Nı́vel de dano causado por cupins (Insecta: Isoptera) em ... · Larissa Danielle de Carvalho...
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Larissa Danielle de Carvalho Barros
Nıvel de dano causado por cupins
(Insecta: Isoptera) em plantios de
cana-de-acucar irrigada.
Montes Claros
Maio de 2014
Larissa Danielle de Carvalho Barros
Nıvel de dano causado por cupins(Insecta: Isoptera) em plantios de
cana-de-acucar irrigada.
Dissertacao apresentada ao programa de
Pos-Graduacao Stricto Sensu em Ciencias
Biologicas da Universidade Estadual de
Montes Claros, como requisito necessario para
a conclusao do curso de Mestrado em Ciencias
Biologicas.
Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Reis Junior
Montes Claros
Maio de 2014
Larissa Danielle de Carvalho Barros
Nıvel de dano causado por cupins(Insecta: Isoptera) em plantios de
cana-de-acucar irrigada.
Dissertacao apresentada ao programa de
Pos-Graduacao Stricto Sensu em Ciencias
Biologicas da Universidade Estadual de
Montes Claros, como requisito necessario para
a conclusao do curso de Mestrado em Ciencias
Biologicas.
Data da aprovacao: de de 2014
Orientador:
Prof. Dr.Ronaldo Reis Junior (UNIMONTES)
Examinadores:
Prof. Dr. Marcılio Fagundes (UNIMONTES)
Prof. Dr. Ricardo Ribeiro de Castro
Montes Claros
Maio de 2014
A minha famılia e amigos que me apoiaram a continuar nesta caminhada e a nunca desistir.
Dedico
Epıgrafe
"Estamos na situac~ao de uma crianca que entra em uma imensa biblioteca,
repleta de livros em muitas lınguas.
A crianca sabe que alguem deve ter escrito aqueles livros, mas n~ao sabe como.
N~ao compreende as lınguas em que foram escritos.
Tem uma palida suspeita de que a disposic~ao dos livros obedece a uma
ordem misteriosa, mas n~ao sabe qual ela e."
Albert Einstein
Agradecimentos
Agradeco a todos aqueles que de alguma maneira, direta ou indiretamente, contribuıram
para a realizacao deste trabalho. Ao meu orientador, Prof. Dr. Ronaldo Reis Junior pela
oportunidade, conhecimento e orientacao precisa, construıda atraves de varios anos de
convıvio academico. A todos os professores do PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM
CIENCIAS BIOLOGICAS que moldaram minha formacao academica e de pesquisa.
Agradeco ao PROGRAMA DE FORMACAO DE RECURSOS HUMANOS-PRFH225, pela
bolsa do mestrado e os recursos financeiros para o desenvolvimento do projeto de mestrado.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROSCENTRO DE CIENCIAS BIOLOGICAS E DA SAUDE
Departamento de Biologia Geral
Nıvel de dano causado por cupins(Insecta: Isoptera) em plantios de
cana-de-acucar irrigada
Larissa D. C. BarrosRonaldo Reis Junior (Orientador)
Montes Claros, Maio 2014
Sumario
1 Resumo 2
2 Introducao 3
3 Metodologia 73.1 Area de Estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73.2 Desenho Amostral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83.3 Analise Estatıstica dos Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4 Resultados 11
5 Discussao 13
6 Conclusoes 17
7 Bibliografia 18
1
1 Resumo
A herbivoria e uma das mais importantes interacoes animal-planta exis-tentes. Eles podem consumir todos os tipos de tecidos vivos dos vegetais egerar danos que podem ocorrer em qualquer fase do ciclo de vida dos vegetais.No entanto os vegetais apresentam muitos tipos de defesas contra os insetosherbıvoros que vao desde defesas fısicas (pelos e tricomas) a defesas quımicas(compostos de acao toxica ou repelente). Alguns vegetais podem sobreviverao ataque de herbıvoros atraves de mecanismos de tolerancia. A toleranciae a capacidade de minimizar as perdas no fitness devido a herbivoria. Ela sedivide em tres tipos: (1) Compensacao insuficiente, (2) Compensacao com-pleta e (3) Sobrecompensacao. As interacoes entre plantas e seus herbıvorossao de grande importancia uma vez que, estes insetos invariavelmente setornam pragas em varias plantacoes agrıcolas inclusive na cana-de-acucar.Uma das principais pragas de canaviais sao os cupins subterraneos que po-dem ocasionar uma reducao de mais de 10 toneladas de cana por ano. Assimo presente trabalho teve como objetivo avaliar o nıvel de dano causado porcupins em plantios de