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NovosSignificadose Desafios

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Embrapa Informação TecnológicaBrasília, DF2004

Clayton Campanhola

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Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaParque Estação Biológica – PqEB – Av. W3 Norte (final)CEP 70770-901 Brasília, DFFone: (61) [email protected]

Coordenação editorialLilian Maria Araújo de Resende ÁlvaresLucilene Maria de Andrade

Revisão de textoFrancisco C. Martins

Revisão bibliográficaCecília MacDowell

Foto da capaCarlos Eduardo Felice Barbeiro

Projeto gráfico e capaCarlos Eduardo Felice Barbeiro

Tiragem1ª edição (2004): 1.000 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou emparte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no. 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIPEmbrapa Informação Tecnológica

© Embrapa, 2004

Campanhola, Clayton.Novos significados e desafios / Clayton Campanhola. – Brasília, DF:

Embrapa Informação Tecnológica, 2004.51p.

ISBN 85-7383-281-9

1. Agricultura. 2. Pesquisa. 3. Embrapa. I. Título.

CDD 630.72 (21. ed.)

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O autor expressa seus agradecimentos a Ivan Sergio Freire deSousa, Silvio Crestana, Cyro Mascarenhas Rodrigues, LevonYeganiantz, Maria Luíza Falcão Silva, Eliseu Roberto deAndrade Alves, Mariza Marilena T. Luz Barbosa, Tarcizio RegoQuirino, José de Souza Silva, Manoel Teixeira Souza Júnior,Maya Takagi, Gustavo Kauark Chianca, Luis Fernando Vieira,Zani Edna Andrade Brei, Antonio de Freitas Filho, Paulo ChojiKitamura, José Roberto Rodrigues Peres, Antonio Flavio DiasÁvila, Antônio de Pádua Nacif, Ariovaldo Luchiari Junior,Kepler Euclides Filho, Lucas Antônio de Sousa Leite, AlípioCorreia Filho, Alfredo José Barreto Luiz, Ricardo Elesbão Alves,Vitor Hugo de Oliveira, Minelvina Nascimento Freitas, AfonsoCelso Candeira Valois, Filipe Geraldo de Moraes Teixeira, e aJosé Carlos Nascimento. Contudo, os possíveis equívocos sãode sua exclusiva responsabilidade.

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É com grande prazer que faço a apresentação dessedocumento. Em primeiro lugar, porque diz respeito a uma dasempresas vinculadas ao Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (Mapa). Em segundo, porque é sempre bom paraquem, como eu, se orgulha de ser professor de uma universidadepública, poder verificar o vigor intelectual dos técnicosgestores das empresas nacionais, em especial quando estãoligadas ao nosso Ministério. Em terceiro, porque é consensogeral que a Embrapa, por meio do seu trabalho em conjuntocom as demais instituições do Sistema Nacional de PesquisaAgropecuária (SNPA), é um dos pilares que sustenta o pujantedesenvolvimento do agronegócio brasileiro. Por último,considero relevante a oportunidade e o significado dessa obra.

Nas páginas a seguir, fica claro que a ciência é uma sementede futuro. No entanto, para realizar seu potencial transformador,ela deve gerar tecnologias e conhecimentos que atendam àsdemandas da terra, da economia e da sociedade. Essa é a visãoestratégica que orienta esse texto. Nele, estão definidos os eixosprioritários de pesquisa em torno dos quais se imagina que irátransitar o futuro brasileiro do ponto de vista agrícola, do espaçorural e do desenvolvimento ambientalmente sustentável.

Muito do sucesso acumulado pela Embrapa deve-se a umaforma de se fazer ciência distinta da imagem clássica dopesquisador isolado em laboratório. Seu método, ao contrário,envolve a participação ativa do usuário e, cada vez mais, amultiplicação das parcerias. Esse é o modelo que se pretendeaprofundar, num grande esforço de cooperação local, nacional einternacional.

Nenhum outro setor da economia brasileira possui umnúcleo de produção de ciência e tecnologia equivalente aofôlego acumulado por essa Empresa. O Brasil tem a maisimportante instituição de pesquisa agropecuária dos trópicos.Ela garante ao País a margem de manobra indispensável parafazer da agricultura e do espaço rural uma poderosa turbinade expansão econômica no século 21.

Veremos que o atalho escolhido para se alcançar o futurosão as parcerias institucionais – no País e no exterior – queacrescentem velocidade, escala e massa crítica ao patrimôniocientífico atual. E que o fortalecimento do cooperativismo e

Apresentação

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do agronegócio familiar – duas referências fortes da segurançaalimentar no governo Lula – será uma das demandas dessefuturo. Outra será a gestão ambiental dos sistemas produtivospara certificar, credenciar e garantir tanto a qualidade quantoa rastreabilidade dos alimentos produzidos.

O foco na competitividade do agronegócio ocupa lugar dedestaque nas idéias expostas, mas divide a cena com anutrição, o meio ambiente, o bem-estar e a soberania nacional,pois esses são desafios que exigem monitoração constantepor parte dos projetos científico-tecnológicos.

Como vista pelo autor, a cooperação internacional é umtrem-bala para o futuro. Não exige novos prédios, nem requerequipamentos adicionais, mas abre uma via expressa paraagregar conhecimentos em alta velocidade. O esforçointernacional da Embrapa busca respostas para três demandaspostas pela retomada do desenvolvimento no Brasil:

• Expandir o agronegócio e modernizar a agricultura familiar.

• Assegurar base tecnológica à competitividade das nossasexportações.

• Aproximar a tecnologia brasileira daquela desenvolvidanos outros centros de pesquisa de ponta do mundo,concentrados nos Estados Unidos, na União Européia eno sul da Ásia.

Com 182 milhões de brasileiros – 16,1% dos quais aindavivem no campo – somos o 5º país mais populoso do mundo,mas em densidade populacional temos apenas 21,4 habitantespor quilômetros quadrados. Essas características de territórioe de população distinguem o Brasil como uma das poucasnações com fôlego próprio para construir um projeto dedesenvolvimento soberano na globalização.

Cabe à pesquisa gerar inovações que contribuam paratransformar essa promessa de futuro em colheita de oportunidadespara todos os brasileiros.

Acredito que, por tudo isso, esta publicação vem complementare adicionar um componente importante ao recém-lançadoIV Plano Diretor da Embrapa 2004/2007, no qual está expresso,de maneira formal, já que é um documento institucional, ocompromisso da Embrapa com o presente governo e suaresponsabilidade com o futuro do agronegócio brasileiro.

Roberto RodriguesMinistro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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Introdução ...................................................................... 9

A Embrapa hoje e no futuro ............................................ 11

Novos significados .......................................................... 14

Novos desafios ................................................................ 16

Pesquisa, desenvolvimento e inovação .......................... 19

Biotecnologia .................................................................. 20

Uso sustentável da biodiversidade.................................. 23

Agricultura de precisão ................................................... 25

Rastreabilidade e certificação deprodutos agrícolas, pecuários e florestais ....................... 26

Agricultura orgânica e agroecologia .............................. 28

Agricultura de energia .................................................... 30

Inovação tecnológica para uso prático ........................... 31

Inovação tecnológica estratégica ................................... 33

Ações de gestão prioritáriasda Embrapa: gestão 2003/2006 ...................................... 35

Apoio a projetos do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimentoe do governo federal ....................................................... 35

Ampliação dos Macroprogramas efortalecimento do Sistema Embrapa de Gestão .............. 35

Fortalecimento dos Laboratórios Virtuaisda Embrapa no Exterior ................................................... 37

Ampliação das redes de pesquisa nos Estados ................ 38

Ampliação de recursos para pesquisa ............................ 38

Enfoque de territorialidade na produção ena disseminação de inovação tecnológica ..................... 39

Programa de Apoio à Gestão e Sistemade Acompanhamento e de Avaliação dosPlanos Diretores das Unidades Descentralizadas .......... 42

Sumário

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Aperfeiçoamento da transferência de tecnologia ........... 43

Divulgação dos resultados na mídia ............................... 44

Convênios de cooperação técnicacom países em desenvolvimentoda África, da Ásia e da América Latina .......................... 45

Revisão e atualização das normase procedimentos administrativos ..................................... 45

Revisão do Plano Diretor da Embrapa e dosPlanos Diretores das Unidades Descentralizadas .......... 46

Desenvolvimento de talentose construção de capacidades ......................................... 47

Elaboração e implantação de umnovo Plano de Cargos e Salários ..................................... 48

Referências ..................................................................... 50

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Clayton Campanhola 9

Este texto sintetiza realizações, propósitos e idéias, frutoda experiência de quase 2 anos à frente da Empresa Brasileirade Pesquisa Agropecuária (Embrapa), depois de 20 anos comopesquisador, chefe de P&D e chefe-geral de uma UnidadeDescentralizada. É resultado, também, de colaboraçõesmultidisciplinares, vindas de cientistas e de pesquisadores dasmais diferentes Unidades de Pesquisa da Empresa.

Nosso objetivo é apresentar os novos significados e desafiosda pesquisa agropecuária brasileira e discutir os contornosgerais das ações necessárias para o seu enfrentamento. Acriatividade, a sensibilidade, a competência e o patriotismodos pesquisadores, gerentes e demais talentos humanos daEmbrapa, bem como das instituições parceiras, farão o restante,transformando idéias em novos conhecimentos e inovaçõestecnológicas.

No mundo em que vivemos, marcado pela globalizaçãoda economia, o agronegócio é um componente fundamentalpara o desenvolvimento e a integração econômica. No Brasil,ele representa a retomada do crescimento baseado nodesenvolvimento sustentável, alicerçado no conhecimentocientífico e tecnológico. Esse crescimento vem garantindo osuperávit primário das contas públicas, fator decisivo para aestabilidade econômica e conquistas sociais preconizadaspelo Plano Plurianual 2004/2007, do governo federal.

De fato, no Brasil de hoje, a ciência e a tecnologia já sãofortes componentes do processo produtivo, indo além das porteirasdos produtores rurais. Elas se cristalizam nas sementes, nastécnicas de preparo do solo e de plantio, nas raças animais e nomanejo zootécnico, nos tratos culturais e fitossanitários, nastécnicas de colheita, no armazenamento, na transformaçãoindustrial, na logística da movimentação e na comercialização.O mesmo acontece com as recomendações técnicas disponibili-zadas pelos centros de pesquisa, cada vez mais aprimoradas como suporte da moderna ciência da informação.

Aos 31 anos de existência, a Embrapa atingiu a maturidade,firmando-se como a mais importante organização de pesquisaagropecuária dos trópicos, desenhada para mudar a faceagrícola, pecuária, florestal e agroindustrial do Brasil. Ao longodessa jornada, conquistou a confiança de milhares deprodutores dos diversos segmentos do agronegócio brasileiro,pela qualidade das soluções tecnológicas disponibilizadas

Introdução

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para esses agentes; obteve a fidelidade de gerações deempregados que encontraram na Empresa motivaçãosuficiente para dedicarem suas vidas; acendeu a esperançade milhões de cidadãos brasileiros que confiam na obtençãoda melhoria das condições de nutrição, segurança alimentare qualidade de vida, em conseqüência do uso de produtos eserviços que levam a marca Embrapa; enfim, conquistou orespeito da comunidade científica nacional e internacional, ede países com os quais tem acordo de cooperação técnica.

