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Novos Media – Crianças e Jovens

A infância em rede

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Impactos

• Modalidades de apropriação dos media por parte da crianças

• Consequências nas configurações familiares da penetração dos novos media no lar.

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• Formas essa apropriação social, num contexto mediático saturado e de comunicação em rede (Livingstone, 2002; Cardoso, 2006 e Cardoso et al., 2009).

• Inovações na configuração de um sistema familiar, caracterizado por um conjunto distintivo de práticas rotinizadas.

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• Transformações no âmbito da interacção familiar e intergeracional em torno media tanto no desempenho de papéis tradicionais, como na produção de novos campos de possível conflito.

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Contexto

• Livingstone (2002) - retirada da esfera pública para a privada nas vidas das novas gerações:

• 1) Declínio da “cultura de rua” e com o enclausuramento das crianças em casa ou no apartamento, em especial, em contextos urbanos

• 2) Declínio do convívio familiar e dos próprios espaços e tempos comuns aos vários elementos do agregado familiar com a individuação do uso da televisão e de outros media em favor da emergência de uma “cultura do quarto de dormir”.

• 3) Carácter individualizante dos novos media?

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• Buckingham (2000), Livingstone e Bovill (1999)• - agregado familiar típico construído pelas

famílias ocidentais (mais pequenas) como um espaço alternativa de lazer para as crianças

• - pais ou educadores gastam somas mais ou menos substanciais para dar aos seus filhos dispositivos de media de entretenimento em resposta à percepção da rua urbana como espaço ameaçador.

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• Meyrowitz (1995): a entrada dos novos media nos agregados familiares supõe um novo cenário nas relações de autoridade entre pais e filhos.

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• Cunha (2007): a sentimentalização da vida familiar e da relação com a(s) criança(s) em particular despoletaram reflexões sobre a reconfiguração do lugar dos filhos na família.

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• Questões gerais sobre o significado do estatuto de “criança” e do estatuto da instituição familiar.

• Processo mais global de questionamento dos valores, símbolos e autoridade que a família tradicional representa (Giddens, 1991; Beck, 2000).

• Jenks (1996): crianças como agentes activos na construção e determinação das suas próprias vidas sociais, das vidas dos que as rodeiam e das sociedades em que vivem.

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Um “coquetail” de saberes sociológicos

Sociologia da infância(a criança enquanto

objecto autónomo de saber)

Sociologia da comunicação

(Literacias; estudo das audiências; práticas e representações sociais em tornos dos media)

Os media no quotidiano

das crianças e dos

adolescentes

Sociologia da família(fecundidade; práticas e representações sobre

o lugar dos filhos; organização da vida

familiar)

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O parto electrónico de uma nova infância?

• O papel das novas literacias

• É possível falar de uma ‘nova’ infância com um subproduto da modernidade tardia ou da sociedade e realidade mediática baseada onde a comunicação em rede parece ser cada vez mais preponderante?

• Postman (1983): visão apocalíptica da morte da infância como os adultos a conhecem. As modalidades de vivência da infância estão a ser transformadas pelos media de massa e mais recentemente pelos novos media. Perspectiva que assume uma descontinuidade social no que respeita às experiências vividas nas idades infantis.

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Depois da morte da infância

• Críticas de Buckingham (2000) a Postman: visão unidimensional das mudanças nos mundos infantis e juvenis ; versão ‘suave’ de determinismo tecnológico que aponta para os media electrónicos como os principais determinantes das alterações nas vidas das crianças.

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Novas literacias, velhos problemas?

• Não deve contudo implicar uma separação arbitrária entre crianças e adultos, uma vez que, por exemplo, temos de ter em linha de conta as óbvias relações de dependência entre eles, as formas reprodutivas de capital cultural (Bourdieu) ou a socialização em determinados códigos culturais mais ou menos identificáveis (Bernstein) no seio do agregado familiar.

