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Ano II - Edição 12 Outubro/2008 Produzido pelos alunos do 6.º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP JORNAL LABORATÓRIO A mostra trouxe ao Sesc Piracicaba obras de artistas que retratam a realidade em que vivem. Página 11 Bienal Naïfs do Brasil reúne 107 obras ARTE Piracicaba investe no turismo NOVA ORTOGRAFIA Número de eleitores de 16 e 17 anos cresce em cidades da região Página 7 Importante ponto da cidade, a Rua do Porto oferece opções de entretenimento; investimentos no local somam R$ 4 milhões. Página 12 LAZER Qual a importância do polêmico acordo? Página 4 POLÍTICA

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Na Pratica 12

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Ano II - Edição 12 Outubro/2008

Produzido pelos alunos do6.º semestre do Curso de Jornalismo da

Universidade Metodista de Piracicaba

UNIMEPJORNAL LABORATÓRIO

A mostra trouxe ao Sesc Piracicaba obras de artistas que retratam a

realidade em que vivem.Página 11

Bienal Naïfs do Brasil reúne

107 obras

Arte

Piracicaba investe no

turismo

NovA ortogrAfiA

Número de eleitores de 16 e 17 anos cresce em

cidades da regiãoPágina 7

Importante ponto da cidade, a Rua do Porto oferece opções de entretenimento;

investimentos no local somam R$ 4 milhões. Página 12

LAzer

Qual a importância do polêmico acordo?

Página 4

PoLíticA

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2 Na Prática Outubro/2008

APreseNtAção ExPEdIENtE

O principal objetivo da comunidade do jornal é o contato com os leitores e esse espaço está integralmente aberto à manifestação de suas opiniões, concordando ou não com o conteúdo da edição, opinando e sugerindo pautas para as próximas.

Vamos participar,mande seu recado! Valeu Galera!!!

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PartICIPE daCOMUNIdadE NO OrkUt

JORNAL NA PRáTIcA/UNImEP

Artigo de oPiNião

ArnAldo Tirelli UlTrAmAri *

Hoje o crescimento desordenado das grandes metrópoles deve-se à migração de um número gigantesco de pessoas do interior que tentam buscar o sonho do crescimento econômico e de grandes rea-lizações com a mudança de sua cidade ou estado. Porém, o falso sonho que esconde por de trás de fechadas de aço, vidro, e ar-gamassa dos grandes centros empresariais fazem crescer um número de sonhos des-feitos e grupos de pessoas menos favoreci-das que se alastram pelas áreas periféricas comumente chamadas de favelas.

A discriminação social, a tão chamada “exclusão”, deve-se ao abismo socioeco-nômico que cercam hoje não apenas as grandes metrópoles, mas também cidades do interior que se desenvolvem rapida-mente pelo deslocamento de pólos indus-triais com interesse em mão de obra bara-ta, posições estratégias e baixos impostos.

Juntamente com o crescimento das cidades vêem acompanhado o índice de criminalidade como, assaltos, homicídios, seqüestros, entre outros.

Para combater essa criminalidade mui-tas empresas de segurança vêm crescendo

oferecendo seus serviços com pessoal for-temente treinado, contando com veículos de escolta, helicópteros, carros blindados, armas de fogo de diversos calibres, treina-mentos de pessoal em várias artes mar-ciais, cercas elétricas, sistemas de monito-ramento via satélite, entres outros.

Mas há outro lado desta história: as firmas de segurança que trabalham sem registro de forma informal, clandestinas, colocando nas ruas pessoas despreparadas psicologicamen-te e sem formação para exercer funções de escolta, segurança pessoal ou patrimonial e no comércio informal, que acabam ocasio-nando verdadeiras tragédias.

Muitas vezes policiais são contratados por executivos ou comerciantes para fazerem sua segurança, não digo que não são pro-fissionais capacitados muitas vezes o são, o que levo em conta são o stress causados por várias horas sem dormir, baixos salários que recebem, pouco treinamento, armas e veículos obsoletos, o que contradiz o outro lado da moeda, o “tráfico” que possui mui-tas vezes pessoas altamente treinadas.

Exemplos: são muitos os contratados peritos em armas de fogo, explosivos, e técnicas de guerrilha como soldados das três forças armadas que sem escrúpulos, se

unem a tais facções transformando o am-biente de várias cidades em verdadeiros conflitos urbanos com grandes números de mortos por dias, alimentados pelo trá-fico de drogas, indústria e contrabando de armas, seqüestro e assaltos.

A tão chamada Força Nacional (FN), o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), Comando de Operações Especiais da Po-lícia Militar (COE), entre tantos ícones criados para combater o narcotráfico cujas funções são de grande investimento contra o crime organizado. Porém, nada adiantará se não investirmos no futuro, dando início no agora, e minimizar o abis-mo social entre as classes que estão tão afastadas e que acabam não se reconhe-cendo como sendo filhos da mesma Ter-ra. Concluindo, um dos principais pontos para minimizar o conflito entre as classes sociais é a reestruturação socioeconômi-ca do país, tendo como parâmetros maior investimento na educação, qualidade de vida e desenvolvimento urbano. Inician-do desta forma uma empatia social.

* arnaldo tirelli Ultramari, ex-encarrega-do de Segurança, é vigilante e estudioso da área de segurança ([email protected])

Falso Estado de Segurança

Este não é um editorial comum, não pelo que se é tratado mas sim pela época em que ele é escrito: atualmente. Nossa geração já passou por tantas tragédias e já ouviu falar de tantas outras de nossos prede-cessores que tornou-se fria e impassível. A época atual é paradoxal, tudo pode mudar da água para o vinho em segundos ou menos. A era da informação possibilita tais luxos. Se perguntarmos quanto à história imediata, vemos que o hoje diz sobre máquinas européias de choque de partículas, um aparato tão complexo e caro que pode gerar um pequeno “big-bang” ou até mesmo um último buraco negro na existência humana. Também conta sobre líderes duelando entre si pela posse da herança do ex-império mais próspero do globo. Os “Yankees” hoje perdem seu posto para a China. Seria o herdeiro da posse, o pri-meiro negro a se tornar presidente? E em um futuro, seria ele vítima de uma mera “coincidência Ku Kux Klan”?

Pode parecer, mas o tempo não está girando longe do Brasil. Quem diria que um presidente tão clamado por críticos como “ile-trado” iria assinar um tratado que até janeiro visa alterar a escrita da nação? Até onde vai o poder de um líder, teria ele a moral e a capacidade de alterar até mesmo o que o povo de seu domínio compreende como língua? No nosso país, estes líderes também são escolhidos, talvez de uma maneira mais justa do que do modo “Tio Sam”, porém, para quem votou antes, é engraçado andar por ruas onde há a limitação de como, quando e onde fazer propaganda. Também é a primeira vez que a televisão apresentou propagandas

políticas tão bem recebidas pelo público, e ainda extremamente inte-ligentes, ignorando a ridícula apelação da mulher grávida que surge depois de seus geniais predecessores. Imaginar o que uma abelha no ouvido, andar em círculos, sapateado e um choro irracional tem a ver com política através da simbologia e de mensagem subliminar é acreditar na inteligência do telespectador, e não há quem não goste de ser reconhecido pela sapiência.

