Núcleo em Rede - Edição 20
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Informativo Bimestral do Instituto Elo - Mar/Abr 2011 - Edição 20
NúclEo em Rede
A tarde do último 9 de abril marcou
um momento importante para o Mor-
ro das Pedras: aconteceu a ‘Mostra de
Serviços Locais’ da região. O evento,
realizado na Escola Estadual Nossa Se-
nhora do Belo Ramo, no Bairro Nova
Granada, reuniu entidades públicas e
do terceiro setor que atuam no Morro
das Pedras. Foram apresentados servi-
ços de saúde, educação e assistência
social, dentre outros disponibilizados
à comunidade.
Para maior atração do público, hou-
ve uma programação variada, com
teatro, música e dança. Também foi
lançado o ‘Catálogo de Entidades
Parceiras do Morro das Pedras’, pu-
blicação do Centro de Prevenção à
Criminalidade (CPC) local que reúne
nome, descrição e contatos das en-
tidades (tenha acesso ao catálogo na
biblioteca de nosso site).
Moradora do Morro das Pedras há
18 anos, Paula Vilela compareceu ao
evento acompanhada das filhas Jú-
lia, 9 anos, e Lara, de 8 meses. A mãe
contou que soube da mostra através
de Júlia, que faz balé em um dos par-
ceiros da rede local. No final das ativi-
dades, Paula elogiou o evento e disse
que achou tudo interessante. “Foi mui-
to bom também saber que tem esses
programas de prevenção na minha
comunidade. Acho que merecem até
mais divulgação”.
Atenção com a parceriaAlém de divulgar os serviços, a mostra teve o intuito de promover uma inte-gração maior da rede parceira. O ges-tor social do CPC Morro das Pedras, Fídias Gomes Siqueira, explica que tan-to o evento, quanto o catálogo, foram concebidos para responder às deman-das levantadas no diagnóstico sobre a integração da rede, feito no ano pas-sado pelo CPC. “Vimos uma certa falta de entrosamento na rede. Mais do que fazer contatos periódicos, percebemos que a real dificuldade está em manter os relacionamentos. Articulação de re-de não é só encaminhar um usuário, há uma necessidade fundamental de estreitar laços.”
Opinião semelhante tem Sandra Lam-bertucci, coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS)
Morro das Pedras, instituição experien-te na articulação das entidades locais. Sandra destacou a importância do en-contro. “Não é fácil as pessoas saírem de seus cantos e encararem as diferen-ças. É preciso lembrar constantemente sobre a importância e a necessidade de atuarmos juntos, já que sozinhos pode-mos pouco”. Sandra enalteceu ainda a presença do CPC. “É um grande articu-lador. Os atendimentos do Mediação de Conflitos e o trabalho dos oficineiros do Fica Vivo!, por exemplo, trabalhando dentro das comunidades; isso é articu-lação direta”.
Luiz
Gon
zaga
Oliv
eira
CPC Morro das Pedras
rua Gama Cerqueira, 1117
Jardim américa
Belo Horizonte
(31) 3377-8657 / 3377-8626
Q uA N d o A r E d E s E fA z p r E s E N t EMostra de serviços e catálogo de cpc mobilizam a comunidade e parceiros do Morro das pedras
“Articulação de rede não é só encaminhar um usuário, há uma necessidade fundamental de estreitar laços.”
Integração, oportunidade, re-começo, reflexão e comprome-timento são palavras centrais nesta edição do informativo Núcleo em Rede. Palavras que resumem ideais que determi-naram a fundação do Institu-to Elo, o desenvolvimento e a implantação da Política de Prevenção à Criminalidade de Minas Gerais e que norteiam e impulsionam, junto a inúmeros outros, o trabalho de centenas de pessoas que fazem desta política pública meio inques-tionável para a transformação de vidas.
