Nossa Terra No.02

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Nossa Terra CEARÁ Governo do Estado do Ceará | Secretaria de Desenvolvimento Agrário n°2 | ano 01 | dezembro | 2009 Agricultura Familiar o desenvolvimento passa por aqui Algas Marinhas Mandiocultura Tratores Portal SDA Galinha Caipira Casa de Mel Mamona

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revista "Nossa terra Ceará" Numero 02 da Secretaria do Desenvolvimento Agrário - Governo do Estado do Ceará

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Nossa TerraCEARÁ

Governo do Estado do Ceará | Secretaria de Desenvolvimento Agrário

n°2

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Agricultura Familiaro desenvolvimento passa por aqui

Algas MarinhasMandiocultura

TratoresPortal SDA

Galinha CaipiraCasa de Mel

Mamona

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Cid Ferreira GomesGovernador do Estado do Ceará

Camilo Sobreira de SantanaSecretário do Desenvolvimento Agrário do Estado

Antônio Rodrigues AmorimSecretário Adjunto da SDA

Wilson Vasconcelos BrandãoSecretário Executivo da SDA

José Maria PimentaPresidente da Ematerce

Edílson de CastroPresidente da Agência de Defesa Agropecuária

Francisco BessaSuperintendente do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace)

Marcelo PinheiroPresidente do Instituto Agroplos do Ceará

Reginaldo MoreiraPresidente da Central Abastecimento do Ceará(Ceasa)

Coordenação Editorial - Celso OlivieraTextos - Natércia Rocha

Fotografia - Celso Oliveira, Davi Pinheiro, Fábio Lima Projeto gráfico - ponto2design

Digitalização e Tratamento de Imagens: Local FotoJornalista responsável: Natércia Rocha ( Registro n.39996-SP)

Contatos: Assessoria de Comunicação e Marketing da Sercretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará85. 31017631 / 3101.8058 / www.sda.ce.gov.br / [email protected]

Tiragem: 5.000 exemplares / Impressão: Expressão Gráfica

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Secretaria dp Desenvolvimneto Agrário

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Sumário

Projeto de Algas

Mandiocultura

Tratores

Portal SDA

Galinha Caipira

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Substituição de Copas

Casa de Mel

Entrevista

NONONONO

NOnononon

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Até chegar à maloca revestida de palha de coqueiro, erguida em meio ao estirão de areia, a paisagem de mar retilíneo é deslumbrante. E o sol a pino das primeiras horas da manhã, acompanhado dos ventos fortes dessa época do ano, não impedem que moradores do Assentamento Maceió, em Itapipo-ca, costa oeste do Ceará, se reúnam em mutirão para trabalhar a principal matéria-prima do lugar: as algas

Projeto de Algas

Projeto de algas mobiliza assentamento Maceió

Itapipoca - CE

No Assentamento Maceió, em Itapipoca, equipes trabalham estruturas de cordas com algas que serão “plantadas” no mar.

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Juntos, pescadores, agricultores e ma-risqueiras se acomodam pelo chão para montagem dos 50 metros de cordas, adquiridas há pouco mais de um ano, com recursos do Projeto São José. Nas cordas, mudas extraídas nas marés baixas, já limpas, e espalhadas sobre a lona preta, são presas às cordas e, depois, em paquetes, levadas ao mar para serem plantadas em estruturas de madeira submersa.É com apoio financeiro e visando gera-ção de emprego e renda, que o Gover-no do Estado do Ceará, através da Se-cretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), está investindo no cultivo, pro-dução e comercialização das algas pro-venientes do Assentamento Maceió.

“Meus bisavós moravam aqui e quere-mos que nossos tataranetos continuem tirando seu sustento desse lugar, que é nosso por direito, conquistado através da luta do povo”, diz, com firmeza, dona Ana Maria Félix Pinto, maris-queira e presidente da Associação do Imóvel do Assentamento Maceió.E continua. “Antes, a gente colhia alga somente na época de maré, em Lua Nova e Lua Cheia. Botava pra secar estendida no sol, levava pra casa no lombo do jumento e dava tudo quase de graça na mão do atravessador. De-pois do Projeto São José, que pra mui-ta gente parece pouco, a comunidade planta as corda no mar, zela, colhe, guarda, elas tão crescendo mais rápi-

