Nosso Mundo Sustentável - Edição 043

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ZH SEGUNDA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO DE 2010 ANO 1 Nº 43 Classificada como uma das culturas mais produtivas do mundo, a palma ganha investimento de quase um bilhão no Brasil A s primeiras sementes de pal- ma provavelmente chegaram ao Brasil na mão dos escra- vos séculos atrás. Por isso, quando se descobre que a palma, Elaeis guineensis para os cientistas, também pode ser chamada de dendê, tu- do parece mais simples para muita gente. Dendê remete à Bahia e ao acarajé. E esse foi, por muitos anos, um dos prin- cipais destinos do óleo de palma no Brasil. Hoje, dados revelam que 80% da produção de óleo extraída do fruto da palma se transforma em alimentos co- mo margarina, biscoitos e macarrão ins- tantâneo. Os 20% restantes viram ativos para fabricar cosméticos, sabonetes e, recentemente, biodiesel. Características como alta produtividade em um espaço pequeno, balanço energé- tico favorável e semelhança com o óleo diesel convencional podem alavancar essa porcentagem. Somente um investimento da Petrobras Biocombustível, no interior do Pará e em Portugal,ultrapassa R$ 1 bilhão. Para incentivar o desenvolvimento e, ao mesmo tempo, garantir que a produção não prejudique a Floresta Amazônica, o Ministério da Agricultura, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e com a Casa Civil, lançou, em maio deste ano, o Programa de Produção Sustentável da Palma de Óleo no Brasil. Um dos des- taques do material é o mapeamento das áreas que podem ser usadas para o culti- vo e a restrição do desmatamento. Além disso, o programa também concede crédi- to, treinamento e possibilita o acesso dos produtores às novas tecnologias. As vantagens do cultivo da palma, enu- meradas por pesquisadores como Maria do Rosário Lobato Rodrigues, da Embrapa Amazônia Ocidental, são muitas.A rentabi- lidade é o grande destaque. Dados de 2000 mostram que a palma produz cerca de 30,57% de óleo em apenas 7,52% da área destinada para seu cultivo.Em comparação, a soja é responsável por 35,85% da produ- ção total usando 63,48% da área total. – Investir na produção de palma é uma grande escolha, pois trata-se de uma das culturas mais produtivas do mundo – re- força Maria do Rosário. Para a pesquisadora, o óleo de palma pode ser considerado o mais adequa- do para a região amazônica pois é uma cultura perene, com longa permanência, cerca de 25 anos, e protetora do solo. Ro- sário ressalta ainda o processo mecânico, que não exige químicos para a extração, e a não produção de substâncias tóxicas, como ocorre com a mamona. Além disso, as características semelhantes ao diesel convencional e a baixa mecanização, que aumenta o número de empregos diretos, são impulsionadores. Embora o investimento inicial seja alto, a expectativa é de que o preço do biocom- bustível, daqui a quatro anos, quando o po- lo da Petrobras estiver em funcionamento, seja inferior ao do diesel convencional. Quanto às dúvidas sobre a integridade do projeto, Miguel Rossetto, presidente da Petrobras Biocombustível, é taxativo: – Somos tão rigorosos com a sustentabi- lidade que ela chega a ser cláusula de veto. Edição: Anna Martha Silveira > Produção: Mariana Müller > (51) 3218-4793 > E-mail: [email protected] > Arte: Gonza Rodriguez > Diagramação: Norton Voloski ZERO HORA Leia mais na página 4 Óleo de palma O queridinho dos biocombustíveis ARTE SOBRE FOTO DE ROBINSON CIPRIANO , MAPA, DIVULGAÇÃO

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Caderno Nosso Mundo Sustentável de 20 de dezembro de 2010

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ZH SEGUNDA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO DE 2010 ANO 1 Nº 43

Classificada comoumadas culturasmais produtivas domundo, a palmaganha investimentodequaseumbilhãonoBrasil

As primeiras sementes de pal-ma provavelmente chegaramao Brasil na mão dos escra-vos séculos atrás. Por isso,quando se descobre que a

palma, Elaeis guineensis para os cientistas,também pode ser chamada de dendê, tu-do parece mais simples para muita gente.

Dendê remete à Bahia e ao acarajé. Eesse foi, por muitos anos, um dos prin-cipais destinos do óleo de palma noBrasil. Hoje, dados revelam que 80% daprodução de óleo extraída do fruto dapalma se transforma em alimentos co-mo margarina, biscoitos e macarrão ins-tantâneo. Os 20% restantes viram ativospara fabricar cosméticos, sabonetes e,recentemente, biodiesel.

Características como alta produtividade

em um espaço pequeno, balanço energé-tico favorável e semelhança com o óleodiesel convencional podem alavancar essaporcentagem. Somente um investimentoda Petrobras Biocombustível,no interior doPará e em Portugal,ultrapassa R$ 1 bilhão.

