Nota de Aula Sistemas Silviculturais

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1 Nota de Aula: Sistemas Silviculturais Professora: Teresa Aparecida Soares de Freitas Data: Segundo Semestre 2011 Disciplina: Silvicultura II 1. INTRODUÇÃO O sistema silvicultural é uma seqüência de amostragem e tratamentos silviculturais com vista a obter uma floresta com a proporção de árvores de espécies comerciais desejáveis e cada vez mais vigorosos. Scolforo et al. (1998), definem sistemas silviculturais como um conjunto de intervenções do homem na floresta, tais como, desbastes de árvores, a remoção e a substituição por novas culturas de modo a aumentar sua produtividade. Os mesmos autores falam ainda que, um sistema silviculturral é caracterizado pelo método de regeneração utilizando, e pelo arranjo no espaço da cultura em questão, de modo a facilitar sua proteção e colheita. O sistema silvicultural é dividido basicamente em dois grupos principais: sistemas monocíclicos e os policíclicos, e a escolha do sistema a ser utilizado depende muito da composição florísticas, da estrutura e dinâmica de florestas a manejar, entre outros aspectos ecológicos das espécies escolhidas e do sítio, sendo que para responder estas questões utiliza-se o inventário florestal. No entanto o sistema a ser escolhido e utilizado deve ser ecologicamente sustentável, tecnicamente exeqüível, economicamente viável, cultural e socialmente aceitável. Através do inventário há distinção entre dois tipos de florestas: Florestas que oferecem a possibilidade de transição direta para um empreendimento florestal sustentado e adequado para produzir madeira, não sendo necessária a domesticação; e as que se mostram inadequadas para a transição direta para uma produção natural sustentada, sendo necessário antes de realizar o manejo realizar a domesticação. 2. DOMESTICAÇÃO A domesticação é uma técnica que compreende um conjunto de medidas voltadas para a elevação da produtividade econômica de um povoamento, pelo menos até se atingir um manejo sustentado que cobre os custos de investimento. Este procedimento tem por objetivo instalar povoamentos iniciais aptos à aplicação dos princípios gerais de um manejo sustentado e ordenado.

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Nota de Aula: Sistemas Silviculturais Professora: Teresa Aparecida Soares de Freitas

Data: Segundo Semestre 2011

Disciplina: Silvicultura II

1. INTRODUÇÃO

O sistema silvicultural é uma seqüência de amostragem e tratamentos silviculturais com

vista a obter uma floresta com a proporção de árvores de espécies comerciais desejáveis e cada vez

mais vigorosos.

Scolforo et al. (1998), definem sistemas silviculturais como um conjunto de intervenções do

homem na floresta, tais como, desbastes de árvores, a remoção e a substituição por novas culturas

de modo a aumentar sua produtividade. Os mesmos autores falam ainda que, um sistema

silviculturral é caracterizado pelo método de regeneração utilizando, e pelo arranjo no espaço da

cultura em questão, de modo a facilitar sua proteção e colheita.

O sistema silvicultural é dividido basicamente em dois grupos principais: sistemas

monocíclicos e os policíclicos, e a escolha do sistema a ser utilizado depende muito da composição

florísticas, da estrutura e dinâmica de florestas a manejar, entre outros aspectos ecológicos das

espécies escolhidas e do sítio, sendo que para responder estas questões utiliza-se o inventário

florestal.

No entanto o sistema a ser escolhido e utilizado deve ser ecologicamente sustentável,

tecnicamente exeqüível, economicamente viável, cultural e socialmente aceitável.

Através do inventário há distinção entre dois tipos de florestas:

Florestas que oferecem a possibilidade de transição direta para um empreendimento florestal

sustentado e adequado para produzir madeira, não sendo necessária a domesticação; e as que se

mostram inadequadas para a transição direta para uma produção natural sustentada, sendo

necessário antes de realizar o manejo realizar a domesticação.

