NotiFax de 15 de Maio de 2012

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Caracas – Venezuela * Ano XII – Época IV * 15 de Maio de 2012 RIF: J301839838 Descoberto Códice português do século XVI Há poucos dias soube-se do achamento, numa biblioteca alemã de Stralsund, de um códice português do século XVI, obra de Francisco de Melo, para muitos o nosso matemático mais importante antes de Pedro Nunes (1502 - 1578). Que foi este Francisco de Melo? Diz a história que este professor de teologia, clérigo secular e conselheiro de D. João III, entre outros títulos, nasceu em Lisboa em 1490 e faleceu em Évora em 1536. Desde criança demonstrou ter grande inteligência e por essa razão D. Manuel I concedeu-lhe – em boa hora, diga-se de passagem – uma beca para que fosse até à Universidade de Paris, onde frequentou, durante perto de dez anos, aulas de matemática e de filosofia com Pedro Brison. Francisco de Melo não perdeu o seu tempo na capital francesa. Além de receber o grau de mestre numa e outra arte, licenciou-se também em teologia. Um dos resultados do seu trabalho é o códice – suporte de texto a cavalo entre o pergaminho e o livro propriamente dito – a que fazemos referência e o mesmo é enviado a D. Manuel I em 1521 como agradecimento pela bolsa de estudos. Em 1524 regressa a Portugal e D. João III D. Manuel tinha falecido três anos antes – nomeia-o mestre do seu conselho, mestre de matemática dos infantes e capelão do paço. Esteve igualmente em Évora onde ensinou o infante D. Henrique e, além de matemático e físico de grande prestigio, era pessoa de reconhecida eloquencia em português e em latim – o códice está escrito nesta língua clássica – pelo que foi encarregado por D. João III de fazer as orações de abertura em diferentes cortes. Numa Memória de Litteratura da Academia Real das Sciencias, se dá ampla e minuciosa descrição desse precioso códice manuscrito – já voltaremos a ele – que compreende vários tratados matemáticos de D. Francisco de Melo, e o qual existe – em cópia, claro está – na Biblioteca Nacional de Lisboa. José Caetano de Almeida, sacerdote e bibliotecário de D. João V, diz que possuíra em tempo um volume manuscrito, no qual se encontrava, entre outros textos, uma tradução de Cícero com um prólogo seu, mas o mesmo ficou, como muitos outros, reduzido a cinzas no incêndio que se seguiu ao terremoto de 1755. Francisco de Melo foi sepultado na igreja do convento de S. João Evangelista, de Évora. Qual é a história do códice que agora aparece na Alemanha? Este original de 122 folhas desapareceu da biblioteca de D. Manuel I e foi descoberto há pouco pelo alemão Jürgen Geiss, doutor em História e especialista da Biblioteca de Berlim, que informou do seu achamento a parte portuguesa.

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Boletim Quinzenal do Instituto Português de Cultura de Caracas

Transcript of NotiFax de 15 de Maio de 2012

Caracas – Venezuela * Ano XII – Época IV * 15 de Maio de 2012 RIF: J301839838

Descoberto Códice português do século XVI

Há poucos dias soube-se do achamento, numa biblioteca alemã de Stralsund, de um códice português do século XVI, obra de Francisco de Melo, para muitos o nosso matemático mais importante antes de Pedro Nunes (1502 - 1578).

Que foi este Francisco de Melo? Diz a história que este professor de teologia, clérigo secular e conselheiro de D. João III, entre outros títulos, nasceu em Lisboa em 1490 e faleceu em Évora em 1536. Desde criança demonstrou ter grande inteligência e por essa razão D. Manuel I concedeu-lhe – em boa hora, diga-se de passagem – uma beca para que fosse até à Universidade de Paris, onde frequentou, durante perto de dez anos, aulas de matemática e de filosofia com Pedro Brison. Francisco de Melo não perdeu o seu tempo na capital francesa. Além de receber o grau de mestre numa e outra arte, licenciou-se também em teologia. Um dos resultados do seu trabalho é o códice – suporte de texto a cavalo entre o pergaminho e o livro propriamente dito – a que fazemos referência e o mesmo é enviado a D. Manuel I em 1521 como agradecimento pela bolsa de estudos. Em 1524 regressa a Portugal e D. João III – D. Manuel tinha falecido três anos antes – nomeia-o mestre do seu conselho, mestre de matemática dos infantes e capelão do paço. Esteve igualmente em Évora onde ensinou o infante D. Henrique e, além de matemático e físico de grande prestigio, era pessoa de reconhecida eloquencia em português e em latim – o códice está escrito nesta língua clássica – pelo que foi encarregado por D. João III de fazer as orações de abertura em diferentes cortes. Numa Memória de Litteratura da Academia Real das Sciencias, se dá ampla e minuciosa descrição desse precioso códice manuscrito – já voltaremos a ele – que compreende vários tratados matemáticos de D. Francisco de Melo, e o qual existe – em cópia, claro está – na Biblioteca Nacional de Lisboa. José Caetano de Almeida, sacerdote e bibliotecário de D. João V, diz que possuíra em tempo um volume manuscrito, no qual se encontrava, entre outros textos, uma tradução de Cícero com um prólogo seu, mas o mesmo ficou, como muitos outros, reduzido a cinzas no incêndio que se seguiu ao terremoto de 1755. Francisco de Melo foi sepultado na igreja do convento de S. João Evangelista, de Évora.

