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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 6, Edição número 24, Outubro de 2016 - Abril de 2017. p 1 NOTÍCIAS ON-LINE: A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS POR MEIO DAS ESCOLHAS DE TEMAS E FIGURAS Wallison Tiago Rocha* Eliane Aparecida Miqueletti** RESUMO: Este artigo expõe o resultado da investigação que verificou como jornais on-line da região de Dourados construíram a notícia sobre o caso de gravidez de uma menor indígena. Selecionamos seis textos de portais diferentes: Dourados News, Jornal do Estado, Grande FM 92,1, Itaporãnews.com, Falandotudo.com, Topmídianews. Nas análises, destacamos as escolhas de temas e de figuras presentes em títulos, subtítulos, legendas e fotografias. Utilizamos como embasamento teórico principal a semiótica francesa, teoria que se preocupa com a estruturação da significação em todo e qualquer texto, entre os percursores da vertente no Brasil destacam-se Fiorin e Barros. Além disso, leituras sobre o texto jornalístico Lage (2004), Rossi (2005) e sobre a análise de imagem Pietroforte (2004), Barthes (1984; 1986) e Xavier (2005) fizeram-se necessárias para complementar o exercício analítico. De maneira geral, foi possível destacar que os jornais construíram as notícias com ênfase nos temas ligados à infância, à gravidez, ao abuso sexual, recobertos pela mobilização de figuras como urso, boneca, flor que constituem em estratégias para chamar a atenção dos leitores ao atingir o emocional. RESUMEN: En este artículo se exponen los resultados de la investigación que verifica como los periódicos en línea de la región de Dourados construyeron las noticias sobre el caso de embarazo de una menor indigena. Hemos seleccionado seis textos de diferentes portales: Dourados News, Jornal do Estado, Grande FM 92,1, Itaporãnews.com, Falandotudo.com, Topmídianews. En el análisis, podemos destacar la elección de temas y figuras presentes en titulos, subtitulos, leyendas e imágenes. Utilizamos como base principal la teoria Semiótica francesa, teoría que se refiere a la estructuración del significado en cualquier texto, entre los precursores de la pendiente en Brasil, destacan: Fiorin e Barros. Además, las lecturas periodísticas sobre el texto Lage (2004), Rossi (2005) y en el análisis de la imagen Pietroforte (2004), Barthes (1984; 1986) e Xavier (2005) Fueron necesarias para complementar la actividad analítica. En general, es posible resaltar que los periódicos han construido las noticias con un énfasis en temas relacionados con la infancia, embarazo, abuso sexual, cubierto por la movilización de figuras como oso, muñecas, flor que se constituyen en estrategias para llamar la atención de los lectores para lograr el emocional. PALAVRAS-CHAVE: Semiótica francesa. Notícias. Temas e figuras. PALABRAS CLAVE: Semiótica francesa. Noticias. Temas y figuras. INTRODUÇÃO A ciência e o jornalismo são duas grandes forças da Humanidade (CALVO HERNANDO).

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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 6, Edição número 24, Outubro de 2016 - Abril de 2017. p

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NOTÍCIAS ON-LINE: A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS POR MEIO

DAS ESCOLHAS DE TEMAS E FIGURAS

Wallison Tiago Rocha*

Eliane Aparecida Miqueletti**

RESUMO: Este artigo expõe o resultado da investigação que verificou como jornais on-line da região de

Dourados construíram a notícia sobre o caso de gravidez de uma menor indígena. Selecionamos seis

textos de portais diferentes: Dourados News, Jornal do Estado, Grande FM 92,1, Itaporãnews.com,

Falandotudo.com, Topmídianews. Nas análises, destacamos as escolhas de temas e de figuras presentes

em títulos, subtítulos, legendas e fotografias. Utilizamos como embasamento teórico principal a

semiótica francesa, teoria que se preocupa com a estruturação da significação em todo e qualquer texto,

entre os percursores da vertente no Brasil destacam-se Fiorin e Barros. Além disso, leituras sobre o texto

jornalístico – Lage (2004), Rossi (2005) – e sobre a análise de imagem – Pietroforte (2004), Barthes

(1984; 1986) e Xavier (2005) – fizeram-se necessárias para complementar o exercício analítico. De

maneira geral, foi possível destacar que os jornais construíram as notícias com ênfase nos temas ligados

à infância, à gravidez, ao abuso sexual, recobertos pela mobilização de figuras como urso, boneca, flor

que constituem em estratégias para chamar a atenção dos leitores ao atingir o emocional.