2. DOMESTICAÇÃO

A domesticação é uma técnica que compreende um conjunto de medidas voltadas para a

elevação da produtividade econômica de um povoamento, pelo menos até se atingir um manejo

sustentado que cobre os custos de investimento. Este procedimento tem por objetivo instalar

povoamentos iniciais aptos à aplicação dos princípios gerais de um manejo sustentado e ordenado.

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2.1. Principais características de povoamentos domesticados:

- São povoamentos mais homogêneos do que os originais do ponto de vista florísticos, dimensões e

estruturas etárias;

- Produzem maiores quantidades de madeira;

- Normalmente apresenta uma elevada % de madeiras comerciais e poucas espécies de madeira sem

valor comercial. Porém não é desejável eliminar na totalidade as espécies não rentáveis, porque as

madeiras sem préstimos hoje podem ter alto valor ecológico e no futuro tornarem-se

economicamente viáveis.

- A qualidade de produção futura normalmente ultrapassa a de povoamentos não domesticados.

2.2. Formas de domesticação:

Método de Transformação ou conversão:

- Conversão gradual e lenta da floresta.

- A floresta manejada fica mais próxima à natural.

- Os objetivos devem ser alcançados sem muitas alterações no ecossistema natural (sem provocar

perdas substanciais em suas aptidões de funcionamento e em sua capacidade de auto conservação).

Vantagens:

- Custos relativamente baixos tanto na fase de domesticação como no manejo posterior, pois são

utilizadas preferencialmente as forças produtivas naturais;

- Prevenção de erros com efeitos provavelmente desastrosos na seleção das espécies arbóreas e na

mistura das espécies, assim como na constituição dos futuros povoamentos manejados;

- Elevada estabilidade das florestas manejadas, o que garante uma margem de segurança

permanente no manejo de produção;

- Reduzida perdas de bioelementos no ciclo de nutrientes, em função da reduzida biomassa.

Desvantagens:

- O êxito do trabalho é inseguro;

- Os custos são elevados em confronto com os incrementos de produção atingidos;

- Os sistemas são muito lentos;

- A relação custo/benefício é desfavorável durante anos;

- As operações que muitas vezes são descentralizadas dificultam a organização do trabalho e das

medidas de vigilância.

Método da Substituição

- Ocorre troca de florestas naturais por florestas artificiais em áreas muito vastas, em geral depois

de um corte raso;

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- As técnicas da substituição se assemelham muito ao florestamento;

- Na maioria dos casos os resultados são idênticos as monoculturas equiâneas mono-estratificadas

com espécies exóticas de crescimento rápido;

- Considerações de ordem ecológica e silvicultural, desempenham um papel secundário comparado

com as questões técnicas financeiras;

- Os objetivos e métodos de produção são similares aos das plantações madeireiras.

3. TIPOS DE SISTEMAS SILVICULTURAIS

3.1 Sistemas Monocíclicos:

- Em uma só operação é abatida todo o estoque de madeira comercial;

- Objetivo de criar florestas altas equiâneas destinadas à exploração e operações de regeneração

dentro de rotações previamente estabelecidas (rotações longas)

- Dependem da regeneração artificial e ou natural;

- O sucesso dependem: produção de sementes das espécies com regularidades e quantidade e, a

manipulação do dossel superior deve ser tal que facilite a regeneração em questão e ao mesmo

tempo evite a competição pelos recursos entre a regeneração e as espécies indesejáveis.

- Apresentam melhores resultados em florestas secundárias e dominadas por uma ou poucas

espécies de valor comercial: Composição florística mais homogêneas e, são florestas de rápido

crescimento e tem um ciclo de vida curto permitindo retorno mais rápido.

- Este sistema pode resultar em conseqüências negativas sobre a função protetora da floresta e sobre

a biodiversidade, pois sempre inclui um corte de muitas árvores sem valor comercial, isso significa

que deixa a floresta temporariamente exposta à chuva, vento e ao sol, o que pode reduzir de forma

significativa a sua capacidade produtiva.