Para incentivar o desenvolvimento e, aomesmo tempo, garantir que a produçãonão prejudique a Floresta Amazônica, oMinistério da Agricultura, em parceriacom o Ministério do Meio Ambiente ecom a Casa Civil, lançou, em maio desteano, o Programa de Produção Sustentávelda Palma de Óleo no Brasil. Um dos des-taques do material é o mapeamento dasáreas que podem ser usadas para o culti-vo e a restrição do desmatamento. Alémdisso, o programa também concede crédi-to, treinamento e possibilita o acesso dos

produtores às novas tecnologias.As vantagens do cultivo da palma, enu-

meradas por pesquisadores como Mariado Rosário Lobato Rodrigues, da EmbrapaAmazônia Ocidental,são muitas.A rentabi-lidade é o grande destaque. Dados de 2000mostram que a palma produz cerca de30,57% de óleo em apenas 7,52% da áreadestinada para seu cultivo.Em comparação,a soja é responsável por 35,85% da produ-ção total usando 63,48% da área total.

– Investir na produção de palma é umagrande escolha, pois trata-se de uma dasculturas mais produtivas do mundo – re-força Maria do Rosário.

Para a pesquisadora, o óleo de palmapode ser considerado o mais adequa-do para a região amazônica pois é umacultura perene, com longa permanência,

cerca de 25 anos, e protetora do solo. Ro-sário ressalta ainda o processo mecânico,que não exige químicos para a extração,e a não produção de substâncias tóxicas,como ocorre com a mamona.Além disso,as características semelhantes ao dieselconvencional e a baixa mecanização, queaumenta o número de empregos diretos,são impulsionadores.

Embora o investimento inicial seja alto,a expectativa é de que o preço do biocom-bustível,daqui a quatro anos,quando o po-lo da Petrobras estiver em funcionamento,seja inferior ao do diesel convencional.

Quanto às dúvidas sobre a integridadedo projeto, Miguel Rossetto, presidente daPetrobras Biocombustível,é taxativo:

– Somos tão rigorosos com a sustentabi-lidade que ela chega a ser cláusula de veto.

Edição: Anna Martha Silveira > Produção: Mariana Müller > (51) 3218-4793 > E-mail: [email protected] > Arte: Gonza Rodriguez > Diagramação: Norton Voloski

ZERO HORA

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Óleo de palmaOqueridinhodosbiocombustíveis

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AÇÃO

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ZH

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www.zerohora.com/nossomundosustentavelNOSSO

MUNDO

SUSTENTÁVEL

20DEDEZEMBRODE2010

Quer falar com a gente? Mande e-mail para [email protected] ou converse conosco pelo Twitter (@zhnossomundo).Você também pode ligar para o (51) 3218-4793 ou acessar o blog (www.zerohora.com/nossomundosustentavel).

A foto abaixo é do projeto da no-va sede do Conselho Regional deEngenharia, Arquitetura e Agro-nomia do Estado do Paraná (Crea-PR). Para definir qual escritórioseria responsável por desenhar oprédio,o Instituto deArquitetos do

Brasil (IAB) lançou um super con-curso público em âmbito nacional.O foco dos projetos deveria ser asustentabilidade.

O Lucas Obino, do Obino.Sou-zaPinto Arquitetura e Urbanismo,escritório que venceu a disputa,

escreveu para o Nosso Mundocontando que o prédio pretendese tornar referência nacional emqualidade ambiental e eficiênciaenergética.

Nós gostamos particularmenteda grande parede perde do projeto.

3218-4793 > Com Mariana Müller [email protected] o NossoMundo nasceu,a ideia era queele trouxesseos melhores

movimentos que o mundoestá fazendo em direção aum equilíbrio entre homem,desenvolvimento e ambiente.Nas nossas páginas,não existem restriçõesgeográficas. Se a iniciativafor boa, não importa seestá acontecendo em NovaPetrópolis ou no interiordo Japão.

Foi pensando em levar ocaderno ao conhecimento demais pessoas, especialmentedaquelas que estão fora doalcance da nossa versãoimpressa, que iniciamosesta semana com mais umanovidade. A partir de hojeà tarde, começa a circular anewsletter do Nosso MundoSustentável. Nela, vamosdestacar semanalmente asprincipais notícias de cadaedição do caderno, com umlink para quem quiser ler areportagem inteira.

É uma forma de fazercom que mais pessoasse conectem às belas einovadoras ideias quebuscamos sempre apresentarao nosso leitor. Queremosque o produtor de óleo depalma lá do Pará, tema danossa reportagem de capa,possa saber, assim comovocê, que nós damos forçapara que o trabalhodele prospere.

Arquitetura jovemnoParaná

SementesaoventoEsse é o nome do instituto

recém-criado pela Escola Ami-gos do Verde, de Porto Alegre. Oobjetivo do Sementes ao Vento épromover a ética, a educação e aecologia para o desenvolvimentosustentável.A direção fica a cargode Frederico Behrends.

O e-mail da leitora Kátia Rabuske sobre as sacolas antigasque agora voltaram à moda a partir das ecobags, publicadoaqui na semana passada, provocou nostalgia em outro leitor.O jornalista aposentado Celso Rosa,de Blumenau (SC),escre-veu para nós contando um pouco da sua história com as em-balagens para compras.Aproveitou e opinou sobre a razão deo plástico ser o mais utilizado.