RESUMEN: En este artículo se exponen los resultados de la investigación que verifica como los

periódicos en línea de la región de Dourados construyeron las noticias sobre el caso de embarazo de una

menor indigena. Hemos seleccionado seis textos de diferentes portales: Dourados News, Jornal do

Estado, Grande FM 92,1, Itaporãnews.com, Falandotudo.com, Topmídianews. En el análisis, podemos

destacar la elección de temas y figuras presentes en titulos, subtitulos, leyendas e imágenes. Utilizamos

como base principal la teoria Semiótica francesa, teoría que se refiere a la estructuración del significado

en cualquier texto, entre los precursores de la pendiente en Brasil, destacan: Fiorin e Barros. Además,

las lecturas periodísticas sobre el texto – Lage (2004), Rossi (2005) – y en el análisis de la imagen –

Pietroforte (2004), Barthes (1984; 1986) e Xavier (2005) – Fueron necesarias para complementar la

actividad analítica. En general, es posible resaltar que los periódicos han construido las noticias con un

énfasis en temas relacionados con la infancia, embarazo, abuso sexual, cubierto por la movilización de

figuras como oso, muñecas, flor que se constituyen en estrategias para llamar la atención de los lectores

para lograr el emocional.

PALAVRAS-CHAVE: Semiótica francesa. Notícias. Temas e figuras.

PALABRAS CLAVE: Semiótica francesa. Noticias. Temas y figuras.

INTRODUÇÃO

A ciência e o jornalismo são duas grandes forças da

Humanidade (CALVO HERNANDO).

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A epígrafe deste trabalho coloca no mesmo patamar de importância os dois segmentos

que marcaram/marcam a história de desenvolvimento da sociedade: a ciência e o

jornalismo, cada um deles, com suas especificidades, acompanham e, de certa forma,

retratam e influenciam direcionamentos da sociedade ao atuarem sobre os conceitos, as

opiniões. Ciência e jornalismo investigam fatos com o intuito de encontrar explicações e

apresentá-los como verdade. A primeira faz isso de forma mais sistemática e

controlável, classificando e organizando o conhecimento sob uma base de princípios

explicativos. O segundo procura provas, nem sempre tão controláveis, mas também

tendo em vista determinada objetividade e a construção de efeitos de verdade.

Com a atenção voltada para o jornalismo, a partir de bases teóricas da Semiótica

francesa e de outras leituras ligadas ao texto jornalístico, trabalhamos com seis notícias

publicadas em jornais on-line atentando para as “verdades” construídas no relato do

mesmo fato: a gravidez de uma indígena de dez anos, moradora na reserva indígena do

município de Dourados-MS. Nosso enfoque será nas escolhas dos temas e das figuras

recorrentes para o arranjo de determinado efeito de sentido sobre a gravidez da menor

indígena, sobretudo na construção de título, subtítulo, legenda e fotografia que as

acompanham. Partimos da hipótese de que, em casos como esse, envolvendo menores,

há uso de recursos que recorrem à mobilização da emoção para argumentar.

A escolha do corpus surgiu diante da ênfase dada pela mídia local ao acontecimento e o

critério de seleção dos textos divulgados foi a presença de imagens. Na época, o fato

repercutiu nas discussões da população douradense que vive em uma região marcada

pela aproximação territorial e interpessoal entre indígenas e não indígenas, do total de

quase 200 mil habitantes, mais de 14 mil são indígenas, alguns já residentes na zona

urbana e a maioria na reserva indígena de Dourados, ligada ao perímetro urbano.