Para florestas de baixa altitude:

A regeneração depende da rebrota das touceiras resultante de um corte raso. Produção de madeira

para lenha, carvão, postes e madeiras celulose.

Vantagens:

-Regeneração é rápida e fácil;

-Não exige muito trabalho para manter a regeneração;

- O rápido crescimento da rebrota inibe competição com espécies herbáceas;

Desvantagens:

- Em ciclos curtos, não se obtém madeira para serraria;

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- Após várias colheitas, os troncos perdem vigor (Tx de recuperação baixa = necessidade de

regeneração artificial);

- O sistema só funciona bem, com espécies com boa capacidade de rebrota.

Para florestas altas (primárias e secundárias):

Neste sistema têm-se dois grupos:

a) Sistema de regeneração natural ou artificial com dossel protetor:

- Baseia-se na remoção do dossel superior em três ocasiões;

- Parte do princípio nem sempre é seguro confiar no surgimento automático da regeneração natural.

(dois cortes: 1° abrir dossel favorecendo a regeneração da espécie valiosa e 2° o corte das árvores

de valor, 5 a 8 anos após o 1°).

b) Sistema de remoção do dossel superior de uma só vez.

- A chave deste sistema é a presença de uma regeneração suficiente de espécies comerciais antes do

aproveitamento

3.2. Sistemas Policíclicos:

- Manejam o povoamento em pé;

- Operações de abate de estoque de madeira se aplicam cada vez a apenas a uma parte das espécies;

- Com o objetivo de criar uma floresta alta multiânea manejada e composta predominantemente por

espécies comerciais;

- Cortes ocorrem tanto durante a transformação, quanto após em intervalos regulares (rotações);

- Menos riscos ecológicos e financeiros;

- Sucesso: manter em limites aceitáveis os danos sobre a vegetação, solo e água, permitindo a

recuperação do povoamento durante o período entre as rotações.

Sistemas de enriquecimento:

- É usado quando o número de indivíduos com valor comercial no povoamento é insuficiente ou

totalmente inexistentes;

Aumentar a proporção de espécies comerciais por meio de plantações no povoamento original;

Ex.: Sistema clássico de plantio em linha:

Sistema clássico de plantio em linha:

- Abertura de faixas paralelas com 5 m de largura, no sentido L-O, espaçadas entre elas 10, 15 ou

20m;

- Corte de todo material com DAP < 15 ou 18cm existentes nas faixas;

- Anelamento ou envenenamento de todas as árvores com DAP > 18cm existentes em toda a área;

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- Plantios ao longo do eixo da faixa, com espaçamento de 3m, com plântulas > 1m (espécie em

função do sítio);

- Limpeza da linha de plantio (1° ano até três intervenções).

Vantagens:

- Domesticação neste sistema é sem corte raso, preservando em parte o clima e o solo no interior da

floresta;

- Torna-se possível a introdução de espécies escíofilas;

- Conserva um povoamento auxiliar natural multiestratificado e rico em espécies em baixo do

extrato superior;

- Custo de material e transporte são baixos (pouco número de plântulas);

- Custos com cuidados culturais tb são baixos;

- A utilização de máquinas em princípio é possível.

Desvantagens:

- Custo elevado em função da abertura de faixas e de tratos culturais;

- Permanência e passagem de animais de caça nas faixas, podendo provocar grandes danos;

- Pode levar a mortalidade das Plântulas caso as condições de luminosidade nas faixas forem

insuficientes.

