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Nutrição e Dietética II

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Nutrição e Dietética II

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Dietoterapia I Compreende o tratamento através da dieta e envolve modificações na ingestão diária de alimentos. Pode

ser um tratamento auxiliar ao tratamento medicamentoso ou constituir a única forma de intervenção terapêutica. A dietoterapia é um tipo de tratamento que tem por base a modificação dos alimentos pela adição de substâncias alimentares com propriedades de cura, ao tempo de suprimir outras, cujo organismo doente se encontra incapacitado de metabolizar, o que por si só neste último caso induz ou agrava a doença.

Modificações do padrão dietético normal, aplicadas em cada caso conforme necessário para atender as necessidades individuais (ex: capacidade de digestão e absorção, alívio da doença, fatores psicossociais).

1° item da prescrição médica; Tem a mesma finalidade da prescrição medicamentosa, designando o tipo, quantidade freqüência e via de administração dos alimentos; Deve ser um consenso entre médicos e nutricionistas.

Aspectos a serem considerados na prescrição dietoterápica AVALIAÇÃO NUTRICIONAL (Indicadores antropométricos, bioquímicos, dietéticos e clínicos) CÁLCULOS DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS (energia, proteínas, lipídios, carboidratos, minerais,

vitaminas, etc) DETERMINAÇÃO DA VIA DE ADMINISTRAÇÃO (Oral, enteral, parenteral) PROCESSO DO CUIDADO NUTRICIONAL Consiste de: Avaliação do estado nutricional; Identificação das necessidades ou problemas nutricional; Planejamento e

priorização dos objetivos do cuidado nutricional para atingir essas necessidades; Complementação de atividades nutricionais para atingir os objetivos; Avaliação do cuidado nutricional.

EQUIPE MULTIPROFISSIONAL Médico, dentista, fisioterapeuta, enfermeiro, farmacêutico, fonodiólogo, psicólogo e nutricionista.

Custo hospitalar; Triagem hospitalar: Idade; Altura; Peso habitual e ideal; Alteração do apetite; Disfagia ou dificuldade de mastigação; Presença

de náuseas; Vômitos; Diarréia; Avaliação geral do trato gastro intestinal Albumina sérica; Hemoglobina; Hematócrito; Contagem total de linfócitos; Glicemia; Proteínas totais e

frações; Colesterol total e frações; Triglicérides; Uréia; Creatinina; ETC. Avaliação de todos os pacientes no máximo em 3 dias após a entrada e deverá ser repetida a cada 7 dias

no mínimo; Risco nutricional aumenta em pacientes hospitalizados por duas semanas ou mais Incluem todas as atividades ou intervenções que possibilitarão ao pacientes atingir os objetivos já definidos;

Atividades incluídas: Prescrição de dieta; Aconselhamento e orientação nutricional; Abastecimento de alimentos necessários; Aconselhamento sobre auxílios públicos e vales alimentos (o que ajudará o paciente a resolver

economicamente suas necessidades nutricionais); Intervenções ou ações são numeradas para se correlacionarem com os objetivos que elas devem atingir.

Devem ser completas e incluir condições que, onde, quando e como da atividade, a fim de que toda a equipe de saúde (incluindo paciente) saberá o que está sendo feito; As informações sobre o tratamento e progresso de um pacientes deverão ser acessíveis à equipe de saúde, à partir de um registro centralizado.

O processo de cuidado nutricional, tal como aplicado a um paciente em um hospital ou ambulatório, deve ser documentado em um registro de saúde Î Prontuário Apresenta as seguintes vantagens:

Ajuda o paciente a compreender seu cuidado nutricional e saber que deverá ser participante ativo; Ajuda a assegurar que o cuidado nutricional será relevante, completo e efetivo por fornecer um registro que

identifica os problemas e estabelece critérios para avaliá-lo; Permite a toda equipe compreender as razões para o cuidado nutricional e os meios pelos quais será fornecido; Permite a toda equipe de saúde a participar do cuidado nutricional e reforçar a educação do paciente sempre que houver uma oportunidade.

Um registro detalhado de cuidados nutricionais pode ficar com o nutricionista, mas, neste caso, as informações nele contidas deverão ser periodicamente sumarizadas no registro permanente de saúde.

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ETAPAS COMPONENTES FATORES A CONSIDERAR 1. Avaliação do Estado Nutricional Coletar informações (dados) Identificar problemas As informações deverão ser precisas, pertinen ao paciente e apropriadamente interpretadas; Os problemas

deverão receber o mesmo núm que consta no registro médico, colocados graus de prioridade de acordo com importância, estar relacionados com dados avaliação e incluir problemas presentes e potencial.

2. Planejamento do Cuidado Nutricional Estabelecer objetivos Informações adicionais necessárias Recursos disponíveis Nível educacional do paciente e sua família

Modificação da dieta Suplementação de nutrientes Medidas para possibilitar ao paciente atingir necessidades nutricionais Tratamento dos problemas médicos que afetam estado nutricional

3. Implementação Cuidado Nutricional Determinar intervenções nutricionais Modificação da alimentação necessária a torn aceitável ao paciente Ensinamentos ao paciente e sua família

a resp do plano do cuidado nutricional Provisão dos suplementos nutricionais necessá de forma aceitável Resolução de problemas de saúde Inscrição do paciente em programas de assistên alimentar, se necessário.

4. Avaliação do Cuidado Nutricional Determinar a eficácia do cuidado nutriciona alterá-los, se necessário. Monitoração da ingestão alimentar e fluidos Avaliação da ingestão para se adequar às me das

necessidades nutricionais do paciente Avaliação do conhecimento nutricional refletido alteração comportamental (escolha alimentar) Monitoração dos dados bioquímicos relaciona com o estado nutricional Monitoração dos dados antropométricos Monitoração do estado clínico

Avaliação deverá incluir uma comparação entr comportamento observado e o esperado Uma determinação da eficácia da intervenção atingir os objetivos Uma explicação da eficácia e ineficácia intervenção ou sugestões para revisão do plan o cuidados, baseadas na avaliação.

AVALIAÇÃO 1. ANTROPOMÉTRICOS 2. BIOQUÍMICOS 3. EXAME CLÍNICO Efeitos da doença, medicamentos, cirurgia recente, radiação, quimioterapia ou outros tratamentos sobre o

suporte nutricional, necessidades e perdas. 4. HISTÓRIA NUTRICIONAL Ingestão Dietética Î recordatório de 24hs Freqüência alimentar Registro Alimentar Informações relativas a

nutrição Î suplementação Alergias, intolerâncias Conhecimento nutricional Atividade física Informações Psicossociais: Ambiente de cozinha e alimentação Atitudes quanto a alimentos e alimentação Fatores econômicos

Histórico social relevante Origem étnica NOTA: Baseado nestes dados é feito à avaliação do estado nutricional, e são identificados quaisquer

problemas ou necessidades e suas prioridades. 1. MODIFICAÇÃO DE DIETAS Todas as dietas terapêuticas são baseadas no padrão dietético normal que é modificada com a finalidade

de: A dieta terapêutica deve desviar-se o mínimo possível do normal para o indivíduo, a menos que as

inadequações devam ser modificadas; As necessidades de nutrientes essenciais deverão suprir tão generosamente quanto as condições da

moléstia permitirem; A dieta deverá reconhecer e levar em consideração os hábitos e preferências alimentares do paciente, seu

nível sócio econômico, práticas religiosas e quaisquer fatores ambientais que se relacionem coma dieta Î onde são feitas as refeições e quem as prepara. No hospital deve-se prestar atenção ao ambiente da hora da refeição de cada indivíduo.

2. PRESCRIÇÃO DA DIETA A prescrição da dieta em nutrição obedece ao mesmo propósito dos medicamentos prescritos em

terapêutica: Tipo Quantidade Freqüência

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Especifica um nível de energia baseado no peso atual e atividade normal do organismo, mais as quantidades e formas dos nutrientes.

Proteínas Carboidratos Lipídios Sais minerais Vitaminas Fibras Líquidos Outras substâncias que julgar necessária.

3. MODIFICAÇÕES DA DIETA NORMAL Podem ser classificadas em: a) QUALITATIVAS b) QUANTITATIVAS 1) Alteração da consistência dos alimentos Líquida Líquida restrita Branda Rica em fibras Pobre em fibras Pastosa Leve Sólida 2) Aumento ou

diminuição do valor energético da dieta 3) Aumento ou diminuição dos alimentos específicos 4. ALIMENTOS COMO FONTES DE NUTRIENTES Conhecimento dos nutrientes contidos em diferentes alimentos é essencial para a correta avaliação das

dietas terapêuticas; É útil estar atento aos alimentos altamente nutritivos que contribuem efetivamente para a adequacidade dietética.

5. CUIDADO NUTRICIONAL PARA PACIENTE HOSPITALIZADO Serviço alimentar é tão importante quanto o suporte nutricional; Requer imaginação e habilidade para

planejar uma variedade de alimentos familiares ao paciente; Aparência dos alimentos na bandeja, cor, textura, composição e temperatura; Tornar o sabor bom e agradável do alimento é extremamente importante no cuidado nutricional.

Trato gastro intestinal íntegro Condições de ingestão, digestão e absorção dos alimentos. Devem ser adequados de acordo com as patologias, às condições físicas, obedecendo às leis fundamentais

da alimentação fixadas por Escudero. Distribuídos de maneira equilibrada, conforme as recomendações da SBAN, do CODEX, RDA, de acordo

com a pirâmide dos alimentos. Elaboração = cuidados sanitários = pontos críticos de controle no preparo das refeições. Êxito do tratamento dependerá: Hospitais e instituições envolvidos com alimentação de doentes tem algumas dietas específicas para facilitar

o serviço do SND. São baseadas e formuladas a partir da RDA. É importante que essas dietas seja flexíveis de modo a satisfazer as necessidades nutricionais

freqüentemente reforçadas em pacientes hospitalares. São designadas como: Conhecida como normal, livre ou da casa; Balanceada conforme Guia Alimentar da Pirâmide do

Departamento de Agricultura dos EUA e recomendações da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. Dieta normal, básica, adequada

Dieta de consistência semi-líquida, normal em calorias e nutrientes. Dieta adequada que apresenta níveis de celulose mais baixos, tecido conjuntivo e também pobre em resíduos, que deverão ser abrandados na cocção Î moído ou desfiado. Indicadas para pacientes com problemas mecânicos de deglutição e de mastigação, em casos em que a função gastro intestinal esteja moderadamente alterada, para preparo de exames e de cirurgias e também no pré e pós-operatório. Em utilização prolongada Î deficiência de nutrientes Î avaliação contínua Dieta não sobrecarrega o TGI Î fácil digestão

Composição média Î 1500 Kcal Quantidades de calorias, proteínas, gorduras e CHO são ajustáveis de acordo com as necessidades individuais, baseadas na atividade, altura, peso, sexo, idade e qualquer necessidade específica causada pela moléstia.

REFEIÇÕES ALIMENTOS QUANT.gMED. CAS. SUBST. DESJEJUM Chá ervas claras Açúcar Biscoito água e sal 1 copo 1 colher sopa 6 unidades Mingau 200 1 prato fundo Sopa de legumes Suco de frutas natural Pudim

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1 prato cheio 1 copo 1 porção Similar a dieta geral Consistência mais macia, abrandada pela cocção, sendo permitido pedaços de

alimentos como legumes, vegetais, carnes, que não precisam ser obrigatoriamente triturados ou moídos Evitar frituras e condimentos fortes Indicada em indivíduos com problemas mecânicos e facilitar a digestão de alguns pós-operatórios. Dieta usada como transição para dieta geral; Útil para pacientes com pouco ou nenhum dente, ou com dentaduras; Composição média Î 1800 a 2000 Kcal Constituída de alimentos bem cozidos, normocalórica, restrita em celulose e alimentos fermentecíveis; São proibidos alimentos crus como verduras e frutas.

REFEIÇÕES ALIMENTOS QUANT.g MED CAS SUBST. DESJEJUM Chá ervas claras Açúcar Biscoito água e sal 1 copo 1 colher sopa 6 unidades Mingau 200 1 prato fundo Sopa de legumes Suco de frutas natural Pudim 1 prato cheio 1 copo 1 porção Carnes magras moídas, frango desfiado sem pele, em preparações cozidas, refogadas e ensopadas;

Legumes como batata, cenoura, abobrinha, chuchu bem cozidos ou na forma de purês; Arroz papa, sopas e caldos; Leguminosas somente o caldo: feijão, lentilha e ervilha; Chá de ervas claras: erva doce, camomila, hortelã, cidreira, etc; Frutas somente cozidas: maçã, pêra, banana; Biscoite de água e sal, maisena, leite, torradas; Substituir se possível o açúcar por adoçante ou dextrosol.