Nesse contexto, ocorrências são evidenciadas pela mídia local que constrói seus

discursos intermediados pelo seu olhar, ou melhor, de acordo com suas observações,

seleções, recortes e reconstruções dos fatos que são expostos em gêneros como as

notícias, por exemplo, comumente utilizadas pelos jornais on-line por serem mais

objetivas e de rápida leitura. Eles recorrem a recursos textuais/discursivos para fazer-

saber aos enunciatários – leitores – tendo em vista determinados objetivos e construções

de sentido. Entre esses recursos está a escolha de temas e de figuras.

Na seção a seguir, realizaremos algumas considerações sobre as bases teóricas que

sustentarão nossas análises.

1 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS

A Linguística é concebida como ciência, preocupada em descrever os fatos da língua,

sobretudo a partir de Saussure e a publicação do Curso de Linguística Geral. Língua

estudada como “objeto de natureza concreta” ligada à escolha dos signos, “objetos

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reais” próprios do uso individual e coletivo (SAUSSURE, 2006). No mesmo texto, o

autor indica a necessidade de uma ciência para o estudo de todo e qualquer signo, a

Semiologia, dentro da qual estaria a Linguística.

Com o passar do tempo, a palavra semiótica surge para diferenciar-se semiologia

proposta por Saussure, esta partia da preocupação com a unidade (semas, semema). Por

outro lado, a semiótica parte da ideia de relação, a unidade é o resultado da relação, por

isso não é preciso descobrir unidades, mas as relações que significam em um texto.

A Semiótica desenvolve-se em vários países, sofre influência de outras áreas, como a

antropologia, por exemplo, segmenta-se em direcionamentos diferentes, amplia sua

abrangência, “[...] torna-se uma teoria da significação, que tem por escopo descrever a

produção e a compreensão do sentido, e não uma teoria do signo” (FIORIN, 1999, s/p).

A vertente basilar deste artigo é a da Semiótica francesa. Conforme apresenta Hénault

(2006), ela é entendida dentro de seu percurso histórico, em síntese é o resultado de

contribuições da Linguística de Saussure e Hjelmslev, da Antropologia de Levy Strauss,

da teoria dos contos de Propp e da fenomenologia de Merleau-Ponty sistematizadas por

Greimas. Ciência que tem por objeto de investigação a significação de todo e qualquer

texto, seja ele verbal, não verbal ou sincrético (a união entre verbal e não verbal na

construção do sentido).

Para a semiótica francesa, o texto é um todo de sentido a partir da junção do plano de

conteúdo – estruturado na forma de percurso gerativo – e o plano de expressão – as

formas de manifestação do conteúdo. Construção que pode ser abordada a partir de dois

pontos de vista complementares: a análise dos mecanismos internos, sintáxicos e

semânticos, responsáveis pela produção do sentido – texto como objeto de significação

– e a análise do discurso como objeto cultural, produzido a partir de certas

condicionantes históricas e sociais, em relação dialógica com outros textos – texto como

objeto de comunicação. Barros (1997, p. 7- 8) salienta que o texto só existe levando em

consideração essa dualidade, a construção do sentido “[...] só pode ser entrevisto como

o exame tanto dos mecanismos internos quanto dos fatores contextuais ou sócio-

históricos de fabricação de sentido”, dessa maneira é possível explicar não só “o que” o

texto diz, mas, também, o “como” ele diz o que diz.

De maneira geral, com o intuito de dar conta de analisar as escolhas para a estruturação

dos sentidos, Greimas propõe analisar diferentes graus de abstração a partir de três

patamares que vão do mais abstrato ao mais concreto, constituindo o simulacro

metodológico chamado de percurso gerativo de sentido. Em síntese, no fundamental

encontra-se a base do sentido estruturado a partir de valores contrários; no narrativo

estão os sujeitos e os objetos envolvidos, junto a eles as mudanças de estado, as

transformações, o estabelecimento e as rupturas de contrato; já no discursivo, o mais

próximo da manifestação textual, parte-se da instância da enunciação revelando os

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valores para o qual o texto foi construído. A análise recai nas formas de instauração de

tempo, pessoa e espaço no enunciado para a construção de determinado efeito de

sentido, assim como a recorrência dos temas e figuras que recobrem a semântica do

nível discursivo, foco de nossas investigações neste trabalho.

