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1 Notas de aulas de Pavimentação (parte 6) Hélio Marcos Fernandes Viana Tema: Agregados (1. o Parte) Conteúdo da parte 1 1 Introdução 2 Classificação dos agregados 3 Produção de agregados britados

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Notas de aulas de Pavimentação (parte 6)

Hélio Marcos Fernandes Viana

Tema:

Agregados (1.o Parte)

Conteúdo da parte 1

1 Introdução

2 Classificação dos agregados

3 Produção de agregados britados

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1 Introdução 1.1 Os agregados e as misturas asfálticas Todas as misturas asfálticas utilizadas como camada de revestimento são constituídas de um ligante asfáltico e de agregados, e eventualmente de aditivos, que também são adicionados à mistura asfáltica. A mistura asfáltica utilizada como camada de revestimento, quando executada e aplicada adequadamente deve originar uma camada asfáltica durável em sua vida de serviço. Assim sendo, para obter uma camada de revestimento (ou asfáltica) durável o engenheiro deve conhecer e selecionar as propriedades que os agregados utilizados na mistura asfáltica devem possuir. 1.2 Conceito de agregado i) De acordo com Woods (1960), agregado é uma mistura de pedregulho, areia, pedra britada, ou outros materiais minerais utilizados em combinação com um ligante para formar um concreto, uma argamassa, etc. ii) De acordo com Bauer (1992), agregado é o material particulado, incoesivo, de atividade química praticamente nula, constituído de misturas de partículas cobrindo uma extensa gama de tamanhos. OBS. Incoesivo significa sem coesão, ou sem ligação ou união entre as partículas. iii) De acordo com a norma ABNT 9935/2005, agregado é um material sem forma ou volume definido, geralmente inerte, e de dimensões e propriedades adequadas para produção de argamassa de concreto. OBS. Inerte significa sem atividade, ou que não reage quimicamente com o cimento portland, que é utilizado comumente para produzir argamassas e concretos. 1.3 Importância de estudar os agregados Os agregados vão fazer parte da camada de rolamento ou da camada asfáltica; Portanto, o agregado escolhido para compor a mistura asfáltica utilizada como camada de rolamento deve apresentar propriedades de modo que: a) O agregado suporte as tensões geradas na superfície do pavimento; e b) O agregado suporte as tensões geradas no interior da camada asfáltica. A escolha de um determinado agregado a ser utilizado em uma mistura asfáltica é feita com base em uma série de ensaios realizados em laboratório.

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É importante estudar os agregados, pois o desempenho das partículas do agregado depende: i) Do modo como as partículas do agregado são produzidas; ii) Do modo como as partículas do agregado são mantidas unidas; e iii) Das condições como as partículas do agregado vão atuar. OBS(s). a) Os agregados produzidos a partir de alto-forno de usina siderúrgica apresentam alta resistência ao atrito; b) O agregado deve apresentar uma boa adesividade ao ligante asfáltico para não se soltar na pista; e c) O agregado deve suportar as tensões oriundas do tráfego sem se romper, e facilitar o surgimento de trincas na camada de rolamento. 2 Classificação dos agregados Os agregados utilizados em pavimentação podem ser classificados em 3 (três) grandes grupos do seguinte modo: a) Classificação do agregado quanto a sua natureza; b) Classificação do agregado quanto ao seu tamanho; e c) Classificação do agregado quanto à distribuição granulométrica (ou granulometria). 2.1 Classificação dos agregados quanto à natureza (ou origem) Quanto à natureza (ou origem) os agregados são classificados em: Agregado natural; Agregado artificial; e Agregado reciclado. 2.1.1 Agregado natural Os agregados naturais são obtidos por processos de escavação, de dragagem ou de desmonte com explosivos. Os agregados naturais estão localizados em depósitos continentais, ou marinhos, ou de rios. São exemplos de agregados naturais: Os pedregulhos; As britas; Os seixos; e As areias.