Dieta usada para pacientes com problemas de deglutição, pós-operatório de buço maxilo e outras; Consistência em pasta; Composição calórica normal, sem restrições de alimentos, evitando apenas as fibras e resíduos; Exemplos: arroz amassado, caldo de feijão, mingau de aveia, chocolate, maisena, purês de legumes, suco de frutas, pudins, cremes, papa de legumes, sopas e caldos, frutas cozidas (pêra, maçã e banana) e amassadas, gemada, suspiro, gelatinas, vitaminados de frutas, leite e derivados como iogurtes, danones, polenta, sorvetes, ovo quente, etc.

Recomendada a pacientes que requeiram alimentos de fácil digestão e consumo, que seja isentos de agentes mecânicos ou condimentos que possam causar irritação;

Com dificuldades de mastigação ou deglutição, que usam próteses dentárias ou pacientes cirúrgicos de buço maxilo;

Pode ser indicada em pacientes no pós-operatório, para fornecer líquidos e alguns eletrólitos e pequena quantidade de calorias antes do retorno da função TGI;

Utilizam todos os alimentos que sejam líquidos, a temperatura ambiente ou corpórea ou mesmo gelada; É servida em intervalos pequenos e freqüentes para suprir os tecidos de água e aliviar a sede; Se for bem

elaborada consegue atingir as necessidades nutricionais do paciente, exceto em relação às fibras; Apresenta aproximadamente 1300 à 1500 kcal com 5g de proteínas, 65g de gorduras e 150g de CHO; De acordo com as necessidades do paciente essa dieta pode ser modificada na quantidade dos nutrientes, em relação aos macronutrientes, ou seja, Ï ou Ð as quantidades; Suplementos protéicos e vitamínicos podem ser acrescentados aos líquidos, aumentando assim a ingestão de nutrientes; Com uso prolongado pode ocorrer constipação por essa dieta ser pobre em fibras Î industrializada.

Hipocalórica – Hiperglicídica - Hipoprotéica e Hipolipídica Hipocalórica – hiperglicídica – hipoprotéica – hipolipídica – sem leite Consistência líquida Indicada em casos em que há necessidade de deixar o intestino limpo, preparo de exames, pré e pós-

operatório imediatos. Utilizada apenas para hidratação por períodos curtos Caso contrário Î obrigatoriedade da suplementação Normoglicídica – normoprotéica – normolipídica. Consistência abrandada pela cocção e processos

mecânicos com alimentos moídos, liquidificados, em forma de purês e papas, sem leite e sem alimentos crus. Indicadas em casos de facilitação da ingestão, deglutição e também repouso intestinal e em alguns pós-operatórios.

TIPO DESCRIÇÃO INDICAÇÕES COMENTÁRIOS 4 a 6 refeições/dia Adequada em vitaminas minerais

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Monitorar cálcio e ferro 6 a 7 refeições/dia utilizar complemen nutricionais hipercalóricos HIPOLIPÍDICA Modificação do conteúdo de lipídios 15 a 25% VCT Adequada em nutrientes Rica em CHO

60 a 65% do VCT Oferta de TCM Substituição de TCL por TCM melhora: Absorção de gorduras Ingestão calórica Em caso de esteatorréia

suplementar vitaminas lipossolúveis Ofertar enzimas pancreáticas Restrita em gorduras Máximo 30% VCT Oferta de gordura monoinsaturada (az de oliva) Restrição de

alimentos ricos em coleste Ï Oferta de fibras Excluído álcool e açúcar Fibra dietética diminui a absorçã de colesterol Sais biliares

HIPOPROTÉICA Aporte de proteínas depende:

Da gravidade da doença; Da função renal e hepática; As proteínas devem ser ricas a essenciais e/ou ramificados

HIPERPROTÉICA

Monitorar função renal Alimentos para fins especiais com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de

composição química definida ou estimada, especialmente elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializadas ou não, utilizados exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidade nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, usando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistema.

ANVISA. Portaria n° 337 Administração de nutrientes através do trato gastro intestinal Termo utilizado referindo-se a pacientes submetidos à alimentação forçada pelo trato gastro intestinal,

através de sondas nasoenterais, nasogástricas ou estomias, localizadas em vários locais do tubo digestivo. Pacientes com afecções que impedem a ingestão oral como cirurgia oral, cirurgia gastro intestinal, disfagia, inconsciência, anorexia ou obstrução esofágica, precisam de alimentação líquida através de sonda.

Outros por várias razões não conseguem atingir nutrição adequada através da ingestão oral isolada, necessitam de refeições adicionais supridas enteralmente.

SIC Do tipo maciço ou em fase inicial de reabilitação Int.

Vômitos Dificultam a manutenção da sonda

Diarréia Avaliar a causa, considerar drogas, perdas hidroeletrolíticas

Doença terminal Complicações superam benefícios Obstrução Intestinal Ausência de trânsito intestinal total ou localizado Sangramento TGI Ocasiona náuseas, vômito e melena ou enterorragia Fístulas Intestinais Especialmente jejunais e de alto débito Isquemia Gastrintestinal Doentes críticos, com sepse, disfunção de múltiplos órgãos, instabilidade cardiopulmonar

Íleo Paralítico Intestinal Peritonites, hemorragia intra peritoneal, perfuração intestinal, diabetes grave, lesão nervosa central, hipocalemia

Inflamação do TGI Enterites graves por moléstia inflamatória grave dos cólons, enterite actínica intensa e por quimioterapia, pancreatite grave Hiperêmese gravídica

Método de administração de dieta enteral por sonda nasogástrica ou nasoenteral, utilizandose de sondas plásticas de polietileno tipo Levine, vem há muito tempo sendo praticado. Quando utilizadas por período acima de 15 dias podem ocasionar: Escara de asa do nariz; Desabamento do dorso do nariz; Sinusite aguda; Otite média aguda; Rouquidão; Esofagite;

Ulceração estenosante de laringe; Ulceração estenosante de esôfago; Fístula traqueoesofágica; Ruptura de varizes de esôfago; Distensão gasosa intestinal.

Para minimizar Î sondas de fino calibre, flexíveis e macias, constituídas de borracha de silicone ou poliuretano, denominadas nasoenterais.

Uso prolongado de suporte nutricional enteral Î estomia: Faringostomia e Esofagostomia Gastrostomia Jejunostomia

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FARINGOSTOMIA e ESOFAGOSTOMIA CONTRA INDICAÇÃO Ascite e hipertensão Deslocamento da sonda Infecção Fístula gástrica persistente Sangramento gastro intestinal a partir da

incisão gástrica; Vazamento do conteúdo gástrico para cavidade abdominal; Aspiração pulmonar; Escoriação da pele; Persistência de fístula após remoção da sonda; Migração da sonda e obstrução antropilórica.

Vazamento do suco gástrico ou duodenal para a pele, ou tensão da sonda sobre a pele pode causar irritação e ulceração Î remoção imediata

Como prevenção Î limpeza diária da pele ao redor da sonda com água morna e sabão neutro. Aplicar gazes e fixar com fita alergênica Doenças intestinais neonatais, obstrução crônica, Ð do esvaziamento gástrico; Fístula digestiva; Síndrome

do intestino curto; Íleo gástrico colônico; Anormalidades metabólicas do intestino; Má absorção, alergia alimentar; Pancreatite; Anorexia, câncer; Estados hipermetabólicos; Queimadura, infecção grave, trauma extenso; cirurgia e hipertiroidismo

PRIMÁRIA Disfunção na deglutição; Desordens no SNC; Obstrução do TGI alto; Neoplasia de orofaringe; Neoplasia/estreitamento esofagiano;

Neoplasia gástrica Neoplasia/estreitamento duodenal; Neoplasia pancreática. SECUNDÁRIA Esofagectomia; Gastrectomia; Pancreatectoduodenostomia; Ressecção maciça do ID; Pancreatectomia. Anorexia, perda de peso; Crescimento deficiente; Ingesta de volume oral inadequada; Desnutrição Î aguda, crônica e hipoproteinemia; Estados hipercatabólicos Î queimaduras, sepsis, trauma múltiplo, doenças cardiológicas e doenças

respiratórias. Doenças neurológicas: Dificuldade ou incapacidade de sucção e deglutição; Facilidade de aspiração. Coma por tempo prolongado; Anomalias congênitas: Fissura do palato; Atresia de esôfago; Fístula traqueoesofágica; Outras anomalias do TGI. Doença ou obstrução esofágica; Síndrome do intestino curto; Fibrose cística; Câncer associado à

quimioterapia, radioterapia e/ou cirurgia. NE por mais que 8 a 10 sem. Doenças cardio-respiratórias graves Anomalias congênitas: atresia esofágica, fístula traqueoesofágica, alguns tipos de fissuras de palato. Dificuldade de sucção ou deglutição Moléstia esofágica: estenose por ingestão de soda cáustica, cirurgia

e/ou radiação orofaringe. Coma prolongado Î reduz o risco de aspiração Técnica Administração Bolo: Injeção com seringa de 100 a 350ml de diet no estômago a cada 2 ou 6hs Gravitacional: Volume de

100 a 350ml administra por gotejamento (60ml/min) a cada 2 a 6 horas Fisiologia Distensão gástrica estimula secreção cloridropéptica Retardo do esvaziamento gástrico com risco de aspiração Indicações específicas Para pacientes com esvaziamento gástrico nor e com NE domiciliar Aspectos Psicológicos Mais desejável ao paciente domiciliar Permite deambulação Custo OperacionaÐ Ï Administração gástrica de dieta infundida pelo método intermitente pode ser iniciada com vol. de 100ml, com

Ï gradativo de 50ml por dose até atingir vol. máximo de 350ml com intervalos de 3 a 4hs. Infusão contínua Î administrar inicialmente 25 a 30ml/h e Ï gradativamente até velocidade máxima de 100 à 150ml/h Criança progressão Î volume deve ser adequado com peso ponderal A progressão se dá de acordo com tolerância Aspiração gástrica deve ser feita a cada 24hs Î se o volume aspirado for > que a metade do volume infundido, a progressão deverá ser mais lenta. Não se deve progredir simultaneamente o volume e a [ ] da dieta Quando a sonda se localiza em porções distais ao piloro Î duodeno ou jejuno Î o gotejamento deve ser observado com

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atenção, pois o escoamento rápido pode provocar cólicas, distensão, diarréia e Ð do aproveitamento nutricional e prejuízo ao paciente.

VANTAGENS > Tolerância a fórmulas variadas (prot. intactas, pr isoladas, a cristalinos Boa aceitação de fórmulas hiperosmóticas Permite progressão mais rápida para alcançar o V ideal Devido a

dilatação receptiva gástrica, permite introdução de grandes volumes em curto tempo Fácil posicionamento da sonda

DESVANTAGENS Alto risco de aspiração em pacientes com dificulda neuromotoras de deglutição Ocorrência de tosse, náusea ou vômitos, favorec saída acidental de sonda nasoenteral Dietas enterais ricas em macro e micronutrientes são excelentes meios para crescimento de

microorganismos; Administração de dietas eventualmente contaminada por ≠ germes pode causar distúrbios GI como náusea, vômito e diarréia. Independente da administração é fundamental que as dietas enterais sejam preparadas com > cuidado para evitar contaminação Dietas naturais e industrializadas querem técnicas individuais no preparo.

1- Paramentação total 2- Lavar as mãos com água e sabão e secar em toalhas de papel 3- Utilizar luvas cirúrgicas descartáveis para o preparo de dietas naturais 4- Preparar a dieta em área limpa, passando álcool na área a ser utilizada. 5- Utilizar água filtrada e fervida (25min.) para preparação da dieta. PARA DIETA INDUSTRIALIZADA

Utilizar água fria Liquidificar o pó e a água por 4min. Preparadas a base de alimentos in natura, produtos alimentícios e/ou módulos de nutrientes. Requerem

suplementação de vitaminas e minerais. Controle de qualidade físico-químico e microbiológica do alimento deve ser rigoroso. TGI com capacidade de digestão e absorção normais Î nutrientes forma intacta Î alimentos in natura e produtos alimentícios. Pacientes graves em situações metabólicas especiais Î nutrientes específicos Pacientes com risco aumentado de imunodepressão, HIV, idosos, bebes prematuros, pacientes com câncer ou em tratamento de quimioterapia e radioterapia e outros Î contaminação da dieta.

Alto poder sobre a viscosidade da dieta. Ï da viscosidade impede adequado gotejamento Î fornecimento adequado nutricional Mistura de CHO simples e complexos

Objetivo Î manter a osmolalidade + Ð Ð risco de diarréias osmóticas Alimentos in natura Î batata, inhame, mandioca, arroz Produtos alimentícios Î amido de milho, creme de arroz, tapioca, outros.

Açúcar simples das frutas Î frutose comercial Lactose + comum em NE não industrializada do que formulações e dietas industrializadas Dextrosol ou glicose tem Ï poder adoçante e Ï osmolaridade.

