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TEXTO X TRATAMENTO DE FERIDAS, CURATIVOS E COBERTURAS Rita de Cassia Girão Alencar 1 Lauriana Medeiros e Costa 2 I. INTRODUÇÃO A pele é considerada o maior órgão humano, medindo cerca de 1,5 a 2,0 m no adulto médio. Representa 15% do peso corpóreo e realiza as seguintes funções: proteção do corpo contra o ambiente externo; funciona como barreira química e mecânica para os tecidos subjacentes; participa da termorregulação; excreta água e eletrólitos; colabora na síntese de vitamina D; atua como órgão sensorial vital para a percepção de pressão, dor e temperatura (PIANUCCI, 2004). O corpo sempre teve grande importância para o Homem, através dos tempos. Os Gregos, Romanos e Egípcios sempre cultivaram a beleza e cuidados especiais eram dispensados a pele para que ela se mantivesse saudável e bela. Eram utilizados banhos com leite de cabra, essências e óleos extraídos de plantas e flores, segundo os padrões da época. Doenças de pele como Hanseníase, eram causas de segregação familiar e social, descritos nos escritos bíblicos de diversas religiões. Ainda hoje provocam rejeição e preconceito para os portadores de lesões cutâneas. Há referências de vários estudiosos sobre sentimentos concebidos por profissionais de saúde, como raiva, repulsa, medo de contágio, depressão, em relação às pessoas portadores de lesões de pele, que influenciam diretamente na qualidade da assistência durante o tratamento dessas lesões, DOMANSKY apud BORGES et al (2001). Esses sentimentos negativos acarretam no portador de feridas, alterações pessoais que vão desde a frustração pela dependência em relação aos outros, pela incapacidade de cuidar de seu próprio corpo; pelo início de um processo de perda de auto-estima; pela degradação da auto imagem; até a desagregação da personalidade ocasionando quadros psiquiátricos graves. 1 Enfermeira, Mestre, Docente da Escola de Enfermagem de Natal - UFRN. 2 Enfermeira, Doutoranda em Enfermagem, Docente da Escola de Enfermagem de Natal – UFRN.

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TEXTO X

TRATAMENTO DE FERIDAS, CURATIVOS E COBERTURAS

Rita de Cassia Girão Alencar1

Lauriana Medeiros e Costa2

I. INTRODUÇÃO

A pele é considerada o maior órgão humano, medindo cerca de 1,5 a 2,0 m no adulto médio. Representa 15% do peso corpóreo e realiza as seguintes funções: proteção do corpo contra o ambiente externo; funciona como barreira química e mecânica para os tecidos subjacentes; participa da termorregulação; excreta água e eletrólitos; colabora na síntese de vitamina D; atua como órgão sensorial vital para a percepção de pressão, dor e temperatura (PIANUCCI, 2004).

O corpo sempre teve grande importância para o Homem, através dos tempos. Os Gregos, Romanos e Egípcios sempre cultivaram a beleza e cuidados especiais eram dispensados a pele para que ela se mantivesse saudável e bela. Eram utilizados banhos com leite de cabra, essências e óleos extraídos de plantas e flores, segundo os padrões da época.

Doenças de pele como Hanseníase, eram causas de segregação familiar e social, descritos nos escritos bíblicos de diversas religiões. Ainda hoje provocam rejeição e preconceito para os portadores de lesões cutâneas.

Há referências de vários estudiosos sobre sentimentos concebidos por profissionais de saúde, como raiva, repulsa, medo de contágio, depressão, em relação às pessoas portadores de lesões de pele, que influenciam diretamente na qualidade da assistência durante o tratamento dessas lesões, DOMANSKY apud BORGES et al (2001).

Esses sentimentos negativos acarretam no portador de feridas, alterações pessoais que vão desde a frustração pela dependência em relação aos outros, pela incapacidade de cuidar de seu próprio corpo; pelo início de um processo de perda de auto-estima; pela degradação da auto imagem; até a desagregação da personalidade ocasionando quadros psiquiátricos graves.

Embora os avanços nas áreas de cirurgia plástica, estética e reparadora, bem como na área da cosmética, tem oferecido condições de melhoria na auto-imagem, as condições sócio-econômicas da maioria das pessoas, não permite o acesso a esses benefícios.

Na atualidade, portanto o tratamento de feridas tem uma abordagem ampla e multiprofissional, na preservação e manutenção da integridade da pele, bem como no tratamento de suas lesões.

II. ANATOMIA DA PELE

Estudar o tecido Epitelial não é simples. Requer dos profissionais que atuam na área de saúde, conhecimento das peculiaridades e alterações relacionadas as alterações do corpo, a idade do indivíduo, dos estados orgânicos, além dos agentes e fatores externos e internos que influenciam a pele.

A pele também é chamada de tegumento, tem três camadas, a saber: Epiderme, ou camada externa; Derme ou córion; Hipoderme, ou tecido celular subcutâneo.

1 Enfermeira, Mestre, Docente da Escola de Enfermagem de Natal - UFRN.2 Enfermeira, Doutoranda em Enfermagem, Docente da Escola de Enfermagem de Natal – UFRN.

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Na figura a seguir são apresentadas as camadas da pele:

Figura 1: Camadas da pele

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. p. 10

Epiderme - camada superficial, bem fina com a variação de 0.004 mm nas pálpebras, a 1.6 mm, nas regiões palmares e plantares. É formada por um epitélio queratinizado e escamoso, sem vascularização. Possui duas sub-camadas: camada córnea, mais externa; camada basal, mais interna.

A Constituição da Epiderme é formada pelas células queratinócitos, que formam a camada córnea (mais externa).

A Camada morta, mais superficial é formada por queratina, ou serve de barreira para os germes, além de ser quase impermeável à água. O seu PH, pode ser ácido ou neutroalcalino.

Outras células da Epiderme são os melanócitos, que são responsáveis pela síntese da melanina, que determina a cor da pele e sua proteção contra a ação dos raios ultravioletas.

Outro componente da epiderme são as células de Langerhans, que tem a função imunológica. Existe ainda as células de Merkel, com envolvimento na sensibilidade tátil (VALENTE, 1997).

Derme – Camada mais profunda e espessa de 1 a 4 mm. É composta por fibras colágenas e fibroblastos, possuem vascularização sangüínea, nervos sensitivos: Tátil, Térmico e Doloroso. Nesta camada tem folículos pilosos, os músculos eretores dos pêlos e as glândulas sebáceas. Possui ainda as fibras: colágenas (95% da derme) elásticas (constituídas de fibrina) e fibras reticulares. Estas formam um gel que dão resistência a pele nos traumas mecânicos, como compressão e estiramento (PORTO, 2000).