A Embrapa é uma organização comprometida com o bem-estar da sociedade brasileira, no presente e no futuro. A todosos que vivem da produção, da transformação de alimentos ede fibras, e do seu consumo e uso, a Embrapa tem levado – econtinuará levando – o que existe de mais atual em tecnologiaagrícola, pecuária e florestal.

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A Embrapa hoje e no futuroA Embrapa tem uma história que se consolida num legado

de experiências e de resultados da ciência e tecnologiaagropecuária e florestal brasileira, e internacional, mas temtambém um presente e uma visão de futuro. Suas realizaçõestêm reflexo no campo e na cidade. Tem sabido se adaptar àsinconstâncias e às mudanças bruscas na realidade brasileira,sendo sempre capaz de disponibilizar inovações tecnológicasajustadas aos diferentes tipos de produtores, lavouras, criaçõesanimais, florestas e áreas climáticas.

A prática da parceria faz parte, também, da história daEmbrapa. Desde sua criação, a Empresa valoriza os princípiosda complementaridade e da cooperação, incluindo-se aqui aparceria com organizações públicas e privadas. Nesseconjunto, vale destacar as Organizações Estaduais de Pesquisa,congregadas no Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais dePesquisa Agropecuária (Consepa), as organizações de ensino epesquisa, os serviços de extensão rural, ONGs (organizaçõesnão-governamentais) e segmentos representativos dasociedade civil organizada.

Nas diretrizes do IV Plano Diretor da Embrapa (IV PDE),destacam-se três áreas de alta relevância para o desenvolvimentoagropecuário e agroflorestal do Brasil:

• As atividades de P&D voltadas para as cadeias doagronegócio.

• As pesquisas agropecuárias inovadoras em temasestratégicos que contribuam para aumentar e aprofundaro conhecimento existente.

• As atividades de P&D direcionadas aos agricultores maispobres, buscando incorporá-los aos setores dinâmicos daeconomia, bem como ampliar o seu acesso à alimentaçãoe aos recursos naturais sustentáveis.

Nessas áreas temáticas, restrições e oportunidades ensejam,a cada momento, a formulação de novas questões e o equacio-namento de novas pesquisas.

Buscando aperfeiçoar a formulação de questões apropriadaspara a investigação, bem como o potencial de respostasdevidas aos seus clientes, a Embrapa revê, periodicamente,suas orientações estratégicas. No presente momento, as

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principais diretrizes estratégicas que se colocam à Embrapasão as seguintes:

• Realizar pesquisas em temas portadores de futuro (produtos,produtividade e custos de produção/processamento e novosprodutos/transporte/distribuição, qualidade e segurança),visando ampliar a competitividade da agropecuáriabrasileira no mercado internacional.

• Aperfeiçoar os mecanismos organizacionais de suportedireto às atividades de pesquisa científica e tecnológica(tais como gerenciamento estratégico, ampliação emanutenção de laboratórios e campos experimentais) e deatualização constante dos pesquisadores nas áreasprioritárias e emergentes do conhecimento (disponibilizaçãode obras científicas e cursos de especialização).

• Buscar arranjos institucionais, incluindo OrganizaçõesEstaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas), cooperativase o serviço de assistência técnica e extensão rural,que fortaleçam sua atuação organizacional e seu papelpró-ativo nos novos cenários agrícolas e urbanos brasileiros.

• Induzir e participar de arranjos de organizações públicas,privadas e do terceiro setor, para a pesquisa em áreas comoagroecologia, cultivos e criações não-convencionais,sistemas extrativos e plantas medicinais, buscando,também, sinergismo para a participação nos programasde desenvolvimento rural regional/local e de gestãoterritorial.

• Apoiar os processos de organização, cooperativismo,verticalização e diversificação de atividades, dediferenciação da produção e de produtores, objetivandoo desenvolvimento da agricultura familiar comoestratégia para inclusão social: geração de postos detrabalho, renda, agregação de valor e segurançaalimentar no meio rural.

• Realizar pesquisas que visem a qualidade do meioambiente mobilizado pela agricultura, incluindo temasde prioridade regional e nacional, bem como aquelesde convenções multilaterais, visando a defesa dosinteresses brasileiros.

• Realizar investimentos na readequação da estrutura ena mudança da cultura da organização; reposicionar agestão de pessoas, estabelecer focos estratégicos;monitorar e avaliar modelos de inovações para gestãode P&D, visando o fortalecimento organizacional.

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• Instrumentalizar avanços nos sistemas de gestão daqualidade e segurança dos produtos agropecuários,visando à saúde do consumidor, e na gestão ambientaldos sistemas de produção (certificação), visandopotencializar a competitividade e a sustentabilidade daagricultura brasileira frente às tendências que seapresentam nos mercados interno e externo.

• Consolidar a posição de liderança mundial em P&D naagropecuária tropical, visando ampliar a exportação deconhecimento e de tecnologia agrícola.

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Novos significadosEntre os vários fenômenos responsabilizados por mudanças

de significados, destaca-se a globalização, não apenas porseu conteúdo puramente econômico, mas também por suasdimensões técnicas, sociais, educacionais, políticas,científicas, culturais, éticas, ideológicas, institucionais,demográficas, ambientais e comerciais.

A globalização não apenas cria uma nova estrutura deoportunidades, redefinindo papéis, criando desafios eapresentando algumas oportunidades de inclusão, masacelera, também, um processo oposto: o de exclusão (Bonannoet al., 1999; Bonanno, 1994). Além disso, o movimentoglobalizante não é unidirecional. Há também um movimentoinverso, não só de afirmação do local, mas também do localpara o global. Um exemplo das transformações locais é amudança que se verifica no meio rural brasileiro, emdecorrência da incorporação de atividades tipicamenteurbanas, criando dinâmicas locais, muitas das quais comrepercussões globais (Graziano-da-Silva, 1999; Haddad,1999; Campanhola & Graziano-da-Silva, 2000).

O fenômeno da globalização tem gerado um mundo e umasociedade diferentes das experiências humanas anteriores.Na sociedade globalizada, o alto nível da comunicação emrede, adicionalmente ao novo paradigma tecnológicoorganizado com base na informação, está modificando asrelações entre pessoas, organizações, sociedades e culturas,reestruturando o caráter do sistema econômico e aumentandoas desigualdades.

Além disso, nessa globalização, é visível a crescentepressão da sociedade civil nos temas julgados mais relevantes.Há também um profundo movimento sócio-cultural em curso,onde tem primazia as questões de gênero (movimentofeminista, por exemplo), as questões de cidadania (tema dainclusão e da identidade social) e as questões sobrevulnerabilidade, como o desenvolvimento sustentável.

Nesse novo contexto, as divisões rural/urbano, indústria/agropecuária, entre outras formas de fixar fronteiras paraseparar mundos dicotômicos, perdem o sentido que possuíam(Graziano-da-Silva et. al., 2002). A informação flui comrapidez e constância entre os espaços geoculturais egeoeconômicos e, ao mesmo tempo em que as fronteiras seapagam, dinâmicas diversas, de processamento e filtragem,

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levam à constituição de estratos, de estruturação diversa,convivendo no mesmo mundo, mantendo alto grau de interaçãoentre si. Em conseqüência, necessidades, expectativas edesejos, muitas vezes de natureza contraditória, aglutinam-se, necessitando serem mediados. As instituições que atuamnessa nova realidade não podem ignorar esse caráter plural,integrado e, ao mesmo tempo, contraditório da conformaçãosocial da atualidade.

Nessa conjuntura, a Embrapa se defronta com a complexatarefa de conciliar, na sua agenda, necessidades diferenciadaspara que possa vir a contribuir para o avanço da capacidadecompetitiva do agronegócio brasileiro, para a inserção socialdos segmentos menos organizados e menos capitalizados, epara a construção de um novo paradigma técnico que sedesenha no agronegócio global, alicerçado na biologiaavançada, na tecnologia da informação e, possivelmente, nananotecnologia, mas, submetido a importantes restriçõesrelacionadas com a sustentabilidade e com a dinâmica dasmudanças ambientais globais.

Até há pouco tempo, a agricultura era percebida apenaspor meio das plantas, animais, solo, água, clima e outroselementos físico-biológicos. Não se enxergavam as dinâmicassocioeconômicas, sociotécnicas, socioculturais e sociopolíticasenvolvidas no ato de produzir alimento ou matéria-prima.

Essas dinâmicas não se dão apenas no plano local, mastambém no global. Neste último, a agricultura brasileira – ede outros países em desenvolvimento – vem recebendo umforte constrangimento como conseqüência das políticasprotecionistas dos países ricos. Diz, acertadamente, o ministroda Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues,que:

“Os países ricos podem pagar para não produzir, ao passo queos países pobres precisam produzir para pagar. Esse aparentejogo de palavras dá a medida exata da demanda que o mundotodo tem nessa abertura – defender a democracia e a paz”(Rodrigues, 2004).

O papel da Embrapa e das suas instituições parceiras nosuporte tecnológico para a competitividade do setor agroindustrialbrasileiro tem sido crescente.

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Novos desafios

Desafios são entendidos como oportunidades, isto é,oportunidades de superação, de crescimento e de inovação, paraantecipar a construção do futuro. O desafio estimula a criatividadee mobiliza recursos para a criação de uma nova realidade.

Entre os desafios da pesquisa agropecuária, para ospróximos anos, destacam-se:

• A contribuição da ciência e tecnologia brasileira para aprodução de alimentos e matérias-primas como as fibras.Nas últimas décadas, no mundo todo, os setoresagroalimentar e agroindustrial têm passado por rápidase profundas transformações de natureza econômica,social, ambiental e tecnológica. A maioria delas decorreda aceleração da competição global, da ampliação edo diferencial da demanda, da correspondentenecessidade de oferta de produtos agroindustriaisdiferenciados, da conquista de avanços científicos etecnológicos e de novas técnicas de produção e manejo.Acrescente-se, a isso, a prática de novas regrasestabelecidas por direitos de propriedade intelectual, oaumento da demanda por serviços agroambientais e asmudanças das estruturas fundiárias e de mercado. Emtal contexto, a ação da Embrapa e do Sistema Nacionalde Pesquisa Agropecuária (SNPA) é essencial para agarantia de uma produção crescente e sustentável dealimentos e matérias-primas.

• Fortalecer sua área de P&D para o suporte técnico-científico das cadeias produtivas que formam oagronegócio brasileiro, visando à geração de empregose ao desenvolvimento de tecnologias que sejamambientalmente saudáveis e socialmente éticas.

• Estar em sintonia com as necessidades dos produtoresrurais e ao mesmo tempo as dos consumidores. Já vailonge a década de 40, no Brasil, quando se tinha umaclara separação entre campo e cidade, entre rural eurbano. As relações socioeconômicas transformam-seem verdadeiras redes de troca, onde as barreirasgeográficas tornam-se, a cada dia, mais permeáveis.Numa época de globalização, a pesquisa agropecuárianão trabalha para o campo. Outro desafio constantenesse tipo de sociedade é o estabelecimento de sintonia

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dos cientistas agropecuários com os consumidores finaisdos produtos agropecuários que, em sua grande maioria,vivem nas cidades. Quanto mais efetiva for essa sintonia,maior será a probabilidade de que problemas de pesquisarelevantes componham a agenda dos pesquisadores.

