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Propedêutica Bíblica 3 de Fevereiro de 2014 – Contexto Sócio-Político N. T.

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Propedêutica Bíblica3 de Fevereiro de 2014 – Contexto Sócio-Político N. T.

ORAÇÃO

Mateus 10, 1‐4Chamando seus doze discípulos, deu‐lhes autoridade para expulsar espíritos imundos e curar todas as doenças e enfermidades. Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, que o traiu. Jesus enviou os doze com as seguintes instruções: "Não se dirijam aos gentios, nem entrem em cidade alguma dos samaritanos. Antes, dirijam‐se às ovelhas perdidas de Israel. Por onde forem, preguem esta mensagem: O Reino dos céus está próximo. Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demónios. Vocês receberam de graça; dêem também de graça. Não levem nem ouro, nem prata, nem cobre em seus cintos; não levem nenhum saco de viagem, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão; pois o trabalhador é digno do seu sustento. Na cidade ou povoação em que entrarem, procurem alguém digno de recebê‐los, e fiquem em sua casa até partirem. Ao entrarem na casa, saúdem‐na. Se a casa for digna, que a paz de vocês repouse sobre ela; se não for, que a paz retorne para vocês. Se alguém não os receber nem ouvir suas palavras, sacudam a poeira dos pés quando saírem daquela casa ou cidade.”

AULA ANTERIOR

Contexto Sócio Político

AULA ANTERIOR

• Grupos em Israel:

Aristocracia sacerdotalSumo‐Sacerdote (presidia ao sanedrin)Sacerdotes‐chefesChefes das 24 secções (serviço semanalmente)Chefes dos turnos diáriosSimples sacerdotes (cerca de 10.000)Levitas  (10.000)‐ clero menor. 

Contexto Social

• Grupos em Israel:Nobreza laica (grandes proprietários de terra)

os “Anciãos” (pertenciam ao sanedrin)os israelitas de puro sangue 

juízessecretáriosmembros do conselho local das 

comunidades (composto de 7 membros)encarregados da comunidade para a 

administração e a distribuição das esmolas

Contexto Político

Grupos mais desfavorecidosPublicanos (pagãos, assassinos e prostitutas)Cidadãos marcados por uma falta leve:

ProsélitosEscravos pagãos emancipadosBastardos Escravos pagãos 

Samaritanos Mulheres“Am‐aretz” (os camponeses, o “povo da terra”) 

Contexto Social

• Um fariseu não aceitava participar num banquete como convidado se houvesse algum convidados pertencente ao “am‐aretz”: a comunhão feita à volta de uma mesa vinculava os convivas; e os fariseus não queriam ter qualquer relação com este grupo.

• É uma sociedade fortemente compartimentada, criadora de exclusão e de marginalização. Frequentemente nem eram questões económicas que criavam essa separação (os publicanos, por exemplo, possuíam muitos bens): era em nome de Deus, da religião ou da pureza da raça que se criava segregação.

Contexto Social

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos• Existiam três grandes partidos religiosos: 

– os fariseus– os saduceus– os essénios.

• Ao lado destes partidos tradicionais, Flávio Josefo menciona um partido novo, o dos zelotes ou partido dos revolucionários. 

• Só se organizou verdadeiramente na segunda metade do séc. I, depois da morte de Jesus.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Estes grupos são organizações solidamente estruturadas, que hoje designaríamos como “partidos religiosos” (já que, na época, não existem partidos laicos: religião e política faziam parte de um todo inseparável). 

• Qualquer um deles, em maior ou menor grau, interfere na história do Novo Testamento.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Fariseus: A palavra “fariseu” provém de “pharisaioi”, que traduz o aramaico “perishayya”, correspondente ao hebraico “perushim”. Significa “separado”.

• Remontam aos Macabeus. Os seus antepassados foram o grupo de “hassidim” (os “piedosos”), que apoiaram o heróico Matatias na sua luta contra Antíoco IV Epifanes (cfr. 1 Mac 2,42). 

• Zelosos pela “Torah”, preferiam a morte ao não cumprimento da “Lei”.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• No início da dinastia asmoneia, manifestaram discordância com a política de helenização. 

• De conflito latente, tornou‐se aberto no reinado de Alexandre Janeu (103‐76 a.C.). Mesmo perseguidos, os fariseus terão um papel cada vez mais efectivo.

