Lições para uma nova vida... A maior sabedoria...... É a bondade.
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Novembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 1Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
SUMÁRIO
4 HISTÓRIA
NAS OLARIAS DO EGITO
Como foram construídos os imensos monumentos,visitados por tantos turistas
8 MÚSICA
NA LUZ DA INSPIRAÇÃO
A doce e suave voz de Therezinha Oliveira
10 ENTREVISTA
PRIMEIRA ENTREVISTA DE YVONNE PEREIRA
Um pouco mais sobre a vida dessa médiumdevotada
14 CAPALÉON DENIS - TRABALHO E ESPIRITUALIDADEA biografia desse extraordinário estudioso dadoutrina espírita
19 ESCLARECIMENTO
PRESIDENTE DO CENTRO ESPÍRITA OU MÉDIUM ESPÍRITA
Saiba que no Centro não existe hierarquia
20 CHICO XAVIER
NOS SAUDOSOS TEMPOS DE PEDRO LEOPOLDO
22 REFLEXÃO
NO CENTRO DE MENSAGEIROS
O trabalho dos espíritos desencarnados
24 APRENDIZADO
OS MÉDIUNS
Como são selecionados os medianeiros para otrabalho de intercâmbio
27 COM TODAS AS LETRAS
OS ESTADOS UNIDOS SÃO UM PAÍS
Importantes dicas da nossa língua portuguesa
Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112
Assinaturas
Assinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)
FALE CONOSCO
EDITORIALEdição
Centro de Estudos Espíritas
“Nosso Lar” – Depto. Editorial
Equipe Editorial
Adriana Levantesi
Rafael Dimarzio
Rodrigo Lobo
Sandro Cosso
Thais Cândida
Zilda Nascimento
Jornalista Responsável
Renata Levantesi (Mtb 28.765)
Editoração
Fernanda Berquó Spina
Rafael Augusto D. Rossi
Revisão
Equipe FidelidadEspírita
Administração e Comércio
Elizabeth Cristina S. Silva
Apoio Cultural
Braga Produtos Adesivos
Impressão
Citygráfica
O Centro de Estudos Espíritas
“Nosso Lar” responsabiliza-se
doutrinariamente pelos artigos
publicados nesta revista.
[email protected] (19) 3233-5596
(...) 1º Os fenômenos espíritas são produzidos por inteligências
extracorpóreas, às quais também se dá o nome de Espíritos;
2º Os Espíritos constituem o mundo invisível; estão em toda parte;
povoam infinitamente os espaços; temos muitos, de contínuo, em torno de
nós, com os quais nos achamos em contacto;
3º Os Espíritos reagem incessantemente sobre o mundo físico e sobre o
mundo moral e são uma das potências da Natureza;
4º Os Espíritos não são seres à parte, dentro da criação, mas as almas dos
que hão vivido na Terra, ou em outros mundos, e que despiram o invólucro
corpóreo; donde se segue que as almas dos homens são Espíritos encarna-
dos e que nós, morrendo, nos tornamos Espíritos;
5º Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de saber e de
ignorância;
6º Todos estão submetidos à lei do progresso e podem todos chegar à
perfeição; mas, como têm livre-arbítrio, lá chegam em tempo mais ou me-
nos longo, conforme seus esforços e vontade;
7º São felizes ou infelizes, de acordo com o bem ou o mal que praticaram
durante a vida e com o grau de adiantamento que alcançaram. A felicidade
perfeita e sem mescla é partilha unicamente dos Espíritos que atingiram o
grau supremo da perfeição;
8º Todos os Espíritos, em dadas circunstâncias, podem manifestar-se
aos homens; indefinido é o número dos que podem comunicar-se;
9º Os Espíritos se comunicam por médiuns, que lhes servem de instru-
mentos e intérpretes;
10º Reconhecem-se a superioridade ou a inferioridade dos Espíritos
pela linguagem de que usam; os bons só aconselham o bem e só dizem coisas
proveitosas; tudo neles lhes atesta a elevação; os maus enganam e todas as
suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da ignorância.
Os diferentes graus por que passam os Espíritos se acham indicados na
Escala Espírita (O Livro dos Espíritos, parte II, capítulo I, nº 100). O estudo
dessa classificação é indispensável para se apreciar a natureza dos Espíritos
que se manifestam, assim como suas boas e más qualidades.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Primeira Parte Cap. IV Item 49.
A Crença Espírita
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HISTÓRIA
Os turistas em visita ao
Egito maravilham-se
diante das grandes
pirâmides nos arredores do Cairo,
depois viajam 332 quilômetros
para o sul, subindo o Nilo, para
admirar os grandes templos de
Karnak. Esses imensos monumen-
tos são feitos de pedra. Organiza-
vam-se grupos de homens para ex-
trair as pedras dos montes que cir-
cundam o vale do Nilo e
transportá-las em carros e barca-
ças até o local da obra. Lá os pe-
dreiros cortavam e modelavam as
rochas, preparando-as para o uso.
Embora as estruturas de pedras
ainda impressionem o turista (e há
muito tempo os turistas as visitam;
a Esfinge e as pirâmides já eram
atração no tempo de Moisés), o
material de construção mais co-
mum no antigo Egito era o tijolo.
Todo o ano o rio Nilo sobe cer-
ca de 7 metros, alagando o vale.
A enchente começa em julho e
as águas vão recuando gradual-
mente a partir do final de outu-
bro. Ao descer das montanhas da
Etiópia, o rio traz toneladas de
lama suspensa na água. Esse fér-
til solo negro deposita-se no chão
a medida que a água passa a se
mover mais devagar pelo Egito,
formando uma nova camada que
torna a terra bastante fértil para
a lavoura. Com lama por toda a
parte, era natural que os egípcios
a usassem na construção.
Seus abrigos mais primitivos
talvez tenham sido feitos simples-
mente de juncos entrelaçados e
argamassados com lama. Constru-
ções desse tipo foram feitas du-
rante longo período, até que se
descobriram as vantagens do ti-
jolo, antes ainda de 3.000 a.C. A
idéia pode ter vindo da Síria ou
da Palestina, onde os tijolos já
eram comuns bem antes, assim
como na Babilônia.
Fazer tijolos era simples. Os tra-
balhadores extraíam o tipo certo
de barro e o levavam até uma área
aberta, onde o misturavam com
água, pisoteando ou remexendo a
mistura com uma enxada até ob-
ter a consistência correta. Basta
o barro para fazer um tijolo, mas
o acréscimo de palha picada dá
resistência e deixa o produto me-
nos propenso a esfacelar-se. Hoje
são necessários cerca de 20 qui-
los de palha para cada metro cú-
bico de barro, muitas vezes tam-
bém se acrescentava areia.
O trabalho não era dos mais
limpos, mesmo quando os tijolos
já estavam secos. Um antigo
escriba egípcio considerava sua
Nas Olarias do Egito
por Alan Millard
Miniaturas encontradas emtúmulos antigos mostram os
egípcios fazendo tijolos, quasedois mil anos antes de Cristo
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HISTÓRIA
profissão superior a todas as ou-
tras. O operário da construção,
disse ele, tinha uma triste sina:
"O operário carrega barro (...)
Fica mais sujo do que (...) por-
cos depois de pisotear a lama.
Suas roupas ficam duras de bar-
ro...".
Os tijolos encontrados no
Egito muitas vezes ainda exi-
bem pedaços de palha. Quan-
do ainda moles, os tijolos des-
tinados para uma obra especial
podiam ser marcados com um
sinete. Gravado no sinete de
madeira ia o nome e os títulos
de um faraó ou alto funcioná-
rio. Os tijolos para casa medem
mais ou menos 23 x 11,5 x 7,5 cen-
tímetros. No caso das construções
mais importantes podiam ser mai-
ores até 40 x 20 x 15 centímetros.
Diversos registros trazem rela-
tórios da fabricação de tijolos para
fins oficiais. Listam turmas de
doze operários, cada qual capita-
neado por um capataz. Num
dos casos, 602 homens fabrica-
ram 39.118 tijolos. Isso dá so-
mente 65 tijolos per capita; o
volume moderno para um gru-
po de quatro homens é de três
mil tijolos por dia. Outros rela-
tos dão aos números de tijolos
de vários tamanhos, 23.603 de
Uma “ olaria” moderna nas cercanias do Cairo ainda usa os antiqüíssimos métodos e materiais: barro do Nilo e sol quentepara secar os tijolos
O trabalho não era dos mais limpos,
mesmo quando os tijolos já estavam
secos
�
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HISTÓRIA
cinco palmos, 92.908 de seis pal-
mos, num total de 116.511 tijo-
los. Um relato detalhado do sé-
culo XIII a.C. relaciona quaren-
ta homens com a meta de "dois
mil tijolos" ao lado de cada um.
Depois aparecem os números efe-
tivamente alçados; num dos ca-
sos, "total de 1.360; déficit de
370". Não se especificam as pe-
nalidades para o fracasso!