• Desenvolver pesquisas inovadoras em termos estratégicosque, mesmo não gerando resultados de uso imediato pelosagricultores e consumidores, venham a contribuir parao aumento e o aprofundamento do conhecimento jáexistente, tanto para a inserção pro-ativa da agriculturabrasileira nos mercados globalizados, quanto para omelhor aproveitamento no mercado interno.

• Atender aos novos desafios pautados pelos campos domeio ambiente, da nutrição humana e do desenvolvimentosustentável. Na pauta do meio ambiente, sobressai odesafio da preservação e do uso sustentável. Na pautada nutrição humana, o desafio não é só relativo àprodução, mas também à melhoria da qualidade dosalimentos com segurança alimentar. Isso significa que areferida agenda precisa continuar contemplando aeficiência e a competitividade da produção de alimentose fibras. Contudo, deve comprometer-se, ao mesmotempo, em viabilizar a melhoria da saúde pública, dobem-estar social e da qualidade ambiental, e aantecipação de novos conhecimentos. A par disso, novosconceitos e princípios reguladores de sustentabilidade,rastreabilidade e certificação são elaborados eincorporados no dia-a-dia das transações comerciais e dosacordos internacionais, envolvendo bens e serviçosagropecuários, criando novas concepções de agricultura:urbana, de energia, de precisão, agroecológica e deprodução integrada, entre outras.

• Contribuir com o poder público, especialmente com oMinistério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, naformulação de políticas que viabilizem ao setor agro-pecuário nacional incorporar, com agilidade e pensa-mento estratégico, os recentes avanços e conheci-mentosexistentes. Mais que isso, estabelecer prioridades demodo a se antecipar aos desafios oriundos das tecno-logias emergentes, dos sistemas de produção e de novospadrões estabelecidos por consumidores internos eexternos.

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• Monitorar e avaliar o impacto dos projetos científico-tecnológicos, identificar demandas emergentes e novostemas de pesquisa. Para tanto, é preciso pensar, planejare agir estrategicamente, a partir da organização e dainterpretação de dados e informações. Quando o escopodas demandas sociais é incorporado, fica ainda mais claraa necessidade de novos posicionamentos, conceitos,lideranças, profissionais e competências. A Embrapadesenvolveu um programa para mensuração formal doimpacto das tecnologias geradas e adotadas em áreasestratégicas e críticas para o desenvolvimento agropecuário(Ávila & Souza, 2002). Mostrar os benefícios econômicos,sociais e ambientais desses investimentos é fundamentalpara comprovar o desempenho da instituição e,sobretudo, fazer com que os investimentos realizadossejam compensadores para a sociedade. Estamosempenhados em aprimorar a metodologia de avaliaçãode impacto (nas dimensões econômica, social eambiental) e eficiência atualmente em uso, e em realizarum esforço conjunto das Unidades de Pesquisa da Embrapapara identificar métodos alternativos e indicadorescomplementares. O desafio maior é o de compor ummétodo de avaliação que permita a previsão dosimpactos por ocasião da análise das propostas dosprojetos de P&D.

• Finalmente, na lista de desafios, cumpre estreitar mais orelacionamento com os agricultores familiares, assentadosda reforma agrária e pequenos empreendedores,objetivando seu fortalecimento e o desenvolvimento local.Essa é uma preocupação particularmente destacada pelopresidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sempre se refereà Embrapa, cobrando que os benefícios da pesquisa sejamdefinitivamente apropriados pelos pequenos agricultorese empreendedores rurais tradicionalmente colocados àmargem do processo de desenvolvimento. Em curto prazo,deve-se priorizar a disponibilização de tecnologias econhecimentos já gerados que atendam aos interesses eàs oportunidades dos agricultores familiares.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovaçãoMuito do sucesso da Embrapa pode ser explicado pela

adoção de uma forma de fazer ciência e tecnologia queenvolve o usuário dos seus resultados. A tradução do problemaencontrado na produção agropecuária em problema depesquisa requer conhecimento e interação entre pesquisadorese agricultores, que pode ser viabilizada por meio de diferentesmecanismos.

Os que sabem fazer não têm necessariamente de definirsozinhos o que deve ser feito, apenas porque sabem fazer. Emoutras palavras, o conhecimento socialmente relevante égerado no contexto de sua aplicação (dimensão prática), coma participação daqueles que dele necessitam (dimensãocontextual), e é efetivamente aplicado (dimensão ética).

Essa é a racionalidade que deve vigorar na Embrapa.Quando essa racionalidade social se estabelecer, ter-se-áchegado ao fim do primado da ciência de pretensãoisolacionista. Esse tipo de ciência enquadra-se, perfeitamente,naquela ciência dita apenas como sendo para a sociedade,mas feita de forma isolada, não participativa, realizadaexclusivamente entre as quatro paredes do laboratório ou noslimites da organização de pesquisa. Isso, contudo, não é osuficiente. Arriscaríamos denominar tal ciência como ciênciasem consciência e sem proximidade social, isto é, uma ciênciasem o efetivo apego com a realidade socioeconômica e culturalque a cerca. A interação do cientista com a realidade que o rodeiaé vital para o sucesso do seu trabalho e para a ação daorganização de pesquisa a que pertence.

Há um conceito moderno, com cerca de 17 anos, unindoas noções de ciência, tecnologia e sociedade. É o conceitode tecnociência. Como afirma Bruno Latour, no seu Sciencein Action, a tecnociência é formada por componentesheterogêneos, incluindo os sociais. É vital para o desenvolvimentoe é formada não apenas por cientistas e tecnólogos, mas portoda uma gama de pessoas e interesses que viabilizam otrabalho dos pesquisadores (Latour, 1987; Ihde & Selinger, 2003).Nada mais distante do conceito de tecnociência do que aconcepção do antigo cientista fazendo seu trabalho isolado domundo. A atividade do cientista isolado é pura ficção, realidadeda qual nem todos se dão conta.

A seguir, serão abordados alguns dos principais temasportadores de futuro, que consideramos parte dessa tecnociência

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e que têm merecido atenção da Embrapa, mas que devem serfortalecidos, a saber:

• Biotecnologia.

• Uso sustentável da biodiversidade.

• Agricultura de precisão.

• Rastreabilidade e certificação de produtos agrícolas,pecuários e florestais.

• Agricultura orgânica e agroecologia.

• Agricultura de energia.

• Inovação tecnológica para uso prático.

• Inovação tecnológica estratégica.

A escolha desses temas deve-se ao estudo realizado em2002, pela Embrapa, na construção de cenários futuros,consultas aos pesquisadores e colaboradores, e preocupaçõesmanifestas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (Mapa), e pelo governo federal. O propósitodessa abordagem é colocar a público os resultados alcançadosaté o momento e os desafios a serem superados pela pesquisaagropecuária.

BiotecnologiaUma das atividades dessa tecnociência, que tem

despertado muita polêmica, diz respeito aos organismosgeneticamente modificados (OGMs). Essa questão tem sidodiscutida em todo o mundo. O conflito de posições surge emdecorrência dos potenciais efeitos, tanto positivos quantonegativos, decorrentes do desenvolvimento e do uso dessesorganismos. Além disso, o imenso potencial de impactosocioeconômico dessa tecnologia vem gerando disputas deinteresse econômico entre países e organizações transnacionais.Tais disputas decorrem da pretensão de concentrar e de dominara propriedade intelectual das descobertas e invenções (patentes),e de servir-se da produção e do uso de tais tecnologias paraaumentar o controle econômico sobre os produtos gerados eos respectivos mercados.

É oportuno destacar que o desenvolvimento de plantas,animais e microrganismos geneticamente modificados tem opotencial de desempenhar, junto aos agricultores, um papelextremamente relevante de oferecer:

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• Cultivares resistentes a pragas e doenças, à seca e aossolos mais ácidos.

• Raças ou linhagens de animais mais adaptadas àsdiferentes condições nutricionais e climáticas.

• Microrganismos mais eficientes no controle biológico ounos processos metabólicos.

É o caso do feijão geneticamente modificado, tolerante aovírus-do-mosaico-dourado (VMDF), cuja pesquisa foi iniciada pelaEmbrapa, há 8 anos. Quando aprovado para comercialização,após todos os testes de segurança alimentar e ambiental, esseproduto poderá ajudar na diminuição do prejuízo dos agricultores,devido ao ataque do vírus, que, em 2002, atingiu 70% daprodução em algumas regiões.

De modo geral, a sociedade pode beneficiar-se com odesenvolvimento de novos produtos e processos de importânciaestratégica, voltados à segurança ambiental, alimentar e àqualidade nutricional. É o caso de plantas mais ricas em vitaminase aminoácidos essenciais, plantas como veículo de produção devacinas e hormônio de crescimento humano, ou até plantas parauso em processos de descontaminação do meio ambiente. Asgrandes corporações privadas podem não demonstrar interesseem desenvolver algumas dessas pesquisas, pois o retornoeconômico pode não ser atrativo. Contudo, os resultados podemter grande alcance social, como está descrito no último relatórioanual da Organização das Nações Unidas para Agricultura eAlimentação (FAO, 2004). Nesse contexto, encaixa-se o papelda Embrapa, como empresa pública.

Pensando no Brasil e na superação dos seus problemas, aEmbrapa vem desenvolvendo pesquisas com OGMs, porqueacredita que o domínio do processo de inovação tecnológica ede sua biossegurança são decisivos à obtenção de vantagenscompetitivas. Hoje, a Embrapa já busca se antecipar às mudançase começa a discutir a absorção de técnicas da chamadaengenharia genética de precisão ou transformação eficiente.Tecnologia esta que abre a possibilidade de contenção de genes(eliminação do risco de fluxo gênico), eliminação de genes deresistência a antibióticos usados como marcadores de seleçãode transgênicos, entre outros pontos. A biotecnologia pode,também, contribuir para mudar as vantagens competitivas daagricultura, aumentando a velocidade da inovação.

A Embrapa já possui vários organismos geneticamentemodificados (OGMs) em diferentes estágios de desenvolvimento(no campo, em casas de vegetação e em laboratórios). Além

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do feijão resistente a vírus, ela tem o mamoeiro transgênicoresistente ao vírus-da-mancha-anelar e a batata transgênicaresistente ao vírus-PVY, todos em avançado estado dedesenvolvimento no campo. Nos seus laboratórios e nas casasde vegetação, existem diversos outros produtos da transgenia,com grande potencial de uso para a solução de sérios problemasda agropecuária brasileira, fruto do trabalho de uma equipe depesquisadores com grande experiência nesse ramo dabiotecnologia, experiência que foi obtida nos principais centrosde pesquisa e universidades do mundo. Além disso, a Empresatem tido presença ativa nas equipes que seqüenciaram ou estãoseqüenciando o genoma de diversas espécies vegetais, animaise de microrganismos, entre as quais destacam-se café, banana,eucalipto e o fungo causador da doença vassoura-de-bruxa, queataca o cacau.