Hipoderme ou Panículo adiposo ou tecido areolar ou tecido celular subcutâneo: Terceira camada da pele. É constituído por tecido adiposo e glândulas sudoríparas. Possui terminações nervosas e vasos sangüíneos. É um tecido frouxo com maleabilidade e elasticidade, excetuando-se nas regiões palmares, plantares e dedos. Sua espessura varia entre 0.5 mm a 3 ou 4 mm, fazendo uma barreira entre o meio interno e externo.

Alguns elementos da pele devem ser observados para detectar normalidade ou anormalidade, são eles: coloração, integridade, ou continuidade, umidade, textura, espessura, temperatura, elasticidade, mobilidade, turgor, sensibilidade e presença de lesão.

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Coloração - mostra a quantidade de melanina e variam, segundo Porto (2000) em: Normal – levemente rosada em indivíduos brancos. Na pele escura essa característica é dificultada. As alterações da coloração, são: palidez, vermelhidão, ou eritrose, cianose, icterícia, albinismo, bronzeamento solar, urticária e outros.

Integridade - varia de acordo com os agentes, desde os patológicos até os traumáticos, abrasivos e causticantes.

Umidade, Textura e Espessura da Pele - São indicadores de disfunção orgânica A pele mantêm-se úmida e pode eliminar até 4 litros de suor em uma hora. Esta umidade está diminuída nos idosos, pessoas com distúrbios renais, intoxicações, avitaminoses “A” e desidratação. Quanto a pele pode ser áspera, fina ou enrugada, de acordo com a idade, estilo de vida, distúrbios hormonais, perda de peso, etc.

Temperatura - varia de 30° ou 35°C, dependendo do local, meio ambiente, estado emocional, sono e ingestão alimentar. São relevantes na regulação da temperatura, os corpúsculos de Krausse, localizados na derme.

Elasticidade e Mobilidade da Pele – São avaliadas simultaneamente, que compreende a capacidade de distender-se e deslocar-se, sobre planos profundos das áreas. Esses dois elementos não são essenciais no processo de cicatrização das feridas, mas ajudam muito, nos externos de pele.

Turgor - É um indicador de hidratação ao se efetuar uma prega na pele, com os dedos, o que se desfaz rapidamente, quando solta.

Sensibilidade - É constituída de quatro modalidades: dor, calor, frio e tato, mantido por terminações nervosas.

Outras estruturas da pele são os vasos sangüíneos superficiais e profundos, localizados a partir da derme, pois a epiderme não é vascularizada, sendo nutrida por substancias vindo da derme.

Os vasos linfáticos também fazem parte da estrutura da pele, formando um plexo linfático profundo na camada dermo-hipodérmica.

A pele é formada por musculatura lisa, que constitui os músculos eretores dos pelos os dartos escrotais e a musculatura dos mamilos. O outro tipo de músculo da pele é o estriado, encontrado no pescoço e na face, este responsável pelas expressões faciais de mímicas.

Os últimos componentes da pele são os anexos cutâneos: glândulas sudoríparas. Sebáceas. Os pêlos e as unhas. As glândulas sudoríparas eliminam o suor pelos poros, sendo inodoro e incolor este líquido, mais rico em sais minerais. Algumas destas glândulas eliminam secreções leitosas e odor fétido. Atribuído 'a ação das bactérias.

As glândulas sebáceas estão em toda a pele e sua secreção é denominada sebum e ocorre independente da estimulação nervosa.

Os pelos são estruturas filiformes constituídas por queratina, sendo do tipo lanugo, fino e pouco desenvolvido; ou pêlo terminal - espesso e pigmentado, como cabelo, barba, etc. duram de dois dias a cinco anos no couro cabeludo, eretores dos pêlos e as glândulas sebáceas. Possui ainda fibras: colágenos (95% da derme), elásticas (constituídas de fibrinas e elastina) e fibras reticulares. Estas formas um gel que dão resistência 'a pele nos traumas mecânicos, como compressão e estiramento.

III - FERIDAS

Conceito:Ferida é definida como qualquer lesão no tecido epitelial, mucosas ou órgão com

prejuízo de suas funções básicas (UNICAMP, 1999). Causas:

Extrínsecas: cirurgias, perfurações por arma de fogo, arma branca, etc.

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Intrínsecas: insuficiência venosa ou arterial, diabetes, doenças degenerativas, entre outras.

Classificação das feridas:

Quanto ao mecanismo de lesão: Incisa: quando não há perda de tecido e as bordas são aproximadas, como em incisão

cirúrgica; Contusa: causada por objeto rombo; Cortocontusa: causada por mordedura;Lacerada: quando a pele é rompida por força externa de grande intensidade, causando

sua ruptura irregular, como em casos de amputação traumática;Perfurante: causada por prego e agulha;Perfurocontusa; causada por projétil de arma de fogo; Térmica: causada por frio ou calor; Iatrogênica: reação adversa a uma terapia;E scoriação : quando a pele é arrastada sobre superfície áspera, como nos casos de

acidente com motocicleta.

Quanto ao rompimento das estruturas superficiais:Ferida aberta: sem aproximação de bordos;Ferida fechada: com aproximação de bordos e/ou sutura.

Quanto à profundidade da lesão:A profundidade de uma lesão representa a distância a partir da superfície visível da

lesão até o ponto mais profundo da base da ferida. Essa classificação faz referência às camadas da pele que foram atingidas, logo, não se aplica à lesões fechadas, como as cirúrgicas e aquelas com aproximação das bordas. Assim, de uma forma geral pode-se classificar a profundidade de uma lesão como:

Superficial: quando a lesão atinge apenas a epiderme.Perda Parcial de tecido ou Ferida de espessura parcial: quando a lesão atinge a epiderme

e chega à derme.Perda Total de tecido ou ferida de espessura total: quando a lesão atinge a epiderme, a

derme e o tecido subcutâneo ou hipoderme, ou seja, atingiu todas as camadas da pele. Também pode ser chegar a músculos, tendões e ossos.

Para queimaduras, além desta

classificação também pode ser utilizado o

termo GRAU, havendo quatro graus para

as lesões, conforme a profundidade das

camadas da pele atingida, como é

mostrado na figura ao lado:

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Manual

de Condutas para úlceras neurotróficas e

traumáticas. Brasília: Ministério da Saúde,

2002. p. 17

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Contudo, para as úlceras por pressão, problema bastante comum para o paciente que fica acamada ou faz uso de cadeira de rodas, a classificação da profundida da lesão é feita em ESTÁGIOS. Conforme o Protocolo de Prevenção e Tratamento das Úlceras por Pressão elaborado pelo Conselho Regional de Enfermagem (COREN, 2010, p. 8), existem quatro estágios da úlceras por pressão, descrito no quadro a seguir:

Quanto à etiologia:Aguda: quando o processo cicatricial acontece de maneira fisiológica e sem retardo por

fatores extrínsecos (pressão sobre a lesão) ou intrínsecos (doença subjacente, infecção). É importante ressaltar que as lesões cicatrizam de forma diferente, conforme sua extensão, profundidade, localização, dentre outros fatores. Desta forma, estabelece-se um tempo médio de 60 dias para a cicatrização, contudo, é importante conhecer o paciente de forma integral para compreender se a cicatrização está acontecendo de maneira normal e sem prolongamento de tempo. Como exemplo de feridas agudas, têm-se as de origem cirúrgica, as incisões, e as de origem não-cirúrgica, as queimaduras.