Preparações com alimentos in natura e produtos alimentícios = proteína intacta Î derivadas do leite ou produtos a base deleite, ovos, carnes

Proteína de soja + utilizada na NE Î in natura ou módulo Isolado protéico de soja Î proteína pura isolada dos açúcares, gorduras e fibras da soja Î geralmente suplementados com a como L-metionina, taurina e carnitina. Módulo de proteínas comercialmente disponíveis fornece proteínas intactas Î caseinatos e isolados protéicos de soja ou também como hidrolisados, em peptídeos ou a na forma livre. Apresenta-se em pó e requerem diluição para o consumo.

Volume e qualidade da água Î 2 aspectos importantes Densidade calórica reflete a densidade das calorias fornecidas por volume Dietas normocalóricas apresentam volume de água > que dietas hipercalóricas 85 e 70%. Pode representar um risco no produto final:

TEMPERATURA Diferentes processamentos Mudanças físicas, químicas e biológicas dos alimentos. Proteínas sofrem desnaturação a 80°C. Caseína,

albumina, ß-globulina Î + termoestáveis que prot. Soro. Cor Î alteração que caracteriza a ação da T sobre as proteínas Î reação de Maillard Î perda de lisina e

caramelização que ocorre pela formação de melanóides CHO Î≠ graus de alterações físicas Mudanças químicas dos CHO: Ï T° Î afetam composição dos lipídios Mudança de sabor Î > quantidades de lactonas e metilcetonas

Vitamina C Î perdas de 30 a 100% Î esterilização Vitaminas lipossolúveis + termoestáveis Atenção às possíveis

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mudanças físico-químicas. Acréscimo de suplementos medicamentosos nas preparações não industrializadas implica em

incompatibilidade. Formação de coalhos Alterações de viscosidade Consistência Entupimento da sonda Outras incompatibilidades Î farmacêuticas, fisiológicas ou farmacocinéticas Î não visíveis

Densidade calórica Perfil e variabilidade de nutrientes Osmolalidade pH Carga de soluto renal Aroma Sabor Resíduos Viscosidade Alteração visual da fórmula

Pacientes com TNE Î >suscetibilidade a infecções, toxinas e contaminação alimentar Literatura NE não industrializada está associada a contaminação bacteriana Alimentos in natura Î suscetível a

contaminação e toxiinfecção alimentar. Uso criterioso INTRODUÇÃO Início dec. de 60 e desenvolvimento em 70 Dietas utilizadas à base de caldo de carne

bovina e frango Administradas via jejunostomia Intercorrências Î distensão abdominal, cólicas diarréias, flatulência Década de 70 Divisão de Nutrição do Instituto de Cirurgia do HC e USP criaram a dieta isosmolar, polimérica artesanal à base de soja em grão Década de 80 Î dietas nacionais enterais Protein Plus, Nutrogast e Lioprotein em pó Formuladas para pacientes com GI absortiva e digestiva íntegra Passaram então de artesanal para quimicamente definidas Paralelamente surgiram frascos e bolsas descartáveis garantindo a segurança do produto final As indicações e a operacionalização da TE passaram a obedecer critérios melhor definidos para a manipulação e preparo da dieta

DIETAS ENTERAIS INDUSTRIALIZADAS 1) DIETAS INDUSTRIALIZADAS EM PÓ PARA CONSTITUIÇÃO 2) DIETAS INDUSTRIALIZADAS LÍQUIDAS SEMIPRONTAS PARA USO Dietas prontas Apresenta-se em latas ou frascos de vidro com 230 a 260ml Quantidade suficiente para um

horário de dieta 3) DIETAS INDUSTRIALIZADAS PRONTAS PARA USO Apresentam-se envasadas Acondicionadas em frascos de vidros ou bolsas próprias com 500 e 1000ml

Diretamente acopladas no equipo PORTARIA N° 337, 14/04/1999 Transferência da dieta da embalagem para o frasco, reconstituição e mistura de ingredientes favorecem a

contaminação das formulações. Fatores que minimizam riscos de contaminação: Implantar rotinas e procedimentos de validação de cada etapa Î qualidade microbiológica Documentação

referente à preparação da NE deverão ser arquivados por 5 anos ÁREA DE RECEBIMENTO Local onde se recebe o material entregue pelo fornecedor Avaliar qualitativa e quantitativamente Verificar

data de validade e fabricação Condições da embalagem limpas e íntegras Condições do entregador Conferir a rotulagem:

Umedecer as mãos e antebraços com água; Lavar com sabonete líquido, neutro, inodoro. Pode ser sabonete líquido anti-séptico; Massagear, escovar e enxaguar bem as mãos e antebraços; Secar com papel toalha descartável, não reciclável, ar quente ou outro procedimento apropriado; Aplicar anti-séptico, deixando secar naturalmente ao ar, quando não usar sabonete anti-séptico; Pode ser aplicado anti-séptico com as mãos úmidas; Anti-sépticos permitidos pelo MS são: álcool a 70%, soluções iodadas e outros produtos.

Deve ser completo; Cor clara; Sapato fechado ou bota; Avental fechado ou macacão com manga, decote fechado; Gorro ou touca que proteja totalmente o cabelo; Máscaras que proteja da liberação de partículas provenientes de respiração, espirro, tosse, suor e cabelo.

Após higienização das embalagens abrir com cuidado Î perda do conteúdo e contaminação; Condicionar em recipientes atóxicos e compatíveis físico-quimicamente com a composição do conteúdo; Recipientes devem ser isentos de microorganismos patogênicos; Descartáveis.

Exemplo Nome do paciente Leito Tipo de Dieta Velocidade de administração Via de acesso Data e hora da

manipulação Prazo de validade Numero seqüencial responsável Depois de prontas e rotuladas Î geladeira exclusiva T 2°C a 8°C Î aferida com Termômetro Transporte Î

recipientes térmicos exclusivos Î mantêm a T e protegem da luz solar direta Identificação do paciente para TNE Î plano dietoterápico DENSIDADE CALÓRICA X QUANTIDADE DE

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LÍQUIDO RECOMENDADO Quantidade de calorias/mililitro de dieta pronta Dependerá do VCT do paciente x volume da dieta que

deverá ser administrada durante o dia Î tolerância Recomendação Adulto Î 25 a 40ml/kg/dia Criança Î 50 a 60ml/kg/dia Água Î 690 a 860ml por litro de dieta Dietas com > densidades calóricas

apresentam < quantidades de água OSMOLARIDADE E OSMOLALIDADE Carboidratos simples Î mono e dissacarídeos Efeito osmótico > do que CHO de > peso molecular Î amido

Minerais e eletrólitos Î Na, cloreto, potássio Proteínas hidrolisadas e a cristalinos TCM Î+ solúveis que TCL Quanto + componentes hidrolisados > osmolalidade

A escolha da via de administração, tipo de infusão Î influenciará na escolha da formulação; Horários de administração da dieta Volume a ser infundido Velocidade de infusão Tipo de administração Î contínua ou intermitente Î gotejamento gravitacional Î Bomba de infusão ou em bolo FRACIONAMENTO Depende do volume total/dia e tolerância do paciente Opção Î< fracionamento (4 a 6/dia) e > volume em cada tomada TEMPO DE ADMINISTRAÇÃO EQUIPAMENTOS Funil plástico Î gastrostomia Seringa Î bolo Equipos com pinça Î intermitente Equipo para uso de bomba de infusão Î contínuo PÓS-PILÓRICO VOLUME Se intermitente Î volume limitado Î 300ml/horário Paciente já adaptado OSMOLALIDADE Fase inicial 60 gotas/min Fase adaptada 120 gotas/min EQUIPAMENTOS Seringa Î bolo Equipos com pinça Î intermitente Equipos próprios de bomba de infusão Î contínuo Energia Î 40 a 60% VCT da DE Mono, di, oligo e polissacarídeos. Principais fontes: Oligossacarídeos Lactose Verificar intolerância a lactose Intercorrências digestivas Diarréia Desconforto pós-prandial Flatulência

excessiva Distensão abdominal Desnutrição Î deficiência de lactase nas bordas em escova e microvilosidades intestinais Chineses e negros

Î Ïexponencial com a doença DE geralmente são isentas de lactose Î poderá ser adicionada CHO variam quanto ao n° de moléculas de

glicose:

Monossacarídeos glicose – frutose – galactose

Dissacarídeos sacarose – lactose – maltose

Oligossacarídeos maltodextrinas

Polissacarídeos amido Polissacarídeos não amiláceos e lignina Resistem à hidrólise pelas enzimas do aparelho digestivo São

fermentadas pelas bactérias intestinais na luz intestinal Iniciar com quantidade pequena e aumentar gradativamente de acordo com a tolerância digestiva Não há necessidade de atingir as recomendações Î mobilidade de mudanças de hábitos alimentares Fontes: Regularização do Tempo de trânsito intestinal Diarréia Diarréia/constipação Conteúdo de fibras de DE varia

entre 4 a 20g Verificar o calibre da sonda Î obstrução Correspondem a 14 a 20% do VCT Não vinculada ao fornecimento de calorias Î prover a, retenção nitrogênio ÎÏ massa muscular. Literatura: BNP Î 150 calorias não protéicas para cada grama de nitrogênio 150:1 Fontes Proteínas intactas (poliméricas) Extrato protéico de soja Isolado protéico de soja Lactoalbumina Caseína Quando a proteína se encontra fragmentada em suas < partes dividem-se em essenciais e não essenciais

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Proporção de a nas fórmulas varia Î sadios à alterações metabólicas Pacientes com trauma Î a cadeia ramificada

Glutamina Î estímulo para mucosa intestinal durante stress Î Ï massa celular e altura das vilosidades da mucosa

Presença deste a Î NE à NPT. Nutrientes de > densidade calórica Î substratos energéticos Correspondem a 30-35% do VCT Podem

aparecer na forma intacta Î TCL Veiculados por fontes alimentares que carreiam os TCM e TCC Ácidos graxos poliinsaturados TCL

Óleo de milho Óleo de girassol Gordura Láctea Óleo de peixe TCM Óleo de coco TCM industrialmente extraído Lípides estruturados PUFA Procedentes de óleos vegetais Podem ser classificadas em: ANORMALIDADES GASTRINTESTINAIS Mais comum Náuseas Î 10-25% dos pacientes Vômitos Estase gástrica Î pacientes diabéticos a gastroparesia diabética

Refluxo gastro esofágico Distensão abdominal, Cólicas, Empachamento, Flatulência Diarréia/constipação Freqüência de 2,3 a 68% Desnutrição Î Ð absortiva intestinal Î Ð microvilosidades Hipoalbuminemia ÎÐ da absorção Ï retenção de líquidos na luz intestinal e Ð a motilidade intestinal

Hipoalbuminemia Î ministração endovenosa de albumina Contaminação da dieta Nutrição enteral + antibioticoterapia ÎClostridium difficile Î anaeróbico produz enterotoxina associada a colite e diarréia intensa. Recomendado uso de Lactobacillus acidophilus para reposição da flora intestinal Atualmente DE suplementadas com prebióticos: Frutooligossacarídeos Î propiciam o crescimento de bactérias resistentes no cólon metabolicamente ativas e importantes da reposição da flora intestinal Administração de Sacchoromyces boulardii reduz em 25%. Medicamentos que causam diarréia Antiácidos com magnésio, Digitais, Lactulose, Laxativos, Colchichina, Aminofilina, Propanol, Suplementos com potássio e ferro COMPLICAÇÕES METABÓLICAS

Menos freqüentes Aporte adequado de água Î evita desidratação e hiper-hidratação Hiper-hidratação Desidratação Hiperglicemia Hipoglicemia Suspensão súbita da dieta em pacientes hiperglicêmicos Excesso de administração de insulina Monitorar os

níveis de glicemia diariamente no mesmo horário Quadro clínico Î sudorese e vertigem Administrar 20ml de glicose a 50% EV Î repetir glicemiaÎ obs Anormalidades de eletrólitos e elementos-traços

Alteração da função hepática Relacionadas com sonda nasoenteral: Erosão nasal, necrose e abscesso septonasal: Sondas de calibre grosso e de pouca flexibilidade Usar sondas com diâmetro 5 a 12F Utilizar sondas de

silicone ou poliuretano Realizar limpeza e lubrificação das narinas Utilizar fitas adesivas apropriadas para fixar a sonda Sinusite aguda, rouquidão, otite:

Faringite Esofagite, ulceração esofágica, estenose: Sonda de grosso calibre Vômitos persistentes Î RGE Utilizar sondas com diâmetro de até 12 F Retirar a

sonda e usar jejunostomia Fístula traqueoesofágica Ruptura de varizes esofágicas Saída ou migração acidental da sonda Obstrução da sonda Obstrução Î 6-10% Aspiração do conteúdo gástrico Lavagem incorreta da sonda após a dieta e

medicamentos Impactação de medicamentos pouco solúveis em água Dobramento e nó na sonda Administrar 30 de água filtrada após cada dieta Desobstrução com Vitamina C, água morna, enzimas (pancrealipase), bebidas carbonatadas e bicarbonato de sódio. Retirar e reintroduzir se possível

Pneumonia aspirativa Î incidência 21 a 95% Causas: Precauções COMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS Administração por outras vias

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NPT Î administração de todos os nutrientes necessários para a sobrevida por outras vias que não o TGI. Pode ser:

Administrada por meio de uma veia de grande diâmetro Î subclávia ou jugular interna Î diretamente ao coração

NUTRIÇÃO PARENTERAL PERIFÉRICA Administrada através de uma veia menor Î mão ou antebraço a) Pré-operatória b) Complicações cirúrgicas pós-operatórias c) Pós-traumática d) Desordens Gastrintestinais e) Moléstia inflamatória intestinal f) Insuficiências Orgânicas

g) Condições pediátricas OBS: NPT não deve ser usada rotineiramente em pacientes terminais, quando não houver esperanças de

vida e do sofrimento. Câncer Pré-operatório Doença inflamatória intestinal Insuficiência renal Pancreatite Pacientes críticos SIC Fístulas digestivas e íleo paralítico prolongado Outras QUANDO INICIAR A NP ? Deve ser indicada quando a duração prevista é por pelo menos 7 dias Iniciar tão logo seja possível Aceita-se como adequado um período de 7 a 15 dias de nutrição pré-operatória

Continua até que o paciente consiga se alimentar via enteral ou oral Senão houver sinais de desnutrição não há necessidade de uso da TNP para pacientes que vão ser submetidos a tratamentos não complicados e que estão em estado nutricional adequado Caso a função gastrintestinal não se restabeleça em 5 dias após o tratamento deve-se então indicar a TNP até que a alimentação possa ser realizada via oral ou enteral Nos casos de complicações pós-operatórias que impedem o uso do TGI a TNP deve ser iniciada imediatamente.