do que antes. Era isso que precisava pra garantir vida e sustento de nossos filho por aqui. Ninguém quer ir caçar sufoco na cidade grande”, reflete dona Ana. O registro da retirada de algas no litoral do Ceará data da década de 70. Naquele tempo, e até um ano atrás no Assentamento Maceió, as algas mari-nhas eram extraídas de bancos natu-rais, coletadas na praia e secas na areia. Claro que, além de desvalorizadas para comercialização, com o passar dos tempos, as retiradas constantes su-peraram a capacidade de preservação dos bancos naturais de algas, causando redução no volume extraído. Menos produto, pouco trabalho, nenhuma renda. A migração parecia inevitável.

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“O projeto de algas que esse governo trouxe pro assentamento, comple-menta o plantio da terra e pode dar uma vida melhor pra nós e pras futuras gerações. Agora a gente tem condições de produzir alga em larga escala”, garante o pescador artesanal e agricultor, Francisco Gaspar dos Anjos, o Chico, empolgado com o resultado da primeira colheita marinha.

A história desse pescador não é “história de pescador”

O trabalho com algas gera emprego e renda para famílias inteiras no Assentamento Maceió, litoral oeste do Ceará.

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Com a liberação da primeira parcela do Projeto São José, moradores de três (Maceió, Jacaré e Apiques), das 11 comunidades que vivem diretamente da pes-ca dentro do Assentamento Maceió, compraram cordas para trabalhar. Com liberação da segunda parcela, eles já começaram a construir galpão e secadores solares ali mesmo, no campo de dunas.

“Foi montado 50 metro de corda, com 50 secundária de um metro. Primeiro montamo sete corda, como experiência, para ver se a área era propícia. O resul-tado primeiro foi muito bom. Hoje, aqui, tem quatro equipes, com seis pessoas, implantando 24 estruturas, que são dois módulos, cada um com 12 estruturas. E nossa visão é expandir mais”, diz Chico.Empolgado, o pescador destaca a recente capacitação ministrada por ONG lo-cal, com palestras a respeito de como produzir, preparar e comercializar de forma sustentável as algas do Assentamento Maceió. A melhoria no processo produtivo permitiu que o preço da alga seca, saltasse de R$ 0,30 para R$ 15,00 o quilo.“Está iniciada a construção do galpão para armazenar material, bomba de água doce e secador a base de energia solar. Esse projeto da SDA ajuda o pescador na área da produção e representa a força da resistência contra a expansão imo-biliária. Tem gente que pensa que no litoral do Ceará só tem turismo. Por causa desse trabalho aqui, o jovem não precisa ir embora, buscar sonho longe da rea-lidade dele”, enfatiza o pescador Gaspar dos Anjos.

“O projeto das algas é mais um incentivo para estimular o pescador. Porque pesca não dá sustentabilidade todo o tempo, tem época que pára. Essa é mais uma forma de conseguir renda, de dar condições para o pescador viver na praia”.Francisco Luiz Sousa FelixPresidente da Colônia Z3, do município de Itapipoca.

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“Esse trabalho resgata o trabalho das mulheres e chega como mais uma fon-te de renda. Os homens têm o pesca-do, a agricultura e, também, as algas. Todos querem permanecer nessa faixa de terra para preservar e cuidar. Esse assentamento é grande, demanda muitas questões do litoral e o Projeto São José, além de prever a geração de renda, cuida da fixação do homem no mar”.

A luta pelos 5.844 hectares de terras do Assentamento Maceió, localiza-do no distrito de Marinheiros, em Itapipoca, litoral oeste do Ceará, se deu na década de 80. A população é estimada em 800 famílias, distri-buídas em 11 comunidades: Apiques, Bom Jesus, Mateus, Córrego da Estrada, Barra do Córrego, Coqueiro, Humaitá, Jacaré, Lagoa Grande, Maceió e Bode. A comunidade de Maceió é a maior, por isso dá nome ao assentamento. O lugar é formado por zonas de praia, pós-praia, cam-pos de dunas, lagoas, riachos e mata de tabuleiro.

Maria das Graças Nascimento e Pedro da Conceição Sousa, trabalhadores rurais e assentados.