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OBS(s). a) Britas são pedras com diâmetro entre 4,8 mm e 100 mm, que resultam da britagem, ou esmagamento, ou quebra dos grandes blocos de rocha; b) Seixos são pedras soltas encontradas na natureza, as quais não são resultado de britagem; e c) Dragagem é o processo de escavação realizado no fundo dos rios, lagos ou mar. Os agregados naturais podem ser empregados na pavimentação na forma ou tamanho como são encontrados na natureza, ou ainda os agregados naturais podem ser agregados oriundos de processos como de britagem. OBS. Britagem é o esmagamento, ou a quebra dos grandes blocos de rocha para produção de britas, que são pedras com diâmetro entre 4,8 mm e 100 mm. 2.1.1.1 Areias e pedregulhos Areias e pedregulhos são agregados naturais provenientes da decomposição da rocha, e muitas vezes, são transportados pela água da rocha de origem para a jazida onde são encontrados. 2.1.1.2 Rochas que dão origem aos agregados naturais Os 3 (três) principais tipos de rochas, que dão origem aos agregados naturais são: Rochas ígneas; Rochas sedimentares; e Rochas metamórficas. i) Rochas ígneas Os principais tipos de rochas ígneas são: o basalto, o riolito, o granito e o diorito. O basalto e o riolito são rochas extrusivas, ou que resultam do resfriamento da larva vulcânica na superfície da terra de forma rápida; Portanto, o basalto e o riolito são rochas que apresentam em sua composição minerais com uma granulação fina. O granito e o diorito são rochas intrusivas ou plutônicas, que resultam do resfriamento da larva vulcânica no interior da terra de forma lenta; Portanto, o granito e o diorito apresentam em sua composição minerais de granulação grossa. A Tabela 2.1 mostra a ordem de grandeza de algumas propriedades físicas do basalto e do granito, que são, respectivamente, uma rocha extrusiva e uma rocha intrusiva (ou plutônica).

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OBS. a) Sílica é a molécula dióxido de silício (SiO2), que forma minerais tais como: feldspato, mica, quartzo, serpentina, clorita e talco; e b) Densidade é relação entre o peso específico de um material e o peso específico da água a 4º C. Tabela 2.1 - Ordem de grandeza de algumas propriedades físicas do basalto e

do granito, que são, respectivamente, uma rocha extrusiva e uma rocha intrusiva (ou plutônica)

Densidade 2,7 2,9

Resitência à

compressão90 MPa 140 a 180 MPa

Resistência à

flexão30 MPa 33 a 80 MPa

Resistência à

tração10 MPa 15 MPa

Módulo de

elasticidade34000 MPa 34000 a 80000 MPa

Coeficiente de

Poisson0,28 0,28

Rocha ígnea

GRANITO (com

aproximadamente

75% de sílica)

BASALTO (com

aproximadamente

50% de sílica)

Propriedade

Física

ii) Rochas sedimentares As rochas sedimentares são formadas a partir do processo de intemperismo e erosão de rochas preexistentes. OBS(s). a) Intemperismo é o conjunto de processos atmosféricos e biológicos que geram a

desintegração mecânica da rocha e a decomposição química das rochas; e b) Erosão é o carreamento (ou transporte) de partículas de rocha ou solo pela água,

vento ou gelo. As partículas das rochas que sofrem o processo de intemperismo são transportadas pela ação da água, vento ou gelo, e formam camadas estratificadas, que em condições de pressão e temperatura específicos formam novas rochas denominadas rochas sedimentares. Como exemplo de rochas sedimentares pode-se citar: o arenito, o argilito, o calcário, etc. A Tabela 2.2 mostra a ordem de grandeza de algumas propriedades físicas do arenito e do calcário, que são rochas sedimentares.