Crônica: quando o processo cicatricial é retardado por fatores intrínsecos e/ou extrínsecos. O fator mais comum é a infecção, pois causa a morte tecidual, retardando a cicatrização. É comum a cronificação nas lesões cirúrgicas infectadas e com deiscência (abertura da lesão e rompimento dos pontos de sutura), como também em lesões de origem não cirúrgica, como as úlceras. Nos anexos deste capítulo há um quadro resumo sobre os principais tipos de úlceras: úlcera arterial; úlcera venosa: úlcera diabética; úlcera por pressão; úlcera relacionada à umidade; úlcera neuropática (relacionada à neuropatia periférica, como a perda da sensibilidade protetora no diabetes e na hanseníase).

Quanto ao grau de contaminação:Limpa: não apresenta inflamação;Limpa contaminada: lesão com tempo inferior às 6h entre o trauma e o atendimento e sem contaminação significativa;Contaminada: lesão com tempo superior às 6h entre o trauma e o atendimento com presença de contaminantes, mas sem processo infeccioso;Infectada: presença de agentes infecciosos locais e lesão com reação inflamatória e destruição dos tecidos

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O profissional de enfermagem deve estar atento ao aparecimento de sinais de inflamação e infeccção, a saber:

Inflamação: processo fisiológico caracterizado por eritema (vermelhidão local), dor, calor (aumento da temperatura local) e edema (inchaço local).

Infecção: invasão de um tecido normalmente estéril por um microorganismo, que leva à resposta inflamatória local, ou, em alguns casos, à resposta imunológica manifestada pela formação de anticorpos. A infecção local é caracterizada por: processo inflamatório persistente, sensibilidade persistente, drenagem purulenta, odor pútrido (fétido), calor, ausência de cicatrização ou aumento do tamanho da ferida. Quando há infecção sistêmica aparece: febre, aumento de leucócitos (células de defesa analisadas através do hemograma), taquicardia, fadiga, hipotensão e confusão mental.

Também importante na compreensão e descrição de uma lesão, é a identificação do tipo de exsudato e do tecido presente na ferida aberta, pois em feridas fechada só existe a visualização da lesão e não de suas estruturas subjacentes.

O exsudato é material fluido, com células que saem dos vasos com alto teor de proteína, e materiais sólidos. É descrito em termo de coloração, quantidade (grande, moderada, pouca), odor (característico ou fétido) e aspecto (fluido ou espesso). Pode ser classificado em: hemorrágico ou sanguinolento, seroso, purulento e serossanguinolento. Os exsudatos seroso e serossanguinolento são considerados normais, o purulento indica infecção e o hemorrágico demonstra rompimento de vasos sanguíneos. Conforme o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), uma úlcera seca não apresenta exsudato; a úlcera ligeiramente úmida possui exsudato escasso, não mensurável; a molhada, com pequena quantidade de exsudato envolve uma área menor ou igual a 25% de sua cobertura; um exsudato moderado corresponde a uma úlcera saturada, com uma drenagem que envolve entre 25% a 75% da cobertura; um exsudato em grande quantidade corresponde a uma úlcera banhada de fluidos, com drenagem livre, envolvendo mais que 75% da cobertura.

Os tecidos presentes na lesão são denominados:Tecido de granulação: composto de capilares e colágeno, apresenta-se com aspecto vermelho, brilhante e úmido. Tecido de epitelização: multiplicação das células epiteliais nas bordas da ferida, cor rosa-azulada ou branco-rosado, quando se espalha pela superfície da ferida tem cor branca – rosada.Tecido necrótico: área isquêmica, tecido morto, crosta, de cor preta, marrom, cinzenta ou esbranquiçada.Tecido com esfacelos: é composto de células mortas que se acumulam no exsudato, de cor branca/amarela. Tecido fibrinoso: apresenta cor amarela, de consistência cremosa, que pode recobrir toda a lesão ou parcialmente, sendo mais comum sua deposição sobre o tecido de granulação. Embora a fibrina seja um tecido integrante do processo cicatricial, o seu acúmulo em excesso na superfície da lesão, dificulta a absorção do produto aplicado localmente, daí porque, algumas vezes, são aplicadas medidas para remoção do excesso de fibrina.

Processo da cicatrização das feridasBorges (2001) e Hess (2002) dividem o processo de cicatrização em três fases: fase

inflamatória, fase proliferativa e fase de maturação, descritas a seguir:

Fase inflamatória ou exsudativa ou de latência

• Há uma vasoconstricção que dura de 5 a 20 minuto para ativação do sistema de coagulação sangüínea e formação do coágulo

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• Depois vasodilatação para o extravasamento do plasma e Fagocitose leucocitária no local da lesão com o aparecimento de sintomas inflamatórios: edema, eritema, calor e dor.

• Dura cerca de três a seis dias

Fase Proliferativa Ou Reepitelização ou Regenerativa

Acontecem os fenômenos: angiogênese, deposição de colágeno, formação de tecido de granulação, contração da ferida e reepitelização (BORGES, 2001; BLACK, 1993).• Na fase proliferativa está presente também a epitelização • Dura cerca de 4 a 21 dias;• Neovascularização (angiogênese);• Formação de colágeno;• Contração da ferida e epitelização.

Fase Reparativa ou de maturação

• Há o amadurecimento da ferida resultante do fortalecimento e modelagem das fibras de colágeno.

• A cicatriz reduz de tamanho, afina-se e perde o tom de vermelho intenso. Pode caracterizar-se pela hiperpigmentação ou hipopigmentação;

• Ao final da cicatrização, somente 80% da força tecidual original são recuperados, (EAGLSTEIN, W.H., apud BORGES(2005).

• Fase Reparativa ou maturação• Última fase, dura em média de 21 dias após o ferimento há meses ou anos;• Diminui a capilarização e dos fibroblastos;• Há maturação das fibras de colágeno;• Aumenta a resistência do tecido;• Diminui a espessura da cicatrização.

