Notícias do Jardim São Remo (julho/2012)

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São Remo Notícias do Jardim Junho de 2012 ANO XIX nº 4 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.eca.usp.br/njsaoremo Cultura marca presença nas ruas Comunidade Reurbanização: USP não fornece novas informações Esporte Copa Kaiser: Catumbi segue para a próxima fase nas Olimpíadas pág. 4 pág. 12 Prova do ENEM não é conhecida pelos alunos pág. 5 Sarau e Festa Junina reunem música, diversão, dança e debate ROBERTO GERBI FILIPE DELIA FILIPE DELIA São Reminho pág. 8

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Edição de julho de 2012

Transcript of Notícias do Jardim São Remo (julho/2012)

São RemoNotícias do Jardim Junho de 2012 ANO XIX nº 4

dIstrIbuIçãO grAtuItAwww.eca.usp.br/njsaoremo

Cultura marca presença nas ruas

Comunidadereurbanização: usP não fornece novas informações

Esporte

Copa Kaiser: Catumbi segue para a próxima fase nas Olimpíadas

pág. 4

pág. 12

Prova do ENEM não é conhecida pelos alunos pág. 5

sarau e Festa Junina reunem música, diversão, dança e debate

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São Remo

debate 2 Notícias do Jardim São Remo Junho de 2012

Publicação do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Reitor: João Grandino Rodas. Diretor: Mauro Wilton de Sousa. Chefe de depar-tamento: José Coelho Sobrinho. Professores responsáveis: Dennis de Oliveira e Luciano Guimarães. Edição, planejamento e diagramação: alunos do primeiro ano de jornalismo. Secretária de Redação: Gabriely Araujo. Secretária Adjunta: Mariana Fonseca. Secretárias Gráficas: Jeanine Carpani e Camila Berto. Editora de Imagens: Marina Castro. Editores: Caroline Menezes Dias, Débora Gonçalves, Felipe Higa, Hugo Araújo, Letícia Sakata, Lucas Knopf, Sophia Kraenkel. Suplemento infantil: Juliana Pinheiro Prado e Leonardo Dáglio. Repórteres: Ana Paula Lourenço, Arthur Deantoni, Beatriz Moura, Fernando Oliveira, Filipe Delia, Gustavo Sumares, Hailton Biri, Juliana Lima, Lorena Vilaça, Malú Damázio, Maria Rita Húrpia, Mariane Roccelo, Marina Davis, Odhara Caroline Rodrigues, Thuany Coelho, Victoria Amorim, Vitor Hugo Moreira e William Tamberg. Correspondência: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443-Bloco A. Cidade Universitária CEP 05508-990. Fone: 3091-1324. E-mail: [email protected] Impressão: Gráfica Atlântica. Edição Mensal: 1500 exemplares

“Tem gente que sabe usar, mas tem gente que tem a vida

arruinada pelas drogas”L.M., MORADORA DA SÃO REMO

Possível descriminalização é discutida na comunidade SR

Usar drogas sem puniçãoO p i N i à O

www.eca.usp.br/njsaoremo

Gustavo Sumares

Notícias do Jardim

A recente aprovação de uma proposta que descriminaliza o uso de drogas vem geran-do debates por toda a sociedade.

O texto foi redigido por uma comissão de juristas do Senado que estão preparando um projeto de alteração do Código Penal.

Segundo ele, não há crime quando alguém “adquire, guarda, tem depósito, transpor-ta ou traz consigo drogas para consumo pessoal”. O culti-vo de maconha para consumo próprio também não é mais crime.

Drogas em debate

Muitos morado-res afirmaram ser contrários a essa proposta. Eles te-mem que a des-criminalização faça com que o consumo de drogas cresça de forma descon-trolada, e consideram que isso seria muito perigoso. “Tem gente que sabe usar, mas tem gente que tem a vida arrui-nada pelas drogas”, afirma a moradora L.M.

Por outro lado, um morador que não quis se identificar comentou ser completamente favorável. Usuário de maconha, ele acredi-ta que “o Estado não tem direito de se me-ter na vida das pessoas”, e que, por isso, cada um deve ter o direito de escolher se quer usar drogas ou não.

Ele acredita também que a descriminali-zação das drogas ajudaria a reduzir a vio-lência dos policiais, que muitas vezes abor-dam os usuários de forma excessivamente agressiva, brutal e desumano.

Preocupação com os mais novos

A segurança das crianças é uma das maio-res preocupações apontada pelos são rema-nos. Segundo A.R.S., a descriminalização

influenciaria as crianças a usar dro-gas com mais frequência.

Outra questão apontada é o fato de que drogas como a

maconha muitas vezes abrem as portas para o uso de drogas mais

pesadas, e esse uso des-controlado atingiria mais

as crianças, que não têm um senso de jul-gamento tão apurado

quanto o dos adultos.Para C., todos têm o di-

reito de usar drogas, con-tanto que saibam fazê-lo em

locais e situações adequadas. “Tem que respeitar o ambiente”, diz ele.

Discussão positiva

A proposta de descriminalização re-flete um comportamento presente na socie-dade: mesmo antes da descriminalização, já era bastante comum ver pessoas consumindo entorpecentes. Coloca-se a ideia de que ou-tras drogas igualmente perigosas, como o ál-cool e o cigarro, não são criminalizadas. Nes-se sentido, essa proposta joga nova luz a um debate muito importante.

Saúde pública e não moral

Gabriely araujo

O debate sobre a legalização do uso de drogas está em crescimento no Brasil. A de-cisão do grupo de juristas que está anali-sando e propondo um novo Código Penal a favor de descriminalizar o uso destas subs-tâncias é animadora.

A proibição das drogas se deve muito mais a preconceitos sociais, interesses mo-rais, políticos e econômicos do que aos mo-tivos da saúde pública, uma das bandeiras levantadas aos que a condenam.

Um exemplo é o histórico que levou os EUA a proibirem as drogas, principalmente a maconha. Dentre outros fatores, lendas preconceituosas diziam que os mexicanos ficavam mais fortes ao consumir a droga.

A preocupação com as consequências do uso de drogas deve estar, portanto, liga-da aos cuidados médicos. Ela não deve ser de nenhuma forma policial, a exemplo das medidas tomadas na região da Cracolân-dia, em São Paulo, onde muitos usuários de drogas, principalmente do crack, ficavam.

Além disso, há a contradição de o cigar-ro e as bebidas alcoólicas serem legaliza-dos, apesar de serem prejudiciais à saúde e também já terem destruído diversas famí-lias. Mas não há interesse governamental em mexer com tais indústrias.

