Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos...

18
NOVAS ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO PARA A AGRICULTURA BRASILEIRA Pedro Carlos Gama da Silva· Roberio Ferreira dosSantos •• Muito ter n seescritosobre 0 cr OOito rural no Brasil, tanto sobre 0 sistema oficial de distribuiya o soc ial eespacial dos recursosdos fma n- ciamen tos qua nta sobre as politicas publicas adotadas. Os estudos existentesc entram-se , no entanto, quase exclusivamente nas aplic ayees realizadas no mercado formal ou institucional. 0 objetivodeste traba- lho e situar em quecontexto aparecem as no vas altemativas de financ i- amento para a agricultura brasileira , inclusive os sistemas informa isde crOOitocooperativo, a partir dos estudosexistentes que tratam da evo- luyaoda s in stituiyees, programas e politicas crediticias que afetam a agricultura . Ele e dividido em outras cinco s~oe s, alem desta e das re ferencias bibliograficas. Na 2" seyao ere visitada arelayao entr e crOOitoagricola e modernizayao da agricultura brasileira; nas seguintes saD abordados <> crOOitoagr icola-cooperativo no Brasil, a rela yao entre crooito rural e de senvolvimento , 0 crooito rural altemativo e algumas considerayees a guisa de conclusoes. Pesquis ador da EMBRAPA- CPATSA, Petrolina, PE. Mestre em Economia, UFPB. ·· Pes quisador da EMBRAPA- CNPA, Professor do Curso deMestrado em Econo- mia, UFPB, Campus ll. Doutor em Economi a pela USP.

Transcript of Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos...

Page 1: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

NOVAS ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTOPARA A AGRICULTURA BRASILEIRA

Pedro Carlos Gama da Silva·Roberio Ferreira dos Santos ••

Muito tern se escrito sobre 0 crOOitorural no Brasil, tanto sobre 0

sistema oficial de distribuiyao social e espacial dos recursos dos fman-ciamentos quanta sobre as politicas publicas adotadas. Os estudosexistentes centram-se, no entanto, quase exclusivamente nas aplicayeesrealizadas no mercado formal ou institucional. 0 objetivo deste traba-lho e situar em que contexto aparecem as novas altemativas de financi-amento para a agricultura brasileira, inclusive os sistemas informais decrOOitocooperativo, a partir dos estudos existentes que tratam da evo-luyao das instituiyees, programas e politicas crediticias que afetam aagricultura.

Ele e dividido em outras cinco s~oes, alem desta e das referenciasbibliograficas. Na 2" seyao e revisitada a relayao entre crOOitoagricolae modernizayao da agricultura brasileira; nas seguintes saD abordados<> crOOitoagricola-cooperativo no Brasil, a relayao entre crooito rural edesenvolvimento, 0 crooito rural altemativo e algumas considerayees aguisa de conclusoes.

Pesquisador da EMBRAPA-CPATSA, Petrolina, PE. Mestre em Economia,UFPB.

··Pesquisador da EMBRAPA-CNPA, Professor do Curso de Mestrado em Econo-mia, UFPB, Campus ll. Doutor em Economia pela USP.

Page 2: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

CREDITO AGRiCOLA E MODERNIZAt;AO DA AGRICULTURABRASILEIRA

Varios sac os estudos que abordam 0 credito rural, principal-mente a partir da sua institucionalizac;ao, com a criac;ao do SistemaNacion~l de Credito Rural - SNCR, atraves da Lei nl! 4.829, de 05de novembro de 1965 (Pinto, 1981; Munhoz, 1982; Sayad, 1984;Delgado, 1985; Hoffmann & Kageyama, 1987; Santos, 1988; Car-doso, 1988; Silva, 1990). Segundo Silva (1990), a partir dai, aimplementac;ao do credito rural definiu explicitamente, com seusobjetivos: 0 provimento de fundos extemos para financiar uma par-cela consideravel dos custos diretos de produc;ao e comercializac;aod~ agricultura; 0 estimulo a formac;ao de capital; a acelerac;ao doprocesso de adoc;ao tecnol6gica, e 0 fortalecimento da posic;ao daseconomias dos produtores agricolas, especialmente das categoriasdos pequenos e medios. Vma analise da aplicac;ao dos recurs os emcredito rural ate 0 inicio da decada de 90, permite inferir que os tresprimeiros objetivos-metas puderam ser atendidos ate 1979, uma vezque ate este ano 0 volume aplicado de credito foi crescente em termosreais1, viabilizando 0 novo modelo agricola calcado na tecnificac;ao eutilizac;ao macic;a de inslimos industriais e concorrendo para a consoli-dac;ao do complexo agroindustrial brasileiro (Sorj, 1980; Silva, 1982;Martine & Beskow, 1987).

Quanto a distribuic;ao social e espacial dos recursos dos financia-mentos, os estudos de Pinto (1981), Sayad (1984), Hoffmann & Ka-geyma (1987) e Cardoso (1988), entre outros, revelam a natureza con-centradora e excludente do credito rural, demonstrando a pouca parti-cipac;ao dos pequenos produtores. Sem duvida, houve uma grande con-

1Os recursos destinados ao credito rural cresceram aceleradamente desde a suainstitucionalizaryao, mas as estatisticas do Banco do Brasil sobre 0 credito rural sopassaram a ser publicadas sistematica mente a partir de 1969. Neste ano, 0 total definanciamento atingiu a soma de 101.648.216 cruzeiros (em valores reais a preryo dejaneiro de 1990) e, em 1979, ja foram aplicados 515.548.546 cruzeiros (em valoresreais a preryo de janeiro de 1990) (SlL VA, 1990). Toda essa expansao, conformeSAY AD (1984), deu-se a taxas de juros subsidiadas gerando uma demanda especu-lativa que se constituiu em importante fonte de distorryao dessa politica setoria\.