cana-de-acucar irrigada testando a seguinte hipotese:o aumento da infestacao de cupins em canaviais causaria uma maior produ-tividade baseando-se na ideia de sobrecompensacao. Para isto foram sele-cionados 100 pontos em dois talhoes de cana-de-acucar dentro da empresaSada Bio-Energia e Agricultura. Estes pontos possuıam taxas de infestacoesdiferentes para que podessemos avaliar a influencia do aumento da infestacaono peso seco da cana e brix. Nossos resultados mostraram um aumento nopeso seco da cana conforme aumentava-se a taxa de infestacao. Isto pode serum indicativo de que as canas estariam sobrecompensando os danos sofridospelos cupins. Apesar destes insetos serem considerados pragas eles exercemfuncoes que modificam a fertilidade e porosidade dos solos em que habitam.Estes benefıcios podem ter colaborado tambem para o aumento do peso secoda cana. Em relacao ao brix nao houve alteracoes do seu teor no caldo aolongo do crescimento da infestacao. Os cupins podem nao estar afetando ataxa fotossintetica das canas e com isto a producao de sacarose nao se altera.Outro alternativa seria, a dos cupins nao causarem danos suficientes na canaao ponto dela deslocar recursos para a producao de compostos de defesas eafetar, assim, a producao do brix.
2
2 Introducao
A herbivoria e uma das mais importantes interacoes planta-animal exis-
tente, em que o animal se alimenta de partes ou de todo o vegetal. Herbıvoros
sao responsaveis por gerar grandes impactos sobre as plantas que estao rela-
cionados ao crescimento, sobrevivencia e reproducao (Crawley, 1983; Coley e
Barone, 1996; Begon et al., 2007), influenciando assim as proximas geracoes
(Puentes e Agren, 2012).
Os insetos herbıvoros podem consumir quase todos os tipos de tecidos
vivos dos vegetais e gerar danos que podem ocorrer em qualquer fase do ciclo
de vida de uma planta (Rico-Gray et al., 2004). Uma planta pode interagir
com varias especies de herbıvoros que geram varios tipos de dano (Garcıa e
Ehrlen, 2009). Em consequencia, os efeitos da herbivoria na planta podem
depender de fatores como: a fase fenologica da planta em que o dano ocorre
(Ramula, 2008; Garcıa e Ehrlen, 2009; Buckley e Avila-Sakar, 2013); o tipo
e nıvel de intensidade da herbivoria (Verkaar, 1987; Garcıa e Ehrlen, 2009) e
a estrutura da planta consumida (Olejniczak, 2011; Puentes e Agren, 2012)
As plantas, no entanto, exibem muitos tipos de defesas contra o ataque de
insetos, como pelos e tricomas (defesas fısicas), compostos de acao toxica ou
repelente, etc (Silva et al., 2011). Enquanto eles, os herbıvoros, tem muitos
tipos de taticas para superar estes mecanismos de protecao (Silva-Filho et al.,
2002; Cornelissen et al., 1999). Alguns vegetais tambem podem sobreviver
ao ataque dos herbıvoros atraves de mecanismos denominados tolerancia,
3
compensacao e sobrecompensacao.
A tolerancia e a capacidade de minimizar reducoes no fitness devido a
herbivoria (Strauss e Agrawal, 1999; Stowe et al., 2000; Turley et al., 2013).
Embora a tolerancia nao seja uma alternativa estrita da planta a herbivoria,
ela reflete o grau em que uma planta pode se regenerar e reproduzir apos
sofrer algum dano por herbıvoros (Strassus e Agrawal, 1999). A tolerancia
a herbivoria frequentemente muda o curso da historia de vida de um in-
divıduo vegetal, a medida que as alocacoes de recursos para as defesas ou
compensacao sao alteradas (Boege e Marquis, 2005).
A compensacao e um termo geralmente utilizado para se referir ao grau de
tolerancia a herbivoria apresentado pelas plantas. Tendo como referencia a
producao de sementes por planta (aptidao), Strauss e Agrawal (1999) definem
tres principais respostas compensatorias que a planta danificada pode apre-
sentar: (1) compensacao insuficiente: quando as plantas danificadas apresen-
tam menor aptidao do que os indivıduos sem dano; (2) compensacao com-
pleta: quando a planta danificada e a sem dano tem a mesma aptidao; e (3)
sobrecompensacao: quando as plantas danificadas alcancam maior aptidao
em comparacao com as plantas nao danificadas, existindo nesta ultima res-
posta, uma relacao mutuamente benefica entre as plantas e seus herbıvoros.