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Nativos digitais

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Gerações e media

• Tapscott (1998) em favor de uma linha clara delineada entre gerações, baseado em socializações diferenciadas em contextos mediáticos diferentes.

• Novas competências parecem estar a ser adquiridas intuitivamente pelos mais novos – apelidados de nativos digitais por Prensky (2001) -, tais como explorar e maximizar a interligação entre as várias realidades mediáticas e como operar diversos recursos mediáticos e comunicacionais simultaneamente.

• Pais ou educadores são, na melhor das hipóteses, imigrantes digitais, “who speak an outdated language (that of the pre-digital age)”, e “are struggling to teach a population [the digital natives] that speaks an entirely new language” (Prensky, 2001: 2).

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• Buckingham (2006): Traçar fronteiras entre geração é uma tarefa muito mais complexa do que simplesmente definir uma dada geração através da tecnologia.

• Significados e os usos da tecnologia variam de acordo com várias variáveis para além da idade.

• Não implica, todavia, a recusa da existência de linhas de demarcação entre gerações ou que as crianças socializadas no contexto mediático marcado pelas TICs não criam os seus próprios significados ou que não apropriam as tecnologias digitais de uma forma que pode ser classificada como sendo própria.

• Apropriação da tecnologia deve ser contextualizada.

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• Estratégia explicativa sequencial (Creswell, 1993): implementação sequencial dos dados em que a análise dos dados quantitativos surge em primeiro lugar, sendo que a integração dos dados quantitativos e qualitativos é feita essencialmente na interpretação dos resultados e não tanto na análise dos dados.

• Aferir a convergência entre dados e conclusões como meio de informar e apoiar os processos de interpretação abdutiva e retrodutiva dos dois tipos de dados: quantitativos e qualitativos.

• Inclusão da pesquisa qualitativa pela sua utilidade quando resultados não esperados emergem do estudo qualitativo (Morse, 1994).

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Inquérito online (2006)Regras por parte dos seus pais sobre:

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Já tive discussões (com os pais) por causa do:

1,2

1,9

1,9

1,6

54,0

79,6

89,5

81,7

44,8

18,5

8,5

16,7

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo que passoligado à Internet

período do dia emque me ligo à

Internet

que faço quandoestou ligado à

Internet

que gasto enquantoestou ligado à

Internet

%

Sim

Não

Não sabe/nãoresponde

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O que fazem os teus pais enquanto estás ligado à Internet?

38,1 36,9

6,8 11,2 7,1 2,9 0,6

53,6

0102030405060708090

100

Perguntam-me o queestou afazer

Dão umaolhadela

Ajudam-me Estão namesma sala

Sentam-secomigo

Vão ver, aseguir, poronde andeia navegar

Vão ver omeu

correioelectrónico

Não fazemnada

%

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Já tive discussões (com os pais) por causa do:

2,6

2,3

2,4

2,8

77,8

88,2

89,9

65,9

19,6

9,5

7,7

31,4

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo que passoao telemóvel

período do dia emque utilizo otelemóvel

que faço enquantouso o telemóvel

que gasto emtelemóvel

%

Sim

Não

Não sabe/nãoresponde

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Já tive discussões (com os meus pais) por causa do:

1,3

1,0

1,0

1,1

65,7

85,9

90,4

88,5

33,0

13,0

8,6

10,4

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo que passoa jogar

período do dia emque jogo

tipo de jogos quegosto

que gasto emjogos

%

Sim

Não

Não sabe/nãoresponde

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Já tive discussões (com os pais) por causa do:

1,0

1,0

1,3

69,8

84,3

89,6

29,1

14,7

9,1

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo que passo aver televisão

período do dia emque vejo televisão

tipo de programasque vejo

%

Sim

Não

Não sabe/nãoresponde

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World Internet project (2008)O uso da Internet aumentou/diminuiu o

contacto das pessoas com a família

Não responde Não sabe Diminuiu um pouco

Manteve-se na mesma

Aumentou um pouco

Aumentou muito0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

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O uso da Internet aumentou/diminuiu o contacto das pessoas com os amigos

