Marcondes Filho (1988, p. 54), no jornalismo televisivo é possível observar

dois ingredientes que constam na produção dos programas: a fragmentação e a

personalização ou personificação, pontos estes que também atuam diretamente nessa

relação entre o telespectador e o veículo televisivo.

TRANSMISSORA DE NOTÍCIAS E FONTE DE ENTRETENIMENTO

O fato de estar assistindo televisão indica que o telespectador está em busca de

alguma maneira de encontrar entretenimento, conhecimento ou algum meio de interação

proporcionada por este veículo de comunicação. Isto está intrinsecamente ligado ao fato

da experiência do homem ao olhar objetos, cenas e natureza, buscando por meio delas –

das cenas – esses sentimentos que poderá encontrar na televisão.

Como lembra Marcondes Filho (1994), a televisão não trouxe somente

mudanças na maneira de transmitir acontecimentos e relatos, mas também foi

responsável por uma verdadeira transformação no ‘fazer’, sobretudo na narrativa, na

qual é possível observar uma sensível mudança naquilo que estávamos habituados a ver

no cinema.

Hoje, possivelmente, a grande diferença entre a televisão e o cinema, como

meios de comunicação, esteja relacionada à publicidade: enquanto na televisão essas

taxas publicitárias são cobradas por minuto, no cinema elas são cobradas em taxas

inteiras, pois, neste, é garantida a presença do público por pelo menos o tempo do filme,

enquanto na televisão o telespectador tem o poder de mudar de canal a hora que quiser,

o que poderá levar a emissora a eventuais prejuízos. Assim, quando transmitidos pela

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televisão, os filmes contam com intervalos, já que essa pausa estratégica nas emoções

trazidas pode ajudar as mensagens publicitárias na venda de mercadorias, de acordo

com Marcondes Filho (1994).

Com todas essas características que a tornaram ímpar, a televisão atingiu grande

ascensão desde o seu surgimento, superando o cinema – até então monopolizador do

público noturno – e o rádio – que detinha o maior poder de penetração no dia-a-dia dos

lares –, convertendo-se no maior veículo de comunicação de massas, exercendo grande

fascínio junto aos telespectadores.

Por sua aptidão em trabalhar imagens como representações, a televisão pode

gerar dois tipos de olhar, de acordo com Charaudeau (2012): o olhar de transparência e

outro de opacidade.

O primeiro, embora chamado assim, trata-se de uma ilusão de transparência,

pois é com este olhar que o telespectador entenderá que o veículo televisivo pretende

exibir o oculto, adentrar um lado desconhecido pela audiência até então. O segundo

olhar, por sua vez, impõe, conforme assevera Charaudeau (2012, p. 112), “sua própria

semiologização do mundo, sua própria intriga, sua própria dramatização”.

Estes olhares determinam a excelência da televisão, como veículo de

comunicação, em (re)tratar os dramas do mundo – como os objetos deste trabalho

faziam/fazem –, e mesmo os conflitos ente o poder político e o poder civil – através de

debates.

Dentre os produtos televisivos que mais conquistam identificação do público, os

jornalísticos se destacam nesse cenário.

OS JORNALÍSTICOS TELEVISIVOS

Documentários e telejornais são programas que fazem parte do gênero

jornalístico. Dessa forma, entendemos que sua função diz respeito unicamente ao ato de

informar, sem qualquer interferência nesse processo. Todavia, não é essa a única função

dos programas de cunho jornalístico. Há que se considerar que, por vezes, esses

programas abusam de elementos que inferem diretamente no imaginário das pessoas,

influenciando a percepção de desigualdades discursivas, como o imagético.

A junção desses componentes caracteriza o que é popularmente chamado de

“sensacionalismo” nesses tipos de programas televisivos.

ENTRE O NOTICIOSO E O SENSACIONALISTA

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Não há uma definição concreta sobre este termo. Comumente, ele é empregado

com o propósito de conotar, de maneira pejorativa, um programa de cunho jornalístico

que exiba algum conteúdo demasiadamente voltado para a violência, por exemplo. O

porquê de isso acontecer pode estar relacionado, para o telespectador, com o contato

com o drama alheio.