Piracicaba, por menor que ainda pareça, está crescendo e em pouco tempo os nossos líderes aqui estarão sendo escolhidos também e como diz a imagem deplorável da grávida, já citada, escolher em quem votar é decidir como deve ser o futuro da cidade e do país, afinal, o domínio será a cara de seu líder. Imagino se o nosso país seria então barbudo e com orelhas de abano. Aqui a tal face ainda não foi decidida, porém, para tal fato houve o debate dos “prefeituráveis”, uma oportunidade de ouro para decidir que máscara vestir na cidade onde o peixe pára. Embora eventos assim não sejam mais como antigamente, seja quem for escolhido é bom lembrar sempre que nesses tempos, onde um pre-sidente sofre represálias por ser negro, onde máquinas que contornam países podem gerar apocalipse e onde todos temos certas liberdades. Tudo pode mudar, a qualquer momento. Mas sempre ficará a seu cargo escolher que rumo dar: Confirmar, Anular ou Corrigir.

Pietro Pires SantosEditor Assistente

A qualquer momento... Jornal Laboratório dos Alunos do 6º Semestredo Curso de jornalismo da Unimep

ReitoR:Davi Ferreira Barros

Diretor Da FaculDaDe De comunicação:Belarmino Cesar Guimarães da Costa

coorDenaDor Do curso De Jornalismo:Paulo Roberto Botão

editoR:Wanderley Gacia (MTB: MG – 06041)

E-mail: [email protected]

editoRes Assistentes:Pietro Pires Santos, [email protected]

Renan Fahl, [email protected]

editoRes:Comportamento: Luiza Cazetta, luiza_cazetta@

yahoo.com.br, Cultura: César Dario, [email protected], Educação: Geison Silva Paulo, [email protected], Fotografia: Ana Paula

Palhares, [email protected]

RepóRteRes: Marina Carneiro, [email protected], Brenda Bellani Prado, [email protected] Molina, evandro.jornalista@hotmail.

com, Mariana Tavares, [email protected], Tânia Silva, taniajornalismo@hotmail.

com, Marcella Maganha, [email protected], Andréa Palhardi Bombonatti,

[email protected], Rafael Piero-bom, [email protected], César Dario,

[email protected], Jandiara Oliveira, [email protected]

ARte GRáficA:Sérgio S. Campos

(Laboratório de Planejamento Gráfico/Unimep)

Correspondência:Faculdade de Comunicação – Campus Taquaral – Rodovia do Açúcar, Km 156 – Caixa Postal 68

– CEP: 13400-911 – Tel: (19) 3124-1677Tiragem: 1.500 exemplares

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Outubro/2008 Na Prática 3

AnA PAUlA PAlhAres

[email protected]

O esporte escolar é considerado a fase iniciante de um atleta, que começa den-tro da escola em aulas de educação física, espaço apropriado para o conhecimento da prática esportiva. Atletas de alto ní-vel surgem nesse meio apesar da falta de estrutura das institui-ções de ensino.

É o caso de Rafaela Lima, 22 anos, estu-dante de educação física da Universida-de Metodista de Pi-racicaba (Unimep) e integrante da seleção feminina de Handebol de Piracicaba, cidade que conquistou recen-temente o título de campeã dos Jogos Re-gionais em Lins.

“Na escola descobri o meu interesse pela prática esportiva. No começo eram só aulas, mas indo além dos ensinamentos escolares e me envolvendo com colegas profissionais, tive a sorte de ser chamada para representar Piracicaba pelo meu pró-prio professor que era técnico da cidade”, conta Rafaela.

Outro exemplo é Rafael Silva, jogador da seleção de basquete da cidade, que gos-

tava de praticar esportes com os amigos na escola e participava de campeonatos escolares. Desde cedo tinha a consciência de que o momento passaria assim que ter-minasse o ensino médio.

“A grande maioria das escolas, princi-palmente as estaduais, não oferece treina-mento de base aos alunos que querem se tornar ícones no esporte, não incentivam

como deveriam. Só me tornei um atleta de alto nível em clubes que treinei, comecei lá dentro da escola e tive que buscar apoio lá fora”, diz Rafael.

Segundo a professo-ra de educação física Lucia Helena Hahn, da escola estadual Monsenhor Jerônymo

Gallo, escola destaque nos Jogos Colegiais em modalidades como a dama, seria ne-cessário construir centros de treinamento para crianças começando da base, o que no Brasil é raro existir.

“Há muitas dificuldades de implantar projetos como este, a situação socioeco-nômica brasileira não oferece recursos para isso, há má alimentação das crianças e falta de tempo, pois muitos jovens aca-bam tendo de trabalhar cedo para ajudar em casa”, enfatiza a professora.

educação física

alunos da escola estadual Monsenhor Jerônymo Gallo em aula de educação física

esPorte

Atletas buscam desenvolvimento nos esportes apesar de pouca estrutura nas escolas

“Tive a sorte de ser chamada

para representar Piracicaba pelo meu

professor, que era técnico da cidade”

mArinA CArneiro

[email protected]

Morar em uma república requer muita força de vontade, cooperação e principal-mente abstrair o barulho em volta para poder estudar.

Nas casas de estudantes em que moram diversos alunos de cursos, cidades, idades e pensamentos diferentes, o momento do estudo, que deveria se dar em um ambien-te tranqüilo, acaba se tornando uma difícil tarefa de concentração. Afinal, festas toda semana, pessoas entrando e saindo de casa mais a falta de vontade de estudar acabam complicando na hora das provas.

Os estudantes escolhem morar em re-públicas por causa do convívio social, das amizades, das festas, mas principalmente para se abrir para o mundo, adquirin-do novos contatos e novas experiências, além de responsabilidade.

O estudante Luiz Henrique Parreira, 20, cursa engenharia agronômica na Esalq (Es-cola Superior de Agricultura Luís de Quei-roz) e diz nunca ter tido problema para estudar em sua casa. “Em época de prova dá para estudar, geralmente à noite. Eles [os colegas] respeitam quando eu estou es-tudando”. Já Vítor Moraes, 18, que reside com Luiz e mais sete pessoas, diz que não tem concentração em sua casa. “Estudo raramente em casa, chamo outras pessoas para me ajudarem a estudar e às vezes vou para a biblioteca da faculdade”, afirma.

Esse problema de concentração atinge outras pessoas que moram em repúblicas. Diosef Huston, 22, também estudante da

rePúbLicA X estudos

A difícil tarefa da

Jovens universitários driblam as dificuldades pelo prazer do convívio social

Além das aulas de

Ana Paula Palhares

concentraçãoEsalq no curso de engenharia florestal, diz não conseguir estudar em sua casa, pois ela é pequena e o barulho da televisão, juntamente com a falta de um lugar afas-tado e silencioso, o dispersam.