NossoMundono seu e-mail

Fomos conversar com aempresa.Foi por meio da as-sessoria de imprensa que aexplicação chegou.Confira:

“Após anos de mobilizaçãosocial pela reciclagem deembalagens dos produtosCoca-Cola, realizada pormeio do programa Reciclou,Ganhou!, a Vonpar encerrouessa atividade no início de2010. Essa decisão decorreda ampliação do apoio daempresa a sistemas popularesde reciclagem por meio doInstituto Vonpar. Na novaetapa, a empresa mobiliza,capacita e profissionalizaassociações e cooperativasde catadores, atingindomaiores escalas de triagem ecomercialização de resíduossólidos.”

“Há algum tempo o Francisco(Fresard),colunista de Economiado Jornal de Santa Catarina,publicou nota informando que aCoca-Cola,marca que aVonparrepresenta no Sul,pretende reciclar20% das embalagens que levaao mercado.Depois,no NossoMundo,uma nota informavaque aVonpar patrocina,ouapoia,39 galpões de reciclagemno Rio Grande do Sul.Bem,nacontramão dessas atitudes,aempresa desativou o posto detroca de embalagens (latinhase garrafas PET eram trocadospor refrigerantes),que mantinhahá vários anos em seu centro dedistribuição em Blumenau.TalvezNosso Mundo possa apurar einformar o por quê dessa decisãoque acabou com um serviço querevelava responsabilidade socialda indústria de bebidas.”

“A leitora Kátia Rabuskefez um desabafo sobre atroca do papel pelo plásticopara embalar produtosem mercados, padariase açougues. Lembrou seutempo de criança, quandosó o papel era utilizado. Suacarta remeteu-me a minhaadolescência (estou com60 anos), quando ajudavaminha mãe, professora, afazer cartuchos (sacos) depapel, que meu pai usariapara embalar produtos emsua pequena mercearia, emCaxias do Sul. O trabalhoera feito em casa, à noite,utilizando-se folhas da

Revista Cruzeiro e colafeita com polvilho.Algunsprodutos eram embalados,ou melhor embrulhados,com folha de jornal.

A mudança não ocorreupor questões ecológicas,como imagina ela. Foiimposição econômica, já queplástico era mais barato doque o papel, pela praticidadee, depois, por exigênciadas vigilâncias sanitárias.Hoje vejo, indignado, oproduto ser colocado emsacos de papel e depoisacondicionado em sacosplásticos, principalmente empadarias.”

Celso aproveitou parafazer uma pergunta

sobre reciclagem:

Embalagem no bolso

PublicidadeneutraA ação Baixe uma Semente,

promovida pelo Canal Rural,para buscar a neutralização domercado publicitário já colheseus resultados.

Foram 1.105 sementes virtu-ais plantadas nas oito semanasde duração da campanha. Elasrepresentam 2.210 árvores queserão plantadas no município dePrado Ferreira,no Paraná.

Foram cerca de 600 profissio-nais do mercado publicitário ede marketing participando daneutralização de suas emissõessemanais de CO2.

OBINO.SOUZAPINTO ARQUITETURA E URBANISMO, DIVULGAÇÃO

FOTOS NO DETALHE: CANAL RURAL, REPRODUÇÃO E STOCK.XCHNG, DIVULGAÇÃO

PrêmioparaaestanteNa quinta-feira passada, fo-

mos ao Theatro São Pedro, emPorto Alegre, receber o VI Prê-mio Responsabilidade Ambien-tal, do Instituto Latino-Ame-ricano de Proteção AmbientalBorboletaAzul.

Além de nós, havia mais de20 premiados, entre empresas,órgãos públicos e pessoas físi-cas. Todos reconhecidos pelotrabalho em favor do equilíbriodo planeta.

A equipe aqui está cheia deorgulho da conquista.

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NOSSO

MUNDO

SUSTENTÁVEL

20DEDEZEMBRODE2010

BONSEXEMPLO

S

Frasesparaoteleférico doAlemão

Chega o verão, o pessoalse manda para a praia, e osvelhos problemas viajamjunto. É certo que, nosúltimos anos, os veranistastêm ficadomais educadose cuidado do lixo quandoestão à beira-mar. Muitosse armam com sacolinhaspara recolher o resíduoproduzido durante o dia elevar embora na hora deabandonar a areia.Pois bem, para deixar a

tarefa mais fácil, e a praia,mais limpa, estão surgindopor aí as microlixeiras. Umadelas é o Clean Beach. Oformato cônico permiteenterrar o artefato na areiae colocar ali o papel e opalito do picolé, a latinhaamassada etc. E aindatem de cores diferentes,permitindo separar o lixoseco do orgânico.E, claro, não precisa

usar só na praia. Dá paralevar ao parque, para oacampamento, paraa pescaria.

Folhapress

Num sábado de solforte e brincadei-ras, cerca de 500crianças do Com-plexo do Alemão,

na zona norte do Rio,participa-ram de um concurso de frasesque vão decorar as 152 cabinesdo teleférico da comunidade,obra do Programa de Acelera-ção do Crescimento (PAC), emuma parceria entre governosestadual e federal, que irá unirvários pontos da região.

Desde as 9h até o fim da tarde,recreadoras coordenaram as ati-vidades e ajudaram a criançadaa elaborar as frases em tendasmontadas na Vila Olímpica.

– Foi uma novidade para elesse expressarem neste momento– destaca a recreadora AdrianaBarbosa.