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Tabela 2.2 - Ordem de grandeza de algumas propriedades físicas do arenito e do calcário, que são rochas sedimentares

Densidade 2,3 a 2,7 2,8

Resitência à

compressão50 a 180 MPa 160 MPa

Resistência à

flexão19 MPa 20 MPa

Módulo de

elasticidade20000 MPa 74000 MPa

Coeficiente de

Poisson0,10 0,23

Rocha sedimentar

ARENITO CALCÁRIOPropriedade

Física

iii) Rochas metamórficas As rochas metamórficas são formadas a partir de rochas ígneas ou sedimentares em condições de elevada pressão e temperatura. Como exemplo de rochas metamórficas pode-se citar: gnaisse, mármore, ardósia, quartzito, etc. 2.1.1.3 Tipos de rochas comumente usadas como fonte de agregados para pavimentação no Brasil A Tabela 2.3 mostra os tipos de rochas comumente empregadas como fonte de agregados para pavimentação no Brasil. Além disso, são apresentados algumas características das rochas. OBS. Apesar de não serem apresentadas na Tabela 2.3, também são utilizadas para pavimentação no Brasil as rochas: riolito, andesito e traquito.

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Tabela 2.3 - Tipos de rochas comumente empregadas como fonte de agregados para pavimentação no Brasil, e algumas características das rochas (Fonte: Bernucci et al. 2008; Lima et al. 1985)

Peso

específico

Absorção

de água

Resisistência à

compressão

g/cm3 % kgf/cm

2

Basalto 3,00 1,00 2000,00 boa

Calcário variávelmuito

variávelvariável boa

Diorito 2,80 0,50 1500,00 regular

Gabro 2,90 0,50 1800,00 regular

Gnaisse 2,65 variável 1200,00 boa

Granito 2,66 0,50 1500,00 boa

Quartzito 2,50 1,00 2000,00 ótima

Sienito 2,80 0,50 1500,00 boa

Características

ROCHASResisistência ao

intemperismo

2.1.1.4 Classificação das rochas quanto ao teor de sílica As rochas podem ser classificadas quanto ao teor ou porcentagem de sílica ou dióxido de silício (SiO2) presente nas mesmas. O termo ácido para rochas indica elevada porcentagem de sílica na rocha, e a carga elétrica na superfície do agregado oriundo da rocha ácida é eletro-negativa. O termo básico para rochas indica baixa porcentagem de sílica na rocha, e a carga elétrica na superfície do agregado oriundo da rocha básica é eletro-positiva. Agregados oriundos de rochas classificadas como ácidas costumam apresentar problemas com a adesividade do ligante asfáltico; Enquanto, os agregados oriundos de rochas básicas costumam apresentar melhor adesividade ao ligante asfáltico. A Tabela 2.4 ilustra a classificação de algumas rochas quanto ao teor ou porcentagem de sílica (SiO2) presente na rocha.

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Tabela 2.4 - Classificação de algumas rochas quanto ao teor ou porcentagem de sílica (SiO2) presente na rocha

Classificação da

rocha% de sílica Mineral quartzo Exemplo de rocha

Ácida > 65% PresenteGranito, riolito e

quartzito

Neutra de 52% a 65%Pouco ou

inexistenteSienito e diorito

Básica de 45% a 52% Raríssimo Basalto e gabro

Ultrabásica < 45%

Inexistente, e

mineral feldspato

é escasso

Piroxenito

2.1.1.5 Utilização de laterita como agregado em misturas asfálticas Laterita é um solo concrecionado enriquecido com óxidos hidratados de ferro e alumínio, e tendo a caolinita como argilo-mineral predominante. OBS(s). a) Concrecionado significa formado por ajuntamento de partículas sólidas, que estão ligadas entre si; e b) Segundo Schellmann (1981), a laterita é o produto do intenso intemperismo das rochas e, consiste principalmente de ajuntamentos dos minerais: goetita, hematita, hidróxidos de alumínio, minerais da caolinita e quartzo; As lateritas, geralmente, apresentam coloração vermelha, amarela, marrom ou alaranjada. Nas misturas asfálticas empregam-se, preferencialmente, as lateritas lavadas e peneiradas previamente. As lateritas são utilizadas em misturas asfálticas em regiões do Brasil onde há falta de material rochoso. 2.1.2 Agregado artificial Agregados artificiais são resíduos de processos industriais, ou são agregados especialmente fabricados com o objetivo de obter alto desempenho. Como exemplo de agregados artificiais, que são resíduos industriais, tem-se a escória de alto forno de siderurgia. Como exemplo de agregado artificial especialmente fabricado para obter alto desempenho tem-se: a argila calcinada e a argila expandida.