Com essa edição, a turma do 1° semes-tre de 2012 do curso de Jornalismo da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP se despede de você, leitor. O NJSR volta-rá em setembro. Queremos agradecer aos que acompanharam o jornal, e ao aprendi-zado que tivemos com a comunidade.

Mariane Roccelo

entrevista Junho de 2012 Notícias do Jardim São Remo 3

Cenas da São Remo

Regulamentação do uso e nacionalização do mercado beneficiariam o problema das drogas

Vitor Hugo Moreira

Legalizar entorpecentes seria solução

“Para as comunidades mais pobres a legalização das drogas traria uma enorme conquista”HENRIQUE SOARES CARNEIRO, PROfESSOR dE HIStóRIA dA USP

filipe delia

filipe delia

Henrique Soares Carneiro, en-trevistado pelo NJSR, é historia-dor com título de doutor pela Universidade de São Paulo. Sua pesquisa gira em torno da histó-ria da alimentação, das drogas e das bebidas alcoólicas.

Realizou palestras na França e na Rússia. Além disso, foi profes-sor na UFOP (Universidade Fe-deral de Ouro Preto) durante cin-co anos. Atualmente, é professor na cadeira de História Moderna no Departamento de História da USP. Para completar, Henrique também é autor de seis livros.

NJSR: Qual é o histórico do uso de drogas em São Paulo?

Carneiro: É semelhante ao resto do mundo: uso de álcool, fermen-tado e destilado, tabaco, café, ma-conha, cocaína, etc. Conforme a época e a classe social, há um tipo mais característico de substância.

O café e o açúcar, desde as épo-cas da colônia e do império fo-ram os principais produtos da região. A maconha foi sempre es-

tigmatizada por seu uso por es-cravos, ex-escravos e grande par-te das pessoas de baixa renda.

Qual é o atual comportamento da sociedade brasileira em rela-ção aos entorpecentes?

A sociedade brasileira é conser-vadora, pois tem pouco nível de informação científica e repete os clichês da mídia e da polícia que demonizam o uso de certas dro-gas ilícitas sem questionar o por-quê desta ilegalidade. Ao mesmo tempo, é alta consumidora de ál-cool, tabaco, café e drogas da in-dústria farmacêutica.

O crescimento do puritanis-mo religioso também contribuiu

para uma visão que amaldiçoa toda busca do prazer, seja sexual, seja por meio de drogas, e aumen-ta a intolerância com a diversida-de que deve ser o fundamento de uma democracia cultural.

Há um projeto de lei que pre-

tende “afrouxar” a punição pelo uso pessoal de narcóticos. O que o senhor pensa disso?

Acho que deveria haver legali-zação de todas as drogas, porém com regulamentações diferencia-das para cada uma.

Também acho que o Estado de-veria nacionalizar os grandes mo-nopólios do tabaco, do álcool e da indústria farmacêutica, para for-necer esses produtos, mas ain-da assim evitar a incitação do seu uso, somado à proibição de toda forma de publicidade.

E quanto à comercialização?

Quais seriam os principais be-nefícios e prejuízos desta?

A venda de drogas deveria ser feita em estabelecimentos espe-cializados, como tabacarias ou farmácias, além de ser proibido

para menores de idade e com es-trito controle da limpeza, da pure-za e da dose, o que diminuiria os riscos à saúde dos usuários.

Em relação às comunidades mais pobres, quais seriam as consequências da efetivação da lei proposta e, talvez num futu-ro, a legalização total?

Para as comunidades mais po-bres a legalização das drogas tra-ria uma enorme conquista: o fim do principal pretexto utilizado pela polícia para as abordagens, intimidações e extorsões dos con-sumidores de drogas.

Portanto, a violência ligada a esse mercado sofreria diminui-ção. Também haveria uma redu-ção da renda dos traficantes, mas essa renda atualmente beneficia muito pouco as comunidades.

Sem políticas de investimentos sociais do Estado não haveria al-terações no entanto em relação à desigualdade social do país, mas certamente diminuiria o poder dos traficantes e da própria polí-cia em intimidar e criminalizar os pobres pelo uso de drogas.

“A violência sofreria diminuição”

acerv

o pesso

al

filipe delia

comunidadeO aluguel chega

a ocupar 50% da renda de alguns moradores

4 Notícias do Jardim São Remo Junho de 2012

Alta nos aluguéis afeta são remanosO preço da moradia, que aumenta desde o ano passado, deixa o orçamento apertado

USP nega informações sobre reurbanizaçãoMaria Rita Hurpia

Em toda a cidade de São Paulo, ocorreu um aumento nos aluguéis durante o último ano. Porém, nas comunidades, essa alta é ainda maior, afetando de maneira mais intensa as pessoas de baixa renda.

Na São Remo, essa realidade não é diferente. Os moradores sofrem com os preços que sobem cada vez mais e ocupam uma parcela mui-to grande do orçamento familiar. Este é o caso de Ludja, que veio com os pais para a São Remo. Des-de essa época, mora de aluguel e não mudou esse quadro após seu casamento. Segundo essa morado-ra, o preço dos aluguéis aumentou

muito e hoje chega a ocupar cer-ca de 50% do total da renda de seu domicílo, assemelhando-se a pre-ços de bairros residenciais, ”se eu procurar lá fora (da comunidade) encontro no mesmo preço”, asse-gura a são remana.

Victoria Amorim

O projeto de reurbanização da comunidade São Remo é como a roupa nova do rei: a reitoria diz que existe, no entanto ninguém vê. Após inúmeras indagações, a reitoria cita apenas documentos anteriores, nos quais não há nada de novo. A Secretaria Estadual da Habitação apenas encaminhou o questionamento à ouvidoria, a qual ainda não se manifestou. En-tão, sem novidades.

Bases da PM já existemO jornal online Causa Operá-

ria publicou, na semana passada, uma matéria com o título “Alck-min lança decreto que instala ba-

ses da PM na comunidade São Remo”, referindo-se aos terrenos, cujos números são 4.082 e 4.300, que se encontram na avenida Co-rifeu de Azevedo Marques. A re-portagem diz que os mesmos estão localizados na São Remo. Entre-tanto, no número 4.300 já existe o 93º distrito policial. E no 4.082 já há

um quartel da PM. O decreto cita-do anteriormente apenas regula-menta o uso que já existe por pra-zo indeterminado.

Moradores reivindicamO são remano Clemente rela-

ta que a comunidade precisa de muita coisa, por exemplo, reca-

peamento das vias, instalação de bocas em bueiros, iluminação na quadra de esportes.

L.M. conta que no tempo em que a favela não pagava energia, todo mundo deixava a luz acesa. Agora, para economizar, todo mundo dei-xas as luzes apagadas e “é uma es-curidão só, pois muitas luzes dos postes não acendem”.