A sobrecompensacao e uma estrategia particular de compensacao que
ocorre quando as plantas danificadas alcancam maior aptidao (producao de
sementes) em comparacao as plantas nao danificadas. Esta funcao sobrecom-
pensatoria se associa principalmente a arquitetura da dominancia apical da
4
planta, sendo que a ativacao dos meristemas latentes laterais e estimulada
como resposta a eliminacao do apice principal aumentando o sucesso repro-
dutivo destes indivıduos. Portanto, podemos dizer que existe uma relacao
mutuamente benefica entre as plantas e seus herbıvoros (Aarssen, 1995; Paige
e Whitham, 1987; Agrawal, 1998; Agrawal, 2000; Rautio et al., 2006; Olej-
niczak, 2011; Huhta et al., 2000).
As interacoes entre plantas e seus herbıvoros sao de grande importancia,
uma vez que os herbıvoros como consumidores primarios sao capazes de inter-
ferir no funcionamento e estrutura de um ecossistema. Muitos dos problemas
economicos advindos de disturbios em plantacoes agrıcolas nos ecossistemas
tropicais estao relacionados com a infestacao de herbıvoros (Farnworth e Gol-
ley, 1974). Varios estudos tem sido desenvolvidos no ambito de conter estes
insetos que invariavelmente se transformaram em pragas agrıcolas (Onody,
2009). Praga e todo inseto que ao atacar uma cultura agrıcola causa dano
economico. Deste modo, no Brasil varias plantacoes de hortalicas, eucalipto,
cana-de-acucar, dentre outros, vem sofrendo serias perdas advindas do ataque
de insetos herbıvoros.
Na cana-de-acucar os herbıvoros causam uma reducao de mais de 10
milhoes de toneladas de cana por ano e dependendo da intensidade exigem
a reforma do canavial, retirando todas as soqueiras (raızes deixadas no solo)
(Pereira, 2008; Planalsucar, 1982; Arrigoni, 1995; Alves e Almeida, 1995;
Novaretti e Fontes, 1998).
Dentre os insetos pragas do canavial destacam-se os cupins subterraneos
5
(Isoptera) (Sohail et al., 2008; Dutra et al., 2010; Pereira, 2008; Novaretti e
Fontes, 1998). Eles atacam a cana durante todo seu ciclo, provocando falhas
no plantio, em touceiras e colmos, causando reducao do numero de perfilhos,
secamento e quebra dos colmos (Oliveira, 2011; Pivetta, 2006; Albuquerque,
2005). Com isto ha uma queda no crescimento e produtividade de acucar
(Albuquerque, 2005).
O Heterotermes tenus (Isoptera: Rhinotermitidae) foi a principal especie
de cupim que atacou praticamente todos os canaviais nos quais foram fei-
tos levantamentos. Ha tambem registros de especies dos generos Corniter-
mes, Syntermes, Nasutitermes e Neocapritermes (Pereira, 2008) causando
prejuızos variados na producao de acordo com a regiao de ocorrencia (Oli-
veira, 2011; Constantino, 2002). Os problemas acarretados pela presenca dos
termitas sao agravados pelo tipo de solo, clima e a irrigacao da cultura. Os
solos arenoso e/ou pobre e uma sazonalidade bem marcada fazem com que
haja uma grande migracao de indivıduos para as lavouras de cana (Miranda
et al., 2004 ; Oliveira, 2011) principalmente quando esta e irrigada (Oliveira,
2011).
Embora seus aspectos negativos sejam bastante conhecido os cupins sao
responsaveis por inumeros processos positivos tanto em ecossistemas naturais
como em agrıcolas (Black e Okwakol, 1997). Eles influenciam quimicamente
e fisicamente os processos do solo. Os tuneis termıticos contribuem para a
aeracao e a drenagem do solo, pois o movimento de partıculas entre os ho-
rizontes, carregadas pelos cupins, promove a descompactacao e manutencao
6
da porosidade, alem de distribuir a materia organica. Dessa forma, os cupins
sao importantes agentes de manutencao da vitalidade do solo dos ambientes
naturais (Fontes, 1998; Fontes e Araujo, 1999). Alem de alteracoes nas pro-
priedade fısicas do solo, alguns cupins tambem interferem nas propriedades
quımicas do solo como, por exemplo, no processo de fixacao de nitrogenio.
