Notifax de 15 de Fevereiro de 2009

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Boletim Informativo do Instituto Português de Cultura de Caracas

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Caracas, Venezuela * Ano IX – Época II * 15 Fevereiro de 2009

* Gago Coutinho, herói da aeronavegação

Por uma estranha coincidência, Fevereiro é o mês que marca o começo e o final de Gago Coutinho. Isto é especialmente marcante se observamos que nasceu num dia 17 (1869) e faleceu num dia 18 (1959). Este mês lembra, então, os 140 anos do seu nascimento e os 50 anos da sua partida.

Carlos Viegas Gago Coutinho, segundo informação obtida na Wikipedia, “... Nasceu às 3:30h da madrugada, no bairro lisboeta da Ajuda. De família humilde, não pôde frequentar, como desejava, o curso de Engenharia na Alemanha e ingressou, aos 17 anos, na Marinha Portuguesa, onde progrediu rapidamente.

Distinguiu-se como cartógrafo, a partir de 1898 quando de sua primeira comissão em Timor. Até 1920 levantou e cartografou não apenas aquele território mas também o de São Tomé e Príncipe, o de Angola e o de Moçambique. Respondeu pela delimitação definitiva da fronteira entre Angola e o Zaire. No decurso destes trabalhos fez a pé a travessia da África, onde conheceu Sacadura Cabral. Este incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial, posteriormente comercializado pela empresa alemã Plath com o nome Sistema Gago

Coutinho. Juntos inventaram ainda um "corrector de rumos"

(o "plaqué de abatimento") para compensar o desvio causado pelo vento. Para testar essas ferramentas de navegação aérea, realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal. Assim preparados, em 1922, no contexto das comemorações do centenário da Independência do Brasil, realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Em 1954 a TAP convidou-o para um vôo experimental ao Rio de Janeiro em um DC-4, antecipando a futura linha regular que se estabeleceria em 1961.

A partir de 1925 dedicou-se à História Náutica, tendo desenvolvido vasta obra de investigação científica, publicando significativa

variedade de trabalhos geográficos e históricos, principalmente acerca das navegações portuguesas, como, por exemplo, O Roteiro da Viagem de Vasco da Gama e a sua versão de Os Lusíadas. Vários de seus trabalhos encontram-se compilados na "Náutica dos Descobrimentos".

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Como reconhecimento de sua obra, foi nomeado director honorário da Academia Naval Portuguesa em 1926, e distinguido como piloto aviador. Retirou-se da vida militar em 1939.

Correspondeu-se com grandes nomes da história da aviação da época como Alberto Santos Dumont, apoiou Sarmento de Beires e João Ribeiro de Barros. Pertenceu ao Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa”.

Como se referiu brevemente mais acima, devemos a Gago Coutinho a adaptação do sextante marítimo à navegação aérea, “já que nos instáveis aviões da época era impraticável a utilização do horizonte natural, como se fazia nos barcos”.

Contudo, o herói da travessia aérea de 1922 foi mais longe e “não se limitou a este "melhoramento" do sextante, já que o inovador sistema de navegação aérea envolvia outros aspectos de cálculo que o transformaram num sistema de navegação complexo, mas fiável e útil, que veio a ter produção industrial e larga utilização prática para o cálculo do posicionamento das aeronaves, até à utilização das emissões de rádio a partir de terra e, depois, de mecanismos cada vez mais complexos e sofisticados”. Sobre essa gesta, Gago Coutinho, com a modéstia que lhe era própria, afirmou: Nós não

fomos heróis. Usámos manhas de geógrafos, que se orientam pelo sol e pelas estrelas...” Por outro lado, fugiu sempre a que o catalogassem com um homem especial e frequentemente insistiu em “descarregar” sobre o seu companheiro de aventura a glória da viagem: “... eu sou um homem de café. Em toda a

minha vida sempre fui simples. Quiseram fazer de mim

uma outra pessoa quando do voo ao Brasil em 1922.

Juntaram-nos no mesmo nome: Coutinho-Cabral, mas

Sacadura era o chefe e o trabalho foi dele quase

todo”. Com ocasião dos 50 anos da morte de Gago Coutinho, os CTT editaram o postal de homenagem que ilustra este texto.

* Manoel de Oliveira: encerramento do ciclo de homenagem

No dia 28 de Fevereiro termina o ciclo de homenagem a Manoel de Oliveira. Durante o mesmo já foram exibidos quatro filmes do mais internacional dos realizadores portugueses: Non ou vã glória de mandar, Vou para casa, A caixa e O convento, este com um dos gigantes da actuação: John Malkovich!

O dia do desespero (1992), premiado em Locarno, Itália, é a obra escolhida para o encerramento deste ciclo e será, na opinião de Corriere della Sera a oportunidade de presenciar “uma experiência surpreendente, com o seu harmonioso entretecer de matérias expressivas, de um registo estilístico inigualável.»

O filme relata a história dos anos finais de Camilo Castelo Branco, eminente escritor português do século XIX, autor de Amor de Perdição (1862), romance que já mereceu três versões cinematográficas. A primeira é uma versão muda (1921), de Georges Pallu, de que resultaria o primeiro filme português vendido nos Estados Unidos. Posteriormente, em 1943, foi António Lopes Ribeiro quem se debruçou sobre o romance. E em 1979 foi a vez do próprio Manoel de Oliveira.

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Informações em português, castelhano, inglês e francês. Actualizações freqüentes

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* Lobo Antunes… último livro!?