Na área de genômica, um empreendimento de sucesso daEmbrapa é o já mencionado Projeto Genoma do Café, pormeio do qual se conseguiu o primeiro seqüenciamentomundial dos componentes mais importantes do genoma docafé. Com esse projeto, construiu-se um banco de dados commais de 200 mil seqüências de DNA, importantes para oentendimento do mecanismo de funcionamento do cafeeiro.O banco de dados é o resultado do seqüenciamento debibliotecas de DNA, ou sejam, cópias de DNA querepresentam os genes expressos (ou em atividade) nos váriostecidos da planta (folhas, raízes, frutos, flores e ramos emdiversos estágios de desenvolvimento). A Embrapa atuou emparceria com a rede Fundação de Amparo à Pesquisa do Estadode São Paulo (Fapesp)/Agronomical and EnvironmentalGenomes (AEG), na execução do seqüenciamento, tendocomo colaboradores a Universidade Estadual de Campinas(Unicamp), Universidade de São Paulo (USP), UniversidadeEstadual de São Paulo (Unesp), Instituto Agronômico do Paraná(Iapar), Universidade Federal de Lavras (UFLa), UniversidadeFederal de Viçosa (UFV), Instituto Agronômico de Campinas (IAC),Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), eInstituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (Incaper).O objetivo principal desse projeto foi o de decifrar as funçõesbiológicas dos genes presentes no genoma do cafeeiro.

Os resultados do Projeto Genoma do Café permitirão que aagricultura usufrua dos avanços na área genômica, tais comoo desenvolvimento de variedades mais produtivas e tolerantesà seca até as que resistem ao ataque de pragas e de doenças.Não se pode esquecer de que os consumidores também serãobeneficiados com a produção de grãos de melhor qualidade

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organoléptica (aroma e sabor) e mais acentuadas característicasnutracêuticas, como vitaminas, sais minerais, serotonina eácidos clorogênicos. A análise dos dados gerados peloseqüenciamento do genoma do café poderá acelerar em até20 anos as pesquisas em melhoramento genético, permitindomelhorar a qualidade da produção e da bebida, e manter oBrasil em posição de destaque no agronegócio mundial do café,além de gerar novas tecnologias para a produção e aindustrialização desse produto. Além disso, muitos dos resultadosajudarão, por analogia, a entender o funcionamento de outrasvariedades vegetais.

A Embrapa continua na vanguarda na área de clonagem debovinos. Em setembro de 2003, nasceu a primeira bezerra clonadaa partir das células de um animal já morto. A fêmea da raçaholandesa T. Melo Lenda, de elevado valor genético, haviamorrido por acidente. Suas células da granulosa (que circundamo óvulo) foram, então, clonadas para dar origem à Lenda. Emfevereiro de 2004, nasceu Vitoriosa, que sobreviveu por 4 meses,clone de Vitória, uma fêmea também clonada pela Embrapa e oprimeiro clone nascido na América Latina.

Entretanto, ainda é preciso fortalecer a capacidade técnicano setor público, para que as instituições responsáveis possamacompanhar o desenvolvimento experimental e o monito-ramento pós-comercial dos OGMs. Pesquisas para geraçãode produtos e processos envolvendo os OGMs são necessáriasaté mesmo para a construção dos métodos de avaliação debiossegurança, essenciais à proteção do meio ambiente e àsaúde humana. Assim, o avanço da pesquisa pública em áreasespecíficas da biotecnologia, como a da transgenia, clonagem,marcadores moleculares e genômica, é essencial para odomínio dessas áreas de ponta. Como conseqüência, teremosavanços ainda maiores no processo de inovação tecnológicavoltada para o agronegócio brasileiro, para a segurançaalimentar e a biossegurança.

Uso sustentável da biodiversidadeA biodiversidade é um recurso estratégico, de grande

importância para a sociedade brasileira. O desenvolvimentoagrícola, pecuário, florestal e agroindustrial pode e deveocorrer de maneira sustentável, sem danos significativos àbiodiversidade, valorizando e protegendo os recursosgenéticos. A atenção com a biodiversidade é um dever detodos: pesquisadores e tomadores de decisões políticas,cidadãos e líderes comunitários.

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Quanto ao uso sustentável da floresta, no Brasil, existembons resultados gerados pela Embrapa e outras instituições.A exploração de florestas tem sido efetuada, considerando-sea extração seletiva de madeira, manejo natural das florestase o extrativismo. Na Amazônia, as atividades extrativistasrepresentam um papel ecológico de grande relevância,principalmente quando se pratica uma exploração moderada,para evitar perdas na biodiversidade. A região é detentora decerca de 80% da produção de madeira em tora no Brasil, cujoextrativismo compreende dezenas de espécies. Quanto àextração seletiva, um bom exemplo é o empreendimento MilMadereiras, no Estado do Amazonas, onde as madeiras-de-lei são retiradas de talhões de maneira rotativa, com aexpectativa da regeneração da área. Quando a floresta abrigabaixa densidade de plantas, o manejo natural é o preferido.

Para o caso de produtos extrativos, que se apresentam emgrandes estoques na Amazônia, como o açaí, a castanha-do-brasil, o cumaru, o babaçu e a copaíba, entre os principais,atenção especial deve ser dada a programas de manejo ebusca de novos mercados.

Quanto à produção extrativa não-madeireira sustentávelpara a exploração de pau-rosa, sorva, balata, buriti, piaçava,babaçu, andiroba e ipecacuanha, entre outros, além do açaípara palmito e fruto, existem tecnologias adequadas.A Embrapa tem desenvolvido produtos diferenciados emagroindústrias, com o objetivo de oferecer aos amazônidasoportunidades para agregar valor aos seus produtos,contribuindo para a geração de empregos, renda, serviços eoutros benefícios.

Outro aspecto merecedor de destaque é o papel quesistemas agroflorestais podem exercer na proteção ambiental,com significado econômico e social. Na Amazônia, aimplantação do Projeto de Reflorestamento EconômicoConsorciado e Adensado (Reca), em Rondônia, tem sido umaexperiência de sucesso. A Embrapa participa oferecendosuporte técnico a um conjunto de agricultores de produçãofamiliar associados na exploração da castanha-do-brasil, docupuaçu e da pupunha.

O grande desafio da pesquisa agropecuária na AmazôniaLegal, onde vivem 20 milhões de habitantes, é a convivênciado homem com a tecnologia e a proteção do meio ambiente.Para superar esse desafio, a Embrapa entende que o ordenamentoterritorial, com destaque para o zoneamento ecológico eeconômico, e a geração e transferência de tecnologiaapropriada constituem sua contribuição mais fundamental,

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beneficiando mais de 600 mil famílias de pequenosagricultores ali existentes.

A Embrapa tem atuação importante, também, em projetos derecuperação, preservação e uso sustentável da biodiversidadedos ecossistemas Cerrado, Caatinga, Pantanal Mato-Grossensee Mata Atlântica.

Agricultura de precisãoA agricultura de precisão é um sistema de manejo integrado

de informações e tecnologias fundamentado nos conceitos deque as variabilidades espaciais e temporais influenciam nosrendimentos dos cultivos. Essa forma de agricultura faz usointenso do GPS (sistema de posicionamento global), do GIS(sistema de informações geográficas), de instrumentos e desensores para medidas ou detecção de parâmetros ou de alvosde interesse no agroecossistema (como solo, planta, insetos edoenças), de métodos quantitativos e da mecatrônica. O usodesses conceitos e instrumentos permite:

• Diagnosticar as causas das variações naturais ou induzidaspelo homem e analisar seus efeitos na produtividade.

• Aplicar, de forma localizada, os insumos em quantidadesvariáveis e em tempos específicos.

• Controlar para que os níveis de produtividade pré-estabelecidos sejam obtidos (Luchiari Júnior et al., 2003,2004).

Essa inovação tecnológica foi iniciada, primeiramente, paramanejo da fertilidade do solo. Entretanto, por ter incorporadoem sua concepção a emergência de novas combinaçõesagrotecnológicas baseadas no desenvolvimento e na aplicaçãoda tecnologia da informação na agricultura, com possibilidadesde ganhos econômicos e de benefícios ambientais, estáganhando popularidade mundial. Essas macrotendências têmatraído o interesse de formuladores de políticas públicas depesquisa, de ensino e de desenvolvimento econômico e social;das indústrias de telecomunicações e de informática; da mídia;das instituições de crédito e de seguro rural; e dos setorestradicionais do agronegócio, como indústrias de insumos,máquinas e processamento.

Da mesma forma que tem sido agente importante nageração e no desenvolvimento de tecnologias e processos demanejo da agricultura, a Embrapa procura participar, de formaintensiva, na transição e na consolidação da agricultura de

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Rastreabilidade e certificação deprodutos agrícolas, pecuários e florestais

precisão. Atualmente, todas as relações básicas desenvolvidaspara a agricultura convencional estão fundamentando astomadas de decisão na formulação de estratégias de manejoem agricultura de precisão. Contudo, ainda é preciso investirmuito no desenvolvimento do conhecimento teórico eempírico, para melhor entender as complexas interações entremúltiplos fatores que afetam o desenvolvimento dos cultivose o processo de decisão dos produtores. A popularização daagricultura de precisão requer maior envolvimento da pesquisapública, quer pela sua natureza estratégica, quer pelo processoque orienta a tomada de decisões dos produtores e provedoresde serviços.

Muito ainda precisa ser conhecido para que o sucesso daagricultura de precisão ocorra no Brasil, de forma generalizada.Existe, por exemplo, a necessidade de melhoramento e derefinamento das relações básicas das respostas dos cultivosaos insumos; identificação, quantificação e análise das causasdas variabilidades espaço-temporais; desenvolvimento demetodologia para a pesquisa em propriedades agrícolas, demodelos práticos para manejo, de sensores para detecção emtempo real do vigor dos cultivos; avaliação do valor e doimpacto da agricultura de precisão para os produtores, oagronegócio, o meio ambiente e para o setor governamental.

Em anos recentes, a mídia tem favorecido a discussão dequestões relacionadas com a saúde e com o meio ambiente,difundido as conseqüências ambientais provenientes deatividades, produtos e serviços de quem disponibilizaalimentos, processados ou in natura. O trinômio saúde/ambiente/preço passou a ser balanceado no momento daescolha, com tendência clara de favorecimento dos alimentossem conservantes, produzidos sem agrotóxicos e sem riscopara o ambiente.

Tudo isso fortalece, no consumidor, o sentimento de que,para se ter segurança do alimento, faz-se necessário exigirseu rastreamento na cadeia produtiva, requerendo ainda, queesse processo seja transparente. O objetivo da rastreabilidadeé permitir a correlação entre o produto e a documentaçãoassociada a ele, possibilitando a reconstrução de sua história

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e a certificação do produto. Produtores, consumidores eadministração pública estão interessados em poder afirmar,com segurança, que um alimento é sadio e, para isso, éimprescindível controlar a cadeia de produção, ao longo decada um de seus elos. Assim, fala-se de rastreabilidade, quandose pode remontar toda a cadeia de produção e conhecer qualquerdas incidências que puderem influenciar na biossegurançado alimento.