Sistemas de melhoramento:

- Manejam o povoamento em pé e homogeneíza a composição florística drasticamente por meio da

eliminação de espécies indesejáveis (refinamento), para melhorar a produção no futuro;

Dependem dos seguintes pressupostos:

- N° promissor de espécies comerciais (100/ha);

- Distribuição + uniforme destas árvores nas áreas;

- Capacidade de reação satisfatória e duradoura das árvores às medidas de beneficiamento

(preferência a povoamentos jovens);

Exs.: CELOS e Desbaste de beneficiamento

Desbastes de beneficiamento:

- É um dos mais antigos sistemas de melhoramento;

- Ocorre um ordenamento da floresta em subunidades ou blocos operacionais de extensão

limitadas;

- Corte de todas as lianas e eliminação de todo o material não desejado;

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- Favorecimento das espécies valiosas (Podem ser favorecidas árvores do extrato superior, assim

como árvores vigorosas e estrados intermediários com clara tendência ascendente – somente os

concorrentes mais fortes são extraídos ou anelados);

- Repeti as intervenções de acordo com as necessidades, mais tarde elas se converterão em

desbastes seletivos).

CELOS:

- É o mais estudado atualmente (base para desenvolvimento de atividades silviculturais);

- Utiliza o refinamento para eliminar todas as árvores indesejáveis com DAP a partir de 5 a 10cm e

todas as árvores de valor comercial, mas com má forma;

- Refinamento de menor intensidade para reduzir os ricos de perda da biodiversidade e perdas de

espécies que no futuro poderiam ser de valor comercial e reduzir variações bruscas dos microclimas

causado por aberturas grandes;

- Os sistemas CELOS compreende 3 tratamentos com intervenções de 7 a 8 anos e um ciclo de corte

de aproximadamente 20 – 25 anos (neste sistema o refinamento deve ser feito a indivíduos com

DAP a partir de 40cm);

- Esta medida permite manter sempre alguma cobertura de copas e assim evita o ingresso de

espécies heliófilas efémeras;

- Afeta pouco o ciclo de nutrientes e quase não acelera a erosão.

Sistemas de desbastes:

- Aumentar a proporção de espécies comerciais do povoamento sem eliminar significativamente as

espécies indesejáveis;

- Eliminam principalmente árvores que competem diretamente com árvores de futura colheita;

- Usados em países com dificuldades de financiar as atividades florestais e com altos custos de

mão-de-obra com a finalidade de obter um maior rendimento econômico e menor impacto

ambiental;

- Tem como objetivos os dados de inventários florestais como: Distribuição de área basal e o

número de árvores por classe diamétrica para estabelecer o ciclo de corte (CC), o diâmetro mínimo

de corte (DMC) e a intensidade de corte (IC) com a finalidade de calcular o volume de corte anual

permissível (VCAP).

- Atividades dos sistemas de desbastes:

- Delimitação das unidades de extração;

- Corte de lianas, seis meses antes do aproveitamento;

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- Corte e envenenamento das árvores que competem diretamente com árvores de colheita

futura (ACT);

- Marcação de árvores com DAP entre 50 – 100 cm (8/ha)

- Marcação para o aproveitamento de árvores defeituosas e aproveitadas para o aclaramento;

- Marcação de árvores não desejáveis para o corte em forma de libertação;

- Aproveitamento;

- Anelamento de todos os fustes sem valor comercial e eliminação de trepadeiras, árvores

indesejáveis e palmeiras;

- Libertação de árvores de futura colheita;

- Em áreas com regeneração escassa, efetua-se o corte das árvores prejudiciais para favorecer

a regeneração;

- Se houver regeneração efetua-se o enriquecimento;

- Continuar com eliminação de árvores indesejáveis, lianas e tratamentos de libertação

segundo as necessidades.

4. TRATAMENTOS SILVICULTURAIS

São intervenções aplicadas em floresta com vista a manter ou melhorar o valor silvicultural

da floresta

Como regra geral dois tipos de tratamentos silvicultural:

1) Aquele que procura aumentar a quantidade de luz solar que atinge o solo para estimular o

estabelecimento e crescimento, através da eliminação de árvores grandes do dossel superior

(tratamentos para madeiras leves e de rápido crescimento);

2) Os que procuram criar espaço de estabilidade e crescimento da nova regeneração de árvores

desejadas, através da eliminação de árvores do sub-bosque (tratamento para madeiras duras e de

crescimento lento).

