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Lisboa, Portugal
O presente documento foi desenvolvido pelo grupo de parceiros no âmbito do SMILE – Network for Social and Market Inclusion through Language
Education (Rede para a Inclusão Social e Integração no Mercado de Trabalho através da Formação em Línguas).
Este relatório constitui um documento independente. O mesmo não representa um documento político a nível europeu nem a nível nacional. O SMILE é
uma rede que funciona a nível provisional, focando-se diretamente nas boas práticas que têm sido desenvolvidas no âmbito da aprendizagem de línguas,
um dos fatores decisivos no processo da inclusão social e integração no mercado de trabalho por parte dos cidadãos no contexto da União Europeia.
Publicado em 2016.
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Nota: Ao longo do documento a expressão “LWUTLs” significa em Português “ Línguas menos Utilizadas e Ensinadas”
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A rede SMILE - Network for Social and Market Inclusion through Language Education (Rede para a Inclusão Social e Integração no Mercado de Trabalho
através da Formação em Línguas), envolvendo parceiros de 15 países europeus - Bulgária, Chipre, República Checa, Finlândia, Alemanha, Grécia, Itália,
Letónia, Lituânia, Malta, Países Baixos, Portugal, Espanha, Suíça e Turquia - visa apoiar as políticas europeias e nacionais nos domínios da aprendizagem e da
promoção da diversidade linguística para o mercado de trabalho e inclusão social.
Este objetivo principal tem sido prosseguido pela rede SMILE através de um processo dinâmico baseado na pesquisa, identificação e disseminação dos
resultados bem-sucedidos de boas práticas destinadas a promover a diversidade linguística, com particular destaque para a aprendizagem de línguas menos
utilizadas e ensinadas (LWUTLs – Less Widely Used and Taught Languages). A Rede SMILE tem como propósito reunir organizações dos setores da educação,
do mercado de trabalho e de setores sociais, bem como explorar oportunidades para a acomodação de LWUTLs, ao aumentar as competências linguísticas,
a fim de impulsionar a competitividade, aumentar a empregabilidade e reforçar a inclusão social. O projeto visa promover as LWUTLs enquanto uma
vantagem competitiva no reforço do emprego e na promoção da coesão social, dada a importância destas línguas para as esferas económicas, sociais e
culturais no seio da Europa.
A fim de reforçar a competitividade e a empregabilidade e fortalecer a inclusão social de vários grupos desfavorecidos, ao explorar oportunidades de
cooperação entre os domínios do ensino de línguas, da formação e do trabalho, o projeto SMILE produziu um conjunto de três documentos principais:
Visão Global do País para cada um dos países envolvidos no projeto, com base numa seleção de boas práticas e de metodologias destinadas à
promoção da diversidade linguística e das línguas menos utlizadas e ensinadas, com enfoque na sua aplicação prática em diferentes setores;
Análise Situacional com a finalidade de providenciar informações sobre as necessidades relacionadas com as línguas menos utilizadas e ensinadas
em setores identificados a nível europeu, bem como soluções para as satisfazer, através de metodologias não-tradicionais aplicadas à aprendizagem
situacional e promoção de línguas;
Recomendações com o objetivo de identificar a procura, oportunidades e desafios à promoção da diversidade linguística e das LWUTLs a nível
europeu e de facultar recomendações conducentes à melhoria das atuais estratégias e prioridades no domínio da aprendizagem das línguas menos
utilizadas e ensinadas.
Este documento reflete as principais conclusões dos workshops temáticos organizados no âmbito deste projeto, de modo a delinear em conjunto, tanto as
potencialidades como as ameaças em quatro dimensões específicas - mercado de trabalho, grupos desfavorecidos, setores económicos específicos e setor
educacional - identificados como sendo decisivos para a promoção da diversidade linguística e das LWUTLs. Com este relatório, a rede SMILE pretende
apresentar um conjunto de recomendações para melhorar as futuras políticas europeias sobre tais temáticas, após ter reunido organizações envolvidas em
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diferentes indústrias e setores da economia, e ter explorado as oportunidades para aumentar a competitividade, melhorar a empregabilidade e reforçar a
inclusão social através de melhores competências linguísticas, com ênfase na LWUTLs.