Page 3: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

centrayao de recursos nas maos dos grandes propriecirios, alem deduas outras formas de concentrayao: por regiao e por produto2

.

Os atgUlllentos apresentados para explicar esse problema distributivoestao centrados, segundo Meyer et al. (1975) e Santos (1988), nos proble-mas da demanda (mooo de assumir riscos e lidar com agencias formais,falta de conhecimento de como usar 0 credito e ausencia de altemativaslucrativas) e da oferta do credito institucional (concentrayao do credito,pouca participayao dos bancos privados e falta de estimulo e interesse dosistema bancirio para emprestimos aos pequenos produtores). No entanto,de acordo com Santos (1988), os problemas da distribuiyao social e espa-cial do credito nao devem ser encarados como uma distoryao do prograrnade credito rural, mas como uma conseqiiencia da politica de modernizayaoadotada. Isto porque: "As caracteristicas do credito rural subsidiado atende-ram as necessidades dos formuladores da politica de modernizayao da agri-cultura brasileira, ja que os grandes produtores agricolas, aqueles que saomais facilmente atingidos pelo programa de credito rural, sao, .tambem, osque tern condiy(5esde mais rapidamente atenderem os incentivos de uso deinsumos modemos na agricultura. 0 tipo de tecnologia dispomvel direcio-nou 0 processo de modernizayao para os produtos exporciveis, como soja,cafe, ayucar e trigo (este, produto de importayao do Brasil). Estes doisfatores, junto com melhores condiy(5esde clima, melhor qualidade de solo emelhor myel cultural dos produtores, direcionaram 0 processo de moderni-zayao para a regiao Centro-Sul do Brasil" (SANTOS, 1988:402).

Muito embora a apropriayao de grande parte do montante de re-cursos tenha sido feita, principalmente, pelos grandes propriecirios,naq se deve subestimar a influencia desse mesmo credito para uma

2 Esses autores mostram, com cIareza, a concentrayao do crooito rural no Brasil,principalmente na decada de 70, em favor de alguns produtos, especialmente osdestinados a exportayao ou a industrializayao, e em favor das regioes Sudeste e SuI.De acordo com a ASSESSOAR (1989), pelos dados fomecidos pelo Banco Central,em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976,passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar de terem feito 74%do total dos contratos realizados e em 1987, apesar dos micro e pequenos produto-res terem assinado 76% dos contratos do crooito rural, receberam apenas 20% dototal dos recursos.

Page 4: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

camada de pequenos proprietarios. 0 crOOito rural contribuiu para 0

surgimento de uma nova classe de pequenos produtores, que se distan-ciou das concep95es chissicas de campesinato. Sao os pequenos produ-tores tecnificados que se diferenciam com 0 aumento da sua importan-cia social, tanto pelo sucesso economico quanto pela capacidade para"modemizar-se" (pAULILO, 1989).

Com 0 aprofundamento da crise brasileira a partir dos anos 80, apolitica de crOOito rural e redirecionada em funyao da conduyiio dapolitica macroeconomica do pais, passando por fortes restriyaes derecurs os e retirada gradual dos subsidios (SILVA, 1990). Com as difi-culdades financeiras do Estado, a polltica de crOOitorural comes;ou, aospoucos, a se traduzir em reduyao dos percentuais dos financiamentos eem volume de crooito cada vez menor, mesmo sem subsidios, ou seja,os recursos tomaram-se cada vez menores, em termos reais, associadosa um crescimento dos encargos financeiros. 3

E importante destacar a forte intervenyao estatal no crooito agri-cola, seja na fixa~ao das condi95es das operayaes crediticias (prazos ejuros, entre outros), coordenayao e controle dos programas de crernto,seja como agente fmanciador. A lei que institucionalizou 0 crOOitoruralno Brasil (Artigo 4Q

) cia competencia ao Conselho Monetario Nacionalpara disciplinar 0 crOOitocom atribui95es exclusivas para tra~r suasnormas operacionais.4 Desde a cria~ao do SNCR, 0 Estado aparececomo principal fmanciador dos programas de crooito agricola, cujasfontes de recurs os sao 0 Tesouro Nacional e, no caso de muitos pro-gramas de investimento, organismos intemacionais (Banco Mundial,Banco Interamericano de Desenvolvimento, entre outros). Mesmo com

3De acordo com os dados elaborados por SILVA (1990), 0 valor total de crooitoagricola caiu de Cr$ 515.548.546 em 1979, para Cr$ 176.017.662 em 1988 (valoresreais a preyo de janeiro de 1990).4 A Lei 4.595, que criou 0 Conselho Monetario Nacionallhe confere, entre outras,as seguintes atribuiyoes: "disciplinar 0 credito em todas as suas modalidades e asoperayoes crediticias em todas as suas formas, inclusive aceites, avais e prestayoesde quaisquer garantias por parte das instituiyoes financeiras". E em seu artigo 10,inc. V, a lei confere ao Banco Central do Brasil competencia para "exercer 0 contro-Ie do credito sob todas as suas formas". Citado por MORAES (1974:167-170).