• No seu testamento, Alexandre Janeu pediu à sua viúva (Salomé Alexandra) que fizesse as pazes com os fariseus e se apoiasse neles para levar a cabo a sua política. É com Salomé Alexandra que os fariseus passam a ter assento no Conselho dos Anciãos (“Sanedrin”). 

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Mesmo não tendo a maioria no sanedrin, vão fazendo, prevalecer as suas ideias.

• No tempo de Herodes, os fariseus são cerca de 6.000 e têm uma enorme influência junto do povo. 

• No tempo de Jesus, os fariseus estão presentes em todos os passos da vida religiosa dos israelitas. Dominando os ofícios sinagogais, procuravam transmitir a todos o seu amor pela “Torah”. Apoiando‐se nos “escribas” (ou “doutores da Lei”), ensinavam as “regras” (ou “halakot”) que deviam dirigir cada passo da vida dos israelitas.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Defendiam que a santidade era para todo o povo. Alcança‐se cumprindo todas as exigências da “Lei”. Quando todo o povo cumprisse a “Lei”, o Messias viria trazer a salvação a Israel.

• Concediam à “Lei” oral uma autoridade igual à “Lei” escrita. Distinguiam‐se aqui dos “saduceus”, que defendiam apenas da “Lei” escrita. 

• Acreditavam na ressurreição dos mortos ‐ uma ideia que não aparece na “Torah” escrita, mas que já está presente em certos textos tardios, nomeadamente no “Livro da Sabedoria”. 

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Tinham um certo sentido de universalidade e de abertura a outros povos. Acreditavam que também os outros povos se salvariam, desde que aderissem à prática da “Lei”. 

• Em política eram moderados. Hostis aos romanos, não defendiam, no entanto, soluções violentas. 

• Trata‐se de um grupo sério, empenhado verdadeiramente na santificação do Povo de Deus.

• O seu fundamentalismo em relação à “Lei” será algumas vezes criticado por Jesus; Ao centrarem‐se na “Lei”, desprezavam o Homem; criavam no povo um sentimento de pecado e de indignidade que oprimia as consciências... esqueciam o essencial ‐ o amor e a misericórdia.

• Considerando‐se “puros” que viviam de acordo com a “Lei”, desprezavam o “am aretz” (o “povo mais pobre do país”)

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Na revolta judaica contra Roma, alguns fariseus pegaram em armas contra os romanos, ainda que não partilhando os ideais dos extremistas revolucionários.

• Depois da guerra, são eles que asseguram a sobrevivência do judaísmo.

• Um dos seus doutores, Yohanan ben Zakai, obteve licença de Tito para fundar uma academia em Jâmnia, perto de Cesareia.

• Em Jâmnia, nos finais do séc. I, um sínodo constituído sobretudo por fariseus, tomou uma série de decisões que ajudou o judaísmo a superar a crise resultante da perda de Jerusalém, da destruição do Templo, e do fim da esperança de independência e de liberdade.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Saduceus – descendiam da aristocracia  sacerdotal do período macabeu (séc. II a.C.).

• Consideravam‐se  os verdadeiros representantes do sacerdócio, da linhagem de Sadoc, o sacerdote dos tempos de Salomão (cfr. 1 Re 2,35).

• Permaneceram fiéis à dinastia asmoneia que surgiu das lutas dos macabeus contra os selêucidas.

• Organizados como grupo religioso desde João Hircano (135‐104 a.C.), tiveram papel efectivo na direcção dos assuntos do país.

• Por norma, o Sumo‐Sacerdote era um saduceu.• Perderam influência quando os fariseus encontraram apoio 

do poder, no reinado de Salomé Alexandra (76‐67 a.C.).

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• No tempo de Jesus, os saduceus são um grupo aristocrático de boa posição, recrutado sobretudo entre os sacerdotes. 

• Exercem a sua autoridade à volta do Templo e mantêm‐se mais distantes do povo do que os fariseus.

• No sanedrin, não têm autoridade absoluta,  devido à introdução de fariseus (com Salomé Alexandra).

• Têm importância política , ainda que muito limitada pela presença do procurador romano.

• Politicamente eram conservadores e entendiam‐se bem com o opressor romano.

• Mantinham a situação para não perderem benefícios políticos, sociais e económicos.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Apenas se interessavam pela “Lei” escrita ‐ a “Torah”.• Negavam aos fariseus o valor que estes atribuíam à “Lei” oral.

• Daí, resultava a negação de algumas crenças e doutrinas admitidas nos ambientes populares submetidos aos fariseus. Por exemplo, negavam a ressurreição dos mortos: nenhum versículo da “Lei” apoiava essa crença.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• No conflito com os fariseus, o ponto central era a visão da sociedade e do poder.