Restauração do TGI normal Transição deve ser gradual de preferência via enteral para permitir que o TGI Î anteriormente inativo Î se readapte ao processo digestivo Via oral o paciente deve receber alimentos líquidos e depois dieta branda assim que conseguir atingir as necessidades via oral é cessada a TN suplementar.

OBS: Crianças e adultos que estão em TNP prolongada devem ingerir periodicamente algum alimento para impedir a inatividade intestinal Î atrofia e translocação bacteriana.

TNP todos os nutrientes essenciais devem ser fornecidos em quantidades adequadas Carboidratos, gorduras, a, eletrólitos, minerais, vitaminas e oligoelementos Î não conhecidos totalmente. NPT deve suprir todas as necessidades, mas obstáculos farmacotécnicos impedem:

NUTRIENTE PACIENTES CRÍTICOS ESTÁVEIS

Proteína 1,2 a 1,5g/kg/dia 0,8 a 1,0g/kg/dia

CHO ≤4mg4kg4min ≤ 7mg/kg/min

Lípides 1g/kg/dia 1g/kg/dia

Calorias Totais 25 a 30kcal/kg/dia 30 a 35kcal/kg/dia *

Líquidos Mín necessário para fornecer 30 a 40ml/kg/dia **

os Macronutrientes

RECOMENDAÇÕES DE MACRONUTRIENTES PARA ADULTOS EM NPT – Adaptada de Skipper A, 1998 * Varia de acordo com o nível de atividade ** Pode variar se o paciente estiver perdendo líquido RECOMENDAÇÕES DE ELETRÓLITOS PARA NUTRIÇÃO PARENTERAL Sheldon Pesquisadores Grant

Schlictig

Potássio 120 – 160 mmol/d 70 – 150 mEq 70 – 100 mEq

Cálcio 0,2 – 0,3 mEq/kg/d 10 – 20 mmol

Cloro igual ao Na para evitar distúrbios ácido base

Sódio 125 – 150 mmol/d 60 – 150 mEq 70 – 100 mEq Fósforo 12 – 25 mmol/1000 kcal 7 – 10

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mmol/1000kcal 20 – 30 mmol Magnésio 7,5 – 10 mmol/d 0,35 – 0,45 mEq/kg/d 15 – 20 mEq Modificado de: Skipper A., 1998.

VITAMINA QUANTIDADE

VITAMINA A 30 UI

VITAMINA D 200UI

VITAMINA E 10UI

ÁCIDO ASCÓRBICO 100 mg

FOLACINA 400 ug

NIACINA 40 mg

RIBOFLAVINA 3,6 mg

TIAMINA 3,0 mg

B6 PIRIDOXINA 4,0 mg

B12 CIANOCOBALAMINA 5,0 ug

ÁCIDO PANTOTÊNICO 15,0 mg

BIOTINA 60 mg

RECOMENDAÇÕES DA AMA PARA PRESCRIÇÃO DE VITAMINAS POR VIA PARENTERAL Adaptado da American Medical Association Departament of Foods and Nutrition

Também por motivos farmacotécnicos não são colocados alguns a : Outros colocados em excesso : Emulsões parenterais fornecem: PRESCRIÇÃO INICIAL Associação de a, glicose, lípides, vitaminas, eletrólitos e minerais e um mesmo frasco Foi utilizada pela

primeira vez na França em 1972 Nos EUA somente em 1982 Î FDA aprovou a solução A partir daí tem-se comparado Solução padrão de NPT Î sistema glicídico com Mistura 3 em 1 Î sistema lipídico que Utiliza junto com a glicose a emulsão de lípides como fonte calórica em preparação de até 40% do VCT Ambas soluções promovem balanço nitrogenado + em pacientes hipercatabólicos Î grande queimado e septicemia

Enfermagem e o Serviço de Nutrição e Dietética O nosso organismo pode ser comparado a uma máquina, assim como esta requer para o seu

funcionamento, óleos e graxos, à nossa máquina humana exige o seu combustível o alimento. Entretanto, este tem que ser de boa qualidade, variedade e fornecido em quantidades adequadas. Um

pequeno descontrole nesses fatores é suficiente para que o organismo não funcione bem, ocasionando sérias perturbações.

Sem alimento não há vida, uma alimentação inadequada ou deficiente, traz inúmeros prejuízos a sua saúde. NUTRIÇÃO É a ciência que estuda as necessidades nutricionais de diferentes tipos de organismos, as

transformações impostas aos alimentos pelo organismo com a finalidade de utilizar os nutrientes neles contidos como fonte de energia e substrato para a formação de tecido.

ALIMENTOS È toda substância que introduzida no organismo, transformada e aproveitada, fornece material para o

crescimento e a reparação dos tecidos, calor e energia para o trabalho. NUTRIENTES São compostos específicos encontrados nos alimentos, no solo e nos fertilizantes, e são importantes para o

crescimento e sobrevivência dos seres vivos. Os nutrientes, de acordo com a natureza das funções que desempenham no organismo, são agrupados em diferentes categorias, a saber.

1.Reguladores: exercem função no controle ou no equilíbrio do metabolismo. Ex: vitaminas e sais minerais. 2. Energéticos: fornecem energia. Ex:carboidratos e gorduras.

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É variável a quantidade destas substâncias nos diversos alimentos. Assim temos alimentos mais ricos que outros em proteínas, glicídios, lipídios, vitaminas, sais minerais e água.

A riqueza de um alimento em um destes fatores faz com que o mesmo seja fonte principal desse alimento. PROTEÍNAS São substâncias nitrogenadas e complexas, compostas por carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio,

constituídas de aminoácidos. Sua principal função é atuar na formação de tecidos orgânicos, no processo de renovação dos mesmos, e, principalmente no crescimento. Por isso são chamados de alimentos de construção.

São principais fontes de proteínas: Alimentos de origem animal. Carnes em geral, peixe, leite e seus derivados, ovos. Alimentos de origem vegetal, os melhores são as leguminosas como soja, lentilha, feijão, ervilha, amendoim,

grão de bico. A dieta pobre em proteínas é incapaz de promover o crescimento e manter uma vida. A carência de proteínas leva ao crescimento retardado e menor desenvolvimento da musculatura,

provocando defeitos na postura, ficando os indivíduos com ombros caídos, cabeça pendida para frente e os braços caídos ao longo do corpo.

Sintomas da falta de proteínas na alimentação: Cansaço fácil Palidez e desânimo Falta de resistência contra doenças Difícil cicatrização Síndrome de Kwashiorkor HIDRATOS DE CARBONO, CARBOHIDRATOS OU GLICÍDIOS São substâncias, que introduzidas no nosso organismo, fornecem calor e energia. Por esse motivo são

chamados de alimentos energéticos. Constitui a maior fonte de alimentos dos povos mundiais. Os hidratos de carbono, depois de ingeridos, são absorvidos sob a forma de um açúcar simples, a glicose. A

glicose é transformada e reservada no fígado. Conforme as necessidades do organismo, ele transforma parte da reserva em glicose novamente, a qual é quebrada, produzindo calor para a locomoção e trabalho muscular.

CLASSIFICAÇÃO 1.MONOSSACARÍDEOS: Aqueles que através do processo digestivo não podem ser desdobrados em

unidades menores. Ex: glicose, frutose e lactose 2.DISSACARÍDEOS: Formados por dois monossacarídeos podem ser desdobrados em seus componentes.

São os açucares: sacarose ( glicose + frutose); lactose ( glicose + galactose ); e maltose ( 2 unidades de glicose). 3. POLISSACARÍDEOS: Carboidratos mais complexos compostos por grande número de monossacarídeos

que podem ser desdobrados em seus componentes. São o amido e o glicogênio. Ex: batata, arroz, fubá, trigo. As principais fontes de hidrato de carbono são: · Açúcar, mel, melado, rapadura · Cereais e suas farinhas: trigo, arroz, centeio, aveia, cevada e milho · Leguminosas: feijão, lentilha, soja, fava, amendoim · Os tubérculos: batata, batata doce, mandioca, inhame, cará A falta de hidratos de carbono no organismo manifesta-se por sintomas de fraqueza, tremores, mãos frias,

nervosismo, tonturas e desmaios. O excesso de hidratos de carbono transforma-se em gordura provocando a obesidade. GORDURAS E LIPÍDEOS Os lipídeos são considerados nutrientes energéticos, devido ao elevado potencial calórico, fornecem calor e

energia com o dobro de intensidade e ainda tem propriedades que conduzem as vitaminas lipossolúveis ( A, D, E K ).

Os organismos têm grande capacidade de armazenar gorduras e os principais depósitos são no tecido conjuntivo subcutâneo. Esta reserva funciona como isolante térmico, protegendo o organismo contra mudanças bruscas de temperatura do meio ambiente.

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As fontes de gordura podem ser de origem animal e vegetal. · Origem animal: manteiga, creme de leite, banha de porco, toucinho, carnes gordas, gema de ovo. Etc. · Origem vegetal: óleos extraídos do milho, soja, semente de girassol, caroço do algodão, coco, nozes,

castanhas, abacates, etc. A carência de gorduras, nas crianças pode provocar o aparecimento de lesões na pele e em adultos, altera

a quantidade de ácidos graxos essenciais no plasma sanguíneo. O excesso de gordura causa: · Aumento do colesterol · Diarréia · Aumento do peso corpóreo · Fermentações que irritam as mucosas do aparelho digestivo, causando colites ou outras patologias. VITAMINAS As vitaminas são substâncias indispensáveis à vida em quantidades reduzidas. As vitaminas são classificadas em: · Lipossolúveis: solúveis em gorduras ou solventes de gordura. São as vitaminas A, D, K e E. · Hidrossolúveis: solúveis em água. São as vitaminas do complexo B e a vitamina C. VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS Vitamina A ( retinol ) Indispensável para a integridade da visão noturna, à formação dos tecidos epiteliais e da estrutura óssea. São fontes de vitamina A: fígado, manteiga, gema, leite integral, creme de leite, vegetais pigmentados na

forma de caroteno, principalmente na cenoura, mandioquinha, folhas verdes em geral e alguns frutos ( mamão e melão ).

A deficiência da vitamina A causa principalmente um distúrbio visual conhecido como cegueira noturna ( nictalopia ), que se caracteriza pela diferença de luminosidade. Deficiências mais severas e prolongadas podem causar ulcerações da córnea e cegueira total ( xeroftalmia ).

No tecido epitelial, a deficiência de vitamina A altera as células epiteliais da membranas da garganta e nariz. Vitamina D ( calciferol ) É essencial para o desenvolvimento normal do ser humano. É importante para a formação de ossos e

dentes, previne e cura o raquitismo. É encontrada na luz solar, óleo de fígado de peixe, leite fortificado e ovos. A carência de vitamina D, na infância, provoca o raquitismo, que se caracteriza por uma ossificação

deficiente de mineralização durante a formação dos ossos mais longos. Nos adultos, a deficiência de vitamina D causa a osteomalácia, por enfraquecimento dos ossos devido a

uma desmineralização do mesmo, resultando em deformações ósseas, fraqueza e dificuldade de locomoção. Vitamina E ( tocoferol ) É conhecida como a vitamina antiesterilidade. Seu modo de ação não se encontra bem esclarecido,

existindo várias teorias para explicar sua atividade. Dentre elas destaca-se a teoria da função antioxidante lipídico ( previne a formação de produtos tóxicos e oxidação.