As figuras representam termos que se ancoram em algo do mundo natural para recobrir

os temas, que organizam os elementos do mundo em conceitos, e a análise da seleção

revela pistas das intenções do sujeito da enunciação. Barros (1997, p. 68) estabelece

que: [...] “o sujeito da enunciação assegura, graças aos percursos temáticos e

figurativos, a coerência semântica do discurso e cria, com a concretização figurativa do

conteúdo, efeitos de sentido sobretudo de realidade”. A tematização e a figurativização

correspondem aos processos de construção semântica do nível discursivo e revelam o

objetivo do texto, ou seja, os sentidos pretendidos por meio de escolhas intencionais do

enunciador do texto.

É com o auxílio principalmente das figuras que muitas vezes o sujeito da enunciação

tenta assegurar o efeito de verdade nos textos, exerce seu fazer persuasivo, procura fazer

com que o enunciatário aceite o que está dizendo. Deste modo, pela interpretação dessas

escolhas é possível verificar o direcionamento interpretativo do texto, por isso a

importância de seu exame.

Contribuindo com esses objetivos, destacamos o uso das fotografias que acompanham

as notícias. Falar em fotografia ligada ao jornalismo é pensar, principalmente, que ela

deve arrebatar a atenção do leitor. Lage (2004) esclarece que a fotografia tornou-se o

primeiro instrumento mecânico para registro analógico da realidade. Inicialmente ela foi

introduzida nos jornais impressos para quebrar a forma monótona dos textos gráficos e,

atualmente, a prática é considerada tão especializada que há diferenciação entre o

repórter fotográfico e o repórter de texto. Nesse âmbito, Lage (2004, p. 26) destaca que

fotografia jornalística é uma “atividade especializada”, pois “trata-se de selecionar e

enquadrar os elementos semânticos de realidade de modo que, congelados na película

fotográfica, transmitam informação jornalística”. Pela fotografia é possível mais do que

ilustrar uma realidade, ela representa um recorte da realidade que, dentro de

determinado contexto de atuação, auxilia no todo de significação.

No capítulo “El mensaje fotográfico” do livro Lo obvio y ló obtuso, Barthes (1986, p.

35), faz algumas considerações sobre a mensagem fotográfica, destacando que: “[...]

toda imagem é polissêmica, implicando, subjacente aos seus significantes, uma „cadeia

flutuante‟ de significados, dos quais o leitor pode escolher alguns e ignorar os outros”i.

O autor propõe uma relação entre a imagem e a palavra, determinando que as mesmas

possuam duas funções: a de ancoragem e a de etapa:

[...] quando as palavras explicam o que se passa nas imagens, como nas

legendas das fotos jornalísticas, o verbal cumpre a função de ancoragem;

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quando entre palavra e imagem há uma relação complementar, que se resolve

na totalidade da mensagem, como nos diálogos das histórias em quadrinhos,

o verbal cumpre sua função de etapa (BARTHES,1984, p. 32-33).

Dada a sua importância, esse e outros aspectos ligados à imagem na construção de

notícias serão abordados na seção a seguir, sendo outras contribuições teóricas

requisitadas para melhor exploração de sua construção.

2 ANÁLISE DE NOTÍCIAS: ESCOLHAS QUE SIGNIFICAM

Os meios de comunicação de massa, entre eles o jornalismo, exercem considerável

influência sobre a opinião, as crenças, os comportamentos das pessoas. Segundo Rossi

(2005, p. 7), o jornalismo é “[...] uma fascinante batalha pela conquista das mentes e

corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes”. Batalha que o autor

destaca como sendo “geralmente sutil” a partir das armas que as múltiplas linguagens

possibilitam: palavras, sons, imagens, estrategicamente arranjadas, elas auxiliam na

divulgação das informações e na manutenção da credibilidade sobre os fatos narrados.

Nas notícias dos jornais on-line isso não é diferente. Destacamos que a notícia é um

gênero que tem como característica a maneira objetiva de abordagem de um fato que é

novidade no momento, em um texto de extensão menor do que a reportagem, muitas

vezes apenas aponta o ocorrido. Como explica Lage (1979, p. 36) a notícia é: "[...] o

relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante, e este, de seu aspecto mais

importante”.