Este documento final é, portanto, resultado de uma profunda pesquisa levada a cabo por cada parceiro da rede SMILE, principalmente focada no estado da
arte do seu país, como também de um processo de interação reflexiva entre estes parceiros e outros especialistas envolvidos nos workshops
supramencionados, a fim de melhor delinear um conjunto de recomendações válidas no que diz respeito à promoção da diversidade linguística e das
LWUTLs.
A aprendizagem e promoção de línguas são
determinantes em matéria de negócios e de
comércio, atendendo a que estes setores
requerem uma diversidade de competências
linguísticas e de comunicação intercultural para
produzir melhores e mais eficientes resultados. O
leque das línguas procuradas é extremamente
vasto, incluindo não apenas uma grande
variedade de línguas europeias (tanto línguas
mais populares como as menos utilizadas e
ensinadas), como também línguas de
importância estratégica para a área de negócios,
tais como Mandarim, Russo, Árabe, etc.
A Educação e a Formação Profissional (EFP)
Os seguintes aspetos, realidades e especificidades do
setor revelam determinadas oportunidades para a
acomodação bem-sucedida das LWUTLs e para o
fomento da sua aprendizagem:
Mais oportunidades de estabelecimento de
negócio e de comércio em novos mercados, ao
usufruir de oportunidades de negócio ou ao
cimentar relações negociais;
Integração, no mercado de trabalho e na
sociedade, de trabalhadores tanto sazonais como
transfronteiriços;
Importância da diversidade linguística enquanto
ativo para o bem-estar humano e o desenvolvimento
Seguem-se alguns desafios à promoção
das LWUTLs no contexto da UE:
Apoiar a procura de professores
de LWUTLs, surgindo, por vezes,
obstáculos a uma visibilidade
meritosa de nichos linguísticos e de
mercado;
Gerir os reduzidos recursos
financeiros para a promoção das
LWUTLs, num contexto de
dificuldades económicas e
financeiras nos países europeus;
Melhor adaptar as políticas
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constituem importantes contextos para a
acomodação de LWUTLs, dado que atendem às
necessidades do mercado de trabalho em termos
de competências linguísticas e contribuir para a
livre movimentação de trabalhadores
qualificados no seio da União Europeia (UE).
Em termos de necessidades do mercado laboral,
é um facto que os empregadores requerem e
procuram competências linguísticas, não apenas
em línguas mais ensinadas, como também em
línguas menos usuais requeridas para nichos de
mercado específicos. Relativamente às línguas de
países vizinhos, as competências linguísticas são
importantes para grupos profissionais em regiões
transfronteiriças, como por exemplo, bombeiros,
polícias e profissionais de ambulância.
económico;
Mais democracia em processos de
desenvolvimento económico.
Possibilidades de potenciação de professores e
escolas de línguas.
Sociedade inclusiva, inovadora e reflexiva, com
mais qualidade de serviço, integração social e uma
cultura mais orientada para a identificação e
delineação de soluções;
Estímulo dos trabalhadores tanto para a
mobilidade como para a frequência de cursos no
estrangeiro, por forma a facultar melhores serviços,
melhores salários, melhores oportunidades de
emprego, bem como oportunidades além-fronteiras;
Fomento da solidariedade económica, através da
aquisição de novas competências linguísticas, um
importante facilitador, quer para mitigar a
intolerância e o preconceito em comunidades locais
quer para acrescentar valor aos currículos dos
indivíduos.
nacionais, as quais, por vezes, não
conseguem ter devidamente em
conta a importância e o potencial
das LWUTLs nos seus processos de
decisão e de desenvolvimento;
Fomentar a procura por LWUTLs
no mercado laboral em alguns dos
países.