Nesse contexto, a padronização de conceitos e, principal-mente de ações, se constitui numa questão de importânciaestratégica para o setor e para o País. Tal padronização deverá,basicamente, viabilizar, em maior ou menor grau, a disponi-bilização de alimentos com garantia de origem, de qualidadeambiental e de qualidade de produto. Para isso, é fundamentalque se estabeleçam, em todos os segmentos da cadeiaprodutiva, processos bem estruturados, simples, fáceis deserem implementados e que possibilitem acompanhamento,verificação e análise de conformidade.

No Brasil, o processo de rastreabilidade vem evoluindo,embora ainda numa velocidade que não pode ser consideradaadequada. Entretanto, a implantação em janeiro de 2002, peloMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de OrigemBovina e Bubalina (Sisbov), foi um passo significativo paraalavancar o segmento de exportação de carne bovina brasileira.

A Embrapa, por meio do seu Centro de Pesquisa de Gadode Corte, teve um papel fundamental no processo derastreabilidade da carne bovina, por ter sido a primeirainstituição certificadora do Sisbov credenciada no Brasil.

A oferta de produtos agropecuários com qualidade e omonitoramento de toda a cadeia produtiva têm sidopreocupação constante do setor agrícola nacional. Entre asestratégias para garantir a segurança e a qualidade dessesprodutos, estão as ações que visam o monitoramento ambientale o sistema de APPCC, desde o campo até a indústria, que sãosubsidiados pela adoção da produção mais limpa, boas práticasagrícolas (BPA) e boas práticas de fabricação (BPF). No tocanteà segurança dos alimentos, cabe ressaltar que o acordo sobreagricultura resultante da Rodada Uruguai, da OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC), imputa ao produtor do bem aresponsabilidade por sua qualidade. Paralelamente, comoparte dessas discussões, foi definido o acordo sobre medidassanitárias que passarem a regular o mercado internacional deprodutos.

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Agricultura orgânica e agroecologia

Além dessas medidas, destaca-se o sistema de produçãointegrada de frutas. Os mercados consumidores de frutas,especialmente o europeu, valorizam, cada vez mais, osrequisitos de qualidade. Na produção integrada, o conceitode qualidade dos frutos é visto de maneira ampla, não sereferindo apenas à qualidade física, mas também, eprincipalmente, à proteção da saúde humana por meio daminimização do uso de insumos, especialmentecontaminantes, e do meio ambiente, o que é proporcionadopor esse sistema de produção, além de incluir aspectos sociaisrelevantes como a qualidade dos empregos gerados e aexclusão do trabalho infantil.

Para atender essas exigências, faz-se necessário o acompa-nhamento do produto durante todo o processo de produção.Isso equivale a dizer que esse monitoramento tem de ser feitonão só no sistema de produção, mas também na produção deinsumos, na indústria de transformação e na distribuição. Aofinal, esse acompanhamento resultará na possibilidade de seter a certificação do produto.

A agroecologia é entendida como a agricultura queincorpora o conceito de ecossistema ou um sistema funcionalde relações entre a biodiversidade e o seu ambiente,delimitado no tempo e no espaço, e com capacidade de manterum equilíbrio estável e dinâmico.

“Ela enfoca as relações ecológicas no campo e seu objetivo é entendera forma, a dinâmica e a função das relações existentes no meio biótico,no meio abiótico, e entre eles. Além disso, considera a interação como homem, cujas ações estão pautadas na sua cultura, hábitos etradições” (Campanhola & Valarini, 2001, p. 71).

A agroecologia vem sendo apresentada como um novoparadigma de agricultura sustentável. A sustentabilidadedesses sistemas está relacionada a quatro componentes:

• Fluxo de energia.

• Ciclo de nutrientes.

• Mecanismos de auto-regulação de populações.

• Equilíbrio dinâmico do sistema (Gliessman, 2003).

Assim, a agroecologia orienta um sistema de agriculturacom visão integradora e sistêmica de longo prazo, intensivaem informações, que se contrapõe à agricultura intensiva

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contemporânea em que o sistema é planejado para maximizaros ganhos em curto prazo.

Os sistemas orgânicos, um nome genérico adotado pelomercado para modelos de agricultura que se fundamentamna direção da agroecologia – tendo como característicaunificadora o não uso de insumos industrializados – dada adiversidade de tendências e propostas, apresentam desdesistemas que se aproximam desse modelo ideal até sistemastipicamente de substituição de insumos.

Por sua vez, a agricultura orgânica é um conjunto deprocessos de produção agrícola que parte do pressupostobásico de que a fertilidade é função direta da matéria orgânicacontida no solo. Ela faz parte do conceito abrangente deagricultura alternativa, o qual envolve, também, outrascorrentes, tais como:

• Agricultura natural.

• Agricultura biodinâmica.

• Agricultura biológica.

• Agricultura ecológica.

• Permacultura (Campanhola & Valarini, 2001).

Mesmo com o predomínio de sistemas orgânicos desubstituição de insumos, portanto distante dos modelosagroecológicos ideais, a tendência de crescimento dessaagricultura é evidente, tornando-se uma forma de agregaçãode valor face ao número cada vez maior de consumidoresque prezam por uma alimentação saudável. Em 2002, aagricultura orgânica alcançou cerca de 24 milhões de hectaresno mundo, movimentando um mercado de US$ 23 bilhões comquase uma centena de produtos. Embora no momento omercado esteja concentrado na Europa, nos Estados Unidos eno Japão, a tendência de crescimento da agricultura orgânicaé geral no mundo. Enquanto a demanda cresce a cerca de 25%ao ano, a oferta cresce a cerca de 12% ao ano, o que resulta naprática de sobrepreços acima de 30% na grande maioria dosprodutos certificados com tal atributo.

Nos últimos anos, a agricultura orgânica vem apresentandocrescimento espetacular no Brasil, que tem, hoje, 19.003propriedades certificadas, com uma área total de 841.769 ha.Contudo, apesar desses números permitirem ao País ocupar asétima posição mundial em número de propriedades, e a quintaem área total, ainda é grande o potencial de crescimento,

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Agricultura de energia

considerando-se que esses números representam apenas0,24% da área cultivada no País. No Brasil, a produçãoorgânica movimenta um mercado que estima-se esteja naordem de 220 a 300 milhões de dólares, sendo a liderançaocupada pelos agricultores do Centro-Sul do País (São Paulo,Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul).Destaque-se ainda que, ao contrário do que se pensava hápouco tempo, as práticas orgânicas têm sido incorporadas porgrandes produtores de cultivos tradicionais – cana-de-açúcar,café, soja, entre outros.

A agricultura orgânica é, sem dúvida, um modelo deagricultura que merece atenção especial da pesquisaagropecuária, por ser portadora de futuro. Talvez mais quemodelo de agricultura sustentável, a importância da agriculturaorgânica e da agroecologia se deve à capacidade derevolucionar a agricultura intensiva do Brasil, tanto a partirda simples oferta de tecnologias de substituição de insumos ede manejo cultural, quanto de sensibilizar os agricultores paraa abordagem sistêmica dos sistemas produtivos.

Nessa área temática, as ações de P&D serão fortalecidas,reforçando as experiências já em curso, a exemplo das queacontecem na Embrapa Agrobiologia e na Embrapa ClimaTemperado (Estação Experimental de Cascata), devendo serestimuladas novas iniciativas.

A agricultura de energia desponta no cenário mundial comouma grande oportunidade para ampliação do agronegóciobrasileiro. Atualmente, a matriz energética mundial éconstituída, principalmente, de petróleo (35%), de carvão(23%) e de gás natural (21%). Estudos têm apontado para aescassez desses combustíveis fósseis dentro de no máximo3 décadas. Ainda que não fosse essa a previsão, a emissão degases nocivos pela queima dos combustíveis fósseis agravariao efeito estufa, podendo levar à extinção de espécies animais evegetais em nosso planeta. Esse fato, por si, mostra avulnerabilidade da atual matriz energética mundial.

É incontestável a necessidade de se buscar novas fontes deenergia renovável, destacando-se como alternativa proeminentea energia gerada a partir da biomassa. Por sua vez, a produçãode biomassa requer a utilização de novas áreas de terra, semcompetir com a agricultura de alimentos, o que a coloca em

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xeque diante da realidade de muitos países desenvolvidos.O Brasil, que possui uma das maiores extensões de terra do mundoa ser incorporada ao processo produtivo, tem grande oportunidadede tornar a agricultura de energia um componente relevante doseu agronegócio.

Alguns entendem que o agronegócio tende a ser estruturadoem quatro grandes segmentos:

• Alimentação e fibras.

• Plantas ornamentais.

• Nichos especializados.

• Biomassa.

Argumentam, também, que a biomassa – base da energiarenovável – será o segmento que movimentará o maior volumede recursos das transações agrícolas internacionais.

No plano internacional, já se detecta uma demandacrescente por produtos de origem agropecuária, entendidoscomo “novas commodities rurais”, que têm como destino finala produção de energia. Insere-se, portanto, no conceito denovo rural, concorrendo para a ocupação do território egerando uma nova área de atividades, com demanda de novashabilidades profissionais, que vai desde a introdução deespécies bioenergéticas, produção de biomassa, uso deprodutos e aproveitamento de resíduos até o desenvolvimentode novos negócios agroindustriais de base tecnológica.

Para atender a esses desafios, será necessário estabelecerum amplo programa de pesquisa, desenvolvimento e inovação,cuja lista de demandas requererá o estabelecimento deprioridades e a alocação adequada de recursos financeiros ehumanos. Vislumbra-se, portanto, o fortalecimento dessa áreade trabalho no agronegócio, com evidências que ocasionarãograndes impactos nos setores de produção, comércio, legislaçãoe inovação, que começa a ser chamada de agricultura de energia,com o etanol e o biodiesel.

Inovação tecnológica para uso práticoDesde seus primórdios, a Embrapa está voltada para lidar,

prioritariamente, com o conhecimento técnico-científico parauso prático, isto é, para gerar inovações tecnológicas adaptadas

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aos mais diferentes tipos de produtores. O corpo de cientistas,pesquisadores e técnicos da Embrapa e das instituiçõesparceiras tem larga experiência e conhecimento sobre o País,especialmente sobre as possibilidades do desenvolvimento daagricultura, da pecuária, de produtos de base florestal, deaqüicultura, da agroindústria e de outras atividades igualmenteimportantes. Suas habilidades, tecnologias, experiência e valorpessoal devem estar continuamente a serviço do desenvolvimentosustentável e do aumento da competitividade dos produtosagrícolas, pecuários, florestais e agroindustriais.

Pesquisas têm mostrado que a prática científica e a difusãodos seus resultados são conseqüências não só do trabalho diretodos pesquisadores. As organizações de pesquisa têm, também,um papel fundamental nesses processos, mesmo porque opesquisador não se encontra solto, decidindo sozinho opercurso científico e tecnológico que a agricultura brasileiradeve seguir (Sousa, 1993). Ele trabalha num ambienteorganizacional e, nesse contexto, recebe as mais diferentesinfluências, tais como as de produtores rurais, setoresagroindustriais, além de outros cientistas e consumidores.