Muitas foram até sem estaracompanhadas de pais ou res-ponsáveis. Foi o caso de MariaEduarda Alves, 10 anos, queescreveu a frase “O teleférico éum sucesso, com ele posso ir avários lugares”.

Gabrielle dos Santos, 11anos, estava com a mãe e es-

c r e v e u u m adas frases maiselog iadas pe-los recreadores– “Agora simm e u m u n d oestá completo.A paz reina noAlemão”– aol a d o d e u mdesenho dasestações do te-leférico com ascasas em volta.

O coordenador do Escritóriode Gerenciamento de Projetos(EGP), da Secretaria de Estadoda Casa Civil, José Candido Mu-ricy explicou o sentido de se pro-mover o concurso:

– É importante aumentaro vínculo das crianças com olocal onde moram. E por meiodo concurso de frases serápossível observar qual percep-ção delas em relação às me-lhorias levadas ao Complexodo Alemão.

As melhores frases serão es-colhidas e colocadas do lado defora das 152 cabines para queas pessoas possam visualizar.Cada cabine tem capacidadepara 10 pessoas por viagem.

Comtrêsquilômetrosdeextensão,o teleféricodoAlemãodiminuirá para19minutoso tempodotrajeto entrea Fazendinhaeopontodeintegraçãocomaestaçãode tremBonsucesso,queantespoderia levaraté duashoras

Umavoznocombate A LIXEIRA DO

SEU VERANEIO

FOTO NO DETALHE: CLEAN BEACH, DIVULGAÇÃO

Durante a toma-da do Complexodo Alemão pelapolícia, no final domês passado, opessoal do jornalVoz da Comunida-de fez barulho na internet.Criado há cinco anos peloadolescente Rene Silva, hojecom 17, a publicação, feitapor moradores, é distribuídagratuitamente no Morro doAdeus, mas tambémman-tém uma página no Twitter.Foi por meio dela, que ogrupo de adolescentes re-pórteres, coordenados porRené, registrou todas asmovimentações da políciae dos bandidos na comu-nidade em tempo real.Postando fotos e vídeos, osmeninos pularam de poucomais de cem seguidores noTwitter para mais 20 milem um fim de semana. Hojejá são mais de 38 mil.Acompanhando de pertotudo que ocorre na região,inclusive o teleférico, no dia12, sábado, os repórterespostaram a seguinte co-mentário.

@vozdacomunidade: Heli-cóptero sobrevoando a co-munidade, não é da policia!É do PAC que está fazendotestes nos bondinhos doteleférico!

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REPORTA

GEM

DECAPA Investimentobilionário

noBrasileemPortugalPalma utiliza cerca de 10%da área plantada desoja para produzir amesma quantidade de óleo

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Oinvestimento da Petro-bras no biocombustí-vel de óleo de palma égrande e envolve doisprojetos distintos: Pa-

rá e Belém. O primeiro inclui umausina no Pará com capacidade paraproduzir 120 milhões de litros porano. Além de abastecer a região nor-te do país, a ideia é que os mais deR$ 330 milhões investidos benefi-ciem o desenvolvimento econômico esocial daquela área.

O segundo, intitulado Belém, marcaa entrada da empresa no ciclo euro-peu. Em parceria com a Galp Energia,cerca de 250 mil toneladas de biodie-sel/ano (green diesel) serão produ-zidas em Portugal. Todas as mudasdevem ser plantadas no Brasil – maisde 2 milhões já estão em viveiros naregião – e apenas a finalização do óleoque segue para a União Europeia é queserá feita em Portugal. Toda a planta-ção deve adotar um sistema chamadomosaico, que mantém faixas de flores-ta no meio da plantação. Além disso,o bagaço da palma deve colaborar naquestão energética.

– Para abastecer as novas usinas,devemos gerar energia elétrica a partirdos resíduos da palma – afirma Mi-guel Rossetto, presidente da PetrobrasBiocombustível.

Outro destaque dos dois projetos é ofoco na agricultura familiar. Hoje sãomais de 4 mil famílias cadastradas, e

o número pode aumentar. Como o ci-clo das plantas é longo, o óleo só devecomeçar a chegar aos consumidoresdaqui quatro anos.

Produçãocomfocoemáreasdegradadas

Mesmo quando o destino do óleode palma não é o tanque de veículos,a preocupação com o manejo do solo,a mão de obra e a preservação da flo-resta deve permanecer. No segmentohá 27 anos, a Agropalma, cujo foco daprodução é a indústria cosmética ede alimentação, mantém uma área demais 39 mil hectares de dendê rode-ados por 65 mil hectares de reservasflorestais no Pará, que fazem dela amaior produtora individual de óleo depalma da América Latina.

Agora, a partir do replantio, a em-presa deve dobrar sua produção semcrescer em área. No foco da expansãoestá, entre outras questões, a indús-tria oleoquímica. Para Marcello Brito,diretor comercial e de Sustentabili-dade da Agropalma, os recentes in-centivos do governo federal e novosfinanciamentos são positivos desdeque sejam cumpridos.

– Ecologia e economia podem an-dar juntos. O grande segredo é produ-zir em áreas já degradadas, preservan-do e recuperando mosaicos florestais– reforça.

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FOTOS AGÊNCIA PETROBRAS, DIVULGAÇÃO

Nosso Mundo Sus-tentável – Por que in-vestir na produção deóleo de palma?

