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1 Figuras de palavras Antífrase A antífrase é uma figura de linguagem, facilmente confundida com as figuras da ironia, sarcasmo, eufemismo e sátira, e consiste na utilização de uma palavra com o sentido contrário àquele que tem normalmente. Camões refere este recurso estilístico de forma explícita na sua Canção IX: "Junto a um seco, fero e estéril monte, (...) Cujo nome do vulgo introduzido, / É Felix, por antífrase infelice." O seu uso pode justificar-se como forma de atenuação de uma ideia negativa, como quando se chamavam de Eumênides ("benévolas") às Fúrias, na Grécia Antiga; ou quando D. João II decidiu renomear o Cabo das Tormentas como Cabo da Boa Esperança. Pode-se considerar, por vezes, a antífrase como um eufemismo levado ao extremo - quando o sentido original das palavras é invertido. Disfemismo O disfemismo (ou cacofemismo) é uma figura de estilo (figura de linguagem) que consiste em empregar deliberadamente termos ou expressões depreciativas, sarcásticas ou chulas para fazer referência a um determinado tema, coisa ou pessoa, opondo-se assim, ao eufemismo. Expressões disfêmicas são freqüentemente usadas para criar situações de humor. Um exemplo de disfemismo é: Morrer : "comer capim pela raiz", "vestir o paletó de madeira", "ir para a terra dos pés-juntos", "bater as botas" etc. Urinar : "tirar água do joelho", "mudar a água às azeitonas", "pipetar ácido sulfúrico no joelho" etc. Litotes Lítotes consiste numa frase suavizada ou negativa para expressar uma afirmação. É o oposto da hipérbole. É uma figura de linguagem em que uma suavização é feita pela negação do contrário. Para que não se diga, por exemplo, que determinado indivíduo é burro, diz-se que é pouco inteligente, ou simplesmente que não é inteligente. Esse caso, que contém forte dose de ironia, chama-se "litotes". É bom que se diga que com a litotes a expressão não necessariamente se suaviza. Para que se diga que uma pessoa é inteligente, pode-se dizer que não é burra: "Seu primo não é nada burro". Segundo o dicionário Aurélio a litotes é "modo de afirmação por meio da negação do contrário". Exemplos Para dizer que uma pessoa canta bem: "Ela não canta mal". Às vezes litotes é uma frase de depreciação. Ex.: "Éramos como gafanhotos aos nossos olhos". A saudade não é nada triste Metalepse Metalepse é uma figura de linguagem em que se toma o antecedente pelo consequente e vice-versa. Ex: Sonorosas trombetas incitavam, os ânimos alegres ressoando. Eles viveram (por "eles estão mortos") Pode também expressada por meio de 'coisa significada' por um sinal. Exemplo: "o suor do teu rosto" no lugar de "teu esforço"; "em sinal de respeito a teus cabelos brancos" em lugar de: "tua idade" ou "tua velhice".

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Figuras de palavras

Antífrase

A antífrase é uma figura de linguagem, facilmente confundida com as figuras da ironia, sarcasmo, eufemismo e sátira, e consiste na utilização de uma palavra com o sentido contrário àquele que tem normalmente. Camões refere este recurso estilístico de forma explícita na sua Canção IX: "Junto a um seco, fero e estéril monte, (...) Cujo nome do vulgo introduzido, / É Felix, por antífrase infelice." O seu uso pode justificar-se como forma de atenuação de uma ideia negativa, como quando se chamavam de Eumênides ("benévolas") às Fúrias, na Grécia Antiga; ou quando D. João II decidiu renomear o Cabo das Tormentas como Cabo da Boa Esperança. Pode-se considerar, por vezes, a antífrase como um eufemismo levado ao extremo - quando o sentido original das palavras é invertido.

Disfemismo

O disfemismo (ou cacofemismo) é uma figura de estilo (figura de linguagem) que consiste em empregar deliberadamente termos ou expressões depreciativas, sarcásticas ou chulas para fazer referência a um determinado tema, coisa ou pessoa, opondo-se assim, ao eufemismo. Expressões disfêmicas são freqüentemente usadas para criar situações de humor. Um exemplo de disfemismo é:

• Morrer: "comer capim pela raiz", "vestir o paletó de madeira", "ir para a terra dos pés-juntos", "bater as botas" etc.

• Urinar: "tirar água do joelho", "mudar a água às azeitonas", "pipetar ácido sulfúrico no joelho" etc.

Litotes

Lítotes consiste numa frase suavizada ou negativa para expressar uma afirmação. É o oposto da hipérbole.

É uma figura de linguagem em que uma suavização é feita pela negação do contrário. Para que não se diga, por exemplo, que determinado indivíduo é burro, diz-se que é pouco inteligente, ou simplesmente que não é inteligente. Esse caso, que contém forte dose de ironia, chama-se "litotes". É bom que se diga que com a litotes a expressão não necessariamente se suaviza. Para que se diga que uma pessoa é inteligente, pode-se dizer que não é burra: "Seu primo não é nada burro". Segundo o dicionário Aurélio a litotes é "modo de afirmação por meio da negação do contrário".