Aidê Felisberto, presidente da Associação de Moradores, rela-ta que foi à CDHU e lá só há pre-visão de reurbanização para 2024. Ela diz que a comunidade precisa de CEU, posto de saúde, seguran-ça, luz na rua e lazer para as crian-ças. “Também precisam conser-tar os orelhões, pois tem gente que não tem celular”, completa.

Moradores da SR temem ser obrigados a abandonar seus lares

Tal semelhança é confirmada por um proprietário de estabele-cimento comercial que não quis se identificar. Ele ainda afirmou que, quando chegou para montar sua propriedade comercial, o pre-ço ainda era baixo. No entanto, de

uns dois anos para cá, começou a aumentar. Algumas vezes, chega a acontecer de maneira semestral.

Essa alta no valor dos aluguéis se deve a fatores como proximida-de a postos de saúde (ou presença deles na comunidade) e, até mes-mo, a uma possível reurbanização.

A falta de informação é grande entre os são remanos porque, mui-tas vezes, como não se tem uma base para comparação, a pessoa paga o valor estipulado e não per-cebe que este está muito acima do que já foi e também do que deve-ria ser. Este é o caso de Iracema Pe-reira, que chegou há dois meses da Bahia e não sabe se o aluguel que paga é abusivo.

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comunidade

Apesar de ser a principal porta de entrada para as universidades, exame é pouco popular na SR

Informação sobre o ENEM ainda é restrita

Lorena VillaçaThuany Coelho

“É importante que a comunidade fique atentae aproveite as oportunidades”IONE AZEVEDO, VICE-DIRETORA DA ESCOLA DANIEL PAULO VERANO PONTES

Junho de 2012 Notícias do Jardim São Remo 5

Oportunidade de acesso à universidadeO ISMART oferece bolsas em colégios pagos de São Paulo e

está com inscrições abertas até 6/8 no site www.ismart.org.brPara concorrer é preciso ser aluno de escola pública, matricula-

do no 7º ou 9º ano do ensino fundamental, e ter boas notas. Exis-tem dois projetos: um que prepara alunos do 7º ano para conse-guir vagas no ensino médio em colégios privados e outro, que dá para os alunos do 9º ano, bolsa em escolas particulares.

Em ambos, o ISMART fornece uniforme, material escolar, ali-mentação e transporte, além do pagamento da mensalidade. Ao final do ensino médio, os bolsistas, se aprovados nas melhores universidades, podem ganhar ajuda de um salário mínimo.

O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar a educa-ção no Brasil. Hoje, ele tem uma im-portância muito maior. Após mu-danças feitas em 2009, passou a ser usado como requisito para univer-sidades federais e algumas estadu-ais, através do SISU, e particulares, por meio do ProUni.

Por isso, o exame se tornou es-sencial na vida dos que desejam cursar uma faculdade. Neste ano, mais de 39 federais o utilizarão como vestibular, além de diversas particulares como a Pontifícia Uni-versidade Católica (PUC), o Centro Universitário Belas Artes, a Univer-sidade São Judas e a Anhembi Mo-rumbi. No ProUni, as bolsas va-riam de acordo com a renda e o desempenho do aluno no ENEM.

Para maiores de 18 anos, o ENEM pode servir também para a certifica-ção de conclusão do ensino médio.

Contrastes entre estudantesNa São Remo, há divergências

em relação ao ENEM. Vitória tem

14 anos e já pensa em realizar a prova no futuro. Além disso, afir-ma que os alunos de sua escola, em grande parte, fazem-no.

Elaine, de 15 anos, quer fazer o ENEM nos próximos anos para conquistar uma vaga em um cur-so de arquitetura. A estudante diz que os alunos de seu colégio não costumam se inscrever para a pro-va e, por causa disso, os profes-

sores começaram a incentivar: “agora, nós fazemos questões do ENEM durante as aulas”.

Richard está no segundo ano do ensino médio e já se prepara para realizar a prova no final deste ano. Ele, que ainda não se decidiu sobre o que cursar, quer garantir boas notas este ano. Richard conta tam-bém que o estímulo para a realiza-ção da prova veio de um profes-sor, que motiva os alunos em sala.

No entanto, nem sempre a informação e o incentivo estão presentes na vida dos jovens da

comunidade. Alessandra, que já realizou a prova no ano passado, quando se formou no ensino médio, não quer

fazer o exame mais uma vez. Um grupo de alunas da sétima

série, ao serem questionadas sobre o assunto, admitiram nunca terem ouvido falar do ENEM nas aulas. S., de 15 anos, admite que não pre-tende realizar a prova, assim como a maior parte de seus colegas. “Se [a escola] incentiva, não vejo”.

Escolas dizem estimular Filomena Aparecida Pereira, da

Escola Emygdio de Barros, diz que

o colégio apoia os alunos a realiza-rem o ENEM e que a instituição re-aliza exames preparatórios. Além disso, se preocupam em divulgar as provas e auxiliar os alunos a faze-rem as inscrições. Questionada so-bre o interesse dos estudantes, ela diz: “Sim, eles têm muito interesse”.

Ione Azevedo e Angélica Cam-pos, da Escola Daniel Paulo Vera-no Pontes, dizem que há incentivo ao ENEM. Exercícios são feitos o ano todo e a escola faz questão de ajudar com as inscrições.

Nota-se que o papel do profes-sor é importante, levando em con-ta que é ele quem reforça a im-portância do exame. No entanto, como a escola trabalha com EJA (Educação para Jovens e Adultos), percebe-se que existem dificulda-des: “Os alunos querem comple-tar o ensino médio e se inserir no mercado de trabalho. A realidade da maioria não é cursar faculda-de”. Em geral, os alunos preferem os cursos técnicos, visto que eles apresentam um retorno mais rápi-do. Entretanto, Ione e Angélica re-comendam o ENEM: “É importan-te que a comunidade fique atenta e aproveite as oportunidades”’.

comunidade O Brasil possui aproximadamente 80 milhões de internautas

Além do hospital, moradores da SR podem desfrutar de várias alternativas de lazer e cultura

A Cidade Universitária, em toda a sua extensão, oferece di-versos tipos de serviços à socie-dade, como um retorno devido ao fato de a Universidade ser inteira-mente sustentada através de im-postos pagos pelos contribuintes. Dispondo de serviços como hospi-tais e museus, a Cidade Universi-tária é quase uma cidade real, com um extenso público que vai além de seus cerca de 80 mil estudantes.