As etapas descritas sobre o processo de cicatrização pode ser resumidas no quadro esquemático que segue:

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Figura 2: Processo de Cicatrização

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. p. 13

Fatores que Influenciam a Cicatrização

Fatores sistêmicos• Tabagismo – ato de fumar reduz a tensão de oxigênio no sangue e no tecido subcutâneo

e leva a hipóxia tecidual.• Idade – tecido menos elástico e menos resistente. Feridas idênticas cicatrizam mais

rapidamente na criança do que no idoso.• Doenças crônicas – insuficiência renal insuficiência vascular e diabete reduzem a

capacidade de síntese do colágeno• Má perfusão dos tecidos e oxigenação: anemia e doenças que alteram o fluxo

sanguíneo;• Hormônios: puberdade, menopausa.• Alterações nutricionais - a deficiência deprime o sistema imune e diminui a síntese de

tecidos de reparação. • Anemia• Obesidade - recebem aporte insuficiente de oxigênio e nutrientes.• Deficiência protéica;• Hipovitaminoses A e C - levam à diminuição da síntese de colágeno.• Uso de algumas drogas – corticóides e hormônios, quimioterápicos e irradiação.

Fatores locais• Infecção;• Ferida ressecada;• Edema e obstrução linfática: diminui o fluxo sanguíneo;• Hemorragia, Hematoma;• Corpo estranho: implante de silicone, válvulas cardíacas artificiais;

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• Tecido necrótico; excesso de fibrina.• Hiperatividade do paciente: dificulta a aproximação das bordas da ferida.• Métodos de limpeza e coberturas inadequados.

Tipos de Cicatrização

• Primeira intenção (união primária): ocorre quando as bordas da feridas são justapostas ou aproximadas, havendo perda mínima de tecido, ausência de infecção e edema mínimo. Exemplo: incisão cirúrgica.

• Segunda intenção - ocorre perda de tecido, as bordas não podem ser aproximadas, há presença de tecido de granulação para preenchimento de espaço morto. Exemplo: área doadora de enxerto. Essas feridas cicatrizam através da migração e multiplicação, de forma a preencher o leito da ferida, como pode ser observado na figura abaixo:

Figura 3: Fisiopatologia da Cicatrização por segunda intenção.Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. p. 12

• Terceira intenção (sutura secundária ou primeira intenção retardada): caso uma ferida cirúrgica apresente infecção, deixa-se aberta para drenagem do exsudato e o cirurgião procederá a reaproximação dos bordos através de nova sutura. Contudo, algumas vezes o tipo de lesão não permite nova sutura, seguindo o processo cicatricial aberta.

IV - CURATIVO

Conceito:Conjunto de cuidados dispensados a uma lesão ou úlcera, visando proporcionar

segurança e conforto ao doente e favorecer a cicatrização.

Objetivos:• Tratar e prevenir infecções; • Eliminar os fatores desfavoráveis que retardam a cicatrização e prolongam a

convalescença, aumentando os custos de tratamento; • Diminuir infecções cruzadas, através de técnicas e procedimentos corretos.

Finalidades:• Remover corpos estranhos; • Reaproximar bordas separadas;• Proteger a ferida contra contaminação e infecções; • Promover hemostasia;• Preencher espaço morto e evitar a formação de seroma – hematoma;• Favorecer a aplicação de medicação tópica;

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• Fazer desbridamento mecânico e remover tecido necrótico;• Reduzir edema; • Absorver exsudato e edema;• Manter a umidade da superfície da ferida;• Fornecer isolamento térmico; • Proteger a cicatrização da ferida;• Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida; • Dar conforto psicológico;• Diminuir a intensidade da dor.• Reduzir edema; • Absorver exsudato;• Manter a umidade da superfície da ferida;• Fornecer isolamento térmico; • Proteger a cicatrização da ferida;• Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida; • Dar conforto psicológico;• Diminuir a intensidade da dor.

Tipos de curativoUma vez que curativo representa um conjunto de cuidados, deve-se lembrar que nem

sempre a ferida, após ser limpa, necessitará ser coberta com gaze ou outra cobertura, por isso o curativo pode ser classificado em:

Oclusivo: oclui a lesão, sendo realizado em lesão aberta e lesão cirúrgica (primeiras 48 horas ou enquanto há exsudato). Pode ser:

Úmido: tipo de curativo em que é aplicada cobertura para promover a umidade, como soro fisiológico. Geralmente empregado em lesões abertas, pois há exposição das camadas da pele que desidratam e morrem na ausência de umidade. Segundo Borges (2001), as vantagens do curativo oclusivo úmido são: estimular a epitelização, a formação do tecido de granulação e maior vascularização na área da ferida; facilitar a remoção de tecido necrótico e impede a formação de espessamentos de fibrina; servir de barreira protetora contra microorganismos; promover a diminuição da dor; manter a temperatura corpórea; evitar a perda excessiva de líquidos; evitar traumas na troca do curativo, (Borges, 2001).

Seco: tipo de curativo em que é aplicada cobertura seca sobre a lesão, empregado em ferida cirúrgica, área de inserção de cateter e dreno.

Aberto: sem cobertura sobre a lesão, realizado em lesão cirúrgica após as 48 horas ou quando não há mais exsudato.

Compressivo: realiza compressão da lesão e área ao redor da lesão (perilesional) no intuito de promover hemostasia (para perda de sangue) ou favorecer o retorno venoso (terapia compressiva).

Passivo: aquele que simplesmente oclue e protege a ferida, não valorizando sua atuação e nem as demandas da lesão. Ex: gaze.

Interativo: aquele que participa no controle ambiental da ferida, favorecendo a restauração do tecido. Ex: hidrogel, hidrocolóide.

Bioativo: aquele que estimula diretamente substâncias ou reações de cascata da cicatrização, como os fatores de crescimento e os ácidos graxos essenciais.

Características do curativo ideal para o tratamento de feridas:• Promover e manter o meio úmido para a cicatrização;

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• Permitir trocas gasosas de oxigênio, dióxido de carbono e vapor de água;• Fornecer isolamento térmico; • Ser impermeável;• Estar isento de partículas contaminantes; • Não ser aderente;• Ser seguro para uso; • Ser aceito pelo paciente;• Ser absorvente; • Servir para transporte de medicamento;• Permitir o monitoramento da ferida;• Oferecer proteção mecânica;• Manter constante suas propriedades; • Não ser inflamável;• Ser esterilizável; • Ser confortável; • Estar disponível;• Permitir diminuição do tempo de troca.