Mas o fato de morar em uma repúbli-ca atrapalhar em alguns casos o estudo, não diminui a vontade dos estudantes que moram fora de procurá-las.

Diante das dificuldades de relaciona-mento e a falta de privacidade para estu-dar, pode-se pensar que o número de repú-blicas seja pequeno. Porém de acordo com o “Manual do Bixo” de 2007, livro que é entregue todo ano aos calouros da Esalq, o número de moradias de estudantes em Piracicaba é alto, contabilizando cerca de 50 (femininas e masculinas) e há mais 18 inscritas no “Projeto República” da Uni-mep. Os moradores se vangloriam pelos anos de existência das repúblicas e pelos novos integrantes que entram a cada ano. Existem repúblicas, como a Copacabana, da Esalq, que mantém suas tradições há 85 anos, sendo uma das mais antigas não só de Piracicaba, mas do Brasil.

Heitor Rocha, 18, que ingressou na fa-culdade este ano, diz ter optado por morar em uma república após conhecer seus in-tegrantes. “Gostei das pessoas com quem moro, elas me ajudam a conhecer novas pessoas e aumentar meu círculo social”.

“República é uma história de vida, vi-vencio coisas aqui que jamais eu viveria se morasse em um apartamento sozinho”, diz Luiz Henrique. “As pessoas que mo-ram comigo são mais que amigos, são meu irmãos”, completa Diosef.

Moradores da república kangaço da Esalq

Marina Carneiro

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4 Na Prática Outubro/2008

grAmáticA

ENTENdA O mOTIVO dAs mUdANçAs

A Comunidade dos Países de língua Portu-guesa (CPlP) decidiu o novo Acordo Ortográ-fico para a língua Portuguesa por um tratado internacional que vem sendo estudado desde 1990, numa tentativa, segundo o site do mi-nistério da educação, de unificar a gramática entre os países que a integram - Brasil, Portu-gal, Angola, Guiné-Bissau, moçambique, Ti-mor leste, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

A língua portuguesa é falada por cerca de 220 milhões de pessoas no mundo – deste número, aproximadamente 190 milhões são brasileiros. De acordo com a regra da CPlP, se três países ratificarem o acordo, ele já entra em vigor. Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe já aprovaram as mudanças.

lápisNa ponta do

O que muda e quando se torna oficial o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

NOVAs REGRAs dA LíNGUA PORTUGUEsA

• Extinção do trema, presente em palavras como ‘lingüiça’ e ‘freqüência’;

• Supressão de consoantes mudas, como em ‘actor’ (escrita portuguesa);

• Novas regras para o empre-go do hífen;

• Inclusão das letras ‘w’, ‘k’ e ‘y’ ao idioma;

• Novas regras de acentu-ação, em que palavras como ‘idéia’ e ‘assembléia’ perdem o acento agudo, e ‘vôo’ e ‘lêem’ perdem o acento circunflexo.

Fonte: site do Ministério da Educação

“O português é falado por cerca de 220 milhões de pessoas no

mundo”

BrendA BellAni [email protected]

partir de 2009 as pessoas dos oito países que têm o português como a língua oficial, terão de se adaptar a novas regras ortográficas - decididas pela Comuni-dade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Mas

como estas mudanças podem influenciar a vida de quem usa o idioma?A professora da primeira série do ensino fundamental em Santa Bárbara

d’Oeste, Sueli de Fátima Marcolin Caravana, acredita que as novas regras não influenciarão na alfabetização dos alunos. “Outras coisas ajudariam mais se fossem mudadas, como, por exemplo, não usar letras com a mes-ma sonoridade, como o ‘s’ e o ‘z’”, diz.

De acordo com ela, os alunos já alfabetizados do ensino fundamental, no entanto, terão mais dificuldade em assimilar as novas regras. “A or-tografia para estes alunos é uma aprendizagem recente que eles terão de modificar”, explica a professora.

A ortografia é a parte da gramática que ensina a escrever as palavras corretamente. Cada país que tem o português como a língua oficial possui um Formulário Ortográfico em vigor que difere entre eles em algumas normas. No Brasil, o Formulário Ortográfico aprovado pela Academia Brasileira de Letras é de 1943, com alterações em 1971.

O período entre 2009 e 2012 será de transição para a adequação grada-tiva das mudanças. O Ministério da Educação já prepara a licitação dos livros didáticos que substituirão a antiga gramática pela nova e serão uti-lizados em sala de aula a partir do ano que vem. Editoras de dicionários de português - como os da marca Houaiss e Aurélio – estão lançando edições com as novas regras ortográficas; e os vestibulares e concursos públicos aceitarão a ortografia antiga e a nova durante o período de três anos.

“Não irá confundir [os alunos, nos vestibulares], pois as duas formas ortográficas serão aceitas”, acredita a aluna do terceiro ano do ensino médio Thaíne Scarazzatti. Segundo ela, entretanto, a “língua portuguesa tem muitas regras e exceções, o que torna complicada a sua exatidão”. A professora de português em escola estadual de Santa Bárbara d’Oeste, Andréa Camargo Parazzi, concorda: “Considero a Língua Portuguesa difí-cil e complicada, principalmente para ensiná-la, devido a suas regras”.

Mas professora e aluna discordam da necessidade das mudanças. “A unificação [da língua portuguesa] facilitará para os eventos internacio-nais, por isso é necessária”, diz Andréa. Já Thaíne considera importante que cada país preserve sua essência e cultura.

Professora Sueli Caravana pratica leitura com os alunos: quem lê mais tem menos problemas com a ortografia

Brenda Bellani

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evAndro molinA

[email protected]

Balé é coisa de menina! Com certeza, muitos meninos já ouviram esta frase quando pediram para praticar essa ativi-dade. O balé, assim como todos os estilos de dança, exige disciplina e esforço físico para ser realizado. Contudo, a par-ticipação de meninos nesta modalidade ainda é um tabu e muitos acabam escondendo seu talento por medo de sofre-rem preconceito.

A modalidade não faz distinção entre meninos e meninas, porém a participação feminina é maior. “Quem mais procu-ra são as meninas, sem dúvida. Faltam príncipes para tantas princesas”, relata a professora de balé, Juliana Almeida Ma-chado da Silva, que dá aulas de dança há 17 anos.

Assim como no filme Billy Eliot - garoto inglês de mesmo nome que aos 11 anos vive na pele o preconceito por trocar o boxe pelo balé contrariando as expectativas do pai e irmão - os meninos se afastam da dança. “Nós, professores, temos que prepará-los também emocionalmente para que não de-sistam”, explica Juliana.