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No que se refere à aprendizagem de línguas por
parte de pessoas e grupos desfavorecidos, existe
uma clara procura por professores credenciados
para atuar em ambientes multiculturais. Em
alguns países, verifica-se também uma procura
significativa de professores especializados no
ensino de pessoas desfavorecidas, bem como por
formação adicional para o ensino de pessoas
com necessidades especiais.
Os seguintes aspetos, realidades e especificidades
setoriais revelam determinadas oportunidades para a
acomodação bem-sucedida das LWUTLs e para o
impulsionamento da sua aprendizagem e promoção:
Lidar com a mais recente crise humanitária, a
qual tem originado o aumento de fluxos de
migrantes e de refugiados por entre os países
europeus, onde a aprendizagem de línguas e a
integração cultural nos países de acolhimento são
cruciais;
Envolver migrantes integrados tanto como
mediadores como motivadores para recém-
chegados;
Aplicar metodologias apropriadas para grupos
específicos;
Utilizar e implementar boas práticas;
Criar oportunidades para professores recém-
formados poderem ingressar no mercado de
trabalho;
Incentivar membros da sociedade local a
aprender as línguas dos migrantes;
Alargar o alcance de iniciativas
nacionais especialmente destinadas
a migrantes, seniores e portadores
de deficiência, por forma a motivar
grupos mais vulneráveis para a
aprendizagem de línguas em geral e,
em particular, de LWUTLs;
Promover políticas e
instrumentos de capacitação
nacionais por entre países da UE
com pouca tradição histórica em
matéria de migração;
Melhorar o nível de detalhe
acerca de informações básicas do
país nas línguas dos migrantes;
Expandir a oferta de professores
capacitados para trabalhar com
grupos-alvo específicos;
Combater fenómenos de racismo
e de xenofobia;
Banir estereótipos em sociedades
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Utilizar LMs (Línguas Minoritárias) para melhores
oportunidades de negócio e de formação, as quais
deverão levar à criação de empregos para migrantes;
Estimular seniores reformados a ensinar outras
pessoas, a permanecer ativos e a continuar em
processo de socialização;
Envolver seniores enquanto um potencial grupo-
alvo para a aprendizagem de línguas com o
propósito de viajar e de promover estilos de vida
ativos;
Sensibilizar migrantes, portadores de deficiência
e outros grupos vulneráveis enquanto um potenciais
grupos-alvo a quem direcionar a aprendizagem de
línguas com vista à entrada no mercado laboral;
Promover o intercâmbio de experiências entre
países com largos historiais em matéria de migração
e países com pouca experiência histórica neste
domínio.
locais;
Encorajar abordagens, recursos e
ofertas de aprendizagem de línguas
apropriados.
A globalização da economia mundial
requer profissionais e especialistas em
As LWULTs podem ser usadas pelos migrantes
com vista a trabalhar nos setores do turismo e da
Desenvolver melhores perfis
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diversas áreas para uma comunicação eficaz
em línguas estrangeiras. O sucesso depende
da capacidade dos mesmos na gestão de
gerir barreiras culturais e linguísticas, por
exemplo, nas competências comunicativas
relacionadas com as suas áreas
profissionais.
Relativamente ao setor turístico, é
detetada uma elevada procura por LWULTLs
nas seguintes áreas:
Agro-turismo;
Guias turísticos e agentes de viagens;
Ecoturismo;
Variantes de turismo motivadas por
interesses especiais, tais como turismo
gastronómico, turismo cultural e turismo
vinícola.