Algas marinhas são plan-tas primitivas, despro-vidas de caules, raízes e folhas. Também não possuem sistemas vas-culares, nem produzem flores, sementes ou fru-tos. O sistema reprodu-tor é caracteristicamen-te unicelular, ou seja, a reprodução ocorre por divisão celular, assexua-da. São encontradas em costas rochosas, agarra-das às pedras.

Raimundo Filho dos Santos, o Pequeno Técnico em Agropecuária e morador do Assentamento Maceió

Você sabia...

“É importante essa parceria do Gover-no do Ceará porque abriu perspectiva que não tinha antes. Sem o projeto, isso tudo aqui não estaria acontecendo. Acompanho essa comunidade desde 1976, quando começou, na Igreja Ca-tólica, o Movimento das Comunidades Eclesiais de Base. E esse lugar sempre se destacou pelo interesse e organização”.

Maria Alice Mccabe - Americana naturalizada brasileira, freira da Congregação Notre Dame de Namur, ex-companheira da religiosa Dorothy Stang.

“Esse trabalho resgata o trabalho das mulheres e chega como mais uma fon-te de renda. Os homens têm o pesca-do, a agricultura e, também, as algas. Todos querem permanecer nessa faixa de terra para preservar e cuidar. Esse assentamento é grande, demanda muitas questões do litoral e o Projeto São José, além de prever a geração de renda, cuida da fixação do homem no mar”.

Raimundo Filho dos Santos, o Pequeno Técnico em Agropecuária e morador do Assentamento Maceió

Serviço: informações pelo telefone (88) 3673.7052

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Ensaio

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Mandiocultura

Organizados em grupos comunitários, pequenos produtores do Assen-tamento da Fazenda Estreito, em Camocim enchem os cestos de palha com a macaxeira colhida na roça e colocada na balança ali mesmo, meio do tempo, para controle de pesagem. Depois de tudo anotado e com a matéria-prima aprumada na carroça, o cortejo se prepara para ir em dire-ção à Casa de Farinha recém-construída.

Mandiocultura melhora qualidade da farinha no Ceará - Camocim - CE

Agricultores Familiares e técnicos comemoram o sucesso da primeira colheita da variedade de mandioca, tipo Pretinha, que aumentou a colheita da safra de 8 para 35 mil quilos por hectare.

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Mas, antes de seguir adiante, na Unida-de Técnica Demonstrativa de Mandio-ca (UTD), agricultores familiares co-memoram o resultado da experiência pioneira implantada na Região Norte do Estado: o rendimento e a qualidade da Mandioca Tipo Pretinha, adquirida através do Programa de Distribuição de Sementes e Mudas, que superou todas as expectativas.Somente no segundo semestre de 2009, a unidade de teste rendeu mais de 35 mil quilos por hectare, média de 3,5 quilos por planta. As varieda-des tradicionalmente usadas na região nunca superaram a casa dos oito mil quilos por hectare.Essa revolução está sendo possível devido aos investimentos realizados através do Projeto de Modernização e Fortalecimento do Setor da Man-diocultura, programa que o Governo do Estado do Ceará, através da Se-cretaria do Desenvolvimento Agrário, vem dedicando atenção especial. São propostas simples e inovadoras, como preparo correto do solo, cultivo no momento oportuno, plantio de alta produtividade, espaçamento adequa-do e seleção de manivas-sementes e outros, mas que estão fazendo a dife-rença no campo.

BASE DA ECONOMIANo Ceará, a cultura da mandioca constitui a base da economia dos agri-cultores familiares das regiões Litorâ-nea, Chapada do Araripe e Chapada da Ibiapaba. De acordo com Antonio Raimundo dos Santos, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), estudos recentes mostram que 85% do que é produzido nessas zonas mandioqueiras, ocupam a maior parcela da força de trabalho das famílias rurais, além de seus pro-dutos serem inteiramente destinados à alimentação humana.“O que torna o cultivo da mandioca sustentável, é a capacidade de produzir em solos cujo teor de fósforo é baixo, além de realizar fotossíntese em con-dições de estresse hídrico, sem falar

nas muitas utilidades e aplicabilidades no consumo humano, no preparo de bolo, beiju, broa, carimã (puba), con-feitos, farinha, goma, macaxeira cozida ou frita, mingau, maniçoba, pão, tor-ta, tapioca e muito mais”, destacou o engenheiro-agrônomo.O cultivo da mandioca também faz a diferença na alimentação animal, atra-vés da mandioca fresca (raiz e parte

No Ceará, a cultura da mandioca constitui a base da economia dos agricultores familiares das regiões Litorânea, Chapada do Araripe e Chapada da Ibiapaba.

aérea), seca (raspa e feno) e ensilada (raiz e parte aérea). Na indústria, a participação também é significativa, sendo usada na produção de adesivo, álcool, borracha artificial, bandeja de ovos, cola, cimento, duratex, farinha, fécula, fita gomada, fita isolante, inseti-cida, movelaria, mineração, macarrão, perfuração de poço de petróleo, papel, papelão, remédio, têxtil e outros.