São boas fontes de vitamina E, gérmem de cereais, vísceras, músculos, ovos e leite. A deficiência de vitamina E no homem é rara. Vitamina k ( menadiona ou minaquona ) É conhecida como vitamina anti-hemorragia por ter sua principal ação no fenômeno de coagulação do

sangue. É imprescindível na síntese de protombina no fígado. As melhores fontes de vitamina K são folhas verdes das hortaliças ( espinafre, couve, repolho ), ervilha,

soja, tomate e em alimentos de origem animal. É comum o aparecimento de equimoses, epistaxes, hematúrias, hemorragias intestinais no pós-operatório. A carência de vitamina K ocorre por falha na absorção pelo fígado, reduzindo a capacidade de coagulação

sanguínea e aumentando a tendência a hemorragias. VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS

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Vitaminas do complexo B Fazem parte desse grupo, as vitaminas B1 ( tiamina ), B2 ( riboflavina ), B6 ( piridoxina ), B12 (

cianocobalamina ), niacina, folacina, ácido pantotênico, biotina entre outros fatores. Vitamina B1 ( tiamina ) Interfere no metabolismo dos carboidratos, como integrante de uma enzima

essencial a degradação da glicose e produção de energia. É absorvida no intestino delgado. As principais fontes são: levedo de cerveja, vísceras grãos integrais de cereal. A manifestação clinica da deficiência de tiamina é o beribéri. O beribéri pode apresentar, se em crianças,

anormalidades cardíacas , afonia e pseudomeningite e em adultos polineurite que é a alteração dos nervos periféricos ou afetar o sistema nervoso central.

Vitamina B2 ( riboflavina ) É essencial para o crescimento e importante na conservação dos tecidos e na fisiologia ocular. As principais

fontes são: leite, ovos, vísceras, queijos, vegetais folhosos, levedo de cerveja e integrais. A carência de riboflavina manifesta-se por lesões na língua ( glossite ), lábios ( quilose ), nariz e olhos (

blefarite ), pois há impedimento da oxidação celular. A este conjunto de sintomas dá-se o nome de arriboflavinose. Vitamina B6 ( piridoxina ) É indispensável em muitos processos químicos complexos, onde os nutrientes são metabolizados no

organismo, principalmente no caso das proteínas. As principais fontes de vitamina B6 são sementes de cereais, levedo de cerveja, sementes de girassol,

carne, fígado e peixes. Sua carência ocasiona problemas de pele, sistema nervoso central, lesões seborréicas nos olhos, nariz e

boca acompanhadas de glossite e estomatite. Vitamina B12 ( cianocobalamina ) Sua função mais importante é relativa a medula óssea, onde são formadas as hemácias. As melhores fontes de vitamina B12 são: fígado, rim, coração, ostras, carnes em geral, peixe, ovos e leite. A deficiência de vitamina B12 causa a chamada anemia perniciosa e profundas alterações ao sistema

nervoso, que se caracterizam por uma desmineralização dos nervos. Niacina ou ácido nicotínico Atua no metabolismo energético, ou seja, na produção de energia, através dos hidratos de carbono,

gorduras e proteínas. Pode ser sintetizada pelo aminoácido triptofano. As principais fontes são: fígado, carnes em geral, leguminosas e cereais. A carência provoca a pelagra que

se caracteriza por: pele vermelha e áspera ( rosto e pescoço ), língua vermelha e lisa, estomatites, diarréias, anorexia, fadiga, alterações mentais e cefaléia.

Vitamina C ( ácido ascórbico ) A vitamina C é essencial para manutenção da integridade capilar e dos tecidos, ajuda a manter a defesa

contra infecções e estimula a cicatrização e consolidação de fraturas, reduzindo a tendência a infecção. As principais fontes de vitamina C são frutas cítricas, laranja, limão, tangerina, abacaxi, caju e vegetais (

pimentão e repolho ). A doença típica de falta de vitamina C é o escorbuto. Os principais sintomas do escorbuto são: alterações nas gengivas ( hemorragias ), dores articulares,

dificuldade de cicatrização, anemia, dificuldades respiratórias, diminuição da excreção urinária. SAIS MINERAIS Os minerais formam as cinzas dos materiais biológicos após completa oxigenação da matéria orgânica. São sais inorgânicos indispensáveis como componentes estruturais e em muitos processos vitais. Estão presentes nos tecidos duros ( ossos e dentes ) e também nos fluidos corporais e tecidos moles.

Classificam-se em: Macronutrientes: são indispensáveis a nutrição. São eles: cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro e

magnésio. Micronutrientes: ferro, zinco, selênio, manganês, cobre, iodo, e outros. No organismo são encontrados

apenas traços desses minerais. Cálcio e fósforo

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O cálcio é essencial na formação de ossos e dentes, estando presente no organismo em grandes quantidades.

Uma pequena quantidade esta presente na circulação sanguínea e nos tecidos moles e são de vital importância para o metabolismo, controle cardíaco e exatabilidade de músculos e nervos, e a coagulação sanguínea.

O fósforo ocorre em todos os tecidos biológicos sob a forma de fosfato. Nos ossos e dentes, estão presentes 80% do fósforo contido no organismo, enquanto 10% encontram-se nos músculos e 10% no sistema nervoso. É essencial para a célula, participando ativamente no seu metabolismo e funções.

É importante a relação cálcio-fósforo na alimentação para a absorção dos dois. O excesso de um ou de outros no cardápio resulta em absorção pobre de ambos e em excreção aumentada de um ou de outro.

São fontes desses minerais: leite, queijos, coalhada, pescados e folhas verdes. O fósforo é encontrado em maior quantidade nos alimentos de origem animal, como: carnes, vísceras,

pescados, ovos e de origem vegetal as leguminosas, especialmente a soja. A ausência de cálcio perturba a função condutora dos nervos e a contração muscular, além de causar

descalcificação óssea e fraturas freqüentes, caries dentárias, atraso no crescimento, demora na coagulação sanguínea, nervosismo, irritabilidade, insônia.

Potássio É indispensável ao crescimento e a vida, pois mantém o equilíbrio acido básico no organismo, a pressão

osmótica e a irritabilidade dos nervos e músculos. Suas fontes são: frutas, carnes, leite, cereais, verduras, legumes e etc. Deficiências de potássio podem resultar em severas diarréias, mau funcionamento dos rins, e acidose

diabética, manifestando-se por: fraqueza muscular, irritabilidade nervosa, irregularidade cardíaca e desequilíbrio mental.

Sódio O sódio é o principal elemento encontrado nos fluidos extra celulares tendo função muito importante na

regulação da osmolaridade ( pressão osmótica ), do pH e do equilíbrio eletrostático. A principal fonte de sódio é o sal de cozinha ( cloreto de sódio NaCI ), também é encontrado nos elementos

de origem animal, especialmente no leite e em ovos. São raros os sinais de deficiência de sódio em indivíduos normais. Quando há transpiração excessiva,

ocorre perdas significativas de sódio. Cloro É encontrado nos tecidos biológicos como íon de cloreto combinado com sódio ( cloreto de sódio ) e com

potássio nas células. Participa juntamente com o potássio e o sódio no equilíbrio osmótico e ácido básico e conservação do tônus muscular.

A principal fonte é o sal de cozinha, mas também pode ser encontrado no leite, carne, ovos e mariscos. A carência de cloro provoca desequilíbrio ácido básico dos líquidos orgânicos, como por exemplo, no

vomito, diarréia ou sudorese intensa. Ferro Sua principal função é a de transportar e ceder oxigênio. Faz parte dos glóbulos vermelhos. O ferro não

depositado pelo organismo deposita-se no fígado e no baço e quando necessário é liberado para formar mais glóbulos vermelhos.

O organismo necessita de mais ferro durante a gestação, o aleitamento e o crescimento, quando o consumo é maior. É no final da gestação que o feto recebe mais ferro do organismo materno.

São fontes de ferro: fígado, gema de ovo, rim, feijão, espinafre, frutas secas, tomate, cenoura, agrião, cereais integrais, brócolis e couve.

A deficiência ou falta de ferro na alimentação leva a anemia, pois não é possível a produção de glóbulos vermelhos.

São sintomas da anemia: palidez, desânimo, incapacidade de concentração e vertigens. Iodo A função do iodo no organismo é a de participar da estrutura dos hormônios da tireóide. As principais

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fontes de iodo são: frutos do mar ( peixes, ostras, camarões, algas marinhas, lagosta ), sal bruto, cebola, alho e agrião.

A diminuição prolongada de iodo na dieta leva ao bócio, A deficiência grave de iodo na gestação pode levar ao cretinismo congênito ( hipotiroidismo infantil ).

Água A água é o nutriente mais importante do nosso organismo. Nosso organismo é composto de 60% a 70% do

peso corporal do adulto. Faz parte de todos os líquidos e células do corpo e funciona na digestão, absorção, circulação e excreção. Embora a água forneça calorias, é essencial para produção de energia, já que nenhuma célula funciona

sem a presença de água. A água dos tecidos se origina de três fontes distintas: Água liquida ingerida como bebida; Água ingerida como constituinte dos alimentos; Água de origem metabólica. As vias pelas quais o organismo pode perder água são: Pêra insensível através da pele e pulmões; Excreção urinaria e intestinal; Suor A falta de água no organismo pode causar a desidratação, que é a perda de água, principalmente através

do vomito e diarréia. Seus sintomas são sede, náuseas, vômitos, corpo quente e seco, língua seca, perda de peso, confusão

mental, delírio, abatimento e etc. DIETOTERAPIA Conceito É o tratamento do paciente através da ingestão de alimentos ajustados as exigências especificas de cada

caso, em relação aos componentes nutritivos, valor calórico, quantidade, apresentação e consistência dos alimentos na dieta.

É aplicada nas áreas das enfermidades agudas ou crônicas, transmissíveis ou não, na clinica cirúrgica e no preparo para exames.

Finalidade · Curar o paciente; · Prevenir as alterações da nutrição. Ex: pré e pós operatório; · Restabelecer as condições de nutrição quando se encontram alteradas. DIETAS HOSPITALARES De acordo com o valor nutritivo Dieta normal ou geral: usada quando o paciente pode receber qualquer tipo de alimento. É normal em

calorias e nutrientes. Ex: dieta geral Dieta carente: apresenta taxa de nutrientes e calorias abaixo dos padrões normais. Seu prefixo é hipo. Ex:

dieta hipocalórica Dieta excessiva: apresenta taxa de nutrientes e calorias acima dos padrões normais. Seu prefixo é hiper.

Ex: dieta hiperprotéica Super alimentação: Usada para indivíduos desnutridos ou que necessitem de um considerável aumento no

valor calórico da dieta. Dietas com aumento parcial de nutrientes ou calorias: Usadas em casos específicos onde é necessário

a elevação da taxa normal de nutrientes. Dieta hiperprotéica: Com elevada taxa de proteínas, indicada em qualquer situação onde ocorra aumento

das necessidades de proteínas. Ex: pós operatório, doenças infecciosas na convalescença. Dieta hipercalórica: Dieta com valor calórico total acima de 3000 calorias diárias. É indicada nos casos de

anorexia severa. Dieta hiperglicídica ou hiperhidrocarbonada: Dieta com taxa elevada de glicídios ou carboidratos. É

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usada em situações que exijam taxas de glicídios abaixo dos padrões de normalidade. dietas com diminuição parcial de nutrientes e calorias: Usadas em casos específicos, cuja indicação

seja diminuição da taxa normal de nutrientes ( proteínas, carboidratos e gorduras, sais minerais e etc ). Dieta hipoprotéica: Dieta com taxa reduzida de proteínas, indicada para evitar progressão de lesões

renais. Dieta hipocalórica: Dieta com valor calórico total abaixo dos padrões de normalidade, indicada em

obesidade e programas de redução de peso. Dieta hipogordurosa ou hipolipídica: Dieta com taxa reduzida de gorduras. Usada em casos de hepatite,

colecistite, pancreatite, colelitíase e etc. Dieta hipossódica: Dieta com taxa reduzida de sódio, utilizada em casos de edema cardíaco e renal,

hipertensão arterial, cirrose hepática acompanhada de ascite, toxemia gravídica. Dietas com omissão de algum componente. São indicadas quando há necessidade de retirada total de

algum componente do cardápio. · Dieta assódica: Dieta sem sódio, ou seja, sem sal. Geralmente utilizada em casos de hipertensos graves

e doenças renais. De acordo com a consistência dos alimentos, as dietas hospitalares são: · Dieta hídrica: chá, água, caldo de legumes coado. · Dieta liquida: alimentos de consistência liquida normal em calorias e nutrientes, requerendo o mínimo de

trabalho digestivo. Ex: chá, leite, café, sopas coadas, gelatinas, suco de frutas. · Dieta Leve: alimentos de consistência semi liquida e bem cozidos liquidificados e peneirados. É usado em

pré e pós operatório, em situações em que se devem poupar o trabalho gastrointestinal, doenças infecciosas e febris, pacientes com dificuldade de mastigação e deglutição de alimentos sólidos.