Nesse sentido, os textos selecionados basicamente organizam-se em torno da mesma

narrativa: uma indígena de dez anos está internada no Hospital Universitário de

Dourados para dar a luz ao filho, cogita-se que a gravidez tenha sido fruto de um

estupro ocorrido a caminho da escola; versão confirmada por depoimentos da mãe e tia

da menina relatados nos textos, em discurso indireto. A menina representa um sujeito de

estado que sofre o abuso e fica grávida, as notícias evidenciam e colocam em suspeita,

ou melhor, para a reflexão do leitor, a situação de perigo em que vivem, sujeitas a

perderem sua infância ao serem violentadas e tornarem-se mães. Uma narrativa mínima

que pode ser considerada de desfecho inconcluso se considerar que integra uma

narrativa maior na qual outros casos como esses são narrados.

Cabe informar que apenas uma das notícias selecionadas, a do Topmídianews, foge a

essa sequência por tratar do falecimento do bebê, mas foi por nós escolhida tendo em

vista a conclusão do fato. No conjunto, percebemos que há o destaque para o percurso

do sujeito bebê, com pouco tempo de vida ele entra em disjunção com a vida, morre

asfixiado, motivo que também é colocado sob suspeita, mais uma vez polemizando a

situação e, implicitamente, levando a pensar sobre a falta de responsabilidade de ter

filhos com pouca idade. Passamos para as análises, apresentando as notícias na

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sequência de datas em que aparecem. O enfoque será nos efeitos de sentido em torno do

assunto, dados por escolhas presentes nos títulos, subtítulos, legenda e fotografias. Ao

final, o destaque é para determinados temas e figuras que estão implícitos nessas

escolhas.

Na primeira notícia, publicada no dia 12/02/2014 pelo Jornal on-line Dourados News,

temos o título: “Criança de 10 anos dá a luz em hospital douradense”. Nele observamos

a escolha da designação para o sujeito envolvido no caso “criança de 10 anos”,

remetendo ao assunto principal: a gravidez na infância. O título se junta à imagem que

acompanha a parte verbal, a barriga de uma grávida. Vejamos:

Figura 1: Criança de 10 anos

Nessa imagem, como nas demais, por se tratar de uma menor de idade, não há

exposição do rosto, sendo o foco a barriga, por isso, a blusa é curta ou está levantada e

as mãos estão numa disposição (a esquerda na parte frontal da barriga e a direita na

cintura) que auxiliam na intensificação proporcionada pela lateralidade do ângulo da

câmera, a “câmera baixa” (ou contra-plongée)ii. Cena vista de baixo para cima, de um

nível inferior; ângulo usado para sugerir relações de superioridade, neste caso o enfoque

serviu para ilustrar o tamanho da barriga em gestação e, de certa forma, parece indicar a

dificuldade que uma criança pode ter ao carregar um bebê no ventre.

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A fotografia, mais destacada graficamente na notícia, projeta um significado maior do

que as informações contidas na parte verbal, pois, “representa” o real, apesar de a foto

ser ilustrativa como consta abaixo da imagem indicando a fonte como arquivo. A

imagem chama a atenção do leitor, instigando-o a pensar sobre o assunto destacado pelo

título. Como aponta Discini (2005, p.91), o que se reconhece hoje como fotojornalismo

ganha reconhecimento diante da sua força de convencimento: “um gênero do jornalismo

em que as informações são codificadas em linguagem fotográfica, não em linguagem

verbal”. Compõe o conjunto de escolhas para a construção do todo de sentido que,

discursivamente, faz, nesta notícia, referência aos temas infância, gravidez precoce,

ancorada nas figuras: barriga, menor de idade, criança de 10 anos.

No dia seguinte, o Jornal do Estado publica a notícia com a mesma imagem, mas o

título coloca em evidência o ato do estupro: “Menina de 10 anos abusada a caminho da

escola é internada para ter bebê do estuprador”.