Page 5: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

a criayao e ampliayao da exigibilidade bancaria com base nos depositosa vista e de outras fontes de recurs os criados a partir de meados dosanos 80 como a Caderneta de Poupanya Rural e 0 Fundo de Desen-volvim~to Agropecuario, 0 Estado ainda permanece como principalagente financiador.5

Nesse contexto, tambem aparecem os programas especiais de de-senvolvimento conduzidos pelo Estado, que surgem como politicascompensatorias para os "excluidos" do processo de modernizayao daagricultura. Quase sempre apresentando urn discurso e uma roupagemformalmente desconcentradora, esses programas, em sua maioria, ado-tam uma estrategia integrada, onde 0 cremto e urn elemento do conjuntode serviyos a ser proporcionado aos pequenos produtores. Entretanto,os resultados da implementayao desses programas se afastam bastantedas inteny3es manifestadas no conteudo das suas propostas e os seusefeitos se apresentam nitidamente concentradores e excludentes(Bursztyn, 1984; Chaloult, 1988; Martine & Beskow, 1987; Sampaioet aI., 1979).

Vale ressaltar que os estudos existentes sobre 0 crooito rural noBrasil centram-se, quase exclusivamente, no cremto agricola institucio-nal, ou seja, enfatizam especialmente as operayoes realizadas no mer-cado formal ou institucionai. 6 Nao obstante se reqonheya que as tran-

5 A exigibilidade de aplicayao de parcela dos depositos a vista em credito rural foiestabelecida pelo governo atraves das Resoluyoes nQ 69 e 260 do Banco Central doBrasil, visando ampliar a participayao dos agentes fmanceiros privados do SNCR nofinanciamento da agricultura, ficando estipulado que os bancos devem aplicar 15%dos depositos a vista em credito rural, sob pena de recolhirnento compulsorio emfavor do Banco Central, caso aquele percentual nao seja atingido. Atuaimente, estepercentual e de 25%, conforme determina a circular BACEN nQ 1.696 de 25/04/90.Os sucessivos pIanos de ajuste economico adotados pelos Govemos a partir deentlio, tern procurado reverter a tendencia de queda no volume de credito ruralbuscando novas fontes de recursos no setor privado.6 Os termos formal e institucional sao aqui utilizados como as atividades de credito-poupanya em instituiyoes influenciadas por regulamentos bancarios: bancos privadose publicos, e cooperativas, legaimente reconhecidas, enquanto os termos informal enao institucional referem-se a outras atividades de credito-poupanya entre amigos,parentes, comerciantes, indu.strias, associayoes de produtores, etc.

Page 6: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

sayees informais de crooito petfazem uma proporyao considenivel domercado de crOOitorural, as informayees sobre este mercado informalou nao institucional sao pouco mencionadas, ate porque elas nao saodisponiveis. Os poucos estudos que tratam desse assunto sugerem queas fontes nao-institucionais de crooito sao mais importantes para ospequenos 1lgricultores do que para os mooios e grandes, especialmenteaqueles sem terra (os parceiros, por exemplo), que se utilizam dos fi-nanciamentos fomecidos pelos parentes, amigos, propriecirios e co-merciantes para atendimento das suas necessidades, inclusive de con-

7sumo.

Conforme adverte Meyer et al. (1975), sao necessarias, entretan-to, mais informayees sobre a natureza e extensao do mercado informalde crooito rural, uma vez que ha indicios de que a demanda por essetipo de crOOitovaria em funyao da oferta e da disponibilidade do credi-to formal. Nesse sentido, observam Silva et al. (1990), na conjunturade restriyao de recursos que marca 0 final da decada de 80 e diante dafalta de perspectiva de recuperayao a curto e mOOioprazos do cremtoagricola institucional, 0 setor rural tern buscado novas altemativas parafinanciar sua produyao, onde se destacam: formas privadas co-participativas de financiamento da industria de insumo, da intermedia-yao comercial e do processamento industrial; 0 financiamento de cus-teio da safra atraves do comprometimento de parte da produyao futurarealizada por algumas cooperativas, eo fmanciamento de maquinas eequipamentos atraves de cons6rcios, entre outras.

Como pode ser observado, estas altemativas combinam com aproposta de liberalizayao da economia apregoada pelo govemo desde 0

inicio da decada de 90, em cuja concepyao esta implicita a modemiza-yao da agricultura sem a dependencia da proteyao do Estado. A mo-dernizayao passa a ser entendida como a maior capacidade dos produ-

70 estudo realizado por BISERRA (1977) no Sertao do Ceara indica que 0 creditoinformal (de parentes, amigos e dos proprietarios fimdiarios) e comum a todos osgrupos de produtores estudados, sendo bastante representativo no volume total decreditos recebidos pelos proprietarios e parceiros que participam, respectivamente,com 78% e 89% do total.

Page 7: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

tores, em cada propriedade (ou empresa), de autosustentar-se, incre-mentar a produs:ao e as rendas em condi95es de riscos de mercado e,tambem, pela maior necessidade de competitividade. Esta conceps:aonao garante a possibilidade da incorporas:ao dos pequenos produtoresnesse processo sem urn efeito compensador sobre suas rendas.