· Dieta pastosa: alimentos de consistência cremosa, minimizando assim o trabalho digestivo. É indicada nas doenças gastrointestinais, favorecendo assim os processos digestivos, no pos operatório em transição para uma dieta normal, para pacientes com dificuldades na mastigação e deglutição.

· Dieta branda: é normal em calorias e nutrientes, com condimentação suave. São evitados alimentos que promovem, excessiva fermentação e também as frituras e alimentos crus. São indicadas em patologias do aparelho digestivo, em pos operatório na transição para dieta normal e para convalescentes pela facilidade de digestão.

NUTRIÇÃO ENTERAL O trato gastrointestinal tem a função de decompor as nutrientes pelo processo da digestão. O transito do

alimento ocorre através do trato digestivo, passando pela boca, esôfago, estômago, intestinos e ânus. É realizado por via nasogástrica ou nasoenteral, através de uma sonda que passa pelo nariz, estômago e

vai até o duodeno e jejuno. Esse método é empregado quando os pacientes apresentam: anorexia extrema, lesões na boca, esôfago,

pacientes inconscientes, disfágicos, com reflexo gastesofágico e outros casos. NUTRIÇÃO PARENTERAL É a alimentação ministrada ao pacientes utilizando outras vias de administração que não seja a do trato

digestivo. Via endovenosa é a mais utilizada. Quando a alimentação enteral é contra indicada, a alimentação parenteral se apresenta como um método

rápido e controlado de repor líquidos e nutrientes no organismo. Ela é usada como medida de emergência ate que a alimentação oral possa ser restabelecida.

PAPEL DO AUXILIAR DE ENFERMAGEM DA DIETOTERAPIA. O auxiliar de enfermagem deve administrar a dieta aos pacientes impossibilitados de fazê-lo por si próprio.

Após anotar no prontuário a aceitação alimentar do paciente. Deverá também, na ausência do enfermeiro, notificar ao serviço de nutrição e dietética, as admissões e

transferências, altas e óbitos de pacientes, bem como as alterações dietéticas prescritas pelo médico.

INTRODUÇÃO

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A obesidade pode ser caracterizada pelo grau de depósito de gordura no organismo causando riscos para

saúde, devido a sua relação com outras complicações metabólicas. É considerada como um dos fatores principais que levam a outras doenças não transmissíveis, dando destaque às doenças cardiovasculares e diabetes.

O grau do excesso de peso não é o único fator que interfere nos riscos associados, mas a distribuição regional de gordura também é considerada um fator de risco. O acúmulo de gordura na região abdominal, denominado como obesidade andróide, representa maior risco do que o excesso de gordura corporal por si só (WORLD HEALTH ORGANIZATION,1995; ANJOS,1992).

Nas últimas décadas, a prevalência da obesidade em países desenvolvidos como Estados Unidos e Suécia. Nesses países mostrou-se que com a melhora das condições socioeconômicas houve um decréscimo da obesidade entre as mulheres e um aumento entre os homens (GIGANTE, et al, 1997). Dados mostram que atualmente, 12.7% das mulheres e 8.8% dos homens adultos brasileiros são obesos, sendo estes com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste do país. Nos período de 1974 a 1989 esta tendência de aumento da obesidade foi registrado para mulheres e homens de todas as faixas de renda.

No período seguinte entre 1989 – 2003, os homens permaneceram com aumento da obesidade independente da renda, enquanto as mulheres somente apresentavam aquelas com baixa renda e baixa escolaridade.Em relação ao gênero e a idade, pode-se observar que a prevalência de obesidade é semelhante em ambos os sexos até os 40 anos. Após essa idade, as mulheres passam a apresentar duas vezes mais que os homens. À medida que aumenta a idade, aumenta a prevalência de obesidade nos adultos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004). Nos últimos anos, a transição demográfica no Brasil ocasionou mudanças definitivas no estilo de vida e, principalmente no hábito alimentar dos brasileiros. Apesar da melhoria no acesso à alimentação e maior cobertura de saúde o que levou a diminuição da desnutrição, devido ao desequilíbrio entre as necessidades e o consumo de alimentos, a desnutrição deu lugar obesidade, a qual caracteriza o perfil atual da população (FILHO; RISSIN, 2003).

A alimentação influencia na saúde, na competência do trabalho, nos estudos, na aparência e na longevidade do indivíduo. Uma pessoa que possui uma alimentação pouco variada apresenta sintomas como: fraqueza, irritação, desânimo, falta de disposição para trabalhar, pensar, ou para realizar qualquer atividade que exija esforço físico ou mental. Da mesma forma a alimentação em excesso resulta em obesidade que também pode causar cansaço, VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 4 desânimo, além de ser um fator de risco para algumas doenças como: diabetes e hipertensão (ESPERANÇA; GALISA; SÁ, 2008).

Geralmente, a classe trabalhadora possui um poder econômico menos. Isso pode influenciar em escolhas equivocadas na alimentação, interferindo diretamente no estado nutricional. O acesso fácil à alimentação inadequada, além do excesso de trabalho e sedentarismo, são fatores importantes que resultam, muitas vezes, em reflexos negativos no trabalho.(ESPERANÇA, GALISA, 2008). Os profissionais que trabalham em hospitais, especialmente no período noturno, sofrem com os horários “padrão” da sociedade, pois a rotina dos mesmos não se enquadra com a maioria dos trabalhadores. Nesse contexto, pode-se associar o trabalho durante a noite às conseqüências negativas que ele acarreta a saúde, por exemplo: sonolência, irritabilidade constante, doenças relacionadas ao sistema digestório e nervoso, além de qualidade e segurança no trabalho afetadas (MORENO; FISCHER; ROTENBERG, 2003).

Nos serviços de saúde, o grupo de enfermeiros e auxiliares de enfermagem são os que mais trabalham em sistemas de turnos. Nos hospitais, as escalas de trabalho são, na maioria das vezes, organizadas em turnos fixos, onde não há interrupção de trabalho em nenhum momento. No Brasil, a carga horária dos enfermeiros é de 12 horas diárias, sendo diurno ou noturno, seguido de descanso de 36 horas (FISCHER, et al 2002). Entretanto, essa sobrecarga que os enfermeiros enfrentam não é apenas quantitativa, onde são responsáveis por mais de um setor hospitalar, mas é também qualitativa, isso porque há uma complexidade de relação, tendo como exemplo, a relação enfermeiro e o paciente, e enfermeiro e familiares. Devido a essa transição do cotidiano e considerando sua dupla jornada de trabalho, muitas vezes, deixam de se preocupar com a qualidade de vida, especialmente com sua saúde, diminuindo o tempo dedicado ao lazer e auto-cuidado, e aumentando o cansaço, gerando, conseqüentemente, o estresse (MONTANHOLI; TAVARES; OLIVEIRA, 2006). Além disso, começa a ser

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observado o aumento dos ritmos e cargas de trabalho em detrimento da satisfação dos trabalhadores em executar as tarefas, o que pode repercutir na sua qualidade vida, interferindo no processo saúde/doença.

Quando se trata de enfermagem o desempenhado no cenário hospitalar, há referência de que este é diferenciado dos demais trabalhos porque é contínuo, desgastante, exaustivo e desenvolvido a partir de uma relação interpessoal muito próxima com o paciente sob seus cuidados (SANTOS et al, 2009). A alimentação adequada pode ser muito importante nesse caso, funcionando como estratégia de saúde. Atualmente, o campo da nutrição é bastante pesquisado e influencia a mudança da concepção entre alimentação e saúde. As recomendações internacionais de Universidade Presbiteriana Mackenzie 5 promoção da alimentação saudável mostram a importância da variedade de alimentos como fonte de nutrientes, o equilíbrio na escolha alimentar baseada nas necessidades individuais e a moderação pelo controle do consumo de alimentos energéticos, principalmente as gorduras. No Brasil médicos e enfermeiros têm enfrentado dificuldades na abordagem dessa questão no nível da atenção básica (QUEIROZ et al, 2002).

Estudos científicos confirmam a combinação entre uma alimentação equilibrada e a produtividade, assim como o baixo rendimento do trabalho quando ocorre ingestão calórica inadequada. Sabe-se que a má nutrição pode desencadear conseqüências relacionadas à redução da vida média, da produtividade, da resistência às doenças, aumento à predisposição aos acidentes de trabalho e baixa capacidade de aprendizado do trabalho. Deve-se ainda ressaltar, que a oferta de refeições aos trabalhadores durante a jornada de trabalho pode representar um acréscimo de 10% na produção. Assim como, se ocorrer uma redução de 30% na força muscular, 15% na precisão dos movimentos e em torno de 80% na aptidão para o trabalho (FRANCISCHETTI et al, 2007). As vantagens de uma alimentação adequada aumentam a resistência às doenças, possibilitam a prevenção de doenças crônico-degenerativas e câncer, retardam o envelhecimento, asseguram o bem-estar mental e protegem o homem contra toxinas do ambiente. (ALVES; OLIVEIRA, 2008). Desta forma, o presente estudo tem como objetivo avaliar o consumo alimentar, o estado nutricional, o números de passos e calorias gastas durante o período de trabalho de enfermeiras de um hospital particular na cidade de São Paulo.

REFERENCIAL TEÓRICO A utilização do Índice de Massa Corporal (IMC) é o método mais utilizado na prática clínica para

determinação do estado nutricional de adultos e é recomendado pela Organização Mundial da Saúde – OMS (2007). É prático porque não há necessidade de gastos nem para o investigador e nem para o paciente ou participante. É válido porque mede aquilo que se propõe a medir. Contudo, é importante destacar que há outros métodos mais fidedignos e que apresentam menos falhas, mas são, na maioria das vezes, inviáveis devido ao alto custo e alta complexidade (KYLE, GENTON E PICHARD, 2002) O consumo alimentar de uma população pode ser analisado sob várias perspectivas, que são ao mesmo tempo independentes e complementares. Para estudos de caracterização das escolhas alimentares feitas por um público alvo, a que apresenta os resultados mais coerentes com os objetivos é a perspectiva nutricional, a qual possui enfoque nos alimentos consumidos e dados relacionados ao ritmo e estilo de vida.

O questionário permite que VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 6 sejam feitas perguntas objetivas, claras e que facilitem uma melhor visualização dos resultados (OLIVEIRA; THÉBAUDY-MONY, 1997). Os sensores de movimento são utilizados atualmente para quantificar um determinado movimento realizado cotidianamente e efetuar o gasto energético correspondente. No caso do pedômetro, este é um aparelho eletrônico e simples que foi desenvolvido com o propósito de avaliar o comportamento do indivíduo durante a marcha, ou seja, efetua o registro do número de passos dados e da distância percorrida. Além disso, esse é um dado importante visto que o passo é uma das formas mais comuns de atividade física e que, muitas vezes, a que mais contribui para a atividade física diária total.O pedômetro pode registrar dados em um período longo de tempo, porém apresenta algumas limitações quando utilizados como instrumentos de investigação, isso porque, embora possuam certa precisão na contagem dos passos, não são sensíveis a acelerações verticais acima de determinados limites, ou seja, não distinguem a marcha da corrida (BASSETT et al, 1996; BASSETT; CURETON; AINSWORTH, 2000; LEENDERS; SHERMAN; NAGARAJA, 2000) . METODOLOGIA

Foi realizado um estudo de caráter transversal, onde foram convidadas a participar todos profissionais da área de enfermagem, com idade superior a 18 anos, em um hospital particular da cidade de São Paulo. As

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medidas antropométricas, a aplicação do questionário de consumo alimentar, e a utilização do pedômetro durante o período de trabalho de um dia, foram realizadas entre Abril de 2010 a Abril de 2011, após ter sido entregue um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e assinado pelo participante (TCLE).

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Presbiteriana Mackenzie. As medidas antropométricas foram realizadas em cinco dias consecutivos no período matutino, por uma estudante de graduação previamente treinada. Foram coletadas as medidas peso e altura, e a partir delas foi calculado o Índice de Massa Corpórea (IMC) pelo peso (kg) dividido pela estatura (m²). Para avaliação do consumo alimentar, foi entregue às participantes um questionário de freqüência alimentar, contendo questões sobre hábitos alimentares, sintomas relacionados à alimentação, doenças auto referidas e prática de atividade física, a fim de conhecer a ingestão habitual e o nível de atividade física dos mesmos.