Os moradores da comunidade São Remo podem ou não estar con-templados entre aqueles com livre acesso às diversas oportunidades que a USP oferece. Como exemplo: os museus e o Hospital Universitá-rio são gratuitos e públicos, porém o Centro de Práticas Esportivas (CEPEUSP) não é aberto à popu-

HU não é o único serviço que a USP oferecelação em geral. Seus benefícios se estendem apenas a alunos, profes-sores e funcionários, abrangendo também possíveis dependentes.

Entre as crianças que são filhas de funcionários da comunidade, o CEPEUSP é uma grande fonte de diversão. Os são reminhos Vi-tor, Gabriel e Camilly declaram ser frequente o uso do CEPE como es-paço para brincadeiras, além dos diversos esportes voltados para o público infantil, como boxe educa-tivo, capoeira, ginástica olímpica e karatê. Já para todas as crianças, há também o Museu de Arqueolo-gia e Etnologia (MAE), usado no programa de oficina infantil pro-movido pela dona Eva.

Apesar de ser usado frequente-mente pelas crianças, os adultos também declaram aproveitar os museus. Os são remanos Clemen-

Ana Paula Lourenço

6 Notícias do Jardim São Remo Junho de 2012

te Aureliano, Maria do Carmo e Maria Madalena contam sua pre-ferência pelo Museu de Arte Con-temporânea (MAC). Os morado-res ainda contam sobre o circular gratuito, que é um dos serviços mais usados dentro da USP, além das agências bancárias.

O atendimento do Hospital Uni-versitário foi bastante criticado pe-los funcionários. Apesar de ser um dos serviços mais básicos, as con-dições precárias do HU impossibi-litam um uso amplo pelos morado-res. Ao invés disso, eles preferem utilizar outras unidades de saúde.

Outras opções de lazer na USPCINUSP “Paulo Emílio” – sala de cinema gratuita e aberta ao público, contendo programação extensamente variadaLocalização: Rua do Anfiteatro, 181

Museu de Anatomia Veterinária da FMVZ: exposições de anatomia gratuitas na 1ª terça feira do mêsLocalização: Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87

Museu Oceanográfico – espaço de difusão da ciência dos oceanos e pesquisas relativas Localização: Praça do Oceanográfico, 191

O Brasil é um dos países com mais internautas no mundo, quase 80 milhões de usuários. Os hábitos online variam entre eles.

Guilherme faz muito uso da in-ternet, tanto para jogos online quanto para serviços como o orkut e o facebook. Matteus admite ser um grande usuário: está online to-dos os dias e, além de sites de pes-quisa para a escola, assiste vídeos no youtube, atualiza o facebook, joga e conversa no msn.

As redes sociais e chats tam-bém fazem parte do cotidiano de Keylla, Stefane e Taliane: elas uti-

lizam o facebook, o orkut, o msn e o twitter. Eloina tem um filho de 10 anos e diz que, em sua casa, a in-ternet é utilizada frequentemente para a realização de trabalhos es-colares e para as redes sociais.

Notícias: saoremo.vai.laPesquisas: brasilescola.comJogos: rachacuca.com.brCultura: brasilcultura.com.brSaúde: saude.gov.brEducação: mec.gov.brTransporte: sptrans.com.brLivros grátis: biblio.com.br

Lorena Villaça

São remanos estão cada vez mais conectados

Sites úteis:

papo retoConciliar desenvolvimento econômico com proteção ao meio ambiente é o objetivo da Rio+20

Rio+20 traz discussão ambiental à tonaConferência pauta problemas ambientais que estão presentes no cotidiano do são remano

Fernando OliveiraGabriely Araujo

Uma pesquisa do Minis-tério do Meio Ambiente, re-alizada uma semana antes Rio+20, constatou que 78% dos brasileiros não conhe-cem a conferência.

Duas mil pessoas partici-param da enquete, chama-da “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do con-sumo sustentável?”.

Para os entrevistados, o meio ambiente aparece em sexta posição entre os pro-blemas brasileiros.

Sobre isso, Carlos Oliveira disse que o tema ambiental (ou socioambiental) ainda não está no cotidiano das pessoas por não ser consi-derado – ou compreendido – como fator gerador de di-versos problemas existentes. Não se relaciona, por exem-plo, a poluição do ar como a causa do número elevado de doenças respiratórias/cardí-acas ou de mortalidade nas grandes cidades.

Junho de 2012 Notícias do Jardim São Remo 7

Nos últimos dias, o Brasil foi pal-co da Rio+20, que é a Conferência das Nações Unidas sobre Desen-volvimento Sustentável. O evento, que aconteceu no Rio de Janeiro, reuniu líderes de governo, cien-tistas, empresários, comunidades indígenas e pessoas do mundo todo para debater tanto o presen-te quanto o futuro do nosso plane-ta. A Rio+20 marca o aniversário de 20 anos da Rio-92, uma outra reunião da Organização das Na-ções Unidas (ONU) que tentava uma conciliação entre o desenvol-vimento econômico e a proteção do meio ambiente.

A nova conferência tenta, além de analisar o que já foi feito des-de a Rio-92, buscar novas solu-ções e alternativas para os impac-tos causados pelo ser humano ao meio ambiente. As lideranças pro-curam novas soluções como a eco-nomia verde e a sustentabilidade para contornar problemas como a emissão descontrolada de gases do efeito estufa, o desmatamento e o descarte exagerado de lixo. Contu-

do, tomar essas medidas não signi-fica prejuízo para as pessoas, pelo contrário, são discutidas soluções que beneficiem a sociedade nos as-pectos ambiental e econômico.

Rio+20 e os são remanosAs decisões que foram tomadas

na Rio+20 afetarão o mundo in-teiro, incluindo a São Remo. Se o compromisso firmado entre os lí-deres for capaz de diminuir a emis-são de gases do efeito estufa e ame-nizar os impactos do aquecimento global, as enchentes que aconte-cem no Riacho Doce serão reduzi-das. Além de evitar as enchentes, a preocupação com o meio ambiente também se insere em medidas do governo para acabar com as áreas de risco do Riacho Doce.

Outro problema comum no coti-diano dos são remanos poderia ser resolvido se as decisões da Rio+20 fossem praticadas por todos: o lixo. Uma coleta seletiva de qualidade e programas eficientes de reciclagem são soluções não só para um bairro mais limpo, mas também para a ge-ração de empregos. As decisões da Conferência das Nações Unidas so-bre Desenvolvimento Sustentável

são apenas o começo de mudanças que devem ser interiorizadas por todos, para que um futuro melhor seja aos poucos construído.

Pontos negativosCarlos Henrique Oliveira, ar-

quiteto urbanista formado pela USP, esteve na Rio+20, e rela-tou os aspectos mais discutidos e que estão sendo preparados para o documento final.

Uma das propostas que estavam em debate na conferência está re-lacionada a um fundo em dinheiro que seria destinado à sustentabili-dade. Ao final das discussões, que aconteceram até a última quarta, este fundo foi suspenso.