Limpeza da lesão:

O processo de limpeza envolve a remoção de tecidos desvitalizados, restos celulares, exsudato e diminuição da quantidade de microorganismos presentes na lesão. Pode ser realizado com gaze umedecida ou por irrigação. Utiliza-se sempre soro fisiológico, de preferência levemente aquecido, para evitar perda de calor, algo que desacelera o processo cicatricial. A limpeza mecânica é realizada com gazes umedecidas com soro fisiológico. Já a irrigação promovida por jato de soro fisiológico gerado por seringa de 20mL e agulha de grosso calibre (40x12 ou 25x8) ou frasco de soro furado por agulha de grosso calibre (40x12 ou 25x8). Conforme Brasil (2002), a irrigação pode ser realizada com pressão variada, várias vezes, até a completa retirada de detritos e microorganismos. Para úlceras com tecido de granulação faz-se irrigação com pouca pressão, sendo contra-indicado utilizar gaze umedecida, pelo risco de gerar sangramento e remover os novos tecidos. Já em tecido necrótico é possível utilizar gaze umedecida e/ou irrigação com maior pressão, de maneira a estimular sua remoção.

Em um sentido prático, deve-se relembrar que toda limpeza possui sentido, do menos para o mais contaminado, de forma a prevenir a propagação de infecção. Observe os exemplo que seguem para compreender melhor esta questão:

Exemplo 1: ferida cirúrgica nas primeiras 48 com pontos de sutura =» inicia-se a limpeza pela lesão, intencionalmente gerada, em seguida, procede-se à limpeza da área perilesional, de cima para baixo, um lado e após esta, o outro lado. Após as 48 horas, não havendo exsudato nem outras sinais inflamatórios ou infecciosos, o curativo será aberto ou o paciente, usando sabonete neutro, fará a limpeza da lesão durante o banho.

Fonte: HESS, Cathy Thomas. Tratamento de feridas e úlceras. Rio de Janeiro: Afonso & Reichamann, 2002, p. 38.

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Exemplo 2: ferida aberta, não-cirúrgica =» inicia-se a limpeza pela área perilesional com gaze umedecida, de cima para baixo, um lado e depois o outro; em seguida, procede-se à limpeza da área lesional por meio de irrigação.

Exemplo 3: lesão aberta de formato puntiforme ou arredonda =» segue a técnica geral de lesão aberta, contudo a área perilesional poderá ser limpa em sentido de 360º, evitando-se que idas e vindas com a gaze possa propagar infecção.

Fonte: HESS, Cathy Thomas. Tratamento de feridas e úlceras. 4. ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Afonso, 2002, p. 38.

Exemplo 4: lesão cirúrgica infectada ou cicatrizando por terceira intenção =» a área cirúrgica de onde procede o exsudato, neste situação, é a mais contaminada, logo, será a última na limpeza. Algumas destas lesões formam cavidades, esta cavidade pode ser limpa através de irrigação com soro fisiológico em seringa de 20mL com uma sonda adaptada na ponto. Lembrar de não fazer uma pressão excessiva nesta limpeza e que o ponto de onde provenier maior quantidade de exsudato deverá ser o último a ser tratado, devendo-se também, prevenir que as demais regiões não sejam contaminadas.

A partir destes exemplos é possível demonstrar que o mais importante é racionar sobre a prática, para garantir a segurança do paciente. Também é oportuno ressaltar que a gaze a ter contato com a lesão ou área perilesional deve ser sempre estéril, devendo ser sempre mudado o lado após a limpeza e/ou ser feita a troca da gaze. Já o jato de soro deve ser aplicado de cima para baixo.

Após a limpeza, remove-se o excesso de umidade com gaze seca apenas da área onde não existe exposição de camadas internas da pele, ou seja, apenas na área perilesional de feridas abertas, pois a área lesional deverá permanecer úmida. Para feridas fechada ou cirúrgica, procede-se a secagem na mesma seqüência em que houve a limpeza.

Desbridamento

É a remoção de tecidos desvitalizados, deixando a ferida em condições adequadas para cicatrização. Não fazer em feridas isquêmicas secas e em doenças terminais.

Métodos de desbridamento:• Cirúrgico ou Instrumental Cortante : É realizado com uso de tesouras e lâmina de

bisturi, é um procedimento restrito ao médico ou ao enfermeiro dermatologista.• Mecânico : Remoção dos tecidos inviáveis do leito da ferida com uso de força física,

pressão manual ou irrigação.• Autolítico : Manter-se a ferida em meio úmido, promovido por coberturas oclusivas ou

semi–oclusivas para que o próprio organismo faça a degradação natural com enzimas.

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• Químico ou Enzimático : Degradação dos tecidos necróticos com a utilização de enzima proteolítica exógena que romperão o colágeno.

Produtos e CoberturasSegundo Brasil (2002), como o termo curativo diz respeito ao tratamento tópico para a

lesão, designa-se cobertura o produto a ser utilizado para cobrir a lesão. Pode ser classificado em:

Cobertura Primária: esta em contato direto com o leito da lesão, deve ser permeável aos fluidos, não-aderente e impermeável às bactérias;

Cobertura Secundária: é colocada acima da primária, devendo ter capacidade de absorção e proteção;

Cobertura Mista: aquela que possui duas camadas, uma em contato com a lesão e outra em contato com o ambiente externo. Existe uma grande variedade de coberturas, sendo a área que mais avança na dermatologia. A seguir, é apresentado em quadro sintético sobre produtos e coberturas:

Quadro: Principais produtos e coberturas

PRINCÍPIOS DO CURATIVO PRODUTOS GENÉRICOSLimpeza – Produtos usados para limpar e remover tecido desvitalizado

- Soro fisiológico 0,9%, natural ou morno.

Absorção – Produtos usados para absorver o exsudado. - Pasta, grânulos;- Curativos absorventes não aderentes;- Curativo composto;- Alginatos;- Espumas;- Hidrocolóides;- Chumaços;- Curativo de carvão com prata.

Desbridamento autolítico – Processo de desbridamento que utiliza as enzimas do próprio corpo para quebra dos tecidos necróticos.

- Filmes transparentes;- Hidrocolóides;- Hidrogéis.

Desbridamento enzimático – Utiliza agentes enzimáticos que estimulam a quebra dos tecidos necróticos.

- Colagenase;- Papaína.

Manter o meio ambiente úmido - Curativos de baixa aderência;- Tules impregnados e não impregnados com medicamentos; - Filmes transparentes;- Curativos compostos;Espumas;- Hidrocolóides;- Hidrogéis;Ácidos graxos essenciais.

Preencher espaços mortos - Alginatos;- Tules impregnados e não impregnados de medicamentos; - Espumas.

Proteção e cobertura de feridos – Produtos usados para cobrir a ferida e promover proteção do meio ambiente externo.

- Gazes comuns; - Curativos absorventes não aderentes;- Tules impregnados e não impregnados com medicamentos;- Bandagens;Chumaços;- Hidrocolóides;- Filmes transparentes.

Proteção da pele ao redor - Ácidos graxos essenciais (AGE);- Filmes transparentes;- Hidrocolóides; Òxido de zinco.