Na imbricação que faz entre o jornalismo e essa dramaticidade, J. S. R. Goodlad,

citado por Marcondes Filho (1988, p. 52), assevera que “o jornalismo e o telejornalismo

são parentes muito próximos dos dramas. Em questão de preferência popular, os

noticiários ocupam, aliás, o segundo lugar, logo após o drama”. Tal constatação nos

leva a imaginar que a junção desses dois elementos atrai audiência e chama ainda mais a

atenção do telespectador. Quando são mostradas notícias sobre um acontecimento que

envolve, por exemplo, um movimento social de reinvindicação, possivelmente será

criado um verdadeiro ‘espetáculo’ na notícia, pois isso será mostrado ao público como

se fosse um acontecimento social, algo como um produto de circo, dado o ‘show’

criado.

Por seu caráter festivo, esses fatos, sem quaisquer vínculos com a realidade imediata do telespectador, são politicamente esvaziados. A TV, portanto, pode apresentar até matérias sobre movimentos e partidos revolucionários, guerrilheiros e comunistas, pois a sua descaracterização como fatos críticos e explosivos já foi feita anteriormente – não direta e formalmente, mas na sua apresentação. O cenário, o apresentador, as cores e todas as ‘informações paralelas’ neutralizam as notícias (MARCONDES FILHO, 1988, p. 52).

A essa ‘descaracterização’ do fato, sobrepujado pelo ‘espetáculo’ criado,

entendemos ser a essência do sensacionalismo. No exemplo anterior, o enfoque

centrado na movimentação – e nos consequentes conflitos ocorridos entre manifestantes

e a instituição responsável por manter a ‘ordem’ –, ao invés de uma breve explicação

das causas daquele protesto, é um elemento pregnante do “sensacionalismo”.

O discurso inerente a um produto jornalístico considerado “sensacionalista” é

bem peculiar quando comparado ao conteúdo discursivo de outras atrações. Com

elementos que visam chamar a atenção do telespectador, esse gênero situa-se em:

(Um) modo de produção discursivo da informação de atualidade, processado por critérios de intensificação e exagero gráfico, temático, linguístico e semântico, contendo em si valores e elementos desproporcionais, destacados, acrescentados ou subtraídos no contexto

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de representação ou reprodução de real social (PEDROSO, 1983 apud ANGRIAMI, 1995, p. 14).

E este efeito “sensacionalista” traz em seu bojo algumas marcas para a

audiência, como a de alimentar um desligamento da própria realidade – o que

caracteriza uma incongruência no âmago do ato de informar. Assim, o veículo que

emprega o “sensacionalismo” em suas produções:

Não se presta a informar, muito menos a formar. Presta-se básica e fundamentalmente a satisfazer as necessidades instintivas do público, por meio de formas sádica, caluniadora e ridicularizado das pessoas. Por isso, a imprensa sensacionalista, como a televisão, o papo no bar, o jogo de futebol, servem mais para desviar o público de sua realidade imediata do que para voltar-se a ela, mesmo que fosse para fazê-lo adaptar-se a ela (MARCONDES FILHO, 1986 apud ANGRIAMI, 1995, p. 15).

Os objetos de estudo deste trabalho – Documento Especial e Aqui Agora –, são

programas tidos como popularescos por manterem em sua constituição certo modo

sensacionalista, explorando temáticas como a violência, por exemplo, para buscar uma

maior audiência.

O DOCUMENTO ESPECIAL – TELEVISÃO VERDADE

O programa estreou em agosto de 1989, em uma quarta-feira, às 23h00, na já

endividada TV Manchete. Trazia um formato jornalístico semelhante ao adotado no

consagrado Globo Repórter, mas com temas polêmicos e imagens consideradas ‘fortes’

e uma linguagem peculiar investida de efeitos de sentido, o que o diferenciava de outros

programas do mesmo gênero e formato. Por conta disto, não é exagero dizer que o

Documento Especial – Televisão Verdade seja considerado um marco na televisão

brasileira, por sua coragem em investigar e exibir temas relacionados ao sexo, tráfico de

drogas, travestis, submundo dos guetos, o invisível social que não ia às telas.