É lisboeta. Passa ligeiramente dos 66 anos. Formou-se como médico e especializou-se em psiquiatria. Participou na guerra colonial, circunstância que muito lhe marcaria a obra. Já publicou perto de 30 títulos. Está traduzido a várias línguas. Prémios? Muitos. Uns nacionais, outros internacionais. É Lobo Antunes, escritor de enorme talento e lutador incansável, agora a batalhar contra uma enfermidade cruel, que o martiriza há já alguns anos. Memória de Elefante marca o seu lançamento como nome grande da literatura e há pouco ofereceu-nos O Arquipélago da Insónia. Tudo isto tem pouco de notícia. O novo é que Lobo Antunes já está a preparar outro livro – Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar? – e que, depois, já não escreverá mais. Bom, talvez escreva, mas não publicará, optando por um auto-silêncio voluntário.

É o que anuncia numa entrevista recente concedida ao Diário de Notícias e que já foi ecoada por jornais estrangeiros, especialmente pelos da nossa vizinha Espanha.

“Mais dois anos e calo-me. Calo-me de vez, já chega” foi o que afirmou ao jornalista que o entrevistava. Obviamente, esta afirmação levou a outra pergunta: “Não vai escrever mais? E a outra resposta: "Não publicarei mais". Nova inquirição: “(…”escreve mas não publica?: Resposta conclusiva: "Sei lá se escrevo! Se conseguir, escrevo! Vou publicar este livro que acabei agora e escrever um último

livro para arredondar a obra. Essa é a minha ideia. Depois, nessa altura, quando sair esse livro que

arredonda, que eu penso que me levará dois anos de trabalho - se conseguisse começá-lo este ano -,

acabam os romances, acabam as crónicas, acaba tudo e não publico mais nada. A minha voz falada ou

escrita já não se ouvirá mais." Para o leitor que desejar conhecer a entrevista na íntegra, sugerimos uma visita ao nosso blogue.

* Gastão Cruz vence Prémio Correntes d’Escritas

O poeta Gastão Cruz foi o vencedor do Prémio Literário Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa, este ano dedicado à poesia. O livro merecedor do prémio foi A Moeda do Tempo, e a entrega ocorreu nessa cidade do norte, onde se realiza este encontro de autores de expressão ibérica, agora na sua 10ª edição.

O júri esteve integrado por Ana Luísa Amaral, Casimiro de Brito, Fernando Guimarães, Jorge Sousa Braga e Patrícia Reis. O prémio – que tem o valor de 20 mil euros – foi atribuído por unanimidade.

Correntes d’Escritas, que este ano reúne a 120 escritores de diversas geografias, foi criado para recordar a figura do filho mais ilustre da Póvoa de Varzim: Eça de Queirós, e para partilhar a palavra e falar do secreto ofício da escrita.

Gastão Cruz nasceu em 1941, na cidade de Faro, no Algarve, e licenciou-se pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em Filologia Germânica. É autor de uma obra muito diversa e publicou, entre outros, os seguintes títulos: A Morte Percutiva; A poesia Portuguesa Hoje, 1973; Campânula, 1978; Orgão de Luzes; Transe (1960-1990); As Pedras Negras, 1995; Poesia Reunida, 1999; Crateras, 2000, que mereceu o Prémio D. Dinis.

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* Futebol: algo mais que pontapés na bola!

A nota é do Público e começa assim: “Não falam

português, não sabem o que são bolinhos de bacalhau e a

imagem que guardam é a de um Portugal rural e

atrasado. Os filhos e os netos dos emigrantes portugueses

tendem a perder as ligações ao país de origem e isso não

é novidade para ninguém”. Estas são palavras de Nina Clara Tiesler, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e somos forçados a dizer que nos resultam um tanto familiares. Socióloga de profissão, está à frente de uma investigação sobre o papel do futebol em seis “espaços lusófonos”, em Inglaterra, Alemanha, EUA, França, Brasil e Moçambique.

O trabalho ainda não está concluído mas já se podem adiantar alguma conclusões “que ajudam a explicar, por exemplo, por que é que uma das preocupações fundamentais de qualquer representante governamental de visita às comunidades de emigrantes é garantir que os jogos da Liga são transmitidos na RTP Internacional. É que “à boleia de jogadores como Cristiano Ronaldo ou Luís Figo, este desporto está a conseguir "prender" os emigrantes de segunda e terceira geração ao país de origem. E, mais do que isso, afirmou-se, sobretudo a partir do Euro 2004, como a face moderna de Portugal. Resultado: "Aqueles jovens sentiram orgulho pela primeira vez em afirmar aos colegas 'ah, não sei se sabes, mas eu sou descendente de portugueses'". Como consequência deste fenómeno, "os próprios governantes usam o futebol como ferramenta para 'prender'

os emigrantes ao país de origem", afirma a socióloga. Retomemos o texto do jornal português: “Para ajudar a explicar este cenário, Nina Clara Tiesler

começa por adiantar por que razão, entre os emigrantes, os elementos que tradicionalmente reproduzem a portugalidade, como a língua, a cultura popular e a política, se vão perdendo de pais para filhos. "Além

dos fenómenos normais de assimilação, as 'escolinhas' de português no estrangeiro têm cada vez menos

apoios e estão a desaparecer. Claro que alguns pais falam português em casa, mas o que as crianças

aprendem é um português pouco sofisticado que nem sabem escrever".

* Nuno Bragança: Um aristocrata no submundo

Há 40 anos, um livro, A noite e o riso, sobressaltava as mentalidades lusitanas, ao constituir uma ode à errância e ao submundo, raras vezes aflorados por cá. O seu autor: Nuno Bragança, que completaria nestes dias 80 anos.

Militante da vida, envolveu-se em demasiadas paixões para que se dedicasse em pleno a uma só. Mas a curta obra que deixou foi suficientemente impressiva para que dela ficasse uma marca que ainda perdura, pese embora a escassa divulgação dos seus livros.

Opositor do Estado Novo, esteve exilado na Argélia e depois em vários países da Europa.

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