Estas alternativas certamente nao se aplicam a pequena produs:ao,exceto, talvez, aquele segmento de pequenos produtores cujas unidadesde produs:ao apresentam-se altamente tecnificadas e mercantis, mantemintensas rela95es com 0 mercado de insurnos e agroindustrias e se dis-tanciam das formas de produs:ao da imensa maioria dos pequenos pro-dutores camponeses. Para estes, especialmente aqueles localizados nasareas mais marginalizadas do Nordeste brasileiro, cujas atividadesprodutivas sao desenvolvidas em condi95es adversas de clima e demercado, tais alternativas se apresentam inexpressivas e inacessiveis,devido ao seu carater de integras:ao parcial a mercados incompletos,nos termos propostos por Abramovay (1990), ou seja, por sua aindafragil relas:ao com 0 conjunto das atividades industriais, comerciais efinanceiras relacionadas a agricultura.

Esses pequenos produtores camponeses, em sua organiza~ao eco-nomica, quase sempre encontram, na figura do pequeno comerciante,nos propriet:irios fundiarios, nos amigos e familiares, a fonte de finan-ciamento para 0 atendimento de suas necessidades de consurno produti-vo imediato e familiar. Conforme Biserra (1977), dada a discriminas:aoque sofrem em relas:ao ao credito institucional, esses produtores saofor~ados a recorrer as formas de emprestimos nao-institucionais paraequilibrar suas limita95es de "capital".

As cooperativas agricolas poderiam, potencialmente, impnrrurmais eficacia aos resultados dos programas de credito, nao somentepela amplias:ao do nlimero de pequenos produtores beneficiados comfinanciamentos, mas, tambem, pela facilidade de adaptas:ao dessesprogramas as condi95es especificas de cada local, por melhores condi-95es de analisar as demandas dos agricultores e escolher os investimen-

Page 8: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

tos mais adequados a uma dada realidade. Entretanto, conforme destacaPinto, (1981), apesar das poucas informar;5es existentes sobre os financia-mmtos concedidos as cooperativas e a respeito da distribui~o do crOOitorural aos cooperados, deve-se ressaltar que a atua<;aodelas restringiu-se aosimples papel de repassadoras dos emprestimos aos cooperados, segtU1donormas estabelecidas pelo SNCR, reproduzindo, portanto, os mesmosproblemas do conjunto do sistema,' inclusive de distribui~o.

o regime juridico das sociedades cooperativas, definido pela Poli-tica Nacional de Cooperativismo, limita a autonomia administrativa efinanceira dessas sociedades, especialmente as cooperativas de crOOitoagricola mistas e de habita~o, cujas normas sao baixadas pelo Conse-lho Monetario Nacional (MORAES, 1974).

Portanto, no Brasil, nao foi desenvolvido um sistema de creditorural cooperativo especializado em ftmyOes economicas de poupans;a ede creruto, e com estatuto juridico parecido com uma institui~o finan-ceira. 0 creruto cooperativo restringiu-se, principalmente, aquele re-passado as cooperativas legalmente instituidas (segundo a Politica Na-cional de Cooperativismo), atraves do SNCR, de acordo com a legisla-~o em vigor. Apesar de algumas iniciativas isoladas tomadas pelosproprios produtores, atraves de suas associayOes, no sentido de imple-menta~o de um sistema de creruto rural cooperativo, existe, ainda,uma serie de restriyOes legais que impedem as cooperativas de funcio-narem como as demais instituiyOes fmanceiras.8 Nao obstante essesobsciculos, h:i um florescente cooperativismo de creruto no pais, espe-cialmente no Rio Grande do Sul e Sao Paulo (RODRIGUES, 1987).

o creruto agricola no Brasil deve ser examinado em ftm~o dapolitica de modernizayao da agricultura adotada no pais, onde ele apa-

8 Os principais obsticulos ao desenvolvimento do cooperativismo de credito, naOpini30 de RODRIGUES (1987), S30 as normas do Banco Central do Brasil, quedificultam a participay30 das cooperativas de credito na camara de compensay3o decheques e impedem urna justa remuneray30 dos depositos a prazos.

Page 9: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

rece como principal instrumento de politica utilizado, cujas conse-qiiencias sobre a redistribui~ao espacial e social dos beneficios e seusefeitos concentradores e excludentes ja foram ressaltadas.

Com rela~ao it agricultura nordestina, ressalta Souza et al.(1985), 0 crooito agricola deve, tambem, ser examinado em fun~ao dopapel a ele reservado pelo govemo. Por isso, e necessario confrontar 0

seu desenvolvimento frente ao atual modelo, no qual a agricultura nor-destina, especialmente das regioes semi-aridas de sequeiro, nao apre-senta vantagens comparativas em rela~ao a outras regioes do pais.Num outro modelo que considere 0 desenvolvimento da economia brasi-leira de forma mais coerente e equilibrada, observa Souza (1985), 0

desenvolvimento da agricultura nordestina dar-se-ia mediante umamelhor utiliza~ao dos recursos naturais e socio-economicos existentes,apoiado em tecnologias adaptadas it regiao, alem do apoio financeiroadequado aos pequenos agricultores.

Mas nao e 0 simples redirecionamento da politica de crooito agri-cola que Ira corrigir as "distor~es" do sistema oficial de crooito, deforma a beneficiar as regioes e as categorias de produtores mais ne-cessitados. Conforme observa Santos (1988), 0 problema e bem maisamplo e encontra-se em nivel de formula~ao da politica de modemiza-~ao da agricultura brasileira, cujos objetivos precisam ser reformuladosde forma a nao refletir apenas as prciticas de produ~ao, mas urn nivelde melhor estar social.9

Uma politica de crooito agricola, como componente do desenvol-vimento rural para essas areas marginalizadas do Nordeste, deve inclu-ir 0 financiamento das condi~oes tecnicas e sociais de produ~ao, ouseja, deve conter crooitos a longo prazo para 0 desenvolvimento agro-pecuario visando 0 financiamento de uma infraestrutura factivel, capazde melhorar as condi~es de produ~ao dos pequenos agricultores(maquinas, animais, culturas permanentes, forrageiras, entre outras) e

9 Para 0 autor, "Este conceito de melhor estar social esta intimamente ligado itatividade economica que tem, por fun, a satisfayao das necessidades humanas, naforma de alimentayao, vestuarios, habitayao, saude, educayao, recreayao"(SANTOS, 1988:403).