• Os saduceus não viam com agrado a democratização da “Lei” promovida pelos fariseus e pelos seus escribas.

• A democratização originava que os sacerdotes perdessem a sua autoridade como intérpretes da “Lei”.

• Diante do povo, os saduceus mostravam‐se distantes e severos. 

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Os essénios também remontam ao período das guerras macabeias

• Os seus antepassados estão nos “hassidim” (“piedosos”) que apoiaram a revolta de Matatias.

• O nome de “essénios” certamente pode derivar do aramaico “hassaya”, que significa “piedosos”.

• Terão cortado relação com os macabeus quando os líderes políticos assumiram também o sumo‐sacerdócio: os essénios não concordavam que o sumo‐sacerdote tivesse manchado as mãos com sangue de alguém.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Mantiveram‐se à margem dos assuntos políticos.• Preocupavam‐se, antes de mais, em formar comunidades onde pudessem viver de acordo com as estritas leis da pureza que haviam traçado. “Não vivem numa cidade concreta, mas juntam‐se em grupos em qualquer sítio” ‐ dirá deles Flávio Josefo.

• A sua principal característica era a vivência em comunidade.– O dia era tranquilo, ao ritmo das orações e do trabalho. 

• Vestiam roupa de linho e tomavam banho em água fria.• Tomavam as refeições em comum• A refeição era ritual. • O Sacerdote benzia os alimentos e rezava acção de graças no final. 

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• A entrada na comunidade fazia‐se por graus. • Os candidatos realizavam várias provas durante um ano.

– Quando eram admitido a seguir a regra mais de perto, tinha direito, como diz Flávio Josefo, “a águas mais limpas para as suas abluções”. No entanto, ainda não se integrava completamente na comunidade: para isso, teria de esperar ainda dois anos.

• A vida comunitária incluía a partilha dos bens, a oração, o trabalho, o estudo e meditação dos livros sagrados.

• Vestiam uma túnica branca, presa na cintura por uma corda (simbolizava a pureza que preocupava constantemente o essénio).

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Cada comunidade estava dividida em quatro grupos, conforme os graus dos seus membros. 

• A passagem a um grau superior implicava uma caminhada em direcção a um grau maior de santidade.

• O progresso fazia‐se em função da antiguidade.• Se um jovem essénio tocasse num mais velho, este tinha que 

tomar um banho para se purificar, “como se houvesse sido tocado por um pagão”, dirá Flávio Josefo.

• Qualquer falta grave de disciplina, podia acarretar a exclusão da comunidade, após uma decisão do “conselho”.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Esta preocupação com a pureza, levava os essénios a viver em castidade. 

• No entanto, havia essénios casados. – Trata‐se, segundo Flávio Josefo, de um grupo diferente de essénios. Este segundo grupo considerava útil e necessário ter filhos para assegurar a sobrevivência da sociedade. Tomavam a mulher por algum tempo; depois de esta ter tido três partos, era considerada fecunda e podia tomar‐se como esposa. 

• São apegados às regras da pureza ainda mais do que os fariseus.

• Recusam o calendário selêucida (não celebravam a Páscoa na mesma altura que os outros israelitas).

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• Recusam‐se a frequentar o Templo, demasiado sujo a seus olhos desde que o calendário foi mudado e o sumo‐sacerdócio passou a ser uma questão política. 

• Substituem os holocaustos pela santidade de vida, esperando o momento em que Deus restabelecerá o Templo na sua santidade original.

• Consideram‐se o exército santo de Deus, que deverá combater na terra e aniquilar todos os ímpios no momento em que Deus lhes der o sinal para isso: nesse momento, os anjos do céu combaterão contra os ímpios, num combate escatológico que terminará com o triunfo dos santos. 

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• Desde 1947 que sabemos mais, a partir das descobertas feitas em Qûmran, uma pequena localidade situada a noroeste do Mar Morto, onde residiu uma comunidade essénia (cerca de 200 pessoas).

• Por volta de 31 a.C., a comunidade teria sido vítima de um terramoto e de um incêndio; nos primórdios do cristianismo, terá sido ocupado por uma comunidade (anti‐romana).

• Não sobrevive à guerra contra Roma: são assassinados no ano 68 (esconderam os seus textos sagrados nas grutas circundantes, onde ficaram até às descobertas de 1947).