Exemplos

• Para dizer que uma pessoa canta bem: "Ela não canta mal". • Às vezes litotes é uma frase de depreciação. Ex.: "Éramos como gafanhotos aos nossos olhos". • A saudade não é nada triste

Metalepse

Metalepse é uma figura de linguagem em que se toma o antecedente pelo consequente e vice-versa. Ex: Sonorosas trombetas incitavam, os ânimos alegres ressoando. Eles viveram (por "eles estão mortos") Pode também expressada por meio de 'coisa significada' por um sinal. Exemplo: "o suor do teu rosto" no lugar de "teu esforço"; "em sinal de respeito a teus cabelos brancos" em lugar de: "tua idade" ou "tua velhice".

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Figuras de construção (= figuras sintáticas)

Anadiplose

Anadiplose é a figura de linguagem que consiste na repetição da última palavra ou expressão de uma oração ou frase no início da seguinte, com intenção de realce. Exemplo: "Todo pranto é um comentário. Um comentário que amargamente condena os motivos dados."; "Pede-se aos senhores a aplicação da justiça. Justiça que outra coisa não é senão a razão do Direito." "Só depois de me fazer isto é que chorei. Chorei todas as lágrimas que tinha em mim."

Analepse

Analepse (termo mais utilizado em literatura), flash-back, flashback, cutback ou switchback (termos mais utilizados no cinema) é a interrupção de uma sequência cronológica narrativa pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente. É, portanto, uma forma de anacronia, ou seja, uma mudança de plano temporal. Os Lusíadas, de Camões, como começam "a meio da ação" (in media res), farão, depois, uso da analepse para que sejam referidos acontecimentos prévios. No cinema, o flashback é um recurso típico de vários gêneros cinematográficos, sendo frequente nos filmes policiais e nos clássicos do filme negro norte-americano, por exemplo: Out of the Past, de Jacques Tourneur, em que o passado, essencial para a compreensão da ação, é apresentado numa longa sequência que justifica o título original do filme (Fora do Passado, em tradução literal). O termo 'flash-back' também é designado em linguagem radiofônica, como um gênero de música mais antiga. Normalmente êxitos do passado, com diferença de anos. Quando a música é relativamente antiga, com poucos anos, é chamada de mid-back.

Circunlóquio

Circunlóquio é uma figura de linguagem que consiste em um discurso pouco direto, onde o escritor foge do ponto principal pelo abuso de expressões, que estende demasiadamente algo que pode ser dito em poucas palavras. Exemplos:

• "Manter um alto grau de atividade..." (Em vez de "trabalhar bastante") • "Grupos de idêntica natureza..." (Em vez de "grupos iguais") • "Estamos trabalhando para que haja consenso entre os estudantes" (Em vez de "Queremos um

consenso").

Diácope

Diácope é uma figura de linguagem que consiste na repetição da mesma palavra em semelhante com outra de permeio.

Exemplos:

• "Tu só tu, puro amor..." (Lus., 3, 119) • Dargo o valente dargo, a quem na guerra ninguém nunca jamais não viu as costas." (Garrett)

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Epizêuxis (= Epizeuxe)

A epizeuxe é uma figura de linguagem na qual a mesma palavra é repetida duas ou mais vezes seguidas sem outra de permeio. Relaciona-se, portanto, com a diácope. Para comparar, consulte também o verbete "diácope".

Por exemplo:

• "Marília, Marília, és a estrela da manhã." • "Amigo, amigo, por favor, não vá embora." • "Eu queria conhecer a minha mãe, mãe, mãe. Não a minha madrasta!"

Quiasmo

s.m. Retórica Estrutura sintática em que dois segmentos de frase têm duas ou três das suas palavras repetidas em ordem inversa, e de tal modo que a final do primeiro segmento é a inicial do segundo: "Voava e zumbia, zumbia e voava." "Vinhas fatigada e triste, e triste e fatigado eu vinha." (Dá-se ainda o nome de quiasmo [e também de antimetábole] a um processo estilístico que consiste em formar uma antítese, dispondo em ordem inversa e cruzada os elementos que a constituem: há pessoas que não comem para viver mas vivem para comer.) (Var.: quiasma.) (Fonte: Dicionário Aurélio – versão on line)

Zoomorfização (= Animalização)

Zoomorfização (ou Animalização) é uma figura de linguagem que aproxima e descreve o comportamento humano como de um animal, o homem é tratado como um animal. Mais do que uma figura de linguagem, a Zoomorfização é uma concepção do Naturalismo. Assim, quando o homem é retratado como um animal, expressa-se a ideia da época, muito influenciada pelo Darwinismo, de que o homem não passa de um ser instintivo, consideravelmente irracional e que é condicionado pelo meio em que vive.

Exemplos: Trecho retirado do livro O cortiço, de Aluísio Azevedo: "(...) via-se-lhes [das mulheres] a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam suspendendo o cabelo todo para o alto do casco [couro cabeludo]; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário, metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas [narizes ou focinhos] e as barbas, fossando [revolver com o focinho] e fungando contra as palmas da mão."

Bibliografia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Figura_de_linguagem Acessado em 20/10/2011 – 16h: 00min

http://www.dicionariodoaurelio.com/Quiasmo Acessado em 20/10/2011 - 16h: 05min