Em maio de 1992, em meio à grave crise que assolava a Manchete, culminando

com a sua venda para o Grupo IBF, Hoineff e a equipe do Documento Especial eram

contratados pelo SBT, mas sem a liberdade que possuíam na Manchete. Prova disto, foi

a “censura” que o programa sofreu logo em sua primeira exibição no canal, quando a

edição “O país da impunidade”, já mencionada neste trabalho, não pôde ir ao ar. Ficou

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no canal até 1995, quando sai por desavenças entre Nelson Hoineff e Sílvio Santos.

Voltou ao ar em 1997 pela Rede Bandeirantes, onde permanece até 1998, ano em que

foi extinto.

Nas palavras de Mattos (2010), “um dos melhores programas jornalísticos da TV

Brasil. (...) Programa jornalístico explícito, abordava temas polêmicos e sensacionalistas

como nenhuma outra emissora tinha conseguido produzir até então”.

Embora tenha se apresentado em formato de telejornal, o Aqui Agora também

manteve-se como representante do popularesco.

O AQUI AGORA

Aliando o formato “sensacionalista” do rádio ao telejornalismo, o Aqui Agora

foi exibido inicialmente no ano de 1991 e trazia o impactante slogan: “um jornal

vibrante, uma arma do povo, que mostra na TV a vida como ela é”.

Contou com diversos apresentadores em sua 1ª fase, quando absorvera o formato

dos famigerados “O Homem do Sapato Branco” e “O Povo na TV”, como Ivo

Morganti, Christina Rocha (que já participara de “O Povo na TV”), Sérgio Ewerton,

Liliane Ventura. Posteriormente, assumiu de vez o formato jornalístico, em 1996,

centrado em pautas mais noticiosas e sem tanto requinte sensacionalista, quando passou

a ser apresentado por Eliakim Araújo e Leila Cordeiro.

Em sua equipe de repórteres, destacam-se César Tralli, Celso Russomano, Gil

Gomes, Wagner Montes (que também já passou pelo “O Povo na TV”), Carlos

Cavalcanti, dentre outros.

Sérgio Mattos (2010) coloca o Aqui Agora como um “telejornal popular”, e

discorre que a atração surgiu “copiando o modelo de jornalismo popular usado nas

emissoras de rádios: sensacionalista, com notícias policiais e muito apelo sexual”.

Em ambas atrações, que serão analisadas mais à frente, há que se ressaltar,

também, a adequação da notícia à política das emissoras televisivas, que acabam

moldando a produção noticiosa de acordo com suas ideologias. Este é um dos motivos

que fazem com que algumas notícias ganhem uma importância maior do que deveriam,

e outras acabem perdendo o espaço que mereciam. Isso é, de certa maneira, a essência

dos estudos da hipótese do agendamento.

A HIPÓTESE DO AGENDAMENTO PELAS MÍDIAS

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Inicialmente, ressalvamos que o termo “teoria do agendamento”, encontrado em

algumas obras e ‘manuais’ de comunicação, será por nós trabalhado como hipótese do

agendamento. Isto porque, de acordo com Hohlfeldt (1997), a hipótese de “agenda-

setting” não pode ser considerada uma teoria por não ser um paradigma fechado,

completamente calado a outras conjugações. Daí a diferença entre teoria e hipótese:

Uma hipótese é sempre uma experiência, um caminho a ser comprovado e que, se eventualmente não “der certo” naquela situação específica, não invalida necessariamente a perspectiva teórica. Pelo contrário, levanta, automaticamente, o pressuposto alternativo de que uma outra variante, não presumida, cruzou pela hipótese empírica, fazendo com que, na experiência concretizada, ela não se confirmasse (HOHLFELDT, 1997, p. 2).

Na hipótese do agendamento há a ideia de que a mídia é quem impõe os assuntos

que irão ao conhecimento das pessoas, algumas vezes ofuscando um determinado fato,

mas, em contrapartida, omitindo muitos outros. Nesse raciocínio, a hipótese da agenda-

setting esteia que:

Em consequência da ação dos jornais, da televisão e dos outros meios de informação, o público é ciente ou ignora, dá atenção ou descuida, enfatiza ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas tendem a incluir ou excluir dos próprios conhecimentos o que a mídia inclui ou exclui do próprio conteúdo. Além disso, o público tende a conferir ao que ele inclui uma importância que reflete de perto a ênfase atribuída pelos meios de comunicação de massa aos acontecimentos, aos problemas, às pessoas (SHAW, 1979, p. 96 apud WOLF, 2012, p. 143).