• Esses textos são um material extraordinário para estudar os essénios bem como os textos do AT.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Partido dos Revolucionários: Desde as lutas macabeias contra Antíoco IV Epifanes, existia uma tradição de zelo pela “Lei”. Este zelo podia inflamar qualquer judeu e levá‐lo a pegar na espada contra os estrangeiros, ou até contra os judeus inclinados a pactuar com o opressor. Foi por isso que Matatias matou um judeu que se dispunha a oferecer sacrifícios; e foi assim que começou a sublevação macabeia (cfr. 1 Mac 2).

• Sabe‐se pouco. Por volta do ano 6, um recenseamento e a cobrança do imposto pessoal provoca uma sublevação dirigida por Judas, o Galileu. Judas afirmava que este imposto converteria os judeus num povo totalmente escravizado e pedia ao seu povo que lutasse pela liberdade.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Flávio Josefo não hesita em considerar Judas o “filósofo de uma nova seita” de que ele não menciona o nome, mas que se parece muito com o grupo revolucionário violento chamado de “zelotes”. 

• Judas acabou por ser assassinado; mas o seu ideário continuou vivo em Israel. 

• Na época de Jesus, a Palestina gozava de uma paz generalizada.

• Coexistem ainda  os partidários de Judas; esporadicamente, haveria distúrbios menores.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• No ano, 44 Agripa I morreu.• A Palestina fica de novo submetida ao governador da Síria e é administrada por procuradores que residem em Cesareia.

• Há uma decepção generalizada dos patriotas de Israel, agravada por algumas medidas impopulares tomadas pelos procuradores; cria‐se um clima de confronto onde se desenvolvem as ideias nacionalistas.

• Tudo irá desembocar na explosão violenta do ano 66, o ano do início da revolta judaica contra Roma.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Na revolta participaram vários grupos a que, em geral, se dá o nome de zelotes.

• Mas são grupos distintos de resistentes unidos na mesma luta.– Há os sicários (os “homens do punhal”), que têm como chefe um tal Eleazar;

– Há os partidários de João de Gischala, um chefe galileu  que lutou heroicamente em defesa da Galileia;

– Há o grupo de Simão bar Gioras; – Há os idumeus– Há também os zelotes. 

• Zelote designa apenas um desses grupos revolucionários, partidários da luta armada contra os romanos. 

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Possivelmente, no tempo de Jesus, estes grupos já existiam em embrião; mas parece pouco provável a existência de um grupo político‐religioso fortemente estruturado antes do ano 44.

• Entre 132 e 135, teve lugar a segunda revolta judaica.• O imperador Adriano quis reconstruir Jerusalém sob o nome de Aelia Capitolina; além disso, proibiu a circuncisão.

• Uma violenta sublevação judaica, chefiada por Simão bar Kosiba (chamado “filho da estrela”), terá recebido apoio dos zelotes.

• A revolta foi severamente reprimida• Jerusalém passou a ser uma colónia romana, interdita a qualquer judeu.

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• A época de Jesus está longe desse clima de violência e de revolta generalizada que se dá entre 66 e 70, bem como entre 132 e 135.

• Mas já então havia nacionalistas.• Também havia profetas que, pelas suas reivindicações de 

carácter mais ou menos messiânico, provocavam sublevações esporádicas.

• Jesus foi acusado de ser um desses agitadores político‐religiosos...

• A ideia de que alguns dos discípulos de Jesus eram do movimento revolucionário, é aceite por alguns autores. – Refere‐se Judas, “iscariotes” (relacionado com os “sicários”) – Simão, o “zelote”– Pedro “Barjona” (que significaria “terrorista”). 

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Não é uma leitura unânime, e carece de fundamento sério.

• Será decisivo perceber o verdadeiro significado destes títulos na época de Jesus.

• Estamos longe do ano 66: tentar ver em discípulos de Jesus revolucionários armados é uma afirmação gratuita e arriscada. O estudo cuidado da história mostra‐nos uma realidade diferente daquela que estas teorias apresentam

Grupos Políticos, Sociais e Religiosos

• Qual era a filosofia político‐religiosa desses grupos violentos que combateram contra os romanos em 66‐70 e 132‐135 ?– Genericamente, são grupos unidos pela ardente espera do Reino de Deus e um zelo fanático pela “Lei”.

– Não reconhecem outro rei ou outra autoridade senão YHWH.– A chegada do Reino de Deus dependia da acção revolucionária e exigia uma entrega total da vida, até ao martírio.