Vidas como a do estudante de direito Gregório Andrade, cuja inspiradora trajetória, narra-da na segunda matéria deste informativo, mais que levar a refletir, nos emociona e refor-ça nossa fé em que sempre um recomeço é possível. Nunca é fácil, sabemos todos, seguir um novo caminho, reconstruir uma história e/ ou recuperar ou tempo perdido. Mas, não temos dúvida, mais real se tor-na essa possibilidade quando portas são abertas, oportu-nidades são dadas e pessoas, como a assistente social Lilia-ne Maria Viegas de Oliveira, personagem da quarta maté-ria deste Informativo, se fazem presentes.
Pessoas que mais que traba-lhar acreditam, se envolvem, se emocionam e se dedicam ao máximo; e resultados, que para além dos números, inega-velmente importantes, podem e são vistos todos os dias em cada sala de atendimento dos CPCs, em cada oficina do Fica Vivo!, nas ruas e em incontá-veis lares.
Boa leitura!
Kris Brettas Oliveira
Diretor-presidente do Instituto Elo
r E co M E çoMais do que contar histórias, os l ivros podem mudar vidas. E o presp também
EDIT
ORIA
L
“Os livros me levaram para fora das grades.”
“O homem nasceu para ser livre. Tiran-do a liberdade, você toma a vida dele”. É com estas palavras que o estudante de Direito, Gregório Antônio Fernandes de Andrade, 37 anos, resume os 11 em que esteve preso. “Foi uma passagem pelo vale da sombra da morte. A minha vida parou”, afirma.
Hoje, as coisas estão caminhando para ele, que agora faz parte da equipe do Programa de Reintegração Social do Egresso do Sistema Prisional (Presp), do Centro de Prevenção à Criminalida-de (CPC) de Belo Horizonte. No entan-to, para chegar até aí, o caminho não foi fácil. Gregório conta que a paixão pela leitura foi um ponto forte. “Eu sempre li muito. Eu não usava drogas e o que me transportava para fora do cárcere eram os livros. Li Marx, Dostoi-évski, Maquiavel, Focault, autores que hoje eu estudo na faculdade”. Foi nes-sa época também que nasceu o inte-resse dele pela literatura jurídica e por textos como o Código Penal. “Ao invés de comida, eu pedia a meu pai que me enviasse livros. Também ganhei mui-tos de estudantes de Direito e hoje eu tenho a honra de estudar junto com eles”, relata.
A guinada na vida começou quando Gregório, já em regime semiaberto, soube por uma ex-colega do Presp que o Instituto Elo estava selecionando es-tagiários para o programa. “Fiz a inscri-ção, mas sem muita convicção de que pudesse ser aprovado. Afinal, a primeira pergunta que me fizeram na entrevista foi o que eu entendia sobre o sistema prisional. Eu respondi que estive e ain-da estava no sistema”. A tentativa que parecia em vão foi recompensada e, há quase um ano, Gregório divide as res-ponsabilidades de ser parte integrante da equipe técnica do Presp e, ao mesmo tempo, um usuário.
Ele revela ainda que, além de continuar estudando e estagiando na prevenção, cultiva o sonho de um dia vir a ser Se-cretário de Segurança Pública. “Eu pen-so em difundir ainda mais essa Política de Prevenção à Criminalidade, pois o que legitima essa Política são os resul-tados e eles são reais”.
Fred
eric
o M
ülle
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CPC belo horizonte Centro
rua espírito Santo, 466 (10° andar)
Centro
belo horizonte
(31) 2129-9392
c p c t E M p r E s E N ç A c I dA dãEquipes técnicas divulgam suas ações em sabará
trâNsIto MAIs sEguro EM MoNtEs clAroscpc desenvolve projeto para pessoas que cometeram infrações
Muitos acidentes de trânsito poderiam ser evitados se as leis fossem cumpri-das, a sinalização respeitada, moto-ristas e pedestres tivessem um pouco mais de paciência, e noções mais claras de direção defensiva. Pensando nisso, a equipe técnica do programa Central de Apoio às Penas e Medidas Alternati-vas (Ceapa), do Centro de Prevenção à Criminalidade (CPC) de Montes Claros, deu início no mês de abril a mais um projeto temático: o ‘Seguir na Direção’.