O mesmo trabalho acima referido, que tratou do setorpúblico de pesquisa agropecuária brasileira (empresas,institutos e universidades), revelou não só uma nítidaambiência de ciência aplicada, como também uma acentuadapreocupação com a busca de sintonia da pesquisa com opúblico para o qual ela se destina. Ficou demonstrado que ospesquisadores da Embrapa e das empresas estaduais depesquisa revelaram escolher seus problemas de pesquisa combase em critérios externos ao interesse exclusivamenteindividual. Nesse caso, critérios como importância para asociedade, probabilidade de resultados práticos imediatos,prioridades da organização de pesquisa, propostas estabelecidasem planos nacionais ou regionais e necessidades dos clientestiveram maior peso do que outros ligados mais diretamenteaos processos internos da ciência.

Um dos objetivos da Embrapa é o de fazer com que essatendência seja ainda mais ampliada e reforçada, o que nãodispensa a continuação dos esforços de treinamento científicoe tecnológico. Entre outras ações, isso está sendo feito com oincentivo institucional para o aprofundamento teórico emetodológico dos trabalhos em andamento e em elaboração.Os Laboratórios Virtuais da Embrapa no Exterior, apresentadosa seguir, são exemplos nessa direção.

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Inovação tecnológica estratégicaO dinamismo atual da economia exige uma atitude pró-

ativa das instituições sejam elas públicas ou privadas, não sóacompanhando as mudanças, mas analisando-as, antevendo-as e interferindo na direção e na velocidade das mesmas.Existem, na Empresa, várias iniciativas nesse sentido. Algumasdelas são a construção de cenários, a realização de estudosestratégicos e a implementação dos Laboratórios Virtuais daEmbrapa no Exterior.

Atenção importante está sendo dada às ações estratégicaspara o aperfeiçoamento, eficácia e velocidade do processode inovação tecnológica. Assim, foi concluído o projetoCenários do Ambiente de Atuação das Organizações Públicasde Pesquisa e Desenvolvimento para o Agronegócio Brasileiro,no horizonte dos próximos 10 anos, realizado em parceria como Centro de Gestão e Estudos Estratégicos do Ministério daCiência e Tecnologia, que objetivou aprimorar a visãoprospectiva do contexto da PD&I para o agronegócio.

Essa iniciativa constituiu-se um dos documentos orientadorespara a revisão do Plano Diretor da Embrapa, agora em sua quartaversão. Esse Plano estabelece a missão e os principais objetivosestratégicos institucionais para o período 2004/2007, que visamnão apenas estabelecer prioridades, mas também caracterizaras áreas e temas de atuação da Embrapa, que lhe garantam oatendimento aos problemas existentes nos setores agrícola,pecuário, florestal e agroindustrial, e ao mesmo tempo antecipemdesafios futuros, colocando a instituição na vanguarda do processode evolução daqueles setores. O desafio presente é concluir asrevisões dos Planos Diretores das Unidades Descentralizadas,que devem estar alinhados ao Plano Diretor da Embrapa, de modoque as ações táticas e operacionais sejam organizadas para dara conformidade adequada à programação de pesquisa dainstituição.

Outro exemplo nessa direção é o Programa de LaboratóriosVirtuais no Exterior, que começou com a união de esforçosentre as duas maiores instituições de pesquisa agropecuáriado mundo, a Embrapa e o Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS),do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, e depoisfoi estendido à Europa.

Atualmente, esse Programa vai além dessa rede interameri-cana de pesquisa. Ele consiste na elaboração de prospecçãotecnológica e em facilitar a interação entre equipes de pesquisa-

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dores que atuam em áreas estratégicas ao desenvolvimentotecnológico do Brasil, dos Estados Unidos e da ComunidadeEuropéia (França). O Programa funciona como um verdadeirolaboratório virtual, porque ao trabalhar em cooperação comas instituições estrangeiras em projetos de interesse comum,não há a exigência ou a necessidade de construir novos prédiosou de comprar novos equipamentos. Tal característica permiteacelerar o processo de incorporação de conhecimento naagricultura tropical, ao mesmo tempo em que aumenta aeficiência da colaboração dos países acolhedores, no caso osEstados Unidos e a Comunidade Européia (França). Por suavez, o pesquisador incorporado no Programa agregaconhecimentos nos laboratórios que os acolhe, constituindo-se uma via de mão dupla em que todos ganham.

Três premissas dão sentido à implantação de laboratóriosvirtuais da Embrapa, no exterior. A primeira delas é a crescenteimportância do agronegócio, incluindo a agricultura familiar,para o desenvolvimento do País. A segunda é o uso da ciênciae tecnologia como insumo cada vez mais determinante nacompetitividade da produção e da comercialização. A terceirase liga ao fato de que a geração de conhecimento no mundoconcentra-se em três grandes pólos: os Estados Unidos, aComunidade Européia e o Sul da Ásia.

Nesse Programa, o trabalho colaborativo tem proporcionadoparcerias importantes tais como as de genoma animal,marcadores genéticos para resistência a parasitos, identificaçãode zonas homogêneas, sensores de manejo de nutrientes eumidade do solo por sensoriamento remoto, ciclagem decarbono e gases de efeito estufa, manejo integrado de pragasda soja, encapsulamento de baculovírus, perfil bioquímico paraindicação de novos usos de cultivares de soja, manejo dedejetos animais e segurança de alimentos de origem animal.

Pretende-se que esses Laboratórios Virtuais atuem maisefetivamente na identificação de centros de excelência emtemas ou áreas do conhecimento de interesse do Brasil, a fimde auxiliar a Embrapa a direcionar os treinamentos de curtaduração no exterior. Pretende-se, também, que o Programa seconsolide como estrutura de articulação entre pesquisadoresestrangeiros e brasileiros para fortalecimento de parcerias,elaboração de propostas de projetos e captação de recursosno exterior.

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Ações de gestão prioritáriasda Embrapa: gestão 2003/2006

Para consolidar a visão de futuro apontada neste texto e, aolado dos temas prioritários de P&D da Embrapa, já citados noitem anterior, são apresentados, a seguir, sem ordem deimportância, alguns projetos de ação de gestão que, emconsonância com os projetos estruturantes do IV Plano Diretorda Embrapa, contribuirão para que a P&D da Embrapa continuea ampliar e consolidar, com qualidade e prestígio, seucompromisso com a geração de conhecimento para o futuropróximo. Convém destacar que esses projetos não se encontramna mesma etapa de desenvolvimento, alguns já estavam emandamento e estão sendo aperfeiçoados, enquanto outros estãosendo estruturados e serão implantados ao longo do tempo.

Ampliação dos Macroprogramas efortalecimento do Sistema Embrapa de Gestão

Com a implantação do Sistema Embrapa de Gestão (SEG),em substituição ao Sistema Embrapa de Planejamento (SEP),em 2002, houve necessidade de se avaliar os gargalos

À Embrapa foi dada a oportunidade de acumular experiênciae conhecimento sobre a pesquisa agropecuária brasileira e,por isso, somos também responsáveis por ajudar o Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e demaisórgãos do governo federal, na esfera das nossas competências,a traçar metas, objetivos, políticas e rumos para o agronegóciobrasileiro e para o desenvolvimento rural sustentável.

Incluem-se, nesse aspecto, diversas ações de apoio a projetosestratégicos do governo federal, tais como: Produção de Biodiesele de Biocombustivéis, Defesa Agropecuária, Mecanismo deDesenvolvimento Limpo, Combate às Queimadas e aoDesmatamento da Amazônia, Arranjos Produtivos Locais,Zoneamento Ecológico-econômico, Zoneamento Agroclimático,Segurança Alimentar e Inclusão Social.

Apoio a projetos do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento e do governo federal

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existentes e identificar melhorias a serem introduzidas nosistema, para fortalecer as redes de pesquisa já existentes nosMacroprogramas, incluir temas não contemplados na estruturaatual do SEG e promover maior integração entre a área deP&D e as demais áreas da Empresa.

Duas iniciativas de aperfeiçoamento do SEG merecemdestaque: a efetivação do Macroprograma 5 (MP5) – Desenvol-vimento institucional – e a criação do Macroprograma 6 (MP6) –Apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar e à sustenta-bilidade do espaço rural.

A implantação efetiva do Macroprograma 5 (MP5) consolidadesenvolvimento institucional como um tema que passa a serefetivamente valorizado como atividade essencial da Empresa,em apoio às atividades de P&D. Esse Macroprograma gerenciauma carteira de projetos e processos, que tem entre outrosobjetivos:

• Consolidar, atualizar e aperfeiçoar os sistemas e instrumentosde gestão estratégica da Embrapa.

• Melhorar os resultados e aumentar a efetividade organi-zacional.

• Desenvolver a utilização plena do potencial dos talentoshumanos da Empresa.

Em 2004, considerando os Planos Diretores e as diretrizesda Diretoria-Executiva, as seguintes linhas foram definidascomo prioritárias no MP5:

• Gestão ambiental.

• Gestão da informação.

• Gestão dos laboratórios.

• Capacitação gerencial e técnica.

• Atendimento ao público e imagem institucional.

• Sistemas e instrumentos de gestão.

• Gerenciamento de projetos.

• Núcleos temáticos.

Esse conjunto de temas será objeto de projetos corporativos aserem conduzidos por equipes multidisciplinares das UnidadesCentrais e Descentralizadas.

O Macroprograma 6 tem por objetivo dar suporte a iniciativasde desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e de

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Fortalecimento dos LaboratóriosVirtuais da Embrapa no Exterior

A proposta é avaliar e ampliar o escopo de atuação doslaboratórios no exterior, para que funcionem de forma orgânicacom as atividades de P&D da Embrapa. Objetiva-se, portanto:

• Consolidar redes internacionais de pesquisa.

• Definir novas áreas de atuação.

• Consolidar treinamentos de curta duração para que seconstituam mecanismos de construção de parcerias eprojetos.

• Implantar um sistema de intercâmbio de pesquisadores eorientação de estudantes estrangeiros no Brasil. Assim, jáestão sendo solicitadas a todos os bolsistas e pesquisadoresvisitantes dos Laboratórios Virtuais da Embrapa noExterior:

• Ações concretas de cooperação, a partir dadefinição de projetos de pesquisa.

• Apresentação de seminários sobre ações depesquisa desenvolvidas na Embrapa.

• Envolvimento dos pesquisadores que participaramdo Programa, nas redes internacionais de pesquisa,para garantir a manutenção do intercâmbio.

comunidades tradicionais na perspectiva da agregação devalor e da abordagem territorial. Pretende-se dar visibilidadee organicidade aos diversos projetos já desenvolvidos pelaEmbrapa nessa área, a partir de recursos pré-definidos. Ostemas a serem trabalhados estão relacionados ao apoio aosprocessos de organização dos produtores, de verticalizaçãoe diversificação de atividades, de diferenciação da produçãoe de produtores, de geração e adaptação de máquinas eequipamentos de baixo custo adequados às peculiaridadesdessa categoria de agricultores. Estrategicamente, será feitoum esforço para se de construir redes de pesquisa emagricultura familiar. Com isso, objetiva-se o desenvolvimentoda agricultura familiar como estratégia para inclusão social –geração de postos de trabalho, renda e segurança alimentarno meio rural.