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Antigamente era assim: área de raspagem sem reservatório para lavar raízes, fornecimento de água irregular, chão batido, paredes caindo, teto escurecido pela fumaça, quase sempre coberto de teias de aranha e animais domésticos circu-lando. O resultado não podia ser outro: produ-ção, preço e qualidade lá em baixo.

Tem grossa, fina, quebradinha...

Modernização das Casas de Farinha geram emprego, renda e melhoram a qualidade de vida de agricultores familiares no interior do Estado

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Hoje a realidade é outra. Com o pro-jeto das novas Casas de Farinha, os espaços de descascamento, lavagem, produção e armazenamento da maca-xeira foram reorganizados. E as ativi-dades entre famílias, reestruturadas. Agora, as mulheres responsáveis pela raspagem da mandioca, colhida na hora pelos homens do lugar, cuidam em eliminar toda terra das raízes, re-vezando o modo de tirar a casca: uma descasca metade, e outra, de mãos limpas, elimina a parte que falta. To-talmente sem casca, as macaxeiras são lavadas em tanque de água corrente. O capricho feminino na limpeza tem co-laborado no aumento na renda rural.

De acordo com o secretário do Desen-volvimento Agrário, Camilo Santana, as unidades modernas de Casas de Fa-rinha reduziram o consumo de lenha em 50% e os produtores passaram a se preocupar com o destino da mani-pueira* e o equilíbrio ecológico. Até 2011, a meta é realizar 440 convênios de modernização com associações de pequenos produtores rurais.“Havia gestão e tecnologia ultrapassa-das, bloqueio nos canais de comercia-lização, insuficiência no crédito rural, ineficiência na política de preços mí-nimos, produtividade baixa, e outros. Esse trabalho de Modernização, inclu-sive incentivando as Boas Práticas de

Fabricação (BPF)*, aumentou o nível das bases de organização das comuni-dades, melhorou índices de produtivi-dade no campo, novas alternativas de mercado estão aparecendo para o agri-cultor familiar”, destaca o secretário do Desenvolvimento Agrário, Camilo Santana.Mas, o funcionamento das instalações modernas, equipadas com forno auto-mático, prensa, balança, depósito, ce-vador, peneira e outros, mesmo com tudo já em pleno funcionamento na Fazenda Estreito, o leitor irá conhe-cer na experiência da Associação dos Pequenos Produtores do Sítio São Tomé, lá no município de Itapipoca.

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ANTIGAS CASAS DE FARINHA SãO RESTAURADAS Depois de plantada a maniva e colhida na roça, a macaxeira é levada para Casa de Farinha, descascada e colocada na água para amolecer e fermentar ou pubar. Em seguida, a mandioca é triturada ou ralada em pilão ou no ralador ou caititu. A parte ralada cai em uma espécie de cocho, depois é prensada no tipiti (tipi = espremer e ti = líquido, na língua tupi) onde é retirado um líquido venenoso chamado manipueira (ácido anídrico). A massa da mandioca que decanta durante a pubagem, a popular goma, é lar-gamente utilizada nas cozinhas do interior cearense. Com ela são preparadas tapiocas, bolos, sequilhos, mingaus e ainda para ‘engomar’ roupas.

Boas Práticas de Fabricação (BPF) são medidas que devem ser ado-tadas pelas indústrias de alimen-tos a fim de garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos alimentícios com os regulamentos técnicos. A Legis-lação Sanitária Federal regula-menta essas medidas em caráter geral, aplicáveis a todo o tipo de indústria de alimentos, e específi-co, voltadas às indústrias que pro-cessam determinadas categorias de alimentos.