– Promoviam a guerra santa contra os inimigos da soberania de Deus sobre Israel.

– Defendiam a “justiça social” – Exigiam a supressão da usura, a eliminação do latifúndio e a emancipação dos escravos.

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Instituições Religiosas

• As instituições religiosas do judaísmo • O Templo: Na história de Israel, houve vários Templos. 

– O primeiro, foi o construído pelo rei Salomão. Este seria destruído pelos babilónios em 586 a.C., após o cerco de Jerusalém.

– Na volta do exílio, Zorobabel iniciou a construção do segundo Templo. Construído com meios modestos subsistiu até aos tempos de Herodes. 

– Herodes resolveu restaurá‐lo. Os trabalhos então empreendidos conduziram, de facto, a uma nova construção. O Templo da época de Jesus é, no entanto, o “segundo Templo”: os judeus consideram que a obra de Herodes foi apenas uma “restauração.

• À volta do Templo girava, na verdade, toda a vida religiosa de Israel.

• Os trabalhos iniciaram‐se no ano 20 a.C.. A construção ficou essencialmente acabada no ano 9 a.C.; mas só foi realmente dada por concluída no ano 63 d.C., pouco mais de seis anos antes de ser destruída pelos romanos (ano 70 d.C.). Na época de Jesus, portanto, ainda que o essencial do Templo estivesse feito, os trabalhos continuavam.

• O resultado foi grandioso. As pedras utilizadas eram brancas, de quase dois metros de altura e doze de comprimento. O perímetro dos átrios chegava aos 1.380 metros. Entrava‐se no Templo por oito portas. O “pináculo do Templo” dominava o vale do Cedron e elevava‐se a uns 90 metros de altura.

• Entrava‐se num enorme recinto rectangular (300 x 500 metros). Era o “átrio dos gentios”; uma balaustrada em pedra separava este átrio do resto do Templo. Um cartaz em grego e em latim, avisava: “é proibido a todo o estrangeiro passar esta barreira e entrar no recinto do santuário. Quem o fizer, será responsável pela sua própria morte”.

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• A parte central do Templo tinha vários espaços:– O “átrio das mulheres”, além do qual as mulheres israelitas não podiam ir;

– O “átrio dos israelitas”, reservado aos varões de Israel.– O “átrio dos sacerdotes”, com o altar destinado aos sacrifícios.– Num lugar santo chamado “Hekal”, estavam o “altar dos perfumes”, a mesa com os “pães da proposição” e o candelabro de sete braços (a “Menorah”)

– O lugar mais sagrado: o “Debir” ou “santo dos santos”: era um espaço vazio, separado do “Hekal” por uma cortina. Somente o sumo‐sacerdote podia entrar no “Debir”, uma vez por ano, no “dia das expiações” (“Yom Kippurim”).

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• O clero do Templo: o funcionamento do Templo exigia um clero numeroso: cerca de 17.000 pessoas asseguravam os vários serviços. Este pessoal, estava distribuído da seguinte forma:– O sumo‐sacerdote ocupava o cimo da hierarquia.  Tinha grande 

influência. Presidia ao sanedrin, grande conselho de 71 membros, que dirigia a vida religiosa, jurídica e económica do país. Vigiava e orientava de acordo com os seus interesses todo o comércio relacionado com o Templo (o comércio dos animais, o câmbio das moedas e mais um sem número de produtos destinados à liturgia do Templo). Tinha prioridade na escolha das “coisas santas”, do que se oferecia ao Templo e que estava destinado à classe sacerdotal. As principais famílias de Jerusalém disputavam a honra e as vantagens de ter entre os seus membros um sumo‐sacerdote. Quando as autoridades intentam o processo que devia terminar com a morte de Jesus, o sumo‐sacerdote é um tal Caifás.

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• Os sacerdotes eram 7.200, distribuídos em 24 secções. O turno de serviço de cada secção era duas vezes ao ano durante uma semana. Além disso, reuniam‐se para as três festas de peregrinação. No resto do ano, viviam nas suas casas e dedicavam‐se a um ofício. Alguns eram “escribas”; mas a maior parte eram artesãos, comerciantes ou lavradores. Durante as semanas do serviço, tinham direito à parte dos sacrifícios reservada aos sacerdotes. Também recebiam o dízimo. O sacerdócio era hereditário.

