Notação Musical

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História da notação musical

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  • A msica, durante muitos sculos, foi transmitida

    oralmente. As pessoas a cantavam ou tocavam e,

    dessa maneira, ela ia sendo passada de gerao em gerao. Hoje, canes folclricas -- como as de

    nossos ndios e as de grupos africanos -- ainda so,

    em geral, difundidas dessa forma: com a msica sendo registrada apenas na memria.

    Por volta do sculo 9, porm, esse jeito de levar a msica s pessoas comeou a mudar. Nessa poca, a

    msica costumava ser cantada e usada em cultos

    religiosos. Ento, para ajudar os que cantavam a se lembrar dela, foram criados smbolos -- pontos,

    traos e linhas sinuosas --, que acompanhavam os

    textos apresentados nas cerimnias. Era preciso escrever as msicas para que no fossem esquecidas.

    Veja os smbolos que representavam o canto

    gregoriano no sc.9.

    Era o incio da notao musical. Ferramenta

    indispensvel para ler e escrever msica, ela nada

  • mais, nada menos do que a representao grfica dos

    sons e das instrues para toc-los feita sobre o

    papel -- a partitura. Esses sons so imaginados e ouvidos mentalmente pelo compositor e vo parar no

    papel para que a msica no seja esquecida e, assim,

    possa ser tocada novamente.

    Ao olhar uma partitura com ateno, msicos

    treinados e experientes so capazes de ler a msica impressa no papel e ouvi-la mentalmente. Nesse

    primeiro contato, eles comeam a pensar como

    gostariam de execut-la. Os regentes de orquestra, contudo, tm um trabalho mais complexo: ao olhar

    uma partitura, eles no imaginam apenas a parte que

    cabe a cada instrumento. Eles ouvem, na sua mente, toda as partes, de todos os instrumentos, somadas.

    Os sons que podem ser lidos ou ouvidos tm, basicamente, quatro qualidades: altura, durao,

    intensidade e timbre. A altura a capacidade que o

    som tem de ser mais grave ou agudo; o movimento de subida e descida dos sons que cria a melodia da

    msica. A durao a capacidade que o som tem de

    ser mais longo ou curto; a seqncia de sons com duraes diferentes que cria o ritmo da msica. A

    intensidade a capacidade que o som tem de ser

    mais forte ou fraco. Por fim, o timbre a qualidade de diferenciar instrumentos e vozes uns dos outros.

    Combinando de diferentes formas a altura, a durao, a intensidade e o timbre dos sons, o ser

  • humano criou as msicas, em diferentes formas e

    com diversos propsitos. Para no esquec-las e,

    assim, fazer com que elas pudessem ser tocadas de novo, ele inventou maneiras de registr-las no papel

    -- as partituras. No entanto, o mais interessante

    que, ao fazer isso, permitiu um enorme desenvolvimento artstico!

    Os compositores, ao transmitirem para o papel as idias musicais que tinham, foram, aos poucos,

    tornando as composies mais longas e complexas.

    Houve um estmulo para a criao de novos instrumentos, o uso deles em grande nmero e ao

    mesmo tempo e a construo de salas de concerto

    maiores. A prpria notao musical -- a representao grfica dos sons e das instrues de

    como toc-los, lembra? -- tambm foi se tornando

    mais precisa e complexa. Ela retratou, ao longo da histria, as transformaes que a msica passou e as

    mudanas que ela ainda sofre.

    Na pauta musical, as claves (que podem ser de sol,

    f ou outras notas) indicam a regio em que a

    msica ser executada.

  • No sculo 11, por exemplo, os sons passaram a ser

    chamados de ut (que depois virou d), r, mi, f, sol,

    l, si. Nessa poca, as seqncias de sons tambm

    comearam a ser registradas com maior preciso em linhas e espaos -- a pauta. Ela era acompanhada

    pelas claves, sinais que indicam em que regio -- se

    na mais grave ou mais aguda -- os sons sero ouvidos ou executados.