Page 10: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

financiamento das operay(Ses agricolas. Tudo isso deve ser acompanha-do de crooito para 0 desenvolvimento social, visando a melhoria daqualidade de vida das familias desses agricultores.

Num contexto geral de dificuldades economicas do Estado, asituayao atual no dominio do cn~dito rural pode ser caracterizadapela crise da grande estrutura oficial de financiamento da agricultu-ra. A conjugayao da crise e desequilibrio econornico, resultantes doesgotamento do proprio modelo de desenvolvimento, fez ruir 0 sis-tema de financiamento oficial, em decorrencia da falencia financei-ra da Uniao, que se tomou incapaz de voltar a prover os recurs ospara 0 credito rural.

No final da decada de 80, observa-se uma serie de mudanyas eco-nornicas, sociais e politicas no pais. Como assinala Flores (1991),muitas delas vieram definir os parametros da evoluyao econornica futu-ra a partir do reconhecimento da exaustao do modelo estatizante e cen-tralizador de desenvolvimento. Com a constituinte de 1988, inaugura-seurn periodo de redefiniyao do papel do Estado, sinalizando com medi-das que buscam limitar a ayao govemamental, fortalecer a iniciativaprivada e atribuir maiores responsabilidades aos estados e municipios,quanto a promoyao de seu proprio desenvolvimento (FLORES, 1991).

Nesse sentido, em relayao ao crooito rural, ja existem varios me-canismos altemativos de financiamento para agricultura partindo dainiciativa privada, mas, como foi visto, esses mecanismos tambem secolocam fora do alcance dos pequenos produtores camponeses.

Embora se possa encontrar vinculos estreitos entre a crise do sistemade cremto rural oficial e as vias altemativas de financiamento da agricultu-ra, nao se pode tirar conclusOesprematuras de que esses novos mecanismossubstituem ou dispensam a participayao oficial. 0 Estado, certamente,continuara sendo 0 principal agente de promoyao do desenvolvimento rural,inclusive para dar respostas as crescentes demandas sociais da populayao.E nesse sentido, ainda devera ter, nos programas de financiamento oficiais,urn dos instrumentos de politica de desenvolvimento.

Aqui merecem destaque os Fundos Constitucionais de Financia-mento das regioes Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Criados com 0 ob-

Page 11: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

jetivo de contribuir para 0 desenvolvimento economico e social dessasregioes, os fundos preveem a execuyao de programas de financiamentosnos setores produtivos, em consonancia com os pIanos regionais dedesenvolvimento, cabendo a sua administrayao ao Conselho Deliberati-vo das Superintendencias de Desenvolvimento Regionais e a urna insti-tuiyao fmanceira federal de carater regional. A esta Ultima, entre outrasatribuiy6es, cabe: gerir os recursos, definir normas, procedimentos econdiy6es operacionais, defmir as faixas de encargos, fixar juros edefmir os crerntos (BNB, 1991).

Especificamente para 0 Fundo Constitucional de Financiamentodo Nordeste - FNE, com recursos administrados pelo Banco do Nordes-te do Brasil - BNB, pode-se reconhecer urna evoluyao na montagemdos programas oficiais de crooito, dado que apresenta urn conteudotecmco mais coerente com a problematica da regiao. E nao obstantepossa representar urna fonte de financiamento importante para 0 forta-lecimento da estrutura produtiva da regiao semi-arida, a' estrategiaadotada para conferir "0 tratamento preferencial as atividades produti-vas de pequenos e mini-produtores",l0 como determinam as diretrizesdo Fundo, deixa duvidas quanta a sua consecuyao.

Tal questionamento deve-se, sobretudo, ao que e consideradocomo pequeno produtor rural. 0 BNB segue 0 criterio adotado peloBanco Central do Brasil, que considera 0 pequeno como 0 agricultor oua empresa que obtem urna renda bruta anual esperada de ate 2.400Maior Valor de Referencia (MVR), podendo alcanyar 6.000 MVR casoexplore atividades mais intensivas, como suinocultura. Tal criterio terno inconveniente de poder enquadrar grandes proprietcirios com poucasareas exploradas ou proprietcirios de diversas areas, pelo enquadramen-to individual por propriedades, na condiyao de pequeno produtor, po-dendo favorecer com subsidios ou subveny6es quem precisa ou nao.Trata-se, portanto, de urn criterio que nao e capaz de definir com preci-sao a categoria de pequenos produtores e se ressente de outros parame-

10 A Lei no 7.827, de 27.09.89, que disciplina a aplica~o dos recmsos constitucionais,em seu art. 3!!,estabelece "tratamento priiferencial as atividades produtivas de pequenos emini-produtores rurais ... bem como aos projetos de imgaf50". (BNB, 1991:8)

Page 12: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

tros de classificayao adaptados as condiyaes particulares dos melOSnatural e humano.