Com isto a fertilidade do solo e maximizada pela incorporacao de nutrientes
como fosforo e nitrogenio, que acaba por aumentar a produtividade vegetal
(Black e Okwakol, 1997; Cadet et al.,2004).
Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o nıvel de dano causado
por cupins em lavouras de cana-de-acucar irrigada. Sendo considerados a
incidencia de indivıduos (infestacao) de cupins nas areas, peso seco da cana
e brix; testamos a hipotese de que o aumento da infestacao de cupins em
canaviais causaria uma maior produtividade do mesmo baseando-se na ideia
de sobrecompensacao.
3 Metodologia
3.1 Area de Estudo
As areas de coleta estao localizadas na empresa Sada Bio-Energia e Agri-
cultura dentro do projeto Jaıba no municıpio de Jaıba norte de Minas Gerais.
O clima predominante na regiao e o Aw (Segundo Koppen), caracterizado
pela existencia de uma estacao seca bem acentuada no inverno (Peel, 2007).
A temperatura media anual e de 24,4°C com precipitacao media de 871mm
7
(Antunes, 1994), concentrada na estacao chuvosa (outubro a marco). A ve-
getacao predominante sao as florestas tropicais secas (FTS) crescendo em
solos ferteis e planos.
A Sada e uma empresa de producao de etanol e acucar mascavo atraves da
cana-de-acucar. Ela possui uma area plantada de 8800 hectares com talhoes
variando entre 120 a 50 hectares e irrigacao de 800 a 1000 mm anuais, fora
a precipitacao natural.
As mudas de cana-de-acucar sao plantadas com aproximadamente 40cm
de distancia uma da outra em fileiras com distancia entre si de 1,4m. Neste
momento e aplicado fipronil, um inseticida de amplo espectro para, princi-
palmente, o controle de cupins. Este inseticida e usado apenas uma vez no
primeiro ano de vida da cana e nao e reaplicado na hora da rebrota que
ocorre logo apos os cortes anuais da cana.
3.2 Desenho Amostral
Foram selecionados 100 pontos com no mınimo 100m de distancia entre si
em dois talhoes com idades de 3,5 e 4 anos. Em cada ponto foi tracado uma
linha reta formada por 10 touceiras (figura 1) e nestas foram mensuradas a
presenca e ausencia de cupins atraves de perfuracoes, de mais ou menos 15cm
de profundidade, feitas na base de cada touceira.
Quando encontravamos cupins em apenas uma touceira representaria 10%
de infestacao, em duas 20% e assim sucessivamente ate 100% de infestacao,
no total foram coletados de 5 a 10 pontos em cada nıvel de infestacao. Es-
8
Figura 1: Esquema dos pontos de coletas.
tes cupins foram armazenados em tubos etiquetados contendo alcool 80%
e levados ate o laboratorio de Ecologia Computacional e Comportamental
(LECC) na Unimontes para a identificacao ate o menor nıvel taxonomico
possıvel (figura 2).
Em cada ponto tambem coletamos 3 canas, duas nas extremidades da
linha e uma no centro. Em cada cana eram retirados 3 colmos um na base, um
no centro e um no apice, sendo um total de 9 colmos por ponto. Embalados
em sacos plasticos e etiquetados estes colmos foram levados para o laboratorio
de Biologia Computacional e Comportamental na Unimontes (figura 2). Em
laboratorio realizamos a analise do teor de brix com o equipamento Portable
Refractometer (refratomero de campo) e o peso seco de cada colmo (massa).
Como tınhamos o peso seco de nove colmos por ponto, fizemos uma media
destes pesos secos para obtermos um unico valor que foi usado nas analises
estatısticas.
9
Figura 2: Amostras dos colmos retirados de 3 diferentes canas e tubo deensaio contendo alguns indivıduos de cupins.
Para analisar a influencia dos cupins no peso seco e brix da cana foram
levados em consideracao: nıvel de infestacao de cupins afetando ou nao o
brix (teor de acucar no caldo) e o peso seco da cana.
3.3 Analise Estatıstica dos Dados
Dentro do software R[2.14](R Development Core team, 2011)montamos os
seguintes modelos de regressao com distribuicao de erro normal:
� Media do peso seco dos colmos como variavel resposta;
Nıvel de infestacao como variavel explicativa.