A ideia embrionária da hipótese surgiu em 1922, no livro Public Opinion, do

jornalista e escritor norte-americano Walter Lippmann. Em suma, Lippman coloca que

em um governo que se diz democrático, o poder está, verdadeiramente, nas mãos dos

grupos que controlam a informação. Assim, para o autor a mídia atua indiretamente na

maneira de criar estereótipos imagéticos no subconsciente da audiência, visando

direcionar a opinião pública ao sabor de seus próprios interesses.

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Não devemos, pois, confundir notícia com verdade. Cabe a verdade iluminar fatos escondidos, relacionando-os com outros a fim de produzir uma imagem da realidade que permita às pessoas agirem. Ao jornalismo caberia simplesmente sinalizar os eventos (LIPPMAN, 2008, p. 15).

Posteriormente aos estudos de Lippman, McCombs aprofundou a pesquisa

quando observou, despretensiosamente, o papel das notícias na primeira página do Los

Angeles Times, objetivando entender se o impacto de um evento é diminuído quando a

história recebe um posicionamento menos proeminente.

Já em 1968, uma pesquisa ‘definitiva’, que utilizava a hipótese como epicentro,

fora realizada analisando a campanha presidencial dos EUA, com a aplicação de um

questionário para eleitores indecisos. A pressuposição dessa pesquisa era que no meio

público em geral, o grupo de eleitores indecisos estaria disponível à influência dos

media Realizada em 24 dias, o trabalho continha 100 (cem) questionários, que visavam

cobrir um universo variado de posição econômico-financeira, social e racial. Aplicada a

eleitores indecisos quanto ao voto em Hubert Humprey ou em Richard Nixon, a

pesquisa cobriu cinco jornais, dois canais de televisão e duas revistas semanais.

Findada, a pesquisa, além de confirmar a ideia pressuposta de que os indecisos

optariam por aquele candidato com mais influência midiática, também mostrou que os

próprios candidatos influenciaram-se pela mídia, pois incluíram em suas agendas temas

que foram largamente trabalhados pela própria mídia, em detrimento ao estabelecido

inicialmente em suas campanhas2.

Atualmente, as tendências da Communication Research voltam-se para questões

concernentes aos efeitos da mídia a ao problema de como estes constroem a imagem da

realidade social. Se antes as pesquisas detinham uma preocupação maior com os efeitos

da mídia a curto prazo, hoje essas pesquisas atém-se aos efeitos da mídia a longo prazo.

De certa forma, a hipótese da agenda-setting também analisa a capacidade

cognitiva da audiência, pois a mídia acaba determinando a forma com que o indivíduo

encara a realidade e o compara com as representações colocadas nos meios de

comunicação de massa, podendo levá-lo a distorcer sua própria imagem.

No campo televisivo, ao que parece, o aumento de consumo não indica,

necessariamente, um maior efeito da hipótese de agendamento. Wolf (2012) traz uma

pesquisa de McClure e Patterson (1976) realizada na campanha presidencial americana

2 Este pode ser considerado um exemplo de Contra-Agendamento, conforme veremos mais abaixo.

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de 1972 que apresenta a ideia de que o público que acompanhou as campanhas pela

televisão foi o que sofreu o menor efeito da agenda-setting.

Em cada análise dos dados de 1972, a comparação entre a influência da informação televisiva e o poder de outros canais de comunicação política (jornais, spots publicitário) mostra que a exposição às notícias televisivas teve, invariavelmente, os menores efeitos sobre o público [...]. Há uma confirmação limitada à hipótese da agenda-setting. Em alguns temas, mas não todos, os níveis de exposição aos meios de comunicação de massa mostram uma influência direta exercida pela agenda-setting. De tal modo, normalmente o efeito direto correlaciona-se com o consumo de jornais locais, e não com os noticiários televisivos (MCCLURE-PATTERSON, 1976, pp. 24, 28 apud WOLF, 2012, p. 147).

Destarte, com base na pesquisa de McLure e Patterson (1976), é permissivo

afiançar que cada meio de comunicação possui capacidade variada de gerar influência

nos indivíduos. Portanto, os meios de comunicação acabam se ‘hierarquizando’ na

relação entre a eficácia da agenda-setting e a influência que este gera.