Raveria a necessidade de serem postos em pnitica mecanismosapropriados, que assegurassem a participayao dos pequenos produtoresna elaborayao das politicas de crooito agricola e capazes de influir nasdecisoes das instituiyoes bancarias. As organizayaes de produtores,.atraves do estabelecimento de comites de ambito local, poderiam serurn passe nessa via (CARDOSO, 1985).

E preciso verificar as possibilidades de desenvolvimento de siste-mas financeiros rurais (sistema de crooito cooperativo, por exemplo),que sejam capazes efetivamente de tomar-se urn meio de democratizaro acesso ao crooito agricola e toma-Io urn instrumento de intervenyaodos pequenos agricultores, em favor das suas proprias iniciativas.

A partlcipayao das organizayoes camponesas locais na orgaruza-yao, planejamento, operacionalizayao e controle dos programas de des-envolvimento voltados para a agricultura, poderia evitar desvios derecurs os e de inforrnayoes e a burocratizayao dos serviyos, alem depropiciar a adaptayao desses programas as condiyoes especificas decadalocal.

Os pequenos produtores, como assmalado, sempre sofreram dis-criminayao em relayao a estrutura oficial de financiamento, seja porfalta de acesso a ela, seja por inadaptayao das formas e modalidades definanciamentos as condiyoes particulares dos recursos naturais e hu-manos, nao correspondendo, portanto, as suas reais necessidades. Emdecorrencia disto, ja se esboyaram varias experiencias isoladas de fi-nanciamento rural a partIr das iniciatlvas tomadas, algumas delas, pe-los proprios produtores, at raves de suas associayoes ou contando com 0

apoio de entidades e instituiyoes voluntarias de desenvolvimento emniveis local, regional, nacional e mtemacional. Sao os conhecidos cn~dl-tos rurais altemativos, aqui entendidos e considerados como as diversasforrnas de sistemas de financiamento rurais inforrnais, conduzidos porinstituiyoes ou organizayoes dos produtores aos rllveis locais. Sao eles

Page 13: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

os fundos rotativos, 0 creruto cooperativo de associay6es de poupanya ecreruto nao oficiais, os fundos de desenvolvimento e os bancos de ce-reais, entre outros.

Sao sistemas fmanceiros desenvolvidos a margem das pQIiticas edo mercado financeiro oficiais que assumem a forma de credito coope-rativo na sua concep9ao mais simples e surgem como altemativas definanciamento que procuram democratizar 0 acesso dos pequenos pro-dutores camponeses ao credito rural, fazendo deste urn instrumento dosagricultores, em favor de suas proprias iniciativas.

Esses sistemas de financiamento do setor rural diferem fundamen-talmente do sistema de credito agricola oficial. Enquanto este, confor-me Gentil & Fournier (1991), tern se caracterizado pela sua vincula9aoa promo9iio de determinadas culturas e pelo seu atrelamento a "pacotestecnologicos" , aqueles, contrariamente, respondem as necessidadesreais exprimidas pelos agricultores e caracterizam-se pela flexibilidadedas formas e modalidades de financiamento.

Porquanto, para que se tome acessivel a urn maior numero de be-neficiarios e nao venha agravar ainda mais 0 processo de diferencia9aoeconomica e social, 0 desenvolvimento dos sistemas de fmanciamentosrurais informais geralmente necessita de muitos ajustes e adapta90es,para que possa cumprir seus objetivos. Entre outras adequay6es impor-tantes que caracterizam esses sistemas de financiamentos, podem-secitar: aces so do produtor as informa90es sobre 0 funcionamento dosistema, aos recursos dos fundos e ao apoio teemco e economico de urnagente local da comunidade, que inspire confianya ao produtor e queconhe9a 0 ambiente local, conforme sugerem EIIsasser & Diop (1990);formas de pressao social para 0 reembolso - a pressao nao pode sebasear em penalidades, judiciarias ou fiscais, porque saD completamen-te ineficientes, nem em exigencias de garantias, porque elas quase sem-pre nao existem; financiamento que da toda a liberdade a expressao dasoportunidades economicas identificadas pelos produtores, nao ficandorestrito, portanto, as atividades meramente voltadas para a agropecua-ria. Sabendo que 0 produtor e quem melhor conhece a realidade local,ninguem melhor que ele para definir as atividades a serem implementa-das. Por outro lado, nao e a defini9iio "a priori" das atividades a serem

Page 14: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

fmanciadas que ira garantir 0 reembolso pelos produtores. Isso, entre-tanto, nao prescinde do apoio tecmco e economico; apropria~o dosistema de fmanciamento e participa~ao dos produtores, apoiando-seem formas institucionais de organizayao apropriadas e descentraliza-das, conforme sugere Cardoso (1985). Essa e uma condi~ao indispen-savel para garantir a perenidade do instrumento de financiamento eproporcionar confian~a dos produtores no sistema, que, por sua vez, s6e possivel, a medida que eles tenham a garantia que poderao ser bene-ficiarios do sistema sempre que necessario.

Sabe-se que 0 financiamento de atividades diversificadas assumeuma importancia primordial para os pequenos agricultores, especial-mente aqueles localizados nas areas semi-aridas, onde 0 equilibrio eco-nomico, social e natural e instavel. Esses financiamentos podem permi-tir aos grupos sociais, cujo principal recurso disponlvel e a mao-de-obra, a possibilidade de valoriza-la, com a implementa~ao dessas ativi-clades diversificadas (transforma~o de produtos, pequeno comercio,artesanato, etc.).