Tudo isso retrata o mesmo qua-
dro que a Bíblia retrata em Êxodo
(caps. 1 e 5) quando se refere ao
trabalho dos israelitas na fabrica-
ção de tijolos para o faraó antes
do Êxodo.
"Então puseram sobre eles fei-
tores de obras, para os afligirem
com as suas cargas. Assim os
israelitas edificaram para Faraó
cidades-celeiros, Pitom e
Ramessés. Mas quanto mais os
egípcios afligiam o povo de Isra-
el, tanto mais esse se multiplica-
va e se espalhava; de maneira que
os egípcios se inquietavam por
causa dos filhos de Israel, os fazi-
am servir com dureza. Assim lhes
amarguravam a vida com dura
servidão, em barro e em tijolos, e
com toda a sorte de trabalho no
campo; com todo o serviço em que
na tirania os serviam." (...)
"Depois foram Moises e Arão e
disseram ao Faraó: Assim diz o se-
nhor, o Deus de Israel: Deixa o
meu povo, para que me celebre
uma festa no deserto. Mas o Faraó
respondeu: Quem é o Senhor para
que eu ouça a sua voz, e deixe ir
a Israel? Não conheço o Senhor,
nem tampouco deixarei a Israel
partir. Então eles disseram: O
Deus dos hebreus nos encontrou.
Portanto deixai-nos agora ir ca-
minhos de três dias ao deserto,
para que ofereçamos sacrifícios ao
Senhor e ele não venha sobre nós
com pestilência e com a espada.
Então lhes disse o rei do Egito:
Moisés e Arão, por que fazeis o povo
cessar das suas obras? Ide às vossas
cargas. Disse mais o Faraó: O povo
da terra já é muito, e vós os fazeis
abandonar as suas cargas."
"Naquele mesmo dia o Faraó
deu ordem aos exatores do povo
e aos oficiais: Daqui em diante
não torneis a dar palha ao povo,
para fazer tijolos, como fizestes
ontem e anteontem; vão eles mes-
mos, e colham para si. Mas
exigireis deles a mesma quanti-
dade de tijolos que dantes fazi-
am; nada diminuireis delas. Eles
estão ociosos; é por isso que cla-
mam, dizendo: Vamos, sacrifique-
mos ao nosso Deus. Agrave-se o
serviço sobre estes homens, para
que se ocupem nele, e não confi-
em em palavras de mentira."
Gravado no alto do tijolo debarro vê-se o nome do faraóRamesés II, em cujas grandesobras é provavél que os israelitastenham trabalhado comoescravos
...quanto mais os egípcios afligiam
o povo de Israel, mais os israelitas se
multiplicavam
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HISTÓRIA
"Então saíram os inspetores do
povo e seus capatazes e falaram
ao povo: Assim diz o Faraó: eu não
vos darei palha. Ide vós mesmos,
e tomai palha onde a achardes,
mas em nada se diminuirá de vos-
so serviço."
"Então o povo se espalhou por
toda a terra do Egito, a colher res-
tolho em lugar de palha. Os ins-
petores os apertavam dizendo:
Acabai a vossa obra, a tarefa do
dia no seu dia, como quando ha-
via palha. Foram açoitados os ofi-
ciais dos filhos de Israel, que os
inspetores de Faraó tinham posto
sobre eles. E lhes perguntavam:
Por que não acabaste a vossa ta-
refa nem ontem nem hoje, fazen-
do tijolos como antes?"
"Pelo que os oficiais dos filhos
de Israel foram e clamaram a
Faraó, dizendo: Por que trata as-
sim os teus servos? Palha não se
dá a teus servos, e nos dizem:
Fazei tijolos. Os teus servos são
açoitados, mas teu povo é que tem
culpa. Disse o Faraó: Estais ocio-
sos, estais ociosos; por isso dizeis:
Vamos sacrificar ao senhor. Ide,
pois, agora trabalhai. Palha porém
não se vos dará, contudo dareis à
conta dos tijolos. Então os ofici-
ais dos filhos de Israel viram-se
em aflição, porque se lhes dizia:
Nada diminuireis de vossos tijo-
Pintadas nas paredes de túmulosdo antigo Egito encontram-secenas de fabrico de tijolos. Umamistura de barro e palha écolocada nos moldes de madeira.Depois de secados ao sol, ostijolos são levados aos canteirosde obras. O fabrico de tijolos eraum trabalho sujo, obviamentereservado à mão-de-obraescrava
los, na tarefa do dia no seu dia".
Aí estão o barro e a palha, os
moldes, os oficiais e os capatazes, e
as cotas diárias. A narrativa bíbli-
ca ilustra o sofrimento e a labuta
humana por trás dos números dos
relatos egípcios. Não é de admirar
que o povo de Israel quisesse fugir!
Seu clamor era pela permissão
de sair para adorar a seu Deus.
Isso é coerente; relatos da época
informam que muitos dos operári-
os que esculpíam os túmulos dos
faraós no vale dos Reis tiravam dias
de folga para festivais e cultos reli-
giosos.
A palha faz tijolos melhores: os
operários israelitas tiveram de en-
contrar palha por conta própria de-
pois de fazerem o pedido ao faraó.
Um funcionário egípcio destacado
para um remoto posto fronteiriço
reclamava: "Não há homens para
fazer tijolos, nem palha na região".
Há milhares de anos os ho-
mens fazem tijolos no Egito; o re-
lato de Êxodo e as fontes egípcias
traçam quadros vívidos dos pro-
cessos e das dificuldades existen-
tes no segundo milênio a.C. �
A narrativa bíblica ilustra o sofrimento
e a labuta humana por trás dos
números dos relatos egípcios
Fonte:
MILLARD, Alan. Descobertas dos Tempos
Bíblicos. Págs. 74-76. VIDA. São Paulo/SP.
1999.
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Escreveu ela, a autora, no
álbum impresso que
acompanha o CD: "Ao
longo dos anos, a inspiração me
visitou, deixando canções e men-
sagens que me enlevaram a alma.
Algumas delas cheguei a canta-
rolar ou publicar, aqui e ali, no
movimento espírita, mas não as
divulguei tanto como talvez o de-
sejassem os seus autores espiritu-
ais. Somente agora, graças ao con-
curso do Ulisses, com seu conhe-
cimento musical e laboração ami-
ga, venho partilhar com você, que
ouvirá este CD, o enlevo que me
causaram estas composições, re-
cebidas Na Luz da Inspiração,
que é o nome do CD (...)"
Igualmente as músicas, as le-
tras, a doce e suave voz, repito,
também me causaram momentos
de muito enlevo. Por isso não pos-
so deixar de recomendar aos pre-
zados leitores.
E como a autora citou o conhe-
cimento musical de Ulisses
Vedovello, permito-me resumir,
parcialmente, os comentários so-
bre os arranjos musicais (constan-
tes do álbum acima referido), para
que o leitor tenha conhecimento
prévio do belo trabalho que so-
mou as letras, a voz e, obviamente,
as lindas músicas que trarão mo-
mentos de muita suavidade e paz
ao lar e à intimidade do ouvinte.
Na faixa 1 (Como a ti mesmo),
à melodia carinhosa, semelhante
a uma modinha, há o acréscimo
do som do clarinete, da flauta e
do violão; na faixa 4 (A chuva e
a dor), ao som real da chuva, uma
melodia se impõe em crescente
emoção; na faixa 7 (Eleva tua
voz), sentiremos uma grande feli-
cidade após ouvir a linda valsa,
Na Luz da Inspiração
�
por Orson Peter Carrara
MÚSICA
Uma doce e suave voz!Letras belíssimas, encantadoras.
Músicas selecionadas, em arranjos de muito bom gosto.Ah! Que tesouro!
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MÚSICA
que uma grande orquestra acom-
panha. Minha faixa preferida, a
de número 10 (Todos irmãos),
que ensinei meu sobrinho Vergílio
a cantar, misturam-se vozes infan-
tis, corais adultos, piano e orques-
tra, sempre em crescente coloca-
ção, enfatizando o sentido do tí-
tulo.
Porém, a faixa 2 (Bem-
aventuranças), interpretando o
Sermão do Monte, é extraordiná-
ria na sintonia que estabelece com
os ensinos de Jesus e no ambiente
fluídico que proporciona. Igual-
mente destaco a maravilhosa fai-
xa 16 (Que Bom que Vieste, Je-
sus!), que se constitui num au-
têntico cântico de gratidão e
amor ao Mestre de nossas vidas;
inclusive a tenho utilizado no fi-
nal de algumas palestras, cujos
temas ensejam o uso.
Claro, não poderei comentar
todas as 16 faixas. É impossível,
pois isto demandaria muitas li-
nhas. O que quero mesmo dizer é
que o CD é uma preciosidade,
Recomendo aos leitores, seja pelo bom
gosto do trabalho, seja pelo bem estar
que as canções vão causar...
para reflexão, paz e harmonia in-
terior. Nos sentimos envolvidos
por sentimentos de esperança, de
alegria, de amor autêntico que
envolve a todos nós. Que bom!