Com respeito a outros setores
económicos onde é também percecionada
uma elevada procura por LWULTLs, importa
salientar as seguintes indústrias:
Indústria do Calçado;
Construção;
Indústria Têxtil;
Setor da Saúde.
indústria;
As pessoas mais idosas estão a viajar mais e
muitas delas manifestam interesse em aprender
mais sobre a cultura e a língua do seu local de
destino;
O foco no ensino de LWUTLs a desempregados
com vista à valorização dos perfis profissionais, na
medida em que o mercado de trabalho está à
procura de novas competências, em grande parte
devido ao aumento do desemprego;
A UE promove as competências linguísticas para a
valorização de perfis profissionais ( “Estratégia
Europa 2020”);
Os setores do turismo e de cuidados de saúde são
ambientes favoráveis à acomodação de LWUTLs.
negociais dos profissionais;
Alargar a aprendizagem de
línguas àquelas não tão populares;
Lidar com, e valorizar, equipas
multiculturais no contexto laboral e
banir assim problemáticas
relacionadas com o racismo;
Desenvolver programas de
formação, bem como recursos
linguísticos, inovadores e atrativos;
Capacitar professores de LWULTs
para o ensino em ambientes
multiculturais;
Motivar turistas para a
aprendizagem da língua do seu local
de destino.
Promover o desenvolvimento da força de trabalho.
Ultrapassar barreiras à
mobilidade de profissionais por
entre setores económicos.
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Num mundo cada vez mais globalizado e
interligado, as competências em matéria de
comunicação internacional desempenham
um papel crucial enquanto pré-requisito
para uma melhor integração, seja em
termos sociais ou profissionais, de cada
cidadão europeu.
É pois importante que o setor educativo
ofereça condições para os estudantes
poderem estabelecer contacto com um mais
vasto rol de línguas e de culturas, desde
tenra idade. Neste contexto, as línguas
vizinhas e transfronteiriças, bem como a
compreensão intercultural devem ser
estimuladas por forma a contribuir para
maiores níveis de respeito e de tolerância.
Esta abordagem da política educacional
deve ser assegurada ao longo de todos os
níveis de ensino, seja pré-primário, primário,
secundário ou superior.
Os seguintes aspetos, realidades e especificidades
setoriais revelam determinadas oportunidades para
a acomodação bem-sucedida das LWUTLs e para a
promoção da sua aprendizagem:
As LWUTLs deverão constar das prioridades
nacionais, dada a sua relevância para as sociedades
e comunidades, tanto ao nível nacional como local;
Deverão ser asseguradas oportunidades de
desenvolvimento profissional para os professores de
LWULTs .
Deverão ser amplamente promovidas
plataformas online para a auto-aprendizagem;
Promover e apoiar o bilinguismo e o
multilinguismo com vista a uma melhor integração
de não nativos nas sociedades de acolhimento;
Explorar novas formas de exponenciar a
motivação de aprendentes a um nível superior;
Apoiar a formação em línguas por parte dos pais
de crianças migrantes em idade escolar;
Atender às diferenças culturais, históricas e
motivacionais dos aprendentes;
Melhor adaptar as políticas
nacionais, por vezes delineadas em
contradição com as políticas à escala
europeiasl;
Melhorar as competências dos
professores no ensino de LWUTLs
(métodos, abordagens, TIC, etc.);
Contrariar a prevalência do
monolinguismo nos sistemas
educacionais de alguns países e
regiões multilingues da UE;
Aumentar os níveis de motivação
para a aprendizagem de LWUTLs;
Desenvolver as competências de
grupos de imigrantes e de minorias
étnicas em matéria de línguas dos
países de acolhimento;
Ter em consideração as
assimetrias em termos culturais,
históricos e de motivação por parte
dos aprendentes;
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A abordagem por via da Aprendizagem Integrada
de Línguas e Conteúdos (AILC) poderá incitar a uma
necessidade de aprendizagem de línguas na escola.
Contribuir para uma melhor e
mais próxima comunicação entre os
cidadãos europeus enquanto fator-
chave para a estabilidade política na
UE, com grandes reflexões sobre as
dinâmicas económicas e sociais aos
níveis nacional e supranacional;
Fazer face à limitações em termos
de recursos financeiros, atendendo
aos tempos mais recentes marcados
pelo agravamento das dificuldades
económicas por entre a UE.
