notícias do Museu Municipal de Palmela · MUSEUS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL Os blocos de...

3
A NÃO PERDER... A NÃO PERDER 1 AGOSTO 10H00 | Visita guiada ao Castelo de Palmela Ponto de encontro - Igreja de Sanago 14H30 | Visita guiada ao Centro Histórico - vila de Palmela Ponto de encontro - Chafariz de D. Maria I Visitas orientadas por voluntário do Museu Municipal de Palmela Frequência gratuita. Duração: 1h30. Limite de inscs.: 15 (até às 12h de 30 julho) Inscs.: [email protected] | 212 336 640 Org.: Câmara Municipal de Palmela e Dr. António Lameira Se não puder comparecer na visita programada para dia 1, sugerimos, mesmo assim, que aproveite os dias mais compridos para uma visita ao Castelo de Palmela. Entre nas galerias que narram parte da história do concelho através da leitura dos achados arqueológicos; visite o Espaço de Transmissões Militares; contemple a Igreja de Sanago – idenfique, por exemplo, as marcas de canteiro inscritas nas colunas e observe a réplica das tábuas renascenstas do ango retábulo-mor que evocam a Vida e Obra de Sanago; suba à Torre de Menagem. Deixe-se contagiar pela paisagem. Sinta a imensidão do que vê! No Posto de Turismo poderá solicitar o apoio dos Audioguias cuja infor- mação se estende, também, ao Centro Histórico da vila. Se ver oportunidade, não deixe de explorar um dos vários trilhos que temos disponíveis. Boas Férias! nº 41 agosto 2015 nocias do Museu Municipal de Palmela Paisagem do Castelo de Palmela para Sul: a costa alentejana a perder de vista, a península de Tróia, cidade de Setúbal, o Parque Natural da Arrábida

Transcript of notícias do Museu Municipal de Palmela · MUSEUS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL Os blocos de...

Page 1: notícias do Museu Municipal de Palmela · MUSEUS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL Os blocos de adobe [barro cozido ao sol] formavam, outrora, as paredes que abri-gavam as famílias

A NÃO PERDER...

A NÃO PERDER

1 AGOSTO10H00 | Visita guiada ao Castelo de PalmelaPonto de encontro - Igreja de Santiago14H30 | Visita guiada ao Centro Histórico - vila de PalmelaPonto de encontro - Chafariz de D. Maria I

Visitas orientadas por voluntário do Museu Municipal de PalmelaFrequência gratuita. Duração: 1h30. Limite de inscs.: 15 (até às 12h de 30 julho)Inscs.: [email protected] | 212 336 640Org.: Câmara Municipal de Palmela e Dr. António Lameira

Se não puder comparecer na visita programada para dia 1, sugerimos, mesmo assim, que aproveite os dias mais compridos para uma visita ao Castelo de Palmela. Entre nas galerias que narram parte da história do concelho através da leitura dos achados arqueológicos; visite o Espaço de Transmissões Militares; contemple a Igreja de Santiago – identifique, por exemplo, as marcas de canteiro inscritas nas colunas e observe a réplica das tábuas renascentistas do antigo retábulo-mor que evocam a Vida e Obra de Santiago; suba à Torre de Menagem. Deixe-se contagiar pela paisagem. Sinta a imensidão do que vê!No Posto de Turismo poderá solicitar o apoio dos Audioguias cuja infor-mação se estende, também, ao Centro Histórico da vila. Se tiver oportunidade, não deixe de explorar um dos vários trilhos que temos disponíveis. Boas Férias!

nº 41 agosto 2015

notícias do Museu Municipal de Palmela

Paisagem do Castelo de Palmela para Sul: a costa alentejana a perder de vista, a península de Tróia, cidade de Setúbal, o Parque Natural da Arrábida

Page 2: notícias do Museu Municipal de Palmela · MUSEUS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL Os blocos de adobe [barro cozido ao sol] formavam, outrora, as paredes que abri-gavam as famílias

MUSEUS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL

Os blocos de adobe [barro cozido ao sol] formavam, outrora, as paredes que abri-gavam as famílias que neste território se fixavam, desenhando a ocupação humana de parte do concelho de Palmela. Pelos caminhos que percorremos, não é difícil dis-tinguir uma destas habitações, mencionadas no Inquérito à Arquitetura Popular em Portugal, editado pelo Sindicato Nacional dos Arquitectos, em 1961. Algumas destas casas, que definimos como de tipologia «caramela» por terem sido cons-truídas pelos Caramelos – ranchos de migrantes que se deslocavam para a região para trabalhar nas várias culturas agrícolas - foram adaptadas e acolhem, ainda, quem as ha-bita. Outras resistem, sós, como memórias de tempos e de vivências que se esgotaram. Contudo, assistimos nas últimas décadas ao resgate da Arquitetura de Terra crua. Estamos, hoje, conscientes de que o benefício da sua utilização faz a diferença no impacto do Homem no planeta (http://www.arquitecturadeterra.com). A recupera-ção desta técnica de construção, especificamente no concelho de Palmela, traduz-se, ainda, numa evocação de parte da nossa identidade e da nossa história.