Felizmente, ao lado de tantas di-
ficuldades no planeta, há igual-
mente um sem número de inicia-
tivas que elevam e promovem a
serenidade.
Ideal, vez por outra, que intro-
duzamos uma ou outra faixa, a es-
colher, em palestras ou reuniões
de estudos. Pelo ambiente que
proporciona aos participantes e
presentes, pela reflexão e sintonia
superior que produz. Todos sere-
mos beneficiados pela grandeza do
trabalho produzido.
Recomendo aos leitores com
muita ênfase, seja pelo bom gosto
do trabalho, seja pelo bem estar
que as canções vão causar ao co-
ração daqueles que as ouvirem.
Muitas vezes, ouvindo no carro,
emociono-me às lágrimas com a
suavidade das faixas e grandeza
dos ensinos que transmitem.
Depois de tudo isso só falta di-
zer o óbvio, já de conhecimento
do leitor: a autora é Therezinha
Oliveira, exponencial trabalha-
dora de nosso movimento espíri-
ta; autora com consagrados livros
publicados, expositora modelar,
respeitada amiga de Campinas.
Realmente a Doutrina Espíri-
ta é capaz de inspirar tais senti-
mentos, tais pérolas doutrinárias,
que tanto bem nos fazem. Estão
de parabéns nossos amigos
Therezinha e Ulisses, a Editora
Allan Kardec e todos os que co-
laboraram na produção do CD.
Aos amigos que inspiraram nossa
querida Therezinha, a gratidão
de todos nós.
Meus amigos que lêem estas li-
nhas: não deixem de se benefici-
arem com a grandeza dessas lin-
das melodias. Levem-nas para a
intimidade de seus lares, divul-
guem-nas quanto puderem. Esta-
remos todos levando muitas ale-
grias e emoção aos corações. �
Ulisses Vedovello Therezinha Oliveira
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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2005
�
Ao receber a mensagem do
Além, para os seus livros, você fica
consciente do que escreve ou só
se reconhece ao terminar?
A obtenção de um livromediúnico é trabalho árduo, que
mobiliza todas as forças mentais epsíquicas do médium a serviço doagente comunicante, pois é trans-missão de pensamento a pensamen-to. Nem todos os médiuns têm asmesmas características para a re-cepção desse gênero de trabalho.No que me diz respeito, sofro tran-se pronunciado, embora não com-pleto. Tenho consciência de mimmesma, mas qualquer rumor exte-rior me poderá perturbar. Por essarazão, só escrevo altas horas da noi-te. Vou lendo o que escrevo comose tratasse de um folhetim que meapresentassem. O impulso do bra-ço e atordoamento é ligeiro sem ser
veloz. Às vezes, ouço o murmúriodo ditado como se o Espíritocomunicante falasse aos meus ou-vidos, o que facilita a recepção. Sea obra é de difícil captação, comoMemórias de um Suicida e Nas Vo-
ragens do Pecado, o impulsovibratório do braço é menos rápi-do. Perco a noção do que me ro-deia, mas não de mim mesma; so-mente me apercebo da tarefa queexecuto, por isso necessito de silên-cio e tranqüilidade. Às vezes, vejoas cenas que estou descrevendo,mas só me inteiro do conteúdo daobra, verdadeiramente, depois dasua publicação.
Quantas obras já publicou e
quais os seus autores ?
Publicados, tenho apenas onze,mas possuo várias outras inéditas,esperando oportunidade para virem
a lume. Os autores são os Espíritosde Adolfo Bezerra de Menezes,Camilo Castelo Branco, Charles,cujo sobrenome ainda desconheço,e Léon Tolstoi. Nessas onze obras,estão incluídas as duas constantesdo volume Nas Telas do Infinito eas duas constantes do volume Dra-mas da Obsessão.
Quando e como começou a
psicografar?
Aos doze anos de idade já euescrevia impulsionada pelos Espíri-
Primeira Entrevista de
Yvonne Pereira
Aos doze anos de idade eu já escrevia
impulsionada pelos Espíritos
Yvonne A. Pereira, a notável médium, concede pela primeira vez
uma entrevista à imprensa.
ENTREVISTA
Novembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
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tos, sem contudo ter verdadeiranoção do fenômeno. Sou criada emambiente espírita desde o berço epor isso o fato nunca me impressio-nou. Sentia indomável impulso nobraço e atordoamento, sem no en-tanto se verificar o transe, e isso foramesmo de sessões práticas. Deseja-va parar de escrever e não conse-guia. O fenômeno parece que seprocessava pela psicografia mecâ-nica. E via o Espírito comunicante,que se nomeava Roberto, afirman-do ter vivido na Espanha, pelo sé-culo XIX.
Nunca procurei desenvolver amediunidade ou a provoquei.Apresentou-se-me, ela natural-mente, desde a infância. Apenasprocurei imprimir-lhe o rumo con-veniente, educando-me na moralevangélica e nas disciplinas reco-mendadas pela Doutrina Espírita.E comecei a psicografar livros ain-da em minha juventude, receben-do o primeiro convite ao trabalho eas necessárias instruções do Espíri-to Camilo Castelo Branco, que des-de minha infância se revelou umgrande amigo espiritual. Qualquerentidade que conceda uma obrapsicografada convida o médium(não ordena) e fornece instruções.Sem esse convite será difícil, senãoimpossível, conseguir-se algumacoisa autêntica. Pelo menos é o queacontece comigo.
Possui apenas o dom da
psicografia ou faz alguma outra
coisa dentro do Espiritismo?
Possuo vários outros donsmediúnicos, inclusive o de cura, osquais pus a serviço da DoutrinaEspírita e do próximo desde a mi-nha juventude. De tudo, já reali-
zei um pouco, como médium e comoespírita. Atualmente, porém, comomédium, limito-me à psicografia, àoratória, à colaboração na impren-sa espírita, ao esperanto, à corres-pondência doutrinária e a um pou-co de assistência doutrinária e a umpouco de assistência social nos mei-os espíritas. Possuo também a facul-dade de efeitos físicos(materializações), mas, não me in-teressando por esse gênero de tra-balho espírita, não a utilizo.
Que pretende para a vida espi-
ritual? Ou já se afinou com ela?
Nenhum de nós poderá fazer pro-jetos para a vida espiritual. Nossofuturo em Além-Túmulo dependedas ações praticadas durante a vidaterrena, ou seja, dos méritos oudeméritos adquiridos neste mundo.
Nada posso pretender, portanto, daoutra vida. Cabe-me apenas espe-rar pela justiça e misericórdia deDeus. Não resta dúvida, porém, deque vivo mais da vida espiritual doque da material, há muitos anos.
A Psicologia e a Parapsicologia
podem explicar cientificamente os
fenômenos da psicografia?
Não, porque, propositadamente,os investigadores contrários à teseespírita não querem explicá-los,assim como nenhum outro fenôme-no espírita.
Fecham os olhos para não ver,tudo atribuindo ao inconsciente,quando o “maior livro deParapsicologia escrito até agora éO Livro dos Médiuns, de AllanKardec”, tal a declaração de umerudito espírita brasileiro. O fenô-
...o maior livro de Parapsicologia
escrito até agora é O Livro dos
Médiuns, de Allan Kardec
ENTREVISTA
�
ASSINE: (19) 3233-559612 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Novembro 2005
�
ENTREVISTA
meno da psicografia é mediúnico,carecendo sempre de um agenteespiritual independente do mé-dium. Não havendo esse agente,isto é, o Espírito comunicante, dei-xará de haver psicografia. O maisque os senhores parapsicólogos têmfeito é apontar fenômenos deanimismo, aliá-los aos fenômenos
mediúnicos, ou seja, fenômenosproduzidos pelo Espírito do própriomédium e não por um Espíritodesencarnado; nesta última hipó-
tese, a Parapsicologia pára, quan-do devia continuar.
Os espíritas foram os primeiros aobservar os fenômenos produzidospelo animismo e nunca se sentiramdiminuídos por eles. Trata-se defenômenos belíssimos, de grandevalor, provando não só a existênciada alma e suas poderosas forças,
mas ainda a von-tade soberanadela, sua indepen-dência e lucidezfora dos limitescorporais, suaação, seu poderparticular conferi-do pela Natureza.
Essa questãovem sendo escla-recida desde osprimórdios do Espi-ritismo pelos ilus-tres pesquisadorese sábios psiquiatraseuropeus e norte-americanos, e tam-bém por vários ob-servadores brasi-leiros.
Qualquer espí-rita, ainda quepouco versado emmatéria de
mediunidade, e desde que não sedeixe cegar pelo fanatismo, poderárealmente distinguir o fenômenoespírita puramente anímico, por-
quanto eles são absolutamente di-ferentes. A Parapsicologia, pois, nãoexplica nenhum outro fenômenoespírita de que participe o Espíritodesencarnado, visto que prefereencobri-los.