Compressão terapêutica - Bandagens elásticas e inelásticas;- Bandagens de camada múltipla;- Meias de compressão.

Para maiores informações sobre coberturas, consulto os anexos deste capítulo, onde há um quadro resumo sobre as principais coberturas.

Tipos de enfaixamento:

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Para a fixação de curativo em membros, tórax, abdome e couro cabeludo, muitas vezes é necessário realizar o enfaixamento, ou seja, a aplicação de bandagem, como é mostrado nas figuras a seguir:

Fonte: POTTER, Patrícia; PERRY, Anne. Grande

tratado de enfermagem prática. 3. ed. São Paulo: Santos, 2005.

Seqüência de realização do curativo:

Em sentido geral, para a realização do curativo é necessário seguir alguns passos:

1. Organizar o ambiente;2. Acolher o paciente, anotar seus dados e separar material necessário à realização

de seu curativo;3. Higienização das mãos;4. Explicar o procedimento ao paciente;5. Realizar a técnica de curativo de forma asséptica: remover o curativo anterior,

realizar limpeza, remover do excesso de umidade, preservar a umidade na área lesional de feridas abertas, aplicar a cobertura e fixar o curativo

6. Prestar orientações ao paciente, para favorecer a qualidade de vida;7. Reorganizar a sala de curativo ou leito da enfermaria, após o procedimento;8. Higienização das mãos;9. Anotar os dados do procedimento.

Materiais para realização do curativo:o Luvas, gorro, óculos, jaleco, máscara e calçado fechado;o Luvas de procedimento: para remoção do curativo;o Luvas estéreis: para a realização do curativo;o Soro fisiológico;o Seringa de 20mL e agulhas 40x12 ou 25x8;o Gaze, chumaço de gaze e compressa estéreis;o Atadura;o Pacote de curativo com pinçaso Recipiente para escorrer a irrigação da ferida, tal como balde ou bacia, coberto

com saco plástico.

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o Balde de lixo com saco;o Esparadrapo ou micropore;o Cobertura indicada para o paciente;o Lâmina de bistury, caso seja necessária a remoção de pontos de sutura;

A seguir, é apresentado a ficha de avaliação de desempenho, onde toda a técnica de curativo é descrita, sendo também um instrumento para avaliação discente.

FICHA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

NOME: ATIVIDADE DESEMPENHO

CURATIVO SIMPLES

Prepara o material necessário. Coloca o paciente em posição confortável, preservando sua

individualidade. Interroga o cliente quanto a história do ferimento. Orienta sobre o que será feito. Lava as mãos com água e sabão. Realiza o curativo, efetuando a limpeza com gaze

umedecida, primeiro na área lesional e depois na área

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(ferida cirúrgica) perilesional. Observa as características da ferida: extensão, cor, tipo de

tecido, edema, dor, calor, rubor e presença de secreção (exsudato).

Seca a lesão cirúrgica e depois a área perilesional. Caso necessite retirar os pontos de sutura, usar bisturi com

pinça ou segurá-lo na mão dominante com luva estéril. A técnica requer colocar a parte cortante do bisturi voltada para cima, de forma a evitar dano ao tecido. Retiram-se os pontos apenas se houver a visualização de total aproximação das bordas da lesão (2-4 dias pescoço, após 7 dias no couro cabeludo, 6-10 dias no tronco e extremidades, 8 a 12 dias nas extremidadas). Caso contrário, pode ser feita a técnica alternada ou intercalada, em que se retira um ponto e preserva o seguida. Desta forma, a metade dos pontos é removida e em dia seguinte, quando estará concluída a aproximação da bordas, os últimos pontos serão removidos. Após essa etapa, a limpeza e a secagem são refeitas segundo a seqüência anteriormente descrita.

Utiliza cobertura indicada. Fixa o curativo com esparadrapo (pequena área) ou atadura

(lesão mais extensa, em membros, tórax ou couro cabeludo).

Deixa em ordem o material e o local. Higieniza as mãos. Registra os dados e cuidados prestados em formulário

próprio: tipo de curativo (aberto, oclusivo, compressivo), características da lesão (tipo de lesão, localização anatômica, odor, exsudato, sinais inflamatórios ou infecciosos), material utilizado, descrição do procedimento e informações oferecidas ao paciente.

FICHA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

NOME: ATIVIDADE DESEMPENHO

CURATIVO SIMPLES (ferida não-cirúrgica)

Prepara o material necessário. Coloca o paciente em posição confortável, preservando sua

individualidade. Interroga o cliente quanto a história do ferimento. Orienta sobre o que será feito. Lava as mãos com água e sabão. Realiza o curativo, efetuando a limpeza da área perilesional

com gaze umedecida e depois da área lesional com irrigação (do local menos contaminado para o mais

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contaminado). Avalia a ferida quanto a: extensão, edema, dor, calor, rubor

e presença de secreção. Seca a área perilesional e preserva a umidade da área

lesional. Utiliza cobertura indicada. Fixa o curativo com esparadrapo (pequena área) ou atadura

(lesão mais extensa, em membros, tórax ou couro cabeludo).

Deixa em ordem o material e o local. Lava as mãos com água e sabão. Registra os dados e cuidados prestados em formulário

próprio: tipo de curativo (aberto, oclusivo, compressivo), características da lesão (tipo de lesão, localização anatômica, tipo de tecido, odor exsudato, sinais inflamatórios ou infecciosos), material utilizado, descrição do procedimento e informações oferecidas ao paciente.

ANEXOS

QUADRO RESUMO: CARACTERÍSTICAS DAS ÚLCERAS

Tipo de lesão

Neurotrófica Venosa Arterial Pressão Relacionada à umidade

Prevenção Inspeção diária; Hidratação e

lubrificação da pele; Monitoramentoda sensibilidade;

Proteção na Atividade da Vida Diária (AVD);

Uso de palmilhas e

Elevação dasPernas; Uso de meias

com média compressão;

Caminhadas e Exercícios para

panturrilha; EvitarTraumatismos.

Controlar hipertensão e

Diabetes; Elevar a

cabeceira da cama; Evitar

traumatismos.

Alívio periódico de

Pressão; Proteção de

proeminênciasósseas.

Prevenir exposição

excessiva da pele a umidade, principalmente relacionado a incontinência

urinária e fecal.

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calçados adequados.

Causa - Microangiopatia- Falta de sensibilidade

protetora

- Estase venosa - Arteriosclerose

- Pressão contínua

- Exposição contínua à umidade.

Dor- Ausência de dor - Moderada - Severa;

- Aumenta com a elevação das

pernas.

- Presente ou não.