Em comparação ao anterior, notamos que a carga informativa recai não só na gravidez

da menor, mas na possível causa, no local do ocorrido e no possível causador:

“menina”, “abusada”, “a caminho da escola”, “bebê do estuprador” são sequências que

impulsionam o olhar crítico diante dos fatos. Dentro disso, acresce a figura da escola e o

tema estupro. Segue a reprodução para melhor visualização:

Figura 2: Menina de 10 anos

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É compreensível o destaque dado à fotografia nessas construções, já que ela tem a

capacidade de atingir um maior número de público, chamar a atenção pelo olhar, fisgar

o leitor que, seduzido, possivelmente passará para a leitura da parte verbal, quiçá,

acompanhará o desenrolar do caso e poderá tornar-se consumidor daquele veículo de

informação. Para tanto, Lima (1988, p.17) afirma que a fotografia, principalmente nos

jornais, completa “os vazios” dos textos e vice-versa “Qualquer notícia acompanhada de

uma fotografia desperta mais interesse do que outra notícia sem imagem”.

No que se refere à relação entre o texto verbal e a imagem, Barthes (1984) destaca duas

funções: a ancoragem e a etapa. A ancoragem implica a redução da polissemia da

imagem no texto e na função de etapa, verbal e imagem complementam-se na

construção do sentido.

Ao analisarmos a fotografia que acompanha as duas notícias, verificamos que mantem,

de certa forma, com a parte verbal, a função de ancoragem, pois “representa” a menina

grávida metaforizando o caso específico tratado. No entanto, entendendo que ela amplia

a reflexão em torno do assunto “gravidez na menor idade”, a relação é de etapa, pois

completa o sentido que se pretende por em evidência na parte verbal.

Seguindo a repercussão do acontecimento, a terceira notícia selecionada foi publicada

também no dia 13/02/2014, pela rádio Grande FM 92,1, uma das mais ouvidas na

região de Dourados e que também possui sua página on-line. Com o título “Vítima de

abuso: Criança de 10 anos dá a luz em hospital douradense”, o enunciador emite o juízo

de valor ao classificar o sujeito central, inserido no início da construção do título, como

“vítima de abuso”.

No subtítulo lemos: “A criança está em um leito do hospital com a mãe”, novamente o

termo “criança” é usado para enfatizar a gravidade do fato e parece confundir o leitor

que já não sabe se está se referindo ao bebê que nasceu, ou à mãe, que também é uma

criança. Ao ler o texto, notamos que remete à filha que nasceu e não mais à criança do

título da notícia. Há uma ênfase à passagem da criança grávida para o estado de mãe.

Aliada à fotografia, temos a seguinte construção:

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Figura 3: Vítima de abuso.

Na fotografia, para manter o sigilo na identificação da menor, seu rosto é coberto por

uma boneca, uma das figuras que representam a infância e que nesta cena precisa dividir

espaço com a barriga. Dessa forma, o enunciatário do texto visual parece jogar com o

sentido entre: deixar de brincar com um bebê de mentira, para brincar com um de

verdade que está por vir na barriga abaixo da boneca.

Na composição da imagem, assim como percebemos nas anteriores, o plano usado é o

“de conjunto”, a câmera focaliza o conjunto de elementos envolvidos na ação, figuras

humanas e parte do cenário que nesta publicação ganha mais abertura levando-nos a

identificar, em segundo plano, uma casa simples, sugerindo a moradia da menina

grávida. O ângulo continua sendo em contra-plongée, com enfoque de baixo para cima,

um pouco mais frontal, intensificando o tamanho da barriga. O olhar é inserido como

foco “[...] ativo e origem do sentido: a visão monocular da câmera […] é baseada num

ponto fixo do qual se organizam os objetos vistos [...]” (XAVIER, 2005, p. 152), dessa

forma, determina-se a posição do sujeito que olha e do sujeito observado, a realidade é

acentuada no visível, nessas notícias o enunciador salienta a infância perdida.

No mesmo dia, o Itaporã News, publica a notícia com destaque semelhante ao das

anteriores: o estupro da menor e o nascimento da criança. Vejamos:

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Figura 4: Criança de 10 anos estuprada

No título, o uso dos verbos “é”, “dá”, ambos no presente, fundem o tempo cronológico

entre o ato do estupro e a entrada no hospital, o que pode deixar a leitura confusa. E,

completando o sentido do primeiro olhar para a notícia, a imagem, que já não é a mesma

das duas anteriores, contradiz a violência estampada pelo título, ao mostrar o gesto de

amor da mãe.