Qual é a história do códice que agora aparece na Alemanha? Este original de 122 folhas desapareceu da biblioteca de D. Manuel I e foi descoberto há pouco pelo alemão Jürgen Geiss, doutor em História e especialista da Biblioteca de Berlim, que informou do seu achamento a parte portuguesa.

Especialistas portugueses, Henrique Leitão e Bernardo Mota, há já algum tempo a estudarem a cópia e que agora exultam com o aparecimento do original, contam parte da história deste códice. Não se sabe como é que o documento sumiu da biblioteca manuelina. Conhece-se, porém, que Luís Serrão Pimentel, engenheiro-mor de Portugal, lhe pôs as mãos em cima no século XVII e depois o ofereceu ao marquês de Liche, nobre espanhol. Morto este, que era dono de muitas obras de arte e grande biblioteca, o códice “salta” outro país e para a posse de Johan Gabriel Sparwenfeld, que compra o espólio de Liche, em 1687. Por artes que não se conhecem, talvez de

berliques e berloques, o manuscrito termina nas mãos do general sueco, Axel Von Lowen, que governou Stralsund entre 1748 e 1767. Durante o seu mandato, em 1761, doa à cidade a sua colecção de 2.500 volumes e entre eles vai, sem que ninguém se aperceba do seu valor, o códice de Francisco de Melo. E aqui apetece-nos perguntar: quantos dos nossos códices e outros documentos de valor andarão ignorados por essas bibliotecas do mundo fora?

O que é que se encontra neste códice? Segundos os especialistas portugueses que o andam a estudar, o códice, que foi escrito em Paris, “é composto por três textos teóricos diferentes: um comentário à óptica de Euclides; outro comentário à sua catóptrica (a ciência que estuda a óptica da reflexão dos raios luminosos); e um terceiro sobre a hidrostática de Arquimedes”. Este “belo” e único documento “Tem iluminuras douradas, as letras parecem estar impressas e, na parte lateral das páginas, a acompanhar as demonstrações, há várias figuras geométricas desenhadas a azul e vermelho”. “ O manuscrito, acrescentam os investigadores, é importante porque mostra a Matemática de alto nível de um português no início do século XVI” e contraria de alguma forma certa “visão muito miserabilista da história científica portuguesa”. Calcula-se que vale mais de um milhão e meio de euros.

Conversatório com Rainer Sousa!...

No próximo dia 31 de Maio, pelas 20 horas, o Instituto Português

de Cultura, apresenta, no Cantinho da Cultura do Centro Português, uma nova edição da série Conversatorio com...

Nesta oportunidade o convidado é o Professor Rainer Sousa, nascido em Caracas, de pais portugueses oriundos de Aveiro, em cuja universidade se formou como professor de Português, Inglês e Alemão. Rainer Sousa já deu aulas no Centro Português e agora continua a fazê-lo no Fuerte Tiuna. Actualmente cursa um mestrado em Linguística Aplicada, na Universidad Simón Bolívar.

Em 2012 lançou o livro El mapa del Reino de Oro, que foi publicado, em Amazon.com. El mapa… é o “retrato de uma época marcada, pela violência atroz, as paixões incontroláveis e a ambição desmedida.” É sobre este livro, uma saga familiar que tem lugar no século de XVI e nos leva a países da América do Sul, da Europa e da Ásia que conversaremos com Rainer Sousa.

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27 de Maio, às 3:30 pm - Saramago na UCV!

A Fundação Cultural Luso-Venezolana Camões, o Grupo de Teatro

TKNELA apresentam no Auditório da Escola de Humanidades e Educação da UCV, com o apoio da Embaixada de Portugal, a obra O Conto da Ilha Desconhecida, em espanhol e português. A entrada é grátis.

Trata-se de um relato de José Saramago, datado de 1998, que nos faz mergulhar num universo mágico. A obra retoma um mote caro a Fernando Pessoa: "Para viajar, basta existir". É quando o sonho e a imaginação tornam a aventura possível e a ficção é capaz de levar o homem daqui para ali, saindo ele do lugar ou não.

Escrita no estilo característico do autor de Memorial do Convento, conta-nos a história de um homem que, depois de insistir muito, consegue do rei uma embarcação para procurar uma ilha que, segundo ele, ainda não tinha sido descoberta por viajantes e geógrafos.