O urbanista contou que não apro-var essa verba e outras decisões so-bre ações necessárias comprome-terá as condições de mudança das tendências de agravamento das al-terações climáticas e ambientais.

A respeito da ausência de muitos líderes mundiais no evento, como Barack Obama, presidente dos Es-tados Unidos, ele diz que isso pode dificultar o compromisso dos paí-ses em adotar as medidas discuti-das na conferência.

OS MAIORES EMISSORES DE CO2*

Brasil desconhece Rio+20

MATRIZ ENERGÉTICA NO MUNDO E NO BRASIL

são remanoSarau discutiu cultura e reurbanização

“Existem muitas pessoas capazes, trabalhadoras e

de boa índole na São Remo”JEffERSon Jf, cantoR dE Rap

notícias do Jardim São Remo Junho de 2012

Além disso, os moradores tive-ram a oficina de rádio livre pro-movida pelos alunos da USP da Rádio Várzea. Às 16 horas, os shows agitaram o sarau, que con-tou com a presença dos grupos Ideologia Fatal, Simbólicos (SR), Anarkofunk, Perifatividade, Du-corre e Mdezenove Rap. “Aqui é ‘microfone-aberto’, qualquer um pode vir e manifestar a sua arte, o seu pensamento”, disse Olívia Maciel, integrante do Rizoma.

Para os membros da Associa-ção de Moradores, o Sarau tinha o objetivo de promover o “bate-pa-po” político na comunidade, além de fazer interação entre a USP e a São Remo. Para Givanildo Oli-veira dos Santos, vice-presidente da Associação, “boa parte da co-munidade faz parte dessa univer-sidade” e o sarau aconteceu para botar isso em pauta.

Malú Damázio

Bandeirinhas coloridas, foguei-ra, quadrilha e pessoas vestidas de caipira. Jogos como pescaria, tiro ao alvo, e correio elegante. Barra-quinhas vendendo milho verde, amendoim, canjiquinha, quentão, paçoca, pé de moleque, rapadu-ra, vinho quente e canjicão: esses são elementos-chave que caracte-rizam uma das festividades mais animadas do país, a festa junina.

A comemoração é mais antiga do que parece. Vinda da tradição católica e trazida da Europa para

o Brasil no período da colonização pelos portugueses, a festa aconte-cia em homenagem ao dia de São João. Por isso, ela ainda era cha-mada de festa joanina, e posterior-mente se tornou junina por acon-tecer no mês de junho.

Mas a história de sua origem vem de tempos ainda mais remo-tos, em que se festejava a boa co-lheita e o solstício de verão – pe-ríodo em que há maior incidência de luz solar no hemisfério Nor-te, no caso da Europa – em rituais celtas praticados pelos primeiros europeus. Assim, a Igreja Católi-

cer pelas chuvas que permitem a manutenção da agricultura após um longo período de secas.

Devido aos concursos de qua-drilha que acontecem na região e aos costumes locais, como o de deixar comidas e bebidas nas por-tas e janelas de casa para os gru-pos festeiros, as festas juninas nordestinas são as mais famosas e que recebem uma grande quan-tidade de turistas. Isso movimen-ta a economia dessa parte do país que é marcada pela mistura de tradições e origens, tornando-as ainda mais bonitas e atrativas.

Iniciativa de moradores e estudantes da USP trouxe shows, oficinas e grafite para a SR

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a arte”, incentivou o “rapper”. O cantor e artista de grafite afirma que suas músicas e sua arte urba-na têm o intuito de tirar a juventu-de das ruas e mostrar à sociedade que a comunidade tem o seu es-paço. “É uma batalha para mos-trar que existe gente boa na favela também”, completou.

A Associação de Morado-res e alunos da Universidade de São Paulo (USP), a maioria des-tes pertencentes à Rádio Várzea e ao coletivo Rizoma, promove-ram o Sarau do Trator, que acon-teceu na quadra da São Remo, na rua Aquianés, no domingo dia 3 de junho durante a tarde. Com o intuito de levar cultura e levan-tar o debate da reurbanização na comunidade, o evento recebeu crianças, jovens e adultos.

Quem compareceu pôde partici-par de oficinas de grafite, de rádio e de rap, além de integrar-se nas discussões sobre a reurbanização. “Os jovens são remanos não con-seguem se integrar nem na comu-nidade, nem na USP. A motivação do sarau é melhorar isso”, disse

João Machado, estudante de His-tória. “As crianças dão uma nova cara à comunidade. É muito bom poder promover isso.”

Jefferson JF, cantor de rap da comunidade, apresentou-se e promoveu uma oficina de grafi-te para jovens e crianças. “Olha, galera, vamos estudar e apreciar

Beatriz MouraMalú Damázio

ca se apropriou desses festejos e os agregou para o cristianismo.

Cenário nacionalNo Brasil, a festa junina ganhou

força e identidade principalmen-te no nordeste. Lá, os ritmos típi-cos como forró, xote e baião, entre outros, foram incorporados a ela. O dia de São João não é o único a ser comemorado; também exis-tem os de Santo Antônio e de São Pedro. Com isso, as festas duram praticamente o mês inteiro de ju-nho. Além disso, as festas juninas também têm a função de agrade-

FILIPE DELIA

De origem antiga, festa junina mistura tradições

Ativididades de arte urbana divertiram crianças da comunidade

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são remano“Não tem um que não desça até o chão’’DJ feRNaNDo moRaeS

funk: voz de protesto ou vulgaridade?Gênero surgiu como expressão da periferia, mas os conteúdos das letras dividem opiniões

Filipe Delia

O funk é hoje uma das maiores manifestações culturais de massa do Brasil e está diretamente atre-lado à realidade da juventude nas periferias e favelas. Apesar de ser bem popular em quase todos os tipos de festa, o funk é um gênero que sofre muito preconceito.

As letras não se resumem a sexo, existem muitos funks que abordam temas de protesto e re-tratam a realidade da favela. “Só que esse tipo de funk não chega aos ouvidos do pessoal nobre, as meninas ricas acabam ouvindo só ‘putaria’ porque, no fundo, o que todo mundo quer é ouvir ‘putaria’ mesmo, mas ninguém assume”, afirma DJ Pigmeu, parte da equi-pe de shows de Mr Catra.