O gasto calórico foi avaliado através de um pedômetro da marca Oregon®, que é um aparelho portátil que monitora regularmente distância e os passos, além de informar calorias, e tempo de uso. Foi colocado na região abdominal das enfermeiras a partir do Universidade Presbiteriana Mackenzie 7 momento que começavam o plantão e só era retirado no final do expediente. Após a retirada, as mesmas anotaram o número de passos dados e as calorias gastas em todo plantão em um planilha específica que foi entregue no hospital para uma enfermeira responsável no início da coleta. Os resultados foram apresentados e analisados de forma estatística e descritiva, e foram tabulados em tabelas no programa Excel do Windows XP Profissional. RESULTADOS Foram entrevistadas 100 enfermeiras, com idade entre 20 e 60 anos.

A média de idade foi de 34,34 anos (desvio padrão = 7,81), os quais trabalhavam no sistema 12 horas x 36 horas. Em relação ao grau de escolaridade, 48% eram técnicas de enfermagem, 29% eram enfermeiras, 16% ainda estavam cursando enfermagem e 7% eram auxiliares de enfermagem, sendo que 38% trabalham na área a mais de dez anos, 29% entre 2 e 5 anos e 6% trabalham na área menos de dois anos. Em um estudo recente realizado por GRIEP, et al 2011, pode-se observar dados semelhantes ao do presente estudo, onde a média de idade foi de 40 anos. Foi também observado que 57,2% tinham nível superior de escolaridade e 27,9% eram enfermeiras. A maior parte das entrevistadas (83%) trabalhava em período integral (7:00 as 19:00h) e apenas 17% trabalhavam no período da noite (19:00 as 7:00h), sendo que 8% ainda trabalham em outros locais. Comparando os dados do presente estudo com o de GRIEP, et al 2011, pode-se observar uma diferença, onde 33,33% realizavam outro tipo de trabalho fora do hospital. Em relação aos sintomas referidos associados à alimentação, 13% apresentaram flatulência, 12% obstipação e 63% não citaram tipo de sintoma.

Em relação à pratica regular de atividade física, a maioria (72%) não realiza nenhum tipo de exercício físico, 20% fazem de duas a quatro vezes/semana e 8% alegaram realizar atividade física sem muita freqüência. No estudo de GRIEP, et al 2011 foram analisados dados semelhantes em relação à prática de atividade física, onde 66,66% também afirmaram não realizar nenhum tipo de atividade física. Em relação aos dados dos pedômetros, 64% das enfermeiras utilizaram os aparelhos, 25% encontraram dificuldade em manusear o mesmo e anotar os dados, sendo assim, pode-se observar que a média de passos diários foi de 4152.5 passos, com desvio padrão de 2464.18 e a média de calorias gastas foi de 151, sendo o desvio padrão 89.3 (Tabela 1). VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 8 Tabela 1. Características sócio demográficas e de estilo de vida, das enfermeiras de um hospital particular de São Paulo, 2010. Variáveis Nº % Faixa etária 20 – 29 anos 27 27 30 – 39 anos 51 51 40 – 49 anos 16 16 ≥50 anos 6 6 Grau de escolaridade Auxiliar completo 7 7 Técnico completo 48 48 Superior completo 29 29 Superior incompleto 16 16 Período de trabalho Integral 83 83 Noturno 17 17 Prática de atividade física Não pratica atividade física 72 72 Pratica atividade física 8 8 2 a 4 x por semana 20 20

Pedômetro Média Desvio Padrão Passos 4172.5 2464.18 Calorias 151 89.3 Dentre as doenças auto referidas, a maioria (67%) não relatou nenhuma doença metabólica. Entre os sintomas relacionados à alimentação pode-se observar que 13% apresentavam flatulência e 12% obstipação, o que parece estar relacionado ao relatado no questionário de consumo alimentar previamente aplicado, onde as profissionais referiram trocar as refeições principais por refeições rápidas e menos saudáveis. Universidade Presbiteriana Mackenzie 9 Tabela 2.: Distribuição percentual das doenças auto-referidas, São Paulo, SP, 2010. Doenças auto referidas Nº % Dislipidemia isolada 08 08 Hipertensão 03 03 Dislipidemia isolada + Hipertensão 01 01 Hipotireoidismo 03 03 Hiperinsulinemia 01 01 Anemia 01 01 Refluxo Gástrico 01 01 Nenhuma doença auto referida 67 67 Sintomas

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relacionados à alimentação Flatulência 13 13 Obstipação 12 12 Nenhum sintoma 63 63 Tabela 3. Classificação do estado nutricional das enfermeiras, segundo o Índice de Massa Corporal (IMC), São Paulo, SP, 2010. IMC (kg/m²)

Estado Nutricional De modo geral, o IMC pode classificar um indivíduo em: desnutrido (baixo peso); eutrófico (peso

adequado); sobrepeso (peso acima do adequado) e obeso. Essa classificação tem diferentes pontos de corte que variam de acordo com a idade e sexo (menores de 19 anos de idade); de acordo com a idade gestacional (em mulheres grávidas) e entre idosos.

Compreende todos os indivíduos com idade entre 20 e 60 anos incompletos. Para a avaliação do estado nutricional de adultos, são necessárias as seguintes informações:

Peso. Estatura. Passos para a classificação do estado nutricional: Mensuração do peso e da altura. Cálculo do IMC. Classificação do estado nutricional Para a classificação do estado nutricional, são adotados os seguintes conceitos, segundo o valor do Índice

de Massa Corporal do adulto:

Os pontos de corte adotados para o IMC seguem a recomendação da Organização Mundial da Saúde

(OMS, 1995). Indivíduos com IMC maior ou igual a 25 kg/m² são classificados como excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) e devem receber atendimento específico para redução do peso a fim de promover a adequação do estado nutricional, com IMC menor do que 25 kg/m².

Procedimentos iniciais para a avaliação do perfil alimentar e nutricional: Pesar e medir o adulto. Realizar a aferição da medida da cintura do adulto. Calcular o IMC do adulto e classificar o seu estado nutricional. Avaliar os hábitos alimentares do adulto, a disponibilidade e a variedade de alimentos na família e o

recebimento de benefícios provenientes de programas de transferência de renda e outros tipos de auxílio (cesta básica, leite etc.).

Avaliar o nível de atividade física, avaliando todas as atividades realizadas: trabalho fora de casa, trabalhos domésticos, deslocamento, transporte, lazer, cuidado de crianças ou idosos etc.

Realizar exame clínico. Avaliar exames bioquímicos. Avaliar outros dados clínicos e hábitos de saúde pertinentes (sinais clínicos de deficiências de

micronutrientes, prática de atividade física, funcionamento intestinal etc.). Ao ser classificado com o peso acima do adequado, IMC igual ou maior que 25 kg/m² (excesso de peso):

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Apresentar ao adulto o diagnóstico encontrado, explicar o que representa e dar as devidas orientações para cada caso (sobrepeso e/ou obesidade).

Anotar a altura, peso e IMC no prontuário do paciente, com registro de data da avaliação e anotar dados no cartão de peso do adulto.

Orientar o adulto quanto aos resultados do exame clínico e bioquímico (anemia, dislipidemias etc.) realizados.

Avaliar a necessidade de nova solicitação de exames e de encaminhamento para consulta com outros profissionais de Saúde.

Subnutrição A subnutrição é um grave problema que afeta países desenvolvidos e subdesenvolvidos, provocando

diversas doenças e até a morte. Infelizmente, a subnutrição é um problema muito sério que atinge milhares de pessoas em todo o mundo,

sejam elas residentes em países desenvolvidos ou subdesenvolvidos. A subnutrição pode ser causada por dois fatores: a alimentação deficiente ou afalta de alimentos.

A alimentação deficiente ocorre com pessoas que baseiam a sua dieta alimentar apenas em carboidratos e gorduras, sendo essa alimentação muito pobre em frutas, verduras e proteínas como a carne. Essa alimentação deficiente mata a fome, mas não fornece os elementos essenciais, como vitaminas e sais minerais, necessários para o bom funcionamento do organismo.

A ingestão de alimentos em quantidade menor do que a necessária faz com que o organismo gaste suas reservas de gordura para manter o metabolismo do corpo, levando à subnutrição.

O baixo consumo de nutrientes essenciais à vida, como vitaminas e sais minerais, pode acarretar o aparecimento de inúmeras doenças, como raquitismo, escorbuto, dores de cabeça, osteoporose, cegueira-noturna, e outras, sendo que a subnutrição é uma das principais causas de morte de crianças em alguns países.

Dentre os fatores que agravam o problema da subnutrição, podemos citar alguns como: - aumento da população; - má distribuição de renda; - precários sistemas de distribuição de alimentos; - desastres naturais; - baixa escolaridade; - falta de água e áreas disponíveis para agricultura.

Desnutrição Desnutrição é o nome que se dá à doença causada pela baixa ingestão de proteínas, carboidratos,

vitaminas, lipídios e sais minerais de modo geral. Também pode ser causada pela incapacidade do organismo de absorver corretamente os nutrientes dos alimentos que ingere (anorexia, por exemplo). Normalmente a desnutrição atinge pessoas de baixa renda e, sobretudo, crianças dos países mais pobres. Os países em desenvolvimento respondem por 95% do total de desnutridos do planeta.

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A desnutrição é uma das principais causas de nascimentos de crianças abaixo do peso normal, crianças

que tem mais chances de adoecer durante a infância, adolescência e vida adulta. Há estudos recentes que indicam a existência de vínculos entre desnutrição infantil e o surgimento de doenças como hipertensão, diabetes e doenças coronárias.

Até manifestações leves de desnutrição podem limitar o desenvolvimento físico e intelectual de uma criança, fazendo com que esta tenha maiores chances de evadir-se da escola com tenra idade, fato que pode contribuir para manter o atual índice de analfabetismoentre as populações de baixa renda.

As complicações decorrentes da desnutrição podem ser: anemia severa, diminuição da secreção do ácido clorídrico (que tem, entre algumas funções, a capacidade de “esterilizar” o que comemos) no estômago e, em função disso, proliferação de bactérias (fato que já predispõe a um número maior de doenças), resposta muito lenta do sistema imunológico, visto que o organismo não possui nutrientes para produzir células de defesa e perda de massa por parte de vários músculos, no caso do coração, isto pode acarretar em morte.

Quando há casos de desnutrição não grave o paciente deve ser tratado em casa (principalmente no caso de crianças), visto que o ambiente hospitalar propicia, através de contágio, o aparecimento de doenças em organismos debilitados. Quando, porém, o quadro do paciente é crônico ou ele habita um lugar com condições deploráveis de vida, ele deve ser imediatamente hospitalizado, neste caso, a pessoa pode apresentar sintomas como: hipotermia, hipoglicemia, anemia grave, taquicardia, tendências hemorrágicas, pneumonia, desidratação, sarampo, icterícia (aspecto amarelado da pele) e sinais de colapso circulatório (mãos e pés frios, pulso fraco e consciência diminuída).

Importância da água para o organismo A principal importância da água para o corpo humano é permitir a realização das mais diversas reações

químicas necessárias para a sobrevivência. Sabemos que a água é uma substância presente em todos os organismos vivos, mas, em alguns, ela

apresenta-se em maior quantidade que em outros. Essa importante substância não é estocada em nosso corpo, por isso deve ser reposta todos os dias por várias vezes. Mas, afinal, qual é o papel da água no nosso organismo?

Essa substância representa cerca de 60% do peso total do corpo de um indivíduo adulto e quase 80% do corpo de uma criança. Ela é o principalcomponente das nossas células, mas também é encontrada fora dessas estruturas (líquido extracelular). Dentre as células que mais apresentam água, destacam-se aquelas localizadas nos músculos e nas vísceras.

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A água é um poderoso solvente e está relacionada com praticamente todas as reações do nosso corpo, uma vez que essas reações acontecem em meio aquoso. Ela também atua nos processos fisiológicos, como é o caso da digestão, fazendo parte de importantes substâncias, a exemplo do suco gástrico.

A água é fundamental para o transporte de substâncias, como o oxigênio, nutrientes e sais minerais, pois faz parte da composição do plasma sanguíneo. Além de levar nutrientes para as células, a água proporciona a eliminação de substâncias para fora do corpo, como é o caso da urina, que é formada basicamente por água e substâncias tóxicas ou em excesso dissolvidas.

Destaca-se também seu papel na regulação da temperatura do corpo. Quando o calor torna-se exagerado, inicia-se a liberação de suor, que possui água em sua composição. Ao entrar em contato com o meio, o suor evapora na superfície da pele, causando o resfriamento do corpo.

Além de participar da composição do suor, a água também forma as lágrimas, líquido essencial para o funcionamento adequado dos olhos. É essa substância a responsável por evitar o ressecamento das córneas e fazer a limpeza dessas estruturas.