Por outro lado, pesquisas mais recentes trabalham com o agendamento no

sentido oposto, ou seja, quando este efeito vem da sociedade – ou, no caso da pesquisa

que versa sobre, do terceiro setor – para a própria mídia. Este fenômeno é chamado de

contra-agendamento.

O CONTRA-AGENDAMENTO MIDIÁTICO

Defendido por Silva (2006 apud Rossy, 2011), o contra-agendamento parte do

pressuposto de que a sociedade pode, sim, agendar a mídia. Essencialmente, esta ideia

relaciona a eficácia de determinadas medidas – como campanhas de ONGs, por

exemplo – através de sua exposição na mídia.

O contra-agendamento compreende um conjunto de atuações que passam estrategicamente pela publicação de conteúdos na mídia e depende, para seu êxito, da forma como o tema-objeto-de-advocacia foi tratado pela mídia, tanto em termos de espaço, quanto em termos de sentido produzido. Pode-se então afirmar que o contra-agendamento de um tema pode ser parte de uma mobilização social ou parte de um plano de enfrentamento de um problema, corporativo ou coletivo (SILVA, 2005, p. 2 APUD ROSSY, 2011, p. 7).

Como exemplo, a autora cita as campanhas de desarmamento propostas pela

ONU, que acabam fazendo parte da agenda política e midiática dos países. No Brasil,

talvez o maior exemplo, ainda de acordo com a autora, seja a comoção que a também

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campanha contra do desarmamento gerou em 2003, através de uma caminhada, na praia

de Copacabana, que reuniu 50 mil pessoas, entre artistas, políticos e população em

geral. Ainda em 2003, o tema foi altamente explorado na novela “Mulheres

Apaixonadas”, da Rede Globo de Televisão.

Com a abordagem da hipótese do agendamento em dois programas popularescos

da televisão brasileira, que será objeto de análise deste estudo, abarcaremos também a

Análise de Discurso de tradição francesa, que nos auxiliará como campo teórico-

metodológico.

A ANÁLISE DO DISCURSO COMO CAMPO TEÓRICO-METODOLÓGICO

Essencialmente, a Análise de Discurso, como campo teórico-metodológico,

buscará depreender sentidos de um discurso proferido por seu orador. Se um conteúdo

textual é aquele que denotará uma interação linguística entre os interlocutores, o

discurso será aquele que irá determinar a posição ideológica dos interlocutores, ou seja,

o discurso pode ser entendido como o complemento de um texto.

Orlandi (2012, p. 17) citando Pêcheux (1975) coloca que “não há discurso sem

sujeito e não há sujeito sem ideologia: o indivíduo é interpelado em sujeito pela

ideologia e é assim que a língua faz sentido”. Assim, para Orlandi (2012, p. 17): “[...]

discurso é o lugar em que se pode observar essa relação entre língua e ideologia,

compreendendo-se como a língua produz sentidos por/para os sujeitos”. A vertente

francesa da AD resulta na identificação dos discursos já instituídos – como o da

publicidade ou o da medicina – que foram incorporados pelo sujeito. Ou seja,

caracteriza-se pela ênfase no assujeitamento do emissor, que se expressaria mediante a

incorporação desses discursos sociais já instituídos: o religioso, o filosófico, o

jornalístico, o publicitário etc. Isto é, todo discurso acaba por ser entrecortado por

diversos enunciados.

Nesse processo de referir-se a que os interlocutores estão submetidos, analisá-los

vai além da compreensão do processo comunicativo entre emissor e receptor, por meio

da mensagem. É preciso entender como um objeto simbólico – que pode ser um

enunciado, uma música, uma pintura etc. – lança sentidos e deixa outros apensos. Dessa

forma, será possível compreender o que vai além da mensagem colocada pela língua, e

aí é que a AD 3será fundamental, uma vez que ela “visa a compreensão de como um

3 Doravante, utilizaremos o termo “AD” para nos referirmos à Análise de Discurso.

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objeto simbólico produz sentidos, como ele está investido de significância para e por

sujeitos” (ORLANDI, 2012, p. 26).