O funk promove algo raro atual-mente que é a aproximação entre

classes sociais diferentes. “Todo mundo reclama do cara ouvindo funk sem fone de ouvido dentro do ônibus de manhã, mas quan-do toca no final da balada não tem um que não desce até o chão. É música para dançar”, diz Fernan-do Moraes Canabarra que traba-lha como DJ em diversas casas de Campinas, “Tudo bem que mui-tas músicas possuem letras sexis-tas e depreciativas, mas isso não as diferencia muito da música Pop americana, a diferença é que o pop é em inglês, os dois estilos possuem batidas manjadas e letra que gruda”, continua Fernando após comentar que sempre deixa funk no final de sua “playlist”.

Na São RemoO baile funk da comunidade

brota quase todo sábado na Rua Cipotânea. O evento atrai muitos

moradores e visitantes, a aceita-ção da cultura funk na comunida-de se concentra no público jovem, mesmo assim muitos o criticam.

Luiza Soares, 53 anos, diz achar um absurdo os jovens gostarem desse tipo de música tão vulgar e diz que ela e suas duas filhas

não ouvem, “Esse baile é uma ba-rulheira, só isso”, diz Luiza. Ca-rol e Geisy, ambas 15 anos, ado-ram ouvir funk. “Ouço bastante, mas não vou ao baile. É muito vio-lento”, diz Carol. “É, você esbar-ra em alguém e pronto, já deu bri-ga”, completa Geisy.

Barraca da Dona Eva promoveu evento musicalBeatriz Moura

Moradores de São Remo e alu-nos da USP compareceram, no úl-timo sábado, dia 16, à festa junina da barraca da Dona Eva, próximo ao portão que dá acesso à univer-sidade. Marcado para às 15 horas, o evento ficou mais movimentado à noite, quando começou a apre-sentação de grupos musicais.

Eder Martins foi o primeiro a se apresentar, tocando grandes no-mes da música brasileira, como Adoniran Barbosa, Tom Jobim, Gilberto Gil, Chico Buarque, Jor-

ge Ben, Zé Ramalho, o que fez com que os moradores se levan-tassem para dançar, e Raul Sei-xas, além da banda inglesa Pink

Maria Caiçara fez dupla com Eder Martins e homenageou Rita Lee. Dupla Caipira de Reggea, Anarkofunk e Inquilinos do Uni-verso foram outros grupos que agitaram a festa na São Remo.

A festa pretendeu integrar uni-versidade e comunidade. A uni-versitária Micheli Palhuca que cursa Geografia conclui dizendo que o evento demonstrava como não somente a USP é um lugar cultural, mas que na São Remo é possível também se promover cultura, além de mostrar que a co-munidade é um lugar seguro.

Floyd. Parodiando “Bebete va-mos embora” de Jorge Ben, Eder Martins cantou “PM vai embora, pois já está na hora”.

agenda Cultural de férias

Festa Junina da São RemoDias 22, 23 e 24 de Junho – Rua G

SESC Pinheiros Festival Pais e Filhos

Dia 01/07 – Domingo, às 15h30Um circuito de modalidades esportivas para pais, filhos e amigos brincarem

Ginásio Topázio – 5º andar

Histórias Mágicas do Sítio do Pica-Pau AmareloDias 01/07, 08/07, 15/07, 22/07, 29/07 – Domingos, às 13h

Sala de Oficinas – 3º andar

A festividade reuniu adultos e crianças entre estudantes e moradores

DIV

ULG

AÇÃ

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mulheresEducar sem bater: ato de amor e cidadaniaMães apostam no diálogo na hora de repreender os filhos e deixam a violência no passado

“Prefiro gastar saliva. A conversa vale mais do que o tapa”

LUCILENE MARTINS, MORADORA DA SR

10 Notícias do Jardim São Remo Junho de 2012

Indisciplina, desobediência, au-sência de limites, gestos mal cria-dos, birra. Os pequenos choram e esperneiam, os adolescentes questionam a palavra de ordem e as mães muitas vezes se veem na situação de tomar as rédeas para impor sua autoridade sobre as “reinações” dos filhos. Educar não é uma ciência exata. Frequen-temente, é difícil que as mães sai-bam se estão acertando e qual é a melhor estratégia para repre-ender as crianças com firmeza, mas de forma a não deixar mar-cas muito profundas.

Superação do passado É nesse esforço de mostrar quem

dita as regras e as consequências de descumpri-las que a palmada aparece como ferramenta “educa-tiva”. Esta prática é uma tradição forte no seio familiar, basta per-guntar aos pais como eram puni-dos quando desobedeciam seus pais para constatar que o castigo corporal era praticamente regra.

Porém, nem sempre as mães criadas “no tempo da palmató-ria” querem repetir com os filhos a forma como foram criadas. “Pre-firo gastar saliva. A conversa vale mais do que o tapa, apesar de que até conversar está difícil”, afirma a mãe Lucilene Martins. Danie-la, também mãe, reforça : “não é porque eu apanhei que meus fi-lhos têm que apanhar”.

A maioria das entrevistadas dis-seram ser contrárias a bater nos filhos, mesmo que todas concor-dem que antes era diferente. “Só

de meu pai me olhar...”, diz Ma-ria dos Santos, afirmando que um olhar paterno já servia para que os filhos soubessem que estavam fa-zendo algo de errado. Hoje, o mo-delo autoritário de criação já não dá resultados: os filhos são muito mais questionadores em relação ao que podem ou não fazer, que-rem justificativas para os limites impostos. Mas as mães dizem pre-ferir dialogar ou aplicar um casti-go a apelar para a violência.

Autoridade na palavraA psicóloga Elizabete Iga afir-

ma ser fundamental impor-se em relação à criança, passar certeza e coerência na repreensão: deve fi-car claro para a criança ou adoles-cente, até pelo tom de voz usado, que a palavra dos pais daquele momento é definitiva.

É muito importante, além dis-so, haver coerência entre mãe e pai, os dois têm que estar em sin-tonia. Diz também que “a maio-ria das pessoas não sabe lidar com limite” e além disso, por meio do

tapa, pode estar descontando nos filhos uma agressividade acumu-lada por outras razões.

As consequências da palmada

Elizabete diz ainda que os pais devem se lembrar de que es-tão formando uma pessoa e suas ações na hora de educar podem repercutir muito no desenvolvi-mento dela. “Se você é agredido, a chance de agredir na idade adul-ta é bem maior”, porque por pro-cessos de que não tem consciência acaba reproduzindo o que apren-

deu. Com relação à violência psi-cológica (a prática de dizer insul-tos, desmoralizar ou chantagear na tentativa de ensinar), ela tam-bém é prejudicial pois, segundo a psicóloga, o que os pais dizem tem um peso muito importante e repercute profundamente.

Lei é insuficienteAssim como as mães são rema-

nas, que, mesmo quando contrá-rias à punição física, não se colo-caram a favor da lei que pune a violência contra a criança (a cha-mada Lei da Palmada), a psicólo-ga diz acreditar que ela “não fun-ciona porque primeiro os pais precisam entender por que não bater.” Privar a criança de algo de que ela goste é aceitável do ponto de vista da psicologia, desde que as mães saibam dosar de acordo com o que o filho fez.