Na composição imagética, o enfoque está no conjunto composto pelo signo que

representa a gestação, a barriga, e no gesto da menina que, com as mãos, forma um

coração, símbolo do amor, tendo o sentido completado pela palavra “mamãe” escrita,

com batom vermelho, na barriga. Apresentada a partir de um posicionamento de ângulo

mais frontal, a composição representa o amor maternal, mesmo diante da situação da

gravidez na menor idade.

De maneira geral, verificamos que na seleção das fotos que compõem essas notícias, há

um apelo sentimental. É mobilizando o que a Semiótica chama de sensível que os

enunciadores conseguem chamar a atenção dos leitores, sensibilizam e persuadem sobre

o assunto retratado. O foco da câmera para a barriga, para o gesto em forma de coração

com as mãos, ou para a boneca, na figura 3, destacam figuras que devem ser entendidas

como algo “importante” para o leitor. Os jornalistas utilizam estratégias persuasivas

para não só divulgar uma informação, mas atingir a dimensão emotiva fazendo com que

o leitor fique atento, reflita e interesse-se pelo assunto; enfim, seja manipulado.

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Acompanhando as notícias do dia 15/02/2014, o jornal on-line Falandotudo.com

publica: “Garota de 10 anos dá à luz e polícia investiga o caso como estupro”. Notamos

que nas notícias anteriores o termo “garota” não havia aparecido. Este enunciador

sugere o estupro de forma mais cautelosa e na progressão da divulgação do caso

podemos notar uma nuance mais investigativa, como fica indiciado na temática

“investigação policial”. Segue a notícia:

Figura 5 - Garota de 10 anos

Na análise da foto, muito próximo ao efeito da notícia publicada pela Grande FM,

temos a barriga da gestante e a figura urso, inserida na frente da barriga, indica que a

criança ainda brinca e a vestimenta íntima, de cor branca, simbolizando a inocência. A

câmera com posição de foco lateral retrata o tamanho da barriga, disposta na mesma

altura dos olhos do observador/leitor, coloca-se para sua análise. Compondo o cenário,

ao fundo, notamos uma imagem desfocada, pelos tons claros pode se tratar de ser um

quarto infantil, respaldando o efeito ligado ao tema da gravidez na infância. Remetendo

novamente a Barthes (1984, p. 33), imagem e texto verbal se complementam: “há no

modo de ancoragem em que o verbal reduz a polissemia da imagem, explicando-a; e há

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o modo de etapa, em que o verbal e a imagem „são fragmentos de um sintagma mais

geral‟”.

Por fim, temos a notícia publicada pelo jornal on-line Topmídianews, publicada em

11/03/2014, que não trata diretamente do caso de gravidez, mas da morte do bebê:

Figura 6 - Filha de menina

No título: “Filha de menina de dez anos morre asfixiada em hospital indígena”, o termo

“filha”, refere-se ao bebê nascido pelo estupro. Já no subtítulo chama nossa atenção a

possível declaração, em discurso indireto, da menor: “a mãe que reside na aldeia

Jaquapiru, em Dourados, disse ao Conselho que engravidou após sofrer abuso sexual”.

Nas notícias anteriores temos apenas suspeitas da família, com a morte da criança,

recém-nascida, o caso parece encaminhar-se para o desfecho.

A morte é foco principal, inesperada sanção negativa em relação à vida. Nesse sentido,

provam as figuras selecionadas na fotografia: a mão de uma criança, que pela posição

está caída, segurando uma flor, destaque para a cor em tons de cinza auxiliando na

intensificação do efeito de tristeza, na figurativização da morte, como exemplifica

Pietroforte (2004, p. 85) “Além da disposição topológica da expressão, a cor é um

elemento de composição pertinente na construção do sentido”, mais um dos artifícios

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que os textos jornalísticos usam para sensibilizar e chamar a atenção para a leitura da

notícia.