Miguel Rossetto– Podemos começar apensar nas vantagensdessa matéria-primacomparando-a com a soja. Coma palma, eu consigo produzir amesma quantidade de óleo emum décimo da área usada pelasoja.Isso é muito representativo.

Nosso Mundo – Como uminvestimento dessa magnitudeimpacta a vida de quem estánessa região do Pará?

Rossetto – A palma é um in-vestimento caro e de longa du-ração. Do plantio até a primeiracolheita são quatro anos, entãomuitos dos pequenos agriculto-res não tinham acesso ao crédito.Agora, o programa do governo

federal deve solucionaressa questão. A partirdo momento que seoferece uma alterna-tiva de renda viável equalificada para umapopulação, é óbvio quediminui a pressão por

encontrar renda de outra forma,inclusive com atividades ilegais.

Nosso Mundo – A produçãode biocombustível a partir dapalma pode ser um passo im-portante para o uso de outrasmatérias-primas?

Rossetto – No Brasil, temosuma grande rota de pesquisaaberta para a oleoquímica. Apartir do momento que cresce ademanda por biodiesel, estimu-la-se essa produção de pesquisa.A Petrobras investe muito empesquisa. Só entre 2010 e 2014, aprevisão é de U$S 400 milhões.

BIODIESEL ESTIMULA PESQUISA

ZH

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SINALDEALERTA Faltaaprenderoque

é sustentabilidadePesquisa dos institutos Ethos e Akatumostra que aumentou o númerode consumidores indiferentes às questões ligadas à saúde do planeta

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Em um país com economiafrenética, falar de consu-mo consciente não é algosimples. Para traçar umperfil da relação dos brasi-

leiros com o ato da compra,o InstitutoAkatu e o Instituto Ethos acabam delançar a pesquisa O Consumidor Bra-sileiro e a Sustentabilidade.

Os 800 questionários aplicados emnove regiões metropolitanas do Brasil,incluindo 12 capitais, em julho desteano trazem dados como uma reduçãoem hábitos ligados a economia de ener-giaeáguaeumaumentodonúmerode

indiferentes ao tema,de 25% em 2006para 37% em 2010.Por outro lado,a ca-mada da população considerada cons-ciente manteve-se estável, em relaçãoao último estudo,na faixa dos 5%.

Uma das características inovado-ras do estudo, de acordo com AronBelinky, consultor do Akatu e coorde-nador de conteúdo da pesquisa,é rela-cionar a agenda do consumidor comas ações das empresas. Para grandeparte das pessoas, temas como com-bate à discriminação e ao aquecimen-to global e educação para o consumoconsciente deveriam estar no foco da

ação empresarial. Por outro lado, asáreas em que as empresas trabalhammelhor são a proteção dos direitos doconsumidor e a governança ambiental.

Outra questão que merece atençãoé a consciência do público quando otema é sustentabilidade. Para 19%, adefinição absorvida é errada,enquan-to a maioria, 56%, garante nunca terouvido falar no assunto.Ainda assim,Belinky,alerta para um fato positivo:

– Colocadas em frente a exemplos,as pessoas sabem quais ações são im-portantes. O que ainda não dominamé o conceito.

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Aumentar a renda dos ca-tadores e orientá-los para omanejo correto de resíduos ele-trônicos. Esses são os grandesobjetivos do projeto Segurança,Renda e Coleta de Lixo Eletrôni-co que deve treinar 180 pessoasa partir de abril,em São Paulo.

As consequências da inicia-

tiva, porém, vão muito alémdo conhecimento. O grupo se-lecionado será orientado poruma equipe de professoresda Universidade de São Paulo(USP), uma das mais renoma-das do país.

– É difícil mensurar o quan-to isso pode afetar a autoesti-

Ao serem questionadossobre temas de interesse,os entrevistados apon-taram saúde e doençascomo o principal, com

87%Ecologia e ambiente apa-rece em 4º lugar, com

44%Já produtos/compras/consumo aparece emsegundo, com

59%Responsabilidadesocial e empresarialaparece em 8º, com

18%e sustentabilidadeem 9º, comapenas

14%

O número de consumidores indi-

ferentes cresceu de 25% para

37% em 2010

Em relaçãoa 2006, o

número de respostas “sim”

para ações deeconom

ia,

como desligaraparelho

s e

lâmpadas que não estão em

uso e fechar atorneira

ao

escovaros dente

s, diminuiu

Em relação à pesquisa de 2006, onúmero de consumidores considera-dos conscientes, aqueles que adotamentre 11 e 13 práticas, manteve-se em

5%

O tópico mais importante para que os

consumidores considerem uma empre-

sa socialmente responsável são as re-

lações de trabalho, com

80%

Catadoresna universidade ma deles que, em geral, é baixa– garante Ana Maria DominguesLuz,presidente do Instituto GEA-Ética e Meio Ambiente, parceirodo projeto.

Para efetivar a iniciativa,o insti-tuto,que há 11 anos trabalha comresíduos e coleta seletiva, uniu-seao Laboratório de Sustentabilida-de em Tecnologia de Informaçãoe Comunicação (Lassu),da Esco-la Politécnica da USP, e ao Centro

de Descarte e Reúso de Resíduosde Informática (Cedir), ligado aoCentro de Computação Eletrôni-ca (CCE), também da USP. Comextensão de dois anos e apoio daPetrobras,cerca de R$ 800 mil se-rão investidos. Em turmas de 10alunos, serão ministradas aulasteóricas e práticas que se esten-dem por um mês.