Mas conforme Caron & Silva (1992), uma questao se apresentacomo primordial quando se trata do financiamento de atividades ruraisdiversificadas: quais sao as possibilidades e oportunidades de produ~oque podem exprimir urn espa~o economico favoravel especifico a cadaregiao, que preservem os recursos naturais e garantam a reprodu~ao dogrupo social?

No entanto, quando os produtores dispoem de urn minimo de mei-os (fmanceiros e de produ~o), eles apresentam uma grande capacidadecriativa e, conforme demonstra Nowak (1988), 0 financiamento permi-te, entao, as populayoes mais carentes, criarem suas proprias atividadesprodutivas e romperem com a situa~ao de dependencia e penuria emque vivem. Moreno (1991) mostra que existe uma margem de progres-so potencial, quando se dispoe a escutar a popu1a~o rural, conhecer ossistemas agrarios e a evolu~ao e potencialidades dos sistemas de pro-du~o rural aos nlveis local e regional. Este conhecimento e essencialao desenvolvimento dos sistemas de fmanciamentos rurais. De acordocom Moreno (1991), a uma dada situa~ao agraria (organiza~o agraria,pratica de produ~ao rural, trocas, acumula~ao, rela~es sociais, etc.),

Page 15: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

Financiamento para a Agricultura Brasileira

corresponde urn determinado sistema de financiamento (fluxos finan-ceiros, de insumos e de produto).

Os sistemas de financiamentos rurais informais sempre aparecemcorroborando com as dinamicas de desenvolvimento local e contribuin-do para a viabilizayao de urn modelo de agricultura que valoriza os.recursos humanos e naturais. Entretanto, a natureza, as modalidades eas formas que assume esse financiamento sao as mais diversas (fundosrotativos, credito cooperativo de associayoes de poupanya e creditosnao oficiais e bancos de cereais, entre outras) (Gentil & Fournier,1991).

Os pequenos produtores da regiao semi-arida do Nordeste ficarama margem dos beneficios dos programas oficiais de credito e desenvol-vimento rural conduzidos pelo Estado, visando a modemizayao daaglicultura. A forte intervenyao estatal na fixayao das condiyoes deoperay6es e controle desses programas prejudicou a emergencia de urnsIstema cooperativo de credito rural e contribuiu, ainda mais, para 0

alijamento desse segmento de produtores. As novas formas alternativaspara financiar a produyao agropecuaria, que surgem apos as politicasde restriyoes de recurs os para credito rural oficial, a partir dos anos 80,tambem nao se aplicam a pequena produyao camponesa, principalmen-te aquela localizada nas areas mais marginalizadas do Nor-deste, sub-metldas as adversidades de clima e de mercado.

Diante das diversidades do quadro natural e da situayao socio-economica da regiao, surge a necessidade de implementayao de meca-msmos de financiamentos simples, adaptados e adequados as particu-laridades da regiao e as especificidades dos pequenos produtores, con-temp lando a participayao destes na sua orientayao, gesilio e operacio-nalizayao. Nesse sentido, os sistemas informais de credito cooperativoaparecem como uma alternativa de financiamento agricola, que naodepende apenas das politicas oficiais ou do mercado financeiro, masque pode assumir urn carater complementar nas politicas de desenvol-vimento rural.

Page 16: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

Finalmente, resta urn questionamento: em que medida as experi-encias existentes de sistemas cooperativos informais de financiamentorur~l, devidamente analisados, podem contribuir para uma reflexaosobre 0 crOOitorural institucional? Diante desse desafio, a valoriza~odos resultados dessas experiencias requer estudos mais especificos.

ABRAMOVAY, R. De Camponeses a Agricultores: Paradigmas do Capita-lismo Agrario em Quest50. Campinas: Universidade Estadual de Cam-pinas, Instituto de Filosofia e Ciencias Hurnanas, 1990. 354p. Tese deDoutorado.

ASSESSORIA DE ESTUDOS, ORlENTA<;AO E ASSISTENCIA RURAL(ASSESOAR) (Rio de Janeiro, RJ). Fundo Rotativo: Uma Proposta deCredito Alternativo a ser Construida e Experimentada. Francisco Bel-trao, PR, 1989. 16p.

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL (Fortaleza, CE). FNE. FundoConstitucional de Financiamento do Nordeste. Fortaleza, 1991. 37p.

BISERRA, IV Utiliza~5o do CrMito Rural pelos Agricultores de BaixaRenda do Sert50 Central do Ceara. Fortaleza: UFCE, 1977. 34p.

BURSZTYN, M. 0 Poder dos Donos: Planejamento e Clientelismo noNordeste. Petropolis: Vozes, 1984. 178p.

CARDOSO, IL. "Credito Rural urn Elemento de Diferenciayao dos Peque-nos Produtores". Perspectivas, Sao Paulo, V8, p.85-93, 1985.

CARDOSO, IL. "Politica de Credito Rural no Brasil: Uma An3lise dos Da-dos Estatisticos de 1983 a 1985" in XIII Encontro Nacional do Projetode Intercambio de Pesquisas Sociais em Agricultura (pIPSA), Rio deJaneiro, 1988. V2, p.773-801.

CARON, P. & SILVA, P.C.G. da. Pequena Produ~50 e DesenvolvimentoSustentavel: A Necessidade de um Sistema de CrMito Adaptado. Forta-leza, CE, ICID, 1992. 8p.