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2.1.3 Agregado reciclado Os agregados reciclados são agregados provenientes de revestimentos asfálticos com vida de serviço esgotada, ou também são agregados provenientes da construção civil ou de demolições. Em alguns países, o agregado reciclado já é a principal fonte de agregados para a pavimentação. A utilização de agregado reciclado vem crescendo por causa de 2 (dois) motivos, os quais são: a) Por causa das restrições ambientais impostas à exploração de agregado natural; e b) Por causa do desenvolvimento de novas técnicas de reciclagem, que possibilitam a produção de materiais reciclados de boa qualidade. 2.2 Classificação dos agregados quanto ao tamanho De acordo com a norma DNIT 031/2004-ES, os agregados são classificados quanto ao tamanho, para uso em misturas asfálticas, em: - Agregado graúdo, - Agregado miúdo, e - Material de enchimento ou fíler. i) Agregado graúdo Agregado graúdo é o material com dimensões maiores que 2 mm, ou seja o material retido na peneira número 10. São exemplo de agregado graúdo: britas, cascalhos, seixos, etc. OBS(s). a) Brita é o material resultante da britagem (ou esmagamento) da rocha; b) Cascalho é um material de granulometria grossa, ou com grande porcentagem de pedregulho, o cascalho é resultante da desintegração natural da rocha, e seus grãos oscilam entre 2 mm e 76,2 mm; e c) Seixo é o fragmento natural da rocha, ou pedra solta. ii) Agregado miúdo Agregado miúdo é o material com dimensões maiores que 0,075 mm e dimensões menores que 2 mm, ou seja, o material que passa na peneira número 10 e é retido na peneira número 200. São exemplo de agregado miúdo: as areias, o pó de pedra, etc.

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ii) Material de enchimento ou fíler Material de enchimento ou fíler é o material onde de 65% a 100% das partículas, em peso, é menor que 0,075 mm, ou seja, é o material onde de 65% a 100%, em peso, passam pela peneira número 200. São exemplo de material de enchimento ou fíler: cimento portland, cal hidratada, etc. 2.2.1 Influência do tamanho do agregado na mistura asfáltica O tamanho máximo do agregado em misturas asfálticas utilizados para camada de revestimento pode afetar as misturas asfálticas de várias formas, por exemplo: a) A utilização de agregados excessivamente pequenos na mistura asfáltica pode tornar a mistura instável, ou seja, uma mistura com baixos valores de estabilidade Marshall, o que é prejudicial para aplicação da mistura asfáltica; e b) A utilização de agregados excessivamente grandes na mistura asfáltica pode causar a segregação (ou separação) dos materiais utilizados na mistura asfáltica, ou seja, o ligante asfáltico pode se concentrar na parte de cima da mistura e os agregados no fundo da mistura, o que é prejudicial. 2.2.2 Tamanho nominal máximo do agregado De acordo com a ASTM C125, o tamanho nominal máximo do agregado é a maior abertura de malha de peneira, a qual retém no máximo até 10%, em peso, das partículas do agregado. 2.3 Classificação dos agregados quanto a distribuição granulométrica (ou granulometria) 2.3.1 Introdução

A distribuição granulométrica do agregado é uma das características do agregado que mais influencia na mistura asfáltica, que será utilizada como camada de rolamento em rodovias. Em misturas asfálticas, a distribuição granulométrica do agregado influencia em quase todas as propriedades da mistura asfáltica, tais como:

a) Rigidez; e) Trabalhabilidade; b) Estabilidade Marshall; f) Resistência à fadiga; c) Durabilidade; g) Resistência à deformação permanente; e d) Permeabilidade; e) Etc.