Cerca de 60% do corpo de um adulto é formado por água

Não podemos também nos esquecer da proteção garantida pela água. As membranas que envolvem o sistema nervoso (meninges), por exemplo, são lubrificadas pelo liquor, substância rica em água que fornece proteção mecânica a esse sistema. Os fluidos das articulações também possuem água e protegem os ossos do atrito. Além disso, o líquido amniótico protege o feto contra impactos durante o desenvolvimento da vida.

Diante de tantas funções, é fundamental que fiquemos hidratados. Recomenda-se a ingestão de pelo menos dois litros e meio de água a cada dia para que nosso organismo funcione adequadamente. Além da ingestão, essa substância também pode ser retirada de todos os alimentos, que se diferenciam apenas pela quantidade de água disponível em cada um.

Alguns sintomas podem ser observados quando nosso corpo fica sem água.Inicialmente, sentimos sede, boca seca, lábios rachados e urina mais escura. A urina é um dos mais evidentes sintomas, sendo ideal que ela esteja bem clara.

Nosso organismo consegue ficar muito tempo sem nenhum alimento, entretanto, não sem água. Pesquisas comprovam que dentro de três a cinco dias uma pessoa pode morrer caso não tenha acesso a essa substância. Sendo assim, lembre-se sempre de se hidratar, dando atenção especial aos dias quentes e ao praticar atividades físicas pesadas.

Não existe vida sem água!

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Desidratação Introdução: A desidratação é um distúrbio decorrente da perda de água e eletrólitos freqüente nas crianças

com diarréia e/ou vômitos. Um complexo sistema hidroregular e neuroendócrino tenta manter o equilíbrio (homeostase) entre a ingestão e a eliminação de água e sais. As decorrentes podem ocorrer nos compartimentos:

Extravascular (vascular e intersticial) Intracelular A perda do líquido vascular prejudica diretamente duas funções vitais: a circulação e a diurese. O déficit de

líquido intracelular põe em perigo a própria estrutura das células. Diante de uma desidratação, o sistema hidrorregulador tenta limitar as perdas do líquido intersticial mantendo, dentro do possível, a integridade dos outros dois. Isto é possível, pois estes outros dois compartimentos possuem taxas elevadas de proteínas, com seu conhecido papel de retenção de água – pressão coloidosmótica.

Tipos De Desidratação Aguda 1) Desidratação Isotônica É a forma mais comum (70-90% dos casos), tendo como etiologia principal à diarréia e os vômitos. É

caracterizada por perdas proporcionais de água e eletrólitos. Tem como achados: (1) Sódio plasmático entre 130-150 mEq/L; (2) Osmolaridade plasmática entre 280 e 310mOsm/L; (3) Redução do líquido extracelular (LEC), sem modificação da pressão osmótica; (4) Nenhuma alteração do líquido intracelular(LIC). Quadro clínico Na desidratação hipotônica perde-se água e eletrólitos em proporções quase iguais, não havendo grandes

diferenças de osmolaridade entre os meios intra e extra celulares. Isto é, não há passagem significativa de líquidos de um compartimento para o outro. As manifestações clínicas variam de acordo com a intensidade das perdas hídricas.

São sinais de espoliação do líquido intersticial: perda de peso, depressão da fontanela, olhos encovados, mucosas secas, diminuição da elasticidade cutânea, do turgor e do tônus muscular.

Os sinais de espoliação do líquido vascular caracterizam-se por: (1) alterações do estado geral. (2) inquietude. (3) ansiedade. (4) prostração; (5) palidez; (6) colapso circulatório: extremidades frias e cianóticas, pulso rápido e fraco, diminuição da área cardíaca, oligúria ou anúria.

Com base na intensidade dos sinais clínicos, a desidratação pode ser classificada, quanto à gravidade em três graus:

Primeiro Grau ou Leve: sinais discretos de espoliação do líquido intersticial: 3 a 5% de perda de peso; Segundo Grau ou Moderada: sinais mais evidentes: 6 a 9% de perda de peso; Terceiro Grau ou Grave: sinais muito evidentes de espoliação (intersticial e vascular), sinais de choque:

maior ou igual a 10% da perda de peso. 2) Desidratação Hipotônica É a forma mais grave de desidratação e corresponde a 8-20% dos casos. Caracteriza-se por uma perda de

eletrólitos superior a de água. Tem como principais causas: a diarréia e os vômitos em crianças com desnutrição grave,

respirações com soluções hipotônicas e perdas excessivas de suco gástrico. A desidratação hipotônica apresenta os seguintes achados: (1) sódio plasmático abaixo de 130mEq/L;

(2) osmolaridade plasmática menor do que 280mOsm/L; (3) maior perda de eletrólitos do que de água; (4) diminuição de sódio no LEC; (5) entrada de água para o LIC. Quadro Clínico Como a perda de eletrólitos é maior do que a de água, o meio extracelular se encontra hipotônico em

relação ao intracelular. Com isto há passagem de líquido para o interior das células, sendo assim, as perdas são

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para o meio externo e para o meio intracelular. O edema de células do sistema nervoso central se manifesta como agitação, convulsão e coma.

Além disto, a criança apresenta sinais nítidos de espoliação do líquido vascular choque e anúria associados a sinais intensos de espoliação do líquido intersticial (turgor pastoso).

Observe: ausência de sede, mucosas úmidas e presença de sinais neurológicos. 3) Desidratação Hipertônica É uma outra forma perigosa de desidratação corresponde a 2-10% dos casos. Observa-se perda de água

maior do que a de eletrólitos. As principais causas são: reposição com soluções hipertônicas, diabetes insipidus e uso de

diuréticos osmóticos. Os principais achados são: (1) sódio plasmático acima de 150mEq/I; (2) osmolaridade plasmática maior do que 310mOsm/L; (3) maior perda de água do que de eletrólitos; (4) maior concentração de sais no LEC; (5) saída de água do LIC; (6) desidratação intracelular. Quadro clínico Nesta situação o líquido extracelular apresenta osmolaridade superior a do líquido intracelular. Com isto há

passagem de água do meio intracelular para o meio extracelular. A desidratação intracelular é manifesta como febre alta, sede intensa, irritabilidade, meningismo, convulsões e coma.

Apresenta-se em recém nascidos ou lactentes jovens (2-3 meses), com sede intensa e poucos sinais clássicos de desidratação.

Se após essa etapa, a criança continuar desidratada, administrar mais 25 a 50 ml/kg de peso em duas horas.

Deve-se assegurar um acesso venoso adequado (agulhas calibrosas, dois acessos venosos simultâneos), que garantam a infusão do volume total prescrito, no máximo, em quatro horas.

A fase de expansão (rápida) termina quando há melhora clínica da criança, com desaparecimento dos sinais de desidratação.

Nesta fase, é muito importante a reavaliação da criança, pelo menos a cada hora, pelo profissional de saúde.

O que é desidratação? O corpo humano conta normalmente com certa percentagem de água, variável com a idade, a qual é

mantida mais ou menos fixa por mecanismos biológicos de ingesta e descarte. O corpo é capaz de monitorar automaticamente a quantidade de água de que necessita e providenciar a conservação do nível ótimo de hidratação, seja pelo mecanismo da sede, que leva à ingesta de água, seja pela ação dos hormônios antidiuréticos, que limitam a quantidade de água perdida através da urina. Entre o nascimento e os dois anos de idade, o percentual de água no corpo humano varia de 75 a 80%; entre os 20 e 40 anos é de cerca de 60% e daí em diante o corpo continua se “desidratando” progressivamente.

A percentagem de água varia também nos diversos órgãos do corpo humano: 86% no fígado; 81% no sangue; 75% no cérebro, coração e ossos de uma pessoa adulta jovem. Normalmente, o corpo do homem contém um pouco mais de água que o da mulher.

A água necessária ao organismo é reposta pela ingesta oral do próprio líquido ou de bebidas como chás, sucos, refrigerantes, soluções salinas, etc (cerca de 47% do total) e de alimentos de diversas naturezas como alface, tomate, melancia, melão, abacaxi, laranja e outros. Boa parte dela (cerca de 14% do total) é absorvida pela respiração celular. Mesmo os alimentos considerados “sólidos” contêm alta percentagem de água. Toda essa água que entra no organismo sai por meio da transpiração, da respiração ou da urina e fezes. Fala-se em desidrataçãoquando há alguma alteração nesse equilíbrio e a percentagem de água no organismo cai abaixo do normal.

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Quais são as causas da desidratação? A desidratação ocorre quando a perda de água é maior que a sua reposição. Isso pode acontecer em

qualquer pessoa, mas as crianças e os idosos são mais susceptíveis a ela. Geralmente a depleção de água se faz acompanhar pela perda de sais minerais nela diluídos, sobretudo sódio e potássio, gerando um desequilíbrio eletrolítico. Em circunstâncias normais, o corpo perde e repõe pela ingestão de dois a três litros de água por dia. Os mecanismos normais de perda são a respiração, a transpiração, a urina e as fezes, alguns dos quais aumentam de intensidade com o calor e o exercício. A desidratação leve comumente é provocada pela ingestão insuficiente de líquidos, mas condições anormais como vômitos, diarreias, febres, excesso de urina ou de suor e grandesqueimaduras, que implicam em grandes perdas líquidas, podem levar a deficiências exageradamente anormais de água e de eletrólitos.

Qual é a fisiopatologia da desidratação? A água retida no organismo fica acumulada no interior dos vasos, nos espaços intercelulares dos tecidos e

no interior das células. Em certa medida, quando o organismo perde água da corrente sanguínea, o corpo compensa essas perdas transferindo água dos espaços intercelulares e do interior das células para os vasos, mas isso é um recurso limitado e o corpo passa logo a sentir as consequências da desidratação. Dependendo da relação entre a perda de água e de eletrólitos, a desidratação é chamada isotônica, hipertônica ou hipotônica.

Desidratação isotônica: a água e os sais minerais são perdidos em proporções equivalentes às que existem no organismo. Isso acontece nos vômitos e diarreias, por exemplo, nos quais não se produz uma transferência de água do meio intracelular para fora das células. Frequentemente, é o tipo de desidrataçãoencontrada em crianças pequenas.

Desidratação hipertônica: a perda de água é proporcionalmente maior que a perda de eletrólitos, como ocorre na falta de ingestão de água, sudação excessiva, diurese osmótica e uso de diuréticos. Nesses casos há transferência de água intracelular para os espaços extracelulares. É comum em diabéticos e em algumas crianças com diarreia.

Desidratação hipotônica: também chamada de hiponatremia. Proporcionalmente são perdidos mais sais que água, como nos casos de transpiração muito elevada, perdas gastrointestinais ou quando a reposição é feita só com água, sem sais. Nesse caso, ocorrerá transferência de líquido extracelular para dento da célula. Ocorre em alguns casos pediátricos com diarreias.

Quais são os principais sinais e sintomas da desidratação? A desidratação leve pode ocasionar sede, dores de cabeça, fraqueza, tonteiras, fadiga e sonolência.

A desidrataçãomoderada inclui boca seca, diminuição da diurese, moleza, batimentos cardíacos acelerados e falta de elasticidadeda pele. A desidratação grave geralmente cursa com sede intensa, anúria (ausência de urina), respiração rápida, alteração do estado mental, pele fria e úmida. A desidratação pode levar também à diminuição do desempenho físico e cognitivo e a alterações no funcionamento termorregulador e cardiovascular.

Como o médico diagnostica a desidratação? Além da constatação da ingesta insuficiente ou da perda elevada de líquidos, certos sinais são indicadores

dedesidratação, como secura da boca e das mucosas, perda da turgência da pele, secura nos olhos, aumento da temperatura corporal, perda de elasticidade da pele, afundamento das fontanelas em bebês, etc.

Como o médico trata a desidratação? Em situações especiais, quando já há desidratação acentuada ou a possibilidade dela, a água ou as

soluções aquosas salinas e/ou energéticas podem ser repostas diretamente pela veia. Como prevenir a desidratação? Tomar bastante água (dois litros ou mais a cada dia), principalmente no período do calor e quando a pessoa

faz atividades físicas intensas com grande transpiração. Corrigir o mais prontamente possível os mecanismos anormais de perdas de líquido, como febres, vômitos,

diarreias, etc. Na medida do possível, evitar o calor excessivo e a exposição excessiva ao sol. Como evolui a desidratação? A desidratação grave é uma situação potencialmente fatal e por isso exige uma intervenção médica

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de urgência. A resposta terapêutica, na maioria das vezes, é muito boa e rápida. Quais são as complicações da desidratação? A desidratação hipotônica não corrigida pode levar ao edema cerebral e à morte. As desidratações que

implicam perdas de mais de 10% do peso corporal podem ser fatais. As desidratações crônicas aumentam os riscos deinfecções, sobretudo de infecções urinárias. Pode ocorrer insuficiência renal, mas ela sempre é reversível se for decorrente apenas da desidratação e se for tratada precocemente. A diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro pode causar confusão mental e afetar a coordenação.