Apesar de todas as orientações, não existe a maneira ideal de edu-car. Elizabete Iga admite que “não existe receita, existe a mãe com-petente” que sabe a hora de dizer não, sem que seja preciso usar a força para fazer valer a proibição.

Conselho Tutelar Criado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, não

julga nem aplica penas, porém é um órgão de assistência a crianças e adolescentes. Seus membros têm a função de

aconselhar aqueles que detêm a guarda dos menores, zelando por seus direitos. Caso tenha presenciado algum

tipo de agressão contra menores, entre em contato.

Conselho Tutelar Butantã Rua Doutor Ulpiano de Costa Manso, 201 (Morumbi)Telefones: 3397-4581 / 3397-4582 / 3397-4583

Juliana LimaArt. 5. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligên-

cia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei

qualquer atentado por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra

crianças e adolescentes serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho

Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.

Art. 18. É dever de todos zelar pela dignidade da criança e do adolescente,

pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,

vexatório ou constrangedor.

As penas podem variar de 1 ano a 30 anos, dependendo da gravidade.

Maus-tratos: Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua

autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custó-

dia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a

trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina.

Jean

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“Na comunidade, o pessoal não para pra ver as Olimpíadas”clemeNte, mOradOr da sãO remO

Junho de 2012 Notícias do Jardim são remo 11

expectativa para o Brasil em londresBrasileiros alimentam esperanças de bons resultados apesar de histórico desfavorável

Ginástica rítmica promete surpreender o brasileiro

Começarão, em Londres, no mês de julho, os Jogos Olímpicos, um dos maiores eventos do planeta. Realizada desde 1896, a competi-ção é caracterizada por uma série de curiosidades e expectativas po-sitivas e negativas, principalmente, nesse último caso, para o Brasil.

As Olimpíadas são o torneio es-portivo mais abrangente de todos, pois incluem desde o popular fute-bol até esportes pouco praticados, como a esgrima. Os 30 dias de Jogos são de paz e confraternização entre os diferentes povos, o que é repre-sentado pelo símbolo do evento: cinco círculos (um para cada conti-nente) entrelaçados entre si.

Arthur Deantoni

Marina Davis

esportes

se evento, pois não tem tradição em esportes olímpicos”. De fato: em toda a história, o Brasil ganhou 91 medalhas, enquanto os EUA têm uma média de 92 por Olimpíada.

Olimpíadas na SRO NJSR perguntou aos morado-

res de que esportes olímpicos eles mais gostam. Além do tradicional futebol, crianças entrevistadas pelo jornal disseram acompanhar nata-ção e atletismo. Já Clemente desta-cou: “Vejo muito vôlei e esgrima. Pra mim, são dois esportes interes-santes”. Ele também faz uma ressal-va importante: “Na comunidade, o pessoal não para pra ver as Olimpí-adas. Assistem quando têm oportu-nidade, em casa ou no bar”.

Brasil nas OlimpíadasA expectativa de conquistas

para o Brasil nas edições dos Jo-gos aumentou. Isso se deve ao crescimento dos investimentos e da organização, nas últimas duas décadas, nos mais diversos es-portes, como natação, judô, vô-lei, atletismo e ginástica. Além

Esporte de surgimento recente no Brasil, a ginástica rítmica vem conquistando seu espaço no panorama esportivo do país, tornando-se uma grande promessa para as Olimpíadas 2012.

Nos últimos Jogos Olímpicos, porém, o desempenho do Brasil resultou na última colocação en-tre as doze confederações partici-pantes. Apesar disso, nos últimos quatro jogos panamericanos, a equipe brasileira levou a medalha de ouro, além de também se desta-car nas disputas individuais.

Praticada em nível competitivo exclusivamente por mulheres, o esporte exige força, precisão, ener-gia, agilidade e, principalmen-te, flexibilidade, sendo executado sempre com instrumentos. As per-formances são realizadas indivi-dualmente ou em grupos de cin-co atletas, utilizando-se de um ou dois dos aparelhos: corda, arco, bola, maças e fita. Todos envolvem

alto nível de coordenação e preci-são, julgando-se também a estética e o artístico da performance.

Disputa entre as duas ginásticas No Brasil, contudo, temos uma

ginástica rítmica ofuscada pelo brilho da ginástica artística, conhe-cida também como ginástica olím-pica, com grandes nomes como Daiane dos Santos, Daniele Hypo-lito e Jade Barbosa. “Por ter chega-do primeiro ao Brasil e sido incor-porada antes aos jogos olímpicos, a visibilidade da ginástica artística é bem maior no país, além da maior divulgação de suas competições e premiações”, explica Ayesha Melo Zangaro, ex-praticante e professo-ra de ginástica rítmica.

Os desempenhos mais recen-tes da equipe feminina de ginásti-ca olímpica, porém, não têm sido favoráveis. A começar pelo Pan de Guadalajara, em 2011, em que a equipe ficou fora do pódio pela primeira vez desde o Pan de 1995, enquanto a ginástica rítmica levou o ouro para casa. “A ginástica rít-mica está ganhando espaço e tra-zendo atletas de qualidade para as competições, enquanto a equi-pe de ginástica artística está em uma fase de transição, com atle-tas experientes deixando as pro-vas competitivas e atletas novos com pouca vivência no esporte”, conta Ayesha. Tudo indica que a ginástica rítmica é uma das moda-lidades a ser observada em 2012.

Barcelona 1992 Atlanta 1996 Sydney 2000 Atenas 2004 Pequim 2008

Total de medalhas

Medalhas de ouro

Desempenho do Brasil nas últimas Olimpíadas

Font

e: C

OI

disso, a cidade do Rio de Janei-ro será sede das Olimpíadas em 2016, o que movimenta ainda mais a população brasileira em torno desse esperado evento.

Porém, nem todos acham que isso seja bom. Segundo o jornalista e co-lunista da Folha, Juca Kfouri,“Não há razão para o Brasil ser sede des-

MA

RIA

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“Se tivesse feito mais um, além da vitória, eu poderia pedir música”

CARECA, JOGADOR DO CATUMBI

12 Notícias do Jardim São Remo Junho de 2012

Catumbi conquista vaga, Vila Nova não Empates, goleadas e definições agitaram a última rodada da segunda etapa da Kaiser

O mês de junho definiu a situ-ação dos times da São Remo no campeonato: o Catumbi FC avan-çou, em primeiro lugar, para a pró-xima etapa; enquanto o Vila Nova ficou na lanterna do grupo.