Os tratamentos culturais são aplicados de acordo com as características do povoamento e,

para cada caso requer-se informação específicas como por exemplo: o nível de competição, as

espécies pelas quais pretende-se favorecer, a faixa etária que se pretende aplicar o tratamento, o

tratamento mais adequado e os procedimentos necessários para sua aplicação.

Os tratamentos silviculturais podem ser executados antes, durante ou depois do

aproveitamento. Mas eles devem ser aplicados de forma que não prejudiquem a estrutura e a

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competição da floresta, e nem afetem o fluxo constante de outros benefícios como produtos não

madeireiros, serviços ambientais e a diversidade biológica, o que é muito difícil de alcançar.

4.1. TIPOS DE TRATAMENTOS SILVICULTURAIS

Libertação

- Aplicado onde existem árvores de colheita futura;

- Consiste em eliminar a vegetação indesejáveis (DAP < 10cm) que competem diretamente com as

árvores de coletas futuras;

- A situação indesejável das árvores podem ser determinadas por EX.:

- Observação da copa: pode ser que esteja debaixo de outras árvores. Isso já dá uma boa indicação

da necessidade de melhorar a iluminação através da abertura do dossel. Essa medida além de

melhorar a quantidade de luz melhora de forma indireta a disponibilidade de água, nutrientes e

espaço.

- A situação indesejável das árvores podem ser determinadas por EX.:

- Determinação da competição entre árvores desejáveis e não desejáveis, que consiste em definir a

distância mínima entre elas. A distância pode ser determinada a partir de medições diretas no

terreno, e com auxílio de tabelas de distância, decide-se a indesejável permanece ou não.

Distância para libertação de árvores

(D+d) Distância mínima de separação

20 – 39 3

40 – 59 5

60 – 79 7

80 – 99 8

> 100 9

Se a árvore de futura colheita possui 48cm de DAP (D) e a árvore indesejável possui um

DAP (d) de 32cm, com estes dados obtém-se (D+d=80cm). A seguir mede-se a distância no campo,

se essa distância for > 8m deixa-se a árvore indesejável, e se a distância for < 8m a árvore

indesejável deve ser eliminada.

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Refinamento

- Aplica-se a povoamentos com poucas árvores de futura colheita, e consiste em eliminar do

povoamento todas as árvores de uma ou mais espécies indesejáveis com base em diâmetro mínimo

e máxima predeterminados;

- Apresenta efeitos negativos por não levar em consideração os efeitos positivos que as espécies

indesejáveis tem sobre o povoamento tais como: sobrevivência de outras espécies, desrama natural

e crescimento em altura das espécies desejáveis.

- Para minimizar os efeitos negativos do refinamento é necessário conhecer as condições

ecológicas do sítio e prever as possíveis mudanças do mercado, porque algumas espécies sem valor

comercial hoje, no futuro podem ter valor de mercado.

- Portanto é sempre importante e conveniente efetuar corretamente as análises ecológicas da

floresta e de mercado, de modo que a eliminação não representa uma ameaça ao equilíbrio do

ecossistema.

5. TÉCNICAS SILVICULTURAIS

São os meios pelas quais se aplicam os tratamentos silviculturais.

As técnicas podem ser aplicadas em forma parcial, o que leva a uma eliminação gradual das

árvores indesejáveis (anelamento, perfurações ou envenenamento) ou total, que resulta na

eliminação súbita das árvores indesejáveis (corte direto).

Os cortes parciais geralmente são complementares com a aplicação de compostos químicos

(arborecidas).