“São inevitáveis as brincadeiras. Nunca disseram algo dire-tamente a mim, mas você sabe quando estão falando”, conta Alan Loureiro Marques, 18, bailarino há três anos. Apesar das brincadeiras e diferentemente da história de Billy, Mar-ques sempre teve o total apoio dos pais. “Foi meu pai quem foi comigo na academia fazer minha matrícula. Sou feliz com o que faço. Não há nada de errado em um homem dançar balé”, afirma Marques.

Apesar do preconceito, muitos meninos vencem a barreira e são motivos de orgulho. “Ano passado ganhei uma bolsa de dança no Canadá, além de ter obtido o primeiro lugar na categoria balé clássico avançado no Seminário Internacional de Danças de Brasília, um dos mais importantes do país”, conta Rafael Vitor Borges da Silva, 19.

Entre sapatilhas e collant, roupa de malha elástica fina que adere ao corpo, os meninos são peças-chave para que o en-canto da dança seja perfeito. Responsáveis por carregar as bailarinas, sem eles a magia do espetáculo não existiria. “O balé exige força, garra, determinação. Trabalhamos exausti-vamente, como no karatê ou futebol”, lembra Juliana.

A professora Juliana orienta quem admira e gosta do balé que procure uma academia de dança, independentemente de ser homem ou mulher. “Todo preconceito é desumano. Homens dançam balé, e dançam muito”.

dANçA

Aline Cia

entreParticipação de meninos no balé ainda é tabu e muitos escondem o talento por medo da discriminação sapatilhas

e preconceitorafael Borges treina oito horas por dia, seis vezes por semana

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6 Na Prática Outubro/2008

mAriAnA TAvAres Gomes [email protected]

Praia, sombra e água fresca. Tudo que os estudantes do terceiro ano do ensino médio precisam antes da ma-

ratona do vestibular, mas eles querem muito mais que isso. Esperam a viagem de formatura desde que entra-ram no primeiro ano e as expectativas aumentam a cada ano quando vêem os amigos voltarem com seus dreads e trancinhas, contando milhares de histórias. O destino mais desejado? Porto Seguro, Bahia.

O número de jovens que escolhem a cidade como des-tino tem crescido nos últimos anos, segundo a Agência de Viagens Ponta Verde, tornando-se assim sinônimo de curti-ção e muitas baladas. “Poderia ser qualquer outro lugar, mas é por ser praia, estar longe dos pais e já ter essa tradição”, diz o estudante Pedro Vinícius Nalin dos Santos que viajou com os amigos nas férias de julho deste ano. Segundo Camila Fi-gueiredo, do departamento de reservas da agência Ponta Verde, nesse período a maior parte das escolas particulares de Piracicaba embarcaram na viagem, transformando em números seria aproxi-madamente 450 alunos.

Outro período agitado é a semana de 12 de outubro, quando acontece a “semana do saco cheio”. De acordo com o site do Grupo Viagem aproximandamente 40 mil estudantes de todo o país, se ins-

talam nas areias de Porto Seguro. Geralmente, o percurso de Piracicaba até São Paulo é feito de ôni-

bus, depois ocorre o embarque em Congonhas, seguindo então para Porto Seguro em uma viagem de aproximadamente quatro horas.

Mas toda essa “tradição” também levanta algumas preocupações nos pais. Ângela Maria Nalin dos Santos, mãe de Pedro, disse que conversou bastante com o filho antes do embarque a respeito de be-bida e drogas e o aconselhou a andar sempre em grupo. “Apesar das preocupações queríamos que ele fosse, pelas boas recordações, pela lembrança dessa época e para conhecer novas pessoas”, completa.

Camila Figueiredo explica que desde o início os alunos são infor-mados das regras, como a da volta antecipada caso seja pego com drogas, fato que já ocorreu em anos anteriores. Além disso, duran-te toda a viagem os alunos são acompanhados e orientados pelos monitores, estudantes universitários que cursam turismo, educa-ção física ou pedagogia, com a faixa etária entre 19 a 24 anos.

Além das animadas baladas, os jovens também vão à procura de passeios. “Apesar do cansaço das baladas vale a pena fazer os pas-seios”, revela Caio Sant’Ana, estudante do terceiro ano do ensino médio, que curtiu a viagem em julho deste ano.

Mas, o que os jovens mais gostam em todo esse universo é o tempo que passam com os amigos. “Você pode voltar algum dia,

mas não vai ser a mesma coisa sem os seus amigos”, diz Pedro. E o conselho que ele dá para quem ainda vai? “Curta todos os momen-

tos porque passa muito rápido”.

viAgem

mUITO ALém dAs BALAdAs

Confira alguns passeios interessantes:

• Caminhada pela Cidade Histórica e Centro;• Visita a Trancoso e Arraial D´Ajuda;• Parque aquático Arraial D´Ajuda Eco Park

Porto Seguro:chega a hora da tão esperada viagem de formatura

Os jovens adoram as baladas, mas também querem passeios durante o dia

ParaísoA um passo do

Caio

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Outubro/2008 Na Prática 7

TâniA reGinA dA silvA

[email protected] CiA AnGelini

[email protected]

Para a maioria dos adolescentes, domingo é dia de namorar ou sair com amigos. Mas para o dia 5 de outubro, alguns jovens assumiram um importante compromisso: foram às urnas para eleger o prefeito e o vere-ador de sua cidade.

Neste ano, os colégios eleitorais tiveram mais caras novas. Segundo dados o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), em algu-mas cidades da região a participação de meninos e meninas de 16 anos foi maior que nas últimas eleições. Em Santa Bárbara D’Oeste e Ameri-cana, por exemplo, houve um aumento de 31,63% e 29,13% respectiva-mente no número de eleitores jovens. Já em Sumaré, a elevação foi de 46,22%, a maior da região.

No Brasil, o voto é obrigatório para pessoas entre 18 e 70 anos e facul-tativo para analfabetos, idosos acima de 70 anos e adolescentes de 16 e 17 anos. Os jovens eleitores participam por opção, já que na adolescên-cia o voto ainda não é um dever civil.

A estudante Aline de Fátima Santelli, 16 anos, conta que enfrentou fila no cartório para assegurar seu direito. “Mesmo não sendo obrigató-rio, fiz questão de tirar o título de eleitor e votar consciente. Acho que todos os jovens deveriam pensar assim”, diz Aline.

Jéssica Graziele Torin, 16 anos, estava ansiosa para usar o título de eleitor pela primeira vez. “Eu quero ajudar a melhorar a minha cidade. Cada um tem que fazer sua parte. Não adianta só ficar reclamando e cobrando as coisas”, afirma a estudante.

A professora de Ciências Políticas da Unimep, Regina Aparecida Da-valle, avalia de forma positiva o crescimento do número de votantes nesta idade. Ela considera as eleições municipais uma ótima oportunida-de para os iniciantes. “Isso representa o início do interesse pela política, e o município é a primeira instância de decisão política, a mais próxima do cidadão. É uma escola de aprendizagem política”, diz.

