Nuno Júdice - Narciso

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Nuno Júdice Narciso

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Nuno Júdice

Narciso

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Ouço dizer que as águas cantam o amor, correndoe que nas suas margens há arbustos debruçandotristezas profundas. Mas nem as águas nem o ventonos arbustos me falam de mim; eu, que solitáriome debruço numa ânsia de tocar-me, e o rosto percono abismo da superfície; que o segredo que ocultoem mim persigo, num silêncio me evocando entreos alheios rumores da vida; e que o tempo esqueço,absorto na minha própria alma que obscureço.