O psicógrafo interfere na qua-
lidade literária da mensagem?
Até certo ponto, sim. Se, na vidaprática e em sua vida mental, eleage de forma a só atrair bons Espí-ritos, necessariamente as comuni-cações recebidas serão de excelen-te qualidade. Se se afinar, porémcom Espíritos ignorantes, medío-cres, frívolos ou mistificadores, asmensagens recebidas (escritas ouverbais) serão suspeitas ou de máqualidade. Esse, um ponto doutri-nário dos mais conhecidos e deba-tidos. Se o médium possuir cabedalintelectual, também influenciará ,de certo modo, porque o agentecomunicante encontrará facilidadeem usar esse material e a obra sairámais completa. Mas há médiunsiletrados, sem serem analfabetos,que produzem obras literárias deimenso valor.
O médium norte-americanoAndrew Jackson Davis, por exem-plo, obteve várias obras literáriasimportantes, entre outras a Grand
Harmony, que maravilhou o mun-do; e o médium Thomas P. James,também norte-americano, um sim-ples mecânico impulsionado peloEspírito do escritor inglês CharlesDickens, terminou o romance O
Mistério de Edwin Drood, que o au-tor deixara a meio, ao falecer. E detal forma o conseguiu que não foipossível determinar o ponto em quetermina a obra do escritor e come-ça a ação do médium. Outros
...um simples mecânico impulsionado
pelo Espírito de Charles Dickens,
terminou de escrever seu livro
Novembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 13Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
ENTREVISTA
psicógrafos existiram, como o por-tuguês Fernando de Lacerda, queescrevia mediunicamente comambas as mãos, em prosa e em ver-so, conversando com amigos, acio-nado pelos escritores clássicos dePortugal. Às vezes, Fernando deLacerda despachava com a mãodireita papéis da repartição em quetrabalhava, enquanto psicografavacom a esquerda páginas de Alexan-dre Herculano, Eça de Queirós,Camilo, etc. O mesmo sucedia como médium brasileiro CarlosMirabelli, de São Paulo, quepsicografava com as duas mãos,também conversando teses cientí-ficas ou filosóficas, em línguas di-ferentes umas das outras. E apenascito esses, que, certamente, nãointerferiram, de forma alguma, naqualidade ou na ação dapsicografia. Médiuns desse tipo são,porém, muito raros. O mais comumé haver influência do médium, so-bretudo quando ele não observauma disciplina rigorosa e não seempenha em bem compreender amediunidade, a fim de exercê-lacriteriosamente. O médium muitointelectualizado, por sua vez, man-tendo idéias e opiniões muito pes-soais, e preconceitos às vezesinveterados, poderá influir bastan-te, alterando o pensamento da en-tidade comunicante, produzindo oque denominamos “enxerto”.
Os Espíritos elevados, que já semanifestam com obras de respon-sabilidade, preparam os seus mé-diuns longamente, por vezes desdea infância, a fim de evitar tais ocor-rências. De qualquer forma, o Es-pírito comunicante utiliza o cabedalfornecido pelo médium. Poderá estepsicografar assuntos muito superi-
ores à sua capacidade, mas sempreexistirão certas expressões particu-larmente suas, naquilo que produz.De outro modo, a qualidade damensagem não depende apenas domédium, mas também do Espíritoque a fornece e até do ambienteem que exerça a sua faculdade.
É trabalho penoso para ambos, eassunto complexo. O melhor meiode a palavra dos Espíritos chegarpura e de boa qualidade é procuraro médium moralizar-se, elevar-seespiritualmente, fazer-se humilde,reconhecer as próprias fraquezas ejamais se considerar excelente ouindispensável, além do dever deexercer o bem de toda parte. Eiscomo o médium poderá influir nas
mensagens que recebe.Pode descrever um pouco do
estado de espírito da pessoa no
momento de psicografar?
Quase que de regra, esse fenô-meno se verifica tão inesperada-mente que o médium se surpreen-de e aturde, mormente se o fato
vem espontaneamente,sem preparo prévio de ses-sões de experimentaçãomediúnica. Se se trata,porém, de psicografia jáeducada, com o médiumresponsável, ou da obten-ção de um livro, por exem-plo, quando já o médiumrecebeu as devidas instru-ções de seu Guia Espiritu-al; se se trata de um re-ceituário, um conselho aparticulares, etc., esse es-tado (em mim, pelo menos)é de expectativa, de emo-ção, de profundo respeitoe até de religioso temor, seassim me posso expressar.
Às vezes, certa inquietação sobre-vém, pois que, já empunhado o lá-pis, com a mão apoiada sobre o pa-pel, o médium não tem a mínimaidéia do que escreverá. �
... já impunhado o lápis, com a mão
apoiada sobre o papel, o médium não
tem a mínima idéia do que escreverá
Fonte:
Revista Internacional do Espiritismo, N° 2,
maio de 1972.
ASSINE: (19) 3233-559614 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Novembro 2005
Léon Denis
Um dia sua atenção foi despertada
para uma obra de título inusitado,
O Livro dos Espíritos de Allan Kardec
�
LÉON DENIS (lê-se
Deni) nasceu numa
aldeia chamada Foug,
situada nos arredores
de Tours, França, em 1° de janeiro
de 1846, numa família humilde.
Cedo conheceu, por necessidade,
os trabalhos manuais e os pesados
encargos da família. Desde os pri-
meiros passos neste mundo, sentiu
que os amigos invisíveis o auxilia-
vam. Em vez de participar de brin-
cadeiras próprias da juventude, pro-
curava instruir-se o mais possível.
Lia obras sérias, conseguindo, as-
sim, com esforço próprio, desenvol-
ver a sua inteligência. Tornou-se umautodidata sério e competente.
Aos 18 anos, tornou-se represen-tante comercial da empresa ondetrabalhava, fato que o obrigava aviagens constantes, situação que semanteve até a sua reforma e man-teve ainda depois por mais algumtempo. Adorava a música e sempreque podia assistia a uma ópera ou aum concerto. Gostava de dedilhar
árias conhecidas, ao piano, e de ti-rar acordes para seu próprio deva-neio. Não fumava, era quase exclu-sivamente vegetariano e não faziauso de bebidas fermentadas. Encon-trava na água a sua bebida ideal.
Era seu hábito olhar com inte-resse para os livros expostos nas li-vrarias. Um dia, ainda com 18 anos,o chamado acaso fez com que a suaatenção fosse despertada para umaobra de título inusitado. Esse livro
era O Livro dos Espíritos de AllanKardec. Dispondo do dinheiro ne-cessário, comprou-o e, recolhendo-se imediatamente ao lar, entregou-se com avidez à leitura. O próprioDenis disse:
“Nele encontrei a solução cla-ra, completa e lógica, acerca doproblema universal. A minha con-vicção tornou-se firme. A teoriaespírita dissipou a minha indiferen-ça e as minhas dúvidas.”
O ano de 1882 marca, em reali-dade, o início do seu apostolado,durante o qual teve de enfrentarsucessivos obstáculos: o Materialis-mo e o Positivismo que olham parao Espiritismo com ironia e risadas,e os crentes das demais correntesreligiosas, que não hesitam em ali-ar-se aos ateus, para o ridicularizare enfraquecer. Léon Denis, porém,como bom paladino, enfrenta a tem-pestade. Os companheiros invisíveiscolocam-se ao seu lado para o en-corajar e exortá-lo à luta. “Cora-gem, amigo”, diz-lhe o Espírito deJeanne -, “estaremos sempre conti-go para te sustentar e inspirar. Ja-mais estarás só. Meios ser-te-ãodados, em tempo, para bem cum-prires a tua obra.” Em 2 de novem-
15Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Novembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
�
bro de 1882, dia de Finados, umevento de capital importância pro-duziu-se na sua vida: a manifesta-ção, pela primeira vez, daquele Es-pírito que, durante meio século,havia de ser o seu guia, o seu me-lhor amigo, o seu pai espiritual -Jerônimo de Praga , que lhe disse:“Vai, meu filho. Pela estrada aber-ta diante de ti. Caminharei atrásde ti para te sustentar.”
A partir de 1910, a visão de LéonDenis foi, dia-a-dia, enfraquecen-do. A operação a que se submete-ra, dois anos antes, não lhe propor-cionara nenhuma melhora, mas su-portava, com calma e resignação, amarcha implacável desse mal queo castigava desde a juventude.Aceitava tudo com estoicismo eresignação. Jamais o viram queixar-se. Todavia, bem podemos avaliarquão grande devia ser o seu sofri-mento. Apesar deste, mantinhavolumosa correspondência. Jamaisse aborrecia; amava a juventude epossuía a alegria da alma. Era ini-migo da tristeza. O mal físico, paraele, devia ser bem menor do que aangústia que experimentava pelofato de não mais poder manejar aperna. Secretárias ocasionais subs-tituíam-no nesse oficio. No entan-to, a grande dificuldade para Denis
consistia em rever e corrigir as no-vas edições dos seus livros e dos seusescritos. Graças, porém, ao seu es-pírito de ordem e à sua incompará-vel memória, superava todos essescontratempos, sem molestar ouimportunar os amigos.