• Os levitas eram 9.600; exerciam o cargo ao mesmo ritmo dos sacerdotes e também estavam divididos em 24 secções. Não tinham acesso ao “átrio dos sacerdotes”, nem participavam nos sacrifícios. Uma classe superior, era encarregada dos cânticos e da música; a classe inferior era a dos porteiros e sacristães. Não tinham direito ao dízimo nem a qualquer parte dos animais sacrificados. Quando voltavam para a sua casa, exerciam também todo o tipo de ofícios.

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• O culto no Templo centrava‐se na oferta de sacrifícios. • Cada dia, de manhã e de tarde, oferecia‐se um sacrifício de um cordeiro de um ano. Era o chamado “sacrifício perpétuo” (“tamid”). Oferecia‐se, também um sacrifício pelo imperador. Este era o culto obrigatório, diário.

• Somavam‐se os numerosos sacrifícios privados, oferecidos pelo povo :– louvor– acção de graças– pedidos– reparação de danos causados, etc.... 

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• Quem oferecia o sacrifício podia comprar o animal no recinto do Templo. Depois, apresentava‐o a um sacerdote, o qual o oferecia no altar situado no átrio dos sacerdotes. 

• As Festas: as três grandes festas judaicas eram as chamadas “festas de peregrinação”: – Pesah (Páscoa);– Shavu’ot (Pentecostes); – Sukkot (festa das Tendas). 

• Outras, menos importantes, mas também significativas no mundo religioso judaico, eram:• Rosh Hashanah (festa do Ano Novo)• Yom Kippur (o Dia da Expiação),• Purim (festa das “Sortes”) • Hanukkah (festa da “renovação”). 

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• Marcavam, ao longo do ano, o ritmo da vivência da fé do Povo de Deus

• Pesah: A festa da Páscoa, celebrava a libertação do Egipto. Era a primeira das festas judaicas. Durava sete dias. Por esta altura, a população de Jerusalém multiplicava‐se por três. Nesta festa, era o chefe de família e não o sacerdote que degolava o cordeiro. O sacerdote apenas recolhia o sangue e derramava‐o na base do altar. A operação realizava‐se em 14 de Nisan, a véspera do primeiro dia da festa, no átrio dos israelitas do Templo de Jerusalém. Depois de imolado, o animal era trazido para casa e preparado para ser comido na refeição familiar da noite, a Seder. À mesa devia estar um grupo não inferior a dez pessoas.

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• Shavu’ot:  Celebra‐se cinquenta dias depois da Páscoa. Os rabinos chamam‐lhe “festa das semanas”. Na Palestina durava um dia e na Diáspora, dois.  Nesta festa, ofereciam‐se a Deus os primeiros frutos da colheita (“bikkurim”). A cerimónia característica desta festa era a oferta de dois pães de farinha nova, cozida sem fermento.

• No séc. I, a festa aparece ligada à recordação da “aliança” e ao dom da “Lei” no Sinai. É uma festa discreta, sem sinais externos, sendo de notar apenas a verdura que ornamenta as casas e a sinagoga, em alusão provável ao Sinai, montanha verdejante (cfr. Ex 34,3) ou à “Lei”, que Prov 3,18 compara à “árvore da vida”. 

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• Sukkot:  É, originalmente, uma festa agrícola, celebrada na estação em que se guardam os produtos da eira e do lagar (o Outono). Depois de ter recolhido os últimos frutos da terra, de haver pisado as uvas e a azeitona, vai‐se dar graças a Deus. É uma festa jubilosa, cheia de regozijo popular, com procissões, danças e luzes. Durava sete dias, seguidos do dia de encerramento. 

• A palavra “sukkot” significa “cabanas”. (cabanas de ramagem erigidas nas vinhas e nas hortas durante a vindima e a recolha dos frutos. Os israelitas, sem tempo para ir a casa e recomeçar, ao nascer do sol, o trabalho, viviam nestas  cabanas, nos campos.) tinha a procissão dos sacerdotes, cada manhã, até à fonte de Siloé, a libação de água sobre o altar dos holocaustos, o canto do Sl 118, a procissão em volta do altar e, à tarde, o acender dos 4 grandes candelabros de ouro no átrio dos mulheres, iluminando Jerusalém.

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• Rosh Hashanah: Celebra‐se no dia 1 de Tishri, o 7º mês. É a festa do Ano Novo. O seu rito característico é o toque do “shôfar”, uma trombeta feita de um corno de carneiro. O toque do “shôfar” significa um chamamento à penitência. É o dia em que se celebra o julgamento de Deus sobre o seu Povo.