� Teor de acucar (brix) como variavel resposta;
Nıvel de infestacao como variavel explicativa.
10
4 Resultados
Entre o nıvel de infestacao de cupins e o peso seco foram encontradas
relacoes significativas (P= 0.0015, F=10.74) (figura 3) indicando que a pre-
senca de cupins ate em nıveis mais altos como 70% e 80% afetam positiva-
mente o peso seco da cana, provocando um aumento de massa.
0 20 40 60 80 100
2030
4050
Porcentagem de infestação
Pes
o se
co m
édio
dos
col
mos
(g)
27.33048+0.16909*x
Figura 3: A influencia das porcentagens de infestacao de cupins no peso secoda cana-de-acucar (P=0.0015).
11
O mesmo nao ocorreu com os valores de brix e as taxas de infestacao
(p=0.123, F=2.42)( Figura 4). Mostrando que os cupins nao exercem ne-
nhuma interferencia positiva ou negativa na qualidade do caldo da cana (brix).
0 20 40 60 80 100
05
1015
2025
Porcentagem de infestação
Brix
(%
)
18.1414+0.0,01347*x
Figura 4: Influencia das procentagens de infestacao de cupins no Brix(P=0.123).
12
5 Discussao
Os cupins constituem um biossistema complexo envolvendo uma grande
diversidade de especies que possuem diferentes tipos de nidificacao e ali-
mentacao. Nos ecossistemas terrestres, estes insetos sao os maiores res-
ponsaveis pela decomposicao e mineralizacao do carbono, modificando a
estrutura e propriedades dos solos (Fontes, 1998; Fontes e Araujo, 1999).
Porem, nos ultimos anos estes insetos tem chamado atencao pelo seu poten-
cial como praga em diversas culturas, principalmente as de cana-de-acucar
(Batista-Perreira, 2004).
Apesar de seu status de praga (Campos et al., 1998) a incorreta iden-
tificacao daquelas especies efetivamente danosas pode levar a um controle
errado destes indivıduos e especies importantes para ciclagem de nutrientes
no solo podem ser afetadas. Ao avaliar-se a ocorrencia de cupins em cana-
viais de todo o paıs, os aspectos ecologicos bem como seu potencial como
praga sao discutıveis (Miranda et al., 2004).
Nossos resultados demonstram que cupins nao afetam a quantidade de
acucar presente no sulco (brix). Sendo os cupins insetos de solo eles nao
seriam capazes de causar danos nas celulas foliares da cana ou de reduzir o
fluxo de agua e nutrientes atraves dos vasos xilematicos da raiz como ocorre
com as cigarrinhas-das-raızes (Mahanarva fimbriolata, Hemiptera: Cercopi-
dae) (Fadini et al., 2004; Horsfield, 1978). O ataque da cigarrinha-das-raızes
tem como consequencia a reducao da taxa fotossintetica, consequentemente
13
reduzindo o desenvolvimento da planta e acarretando perdas de produtivi-
dade dos colmos e sacarose (Mendonca et al., 1996).
Devido a alimentacao das cigarrinhas serem principalmente de seiva do xi-
lema, o que possivelmente resulta em deficiencia hıdrica e de nutrientes e con-
sequentemente, em disturbios metabolicos generalizados (Dinardo-Miranda
et al., 2004; Gallo et al., 2002; Fewkes et al., 1969). Alem disso, sob defi-
cit hıdrico, a taxa fotossintetica e reduzida drasticamente, comprometendo
o crescimento e desenvolvimento da planta. (Taiz e Zeiger, 2004). Com a
infestacao, as plantas secam e morrem (Gallo et al., 2002). Apesar dos cu-
pins nao serem insetos sugares o ataque dos mesmos poderia ocasionar uma
reducao da area das raızes e desencadear os mesmos processos citados acima,
mas este fato nao foi observado em nossos experimentos, mesmo nas maiores
taxas de infestacoes.