Nos estudos da AD, a língua não é entendida como uma simples estrutura, mas

sim como um acontecimento, assim como também não há uma separação entre forma e

conteúdo discursivo. Deste modo, para a AD:

a. a língua tem sua ordem própria mas só é relativamente autônoma (distinguindo-se da Linguística, ela reintroduz a noção de sujeito e de situação na análise da linguagem);b. a história tem seu real afetado pelo simbólico (os fatos reclamam sentidos);c. o sujeito de linguagem é descentrado pois é afetado pelo real da língua e também pelo real da história, não tendo o controle sobre o modo como elas o afetam. Isso redunda em dizer que o sujeito discursivo funciona pelo inconsciente e pela ideologia (ORLANDI, 2012, p. 19-20).

Portanto, sob a égide da Análise de Discurso de tradição francesa e do conceito

de agendamento, iniciaremos nossas análises em dois programas televisivos de cunho

popularesco: Documento Especial e Aqui Agora, que marcaram época na televisão

brasileira.

O (RE)TRATO DA IMPUNIDADE NO DOCUMENTO ESPECIAL

Em 1992, quando o Brasil atravessava uma crise no governo do então presidente

Fernando Collor de Mello, o Documento Especial produziu uma edição chamada “O

país da impunidade”. A edição deveria ir ao ar pelo SBT, naquele que seria o programa

de estreia na emissora, mas acabou por ser censurada “por uma série de razões”, de

acordo com Nélson Hoineff. Somente anos mais tarde, mais precisamente em 2007, o

programa foi ao ar pelo “Canal Brasil”.

Logo no início da edição, Roberto Maya, apresentador do programa, diz: O

Brasil já foi palco de inúmeras tragédias na construção civil. Incêndios e

desabamentos sempre resultam da falta de segurança e manutenção. Entre mortos e

feridos, o que resta é a indignação e revolta de quem espera por punição aos culpados.

A fala do apresentador já deixa clara a intenção do programa: mostrar punições que não

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foram aplicadas aos culpados. Conforme o país atravessava uma forte crise política na

época, durante o governo Collor, escândalos de corrupção afloravam. Talvez o mais

notório deles tenha sido o que ficou conhecido como “O Esquema PC Farias4” –

principal motivo para o impeachment de Fernando Collor –, que envolveu o tesoureiro

da campanha do presidente.

As próximas cenas do programa apresentam populares protestando contra o

presidente Fernando Collor e PC Farias, acompanhadas por uma trilha dramática que

sonorizava imagens de tragédias ocorridas no país, como a queda do viaduto Paulo de

Frontin, no Rio de Janeiro, ocorrida em 1971 e que resultou na morte de 29 pessoas; o

incêndio ocorrido no Edifício Joelma, em São Paulo, que vitimou 189 pessoas – as

imagens mostram pessoas se atirando do alto do prédio para a morte certa; e o naufrágio

da embarcação Bateau Mouche, que levou 55 pessoas a óbito. Em todas essas tragédias

mostradas, a edição deixa claro que não houve condenações adequadas àqueles que

seriam responsáveis pelas mortes; houve, sim, penas leves.

Ficam apensas, durante a edição, a intenção dos produtores do programa em

atrelar a ideia da impunidade ocorrida com os responsáveis pelas tragédias, com a

impunidade que os membros do governo Collor poderiam receber. Dessa forma, é

permissivo entender que o programa buscou agendar sua audiência à essa possível

impunidade, visando chamar a atenção dos telespectadores. Isso porque, conforme

afirmou Wolf (2012, p. 143 citando SHAW, 1979, p. 96): “o público tende a conferir ao

que ele (o conteúdo midiático) inclui uma importância que reflete de perto a ênfase

atribuída pelos meios de comunicação de massa aos acontecimentos, aos problemas, às

pessoas”. Tal constatação vem ao encontro do que Charaudeau (2012) chama de “olhar

de transparência”, pois a televisão, especialmente neste caso, pode(ria) ter buscado uma

ilusão de transparência ao exibir o oculto – ou seja, a impunidade dos responsáveis pela

tragédia que poderia atingir aos governantes –, desconhecido até então.