• Não se trata, contudo, de um dia de medo e de angústia; é um dia em que o crente, com serenidade, afirma a sua esperança no Deus da bondade e da misericórdia, que derrama o seu perdão sobre o pecador e o salva. 

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• Yom Kippur: celebra‐se no dia 10 de Tishri e está unido à festa anterior por um espaço de dez dias de penitência, formando com ela uma unidade. É um dia de descanso, penitência e jejum, com uma assembleia no Templo e sacrifícios particulares. No Templo, faziam‐se sacrifícios de expiação pelo santuário, pelos sacerdotes e pelo povo. O ritual descrito em Lv 16 combina duas cerimónias diferentes pelo seu espírito e origem:– ritual levítico com imolação de animais, incensação e aspersão do propiciatório 

(“kapporet”) com o sangue dos animais imolados (o que implicava a entrada do sumo‐sacerdote no santo dos santos). Era a única vez no ano em que tal era possível); 

– um ritual popular: o povo oferecera dois bodes deitados em sortes, um para YHWH (o que é imolado em sacrifício pelos pecados do povo) e outro para Azazel, o príncipe dos demónios que habita no deserto. O segundo animal (o “bode expiatório”), é posto diante de YHWH e o sumo‐sacerdote, pondo as mãos sobre ele, descarrega simbolicamente os pecados do povo. Em seguida, o bode é conduzido ao deserto e aí deixado. 

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• Purim: festa profana e não se celebra, pelo menos directamente, em honra do Deus de Israel. É referenciada no “Livro de Ester”. Teria sido, na origem, uma festa persa do início do ano, que na Mesopotâmia recebeu o nome de “puru” (“as sortes” lançadas no início do ano). 

• Nas comunidades judaicas da Mesopotâmia, esta festa aparecerá associada à comemoração de uma perseguição que os judeus teriam evitado milagrosamente no séc. IV a.C, graças à acção da rainha Ester e do seu tio Mardoqueu. Da Diáspora, esta festa passou à Palestina em meados do séc. II a.C.. 

• A festa era celebrada com grande regozijo nos dias 14 e 15 do mês de Adar (Fevereiro‐Março do nosso calendário) e precedida de um jejum no dia 13 (o “jejum de Ester” ‐ cfr. Est 4,16). Na sinagoga lia‐se o “rolo” (“megilla”) de Ester e faziam‐se imprecações contra Haman (o responsável pela perseguição), que se tornou para a consciência judaica o protótipo do perseguidor. A tolerância rabínica do carácter profano da festa é de tal ordem, que a Mishnah admite que qualquer judeu pode beber até não saber distinguir entre “maldito seja Haman” e “bendito seja Mardoqueu”. Mais tarde, juntou‐se mesmo o costume dos disfarces, de modo que a “Purim” tornou‐se a festa de carnaval dos judeus.

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• Hanukkah: A instituição da festa está narrada em 1 Mac 4,36‐59. Antíoco IV Epifanes, o rei selêucida, estabeleceu um altar pagão no Templo, no lugar do altar dos holocaustos. No dia 25 de Kisleu(Dezembro, no nosso calendário) de 167 a.C., ofereceu aí o primeiro sacrifício a Zeus Olímpico. Três anos mais tarde, precisamente na mesma data, Judas Macabeu purifica o santuário e constrói um novo altar (2 Mac 10,5). Decidiu‐se, então, que a memória desta festa se celebraria todos os anos. 

• A festa celebrava‐se durante oito dias, a partir do 25 de Kisleu, no meio do regozijo popular. Para além dos sacrifícios oferecidos no Templo, caracterizavam esta festa: a procissão de ramos com cânticos (2 Mac 10,6‐8), o canto do Hallel (Sl 113‐118) e o rito do acender das luzes. Pela Mishnah sabemos que se acendiam lâmpadas diante de cada casa pelos oito dias que durava a festa. O judaísmo posterior, para além do significado originário da purificação do Templo, vai sublinhar sobretudo esta simbologia da luz.

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• O Shabbat (o “Sábado”)• Este termo hebraico relaciona‐se com o verbo “shâbat”, que se 

emprega com frequência com o sentido de “cessar de trabalhar”, “repousar”. A forma nominal “shabbat” deverá significar “o dia que detém, que marca um limite, que divide”. E parece ter sido esse o seu significado original: o termo que divide as semanas. 