Após a Primeira Grande Guer-ra, aprendeu braile, o que lhe per-mitiu fixar no papel os elementosde capítulos ou artigos que lhe vi-nham ao espírito, pois, nesta épocada sua vida, estava, por assim dizer,quase cego.
Em março de 1927, com 81 anosde idade, terminara o manuscritoque intitulou de O Gênio Céltico e
o Mundo Invisível. Neste mesmomês, a Revue Spirite publicava o seuderradeiro artigo.
Terça-feira, 12 de março de1927, 13h00, respirava Denis comgrande dificuldade. A pneumoniaatacava-o novamente. A vida pa-
recia abandoná-lo, mas o seu esta-do de lucidez era perfeito. As suasúltimas palavras, pronunciadas comextraordinária calma, apesar demuita dificuldade, foram dirigidasà sua empregada Georgette: “É pre-ciso terminar, resumir e... concluir”.Fazia alusão ao prefácio da novaedição biográfica de Kardec. Nes-te preciso momento, faltaram-lhecompletamente as forças, para quepudesse articular outras palavras.Às 21h00, o seu Espírito alou-se. Oseu semblante parecia ainda emêxtase.
As cerimônias fúnebres realiza-ram-se em 16 de abril. A seu pedi-do, o enterro foi modesto e sem ooficio de nenhuma igrejaconfessional. Está sepultado no ce-mitério de La Salle, em Tours.
Dentre os grandes apóstolos doEspiritismo, a figura exponencial deLéon Denis merece referência toda
Após a Primeira Guerra Mundial,
aprendeu braile, pois nesta época de
sua vida estava quase cego
ASSINE: (19) 3233-559616 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Novembro 2005
... em seu tríplice aspecto de ciência,
filosofia e religião, Denis persistiu mais
na filosofia
�
especial, principalmente em vistade ter sido o continuador lógico daobra de Allan Kardec. Podemosafincar mesmo que constitui tarefasumamente difícil tentar biografaressa grande vida, dada a magnitu-de de sua missão terrena, na qualnão sabemos o que mais salientar:a sua personalidade contagiante, obom senso de que era dotado, a
operosidade no trabalho, a dedica-ção ímpar aos seus semelhantes e oacendrado amor que devotava aosideais que esposava.
Léon Denis foi o consolidador doEspiritismo. Não foi apenas o subs-tituto e continuador de AllanKardec, como geralmente se pen-sa. Denis tinha uma missão quasetão grandiosa quanto a do
Codificador. Cabia-lhe desenvolveros estudos doutrinários, continuaras pesquisas mediúnicas, impulsio-nar o Movimento Espírita na Fran-ça e no mundo, aprofundar o as-pecto moral da Doutrina e sobre-tudo consolidá-la nas primeiras dé-cadas do século. Nessa nova Bíblia(o Espiritismo), o papel de Kardecé o de sábio e o papel de Denis é ode filósofo. Léon Denis foicognominado o Apóstolo do Espiri-tismo e pela magnífica atuação de-senvolvida, pela palavra escrita efalada, em favor da nova Doutrinafoi, também, o seu Consolidador. O“filósofo do Espiritismo”, de acen-tuadas qualidades morais, dedicoutoda uma longa vida à defesa dospostulados que Kardec transmitiranos livros do pentateuco espírita. Oaspecto moral (religioso) da Dou-trina, os princípios superiores daVida, a instrução, a família mere-ceram dele cuidados extremos e,por isso mesmo, sua vida de prova-ções, exemplo de trabalho, perse-verança e fé, é um roteiro de luzpara os espíritas, diremos mais, paraos homens de bem de todos os tem-pos. Em palavras de confiança e fé,ele mesmo resumiu assim a missãoque viera desempenhar em favor deuma nobre causa: “Consagrei estaexistência ao serviço de uma gran-de causa, o Espiritismo ouEspiritualismo moderno, que serácertamente a crença universal, areligião do futuro.”
A sua bibliografia é bastantevasta e composta de obras monu-mentais que enriquecem as biblio-tecas espíritas. Deve-se a ele aoportunidade ímpar que os espíri-tas tiveram de ver ampliados novos
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Novembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Denis foi um autoditada que se
preparou em silêncio, para surgir
subitamente no cenário intelectual
�
ângulos do aspecto filosófico daDoutrina Espírita, pois as suas obras,de um modo geral, focalizam nu-merosos problemas que assolam oshomens, e também a sempre mo-mentosa questão da sobrevivênciada alma humana em seu laboriosoprocesso evolutivo. Léon Denisimortalizou-se na gigantesca tare-fa de dissecar problemas atinentesàs aflições que acometem os seresencarnados, fornecendo valiosossubsídios no sentido de lançar no-vas luzes sobre a problemática dastribulações terrenas, deixou de ladoos conceitos até então prevalecen-tes para apresentá-la aureolada deensinamentos altamente consola-dores, hauridos nas fontes inesgo-táveis da Doutrina dos Espíritos.
Dedicando-se ao estudo apro-fundado do Espiritismo, em seu trí-plice aspecto de ciência, filosofia ereligião, demorou-se com maiorpersistência na abordagem do seuaspecto filosófico. Concomitante-mente com os seus profundos estu-dos nesse campo, também deu a suacontribuição, valiosa na abordageme estudo de assuntos históricos, for-necendo importantes subsídios nosentido de esclarecer as origenscélticas da França e no tocante aodramático episódio do martírio deJoana D’Arc, a grande médiumfrancesa. Seus estudos não pararamaí; ele preocupou-se sobremaneiracom as origens do Cristianismo e oseu processo evolutivo através dostempos.
Dentre as suas múltiplas ocupa-ções, foi presidente de honra daUnião Espírita Francesa, membrohonorário da Federação EspíritaInternacional, presidente do Con-
gresso Espírita Internacional, rea-lizado em Paris, no ano de 1925.Teve também a oportunidade dedirigir, durante longos anos, um gru-po experimental de Espiritismo, nacidade francesa de Tours.
A sua atuação no seio do espiri-tismo foi bastante diversa daqueladesenvolvida por Allan Kardec.Enquanto o Codificador exerceusuas nobilitantes atividades na pró-pria capital francesa, Léon Denisdesempenhou a sua dignificantetarefa na província. A sua inusita-da capacidade intelectual e odescortino que tinha das coisastranscendentais fizeram com que oMovimento Espírita francês, e mes-mo mundial, gravitasse em torno dacidade de Tours. Após a
desencarnação de Allan Kardec,essa cidade tornou-se o ponto deconvergência de todos os que de-sejavam tomar contato com o Espi-ritismo, recebendo as luzes do co-nhecimento, pois, inegavelmente,a plêiade de Espíritos que tinha porincumbência o êxito do processo derevelação do espiritismo levou aogrande apóstolo toda a sustentaçãonecessária a fim de que a nova dou-trina se firmasse de forma ampla eirrestrita.
Enquanto Kardec se destacoucomo uma personalidade de forma-ção universitária, que firmou seunome nas letras e nas ciências, an-tes de se dedicar às pesquisas espí-ritas e codificar o Espiritismo, LéonDenis foi um autodidata que se pre-
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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2005
Denis jamais cursou uma academia
oficial, entretanto formou-se na escola
prática da vida...
parou em silêncio, na obscuridadee na pobreza material, para surgirsubitamente no cenário intelectu-al e impor-se como conferencista eescritor de renome, tornando-se fi-gura exponencial no campo da di-vulgação doutrinária do Espiritismo.Denis possuía uma inteligência ro-busta, era um Espírito preclaro,grande orador e escritor, desfrutan-do de apreciável grau de intuição.Referindo-se a ele, escreveu o seu
contemporâneo Gabriel Gobron: “Ele conheceu verdadeiros
triunfos e aqueles que tiverama rara felicidade de ouvi-lo fa-lar a uma assistência de duasou três mil pessoas sabem per-feitamente quão encantadora econvincente era a sua orató-ria”.
Denis jamais cursou uma acade-mia oficial, entretanto formou-se naescola prática da vida, na qual ador própria e alheia, o trabalho malretribuído, as privações heróicasensinam a verdadeira sabedoria,por isso dizia sempre: “Os que nãoconhecem dessas lições, ignoramsempre um dos mais comovedoreslados da vida.” Com o concurso desua inteligência invulgar, furtar-se-ia à pobreza, mas ele preferiu vivernela, pois em sua opinião era difícilacumular egoisticamente para si,aquilo que ele recebia para repar-
Principais obras de autoria de Léon Denis
Cristianismo e Espiritismo (FEB)
Depois da Morte (FEB)
Espíritos e Médiuns (CELD)
Joana D’Arc, Médium (FEB)
No Invisível (FEB)
O Além e a Sobrevivência do Ser (FEB)
O Espiritismo e o Clero Católico (CELD)
O Espiritismo na Arte (Lachâtre)
O Gênio Céltico e o Mundo Invisível (CELD)
O Grande Enigma (FEB)
O Mundo Invisível e a Guerra (CELD)
O Porquê da Vida (FEB)
O Problema do Ser, do Destino e da Dor (FEB)
O Progresso (CELD)
Provas Experimentais da Sobrevivência
Socialismo e Espiritismo (O Clarim)
Fonte:
SIDNEY, Abel. Lições de um Suicida. Um Estudo do Clássico Memórias de um Suicida. CEAK.