Manipueira é o resíduo líquido gerado na prensagem da mandio-ca, com alto teor de toxicidade, geralmente despejado nos rios e no solo. Estudos divulgados no site da Universidade de Campinas (Unicamp) mostram a “Produção de Biossurfactantes Utilizando Manipueira como Substrato”. Pesquisadores descobriram um processo para aproveitar a água derivada da prensagem de man-dioca na produção de biossur-factantes, substância que alcança níveis de 80% no refino do petró-leo incorporado em areia, além de ter grande potencial nas indús-trias alimentícia e fármaca.

Você sabia...

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PROJETO DE MODERNIzAçãO E FORTALECIMENTO DO SETOR DA MANDIOCULTURAAntonio Ricardo da Mota é um dos 21 agricultores familiares que moram no Sítio São Tomé, em Itapipoca, região Norte do Ceará. Ele está satisfeito com o incremento que o Governo do Es-tado vem dando ao Setor da Mandio-cultura. “Hoje nóis arranquemo uns 600 quilo, raspemo, tornemo a lavar a mandioca. Depois moemo a premera vez, depois lavemo e foi na prensa, foi tirando a goma, foi espremendo. De-pois continuou peneirando na máqui-na e botemo no forno. Aí tem que ver quando tiver bem grolada. Tira, deixa esfriar e passa na peneira fina de novo. Depois toca no fogo até dá o ponto bom da farinha”, ensina o agricultor.

Serviço: mais informações na Ematerce (85) 3101.2416

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Ensaio

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Tratores

Francisco Monteiro de Sá veio receber o trator doado para Associação Comunitária para o Progresso do Sítio Unha-de-Gato, do município de Ipaumirim, Centro-sul do Ceará

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“Por causa de uma única chuva que dá, e o sujeito não havia preparado a terra devido à falta do trator, perde a safra inteira. Já vi caboco plantar na sexta e outro na segunda. O primeiro, que pegou a chuva, vingou a plantação toda. O segundo foi só derrota”.

100 Tratores – A entrega que entrou para a história

Essa experiência foi narrada por seu Francisco Alves da Silva, presidente da Associação dos Pequenos Produto-res do Sítio São José, em Juazeiro do Norte, região do Cariri, no dia em que deixou a terrinha para vir à Fortaleza somente participar de uma solenidade, coisa rara de acontecer. Mas o motivo era justo. Seu Francis-co, e líderes comunitários de 93 mu-nicípios do Ceará, vieram à Capital a convite do Governo do Estado, como personagens principais das associações beneficiadas com 100 tratores, equipa-dos com escarificador, sulcador, bate-deira de feijão, debulhadora de milho e bombas de lubrificar. Um marco na história agrícola do Ceará. E a festa foi inesquecível. Com as má-quinas perfiladas ao longo da Avenida

Bezerra de Menezes, em frente à sede da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), o governador Cid Fer-reira Gomes, o secretário Camilo So-breira de Santana, autoridades e con-vidados, comemoraram a conquista junto aos companheiros do campo.

“Diminuir os custos de produção, fa-zer o preparo do solo na hora certa e de forma correta, é o sonho de todo agricultor. O sertanejo está se organi-zando, tendo condições de programar suas atividades. O governo do presi-dente Lula prioriza o trabalhador de base familiar. Essa ação grandiosa vem coroar o compromisso dele, e de todos nós, com a melhoria da qualidade de vida no sertão”, destacou o governador Cid Gomes.

Francisco Alves da Silva, presidente da Associação dos Pequenos Produtores

do Sítio São José, em Juazeiro do Norte

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Trat

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MECANIzAçãO INCREMENTA AGRICULTURA FAMILIAR O investimento de R$ 9 milhões, que atendeu seis mil famílias, de 93 muni-cípios do Estado, foi realizado através do Projeto São José, com recursos do Banco Mundial. O objetivo da compra visa aumentar a produção das lavouras de pequenos produtores rurais através da mecanização agrícola. Além dos tra-tores, foram entregues implementos e os beneficiados capacitados para utili-zarem bem as máquinas. “A compra coletiva permitiu que cada trator saísse ao custo de R$ 51 mil, eco-nomizamos R$ 20 mil por máquina, do que estava previsto ser gasto. Com isso, ficamos com recursos para inves-tir em novos equipamentos e benefi-ciar outras comunidades”, enfatizou o secretário Camilo Santana.Naquela manhã antológica, quando os discursos e as entregas das chaves ha-viam cessado, os tratores foram ligados e todos saíram em carreata pelas ruas.