A distribuição granulométrica do agregado é uma das mais importantes características físicas do agregado.

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2.3.2 Determinação da distribuição granulométrica do agregado A distribuição granulométrica, ou granulometria do agregado, é determinada por meio de uma análise por peneiramento. Na análise por peneiramento, uma amostra seca do agregado é passada por uma bateria de peneiras; Então, determina-se a porcentagem, em peso, de agregado retida em cada peneira da bateria de peneiras, e é traçada a curva de distribuição granulométrica do agregado. A bateria de peneiras utilizadas na análise granulométrica dos agregados possuem abertura de malhas progressivamente menores até um fundo, que recolhe o material que passa pela última peneira da bateria de peneiras (ou peneira número 200). A Tabela 2.5 mostra o número das peneiras utilizadas no ensaio de análise granulométrica, e também indica a abertura da malha de cada peneira utilizada no ensaio. OBS. Destaca-se que, embora a norma DNER - ME 035/95 não cite a peneira de malha 12,5 mm, tem-se que esta peneira é uma peneira muito utilizada nos projetos de misturas asfálticas. Tabela 2.5 - Número das peneiras utilizadas no ensaio de análise

granulométrica, e também indica a abertura da malha de cada peneira utilizada no ensaio

Abertura ou malha da peneira

(mm)

3 in 75,0

2 in 50,0

1 e 1/2 in 37,5

1 in 25,0

3/4 in 19,0

3/8 in 9,5

4 4,75

8 2,36

10 2,00

16 1,18

30 0,600

40 0,425

50 0,300

100 0,150

200 0,075

in = polegada = 25,4 mm

Número da

peneira

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2.3.3 Tipos de graduações da curva de distribuição granulométrica do agregado A curva de distribuição granulométrica de um agregado pode apresentar 4 (quatro) aspectos ou graduações distintas, as quais são: i) Curva granulométrica densa ou bem-graduada; ii) Curva granulométrica de graduação aberta; iii) Curva granulométrica de graduação uniforme; e iv) Curva granulométrica de graduação com degrau, ou curva granulométrica

descontinua. i) Curva granulométrica densa ou bem-graduada A curva granulométrica de um agregado é de graduação densa ou bem-graduada, quando apresenta: a) Uma distribuição granulométrica continua ou sem patamar; e b) Apresenta uma curva de distribuição granulométrica próxima à curva de máximo peso específico. Ainda, uma curva granulométrica é dita bem-graduada ou densa, quando há quantidade suficiente de finos para preencher os espaços deixados pelas partículas maiores. Uma mistura asfáltica é dita densa, quando o agregado utilizado para produzir a mistura asfáltica apresentar uma curva granulométrica densa ou bem-graduada. A curva granulométrica C da Figura 2.1, a seguir, é exemplo de uma curva granulométrica de graduação densa ou bem-graduada obtida de um agregado. Pode-se observar que esta curva se aproxima da curva de máximo peso específico (ou curva E) OBS. Finos são partículas com diâmetro menor que 0,075 mm.

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Figura 2.1 - Exemplo de curvas granulométricas dos diversos tipos de

agregados ii) Curva granulométrica de graduação aberta Uma curva granulométrica de um agregado é de graduação aberta, quando apresenta: a) Uma distribuição granulométrica continua ou sem patamar; b) Uma insuficiência de material fino (ou com diâmetro menor que 0,075 mm) para preencher os vazios entre as partículas maiores do agregado; e c) Uma curva granulométrica do agregado com porcentagem igual ou próxima a zero (0) para partículas com diâmetro igual a 0,075 mm. OBS(s). a) Agregados de graduação aberta são considerados mal-graduados; e b) Destaca-se que os agregados de graduação aberta apresentam maior volume de vazios. Uma mistura asfáltica é dita aberta, quando o agregado utilizado para produzir a mistura asfáltica apresentar uma curva granulométrica de graduação aberta. A curva granulométrica B da Figura 2.1, anterior, é exemplo de uma curva granulométrica de graduação aberta obtida de um agregado.