Campinas/SP. 2005.
www.garanhunsespirita.com.br/modules.php?name=contente&pa=showpage&pid=59
tir com seus semelhantes.Com idade bastante avançada,
cego e com uma constituição físicarelativamente fraca, vivia aindacheio de tribulações. Nada disso,entretanto, mudava o seu modo deproceder. Apesar de todas essas con-dições adversas, a todos ele rece-bia obsequioso. Desde as primeirashoras da manhã ditava volumosacorrespondência, respondendo aosapelos das inúmeras sociedades quefundara ou de que era presidentehonorário. Onde quer que compa-recesse, ali lhe davam sempre o lu-gar de maior destaque, lugar con-quistado ao preço de profunda de-dicação, perseverança e incansáveloperosidade no bem. �
19Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Fev.2005 | FidelidadESPÍRITA
ESCLARECIMENTO
É importante esclarecer, prin-
cipalmente pensando na-queles que se aproximam do espi-ritismo e dele tomam as primeiras
noções, sobre a figura do presiden-te do centro, seus tarefeiros ou doconhecido médium que lá atua.
Os espíritas sabem que inexistehierarquia no espiritismo. Somos to-dos iguais, ninguém é maior que nin-
guém. Às vezes, ocorrem disputas porcargos e posições, mas isto se deve àambição dos homens e jamais pode
ser creditado à doutrina espírita, poisesta se encontra, absolutamente,isenta de poderes, cargos ou hierar-
quia de qualquer espécie.A você que se aproxima de um
centro espírita, ouve as palestras,
recebe o passe e nota que algumaspessoas se destacam pelo que fazem,saiba que:
a) A figura do presidente é exi-gência legal do país. Toda institui-ção deve ter seu representante le-
gal. E este é eleito pelos própriosespíritas que integram a instituição
através de eleição em assembléia
geral. Normalmente, é escolhidopelo trabalho que exerce ou peloespírito de liderança e conhecimen-
to que apresenta. A ele cabe maior
quota de responsabilidade, na con-dução da Casa e suas atividades;
b) Também o grupo de tarefeirosou o(s) médium(s) que lhe atendemsão pessoas absolutamente normais
como você. Lutam com as mesmas
dificuldades humanas, comuns a to-dos nós. Apenas, ali na Casa, doamhoras que possuem disponíveis para
servir à causa de Jesus. No caso dosmédiuns, trata-se apenas de homense mulheres comuns dotados da sen-
sibilidade ou dom de intercâmbiocom os espíritos. Isto, entretanto, nãoos livra das lutas comuns nem os tor-
na pessoas privilegiadas. Pelo contrá-rio, o compromisso exige-lhes muitadedicação e sacrifício.
Não se iluda, pois, com o nome
presidente de centro ou médium
espírita. Veja neles criaturas ami-gas que desejam ajudar àquelesque o procuram e dedicam seu tem-
po às tarefas desenvolvidas peloscentros espíritas. Eles, de forma al-guma, detêm poderes especiais.
Dizemos isso porque a vaidade hu-mana tem forte tendência a explo-rar essas imagens construídas em
falsos padrões para brincar com aconfiança de pessoas que buscamrespostas às suas aflições. Médiuns
sérios e presidentes comprometidoscom a doutrina espírita jamais farãopromessas ou farão explorações nas
pessoas que atendem. Ali, na casaespírita estruturada com a orienta-
ção e codificação de Allan Kardec,o compromisso é com Jesus. Este com-promisso convida a ajudar a quem
procura, sem privilégios ou proteçãoespecial. Quando você tomar conhe-cimento com explorações ou hipocri-
sia de qualquer espécie, saiba queisto deixa de ser espiritismo.
Busque o espiritismo, caro lei-
tor, para entender seus fundamen-tos, estudá-los. Você vai encontrarfarta fonte de conhecimentos que
muito o ajudarão na difícil cami-nhada humana. Mas não se iluda,
busque grupos sérios e afaste-se depessoas que tentam se impor pelomedo ou pela ameaça.
O grupo espírita que está próxi-mo de você deverá pautar suas ati-vidades de conformidade com os
postulados da doutrina espírita. E,para você saber quais são, eles es-tão todos contidos nos livros apre-
sentados por Allan Kardec, quevocê deve estudar para, verdadei-ramente, conhecer o espiritismo. E,
aliás, acrescento que todos deve-mos continuamente estudar. �
Presidente do Centro Espírita ou
Médium Espíritapor Orson Peter Carrara
Os espíritas sabem que inexiste
hierarquia no Espiritismo.
Somos todos iguais
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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2005
Dias atrás, o Chico con
tou-nos uma história
deveras muito engra-
çada. Com o dom que Deus lhe deu
de alegrar as pessoas, ele nos diver-
tiu a valer, ouvindo-o narrar o diá-
logo entabulado por duas senhoras
de Pedro Leopoldo: Titoca e
Mariquinha.
Aliás, o caso começou assim:Sérgio, sobrinho de Chico, trou-
xera-lhe de Pedro Leopoldo umacuriosa lista de apelidos de pessoasda cidade, organizada pelomuseólogo Geraldo Leão dos San-tos. À medida que Sérgio ia lendoos apelidos, Chico ia-se recordan-do de cada um deles e contando
uma história relacionada com a suavida.
Algum tempo depois de desen-volver a mediunidade psicográfica,como em Pedro Leopoldo não exis-tia médico à época, Chico come-çou a "tirar" receitas:
Uma senhora, vizinha de sua fa-mília, estava de cama, sofrendomuito com reumatismo. As dores seespalhavam pelas articulações, obri-gando-a a permanecer no leito, amaior parte do dia. Sabendo que ofilho de João Cândido, o jovemChico, estava "tirando" receitas es-pirituais, Da. Mariquinha, católi-ca fervorosa, resolveu experimen-tar. Chamou o médium à sua casa epediu-lhe auxílio.
Chico prontificou-se de imedi-ato e, sob o amparo dos BenfeitoresEspirituais, prescreveu-lhe "Uredol"e um outro medicamento homeo-pático. Como Da. Mariquinha, in-
Nos saudosos tempos
de Pedro Leopoldopor Carlos Baccelli
...mas, para sarar como eu estou
sarando, qualquer capeta me serve!
CHICO XAVIER
Novembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 21Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Fonte:
BACCELLI, Carlos. Chico Xavier
Mediunidade e Paz. Págs. 105-107. Didier.
Votuporanga/SP. 1996.
clusive, não tivesse dinheiro paraaviar a receita, ele comprou os re-médios de seu bolso e levou a ela.
Depois de alguns dias, Da.Mariquinha estava completamen-te aliviada das dores terríveis quea incomodavam. Muito feliz, nãotinha palavras de agradecimentopara o médium, o qual quase todosos dias, passou a freqüentar-lhe acasa, nos momentos de intervaloque tinha para o almoço.
Sabendo que a grande amigaestava se tratando com o Espiritis-mo, Titoca, a velha amiga de ora-ções na Igreja, veio visitá-la.
- Mariquinha, começou Titocadizendo, eu soube que você está to-mando uns remédios do Chico!Olhe, minha amiga, o Chico é umapessoa boníssima, mas ele está me-xendo com esse "negócio" de Espi-ritismo, por ingenuidade! Os es-píritas é que enganaram ele...Você jogue esses remédios fora! Sevocê quiser, me dê, que eu os en-terro. Não brinque com isso não!Eles arranjaram um Centro emfrente à minha casa que é um casode polícia! Lá "tem" gente gritan-do, miando, gente chorando... Éuma criançada pobre pedindo ascoisas, uma cachorrada latindona porta... Eu não sei o que voufazer...
Ante as alegações da amiga,Da. Mariquinha tentava contraargumentar, mas Titoca não lhedava tempo e prosseguia:
- Lá, nesse Centro, "tem" umtal de Allan Kardec, que elesquerem que seja maior do queDeus. É um absurdo! E depois euouvi falar que tem uma tal de hip-nose andando por aí... Uns dor-mem e outros não...
- Mas, Titoca, eu estou melho-rando! Aparteava Da. Mariquinha,quando a amiga pausava para to-mar fôlego... Eu sei que a minhadoença não tem cura, mas só denão estar sentindo mais tantasdores nos joelhos, nos cotovelos,nos ossos da cabeça... Olhe, seisso é hipnose que fizeram comi-go, então eu sou daqueles quedormem, porque eu não vi nada!