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Segue-se um conjunto de recomendações direcionadas para as quatro áreas identificadas ao longo do projeto: mercado de trabalho; grupos desfavorecidos; setores económicos específicos; setor da educação.
1. Fazer uso dos meios de negociação existentes ao nível político (Diálogo Social) por forma a promover políticas ativas no mercado de trabalho.
Promover a discussão, negociações e ações conjuntas envolvendo organizações que representem empregadores, trabalhadores e sindicatos.
Autoridades públicas, sindicatos e empresas, supervisores em contexto laboral.
2. Aumentar e melhorar o fluxo de informação acerca das competências linguísticas necessárias ao mercado laboral.
Promover estudos regulares de tendências para assegurar uma melhor adequação entre a oferta e a procura de línguas.
Conselheiros profissionais, autoridades educativas a todos os níveis e empresas.
3. Estabelecer um sistema que assegure a troca sistemática de boas práticas.
Promover networking à escala europeia e internacional com vista a disseminar metodologias eficientes e resultados bem-sucedidos para uma melhor orientação ao nível da formação em línguas para empregadores e indivíduos na EFP.
Autoridades locais públicas e privadas, comunidades de migrantes, ONGs, empresas, sindicatos, etc.
4. Desenvolver módulos e metodologias especializadas para formação línguas para professores em EFP.
Estimular a colaboração entre professores de línguas e professores de outras matérias, em ordem à promoção de formação de professores em contexto situacional.
Professores de línguas, formadores do setor da EFP e decisores à escala local, nacional e da UE.
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5. Validar e reconhecer as competências linguísticas não-formais.
Formalizar competências adquiridas em contexto não-formal e informal tanto ao nível das políticas nacionais como internacionais.
Decisores, autoridades públicas e privadas à escala local, nacional e da UE.
1. Aumentar a consciencialização sobre a importância das línguas menos ensinadas e utilizadas ( LWUTLs) tendo em vista a inclusão social e a empregabilidade.
Aumentar a pesquisa sobre a procura de aprendizagem da língua do país de acolhimento; disseminar informação através do recurso a plataformas e ferramentas de comunicação.
Decisores no domínio da Educação tanto ao nível nacional como da UE / Programas de financiamento no âmbito da Inclusão Social e da Investigação nas esferas nacional e da UE.
2. Criar oportunidades de networking ao nível das políticas entre países com longos e parcos historiais em termos migratórios.
Promover o networking à escala europeia para o intercâmbio e disseminação de informação, bem como boas práticas relacionadas com programas bem-sucedidos para a aprendizagem de línguas para migrantes.
Decisores nos domínios da Integração de Migrantes e da Educação ao nível da UE.
3. Valorizar e estrategicamente incorporar as LWUTLs no currículo educacional à escala nacional, alocando apoio financeiro para tal.
Criar oficialmente e proporcionar oportunidades, quer para os migrantes aprenderem a língua do país de acolhimento, quer para pessoas locais aprenderem a língua dos migrantes, em todos os níveis de educação.
Governos nacionais e regionais, União Europeia.
4. Desenvolver programas de recapacitação para professores de línguas com vista ao ensino e
Conceber e facultar modelos e cursos de formação para uma educação inclusiva e desenvolvimento profissional contínuo para professores de línguas.
Autoridades regionais/locais, instituições de ensino, associações e pessoas/grupos desfavorecidos, bem
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educação inclusivos. como institutos de línguas.
5. Desenvolver programas de consciencialização para grupos desfavorecidos.
Alargar as iniciativas de consciencialização (ex.º, sessões informativas, workshops, etc.) tanto para mitigar estereótipos como para valorizar as potencialidades de cada grupo.
Autoridades locais/regionais, ONGs, associações e pessoas/grupos desfavorecidos.
6. Criar e implementar a utilização de Tecnologias de Informação (TI) e ferramentas inovadoras para aprendizagem línguas para ultrapassar obstáculos existentes.