Nas cenas em que exibe corpos de pessoas vitimadas pelas tragédias, como no

caso do Bateau Mouche e daqueles que se jogavam do alto do edifício Joelma para a

morte certa, o Documento Especial parece tentar se apropriar do elemento

“sensacionalista” para atingir ainda mais sua audiência. Todavia, cabe a reflexão de

Marcondes Filho (1986, apud ANGRIAMI, 1995, p. 15), que questiona se o uso de tais

elementos não acaba por “desviar o público de sua realidade imediata”.

4 O esquema, após revelado, mostrou que o então tesoureiro, com o poder que tinha durante o governo, conseguiu manipular dinheiro público e desviá-lo para contas fantasmas. Fonte: <http://www.terra.com.br/noticias/especial/pc/esquema01.htm>. Acesso em: 08 jun 2015.

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Outro programa telejornalístico que parecia se utilizar da dramaticidade para

chamar a atenção dos telespectadores, talvez até agendando-os, foi o Aqui Agora.

OS ELEMENTOS DE DRAMATICIDADE DO SUJEITO-JORNALISTA

INDIGNADO

Na edição de 13/02/1995, a última reportagem exibida pelo Aqui Agora trazia o

repórter Gil Gomes – conhecido jornalista que realizava coberturas policiais no rádio,

com sua fala e trejeitos bem peculiares – indignado com a morte de um idoso, de 77

anos, que aguardava na fila do INSS pare receber o benefício da aposentadoria.

Posicionado em um parque que aparenta estar vazio, Gil Gomes destoa seu

discurso de indignação com o ocorrido: “O que se espera depois de 35, 40 anos de

trabalho? É que a pessoa, pelo menos, tenha um pouco de dignidade no fim da vida. O

aposentado, que possa sentar num banco, que possa desfrutar de uma vista bonita

como essa. Mas é isso que acontece no Brasil? Os senhores tomaram conhecimento. O

Aqui Agora noticiou, os jornais falaram. Mas ninguém gritou. Um velhinho, 77 anos de

idade, obrigado a chegar às 4h da manhã numa fila do INAMPS5. 4 horas da manhã

para que ele pudesse ter o direito dele. E de repente, nessa fila, o homem de 77 anos de

idade começa a se sentir mal. Começa a passar mal. Mas não podia deixar a fila. Ele

fica, até que suas forças o sustentem de pé. Mas, sentou. Chamaram uma ambulância

para atendê-lo. 1 hora! 1 hora foi a espera para a ambulância. E o velhinho, que

contribuiu para a Previdência Social durante 35 anos, no mínimo, morreu nessa fila.

Algo que é revoltante. Algo que dói, que machuca e que alguém precisa falar.

De princípio, é possível entender que o sujeito-jornalista – aqui representado por

Gil Gomes – se colocou em um parque cercado por natureza, em um ambiente bucólico,

para mostrar que o idoso deveria estar neste parque, em descanso, usufruindo de sua

retirada do mercado de trabalho. Para além, a fala do repórter é acompanhada, durante

os 6’14” de duração da reportagem, por uma trilha sonora dramática. A imagem do

repórter em um parque aparentemente vazio – dando a entender que o idoso de 77 anos

não estava lá por ter falecido na noite anterior – aliada à trilha sonora, conferem uma

imagem de teor dramático à reportagem. J. S. R. Goodlad, citado por Marcondes Filho

(1988, p. 52), assimila o telejornalismo como um parente bem próximo dos dramas,

5 Autarquia criada pelo regime militar em 1974, foi um desmembramento do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e era responsável pelo atendimento médico aos contribuintes da Previdência Social. Fonte: <http://sistemaunicodesaude.weebly.com/histoacuteria.html>. Acesso em: 23 mar 2015.

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sendo os dois tipos de programas preferidos pelos telespectadores. Este modo de

jornalismo praticado pelo programa parece buscar identificação junto à audiência.

Outrossim, Gil Gomes, fazendo uso dos elementos citados acima, busca chamar

a atenção do público do Aqui Agora para o falecimento do idoso na fila no INAMPS,

por conta do mau atendimento da instituição. Essa seria uma maneira de buscar agendar

o descaso com a saúde em sua audiência. A junção do ‘dramático’, colocado pelo

apresentador, ao jornalismo – a notícia da morte do idoso – parece criar uma certa

verdade jornalística. No esteio de Lippman (2008, p. 15), essa ‘verdade’ traria à tona

fatos escondidos, produzindo uma imagem de real, e no jornalismo é que estes eventos

seriam sinalizados.