    At o sculo 13, a msica instrumental era pouco comum. A msica era cantada. Ento, existia uma

    forte relao entre ela e a palavra. O ritmo musical

    era dado pelo ritmo da palavra e resultava da sucesso de slabas curtas e longas, acentos fracos e

    fortes. A durao de cada som, no entanto, no era

    precisa, pois ela ainda no havia sido medida e nem existia uma preocupao em fazer isso. Sabia-se

  • apenas que o som era longo ou breve e era essa

    informao que ia para o papel.

    A idia de medir a durao dos sons s chegou

    msica com a criao do primeiro relgio na cidade

    de Londres, na Inglaterra, no sculo 13. Nessa poca, surge a preocupao em medir o tempo, o que

    teve influncia na msica. A durao do som passa a

    ser medida e representada na partitura. Tambm so estabelecidas propores entre as duraes. Ou seja,

    definido se a durao de um som o dobro ou o

    triplo, por exemplo, de outra durao, que serve como referncia.

    No final do sculo 18, os avanos na construo de instrumentos musicais permitem que os msicos

    comecem a se expressar de novas maneiras. Eles

    passam, ento, a fazer mudanas gradativas na intensidade dos sons durante a execuo da msica.

    Por conta disso, surgem sinais para indicar, no papel,

    essas mudanas gradativas, que vo do pianssimo -- ou pp, que significa muito suave -- ao fortssimo --

    ou ff. Modificaes sutis e gradativas na velocidade

    em que a msica deve ser tocada tambm comeam a ser assinaladas. Elas so indicadas com termos

    como accelerando -- que quer dizer

    progressivamente mais rpido -- e rallentando -- gradualmente mais lento.

    Como a notao musical sempre procurou acompanhar as mudanas que ocorreram no

  • processo de criao musical e isso continua a

    acontecer, no sculo 20, foram criadas

    representaes grficas dos sons diferentes das que existiam at ento. Isso ocorreu por conta dos novos

    efeitos sonoros e das novas formas de explorar os

    instrumentos musicais que surgiram na poca. De um modo geral, as representaes grficas

    inventadas no sculo passado costumam dar maior

    liberdade ao intrprete da msica e o convidam a improvisar.

    Na primeira pauta, as alturas e duraes dos

    sons de uma melodia foram escritas da forma tradicional; na segunda, de

    uma forma diferente, criada pelo compositor.

    Sute mirim para piano, de Ernst Widmer (1927-1990).

    Antes de encerrarmos esse papo sobre notao musical, h duas coisas que voc precisa saber. A

  • primeira que, apesar de representar graficamente

    os sons e as instrues para toc-los, a notao

    musical, sob certos aspectos, bastante imprecisa. Por conta disso, ela permite que ns possamos

    pensar em interpretaes diferentes para a mesma

    msica, o que interfere no seu sentido.

    como na poesia: quando lemos um poema, temos

    de pensar onde vamos respirar, quanto ir durar nossa respirao, quando recitaremos mais baixo,

    mais piano ou mais forte, em que momento leremos

    mais lento ou rpido, em qual trecho apressaremos ou atrasaremos nossa fala e assim por diante. O

    sentido que o poema ir ganhar depender de cada

    deciso que tomamos.

    Alm de levar em considerao que a notao

    musical tem o seu lado de impreciso, voc precisa ter em mente que ler e escrever msica, como ler e

    escrever a nossa lngua, exige estudo. Naturalmente,

    podemos nos comunicar verbalmente, criar poesia e inventar histrias sem saber ler e escrever. Da

    mesma forma, tambm podemos inventar msica,

    cantar, fazer desafios e at mesmo tocar de ouvido, isto , tentar reproduzir em um instrumento alguma msica de nossa preferncia ou alguma idia

    musical que tenhamos inventado. Mas, sem dvida, ao agir dessa forma, ficamos limitados aos nossos

    sentidos e nossa memria. E, assim,

    desperdiamos a riqueza musical que foi construda por vrios artistas ao longo dos sculos.

  • Fonte :

    http://www.musicaeadoracao.com.br/tecnicos/teor

    ia_musical/historia_notacao.htm