Desenvolver o e-learning e demais tecnologias assistidas adaptadas às capacidades de todas as pessoas, proporcionando oportunidades aos portadores de deficiência e outros utilizadores para participarem em todos os aspetos da vida social e para ingressarem no mercado laboral.
Professores de LWULTs;
Organizações com competências para a conceção e oferta de metodologias e ferramentas de formação (universidades, centros de EFP, centros de investigação, etc);
Empresas de Tecnologias de Informação.
7. Promover uma troca regular de boas práticas e de programas sobre como levar a cabo o ensino de línguas para grupos desfavorecidos.
Apoiar o networking para disseminar metodologias eficazes to e resultados bem-sucedidos de forma a ajustar o ensino de línguas a uma melhor inclusão de grupos-alvo específicos com necessidades especiais, seja devido ao seu background económico, social ou pessoal.
Autoridades locais, ONGs, associações de grupos desfavorecidos, comunidades locais e de migrantes, etc.
Voluntários.
1. Intensificar a utilização de Alargar a implementação de ferramentas de TI – tais Professores de LWULTs;
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Tecnologias de Informação (TI) na aprendizagem de LWULTs especialmente direcionadas para profissionais de diversos setores da economia.
como plataformas digitais, pacotes de autoaprendizagem, jogos de computador e aplicações móveis extensivamente utilizadas no processo de aprendizagem, especificamente desenhadas em conformidade com os diferentes contextos profissionais.
Organizações com competências para a conceção e oferta de metodologias e ferramentas de formação (universidades, centros de formação, centros de investigação, ministérios da educação);
Empresas de Tecnologias de Informação.
2. Capacitar professores e educadores de LWULTs de forma a irem ao encontro das necessidades dos grupos profissionais, por exemplo, para uma melhor comunicação com os pais migrantes e as suas crianças.
Ajustar a aprendizagem de LWULTs tanto às necessidades dos grupos profissionais como à exigências dos mercados.
Professores de LWULTs;
Organizações com competências para a conceção e oferta de metodologias e ferramentas de formação (universidades, centros de formação, centros de investigação, ministérios da educação).
3. Promover e implementar abordagens, metodologias e ferramentas pedagógicas inovadoras/mais atrativas em matéria de aprendizagem de línguas com fins específicos relacionados com os diversos setores, tais como serviços de cuidados de saúde, turismo, etc.
Estimular a produção de recursos e ferramentas com terminologias e expressões setoriais específicas / incorporar módulos nos cursos de línguas que vão ao encontro das necessidades dos profissionais.
Alargar o uso de metodologias inovadoras para a aprendizagem de línguas, através das quais o aprendente possa participar ativamente no processo, tais como blended training e ferramentas lúdicas.
Professores de LWULTs;
Profissionais de saúde (hospitais, serviços de emergência, centros de cuidados de saúde) que lidem com línguas minoritárias.
Organizações com competências para a conceção e oferta de metodologias e ferramentas de formação (universidades, centros de formação, centros de investigação, ministérios da educação);
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Empresas, câmaras de comércio e profissionais.
4. Promover a dimensão cultural da língua ao longo do processo de aprendizagem.
Promover a dimensão cultural no processo de aprendizagem de línguas, de modo a criar valor acrescentado em ambientes internacionais de negócios.
Professores de LWULTs;
Organizações com competências para a conceção e oferta de metodologias e ferramentas de formação (universidades, centros de formação, centros de investigação, ministérios da educação);
Organizações que promovam a qualidade linguística na UE.
5. Assegurar o intercâmbio intersetorial de boas práticas.
Maximizar a troca intersetorial de boas práticas, com vista à adoção de metodologias, projetos e ferramentas eficazes para a promoção da LWULTs.
Participantes em projetos relevantes nacionais e da UE;
Serviços nacionais e da UE que concebam programas de formação;
Organizações com competências para a conceção e oferta de metodologias e ferramentas de formação (universidades, centros de formação, centros de investigação, ministérios da educação).