Apesar dos números, a maioria dos jovens vai adiar a estréia para 2010, como a estudante Natália Pacheco Gonzaga, 16 anos. “Optei por não tirar o título porque é muita responsabilidade e eu ainda não estou preparada para escolher um candidato. Eu acho que algumas pessoas da minha idade não levam o voto muito a sério”, diz Natália.

Para a professora Regina, a consciência política não está necessaria-mente relacionada à idade, e aconselha os jovens a participar. “É votan-do que se aprende a votar. E, quem sabe, com a experiência do voto, cresça o interesse pela compreensão dos mecanismos da democracia representativa”, diz.

Cidades da região registraram crescimento de até 46,22% no número de eleitores de 16 e 17 anos

eLeições

aumenta o número de

Patrícia Garcia, 17 anos.

“Tirei [o título] com 16 e sempre tive vonta-de de votar, acho que é uma responsabilidade nossa. Não querer tirar o título é meio que que-rer fugir, porque depois a gente cobra muito sem fazer o mínimo. O voto é uma forma de fa-zer e exigir das pessoas que nos representam.”

Edcarla Gonçalves Set-ti, professora do ensi-no médio estadual,

“A maioria [dos jo-vens] não se interessa por política, esse con-ceito é imaturo para os alunos. Trazem um discurso pronto de casa de que tudo é culpa do estado e por isso não estão abertos. Sempre que posso, inclusive nas aulas de apoio curri-cular (nova disciplina para o terceiro ano, que explora temas da atu-alidade), procuro levar notícias de jornal para que leiam e reflitam so-bre fatos e candidatos e assim, conheçam seus direitos, e as maneiras de como participar ou reivindicar.”

Franciele de rossi, 18 anos.

“Tirei o título esse ano e já tenho mi-nha opinião definida para prefeito. Para me informar ouço opinião das pessoas, leio folhetinhos que eles jogam e escuto rádio, acho que tenho que me informar para fazer uma coisa bem feita né?.”

Eric Guilherme torres, 17 anos.

“Não tenho título. Hoje em dia muitos jovens são como eu, “apolíticos”, são da coluna do centro, nem de esquerda, nem de direita. Por mim, vota-ria tudo nulo porque a maioria dos políticos só promete e o povo acaba caindo nessas armadilhas. mais pra frente, se eu sentir con-fiança nas propostas, talvez eu mude meu pensamento.”

Flavia Viviane Pereira alves, 17 anos.

“Ainda não tirei o título porque não sabia qual era o prazo para fazer, e também pelo fato de ter 17 anos. Não me interesso tanto porque não conheço muito bem os candidatos.”

adriana Pinheiro da Silva, 17 anos.

“Não tenho título porque pra minha ida-de ainda não é obri-gatório. É um assunto meio complicado, não tenho muito interesse não, mas procuro me informar com as minhas amigas e com o meu tio, que está trabalhando (em cam-panhas políticas). Ano que vem, como tirarei o título, vou buscar uma forma mais ade-quada de interagir com esse assunto.

adolescentes

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Outubro/2008 Na Prática 8

mArCellA mAGAnhA

[email protected]

Aluno do curso de economia da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) Thiago Klafke, 22, recusou nas eleições deste ano cinco convites informais para se candidatar a Câ-mara dos Vereadores em três cidades: Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes. O jovem conta que teve seu primeiro contato com o campo da política na própria instituição. “Fiz parte do Centro Acadêmico, Diretório Central e Conselho de Curso. Na Dezembrada – manifestação em dezembro de 2006 – fui líder estudantil em conjunto com outros estudantes”.

Para os partidos políticos e eleitores, os candidatos jovens são analisados de acordo com a idade, instrução, motivação e perspectivas de trabalho para o mandato. Segundo Thiago, uma característica do jovem é a visão de que pode mudar o mundo com o seu idealismo. “Os partidos abordam os jovens com um discurso peculiar, de que está é a hora de mostrar o que ele aprendeu na universidade”, completa Klafke.

Levando em conta as diferenças nos planos de atuação dos partidos políticos e candidatos, Thiago explicou que, “apesar de todo esse idealismo o jovem deve compreender que terá de seguir as regras como membro partidário, ou seja, por muitas vezes o seu idealismo ficará em segundo plano”. Confira abaixo trechos da entrevista de Thiago Klafke para o Na Prática:

Por que você recusou os convites para se candidatar a vereador?Thiago Klafke (TK): Não aceitei porque este não é o meu momento. Hoje, os partidos

buscam trabalhar com o jovem pela questão do voto, sua maneira de expressão e o público que vai atingir. É necessário existir mais educação política.

como deveria ser essa ‘educação política’?TK: Deveria haver no ensino brasileiro uma matéria obrigatória para os alunos compre-

enderem a função dos cargos políticos. Isso ajudaria os brasileiros a escolher melhor seus candidatos na hora das eleições.

Qual é a perspectiva do jovem candidato?TK: Os jovens têm certa sensação de poder por estarem na universidade. Acham que te-

rão uma ascensão política rápida. Esse poder é falso, pois, se todos os nossos representantes tivessem um curso superior à política do país seria elitizada, o que é um problema. E salvo algumas exceções, essa instantaneidade não é comum. É necessário ter uma boa instrução, vivência e entender as relações partidárias.

como deveria ser a preparação do jovem que pretende se candidatar?TK: Deveria haver um curso, por mais simples que fosse, organizado pelo TSE com base

em requisitos obrigatórios de aprovação. Nele o ambiente político e seu entendimento se-riam abordados sob explicações e discussões. Isso poderia até ajudar a reverter fatos como desvios de dinheiro público e obras populistas inacabadas.

se candidatar a um cargo político é uma meta em sua vida?TK: É, sim, uma meta para minha vida, mas, não sei quando vai ocorrer. Acredito que

todo candidato deve ter consciência técnica, saber como funciona a política municipal, estadual e nacional, quem te apóia ou não. Compreender essas questões talvez fizesse com que os candidatos realizassem ações mais lógicas e significativas.

Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes acompanharam em nível municipal as estatísticas nacionais do Tribunal Superior eleitoral (TSe) que apontam queda no nú-mero de candidatos com idade entre 18 e 24 anos a cargos eletivos – prefeito, vice-prefeito e vereador. esse índice caiu 6,8%, ou seja, de 13.066 em 2004 para 12.177 candidatos neste ano.

em Piracicaba, comparando os anos eleitorais de 2004 e 2008, segundo os dados do TSe, o número de candidaturas diminuiu de 360 para 280. O índice jovem também caiu de nove para cinco candida-tos com idade entre 18 e 24 anos.