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Ampliação de recursos para pesquisaFrente aos novos desafios que a ciência enfrenta e, em

particular, a Embrapa como empresa pública, é necessárioum plano de ampliação e disponibilização dos recursosdestinados à P&D, seja por meio de lei orçamentária ou porconvênios e parcerias com outros órgãos públicos. Esse esforçode recomposição já se iniciou em 2004, a partir do aumentodos recursos orçamentários para custeio e investimento daEmbrapa, que passaram de R$ 164,6 milhões (executados) em2003, para R$ 223,3 milhões (previstos) em 2004. Já aarrecadação direta passa de R$ 34 milhões, em 2003, para aprevisão de R$ 38 milhões, em 2004.

Para garantia da excelência dos produtos e serviços daEmbrapa, é necessário investir na melhoria da qualidade dorelacionamento com a iniciativa privada. Em 2003, os recursosarrecadados com vendas de produtos e serviços, comoconsultorias, patentes e royalties, representaram 20,7% dosrecursos de custeio e investimento do orçamento da Empresa.

Ampliação das redes de pesquisa nos EstadosExistem muitas demandas e pressões pela criação de novas

Unidades de Pesquisa da Embrapa nos Estados. Ao mesmo tempo,existem várias instituições atuando nos Estados, na área depesquisa agropecuária. Na perspectiva da expansão da nossarede de pesquisa, sem ampliação dos custos fixos, estamosfortalecendo o trabalho de forma articulada com outras organi-zações de pesquisa, como as Organizações Estaduais de Pesquisae as universidades, por meio de consórcios ou Unidades Mistasde P&D, a exemplo do que já está em processo no Maranhão.

Assim, sem a necessidade de construção e manutenção deestruturas físicas, integram-se os pesquisadores que já atuamna Região/Estado, ou mesmo alocam-se novos pesquisadores,buscando-se o planejamento integral de P&D, a racionalizaçãodos recursos, a maior interação entre as instituições depesquisa, ensino e extensão, além do acompanhamento eavaliação conjunta das metas e resultados.

Essa iniciativa foi estabelecida a partir da experiência doLaboratório Virtual da Embrapa na França, onde pesquisadoresde diferentes instituições de pesquisa e universidades compar-tilham laboratórios e edificações, e atuam nos temas de P&D deinteresse comum, nas chamadas Unidades Mistas de Pesquisa.

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Enfoque de territorialidade na produção ena disseminação de inovação tecnológica

Entende-se, por território, o espaço geográfico caracterizadopor uma definida identidade cultural e por laços de proximidadee de interdependência, sendo um espaço de mercado para ossistemas produtivos locais rurais (Sabourin, 2002). Ele é umaestratégia para o desenvolvimento local ou regional.

A partir daí, novas oportunidades surgem para os produtoresde um território, agregando valores culturais, étnicos, ambientaise de qualidade aos produtos e serviços, e diferenciando-os nomercado, para melhor satisfazer as demandas específicas dosconsumidores. A inter-relação local de cadeias pode surtir umimportante efeito na dinâmica da economia, promovendodemandas e ofertas que permitam o favorecimento de um grandenúmero de pequenos empreendimentos e reforçando acapacidade dos produtores para acompanhar a evolução dosmercados. A territorialidade representa um instrumento importantede diferenciação de produtos para a construção de vantagenscompetitivas inimitáveis.

Ambientalmente, a gestão territorial da produção traz consigoum conjunto de valores locais a respeito do uso atual e futuro dosrecursos naturais e as expectativas das comunidades sobre olegado que querem proporcionar às gerações posteriores. Aquestão ambiental surge, também, como uma nova oportunidadepara produtos e serviços no âmbito do território.

O desenvolvimento territorial não é único. Ele se define apartir das potencialidades e limitações de cada espaço.Mesmo que os princípios sejam comuns (participação dapopulação, definição de projetos, processo, inovação,valorização do cultural), o desenvolvimento territorial doSubmédio São Francisco terá pouco a ver com uma região doParaná, por exemplo.

Atualmente, o debate em torno do território desenvolve doiseixos de pesquisa:

O aperfeiçoamento dessa relação deve envolver uma contínuaprofissionalização, regulamentação e transparência, preservandoo caráter público da Embrapa e evitando a indesejável equipa-ração entre bens públicos e bens comercializáveis pelo setorprivado.

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• Necessidade de se pensar o projeto agrícola e rural doBrasil, na sua diversidade, numa base territorial. Issoimplica uma reflexão conceitual que passa pela discussãode modelos de desenvolvimento, mais justos socialmente,mais eficientes economicamente e mais respeitosos paracom o meio ambiente. A Embrapa deve gerar e fornecerinformações e dados para subsidiar o debate. A avaliaçãodo impacto da agricultura e das políticas públicas serádeterminante.

• Uma nova maneira de “fazer pesquisa”, em interação comos agentes sociais. Isso requer uma interdisciplinaridademais intensa. É importante entender que a Embrapa nãodeve limitar-se a produzir técnicas e tecnologias. Ela devegarantir a eficiência dessas técnicas nos diversos sistemasde produção que coexistem no Brasil.

A essa altura, uma pergunta importante se impõe: À luz dasconsiderações acima, o que pode e deve fazer a Embrapadentro do enfoque territorial?

Convém salientar o que a Empresa não deve fazer, ou seja,ela não deve assumir o papel dos movimentos sociais, dasprefeituras municipais e das organizações públicas e privadasde assistência técnica. Tampouco, deve se aventurar a criarisoladamente seu próprio “território”.

São vislumbradas duas possibilidades de atuação:

• Em caráter emergencial, utilizar o estoque de conheci-mentos já produzidos para negociar sua disponibilizaçãocom os atores demandantes à sua utilização, adaptandoas inovações às condições de projetos de desenvol-vimento territorial já em curso por iniciativa do governoou da sociedade civil organizada.

• Participar desde o início da construção de territórios, comoparte de uma equipe interdisciplinar e multiinstitucional,propondo-se a trabalhar levando em consideração osconhecimentos de atores locais e de outros parceirosinstitucionais como universidades, ONGs e OrganizaçõesEstaduais de Pesquisa.

Entende-se, então, que o conceito de multifuncionalidadedo meio rural deve ser incorporado nas ações de P&D, umavez que o meio rural brasileiro não é exclusivamente voltadopara a produção agropecuária. Há uma série de atividadesnão-agrícolas, que incluem tanto aquelas de processamentoda produção, como aquelas de turismo e lazer, que têm

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contribuído para gerar renda e emprego no meio rural, inclusivenas regiões mais remotas. É necessário, portanto, apoiar as novasoportunidades de renda do meio rural brasileiro.

No enfoque dos territórios, destacam-se as seguintes diretrizespara o programa de P&D para a agricultura familiar da Embrapa:

• Incorporação na pesquisa de questões voltadas paramaior inserção do agricultor familiar no mercado pós-colheita (agregação de valor).

• Incorporação do saber e da experiência do agricultorfamiliar ao processo de geração de tecnologias.

• Geração de inovações que permitam o uso racional esustentado dos recursos naturais.

• Adequação das inovações às circunstâncias e potenciali-dades dos agricultores.

• Apoio técnico à modernização e à racionalização dossistemas produtivos de base familiar.

Entre as possíveis ações estruturantes para o programa deP&D para a agricultura familiar, destacam-se:

• Identificação dos sistemas de produção predominantese avaliação da sua capacidade de adaptação.

• Desenvolvimento de referências técnicas sobre aslimitações e potencialidades dos sistemas de produção.

• Desenvolvimento de dispositivos e métodos de açãoparticipativa.

• Subsídios à formulação de políticas de preservação ede valorização do meio rural.

Por sua vez, os objetivos a serem atingidos incluem:

• Aumento da oferta quantitativa e qualitativa de produtosalimentícios básicos.

• Retenção de maior número de postos de trabalho nocampo.

• Melhoramento no uso dos recursos naturais e na gestãodo espaço rural.

• Melhora na renda das unidades produtivas familiares.

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Programa de Apoio à Gestão e Sistemade Acompanhamento e de Avaliaçãodos Planos Diretores dasUnidades Descentralizadas

Esse programa visa melhorar a eficiência e a eficácia dasequipes gerenciais nas Unidades Descentralizadas, realçandosuas responsabilidades e procurando aumentar sua produtividadee efetividade, além de potencializar os resultados de P&D eas vantagens competitivas da Embrapa.

Essa iniciativa será realizada por meio do acompanhamentopermanente:

• Dos indicadores de resultados finalísticos (qualidade dosprojetos, produção e produtividade, patentes, tecnologiasgeradas e incorporadas, parcerias, alinhamento daprogramação da Unidade Descentralizada ao PlanoDiretor da Embrapa e ao Plano Diretor da Unidade).

• De resultados gerenciais (melhoria da gestão) relaciona-mento com o público, imagem institucional.

• De treinamento permanente a partir da construção dearranjos institucionais, incluindo, por exemplo, o ConselhoNacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoalde Nível Superior (Capes).

• Da instalação ou reestruturação de um Comitê AssessorExterno, para acompanhar e apoiar cada Unidade.

Em consonância com a implantação desse Programa, desdeo início da gestão da atual Diretoria-Executiva, tem-seprocedido a várias avaliações dos sistemas de informaçõesusados para o gerenciamento da Embrapa. O objetivo dessestrabalhos é simplificar e integrar tais sistemas, procurando evitarduplicações de esforços e minimizar conflitos, transformando-osem instrumentos eficientes e eficazes que tragam, comoconseqüência, melhorias substanciais no processo de gestão,acompanhamento e avaliação das Unidades Descentralizadas.

Além de aprimorar os sistemas existentes, está-se desenvol-vendo uma sistemática para acompanhamento e avaliação do

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desempenho dos Planos Diretores das Unidades . Aoperacionalização do modelo proposto baseia-se no uso demetas e indicadores, que medirão o progresso na direção doalcance dos objetivos e da realização da missão. O objetivofundamental do processo de acompanhamento e de avaliaçãoé assegurar que as estratégias estabelecidas no IV Plano Diretorda Embrapa sejam implementadas com sucesso (avaliaçãocorporativa).

Propõe-se conceber um sistema cujas compreensão eoperacionalização assegurem a participação de avaliados eavaliadores como protagonistas e co-responsáveis peloprocesso. Isso garantirá o aperfeiçoamento do mesmo e acorreção de rumos metodológicos.

Aperfeiçoamento da transferência de tecnologiaProdução e transferência de tecnologia são ações integradas

na Embrapa. Em 2003, em parceria com instituições estaduaisde ciência e tecnologia agropecuária e universidades, foramregistradas 44 novas cultivares no Serviço Nacional de Proteçãode Cultivares (SNPC), abrangendo cereais, oleaginosas, fruteirase espécies forrageiras.

A existência da Embrapa nesse ramo de atividade garanteà indústria nacional a capacidade de influenciar no mercadode sementes e de mudas, um fator importante em termos desoberania nacional e de segurança alimentar.

Para a Embrapa, é vital que a tecnologia por ela geradachegue aos produtores. Para tal, ela tem utilizado uma sériede instrumentos como os proporcionados pela mídia, e pelarealização de dias de campo com multiplicadores e produtoresrurais. Em 2003, foram divulgados 14,3% mais artigos técnicosna mídia e realizados 6,5% mais dias de campo, emcomparação a 2002.