O sentido dramático do sujeito-jornalista também pode ser assimilado em seu

discurso. Além dos elementos que compõe este sentido, como a trilha sonora e o

ambiente em que o repórter se encontra, a fala do repórter traz à baila certas questões.

Quando diz que “o Aqui Agora noticiou, os jornais falaram. Mas ninguém gritou”,

referindo-se às condições do sistema de saúde no país, Gil Gomes afirma que os

veículos de comunicação mostraram essas condições ruins, mas que não houve nenhum

grito. De tal modo, se é na língua que observamos os sentidos, conforme pontou Orlandi

(2012), é possível perpetrar que há uma tentativa de chamar a atenção da audiência para

este problema.

À GUISA DE CONSIDERAÇÕES

Por serem veiculados em um meio de comunicação que une os sentidos da visão

e audição por excelência, os jornalísticos popularescos parecem obter ainda boa

identificação junto à audiência. Programas que se utilizam de um formato que explora a

tragédia alheia para chamar a atenção da audiência existem há décadas, e se mantiveram

com a mesma intensidade.

Não obstante, Documento Especial e Aqui Agora – atrações estudadas por este

trabalho –, mesmo se apoderando de elementos do popularesco, quando abordam

temáticas envoltas à violência, buscam trazer à tona alguns assuntos pré-determinados.

Isso pode ser considerado um exemplo de agendamento.

A edição País da impunidade, gravada em 1992, mas que não chegou a ir ao ar,

buscava resgatas algumas tragédias que causaram comoção nacional com o intuito de

mostrar que os responsáveis por tais tragédias nada ou pouco sofreram. No ano de sua

gravação, o país atravessava uma séria crise política no governo Fernando Collor, com

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acusações de desvio de dinheiro público. De certa forma, o programa pareceu ter a

intenção de enxertar na audiência a ideia de que no Brasil a impunidade imperava. Isto,

talvez, com o propósito de engendrar a sociedade para o que acontecia. Todavia, o

programa acabou censurado e não foi ao ar.

Já o Aqui Agora, em uma edição de fevereiro de 1995, teve no repórter Gil

Gomes um sujeito-jornalista indignado que se apropriou de uma narrativa envolta em

elementos dramáticos para sinalizar as más condições do sistema de saúde da época.

Através do falecimento de um idoso de 77, que perdeu a vida esperando na fila

do atendimento, a reportagem explorou o elemento sensacionalista para chamar a

atenção de um tema que já era trazido pelas mídias naquele ano – de acordo com o

próprio Gil Gomes. Assim, buscando criar certa verdade jornalística, a reportagem se

utilizou do alcance da televisão, da carga dramática e do jornalismo para ressaltar sua

própria indignação com aquele fato. Isso pode, de certa forma, ter agendado a audiência

para este problema.

REFERÊNCIAS

ANGRIMANI, Danilo. Espreme que sai sangue: um estudo do sensacionalismo na

imprensa. São Paulo: Summus, 1995.

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2012.

HOHLFELDT, Antonio. Os estudos sobre a hipótese de agendamento. In: Revista

Famecos, n. 7, 1997. Disponível em:

<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/

2983/2265>. Acesso em: 09 fev. 2015.

LIPPMANN, Walter. Opinião Pública. Tradução e Prefácio: Jacques A. Wainberg.

Editora Vozes: Petrópolis, 2008

MARCONDES FILHO, Ciro. Televisão. São Paulo: Scipione, 1994

______. Televisão: a vida pelo vídeo. São Paulo: Moderna, 1988

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos.

Campinas: Pontes Editores, 2012.

ROSSY, Elizena. Contra-agendamento: o Terceiro Setor pautando a mídia. In: Anais

do II Encontro Compolítica, Belo Horizonte, 2011. Disponível em:

<http://www.compolitica.org/home/wp-content/uploads/2011/01/gt_jmp-elizena.pdf>.

Acesso em: 09 fev. 2015.

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TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: tribo jornalística: uma comunidade

interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2005.

WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. São Paulo: Martins Fontes,

2012.