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Pode-se observar na Figura 2.1, anterior, que a curva granulométrica de graduação aberta (curva B) tende a se distanciar da curva granulométrica de máximo peso específico (ou curva E). iii) Curva granulométrica de graduação uniforme Uma curva granulométrica de um agregado é de graduação uniforme, quando: a) O agregado apresentar a maioria de suas partículas em uma faixa granulométrica muito estreita ou pequena; e b) O agregado apresentar partículas com aproximadamente o mesmo diâmetro. Uma mistura asfáltica é dita uniforme, quando o agregado utilizado para produzir a mistura asfáltica apresentar uma curva granulométrica de graduação uniforme. A curva granulométrica A da Figura 2.1, anterior, é exemplo de uma curva granulométrica de graduação uniforme obtida de um agregado. Pode-se observar, na Figura 2.1, que a curva granulométrica de graduação uniforme (curva A) se distancia bastante da curva de máximo peso específico (curva E). iv) Curva granulométrica de graduação com degrau, ou curva granulométrica descontinua Uma curva granulométrica é de graduação com degrau, ou é uma curva granulométrica descontinua, quando: a) A curva granulométrica do agregado apresenta um nítido degrau, ou patamar, ou descontinuidade; e b) A curva granulométrica do agregado apresenta pequena, ou nenhuma, porcentagens de partículas correspondente a diâmetros intermediários, ou para peneiras intermediárias, da curva de distribuição granulométrica. Uma mistura asfáltica é dita descontinua, quando o agregado utilizado para produzir a mistura asfáltica apresentar uma curva granulométrica de graduação descontinua ou com patamar. OBS. Os agregados de graduação em degrau, quando em misturas asfáltica são muito sensíveis à ocorrência de segregação, ou separação; A segregação gera um massa asfáltica com regiões com muito ligante e pouco agregado, causando assim uma desuniformidade na massa asfáltica o que é prejudicial para o pavimento. A curva D da Figura 2.1, anterior, é exemplo de uma curva granulométrica de graduação descontinua, ou com degrau, obtida de um agregado.

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3 Produção de agregados britados 3.1 Conceitos Para compreender a produção de agregados britados são importantes os seguintes conceitos: a) Camada estéril é a camada de solo ou rocha alterada que deve ser removida sobre a rocha sã (ou não alterada), que é útil para operação de britagem. b) Brita é o produto da rocha britada, ou esmagada pelo britador, geralmente, as britas são pedras com diâmetro máximo variando entre 4,8 mm e 100 mm. c) Britador é uma máquina utilizada nas pedreiras para esmagar a rocha e produzir brita. 3.2 Operação de britagem O objetivo básico da operação de britagem é o desmonte da rocha sã (ou não alterada), e a redução da rocha sã em agregados menores, que possam ser utilizados na construção de pavimentos. Na operação de britagem são utilizados os seguintes equipamentos: a) Perfuratrizes para abertura dos furos, onde são colocados os explosivos de desmonte da rocha; b) Trator com pá-carregadeira; c) Caminhão caçamba; d) Britadores; e) Peneiras; e f) Esteiras transportadoras. OBS. Além dos equipamentos citados anteriormente, na operação de britagem são necessários explosivos e as espoletas de detonação, que explodem a rocha sã nos buracos feitos pela perfuratriz. 3.3 Fluxograma da operação de britagem A operação de britagem apresenta a seguinte sequência: 1.o (primeiro) passo: Na pedreira, o trator pá-carregadeira carrega o caminhão caçamba com os blocos de rocha, que são oriundos do maciço de rocha explodido na pedreira. 2.o (segundo) passo: Na central de britagem, o caminhão caçamba descarrega os blocos de rocha no canal alimentador do britador primário (ou britador de mandíbula).