Serão Musical recorda bula Manifestis Probatum Duas centenas de pessoas assistiram, domingo, ao espectáculo musical "Manifestis Probatun" que

recordou o 833º aniversário da bula do papa Alexandre II , que a 23 de maio de 1179 reconheceu D. Afonso Henriques como primeiro rei de Portugal.

O espectáculo inseriu-se no décimo Serão Musical promovido pelo Consulado Geral de Portugal

em Valência, localidade a 220 quilómetros a oeste de Caracas, e teve lugar nos jardins da representação diplomática, explicou à Agência Lusa o cônsul António Chrystêllo Tavares.

"Não obstante o primeiro dinasta luso se intitulasse rei desde 1128, quando derrotou a sua mãe, apenas transcorridos 36 anos o Sumo Pontífice legitimaria a dinastia afonsina", explicou o promotor.

Pessoa: Tesouros que saem de Portugal...

A secretária e a máquina de escrever do escritor Fernando Pessoa foram vendidas ontem à noite

em leilão por 80 mil euros a um advogado e escritor brasileiro. A secretária e a máquina de escrever que Fernando Pessoa utilizou no seu local de trabalho foram ontem a leilão, em Lisboa.

José Paulo Cavalcanti Filho, autor da obra "Fernando Pessoa: Uma Quase Biografia", arrematou a secretária por 58 mil euros e a máquina de escrever por 22 mil.

O valor de licitação da secretária em mogno, com tampo de esteira, quatro gavetas de cada um dos lados, o interior forrado a pele verde e com diversos compartimentos, oscilava entre os 10 mil e os 20 mil euros, enquanto o da máquina de escrever, da marca Royal, está entre os três mil e os cinco mil, segundo nota da leiloeira.

As duas peças foram utilizadas por Fernando Pessoa quando trabalhou na Sociedade Portuguesa de Explosivos, situada no Largo do Corpo Santo, n.º28, na esquina com a Rua do Arsenal, em Lisboa, mas não fizeram parte do seu espólio.

Escritor José Viale Moutinho em Caracas.... Para as comemorações do Dia de Portugal e para as

jornadas que marcam o nascimento de Fernando Pessoa, estará em Caracas o escritor madeirense José Viale Moutinho.

O nosso convidado nasceu no Funchal, em 1945, no dia 12 de Junho. Jornalista, cronista, poeta e escritor, tem várias obras editadas, algumas delas traduzidas nas mais diversas línguas europeias: castelhano, galego, catalão, italiano, alemão, russo, esloveno, búlgaro, asturiano, entre outras..A seguir uma síntese do seu programa de conferências: 10 de Junho: Centro Português, Salão Nobre, Mitografia da ilha: memória dos contos e das lendas da Região Autónoma da Madeira. Hora: 5:30 para assinar Livro de Honra. 12 Junho: Banco del Libro. Conversa sobre literatura Infanto-Juvenil. Hora: 2:30 pm 13 Junho: UCV, Faculdade de Humanidades e Educação, Escola de Idiomas, Manuel Luis Vieira (Vieirinha), vida e obra de um pioneiro do cinema madeirense . Hora: 9:30 am 13 de Junho: Celarg, La mirada de Fernando Pessoa por los acontecimientos políticos de su tiempo. Hora: 6 pm. Piso 6, Sala C.

Olga Roriz, Prémio da Latininidade 2002 A bailarina e coreógrafa Olga Roriz foi distinguida, por unanimidade, com o Prémio da Latinidade

‘João Neves da Fontoura’ 2012. Segundo disse à Lusa, Maria Renée Pareja Gomes, Maria Renée Pareja Gomes, representante da

União Latina, o júri do galardão, presidido por Eduardo Lourenço, decidiu atribuí-lo a Olga Roriz "pelo desempenho de uma obra artística, como profissional e criadora reconhecida internacionalmente".

Até 2008 designado por Prémio da Latinidade ‘Troféu Latino’, passou em 2009 a ter o nome de Prémio da Latinidade ‘João Neves da Fontoura’, ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro a quem se deve a criação da União Latina como organização internacional.

Com este Prémio criado em 2002, a União Latina visa homenagear uma personalidade ou instituição que se tenha distinguido, pela sua obra, na difusão da Latinidade, nos domínios artístico, literário ou científico.

Cultureando: a 21 de Junho Por cortesia dos nossos amigos de Rádio Arcoense, no dia 24 de Maio, como todas as terceira quintas-feiras de cada mês poderá escutar e participar no programa Cultureando, do Instituto Português de Cultura. Sintonize este programa do Instituto Português de Cultura a partir das 19:30 h. através de Radio Uno AM . Notícias culturais, música e comentários sobre a cultura portuguesa.

www.institutoportuguesdecultura.blogspot.com Informações em português, castelhano, inglês e francês.