A cidade de Rio Claro aponta um au-mento de candidaturas de 230 para 236, porém a parcela jovem diminuiu de cinco para quatro candidatos. em paralelo o município de Santa Gertrudes teve a pro-cura pela candidatura reduzida de 146 para 119, e queda na parcela jovem, de seis para quatro candidatos de acordo com as informações do TSe.

eNtrevistA

Mar

cella

Mag

anha

Com a justificativa de que este ainda não é o momento, Thiago Klafke não aceitou participar do processo eleitoral

“Todo candidato deve ter consciência técnica, saber como funciona a política municipal, estadual e nacional, quem te apóia ou não”

JOVem ReCuSACINCO CONVItES

PARA CANDIDATuRA

Para thiago klafke, dedicação aos estudos e experiências são aspectos que devem ser levados em conta

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9 Na Prática Outubro/2008

AndréA PAlhArdi BomBonATTi

[email protected]

As eleições municipais deste ano, em 05 de outu-bro, foram diferentes dos anos anteriores, pois possu-íram inúmeras novidades para os candidatos e eleito-res. As mudanças ocorreram principalmente na área da propaganda eleitoral, que a partir de agora tem regras mais rígidas e formas padronizadas.

Práticas que faziam parte das campanhas eleito-rais foram extintas ou modificadas com a mini-re-forma política criada com a Lei Federal 11.300/06, que alterou a Lei Federal 9.504/97 (lei das elei-ções). A partir disso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) edita resoluções e fiscaliza se há ou não o cumprimento do novo processo. As últimas elei-ções para presidente, governadores, senadores e deputados estaduais e federais, em 2006, já ocor-reram com algumas dessas mudanças.

De acordo com o advogado Eduval Messias Ser-peloni, “o principal objetivo para a mudança nas campanhas eleitorais com a proibição de distribui-ção de brindes foi tentar igualar a disputa entre os candidatos, beneficiando sobremaneira os candi-datos com menor potencial econômico. Na época em que havia a permissão dessa distribuição, o fa-tor econômico pesava acima do que ocorre hoje”.

Entre as mudanças que mais chamaram a aten-ção de eleitores e políticos foi a proibição de sho-wmícios (comícios com shows musicais) e da dis-tribuição de chaveiros, bonés, camisetas, brindes e cestas básicas (item que já era proibido). Os car-tazes, faixas e pintura de muros agora possuem um tamanho padrão: a medida máxima é de quatro metros quadrados.

Foram vedadas também a publicidade por meio de outdoors e a colocação de propagandas, como carta-zes e placas, em áreas de bens públicos, como postes de energia, por exemplo. O não cumprimento das novas regras gera multa de R$2 mil a R$8 mil.

Os meios de comunicação também sofreram restrições em relação ao método de abordagem sobre os candidatos. A principal delas é que to-dos devem ter o mesmo espaço em matérias ou entrevistas feitas pelo veículo de imprensa. Em relação a publicações pagas, o maior espaço per-mitido em jornais tamanho standard é 1/8 e no tablóide 1/4 de página.

“As mudanças foram positivas porque coibi-ram o abuso econômico, mas como toda lei nova precisa de ajustes, principalmente do governo que precisa trabalhar independente das eleições. Exemplo disso são os repasses de verbas que não deveriam ser proibidos, pois tudo é documentado e fiscalizado”, opina Antônio Mário Lelo, prefei-to de Botucatu.

O jovem Matheus Pedroso da Silva, 23, acha que as novas mudanças podem auxiliar no proces-

PoLíticA

Lei Federal determina novas formas de campanha; itens de propaganda política são os que mais sofreram alterações

campanha

eleitoral

so eleitoral, mas que isso não é o essencial. “Não sou uma pessoa ligada à política, mas exerço o meu papel de cidadão através do meu voto. Esses novos limites poderão trazer mais igualdade para as campanhas, mas o primordial ainda é o bom caráter educacional e o perfil das pessoas que se candidatam aos cargos públicos”, afirma.

Cabos eleitorais fazem campanha somente com a bandeira, sem o uso de boné ou camiseta do candidato

And

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MUdaNçaS Na lEI altEraM

Além das restrições nas propagandas eleito-rais, os candidatos seguiram ainda outras regras durante o processo eleitoral. Uma das novidades foi a prestação de contas, que a partir de agora é feita em três etapas, duas antes e uma depois das votações. Sobre isso, Eduval acredita que resulta-rá em mais transparência nas campanhas.

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10 Na Prática Outubro/2008

rAfAel PieroBon

[email protected]

No Brasil já não se ouve mais tanto Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano, Milionário e José Rico – nomes que há décadas se consagraram no país. Hoje eles não aparecem mais com tanta freqüência na programação das principais festas do peão pelo país. Apenas Zezé e Luciano cantaram na edição desse ano da Festa do Peão de Barretos, a maior da América Latina. Os nomes da vez são Jorge e Matheus e Victor e Leo, além dos precursores de um estilo mais antenado com a juventude, chamado de “sertanejo universitário” – César Menotti e Fabiano e João Bosco e Vinicius.

Assim como o forró e o pagode univer-sitários, o novo gênero é assim chamado por ter surgido nas faculdades. Diferen-ciam do antigo sertanejo por terem uma roupagem nova, com novos arranjos e ritmo mais acelerado.

Mineiros de São Sebastião do Paraíso, Marcos e Yago têm dois Cds e um DVD gravados, e formam uma das muitas du-plas que se arriscam em busca do suces-so no gênero, que está em alta. “Temos

NovA rouPAgem

música sertaneja deixa temas do campo e invade zona urbanaMudanças estão nas letras das músicas e no visual dos adeptos, que abrem mão dos trajes típicos

rodriGo KiviTz

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Vinícius de Moraes dedicou um de seus poemas a um jovem que conheceu certa vez. Um rapaz que admirava a arte de organizar as palavras em versos e se arriscava a escrever seus grãos de poe-sia. Ele sonhava com o poeta que, quem sabe, também poderia se tornar.

“De algum modo, tudo ganha vida em forma de palavras”, afirma Rafael Tomaz dos Santos, 19 anos. “E pode renascer no momento em que alguém sonha, vive e é influenciado por elas”, continua o es-tudante de Letras que anseia ser escritor e tem uma relação de dependência com os vocábulos.

Rafael descobriu o gosto pela escrita ao entrar na adolescência, quando re-fletia sobre sua vida e seus sentimen-tos. “Depois de algum tempo, passei a

LiterAturARodrigo Kivitz

Quero ser escritor! Jovens se arriscam no mundo das letras e sonham com um futuro literário

“Escrever faz parte de quem eu sou. Não vejo outra forma de levar minha vida”, diz Bruna Bianconi

colocar estas reflexões no papel”, conta. “Logo descobri a magia de escrever”.

Muitos autores consagrados despon-taram na juventude. O poeta francês Arthur Rimbaud (1854-1891) publicou toda sua obra dos 16 aos 20 anos. Recen-temente, diversos livros de jovens escri-tores foram lançados no mercado. Exem-plo do romance “Fugalaça”, de Mayra Dias Gomes, lançado em 2007 quando ela tinha 19 anos. O americano Nick McDonell escreveu seu primeiro livro, “Doze” (2004), durante as férias de verão do colégio, aos 17 anos.