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3.o (terceiro) passo: Antes dos blocos de rocha passarem pelo britador primário (ou britador de mandíbula), os blocos de rocha passam por uma peneira, onde os fragmentos de rocha menores que 1 in (uma polegada) são recolhidos e descartados. OBS. O material descartado, que é menor que 1 in (uma polegada) é denominado de material fraco. 4.o (quarto) passo: Após os blocos de rocha passarem pelo britador primário; então, o material sofre a primeira peneiração, sendo que: a) Se o material possuir diâmetro menor que 1 in (uma polegada) e diâmetro maior

que 3/4 in (três quartos de polegada) (3/4 in < < 1 in); então, o material será estocado. b) Se o material possuir diâmetro maior que 1 in (uma polegada); então, o material será transportado para o britador de cone (ou britador secundário). c) Se o material possuir diâmetro menor que 3/4 in (três quartos de polegada); então, o material será transportado para a segunda peneiração. 5.o (quinto) passo: O material que foi britado no britador primário, e possui diâmetro maior que 1 in (uma polegada), será agora britado no britador secundário (ou britador de cone); Na sequência, o material britado no britador secundário vai para a segunda peneiração. 6.o (sexto) passo: Para o material britado que sofre a segunda peneiração, tem-se que: a) Se o material possuir diâmetro maior que 1/8 in (um oitavo de polegada) e

diâmetro menor que 3/4 in (três quartos de polegada) (1/8 in < < 3/4 in); então, o material será estocado. b) Se o material possuir diâmetro maior que 4,76 mm e diâmetro menor que 9,5 mm

(4,76 mm < < 9,5 mm); então, o material será estocado. c) Se o material possuir diâmetro menor que 4,76 mm será estocado.

d) Se o material possuir diâmetro maior que 3/4 in (três quartos de polegada) ( > 3/4 in); então, o material volta para o britador secundário (ou britador de cone), e depois sofre novamente a segunda peneiração. Finalmente, o 6.o (sexto) passo é repetido até o desligamento da central de britagem. A Figura 3.1 mostra o fluxograma de uma operação de britagem. A Figura 3.2 ilustra um trator pá-carregadeira carregando um caminhão caçamba com blocos de rocha em uma pedreira. Figura 3.3 mostra uma vista superior do canal alimentador e do britador primário, que constituem o início de uma instalação de britagem. Percebe-se, na Figura 3.3, que os blocos de rocha passam pelo primeiro britador (ou britador primário) e alimentam a esteira da instalação de britagem. Figura 3.4 ilustra uma instalação de britagem. Percebe-se, na Figura 3.4, os montes de britas de diâmetros diferentes.

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Figura 3.1 - Fluxograma de uma operação de britagem

Figura 3.2 - Trator pá-carregadeira carregando um caminhão caçamba com

blocos de rocha em uma pedreira

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Figura 3.3 - Vista superior do canal alimentador e do britador primário, que

constituem o início de uma instalação de britagem (Fonte: Viana, 2000)

Figura 3.4 - Uma instalação de britagem

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Fnalmente, a Figura 3.5 ilustra o painel de controle da instalação de britagem Bandeirantes em São Carlos - SP. Percebe-se, na Figura 3.4, os botões que ligam e desligam os equipamentos da instalação de britagem.

Figura 3.5 - Painel de controle da instalação de britagem Bandeirantes em São

Carlos - SP (Fonte: Viana, 2000) Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9935. Agregados:

terminologia. Rio de Janeiro, 2005. BAUER, L. A. Materiais de construção civil. 4. ed., Vol. 1. São Paulo - SP: Livros

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Pavimentação asfáltica - Formação básica para engenheiros. Rio de Janeiro - RJ: Petrobrás, ou ABEDA (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos, 2008. 501p. (Bibliografia principal)

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SP. São Carlos - SP. Local: Pedreira Bandeirantes, 2000. WOODS, K. B. Highway engineerig handbook. New York: Mcgraw Hill, 1960.