Os danos causados pelos cupins podem, tambem, nao serem capazes de
induzir a producao de substancias de defesas como ocorre em outras plan-
tas (Buchanan et al., 2000; Taiz e Zeiger, 2004). Desta forma nao ocorreria
um deslocamento de recurso para a sıntese de tais compostos ao ponto de
reduzir a producao de acucar mesmo em altas taxas de infestacao. Algumas
plantas deslocam energia e carbono para a producao de fenois para a defesa,
reduzindo a producao de sacarose e outros compostos responsaveis pelo cres-
cimento (Madaleno et. al., 2008). O que pode ser observado em plantacoes
de milho atacadas por Nezara viridula (Linnaeus, 1758) (Hemiptera: Penta-
tomidae). Quando atacado por estes insetos o milho produz grande quanti-
14
dade de compostos fenolicos em defesa a alta taxa de infestacao reduzindo a
qualidade do milho (Willians et al., 2005).
Uma outra possibilidade seria a habilidade que as plantas apresentam de
compensar pequenos danos sofridos de tal forma que as injurias causadas
pelos cupins nao alteraria a producao de acucar (Strauss e Agrawal, 1999).
No entanto, em culturas com altas taxas de infestacao de hemipteras este
fato nao e demonstrado. Nestas plantacoes estes insetos causam reducoes na
quantidade de acucar do caldo e no peso dos colmos (Madaleno et al., 2008).
Alguns autores reportam que em pequenos nıveis de infestacoes as plantas
sao capazes de sobrecompensar os danos sofridos mas quando as infestacoes
ocorrem em nıveis mais altos estes ganhos nao ocorrem (Dinardo - Miranda
et al., 2008 ).
O peso em massa seca da cana aumentou a medida em que as taxas de
infestacoes cresciam. Observamos que quanto maior a infestacao maior era o
ganho em massa. Este fato pode evidenciar uma grande habilidade da cana-
de-acucar sobrecompensar os danos sofridos pelos cupins (Strauss e Agrawal,
1999), aumentando, em uma pequena escala, o peso dos colmos e consequen-
temente um ganho final no aumento da produtividade em grande escala. Um
exemplo de planta que apresenta sobrecompensacao e a Ipomopsis aggregata
(Ericales: Ipomopsis). Indivıduos de I. aggregata que sofreram danos com a
herbivoria produzem ate tres vezes mais o numero de flores, sementes e fru-
tos do que indivıduos que nao foram atacados (Becklin e Kirkpatrick, 2006).
Com isto fica claro uma relacao positiva entre os herbıvoros e suas plantas
15
hospedeiras.
Estes resultados opoem-se ao que ja foi descrito ate agora para a relacao
cupim/cana, no qual relata os cupins como principais pragas de canaviais.
Ocasionando danos que vao desde a morte dos indivıduos na fase juvenil ate
o secamento de todos os colmos na fase adulta (Sohail et al., 2008; Oliveira,
2011; Pivetta, 2006; Albuquerque, 2005).
Podemos tambem relacionar o grande aumento no peso dos colmos da
cana aos processos positivos que os cupins executam tanto em ecossistemas
agrıcolas quanto em naturais (Black e Okwakol, 1997). Os cupins possuem
grande habilidade em alterar os aspectos fısicos e quımicos do solo. Termi-
tas tem a capacidade de maximizar a incorporacao de fosforo e nitrogenio
no solo que sao essenciais para o crescimento dos vegetais. Com o aumento
destas substancias a produtividade vegetal tambem tende a aumentar (Black
e Okwakol, 1997; Cadet et al., 2004). Alem das alteracoes quımicas, o movi-
mento de partıculas entre os horizontes promovido pelos cupins no momento
da construcao de seus tuneis aumenta a porosidade do solo e disponibilizacao
dos nutrientes para horizontes mais superiores e assim sao mais facilmente
absorvido pelos vegetais.
16
6 Conclusoes
A plantacao de cana-de-acucar irrigada estudada apresentou um grande
ganho em peso (massa seca) mesmo em altas taxas de infestacao de cupins
(60 %, 70 % e 80 %). Este fato demonstra uma grande capacidade da cana
sobrecompensar os danos sofridos pelos cupins. A habilidade dos cupins em
alterar as caracterısticas do solo como fertilidade e porosidade pode tambem
ter influenciado neste ganho de peso.
Em relacao ao brix nao houve nenhum ganho ou diminuicao do teor de
sacarose ao longo do aumento da taxa de infestacao. Isto porque estes danos
nao estariam alterando a taxa fotossintetica da cana ou induzindo a producao
de compostos de defesa ao ponto de afetar a producao de sacarose. Desta
forma nao ocorreria nenhuma alteracao no brix (teor de acucar) do caldo da
cana.
17
7 Bibliografia
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