A ideia é que eles aprendam aidentificar resíduos perigosos nos

eletrônicos e peças com maior emenor valor para a venda.A pro-posta deve ser um desafio tantopara a universidade quanto paraos catadores.

– Vamos nos reinventar, poismuitos não são nem alfabetiza-dos. Devemos usar mais dinâ-micas de grupo e imagens – ga-rante a professora da USP TerezaCristina Carvalho, coordenadorado Lassu e do Cedir.

20DEDEZEMBRODE2010

60%dos entrevista-

dos concorda com

a frase: “As

empresas sempre deveriam

fazer mais do que está esta-

belecidonas leis, b

uscando

trazer maiores be

nefícios para

a sociedade”.

Ao mesmo tempo,

44% diz não

acreditarque as empresas

cumpram o que divulgamem

responsabilidade social.

62%das pessoas

concordam que também é

função dos consumidores pres-

sionar as empresas para que

evitem danos ao ambiente.

16%respon

deramque se preo-

cupamcom respons

abilida-

de social empresari

al. Des-

ses, a maioria é universitá-

rio e está nas classes A/

B.

19%Definiçãoerrada

16%Definiçãocorreta

9%Ouvi falar masnão sei definir

56%Nãoouvifalar

Perguntados se já ouviram falar e qual a defi-nição correta do termo "sustentabilidade", osconsumidores afirmaram:

CONTATOCOMOTEMA

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SAÚDEPÚBLICA

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FOTOS NO DETALHE: ROBINSON ESTRÁSULAS E ANDRÉA GRAIZ, BD

NOSSO

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SUSTENTÁVEL

20DEDEZEMBRODE2010

O Fundo Mundial de Pesquisa do Câncerrecomenda que não se coma mais do que

500 gramasde carne vermelha por semana

A Friends of the Earth (FoE) pregaque o consumo não exceda

210 gramasde carne semanais

Segundo a FoE, a redução noconsumo do alimento poderia evitar

45.361mortes por doenças cardíacas,derrames e câncer ao ano

The Guardian

Mais de 45 milvidas por anopoderiam sersalvas se todoscomeçassem a

comer carne, no máximo, duasou três vezes por semana, afir-mam especialistas em saúdee a organização Friends of theEarth (FoE).

Difundida, a mudança paradietas à base de pouca carneevitaria a morte precoce de31 mil pessoas por doençascardíacas, 9 mil por câncer e 5mil por derrame. Isso, segundoa análise dos hábitos alimen-tares dos britânicos pelo espe-cialista em Saúde Pública MikeRayner, publicada no relatórioda FoE.

Uma dramática redução noconsumo de carne tambémajudaria a diminuir as mudan-ças climáticas e a devastaçãona América do Sul, onde flo-restas tropicais são derrubadaspara criar pastagens de gado,cuja carne tem como destinoa Europa.

Comer muita carne, particu-larmente a processada, é ruimpara a saúde porque esse hábi-to envolve ingerir mais gordu-ra, gordura saturada e sal do

que o recomendado.A FoE nãodefende o afastamento com-pleto da carne da dieta, masestimula que as pessoas nãocomam esse alimento mais doque duas ou três vezes na se-mana, com o consumo não ex-cedendo 210 gramas – o equi-valente a meia salsicha por dia.A média de consumo semanalé de entre sete e 10 porçõesde 70 gramas.

Tomar essa atitude pode sal-var 45.361 vidas por ano, deacordo com a pesquisa de Ray-ner e seus colegas da FundaçãoBritânica do Coração para Pes-quisa em Saúde na Universida-de Oxford.

Eles calcularam que a mu-dança do consumo de carnepara no máximo cinco vezespor semana pode prevenir32.352 mortes. São 228 milmortes por ano decorrentes detrês condições nas quais o con-sumo alimentar representa umpapel-chave: doença cardíaca,derrame ou tipos de câncerrelacionados à dieta, como ode intestino.

– Não precisamos virar ve-getarianos para preservar oplaneta ou a nós mesmos, masprecisamos diminuir a carne –disse Craig Bennett, diretor dePolítica e Campanhas da Foe.

Pesquisa britânica afirma que cortar o consumo de carne para210 gramas por semana poderia reduzir asmortes por doençascardíacas e câncer, alémde ajudar na preservação de florestas

Comermenos carnepodesalvar45mil vidasporano

O professor Steve Field, presiden-te do Conselho do Royal College deClínicos-gerais, concorda com a ne-cessidade de diminuir a quantidadede carne ingerida diariamente:

– As pessoas não devem parar decomer carne, mas precisam comermenos, especialmente carne pro-cessada, devido ao sal e à gordurasaturada que ela contém, e comermais frutas e vegetais.

Rachel Thompson, vice-diretorde Ciência no Fundo Mundial dePesquisa do Câncer,afirmou:

– Esses números dão peso aoque temos dito sobre as carnesvermelha e processada, são evi-dências convincentes de que elasaumentam o risco de desenvolvercâncer de intestino. O fundo reco-menda que não se coma mais doque 500 gramas de carne vermelhapor semana e que se evite carneprocessada, como bacon, presuntoe salame.