- Não! Mas você, Mariquinha,é da Igreja! Isso é coisa do De-mônio. Eu volto a lhe oferecer osmeus préstimos e insisto que vocêenterre essa "vidraria" que oChico trouxe. Isso é "trem" man-dado. Mariquinha! Isso é coisa doDemônio!
A essas alturas Da.Mariquinha, já agastada com ainsistência da amiga, respondeu-lhe:
- Escute, Titoca, o que eu voulhe dizer: se isso é coisa do De-mônio ou não, eu não sei... mas,para sarar como eu estou saran-do, qualquer capeta me serve!
A noite de quarta-feira entra-va já pela madrugada de quinta,dia 08 de maio de 1991, e eu,Márcia e Sérgio sorríamos muito,ouvindo, pela verve extraordiná-ria de Chico o desfecho da histó-ria de que fora ele o principal pro-tagonista, nos saudosos tempos dePedro Leopoldo... �
CHICO XAVIER
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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2005
REFLEXÃO
No Centro de Mensageirospor Chico Xavier / André Luiz
O Centro prepara entidades a fim de
que se transformem em cartas vivas
de socorro e auxílio...
No dia seguinte, após
ouvir longas pondera-
ções de Narcisa, de-
mandei o Centro de Mensageiros, no
Ministério da Comunicação. Acom-
panhava-me o prestimoso Tobias, não
obstante os imensos trabalhos que lhe
ocupavam o círculo pessoal.
Deslumbrado, atingi a série de ma-
jestosos edifícios de que se compõe a
sede da instituição. Julguei encontrar
algumas universidades reunidas, tal a
enorme extensão deles. Pátios amplos,
povoados de arvoredo e jardins, con-
vidavam a sublimes meditações.
Tobias arrancou-me do encanta-
mento, exclamando:
- O Centro é muito vasto. Atividadescomplexas são desempenhadas neste de-
partamento de nossa colônia espiritual.Não creia esteja resumida a instituiçãonos edifícios sob nossos olhos. Temos, nestaparte, tão somente a administração cen-tral e alguns pavilhões destinados ao ensi-no e à preparação em geral.
- Mas esta organização imensa res-tringe-se ao movimento de transmissãode mensagens? Perguntei, curioso.
O companheiro sorriu significati-
vamente e esclareceu:
- Não suponha se encontre aqui loca-lizado o serviço de correio, simplesmente.O Centro prepara entidades a fim de que
se transformem em cartas vivas de socor-ro e auxílio aos que sofrem no Umbral,na Crosta e nas Trevas. Acreditaria,porventura, que tanto trabalho se desti-nasse apenas a mera movimentação de no-ticiário? Amplie suas vistas. Este serviçoé a cópia de quantos se vêm fazendo nasmais diversas cidades espirituais dos pla-nos superiores. Preparam-se aqui nume-
rosos companheiros para a difusão de es-peranças e consolos, instruções e avisos,nos diversos setores da evolução planetá-ria. Não me refiro tão só a emissários in-visíveis. Organizamos turmas compactasde aprendizes para a reencarnação. Mé-diuns e doutrinadores saem daqui às cen-tenas, anualmente. Tarefeiros do confor-to espiritual encaminham-se para os cír-culos carnais, em quantidade considerá-vel, habilitados pelo nosso Centro de Men-sageiros.
- Que me diz? Interroguei, surpre-
so. Segundo seus informes, os trabalhosde esclarecimento espiritual devem estarmuitíssimo adiantados no mundo!...
Fixou Tobias expressão singular,
sorriu tranqüilamente e explicou:
- Você não ponderou, todavia, meu caroAndré, que essa preparação não consti-tui, ainda, a realização propriamente dita.Saem milhares de mensageiros aptos para�
Novembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
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REFLEXÃO
Quando os mensageiros se esquecem
do espírito missionário costumam
transformar-se em ferramentas inúteis
o serviço, mas são muito raros os que tri-unfam. Alguns conseguem execução par-cial da tarefa, outros muitos fracassam detodo. O serviço legítimo não é fantasia. Éesforço sem o qual a obra não pode apare-cer nem prevalecer. Longas fileiras de mé-diuns e doutrinadores para o mundo car-nal partem daqui, com as necessárias ins-truções, porque os benfeitores daEspiritualidade Superior, para intensifi-carem a redenção humana, precisam derenúncia e do altruísmo. Quando os men-sageiros se esquecem do espírito missio-nário e da dedicação aos semelhantes, cos-tumam transformar-se em instrumentosinúteis. Há médiuns e mediunidade,doutrinadores e doutrina, como existem aenxada e os trabalhadores. Pode a enxadaser excelente, mas, se falta o espírito deserviço no cultivador o ganho da enxada
será inevitavelmente a ferrugem. Assimacontece com as faculdades psíquicas ecom os grandes conhecimentos. A expres-são mediúnica pode ser riquíssima; en-tretanto, se o dono não consegue olharalém dos interesses próprios, fracassaráfatalmente na tarefa que lhe foi conferida.Acredite, meu caro, que todo trabalhoconstrutivo tem as batalhas que lhe dizemrespeito. São muito escassos os servidoresque toleram as dificuldades e reveses daslinhas de frente. Esmagadora percentagempermanece à distância do fogo forte. Tra-balhadores sem conta recuam quando atarefa abre oportunidades mais valiosas.
Algo impressionado, considerei:
- Isto me surpreende sobremaneira.Não supunha fossem preparados, aqui,determinados mensageiros para a vidacarnal.
- Ah! Meu amigo, falou Tobias sor-
ridente, poderia você admitir que as obrasdo bem estivessem circunscritas a simplesoperações automáticas? Nossa visão, naTerra, costuma viciar-se no círculo doscultos externos, na atividade religiosa.Cremos, por lá, resolver todos os proble-mas pela atitude suplicante. Entretanto, agenuflexão não soluciona questões fun-damentais do espírito, nem a mera adora-ção à Divindade constitui a máximaedificação. Em verdade, todo ato de hu-mildade e amor é respeitável e santo, e,incontestavelmente, o Senhor nos conce-derá suas bênçãos; no entanto, é impres-cindível considerar que a manutenção elimpeza do vaso, para recolhê-las, é deverque nos assiste. Não preparamos, pois,neste Centro, simples postalistas, mas es-píritos que se transformem em cartas vi-vas de Jesus para a Humanidade encar-nada. Pelo menos, este é o programa denossa administração espiritual...
Calei, emocionado, ponderando a
grandeza dos ensinamentos. Meu com-
panheiro, após longa pausa, prosseguiu
observando:
- Raros triunfam, porque quase todosestamos ainda ligados a extenso pretéritode erros criminosos, que nos deformarama personalidade. Em cada novo ciclo deempreendimentos carnais, acreditamosmuito mais em nossas tendências inferio-res do passado, que nas possibilidades di-vinas do presente, complicando sempre ofuturo. É desse modo que prosseguimos,por lá, agarrados ao mal e esquecidos dobem, chegando, por vezes, ao disparate deinterpretar dificuldades como punições,quando todo obstáculo traduz oportuni-dade verdadeiramente preciosa aos que játenham “olhos de ver”(...). �
Fonte :
XAVIER, Francisco Cândido. Os Mensagei-
ros. Cap. III. Págs. 21-25. Feb. Rio de Janei-
ro/ RJ. 1998.
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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2005
APRENDIZADO
Os Médiunspor Therezinha Oliveira
Experimentar ainda é o melhor meio
de avaliar as condições de um médium
para o trabalho
�
Seleção dos Médiuns
para a Reunião
Quais os médiuns que devem
participar de uma reunião?
Aqueles que apresentem as fa-culdades apropriadas para os obje-tivos visados pela reuniãomediúnica.
Assim, por exemplo, se as reuni-ões visarem o diálogo com os espí-ritos, escolheremos basicamentemédiuns de psicofonia; para rece-ber mensagens escritas, precisare-
mos de psicógrafos; para reuniõesde curas espirituais serão indispen-sáveis médiuns de efeitos físicos.
Condições do médium
para o trabalho mediúnico
Para atuar regularmente no tra-balho mediúnico espírita, é precisoque o médium já tenha certa ex-periência, conhecimento doutriná-rio e boa moral.
Como verificar se o
candidato possui essas
qualidades
Pela vidência e examinando a
cor da sua aura?
Este método pode ser um doselementos para a nossa análise, seunido a outros meios de verifica-ção e se forem feitos vários exames,em ocasiões diferentes. Mas, sozi-nho, não oferece segurança, porquea aura individual muda conforme
os pensamentos e sentimentos domomento e porque o vidente podese enganar ou ser enganado quan-to ao que observa.
E se perguntarmos aos espíri-
tos?