A ideia é que motoristas que cometeram algum tipo de delito previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), encaminha-dos pelo Juizado Especial Criminal do município, participem de oficinas te-máticas e grupos de reflexão. Segundo a equipe da Ceapa, muitos motoristas chegam ao programa por excesso de velocidade, veículo com documentação vencida e ausência de habilitação.
No último mês de abril, um grupo com 14 usuários participou de quatro encontros, em que se discutiu temas como o Código de Trânsito Brasileiro, direção defensiva, educação no trân-
sito, motivação e auto-estima. Tatyana Lafetá, técnica de direito do CPC de Montes Claros, explica que o objetivo desse novo projeto é promover uma consciência crítica sobre a responsabili-dade ao volante: “A proposta é oferecer oficinas interativas com dinâmicas, jo-gos e vídeos, focando na humanização no trânsito e incentivando uma direção mais segura”, destaca a técnica.
A expectativa é que com este projeto, de-senvolvido em parceria com a Polícia Civil, os motoristas reflitam sobre o delito co-metido e sejam capazes de avaliar melhor suas consequências. Outros quatro grupos de reflexão estão previstos para 2011.
descontração incentiva
Dirigir sem habilitação foi a infração cometida por Yang Yu Soares Oliva, de 28 anos. Encaminhado pelo Juizado Especial Criminal, ele foi um dos mo-toristas a integrar o primeiro grupo do Seguir na Direção. Na avaliação de Yang, agora devidamente habilitado, o projeto oferece um ambiente des-
Dinâmicas, jogos e palestras estimulam a participação dos usuários encaminhados pelo Juizado Especial
Além dos serviços e oficinas oferecidos, jovens do Fica Vivo! mostraram seu talento à comunidade
contraído para as discussões, estimu-lando a participação dos motoristas. “O curso nos permitiu relembrar re-gras de trânsito muito importantes e que não basta saber, mas aplicar. Até mesmo para não esquecê-las”. com-plementa Yang Yu.
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CPC
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CPC montes Claros Centro
rua Corrêia machado, 1.036
Centro
montes Claros
(38) 3229-3521
CPC sabará
rua Minas Novas, 235a
Nossa senhora de Fátima
sabará
(31) 3672-2221 / 3672-2600
A equipe técnica do Centro de Prevenção à Criminalidade (CPC) de Sabará compa-receu, no último dia 16 de abril, em mais uma edição da Caravana da Cidadania. O evento promovido pela Prefeitura, leva aos moradores serviços gratuitos, como exa-mes de saúde, emissão de documentos e conselho da mulher. Cerca de duas mil pessoas passaram pela Escola Municipal Gabriela Leite de Araújo na ocasião.
Técnicos e estagiários do Programa Fica Vivo! ofereceram oficinas de futsal, circo, dança do ventre, street dance e capoeira. Já a equipe do Programa Mediação de Conflitos fez a divulgação de suas ações, orientando os moradores sobre a atuação do programa e os benefícios nos atendi-mentos. Na avaliação do gestor social do CPC de Sabará, Amauri dos Santos Barra, “a caravana aproximou ainda mais da comu-nidade os programas oferecidos pelo CPC”.
Expediente Instituto Elo
Diretor-Presidente: Kris Brettas - Diretor Administrativo-Financeiro: Gleiber Oliveira
Assessor de Comunicação: Leonardo Figueiredo (013346 | MG) - Edição: Leonardo Figuei-redo e Luiz Gonzaga Oliveira (14656 | MG) - Reportagem e redação: Frederico Müller, Luiz Gonzaga Oliveira e Bárbara Campos - Design Gráfico: Marcos Vinícius Braga - Tiragem: 2.000 exemplares Impressão: Imprimaset Gráfica - Publicação: 29 de Abril de 2011
Rua Guajajaras, 40, 10o andar, sala 3 - Belo Horizonte - MG - 30.180-100
www.institutoelo.org.br | Contatos: 31 3309-5617 | [email protected]
O Instituto Elo é uma associação privada sem fins lucrativos, qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) pelos governos federal e estadual, que atua na gestão de projetos sociais e culturais em parceria com as iniciativas pública e privada. Nos Centros de Prevenção à Criminalidade, o objetivo do Instituto é desenvolver, em parceria com a Secretaria de Estado de Defesa Social, ações relativas à prevenção social à criminalidade e à violência, por meio da implantação, desenvolvimento e consolidação dos CPCs.