Muitaculpaemumpedaçodecarne

Os produtores de carne, por suavez,criticaram o relatório.

– A grande maioria dos consu-midores já come menos carne doque a média recomendada. É muitosimplista dizer que mudar um ele-mento da dieta pode ter um resul-tado tão dramático – afirmou ChrisLamb, do BPEX, que representa20 mil produtores de carne de por-co na Inglaterra.

Jen Elford, da Sociedade dos Ve-getarianos,acrescentou:

– É claro que comer menos carneé melhor, não podemos enfrentar aescala dos problemas ambientais ede saúde vivenciados pela socieda-de sem uma grande mudança quenos afaste da proteína animal.

Vermelhaeprocessadaentreasgrandesvilãs

1 medalhão de

150 gramas

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7

ZH

Imagine que ao longo dos próximos70 ou 80 anos uma grande cidade por-tuária, digamos, Tóquio, veja-se engoli-da pelo nível do mar subindo 4,5 metrosou mais. Milhões de habitantes estariamem perigo, ao lado de trilhões de dólaresem infraestrutura.

Essa terrível perspectiva é exatamen-te o tipo de coisa que evangelistas doaquecimento global como Al Gore têmem mente quando alertam que deve-mos tomar “medidas preventivas emlarga escala para proteger a civilizaçãohumana como a conhecemos”. A retó-rica talvez soe extrema, mas, com tantacoisa na balança, é claramente justifica-da. Sem um vasto e altamente coorde-nado esforço global, como poderemoslidar com um aumento do nível do mardessa magnitude?

Bem, nós já o fazemos. Na verdade,nós estamos fazendo isso agora mes-mo. Desde 1930, a excessiva retirada deáguas subterrâneas fez com que Tóquiotenha afundado até 4,5 metros, comalgumas das partes mais baixas da ci-dade afundando pelo menos 0,3 me-tros por ano em algumas épocas. Coisasemelhante ocorreu ao longo do séculopassado em uma ampla gama de cida-des, incluindo Tianjin, Shangai,Osaka, Bangkok e Jacarta. Emcada um dos casos, a cidadeconseguiu se proteger dosgrandes aumentos do níveldo mar e prosperar.

O ponto não é se pode-mos ou devemos ignorar

COLU

NISTA

www.zerohora.com/nossomundosustentavel

QUEMTEMMEDODASMUDANÇASCLIMÁTICAS?

NOSSO

MUNDO

SUSTENTÁVEL

20DEDEZEMBRODE2010

PRIMEIROS PASSOSNúmeros quemostrammudança de atitude

Foram trocadas

46 millâmpadas demercúrio por

outras de vaporde sódio esubstituídas

95%das luminárias.

Além deeconomizarem

energia por usarempotência mais baixa,

as lâmpadas devapor de sódio

iluminam mais do queas antigas.

De acordo com estudo realizadopela International Solid WasteAssociation (Iswa), dos mais de

1,8 milprojetos de Mecanismo deDesenvolvimento Limpo (MDL)registrados na ONU até 2009,18% são relacionados à gestão deresíduos. Eles devem gerar mais de

209 milhõesde créditos de carbono até ofinal de 2012.

Nos últimos dois anos, oSantander investiu mais de

R$ 8 milhõesno Programa Espaço dePráticas em Sustentabilidade.O projeto tem o objetivo decompartilhar as práticase o conhecimento emsustentabilidade do bancocom clientes, fornecedorese sociedade.

O Plano de Gestão Energética(PGE) que a prefeitura deGuarulhos, em São Paulo,

desenvolve desde 2005, resultouna redução dos gastos em

R$ 4,5 milhõespor ano.

O conteúdo online oferecido no site www.santander.com.br/sustentabilidade já alcançou cinco milhões de acessos. Desde2007, quando o programa teve início, 1.878 organizações e3.246 pessoas participaram da agenda do treinamento.

A maior parte desses projetosestá distribuída entre Ásia (44%)e América Latina (42%), comdestaque para Brasil e México.

o aquecimento global. O ponto é quedevemos desconfiar de previsões catas-tróficas. Mais do que nunca, o que soacomo uma mudança terrível no clima ena geografia atualmente se transformaem algo gerenciável – e, em alguns ca-sos, até benigno.

Considere, por exemplo, as descober-tas dos cientistas climáticos Robert J.Nicholls, Richard S.J. Tol e Athanasios T.Vafeidis. Em uma pesquisa apoiada pe-la União Europeia, eles estudaram qualseria o impacto econômico mundial se oaquecimento global resultasse num co-lapso de todo o gelo do oeste Antártico.Um evento dessa magnitude causariaum aumento dos níveis dos oceanos emcerca de seis metros ao longo dos próxi-mos cem anos – precisamente o tipo decoisa que os ativistas ambientais têm emmente quando nos alertam sobre as po-tenciais calamidades do fim do mundo.Mas isso realmente seria tão terrível?