Se, para essa consulta, contar-mos com médium seguro e espíritoem cujo critério confiemos, pode-remos perguntar. Porém, geralmen-te os bons espíritos preferem deixarque exercitemos a nossa própriacapacidade de observação e análi-se.
Experimentar ainda é o melhormeio de avaliar as condições de ummédium para o trabalho
É o que Kardec recomenda emO Livro dos Médiuns (2ª parte, cap.
Novembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
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APRENDIZADO
�
A mesa não é obrigatória nem
indispensável para o intercâmbio
mediúnico
XVII, item 200) e a conclusão aque chegamos também.
Portanto, antes de colocar omédium em efetivo trabalho nacasa espírita, devemos observá-loem reuniões prévias.
O que deve ser observado no
médium?
1) Que espécies demediunidade tem e em qual maisse destaca (avaliar pelos efeitos queproduz)
2) Como e para que usa amediunidade (deve ser com equi-líbrio, propósitos elevados, como so-correr e esclarecer as criaturas, seminteresse por qualquer pagamentoou retribuição).
3) Se sabe ser passivo (não in-terferir muito, consciente ousubconscientemente, no conteúdoda manifestação).
4) Como se comporta, particu-larmente e em público (se mantémsempre boa conduta moral, se énatural e fraterno com todos, querricos ou pobres, cultos ou incultos).
5) Se já evita a vaidade e opersonalismo (por entender quetodos somos espíritos devedores eque sua mediunidade não é privi-
légio mas uma oportunidade de tra-balho redentor).
6) Se se comporta bem doutri-nariamente (atendendo às diretri-zes do Espiritismo e às normas dacasa espírita onde trabalha).
Sua colocação à mesa
mediúnica
A mesa não é obrigatória nemindispensável para o intercâmbiomediúnico; com ou sem ela, os es-píritos se manifestam por meio dosmédiuns.
Ela oferece, porém, maior apoioe conforto físico aos participantesque se sentam ao seu redor; tam-bém favorece o trabalho de organi-zação da reunião e de atendimen-to aos médiuns, pela equipe diri-gente; e é útil em algumas modali-dades de labor mediúnico, como apsicografia.
Os lugares à mesa serão ocupa-dos, de preferência, por médiuns.Se houver maior número de mé-diuns que lugares, os excedentes seacomodarão fora da mesa. Sendo osmédiuns em número menor, os lu-gares ainda disponíveis poderão serocupados por outros participantes.Não é preciso que todos os lugaressejam preenchidos.
O lugar de cada pessoa à mesapoderá estar previamente designa-do, para maior facilidade na orga-nização e movimentação dos parti-cipantes. Mas que ninguém se in-disponha ou aborreça se outro ocu-par o seu lugar ou se o dirigentefizer alguma modificação que jul-gue necessária. Também nessaquestão, o grupo deverá agir frater-nalmente.
Convém deixar espaço suficien-te entre as cadeiras, para que osparticipantes não se sintam cons-trangidos nem sofram empecilho àsua liberdade de ação, por estaremmuito próximos uns dos outros.
A distribuição dos médiuns namesa mediúnica não obedece a umaordem especial, pois o que irá de-
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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2005
APRENDIZADO
Fonte:
OLIVEIRA, Therezinha. Reuniões
Mediúnicas. Págs. 39 – 43. CEAK. Campi-
nas/SP 2001.
terminar a ligação dos espíritos comos médiuns será a sintonia mentale a afinidade fluídica que ofereçam,e não os lugares que ocupem àmesa.
É prática desaconselhável colo-car os médiuns mais produtivos per-to do dirigente e os outros em es-cala decrescente. Pode estimular oorgulho nos médiuns por dar a im-pressão de lugar de mais honra(como ocorre nas solenidades domundo terreno).
Observação:Essa prática talvez se justifi-
casse no passado, quando o diri-gente fazia o atendimento das en-tidades sem sair do seu assento;então, ter mais perto de si os mé-diuns mais produtivos lhe facili-tava o diálogo. Atualmente, po-rém, o mais usual é o dirigente (ouo dialogador) se deslocar até omédium para atender às entida-des comunicantes.
Um médium novato, se coloca-do ao lado de médium mais experi-ente, poderá aprender com o exem-plo dele e se sentir mais seguro e am-parado no decorrer da reunião.
Médiuns inexperientes, quandosentados lado a lado, às vezes so-frem como que um “contágio”fuídico-emocional: se um entra emtranse, o outro também logo ficamediunizado. Colocar entre elesuma pessoa não-médium ou ummédium experiente, pode ajudar aevitar esse “contágio”. Mas o ide-al é que se eduquem os médiuns
para adquirirem equilíbrio e tra-balharem corretamente, sem pre-cisarem desse ou de outros recur-sos externos.
São práticas sem fundamento
e desnecessárias:
1) Intercalar as pessoas confor-
me o sexo (um homem, uma mu-
lher, um homem, e assim por dian-
te).
2) Separar esposos, familiares,
amigos (a não ser porque, juntos,
conversem e se distraiam ou se ini-
bam).
3) Colocar a pessoa a ser assis-
tida perto do médium (a ligação
espiritual não depende dessa pro-
ximidade física e, mesmo estando
em sala à parte, o assistido será es-
piritualmente ajudado; aliás, o as-
sistido faz parte do público que,
como já vimos, não deve participar
da reunião mediúnica). �
Novembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 27Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Fonte:
MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras.
Pág. 63. Editora Moderna. São Paulo/SP,
1999.
COM TODAS AS LETRAS
Veja se você encontra algum erro nesta
frase: EUA são o país eleito dos brasi-
leiros. Ela foi publicada como título de
uma notícia da 1ª Página do Estadão e deu ori-
gem a pelo menos uma dezena de telefonemas de
leitores. Alguns queriam apenas saber se ele esta-
va correto, enquanto outros garantiam que o jor-
nal havia errado e o certo seria EUA "é" o país
eleito dos brasileiros.
Bem, o título não tem erro nenhum. Se
um nome próprio é precedido de artigo no plu-
ral, a concordância jamais pode ser feita no sin-
gular. Por isso: (Os) EUA são o país eleito dos
brasileiros. (Apenas, como explicação, nos tí-
tulos de jornais muitas vezes se omite o artigo
por uma questão de economia de sinais - repre-
sentados por letras, números, espaços, etc.) A
justificativa de alguns leitores, de que "os Esta-
dos Unidos constituem um conjunto", e por isso
o verbo deveria ficar no singular, não tem sus-
tentação gramatical. A concordância também
poderia ficar no singular para combinar com país
pelo mesmo motivo.
A norma da língua portuguesa é a de
que todos os nomes próprios precedidos de arti-
go no plural fazem a concordância no plural,
como se vê também nestes outros casos: Os
Andes ficam (e não "fica") na América do Sul.
/ Os Alpes são uma cordilheira. / As Ilhas
Salomão estão no sudoeste da Oceania. Em to-
dos esses casos, também se trata de um conjun-
to (de montanhas ou ilhas). E nem por isso o
verbo se mantém no singular.
Essa é ainda a razão pela qual não se
pode nunca dizer que alguém veio "do" Estados
Unidos, mas dos Estados Unidos, nem que al-
gum ministro brasileiro viajou para "o" Estados
Unidos, mas para os Estados Unidos. Apenas se
a referência for genérica, sem artigo, é que se
pode fazer a concordância no singular: Estados
Unidos é (e não "são") o nome de um país. �
Os Estados Unidos são um país
por Eduardo Martins
Chico Xavier - Emmanuel
Vinha de Luz
Com Amor
“E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é
o vínculo da perfeição.” – Paulo.(Colossenses, 3:14.)
Todo discípulo do Evangelho precisará coragem
para atacar os serviços da redenção de sim mesmo.
Nenhum dispensará as armaduras da fé, a fim de
marchar com desassombro sob tempestades.
O caminho de resgate e elevação permanece cheio
de espinhos.
O trabalho constituir-se-á de lutas, de sofrimentos,
de sacrifícios, de suor, de testemunhos.
Toda a preparação é necessária, no capítulo da
resistência; entretanto, sobre tudo isto é indispensável
revestir-se nossa alma de caridade, que é amor
sublime.
A nobreza de caráter, a confiança, a benevolência, a
fé, a ciência, a penetração, os dons e as possibilidades
são fios preciosos, mas o amor é o tear divino que os
entrelaçará, tecendo a túnica da perfeição espiritual.
A disciplina e a educação, a escola e a cultura, o
esforço e a obra, são flores e frutos na árvore da vida,
todavia, o amor é a raiz eterna.
Mas, como amaremos no serviço diário?
Renovemo-nos no espírito do Senhor e
compreendamos os nossos semelhantes.
Auxiliemos em silêncio, entendendo a situação de
cada um, temperando a bondade com a energia, e a
fraternidade com a justiça.
Ouçamos a sugestão do amor, a cada passo, na
senda evolutiva.
Quem ama, compreende; e quem compreende,
trabalha pelo mundo melhor.