CHALOULT, Y. Governo de Transi~5o com Velhas Praticas: 0 que Sobrapara 0 Trabalhador do Campo. [s.n.t.] Trabalho apresentado no XIIIEncontro Nacional do Projeto de Intercambio de Pesquisas Sociais emAgricuItura (pIPSA). Rio de Janeiro, jun. 1988. (mirneo).

Page 17: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

DELGADO, G. da C. Capital Financeiro e Agricultura no Brasil: 1965-1985. Sao Paulo, UNICAMPIICONE, 1985. 24Op.

ELLSASSER, K. & DIOP, M. La Banque ExjJerimentale de Banh: Une De-marche de Recherche-Developpement sur Ie Credit en Milieu Sahelien.Montpellier, CIRAD/DSA, 1990. 37p.

FLORES, M.X 0 Desenvolvimento Rural e 0 Setor Publico Agricola: AQuestiio TecnolOgica e uma Agenda para 0 Entendimento. Brasilia:EMBRAPA-SEA, 1991. 23p. (EMBRAPA-SEA Documentos, 7).

GENTIL, D.; FOURNIER, Y. Financement Local. Paris, I.RAM., 1991.33p.

HOFFMANN, R & KAGEYAMA, AA "Crooito Rural no Brasil: Concen-tras:ao Regional e por Cultura". Revista de Economia e Sociologia Ru-ral, Brasilia, SOBER, V25, n.l, p.31-50, 1987.

MARTINE, G. & BESKOW, P.R "0 Modelo, os Instrumentos e as Trans-formas:oes na Estrutura de Produs:ao Agricola" in MARTINE, G. &GARCIA, RC. (org.) Os lmpactos Sociais da Modernizafiio Agricola.Sao Paulo, Caetes, 1987. pp.19-39.

MEYER, RL., ADAMS, D.W., RASK, N. & ARAUJO, P.F.C. de."Mercados de Crooito Rural e os pequenos Agricultores do Brasil" in:ARAUJO, P.F.C. de & SCHUH, G.B. Desenvolvimento da Agricultura:Analise de Politica Economica. Sao Paulo, Pioneira, 1975. pp.151-204.

MORAES, J.A "0 Crooito como Fator de Desenvolvirnento das Cooperati-vas Brasileiras" in Fundas:ao Friedrih Naumann (Silo Paulo, SP). AProblematica Cooperativa no Desenvolvimento Economico. Silo Paulo,Fundas:ao Frederic Neumann, 1974. pp.167-183.

MORENO, A Developpement des Systemes Financiers Ruraux. Montpellier,CIRAD/DSA, 1991 6p.

MUNHOZ, D.G. Economia agricola: Agricultura - uma Defesa dos Subs i-dios. Petropolis, Vozes, 1982, 107p.

NOWAK, M. "Une Banque pour les Pauvres: La Graahnen Banque Carrier".Institut d'Etudes Sociales de Lyon, nll 1, pp.23-29, 1988.

PAULILO, M.I.S. "Crooito Agricola e Pequena Produs:ao" in Planejamentoe Politicas PUblicas, Brasilia, !PEA, nll 2, pp.93-112, 1989.

Page 18: Novas Alternativas de Financiamento · em 1966 os pequenos produtores recebiam 34% dos crooitos concedidos; em 1976, passaram a receber apenas 11% do valor total do crooito, apesar

PINTO, L.C.G. Notas sobre a Politica de Credito Rural. Campinas: UNI-CAMP, 1981. 143p. (Mimeo).

RODRIGUES, R Cooperativismo de Credito Rural in: Congresso Brasileirode Economia e Sociologia Rural, 25, 1987, Sao Luis, MA. Anais...Brasilia, SOBER, 1987, pp.1l3-116.

SAMPAIO, Y., GOMES, G.M. & IRMAO, J.F. Politica Agricola no Nordes-te: Intenfoes e Resultados. Brasilia, BINAGRI, 1979. 36Op.

SANTOS, RF. dos. "0 Crooito Rural na Modemiza9ao da AgriculturaBrasileira". Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasilia, SOBER,Y.26, n24, 1988, pp.393-404.

SAYAD, J. Credito rural no Brasil: AvaliafQO das Criticas e das Propostasde Reforma. Sao Paulo, Pioneira, Funda9ao Instituto de Pesquisas Eco-nomicas, 1984. 125p.

SILVA, J.G. da. A ModernizafQO Dolorosa: Estrutura Agraria, FronteiraAgricola e Trabalhador Rural no Brasil. Rio de Janeiro, Zahar, 1982,192p.

SILVA, Y. da. "Crooito rural: Nova Decada, Novos Rumos" in InformacoesEconomicas, Sao Paulo, Instituto de Economia Agricola, Secretaria deAgricultura, Y.20, n2 7, 1990, pp.21-27.

SILVA, Y. da, GATTI, E.D. & TOLEDO, Y.I.M. de. "Financiamento Agri-cola: Situa9ao Atual, Crooito Oficial e Altemativas" in InformacoesEconomicas, Sao Paulo, Instituto de Economia Agricola, Secretaria deAgricultura, Y.20, n2..7,pp.37-41, 1990.

SORI, B. Estado e Classes Socia is na Agricultura Brasileira. Rio de Janei-ro, Zahar, 1980. 152p.

SOUZA, RA de, VIVALLO PINARE, AG., WILLIAMS FUENTES, C.O.& FINSm, RP. ConsiderafQO sobre 0 Credito Agricola: 0 Caso deOuricuri-PE. Petrolina, PE, EMBRAPA-CPATSA, 1985. 29p.(EMBRAPA-CPATSA Documentos, 34).