Praça Pirituba FC x Catumbi FC Catumbi empatou em 2 a 2 com o Praça Futebol Clube, de Pirituba, no dia 3. Ao som de intensa bateria, mesmo saindo na frente, o time da São Remo cedeu o empate. A partida aconteceu em Pirituba, no Campo do CDM Jardim Regina.

O time são remano abriu o pla-car com o camisa 11 Careca logo no começo do jogo. Apesar da der-rota parcial, o time de Pirituba do-minou o primeiro tempo.

Nos primeiros minutos do segun-do tempo, mais um gol de Careca: um golaço de bicicleta ampliou a vantagem do time da São Remo. Porém, a euforia durou pouco. Aos quinze, o Praça já havia empatado a partida de maneira fulminante.

A partir daí, a pressão do time de Pirituba só aumentou. A bola pou-co entrou na área do time da casa. Quando chegava perto do gol ca-

tumbiense, sempre assustava, mas não passava pelo goleiro Dellei.

Unidos do Largo 13 x Vila Nova FCPela segunda etapa, o são re-

mano Vila Nova empatou em 1 a 1 com o Unidos do Largo 13, de Perus, no dia 3, no Campo da So-ciedade Jaguareense.

Aos 14 minutos do primeiro tem-po, o Unidos marcou um gol, que foi anulado. A sua torcida, com os ânimos já exaltados pelas constan-tes penalidades, tornou-se ainda mais inflamada. O resto da primei-ra metade foi travado por faltas.

Finalmente, as sucessivas tenta-tivas de ataque do Vila Nova de-ram resultado: aos 18 do segundo tempo, Kennedy, camisa 14, mar-cou para o time são remano.

Mas a vitória não estava assegu-rada. Pouco depois, o camisa 22 Vi-tinho, do Unidos, também fez o seu. O jogo seguiu agitado, com tentati-vas de ataque de ambos os times e grande movimentação da torcida. Ainda assim, o placar não se alte-rou e o jogo terminou em empate.

Catumbi FC x Unidos do Largo 13O embate que levou à classifica-

ção do Catumbi à próxima etapa da Copa Kaiser aconteceu no do-mingo dia 17 de junho.

O Unidos do Largo 13 foi der-rotado por 3 a 0 pelo Catumbi, em jogo realizado em Osasco, no Campo do Vila Izabel.

No primeiro tempo, o time vermelho mostrou sua determi-nação. Com gols dos camisas 3 Natan e 10 Markita, a primeira metade da partida terminou com a vitória parcial do Catumbi.

Mesmo com pedalada de Chi-na, camisa 15 do Catumbi, o se-gundo tempo foi bem equilibrado, com chances para ambas as equi-pes. Contudo, foi o time são rema-no que as aproveitou. Careca, nes-se jogo com a camisa 19, anotou o terceiro do Catumbi na partida.

Odhara RodriguesWilliam Tamberg

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esportes

Ao apito final, os jogadores ca-tumbienses comemoraram a dis-putada classificação. Agora é pre-parar-se para os próximos desafios.

Vila Nova FC x Praça Pirituba FCEm jogo fraco, marcado pela

eliminação do time são-remano, o placar foi de 3 a 0 para o Praça.

Logo aos cinco minutos de jogo, o time adversário criou sua pri-meira oportunidade de gol. No fim da primeira metade da par-tida, o camisa 9 Rafael, do Praça, abre o placar para o seu time.

No segundo tempo, o Vila Nova continuou jogando na retranca, tendo que se defender dos ata-ques do adversário, o que lhes rendeu dois cartões amarelos.

Catumbi adota postura ofensiva na última rodada da etapa 2

Espírito de união prevalece entre os jogadores após eliminação

Catumbi vence marcação rival

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Es Um escorregão de Xandi, golei-ro do Vila Nova, levou o Praça a um segundo gol fácil. A bola chu-tada pelo camisa 13 Maradona foi lentamente até o gol, favorecida pela inércia da zaga são remana.

No fim do segundo tempo, o Pra-ça finalizou a partida e a participa-ção do Vila Nova na Copa Kaiser com o terceiro e último gol do jogo.

parte integrante do Notícias do Jardim São Remo _ JUNHO/JULHO DE 2012

Saiba mais sobre as

Olimpíadas

E aceite esses desafios:

Tente colocar todas as palavras no quadro!

Qual imagem representa qual esporte?

Você consegue resolver o enigma?

O que vai aparecer quando você ligar os pontos?

As corridas foram

as primeiras competições

São Remaninhos:João, 10 anos, gosta de tênis.

Mateus, 9 anos, gosta de basqueteWesley, 10 anos, gosta de cama elástica

Elias, 9 anos, gosta de tênis

As olimpíadas surgiram na Grécia e as lendas

dizem que os jogos foram criados por Hércules,

que plantou uma oliveira, de onde se tiram

as folhas para a coroa dos vitoriosos

No período das olimpíadas, quando

os povos gregos estavam em guerra,

fazia-se uma pausa nas batalhas

para que os jogos acontecessem

Na Grécia, os jogadores tinham que fazer um juramento dizendo

que não iriam trapacear

A vitória, na Grécia antiga, significava grande glória para o atleta

Quando venciam, os atletas ganhavam estátuas suas

A chama olímpica é um dos símbolos das olimpíadas e tem sua origem na lenda que diz que Prometeu, defensor dos humanos, pegou o fogo de Zeus, deus da mitologia grega, para dar aos mortais

ENCAIXE AS PALAVRASAs palavras grafadas com letras mAiúsculAs podem ser colocadas nos quadrinhos somente de uma forma. Descubra-a!

REMO é não só o santo que nomeia a comunidade, mas também um esporte olímpico. No VÔLEI de quadra e de praia, o Brasil se sai muito bem. Infelizmente, não se pode dizer o mesmo no que se refere ao BASQUETE. No FUTEBOL, as conquistas são menores do que as esperadas para o país com mais vitórias nas Copas Mundiais. Nossa nação também já ganhou várias medalhas no ATLETISMO.

Ligue os pontos e descubra em qual esporte olímpico o Brasil tem o maior número de medalhas de ouro

ENIGMA

-VO -IS

+D -C -SA

NA +DÔ-NHO +E NA

-BANA -CANE +Ç -M

-VE

Resolva o enigma escrevendo o que as imagens representam e colocando ou tirando delas as letras que as sucedem.

,

,

JUNTE OS PARESUna a imagem ao esporte correspondente.

Resposta: O Brasil se destaca na vela, no judô e na natação.

1 32

A B C

ESGRIMABEISEBOLHIPISMO

Resposta: 1-C, 2-A, 3-B