TalentoAo contrário do que muita gente pen-

sa, a escrita não depende apenas de ta-lento ou inspiração. Para o professor de Redação Luís Collaço, essa é uma ativi-dade que pode ser desenvolvida por qual-quer pessoa. “A facilidade ao lidar com as

palavras é aguçada pela prática”, afirma. Ou seja, todos podem se arriscar.

Bruna Bianconi, 18 anos, cultiva o hábi-to de escrever todos os dias. “Sou viciada nisso, comenta a jovem, incentivada a redi-gir textos por uma professora de português no Ensino Médio. Por se dar bem com as palavras, ela quer fazer jornalismo quando entrar em uma faculdade.

“A escrita faz parte de quem eu sou. Não

vejo outra forma de levar minha vida”, diz Bruna. Rafael leva a literatura a sério ao tentar concluir um romance. É “a magia de eternizar as idéias, os pensamentos e as emoções” que o faz querer “escrever mais e mais”.

Ambos, assim como o jovem da poesia de Vinícius de Moraes, admiram o mundo das palavras e sonham com os escritores que um dia querem ser.

rafael tomaz define a arte de escrever como “a magia de eternizar as idéias, os pensamentos e as emoções”

sete anos de carreira e para continuar no mercado, há dois anos tivemos que mudar um pouco nosso perfil e aderir ao universitário”, diz Yago.

Com o advento desse novo estilo,

quem perde espaço é a viola, que dá lugar ao violão e a instrumentos elétricos, como a guitarra e o contra-baixo. As músicas ga-nham uma batida mais rápida e fazem o pú-blico dançar mais.

Para o estudante Lucas Campagna Fi-lho, de 22 anos, o movimento faz tanto sucesso porque caiu no gosto dos mais jo-vens. “O sertanejo nunca deixou de estar na moda. O que acontece é que o tipo universitário está em alta e é este esti-lo que agrada mais os jovens”, afirma o jovem, que nasceu na zona urbana, mas como tem raízes no campo, freqüenta festas de peão desde criança.

Cidades da região, como Americana, Piracicaba e Campinas, têm baladas se-manais movidas pelo ritmo.

As festas de peão também recorreram ao sertanejo universitário para chamar o público. Em Piracicaba, Jorge e Mateus, André e Adriano, Fernando e Sorocaba, César Menotti e Fabiano e Edson e Hud-son levantaram a galera em agosto.

Em Barretos, as duplas do gênero tam-bém predominaram e dividiram o espaço com bandas de forró, axé e pagode.

No entanto, as diferenças em relação à música caipira não param no repertório, mas são percebidas também pelos trajes e pelo visual, tanto dos cantores, quanto do público. Nada de chapéus de boiadeiro ou cintos com fivelas, mas roupas de estilo ur-bano e cabelos com cortes mais modernos.

duplas de sertanejo universitário levantam o público na Festa do Peão de araras

Rafael Pierobon

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Outubro/2008 Na Prática 11

CésAr CABrerA [email protected]

O Serviço Social do Comércio (Sesc) realiza até o dia 14 de dezembro deste ano a 9ª edição da Bienal Naifs do Brasil. 107 obras de 21 esta-dos de norte a sul do país foram selecionadas por um júri de 3 membros especialistas: Ângela Mas-celani, Percival Tirapelli e Romildo Sant’ana.

Neste ano o evento conta também com uma Sala Especial de curadoria do crítico de arte Olí-vio Tavares de Araújo, que selecionou 59 obras de maneira independente do restante da expo-sição e procurou “transcender a busca da defini-ção naïfs” e se preocupou primordialmente em “expor obras que apresentem qualidade”. A Sala contará com obras dos artistas Alcides Pereira, Chico Tabibuia, Chico da Silva, Eli Heil, Louco, Nuca de Tracunhaém e Ranchinho.

O termo naive ou naïf, do francês - que signi-fica ingênuo, primitivo – é utilizado para retratar este tipo de arte que, grosso modo, pode ser de-finida como aquela que não acompanha normas acadêmicas para sua confecção. O que não pode se confundir é que a arte naive só pode ser feita por artistas marginais e sem formação acadêmi-ca. Isto é uma inverdade e cada vez mais artistas de todas as classes aderem ao estilo, de preocu-pação estética, com estilo pessoal, autodidata (no sentido de não seguir escolas).

Arte PArA todos

aPrESENta ExtrEMOS dO MESMO EStIlO

BrUnA Godoy

[email protected]

Os adoradores de cultura podem conferir várias atividades no Cen-tro Cultural de Araras, como ex-posição de fotos, palestras, além de um Festival de Cinema Italiano.

A primeira etapa do Centro Cultural de Araras foi inaugurada no dia 30 de junho, com a exposi-ção “Num pé de café nasci”, com réplicas de Portinari. Aos poucos o local começa a ser utilizado e atrai o público da cidade e região.

Essa fase inclui o salão de expo-sição, o cyber-café, o cine clube, a casa de apoio a funcionários e a urbanização. “A importância do centro Cultural de Araras não é só para a cidade. É para a região e para qualquer visitante que aqui venha. Poderá certamente cola-borar de maneira consistente para que venhamos a transformá-lo em um Pólo Turístico Cultural.”, disse o presidente da Acaar (As-sociação de Cultura e Artes de Araras), João de Mello.

Crianças, jovens, adultos e idosos podem conferir o que há de novidade e saber mais sobre a cultura.

“É uma boa iniciativa para ci-dade, já que um ambiente com tamanha variedade cultural está contribuindo para o conhecimen-to de pessoas que não possuem outros meios para conhecer estes temas”, diz o estudante Victor Carpini de 12 anos. Acrescen-ta ainda que “É preciso que haja interesse e a vontade de levar os filhos na tarde de domingo para um passeio que enriqueça seus co-nhecimentos, tirando-os da frente da tela de uma TV ou de um com-putador”.

O Centro Cultural de Araras foi instalado na antiga Estação

Ferroviária da cidade (Fepasa), e recebeu R$ 7,5 milhões, entre recursos da Nestlé e da Citrovita, para a restauração e ampliação do conjunto arquitetônico do local.

“Eu achei o espaço maravi-lhoso e bastante diferenciado. Espero que seja bem aproveita-do. Ainda não percebi nenhuma grande mobilização para popu-larizar o Centro. A iniciativa da Accar foi interessante. Restaurar o local, além de trazer obras de Portinari, mesmo réplicas, para a inauguração me agradou. Já que se trata de um artista brasilei-ro, de obras conceituadíssimas e muito belas”, afirma Renata Bernardo, de 21 anos.

Em 15 mil metros quadrados do Centro, dos quais três mil são de área construída e restaurada. O local oferece aos seus visitantes Ateliês de Artes com aulas para a comunidade; Cine Clube, biblio-teca com 12 mil títulos sobre arte, cultura e meio ambiente, além da Boutique de Artesanato destinada a exposições e vendas de produtos feitos por artesões da região.