Neles, são executados os programas Fica Vivo!, que tem como benefíciários jovens em situação de risco social; Central de Apoio às Penas e Medidas Alternativas, responsável por monitorar o cumprimento de penas e medidas alternativas; Reintegração Social do Egresso do Sistema Prisional, que trabalha para a reinserção das pessoas que deixaram o sistema penitenciário; e Mediação de Conflitos, voltado para a resolução extrajudicial de conflitos.
Em 1976, Liliane Maria Viegas de Oli-veira entrava no curso de Serviço So-cial querendo firmar sua preocupação com os excluídos. Em 2003, Minas con-solidava sua reação contra a escala de violência que atormentava o estado, ao conceber a nova Política de Segu-rança Pública. No final de 2003, essas duas trajetórias se encontraram no programa Fica Vivo!, estabelecendo uma parceria de resultado notável: há quase oito anos no Morro das Pedras, Liliane é a técnica que atua há mais tempo no programa.
Ela conta que a entrada no programa foi quase por acaso. “Eu ia trabalhar com o sistema prisional, mas, na época, o Fica Vivo! estava começando e precisava de gente. Então, resolvi abraçar a oportuni-dade”. Acompanhando o programa prati-
At uAç ão E x E M p l A rtécnica mais “antiga” do fica Vivo! fala de experiências e da satisfação no trabalho
camente desde o início, Liliane é das pes-soas mais credenciadas para falar sobre a evolução do mesmo. “Percebo que sofreu muitas mudanças sim. Afinal, ainda hoje é muito novo tudo isso de trabalhar com jovens, buscando prevenir a violência na raiz. Naturalmente, o programa vem aprofundando seu conhecimento sobre a realidade do público que atende e ama-durecendo sua abordagem”.
Personagem de tantas histórias no Fica Vivo!, é quase inevitável perguntar à Liliane sobre os episódios mais mar-cantes que já presenciou em seu tra-balho. “Bom, o que sempre me marcou muito foi ver jovens atravessados por todo um percurso de criminalidade conseguindo reinventar a sua própria história, calando estereótipos e previ-sões pessimistas. É a confirmação de
uma crença que permeia todo o tra-balho da prevenção: a crença na capa-cidade das pessoas de mudar. Se não fosse isso, eu não estaria trabalhando no Fica Vivo! até hoje”.
Mas nem tudo é um “mar de rosas”. Liliane lembra, por exemplo, que sofreu alguma resistência por parte dos filhos – Izabela, hoje com 30 anos, e Rafael, 27 – quando da entrada no programa. “É verdade que, no início, eles não ficaram muito conten-tes com a minha decisão de trabalhar diretamente com jovens afetados pela criminalidade. Com o tempo, porém, o entendimento vai mudando. Minha filha fez Direito e acabou entrando no Media-ção, onde pôde ver na prática tudo o que eu falava do alcance social importantíssi-mo desse tipo de trabalho. Aliás, eu sem-pre ressaltei isso com meus filhos; que é preciso ver o que é esse mundo, não dá par ficar de fora disso”.
Aos 56 anos, Liliane confessa que tem ainda muito “gás” para trabalhar no programa. “Alcancei tal nível de envol-vimento com as pessoas da comunida-de, algo que leva tempo, que hoje meu trabalho tem uma fluência bem bacana. Sinto que posso contribuir muito ainda”.
Luiz
Gon
zaga
Oliv
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“É preciso ver o que é esse mundo, não dá par ficar de fora disso.”
CPC Morro das Pedras
rua Gama Cerqueira, 1117
Jardim américa
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