- Presente

Localiza-ção

maisfreqüente

- SuperfíciePlantar

- Maléolo medial;- Terço distal da

perna

- Perna- Calcanhar

- Dorso do pé eartelhos

- Proeminências ósseas

- 7 regiões clássicas:

Sacra /Trocanterica /

Maleolar /Calcânea

- Região genital,

frequentemente no sulco anal.

Outrascaracterísti

cas

- Borda circular;- Geralmente desenvolveem áreas

de alta pressãoplantar;

- Área da úlcera équente e rosada;

- Pode ser superficialou profunda;

- Pode ser infectada ou não;

- Associadas às calosidades

- Borda irregular- Base vermelha- Pigmentação

perilesional- Edema

- Pulsos presentes- Eczema

- Borda irregular

- Base pálida e fria

- Multifocal- Tendência a

sernecrótica- Pulsos

reduzidos ouausentes- Cianose

- Ausência dePelos.

- Variada comacometimentoda epiderme etecidos maisprofundos.

- Pele brilhante e umidade por incontinência;

- Lesões irregulares,

superficiais e na forma de vários pontos difusos;

- Necrose é incomum.

- Podem estar associadas à

úlcera por pressão.

QUADRO RESUMO: PRODUTOS E COBERTURAS NOTRATAMENTO DE LESÕES

NOME DO

PRODUTO

NOME COMER

CIAL

COMPOSIÇÃO

APRESENTA

ÇÃO

AÇÃO INDICAÇÃO

CONTRA-INDICA

ÇÃO

APLICAÇÃO E TROCA

Soro fisiológi-

co a 0,9%

Soro fisiológi-

co a 0,9%

Cloreto de sódio a 0,9%

Líquido Mantém umidade; Favorece

desbridamento

autolítico e formação

do tecido de

Manutenção da

umidade da ferida

Feridas com cicatrização por primeira intenção e locais de

inserção de catéteres,

introdutores,

Umedecer as gazes de contato idealmente três vezes ao dia, a fim de manter o leito da ferida úmido, ocluir com gazes estéreis e secas. As trocas deverão ser feitas conforme a

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granulação. fixadores externos e

drenos.

saturação da cobertura secundária ou no máximo a cada 24 horas.

Ácidos graxos essenciais

Dersani, Pielsana, Somma

care, AGECre

mer Óleo, AGEDerm,

Ativoderme,

Lin'Óleo

Óleo vegetal

composto por ácido linoléico, caprílico, cáprico, capróico, vitaminas

A, E, e lecitina de

soja .

Óleo Mantém a umidade da ferida;Promovequimiotaxia (atração de leucócitos), angiogênese (formação de novos vasos sangüíneos) e acelera o processo de granulação tecidual.

Prevenção de úlceras por pressão, venosa e neurotróficas; Tratamento de feridas abertas .

Cicatrização por primeira intenção; hipergranula-ção e hiper-sensibilidade

Após limpeza com SF 0,9%, aplicar o AGE diretamente no leito da úlcera ou aplicar gaze úmida o suficiente para mantê-la úmida até a próxima troca. Ocluir com cobertura secundária (gaze e compressa seca) e fixar. A periodicidade de troca deverá ser até que o curativo secundário esteja saturado ou a cada 24 horas.

Papaína Papaína Enzima proteolítica retirada do látex do vegetal mamão papaia (Carica Papaya)

Pó, gel, creme ou solução.

Debridamento enzimáti-co; Tem ação bactericida e bacterios-tática;Estimula a força tênsil da cicatriz, acelera a cicatrização e reduz a formação de queloides.

Tratamento de úlceras abertas, infectadas e debrida-mento de tecidos desvitalizados ou necróticos

Dor acentuada e sangramento são relatados na prática clínica.Evitar contato com metais, devido ao poder de oxidação.

Após limpeza com SF 0,9% ou solução de papaína (diluir 1g do pó em 100 ml de SF a 0,9%). Em presença de tecido necrosado, cobrir esta área com fina camada do pó ou gel. Na presença de crosta necrótica, fazer vários pequenos cortes longitudinais de pequena profundidade, para facilitar a absorção. Remover o exsudato e o tecido desvitalizado; cobrir a área afetada com gaze embebida em solução de papaína, e ocluir com cobertura secundária, fixando o curativo. A periodicidade de troca deverá ser no máximo de 24 horas, ou de acordo com a saturação do curativo secundário.

Hidroco-lóide

Duoderm,Hidrocolóide, Cremer, Hydrocoll, Replicare

Cobertura sintética derivada da celulose natural, que contém partículas

Placa, pasta, gel e grânulos.

Matem ambiente úmido, que favorece o debridamento autolítico;

Úlceras com pouco ou moderado exsudado;Pasta: úlceras

Infecção, principalmente por anaeróbicos (exceto quando bem monitorado o

Irrigar o leito da úlcera com SF a 0,9%, limpar e secar adequadamente a pele ao redor. Escolher o hidrocolóide com diâmetro que

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Restore, Suprasorb H, Tegasorb Askina Hydro

hidrofílicas.A placa contem em sua face externa uma película de poliuretano semipermeável não aderente e sua camada interna é composta de gelatina, pectina e carboximeitil-celulose sódica.

Estimula a neoangiogênese e a granulação;Protege as terminações nervosas, assim como a área de traumas, da contaminação bacteriana;e Mantém o isolamento térmico.

profundas e preen-chimento de espaços mortos; Gel, pasta e placa: úlceras traumáticas, áreas doadoras de enxer-tos, úlce-ras por pressão, cirúrgicas, úlceras venosas e em áreas necróticas ressecadas (escaras).

uso), pois são impermeáveis ao oxigênio, e não podem ser usados em casos com excessiva drenagem, devido à limitada capacidade de absorção.

ultrapasse a borda da lesão pelo menos 2 a 3 centímetros. Retirar o papel protetor. Aplicar o hidrocolóide segurando-o pelas bordas da placa. Pressionar firmemente as bordas e massagear a placa, para perfeita aderência. Quando necessário, reforçar as bordas com fita adesiva e datar o hidrocolóide. Trocar a placa sempre que o gel extravasar, o curativo se deslocar e ou, no máximo, a cada sete dias.

Hidrogel Curafil Gel,

Dermagran,

Duoderm Gel,

HydroSorb

HydrosorbPlus, HypergelIntrasite, Saf-gel,

NormlgelNuGel, Purilon, Supra

sorb G.

Gel transparente

, incolor, composto por: água (77%),

Carboximetil-celulose-

CMC (2,3%),

Propilenoglicol-PPG (20%)

Gel transpa-

rente

Amolece e remove o tecido desvitalizado através de debrida-mento- autoliítico; Mantém o meio úmido e estimula a liberação de exsudato.