Diante do que foi analisado, podemos observar um conjunto de figuras e temas

principais que estão disseminados nos textos analisados compondo o todo de sentido,

conforme apresentado no quadro a seguir: FIGURAS TEMAS

Criança de 10 anos, menina grávida, barriga

em gestação, hospital, hospital indígena,

bebê, escola, vítima, boneca, menor, mãe,

coração, polícia, ursinho, calcinha, aldeia

Jaguapiru, flor, mão da criança, cor cinza.

Infância, gravidez precoce, gestação, abuso

sexual (estupro), amor maternal, investigação

policial, inocência, morte. infantil, abuso

sexual, indígena.

Quadro 1: Modelo representativo das figuras e dos temas

A figurativização permite uma estratégia de concretude discursiva que ajuda no efeito

de sentido. Notamos, como afirma Pietroforte (2004, p. 21), que: “As figuras são

elementos do discurso que criam a ilusão de um mundo possível por produzir uma

referencialização ao mundo natural”. Nas notícias, a preocupação está em dar

concretude à consequência do estupro, a gravidez, o que é efetivado pela imagem da

barriga de uma menor, assim como ao destaque para a idade da menina, a infância

interrompida, como fica enfatizado na figura do urso (figura 5). Os temas conjugam-se

às figuras para constituir o sentido do texto, já que essas “são unidades semânticas que

acionam a percepção tátil, auditiva, olfativa, visual do sujeito” (DISCINI, 2005, p. 271),

possuem maior grau de materialidade o que auxilia, inclusive, na credibilidade dada

pelo leitor à notícia publicada.

Para finalizar, cabe considerar que o texto compreende a relação existente entre o plano

de conteúdo e o plano de expressão. O plano de expressão é constituído sob a forma

como se apresenta o conteúdo. Neste contexto, Discini (2005, p. 57) aponta que “No

plano de conteúdo estão as vozes em diálogo, está o discurso. No plano de expressão

esta a manifestação do sentido imanente, feita por meio da linguagem sincrética, que

integra o visual e o verbal sob uma única enunciação”. A manifestação ocorrente no

conteúdo em seu processo de significação pode ser verbal, não verbal, sincrético, como

as notícias que foram analisadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As reflexões teóricas e de análises apresentadas neste artigo, salientaram como os

enunciadores se posicionaram nas notícias ao selecionar determinadas figuras para

recobrir os temas abordados. A produção de um texto, assim como a sua leitura, está

ligada à trama que relaciona as escolhas estrategicamente realizadas com vistas a

determinado objetivo. Essa estruturação colabora para a construção do sentido de um

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discurso a partir de nuances presentes nos títulos, subtítulos, fotografias e legendas, por

exemplo, elementos que abrem as portas para a leitura das notícias.

Nos textos selecionados, notamos, por exemplo, que para temas ligados à infância, à

gravidez, ao abuso sexual, elegeram figuras, estrategicamente escolhidas, para chamar a

atenção dos leitores, atingir o emocional e levar a reflexão sobre a gravidade do

problema, a gravidez na infância, especificamente entre as indígenas, o que foi

percebido, principalmente na seleção das imagens que acompanharam a parte verbal, o

enfoque em elementos como a barriga em gestação, o urso, a boneca, a flor, auxiliam

nesse processo.

Esperamos contribuir ao apontar alguns elementos que ajudam a compor as notícias,

sobretudo quando tratam de temas polêmicos como este e que exigem uma leitura atenta

para perceber as estratégias persuasivas usadas pelo enunciador do texto. Enunciador

que pretende não só emitir uma informação, mas, também, direcionar a interpretação do

assunto abordado.

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*Graduado em Letras pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. E-mail:

[email protected].

**Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina. Professora da

Universidade Federal da Grande Dourados. Faculdade de Comunicação, Artes e Letras. E-mail:

[email protected].

i No original consta: “toda imagen es polisémica; implica, subyacente a sus significantes, una cadena

flotante de significados, de la que el lector se permite seleccionar unos determinados e ignorar todo los

demás”. ii Plongée: significa mergulhada em francês, é o termo usado para definir um tipo de enquadramento em

que a câmera filma o objeto de cima para baixo, situando o espectador em uma posição mais acima do

objeto, vemos a imagem como se estivéssemos mais altos. Já no contra-plongée, o efeito é contrário, o

objeto fica maior em relação ao foco que observa.