Anelamento:

- É a técnica mais usada na eliminação de indivíduos indesejáveis;

- Ela tem um efeito lento e gradual, geralmente é efetiva, fácil de efetuar, de baixo custo e baixo

nível de danos sobre o povoamento restante. Algumas das ferramentas usadas são de fácil acesso

(faca, machado), outras mais caras (motosserra média e pequena).

- A abertura do dossel é gradual, e quando as árvores tratadas morrem, a copa e os ramos

desintegram-se vão caindo gradualmente o que evita impactos repentinos e violentos sobre aquelas

que crescem melhor sob sombra. O anelamento consiste em bloquear o fluxo de seiva elaborada

através da retirada da casca e por vezes parte da madeira.

- A altura e a profundidade do anel deve ser suficientemente grande para causar a desvitalização da

árvore (é recomendado um anel de 30cm de altura e uma profundidade entre 2,5 e 5cm), para que

seja eliminado totalmente o câmbio (tecido meristemático responsável pela formação do floema);

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- Algumas espécies árboreas apresentam reações especiais que lhes permitem sobreviver ao

anelamento. Por exemplo, algumas restabelecem consideravelmente o tecido meristemático (fluxo

de seiva), outras são capazes de formar raízes na parte superior do anel que chegam a atingir o solo.

Nestes casos em especial, é necessário recorrer ao investimento.

Perfurações:

- Consistem em fazer furos no tronco que penetram até ao cerne. Os furos podem ser feitos

usando vários tipos de ferramentas como por ex.; motosserras (introduzindo o dispositivo de corte)

e brocas (ferramentas específicas, desenhadas para fazer furos nos troncos);

- A desvitalização das árvores indesejáveis é normalmente conseguida combinando com

arboricidas. É uma técnica muito utilizada na silvicultura por causa das vantagens com respeito à

facilidade de execução e alto rendimento.

- Entre as desvantagens desta técnica destacam-se o alto investimento para a compra das brocas,

motosserras e injetores, que por sua vez implicam investir em insumos como combustível e

sobressalentes.

- Outra desvantagem importante, é que em algumas vezes a desvitalização efetiva das árvores é

tingida através de aplicação de produtos químicos nos orifícios perfurados, que podem representar

um perigo para as outras plantas e para o ambiente em geral.

Envenenamento:

- Técnica alternativa útil para aumentar a eficiência do anelamento e a perfuração;

- São usados principalmente arborecidas sistêmicos (fitohormonios), que a princípio são

inofensivos à pessoas e animais;

- São aplicados ao redor dos troncos anelados ou nos orifícios perfurados e algumas vezes são

aplicados com pincel ou por aspersão sobre a casca;

- Não existe um período recomendado para o envenenamento das árvores;

- Para que o uso destes produtos seja efetivo sem causar efeitos negativos para o homem, animais,

outras plantas e o ambiente em geral, é necessário que se observem cuidadosamente as instruções de

manejo do produto, normas de segurança, equipamento de proteção, medidas de primeiros socorros

entre outras informações relevantes ao manejo e segurança na sua utilização.

Corte direto (abate):

- Técnica utilizada na colheita com aproveitamento total, sobretudo em tratamentos de baixo

dossel e em aclaramentos, já que se pretende eliminar árvores indesejáveis de diâmetros pequenos e

médios que ao serem retirados não causam grandes danos sobre o povoamento restante;

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- Se esta técnica for aplicada à árvores grandes, deve-se tomar em considerações as técnicas de

corte dirigido, e sobretudo quando se pretende minimizar os danos sobre a vegetação restante

desejável para futuras colheitas;

- O corte direto é uma técnica eficaz e segura. Porém, é uma técnica que provoca elevado nível de

danos ecológicos sobre a floresta e custos econômicos elevados;

- Ecológicas porque, o efeito imediato e abrupto do corte pode prejudicar as árvores do

povoamento restante ou afetar aqueles que crescem melhor debaixo da sombra. Por outro lado

requer equipamentos especiais, sobretudo quando se pretende minimizar o impacto ambiental.