“Acredito que para chamar a atenção da população, poderiam ser oferecidas oficinas de teatro, de pintura, música, artesanato. Poderia ter leituras dramáticas, apresentações de peças teatrais, sessões de clássicos cinematográ-ficos, palestras, encontros filosó-ficos. Esperamos tanto por esse espaço, queremos que ele tenha utilidade”, comenta Renata.

O complexo cultural completo, no entanto, só deve ficar pronto no final do ano. “Ainda falta cons-truir o espelho d´água, a bibliote-ca, as oficinas artísticas, a grande marquise e o prédio central, onde vão funcionar a administração, as butiques e a gerência”, finaliza o presidente.

ArArAs

Antiga Estação agora é Centro CulturalForam investidos R$ 7,5 milhões da iniciativa privada para restauração e ampliação do conjunto arquitetônico

através das 166 obras, exposição no Sesc reúne 21 estados em Piracicaba

César Cabrera

Um dos artistas da Sala Especial que chama a atenção e que retrata um dos perfis de artistas adeptos desta arte é Sebastião Theodoro Paulino da Silva – o Ranchinho. Era deficiente mental, surdo, não sabia ler e escrever e não conseguia se expressar oralmente com clareza. Quando mais velho, viveu de pegar recicláveis nas ruas e de doações de conhecidos, chegava a ser agressivo e um tanto depravado. Porém, seus quadros não respondem a uma arte esquizofrênica. De acor-do com Olívio, Ranchinho “percebia o mundo perfeita e integralmente através do olhar e sabia representá-lo com precisão, originalidade e vi-gor. Era um observador inteligente”.

Outra característica dos naïfs é a de o artista retratar a realidade em que vive, de realizar uma releitura do seu cotidiano. Com isso, as pessoas que tem contato com essas obras podem identi-ficar-se com elas. De acordo com a artista-edu-cadora Solange Utuari, umas das maneiras para que seja despertada essa identificação, ao entrar em contato com uma obra deve-se perguntar “o que é visto nesta obra que te remete a uma lem-brança?”, e complementa: “o artista utiliza a arte para mostrar um pouco do seu mundo”.

Endereço do Sesc: Rua Ipiranga, 155 – Centro. Piracicaba-SPTelefone: 3437-9286 - e-mail: [email protected] de realização da Bienal Naïfs do Brasil 2008: 06/09 à 14/12Horários de funcionamento da Bienal: de segunda à sexta-feira - 13h30 às 21h30 - Aos sábados e domingos - 9h30 às 17h30 Horários especiais para visitação de grupos no período da manhã; agendamento pelo telefone (19) 3437-9286.

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12 Na Prática Outubro/2008

JAndiárA oliveirA

[email protected]

“Lugar onde o peixe pára”, é isso que significa Piracicaba em tupi guarani. “E de peixe a gente entende”, declara Débora Fernanda Geraldo moradora da cidade e apreciadora do bom peixe na brasa, igua-ria de bares e restaurantes localizados às margens do rio Piracicaba.

Conhecida por sua forte influência na cultura, hábitos e linguagem do inte-rior paulista, Piracicaba vem dando um grande passo rumo ao desenvolvimento turístico. Cartão postal da cidade, a Rua do Porto é conhecida por abrigar em suas margens patrimônios históricos e de gran-de importância cultural. Rica em atrações e tradições a cidade vem investindo cada vez mais no turismo local.

A revitalização da orla do rio Piracicaba se deve a parcerias em administração an-terior, em que a Petrobras vem investindo cerca de R$ 4 milhões para a realização do projeto Beira Rio através de um acordo es-tabelecido entre a Prefeitura e a Organiza-ção da Sociedade Civil de Interesse Públi-co e Social (Oscip) Piracicaba 2010.

Quem passeia pela Rua do Porto sente uma grande diferença. “Podemos perce-ber que a cidade tem ficado cada vez mais bonita, e com muita segurança” declara Ivone de Arruda, moradora do bairro Vila Rezende há 40 anos.

AtrAções

Cidade investe em turismo e mostra seu potencial na área

Teleférico e arborismo são projetos futuros para a Rua do Porto,

“O objetivo é oferecer opções de lazer para

que a população possa usufruir das riquezas naturais da cidade”,

declara Adele Françoso

Piracicaba, Pamonha, Peixe, Pinga

Após licitações realizadas pela Prefei-tura, diferentes empresas vêm prestando serviços de lazer e entretenimento. É o caso do Trenzinho da Onça, em que o vi-sitante paga R$ 5 e desfruta de 30 minu-tos de um passeio por lugares históricos da cidade. Entre as opções de divertimento, tem também o Cisne Pedalinho. “Temos hoje 15 patinhos, o visitante paga R$ 3,00 e pode pedalar pelo parque da Rua do Porto”, declara Ronan de Alencar Borges Sobrinho, funcionário das empresas pres-

Fotos: Jandiára Oliveira

tadora desses serviços na rua do Porto.“São 15 minutos de pura diversão”

comenta Vanessa Góes, de 22 anos. A moradora diz já ter passeado de peda-linho em outras cidades, “mas poder desfrutar desse lazer na minha cidade é maravilhoso”, afirma.

Para os que gostam de se aventurar, há também o barco turismo, onde cerca de 15 pessoas podem fazer um passeio rio abaixo. “Piracicaba tem um produto de turismo muito bom, e que ao longo des-ses anos precisava ter um enfoque maior, ser mais bem desenvolvido”, afirma Adele Françoso, chefe de divisão da secretaria de turismo da Prefeitura. “Sabemos que não é uma cidade que as pessoas vêm pas-sar férias, é na realidade um turismo de negócio, temos o produto de qualidade para ser visitado” declara, se referindo aos diversos eventos típicos realizados pela ci-dade durante o ano.

Alguns desses eventos é a Festa do Milho Verde que acontece em março no Centro Rural de Tanquinho, além da tra-dicional Paixão e Cristo no Engenho Cen-tral que é encenada também no mesmo período. A Festa das Nações é um evento que acontece em maio e apresenta barra-cas e restaurantes com pratos típicos de diversos países que vem acompanhadas de músicas, trajes e danças.

Muitos outros projetos estão em de-senvolvimento e em fase de estudo pela secretaria de turismo,“Temos projetos de implantação de um teleférico além de es-truturação para que se possa ter no par-que o arborismo”, comenta Adele. “Sa-bemos que há um interesse muito grande por este tipo de lazer”, completa

Piracicaba ainda é conhecida em todo o País como a cidade da pamonha, da pinga e do peixe, porém algumas dessas tradições vêm sendo deixadas para trás, o objetivo é não deixar morrer essa tradição. Como já dizia a música “Piracicaba que eu adoro tanto, cheia de flores, cheia de encantos”. Só desfrutando dessas maravilhas para se ter certeza desses encantos.