Não, de acordo com Nicholls, Tol e Va-feidis. Aqui estão os fatos. Um aumentode seis metros no nível do mar (o quenão por acaso é cerca de 10 vezes maiordo que as piores expectativas da ONU)inundaria cerca de 41 quilômetros qua-drados da área costeira, onde mais de

400 milhões de pessoas vivematualmente. Isso é muita gente,

com certeza, mas dificilmen-te toda a humanidade. Defato, isso representa menosde 6% da população mun-dial – o que significa dizerque 94% das pessoas não

seria afetada. E a maior par-te dos que vivem nas áreasinundadas nunca sequervai molhar os pés.

Isso porque a grandemaioria dessas 400 milhõesde pessoas reside em cidadesonde podem ser protegidoscom relativa facilidade, como emTóquio. Como resultado, somente cercade 15 milhões de pessoas teriam de serrealocadas. E isso ao longo do curso deum século. No total, de acordo com Ni-cholls, Tol e Vafeidis, o custo de gerenciaressa “catástrofe” – se os políticos nãohesitarem e aplicarem políticas coorde-nadas e inteligentes – seria de aproxi-madamente US$ 600 bilhões por ano,oumenos de 1% do PIB mundial.

Esse valor pode parecer surpreen-dentemente baixo, mas somente por-que muitos de nós aceitaram a opiniãogeneralizada de que não somos capazes de nos adaptar a um aumento no ní-vel do mar. Nós não apenas temos essacapacidade, como a demonstramos vá-rias vezes no passado.

Gostemos ou não, o aquecimento glo-bal é real, é obra do homem, e precisa-mos fazer algo a respeito. Mas não esta-mos enfrentando o fim do mundo.

A ciência climática é uma disciplinasutil e diabolicamente complicada queraramente produz previsões inequívo-cas ou prescrições simples. E, depois de20 anos de muita conversa, mas poucaação, uma certa quantidade de frustra-ção é esperada. Há um compreensível

desejo de querer cortar o pa-lavreado e agitar as pessoaspelos ombros.

Infelizmente, tentar apa-vorar a população tambémnão ajuda.Sim,uma estatís-

tica alarmante, combinadacom alguma conversa aterro-

rizante, nos fará sentar e prestaratenção.Mas nós ficaremos rapidamenteinsensíveis, precisando de mais cenárioshorríveis para nos movimentar.

Isso talvez explique os últimos dadosde pesquisas que mostram que a preo-cupação pública sobre o aquecimentoglobal tem diminuído drásticamen-te nos últimos três anos. Nos EstadosUnidos, por exemplo, o Instituto Pewmostrou que o número de americanosque veem o aquecimento global comoum problema muito sério caiu de 44%em abril de 2008 para apenas 35% emoutubro passado. Mais recentemente,um estudo da BBC descobriu que ape-nas 26% dos britânicos acreditam quea mudança climática causada pelo ho-mem está acontecendo, ante 41% emnovembro de 2009. E, na Alemanha, arevista Der Spiegel trouxe o resultadode uma pesquisa em que apenas 42%têm medo do aquecimento global. Em2006, eram 62%.

O medo pode ser um grande moti-vador a curto prazo, mas é uma baseterrível para decisões inteligentes sobreproblemas complicados que deman-dam todo o nosso raciocínio por umlongo período.

BJORN LOMBORG é o diretor do Centro de Consenso de Copenhague,e autor dos livros O Ambientalista Cético e Cool It – Muita Calma Nessa Hora

– O Guia de um Ambientalista Cético Sobre o Aquecimento Global

O medopode ser um

grande motivadora curto prazo, masé uma base terrível

para decisõesinteligentes

Gostemosou não, o

aquecimento global éreal, é obra do homem.

Mas não estamosenfrentando o fim

do mundo

FOTO NO DETALHE: RICARDO JAEGER, BD, 27/01/2005

Page 8: Nosso Mundo Sustentável - Edição 043

www.souzacruz.com.br

AA SSOOUUZZAA CCRRUUZZ EEMM NNÚÚMMEERROOSS::

EM 2010, A SOUZA CRUZ INVESTIU AINDA MAISNA CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO SUSTENTÁVEL.

A Souza Cruz lidera o mercado brasileiro de tabaco de forma responsável e inovadora, visando a sustentabilidade do seu negócio, da cadeia produtivae da sociedade. Durante o ano de 2010, além de gerar renda para milhares de brasileiros, também priorizou investimentos em programas sociaise ambientais. Tudo isso porque acredita no seu papel de contribuir para a construção de um mundo sustentável por meio de suas ações. E desejacontinuar sendo motivo de orgulho para todos os brasileiros, se destacando como uma das maiores empresas do País. Em tamanho e responsabilidade.

• 7.200 colaboradores;• Geração de mais de 240.000 empregos em toda

a cadeia produtiva;• Cerca de 40.000 produtores rurais atuando

em parceria;• Pioneira na exportação de tabaco desde a

década de 60, já exportou mais de 2 milhõesde toneladas para os 5 continentes;

• Mais de R$ 6 bilhões/ano em impostos pagos;

• 3 parques ambientais;• 3 fazendas energéticas;• 96% de resíduos reciclados;• 60% de matriz energética renovável;• Carbono neutralizado com 85% de

emissões neutras e os 15% restantessendo compensados com árvoresplantadas nas áreas de preservaçãomantidas pela Companhia.