Entre as preocupações da geração e transferência detecnologia está a de atingir o maior número possível deprodutores. A dificuldade maior é a de alcançar, na área detransferência de tecnologia, os agricultores familiares, que nãotêm acesso ao mercado e não estão organizados emassociações ou cooperativas, condição fundamental para seter acesso às tecnologias e conhecimentos técnicos. Como jáfoi afirmado, a Embrapa tem uma grande preocupação eatenção nessa área, até porque esse cuidado se insere numa

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proposta maior do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento e do governo federal. No Programa Fome Zero,por exemplo, um dos papéis principais que a Embrapa começaa exercer é disponibilizar tecnologias já geradas para odesenvolvimento dos agricultores familiares das regiões maispobres, para que haja a oferta de alimentos nos mercadoslocais, evitando-se, assim, a chamada importação dosprodutos a um custo alto e com pouca repercussão nasoportunidades de trabalho locais. Portanto, em algumas regiõeslocalizadas, a segurança alimentar da população pode seratingida via fortalecimento dos agricultores familiares.

Assim, a transferência de tecnologia continua sendo maisuma atividade relevante utilizada pela Embrapa, para garantira utilização das suas inovações tecnológicas no campobrasileiro. Ela é, também, um instrumento eficaz na retro-alimentação das atividades de pesquisa agrícola, pecuária eflorestal. Uma estratégia importante e eficaz, dentro docontexto da transferência de tecnologia, é o desenvolvimentode territórios já comentado anteriormente.

Divulgação dos resultados na mídiaO fortalecimento da imagem institucional da Embrapa se

dará por meio do planejamento e da realização de ações decomunicação empresarial, atuando de maneira pró-ativa juntoà grande imprensa (rádio, televisão e mídia impressa), com oobjetivo de disponibilizar, adequadamente, os resultados deP&D junto à opinião pública. Assim, visa-se divulgar osresultados de P&D e as conquistas institucionais na mídia deforma transparente, possibilitando ao público rural e urbanoseu conhecimento e apropriação, sempre valorizando asparcerias institucionais que contribuíram na geração ou naadaptação dos resultados.

Deve contemplar, também, a organização e a realizaçãode eventos institucionais (feiras, exposições, seminários econgressos), a exemplo da quarta edição da exposiçãoCiência para a Vida, bem como encontros internacionais ecampanhas institucionais.

Essas ações serão implementadas pela Assessoria de Comuni-cação Social (ACS), em sintonia com a as áreas de comunicaçãodas Unidades Descentralizadas.

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Convênios de cooperação técnica compaíses em desenvolvimento da África,da Ásia e da América Latina

Revisão e atualização das normase procedimentos administrativos

Da mesma forma que a Embrapa tem buscado se antecipar àsmudanças de seu ambiente externo no que se refere à suaatividade-fim de P&D, tornando-se referência no planejamentoe na avaliação da pesquisa agropecuária, ela não pode abrir mãode se atualizar nas atividades-meio, que apóiam a pesquisa.

Assim, a Empresa não pode prescindir da incorporação eda adequação de instrumentos avançados de gestão empresarial.Além da necessidade de revisão e aprimoramento de seusprocedimentos administrativos e de acompanhamento internos,tornando-os mais simples, eficientes e atuais, propõe-se,também, sua informatização, para que sejam ágeis e menos

A Embrapa tem obtido avanços importantes a partir dacelebração de acordos de cooperação técnico-científica comdiversos países, desenvolvidos e em desenvolvimento. Essesacordos têm-se ampliado devido às prioridades estabelecidaspelo governo federal para estabelecer cooperação com ospaíses africanos de língua portuguesa, os países asiáticos, comoChina e Índia, e diversos países da América Latina. Serãofortalecidos os programas Procitrópicos e Procisur,coordenados pelo Instituto Interamericano de Cooperação naAgricultura (IICA). De modo geral, os acordos de cooperaçãoenvolvem cursos de capacitação, visitas e intercâmbio técnico-científico e a realização de projetos conjuntos. Os recursosnecessários para o custeio dessas atividades devem sercaptados em países terceiros ou em instituições internacionaisde fomento à P&D na agropecuária.

Com relação à China, recentemente foi firmado um Memorandode Entendimento com ações de cooperação técnica para 3 anos,a serem executadas a partir de 2004, visando intensificar a trocade experiências no campo da pesquisa agropecuária entre osdois países, envolvendo a Embrapa e a Academia Chinesa deCiências Agrárias (CAAS), órgão correspondente à Embrapa.

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Novos Significados e Desafios46

Revisão do Plano Diretor da Embrapa e dosPlanos Diretores das Unidades Descentralizadas

O Plano Diretor da Embrapa é o instrumento fundamentalde gestão estratégica da Empresa, que estabelece as grandeslinhas de orientação para sua ação nos próximos anos,considerando os desafios do futuro para o desenvolvimentosustentável do espaço rural e a competitividade doagronegócio. Os prazos de vigência do III PDE e dos atuaisPlanos Diretores das UDs expiraram em 2003.

A partir da visão de possíveis cenários futuros, baseadosem tendências e em eventos potenciais, e de determinantes econdicionantes externos, a Embrapa revisou, durante osegundo semestre de 2003, sua Missão, Visão, Objetivos eDiretrizes Estratégicas e Projetos Estruturantes para o período2004/2007. Essa revisão foi realizada em consonância comas prioridades do governo federal expressas no PlanoPlurianual 2004/2007 (PPA) e as diretrizes da Diretoria-Executiva.

A versão final resultou de proposta gerada por um grupo detrabalho de pesquisadores da Empresa e foi aprimorada porsugestões advindas dos diferentes níveis gerenciais daEmbrapa e do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (Mapa), do Conselho Assessor Nacional (CAN),do Conselho de Administração (Consad), e dos empregadosda própria Empresa.

Os Planos Diretores das Unidades Descentralizadas (PDUs)também têm-se orientado em processos participativos deplanejamento estratégico. Em 2004, após treinamentoespecífico das equipes responsáveis, as UDs deram tambéminício à revisão de seus PDUs. O PDU tem por objetivo definiros grandes rumos de cada Unidade para o período de 2004/2007, tendo em vista as características e as tendências de seuambiente de atuação, assegurando seu alinhamento ao IVPlano Diretor da Embrapa, e visando otimizar os resultadosgerados para a sociedade, a partir de efeitos sinérgicosdecorrentes dessas estratégias.

burocráticos. Certamente, essa ação irá requerer criatividade egrande esforço dos empregados da carreira administrativa daEmbrapa, na caracterização dos processos e na reestruturaçãodos procedimentos.

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Desenvolvimento de talentose construção de capacidades

A Embrapa está fortemente empenhada em alcançar umalto nível de desempenho, necessariamente focalizado noslimites da fronteira da ciência e da tecnologia de ponta, naquebra e na superação de recordes e metas. Para tanto, éimprescindível que se estabeleça uma sólida estratégia deação, concentrando esforços e recursos na continuidade davalorização e aperfeiçoamento dos talentos humanos e dagestão da Empresa, especialmente nas Unidades Descentra-lizadas.

Numa empresa de pesquisa como a Embrapa, os talentoshumanos constituem o que nela existe de mais precioso. Essestalentos são fundamentais para a produção de conhecimentonovo e para as inovações tecnológicas compatíveis com asnecessidades do País. Os pesquisadores das diferentes áreastécnico-científicas, assim como os talentos e capacidades dasdemais áreas da Empresa, precisam ser não apenas os maisbem formados e informados, mas também os mais sensíveisàs sinalizações sociotécnicas e econômicas dos diferentessegmentos sociais.

A política de gestão de pessoas deve contemplar, de formadiferenciada, pelo menos, três vertentes. A primeira é relativaà capacitação no sentido de, não só manter os padrões hojeexistentes, mas, especialmente, incorporar perfis profissionaisrequeridos pelo desenvolvimento científico, tecnológico esocial. A Embrapa deve investir para ampliar as oportunidadesde capacitação e desenvolvimento para os empregados dasáreas de suporte técnico-administrativo, assim como ampliaras oportunidades de desenvolvimento da área técnico-científica. A segunda, voltada para a busca de mecanismosde remuneração e valorização que possam reconhecer e reteros melhores talentos da Empresa. Por último, estimular arenovação de quadros, incorporando novos talentos, especial-mente jovens pesquisadores que possam assimilar e darcontinuidade aos projetos em desenvolvimento na Embrapa.

A qualidade e o nível de profundidade do apoio à gestãode cada Unidade de Pesquisa dependerão, sempre, da qualidadee da precisão dos sistemas e instrumentos de planejamento e deavaliação desenvolvidos e em uso na Empresa. Assim, essessistemas e instrumentos estão sendo avaliados, simplificados

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Elaboração e implantação de umnovo Plano de Cargos e Salários

Em 2003, diante do desafio da valorização e aprimoramentopermanente de seu pessoal, a Embrapa propôs rever seu Planode Cargos e Salários (PCS), por ser um dos seus maisimportantes instrumentos orientadores da gestão de pessoas.

A proposta do novo PCS estabelece que a retenção detalentos e o desenvolvimento na carreira fundamentam-se nosconceitos de compartilhamento e no autodesenvolvimento.Esse PCS foi concebido de modo a favorecer um ambiente deaprendizagem que estimule, continuamente, a atualização doempregado e a responsabilidade compartilhada entre oempregado e a Empresa, no que diz respeito ao crescimentoprofissional.

e integrados com o objetivo fundamental de assegurar que aestratégia estabelecida no Plano Diretor esteja sendoimplementada com sucesso. Tal processo de gerenciamento devefornecer aos dirigentes da Embrapa, uma visão sintética de:

• Como seu público-alvo avalia o trabalho da Empresa,do ponto de vista de impacto, satisfação e percepçãode imagem.

• Qual o resultado efetivo da pesquisa, segundo osobjetivos técnico-científicos propostos.

• Qual o desempenho dos processos técnicos (P&D,Transferência e Comunicação) e institucionais (Gestão dePessoas, Infra-Estrutura, Finanças e Modelo Institucional).

Todos esses itens são indicadores de resultados quedependem de boa gestão e que, ao mesmo tempo, permitemqualificar uma gestão. O interesse final está, pois, em a partirde diagnósticos constantes, efetuados num diálogo abertosobre forças e fraquezas institucionais, introduzir melhoriasna gestão, que se reflitam na melhoria do desempenho de cadaUnidade de Pesquisa. O acompanhamento e o apoio devemser vistos como estratégias reeducativas de mudança noprocesso de desenvolvimento da gestão, apoiando-se nacriação de um compromisso interno, negociado e contratado,em termos de abertura à aprendizagem, em prol dos benefíciospotenciais do trabalho conjunto e construtivo.

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O principal mecanismo que irá viabilizar a operacionalizaçãodessa concepção será a Educação Corporativa. Por meio de açõesestruturadas de formação e de aperfeiçoamento, direcionadaspara todos os empregados, pretende-se incentivar a criaçãode um ambiente organizacional capaz de estimular edesenvolver, nas pessoas, um estado permanente de resoluçãode problemas, independência, crítica construtiva e capacidadecriativa direcionada para a busca compartilhada de soluçõesinstitucionais inovadoras.

A integração entre a proposta do PCS e as ações daEducação Corporativa certamente colocarão a Embrapa numpatamar diferencial, em termos de inovação em políticas degestão de pessoas.

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