Remover crostas e tecidos desvitalizados de feridas abertas

Utilizar em pele íntegra e incisões cirúrgicas fechadas

Após limpeza com SF 0,9%, espalhar o gel sobre a ferida ou colocar na cavidade assepticamente e, em seguida, ocluir a ferida com cobertura secundária e estéril.

Filme transparente

Suprasorb F, Tegaderm, Bioclusive,

Opsite Flexifix, Opsite

FlexigridPolyskin,

Aqua Gard,

Mefilm, IV 3000,

Coberturas finas, transparentes, semipermeáveis e não absor-ventes.O filme transparente é consti-tuído por uma mem-brana de poliuretano, coberto

Filme transpa-rente

Mantém um ambiente úmido, realiza a permeabilidade seletiva, permitindo a difusão gasosa e evaporação de água, sendo impermeável a entrada de fluidos e

Úlceras superficiais (grau I) com drenagem mínima, lesões cirúrgicas limpas com pouco exsudato, queimadu-ras super-ficiais, áreas

Úlceras exsudativas, profundas e infectadas. Se usado de forma inadequada, pode levar a maceração da pele ao redor da lesão.

Após limpeza com SF 0,9%, abrir o centro do papel de revestimento a fim de expor a superfície do curativo. Aplicar a parte central sobre o sítio da ferida, puxar as abas (conforme especificação do fabricante), uma por vez, ao mesmo tempo em que aplica o curativo. Não esticar o curativo

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Askina Derm

com adesivo hipoaler-gênico.

microrganismos no ambiente da lesão.

doadoras de pele, dermoa-brasão, fixação de cateteres, proteção da pele adjacente a fístulas e na preven-ção de úl-ceras por pressão.

ao posicioná-lo. Posteriormente, remover a margem/moldura de papel, conforme especificação do fabricante. A permanência da cobertura é de até 7 dias, dependendo do volume de exsudato ou descolamento do mesmo.

Alginato de calcio

Askina sorb,

Kaltostat, Supra

sorb A, Seasorb, Nu Derm Alginato, Tegagen.

Fibras de ácido

algínico (ácido

gulurônico e ácido

manurô-nico)

extraído das algas

marinhas marrons

(Laminaria) Contém também íons de cálcio e sódio.

Placa, gel, em fita ou

cordão estéril

Promove a hemostasia, através da troca iônica; possui alta capacidade de absorver exsudato, formando um gel que mantém a umidade, promove a granulação e auxilia o debrida-mento autolítico.

Feridas com ou sem infecção, com exsudação de moderada a intensa, com ou sem tecido necrótico e com ou sem sangramento.

Feridas com pouca drenagem de exsudato. Feridas superficiais e por queimaduras.

Pode ser recortado, mas deve utilizar tesoura estéril, manusear com luvas ou pinças estéreis. O alginato de cálcio placa de absorção horizontal deve ser recortado do tamanho certo da ferida, não deixando que ultrapasse a borda da ferida, evitando a maceração da pele ao redor. Deve ser ocluido com cobertura secundária estéril. Em feridas cavitárias, utilizar a forma fita preenchendo o espaço parcialmente. A freqüência de trocas é de acordo com a quantidade de exsudato presente na ferida, podendo ser de até 7 dias. A cobertura secundária deverá ser trocada quando houver necessidade.

Hidrofi-bra com

prata

Aquacel Ag

Curativo não tecido composto por fibras agrupadas de carbox-imeitilce-lulose sódica e 1,2% de prata iônica

Fita ou placa

Fita ou placa, impregnado com prata, cuja função é a de inativar as bactérias retiradas do leito da ferida e retê-las na

Feridas profundas e tuneli-zadas, até com exposição óssea; ferida altamente exsudativa, com ou sem

Reações alérgicas ou sensibilidade aos componentes do produto;Feridas pouco exsudativas.

Aplicar diretamente sobre a ferida de forma que ultrapasse a borda em pelo menos 1 cm de toda a sua extensão. Requer cobertura secundária. Trocar quando houver saturação da cobertura ou extravasamento de exsudato, não ultrapassando 7 dias

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fibra da cobertura. Absorve moderado a intenso exsudato, formando um gel que mantém meio úmido, prove debrida-mento autolítico.

infecção (prioritariamente com infecção), com ou sem tecido necrótico; feridas cavitárias (utilizar fita);queimaduras de expessura parcial e feridas estagnadas

após a aplicação. Em feridas cavitárias, introduzir a fita preenchendo o espaço parcialmente, deixando margem mínima de 2,5 cm da fita para fora da superfície para facilitar a retirada. Pode ser associada a outros produtos tópicos como AGE, carvão ativado e outros.

Carvão ativado

com prata

Actisorb Plus

Cobertura composta de carvão ativado, e impregnado com prata a 0,15%, envolto externamente por uma película de nylon pouco aderente e selada em toda a sua extensão.

Tecido de carvão ativado

Remove e retém as moléculas do exsudato e as bactérias, exercendo o efeito de limpeza, além de filtrar e eliminar odores. A prata exerce função bactericida, complementando a ação do carvão, o que estimula a granulação e aumenta a velocidade da cicatrização.

Úlcera neoplásica, fétida, exsudativa e infec-tada com odor acentuado.

Feridas não muito exsudativas superficiais, recobertas por escaras, com sangramento, exposição óssea e tendinosa, e nas queimaduras.

Promover limpeza da ferida com SF 0,9% e aplicar diretamente sobre a ferida em qualquer uma das faces. Requer cobertura secundária. Trocar quando houver saturação da cobertura, não ultrapassando 7 dias após aplicação. A cobertura secundária pode ser trocada sem a troca da placa, se ainda não estiver saturada. Em feridas cavitárias, unir as 4 pontas da cobertura formando “trouxa” e introduzir na ferida mantendo as pontas para fora da superfície, facilitando a retirada. É uma cobertura primária, com uma baixa aderência, podendo permanecer de 3 a 7 dias, quando a úlcera não estiver mais infectada. No início, a troca deverá ser a cada 24 ou 48 horas, dependendo da capacidade de absorção.

Bota de Unna

SurePress

Bagagem ineslática, terapia compressi-va

Óxido de zinco, glicerina, água destilada e

Auxilia o retorno venoso, diminuindo o edema,

Úlcera venosa

Úlceras arteriais ou mistas (arterio-venosa)

Aplicação semelhante a uma bandagem, no sentido da circulação venosa, ou seja, distal para proximal, do pé

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gelatina promove a proteção e favorece a cicatrização de úlcera venosa.

Úlceras infectadas

até abaixo do joelho. A troca do curativo geralmente ocorre em sete dias, podendo chegar a duas semanas.

OBS: CURATIVOS NÃO ADERENTES: Gaze de Rayon, Adaptic, Curatec compressa com emulsão de Petrolatum, Melolin.