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1. Conferir maior ênfase à motivação para aprender LWUTLs ao nível governamental.
Evidenciar a importância em investir na aprendizagem de LWUTLs enquanto valor acrescentado nos currículos dos indivíduos e como forma de valorizar o perfil dos mesmos.
Decisores ao nível da Educação nas esferas local, nacional e da UE.
2. Assegurar o reconhecimento de competências linguísticas adquiridas.
Formalizar e validar competências linguísticas adquiridas em contextos não-formais/informais, ao nível das políticas, quer nacionais quer internacionais.
Decisores ao nível da Educação nas esferas local, nacional e da UE, bem como autoridades locais.
3. Promover e apoiar o bilinguismo nos sistemas educativos com vista a uma melhor integração de não nativos.
Sustentar a educação bilingue de minorias migrantes/étnicas, com o intuito de mitigar os obstáculos à comunicação que advêm de lacunas ao nível das competências comunicativas.
Decisores no domínio da Educação, autoridades locais, comunidades escolares e ONGs.
4. Encorajar os governos a assegurar infraestruturação e da motivação necessárias à aprendizagem de línguas, especialmente em relação a migrantes em ordem à sua plena integração na sociedade, em detrimento do isolamento.
Atender, ao longo dos processos de decisão e de implementação, à necessidade de providenciar tanto às crianças migrantes como aos seus pais, um apoio extraordinário em termos de aprendizagem da língua do país de acolhimento, bem como aulas e explicações extraordinárias.
Autoridades locais, comunidades locais e de migrantes, ONGs envolvidas na integração e educação de migrantes, desenvolvimento comunitário, etc.
5. Encorajar os governos estatais/regionais para a promoção
Contemplar a possibilidade de aprender e praticar línguas regionais/minoritárias, por exemplo, através
Autoridades locais/regionais, instituições de ensino de línguas,
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das línguas minoritárias, étnicas e regionais.
de atividades extracurriculares e de outras atividades tanto em contextos e ambientes educacionais como fora deles.
comunidades étnicas/regionais que pretendam promover a sua cultura e a sua língua, bem como ONGs.
6. Estabelecer um sistema que assegure a troca sistemática de boa práticas/programas para a formação linguística de pais, professores, etc., tanto ao nível governamental como da UE.
Otimizar a disseminação e a partilha e de boas práticas que promovam um networking eficaz para uma melhor e mais inclusiva educação a começar desde tenra idade.
Decisores locais no domínio da Educação, instituições de formações de professores, associações de professores, associações de pais, etc.
7. Encorajar os governos para a procura de novas formas de promover a colaboração entre regiões no que respeita às línguas e cultura.
Promover a troca de experiências em termos de identidades linguísticas e culturais, envolvendo os pais, professores e estudantes de diferentes origens e backgrounds. Casos como sejam as línguas Basca e Catalã, conflitos étnicos assentes nas diferenças linguísticas na Europa Central, etc., requerem especial atenção.
Autoridades locais, ativistas comunitários.
8. Colocar especial enfoque nas oportunidades de aprendizagem de línguas em jardins-de-infância, no ensino pré-escolar e escolar, em ordem à promoção da igualdade de oportunidades na educação.
Criar oportunidades e estimular a produção de recursos e metodologias adequados para as crinaças aprenderem uma segunda língua em tenra idade, especialmente as crianças migrantes, como forma de facilitar a sua integração.
Jardins de infância, pré-escolar e escolas primárias.
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Espera-se que este relatório constitua um fundamento que possa ser avaliado por stakeholders de toda a União Europeia, aquando da formulação e implementação de instrumentos de política destinados a garantir a promoção do multilinguismo, da diversidade linguística, do diálogo intercultural e das línguas menos utilizadas e ensinadas (“LWUTLs”).