• Todas as grandes tradições de Israel concedem um espaço especial ao “sábado”. No código elohista da aliança (cfr. Ex 23,12), no código jahwista (cfr. Ex 34,21), nas duas redacçõesdo decálogo (cfr. Ex 20,8‐10 e Dt 5,12‐14) e, finalmente, no código sacerdotal (cfr. Ex 31,12‐17), o sábado aparece com as mesmas qualificações: é o sétimo dia, o dia dedicado ao descanso depois de sete dias de trabalho. 

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• Não é por ser dia de descanso que adquire valor; é por aparecer ligado ao Deus da aliança e como sinal da aliança. É o dia consagrado a YHWH. É um dia de alegria, de oração e de repouso, onde todo o trabalho é interdito desde o pôr do sol de sexta‐feira até ao pôr do sol de sábado. 

• As explicações teológicas do estatuto do sábado, vão em dois sentidos. Segundo Dt 5,14b‐15, o sábado tem a ver com a necessidade de repouso, mas sobretudo com a recordação da libertação do Egipto: é o dia em que se recorda como, após a escravidão, Deus deu ao seu Povo a liberdade e o conduziu à Terra Prometida, um lugar de repouso e de paz.

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• Segundo Ex 20,11 o sábado aparece relacionado com o Deus criador. É o sétimo dia, o dia em que Deus repousou após criar tudo o que existe. É o dia em que o Deus criador, após ter criado o homem, fez uma aliança com ele. E é o dia que o homem reserva para louvar o Deus criador e celebrar essa aliança. 

• A celebração do sábado está em consonância com a sua importância, significação e santidade. Parava‐se o trabalho, fechavam‐se as lojas, interrompiam‐se as viagens. A Mishnahrecorda uma lista de 29 trabalhos proibidos ao sábado, entre os quais o preparar as refeições. Não se acendia o fogo, nem se podia andar mais do que um “caminho de sábado” (cerca de 1 km). Transgredir estes preceitos diante de testemunhas, poderia levar à condenação à morte.

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• O sábado era anunciado ao pôr de sol de sexta‐feira por três toques de trombetas feitos pelos levitas do Templo de Jerusalém. No resto do país, quem anunciava o início do sábado eram os guardiães da sinagoga. Os israelitas apressavam‐se a pôr os vestidos de festa, pois o sábado devia celebrar‐se na alegria. Depois, vinha o banquete. Nele, pronunciava‐se a benção da mesa e o Qiddush (a fórmula de santificação para o sábado), acompanhado por uma taça de vinho.

• No sábado de manhã, ia‐se à sinagoga. O ofício da manhã (“shaharit”) organiza‐se à volta das leituras da “sidrah” (texto tirado da “Torah”) e da “haftarah” (texto tirado dos “profetas”). Segue‐se, depois, o comentário (“derashah”) rabínico. 

• A refeição principal (preparada no dia anterior), era ao meio dia; convidavam‐se os hóspedes. Era proibido o jejum. 

• De tarde, ia‐se à “casa de estudo” (junto da sinagoga) para escutar as discussões religiosas dos mestres da Lei. O sábado termina com a cerimónia da “habdalah”

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• A Sinagoga: (a “assembleia do povo de Deus”).• Há consenso em afirmar que a instituição “sinagoga” nasceu na 

Babilónia, durante o Exílio (586‐538 a.C.). • No tempo de Jesus, é a  instituição firme e viva, à volta da qual se 

articula grande parte da vida religiosa do judaísmo. Espalhada por todo o lado na Palestina e na Diáspora.

• Era  dirigida por “laicos” (não sacerdotes) e, mais concretamente, uma instituição controlada pelos fariseus. 

• O “archisinagogo” era quem convocava, dirigia a reunião festiva e distribuía os diversos cargos relacionados com o culto. Era eleito por um período determinado de tempo e era possível a sua reeleição. 

• Juntavam‐se‐lhes os “gerontes” ou “gerusiarcas” (“anciãos”). O “archisinagogo” escolhia o “ministro” (“hazzan”): era quem se encarregava de chamar o leitor e quem tocava a trombeta para anunciar o sábado ou os dias festivos. 

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SEMESTRE

Datas das Aulas

14 Outubro21 Outubro28 Outubro4 Novembro11Novembro

18 Novembro25 Novembro2 Dezembro9 Dezembro 16 Dezembro

6 Janeiro13 Janeiro20 Janeiro27 Janeiro

3 de Fevereiro

Propedêutica BíblicaParóquia de N. Sra Amparo P. Nuno Tavares