Diminuiu um pouco Manteve-se na mesma Aumentou um pouco Aumentou muito0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

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Desde que tem acesso à Internet em casa os membros do agregado familiar

despendem mais ou menos tempo juntos

Não sabe Menos tempo juntos Cerca do mesmo tempo Mais tempo juntos0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

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World Internet project (2010)Usos da Internet, por grupo etário, por

país

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Considerações

• Tapscott e Postman: demasiada preocupação sobre o que divide as gerações e sobre o que divide filhos e pais, avós e educadores

• A família em rede?: Articulação das rotinas diárias pela comunicação e pela mediação das redes. Pode ser também o futuro da educação dentro e fora da família.

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• Mobilização de capitais culturais e até informacionais diferenciados, literacias digitais e mobilizações socio-cognitivas diferenciadas.

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• Práticas educativas na família diferenciadas.

• Nem todas as famílias mobilizam as TICs nem o fazem da mesma forma - a presença das TICs é diferenciada (desigualdades sociais, assim como contextos, rurais ou urbanos, bairros, distâncias).

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• As tecnologias têm de ser contextualizadas em processos sociais mais globais como o processo de individualização e de re-institucionalização da vida familiar no seio da sociedade tardo-moderna, assim como a própria resignificação da infância.

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• As tecnologias têm os seus impactos - podem potencial ou abafar tendências sociais gerais como o processo de individualização e de re-institucionalização da vida familiar no seio da sociedade tardo-moderna permeada pelas redes comunicacionais e têm efeitos na própria construção social da infância.

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• Os media de massa ainda têm um papel preponderante na vida das crianças e nas estratégias parentais (ex: acalmar os miúdos com o canal panda).

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• Modelo ideal-tipo da família em rede: mobiliza a comunicação móvel e em rede em contextos específicos.

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• Rejeição de uma explanação linear no controlo, monitorização e a permeabilidade da tecnologia na vida familiar: Estes processos não ocorrem de um modo linear e sem resistências.

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• Negociação, reajustes, escolhas e decisões não se fazem sem ansiedade e sem conflito. A família em rede não pressupõe um modelo de funcionamento familiar harmonioso nem de socialização primária.

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• Reforço do papel das crianças como actores activos nos processos de mudança

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• O enfoque talvez excessivo na relação das crianças com os media (Livingstone; Buckingham, etc) fez eclipsar a análise do impacto dos novos media nos agregados familiares para além das relações pais-filhos, esquecendo as relações entre os casais, os conflitos e tensões entre eles, os conflitos sobre que regras e que tipos de controlos exercer sobre os filhos, etc.

• Futuras investigações devem ter isto em linha de conta

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• Conceito de “infância em rede”.

• Distanciamento face às designações de infâncias mediadas (já o eram no contexto da comunicação de massa), às designações de infância digital (sofre dos mesmos problemas de designações derivadas da noção de sociedade de informação) ou de geração digital ou electrónica.

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• A emergência da infância em rede não pressupõe a existência da família em rede - as duas realidades não têm necessariamente de estar articuladas ou não implica que estejam em parceria (os membros da família e os pais podem estar envolvidos ou não nas práticas comunicacionais e na vida mediática dos filhos).

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• os conceitos de infância em rede e família em rede não pressupõem abordagens de descontinuidade social face às formas modernas de infância e família.

• Pretendem ilustrar desenvolvimentos emergentes que partem e são constitutivas dessas concepções tardo-modernas, provavelmente (ainda) não generalizáveis às sociedades fora da esfera ocidental.

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• Contra concepções, não da individualização, mas atomização social e auto-centramento dos indivíduos em si mesmos ou da des-institucionalização ou fragmentação da instituicão família.