Este relatório aborda o status quo nas quatro dimensões analisadas, onde as LWUTLs podem desempenhar um papel determinante. O mesmo concentra-se também nas oportunidades, por um lado, e nos desafios, por outro, que podem caracterizar na generalidade o percurso levado a cabo para promover as LWUTLs. No que se refere à dimensão do mercado de trabalho, recomenda-se a maximização dos meios de negociação no âmbito do diálogo social, a fim de facilitar as políticas ativas do mercado laboral, bem como o desenvolvimento de fluxos de informação sobre competências linguísticas requeridas pelo mercado de trabalho. Afigura-se também necessário assegurar o intercâmbio sistemático de boas práticas, para enfatizar o foco da EFP no ensino de línguas e para validar as competências linguísticas não formais. Relativamente aos grupos desfavorecidos, além da necessidade de definir claramente o âmbito das LWUTLs, é importante alargar a pesquisa sobre a procura de LWUTLs para a empregabilidade e a inclusão social. Adicionalmente, a criação de oportunidades de networking ao nível das políticas entre os países com curtos e longos historiais de migração deverão resultar em sinergias significativas neste domínio, bem como a promoção - e inclusivamente o financiamento - da inclusão de LWUTLs nas políticas educativas a nível nacional. Além disso, importa, não apenas recapacitar os professores para que estes adquiram competências para ensinar pessoas desfavorecidas, mas também aumentar a consciência sobre questões de migração, grupos de deficientes e estereótipos entre as sociedades.
Do foco em setores específicos da economia pode derivar um potencial significativo tanto por via da expansão do uso das Tecnologias de Informação na aprendizagem de LWULTs como pela perscrutação de metodologias de formação e de ferramentas pedagógicas mais atraentes, em paralelo com a formação de professores de LWULTs para melhor atenderem às necessidades de grupos-alvo específicos. É também importante promover a dimensão cultural da língua durante o processo de aprendizagem, por um lado, e a troca intersetorial de boas práticas, por outro. Quanto ao setor da educação, é crucial garantir o reconhecimento das competências linguísticas adquiridas, bem como promover e apoiar o bilinguismo nos sistemas de ensino para uma melhor integração dos não-nativos. Estas recomendações surgem em linha com um trabalho de encorajamento dos governos nacionais e regionais com vista ao garante da infraestruturação e da motivação necessárias à aprendizagem de línguas - especialmente em relação aos migrantes - e à proteção das línguas minoritárias, tanto regionais como étnicas, ao procurar novas maneiras de promover a cooperação entre as regiões em matéria de língua. É também relevante garantir o intercâmbio sistemático de boas práticas e de programas sobre como lidar com o ensino de línguas para pais, professores, etc., tanto à escala nacional como da UE.
Todas estas abordagens, juntamente com o conjunto de recomendações identificadas para cada uma das quatro dimensões de intervenção, aproximam-se de algumas das principais questões que a União Europeia e os seus Estados-Membros e regiões enfrentam presentemente. Bons exemplos de tais pressões globais são os processos de desenvolvimento económico objeto de dificuldades financeiras - seja nas esferas pública, empresarial ou privada - e as tensões
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sociais decorrentes das tendências demográficas relacionadas com a migração. É neste enquadramento político, económico e social desafiante que, grosso modo, define o contexto global da UE nos dias de hoje, que o foco deve claramente assentar nas sinergias entre as forças internas e potencialidades para cada território, bem como na sua população e ativos específicos (mercados, idiomas, vantagens competitivas, etc.), para melhor superar tais desafios, juntamente com outros países e regiões europeias. É portanto essencial, para resumir este processo de reflexão, destacar não só a importância da aprendizagem de línguas no processo de aquisição de competências de comunicação numa Europa multilingue e multicultural, mas também a necessidade de uma maior sensibilização dos cidadãos para a diversidade linguística e cultural da Europa, onde as LWULTs podem desempenhar um papel determinante para mitigar os problemas decorrentes de um contexto tão particular como aquele em que a UE se encontra de momento, como sejam os mais recentes episódios de migração, bem como as tendências de globalização da economia e os seus impactos na educação, negócios e comunicação global.