«Havia por exemplo, numa fazenda uma nódia [parcela de terreno de barro], como há em quase todas as fazendas - um bocado de terreno diferente dos outros. E aquilo havia um quadrado de terreno que era barro. Esse barro era cavado para um monte com uma enxada e depois, no fim de estar cavado, era carregado com carretas (…) e depois plan-tava-se no sítio mais ou menos indicado onde é que a gente podia estender os adobes. (…) Punha-se com água. Era amassado com os pés. Com os pés, a gente a pisar, duas ou três pessoas, quatro, a pisar o barro. Até havia uma altura que os miúdos, vá lá, de sete ou oito anos que haviam de andar na escola, andavam a fazer aquele trabalho. (…)E depois, no fim do barro estar amassado, tinha-se uma adobela - chamava-se uma adobela, que é um retângulo em madeira (…) Alisava-se o chão direito para não ficar aos altos e aos baixos, colocava-se a adobela cheia de barro, era pisada para não ficar rota. (…) no fim daquilo estar amassado levantava-se a adobela, ficava o qua-dradozinho do barro que era o adobe. Depois estava ali oito dias naquela posição e enxugava. No fim de estar seco, ia-se lá, levantava-se ao alto o adobe. Raspava-se a terra (…) ficava tudo assim direitinho, os adobes todos pegados uns nos outros. E depois iam as carroças e carretas, carregava--se isso para o local onde é que a gente queria fazer as casas, punha-se tudo em pilha à mesma, direitinhos, e depois ali formavam-se os ditos caboucos. (…)Tornava-se a pôr aquela camada de adobe, subia para cima, levava uma camada de barro outra vez por cima daquele adobe, tornava-se a pôr outro adobe em cima e assim se construía a casa.»

Joaquim Cavaleiro, 72 anos, Arraiados, Palmela, 2003

Aspeto do interior da recriação de uma casa caramela, no núcleo museológico dedicado a esta temática, na Quinta Caramela da Fundação COI, Palhota.

notícias do Museu Municipal de Palmela

nº 41 agosto 2015

Page 3: notícias do Museu Municipal de Palmela · MUSEUS PARA UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL Os blocos de adobe [barro cozido ao sol] formavam, outrora, as paredes que abri-gavam as famílias

PEÇA DO MÊS

Designação: Porta de uma casa de tipologia caramelaProveniência: PalmelaInventário: (MATRIZ) MMP.2005.04.164Matéria: Madeira, metalCronologia: início do século XXDimensões: altura 1860 mm; largura 635 mm; espessura 18 mm

Estrutura que faculta o acesso a uma divisão no interior da habitação. Painel retangular com duas listas verticais, que aparentam dividi-lo simetricamente. A frente, de cor amarela, tem duas listas longitudinais verdes. A traseira, de madeira tratada. Tem um puxador de ferro fundido, no lado esquerdo, em forma de onda, próprio para entrelaçar dos dedos aquando do movimento de rotação do mesmo. No verso, três travessas horizontais que recebem o mesmo número de dobradiças. A travessa central é mais curta para dar lugar ao ferrolho de metal, que se move por meio de um movimento ascendente/descendente. O travamento do ferrolho é feito por meio de uma anilha quadrada, inserida num parafuso quadrangular, com rosca, sem cabeça.

Peça recolhida de um complexo de habitações rurais (fazenda) que, já não estando habitada, corria o risco de ruir com todo o mobiliário no seu interior. O receio de que não resistisse ao inverno seguinte levou a que o proprietário doasse o acervo ao Museu Municipal.

Bibliografia

ANDRADE, Paula Maria Cruz - Pinhal Novo: movimentos migratórios dos “caramelos”, povoamento e cons-trução de uma identidade cultural. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa, 2006. Dissertação de Mestrado em Estudos Portugueses – Culturas Regionais Portuguesas.

CABRITA, José António - Entre a gândara e a terra galega. Pinhal Novo: Junta de Freguesia de Pinhal Novo, Colecção Origens e Destinos, n.º 2, 1998.

IDEM - José Maria dos Santos. E antes de grande agricultor?. Pinhal Novo: Junta de Freguesia de Pinhal Novo, Colecção Origens e Destinos n.º 3, 1999.

CABRITA, José António; SOUSA, Aníbal - Rio Frio, retrato de uma grande casa agrícola. Pinhal Novo: Junta de Freguesia de Pinhal Novo, Colecção Origens e Destinos, n.º 8, 2006.

DIAS, Mário Balseiro - Círios de Caramelos. Pinhal Novo: Junta de Freguesia de Pinhal Novo, Colecção Origens e Destinos, n.º4, 2000.

FARINHA, Tiago, et all. – As Casas Caramelas. Arquitectura e História da Construção. Junho, 2004.

FORTUNA, António Matos (1930-2008) – Memórias da Agricultura e Ruralidade do Concelho de Palmela. Palmela: Câmara Municipal, 1997.

RIBEIRO, Orlando; LISBOA, J. Ribeiro – As transformações do povoamento e das culturas na área de Pinhal Novo. Pinhal Novo: Junta de Freguesia de Pinhal Novo, Colecção Origens e Destinos, n.º 1, 1998.

SAMPAIO, Teresa - «Memórias do habitar – Arquitectura e Vivência Caramela», in Boletim +Museu,n.º(s) 4 e 5, 2005. Palmela: Câmara Municipal, Museu Municipal, 2005.

SAMPAIO, Teresa – A apropriação do apelativo Caramelo na Construção Identitária do Pinhal Novo. Lisboa: ISCTE, 2009. Tese de mestrado. Disponível em: https://repositorio.iscteiul.pt/handle/10071/1467

SOUSA, Aníbal de (1988) - «Pinhal Novo - um breve retrato», in História de Palmela ou Palmela na História. Palmela: Câmara Municipal, 1988. p. 169 - 183.

Fotografia: Bruno Damas, 2014

notícias do Museu Municipal de Palmela

nº 41 agosto 2015