O Banco Mundial custeou o investimento de R$ 9 milhões para a compra dos novos tratores

O governador Cid Gomes na entrega dos Tratores.

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MECANIzAçãO INCREMENTA AGRICULTURA FAMILIAR Dias depois, longe da Capital, quando os primeiros tratores começavam a ser distribuídos pelo Interior, moradores do distrito Caxitoré, em Umirim, zona Norte do Ceará, fizeram um reboliço para receber a promessa de melhoria da comunidade.“Esse é o começo para o trabalhador melhorar o sistema de produção. Os custos vão baixar e todos terão que aprender a gerenciar essa empresa co-letiva, que tem 100 donos. Para isso, é necessário transparência no gerencia-mento desse bem de produção, por-que vai refletir na renda dos produto-res”, ressalta o engenheiro-agrônomo da Ematerce, Manoel Sousa Neto.De fato. Para que os tratores cumpram as funções para as quais foram adqui-ridos, representantes das associações receberam capacitação ministrada por técnicos da Ematerce. O objetivo do treinamento foi garantir a utilização sustentável do solo, através da quali-ficação dos trabalhadores rurais, para uso adequado do trator e seus imple-mentos. “A capacitação incentiva e di-funde práticas de conservação de solo, eleva a vida útil das máquinas, além de reduzir o processo erosivo nas áreas mecanizadas”, completou o técnico. Mas é para trabalhar na preparação do solo de forma diferenciada, através do método de captação de água chamado “In Situ”, que o uso dos tratores deve ser incentivado. A próxima matéria mostra a técnica de preparo do solo que, associado à captação e armazena-mento de água da chuva por meio de sulcos, favorece a retenção da umidade por mais tempo, melhorando o apro-veitamento das plantas.Dona Antonia Isabel Pinto Chaves é presidente da Associação Comunitária do Distrito de Caxitoré, em Umirim. Nasceu lá. O pai, no final da década de 50, chegou ao lugar para morar na vila de casas construídas pelo Departamen-to Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Naquele tempo, trabalhou de operário na construção do açude Ca-

xitoré, nas frentes que arregimentavam mão de obra dos “cassacos”. O açude ficou pronto em 1960, “e a primeira sangria foi em 62”, relembra Isabel. “Esse trator vai beneficiar 100 famílias, das localidades de Caxitoré , Torrões, Limoeiro, Oiticica, Umari e Recife. Para nós, isso aqui é um sonho realiza-do, vem trazendo vida nova, incentivo e valorização ao homem do campo. É muito necessário que o Governo ofe-reça projetos produtivos, que gerem renda, que animem o povo. É preciso que o agricultor tenha consciência que tem alguém olhando por ele”.

Antonia Isabel Pinto ChavesPresidente da Associação Comunitária

do Distrito de Caxitoré, em Umirim

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Site da Secretaria de Desenvolvimento Agrário está de cara nova, facili-tando ainda mais a vida do agricultor.

Portal da SDA: de cara nova e com outras utilidades para o agricultor familiar.

Atenção! Você que já conhecia o por-tal da SDA reconhecerá todas as mu-danças que fizemos. Mas, se você ain-da não conhece nosso portal, chegou o momento de acessá-lo e descobrir as diversas novidades e utilidades que ele pode proporcionar aos mais de 300 mil agricultores e agricultoras familia-res de nosso estado e demais gestores da administração. Neste novo Por-tal da Agricultura Familiar podemos encontrar os mais diversos serviços e informações institucionais: 1.Acesso a sistemas da SDA; 2. Solicitação de Benefícios; 3. Consulta Centralizada aos programas e projetos da secretaria (Projetos Mapp); 4. Pesquisa de con-tatos por projetos e setor; 5. Acesso a documentação técnica agropecuária; 5. Consulta de Convênios; 6. Relatórios gerenciais Além de tudo isso, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Esta-do do Ceará - SDA disponibilizou um programa no Portal, em que o(a) agricultor(a) poderá, através do seu

CPF e senha, saber as informações unificadas pertinentes a ele contida nos cadastros da própria SDA e de suas vinculadas (ADAGRI, EMATERCE, IDACE e CEASA) que contará com informações como: dados pessoais do agricultor (nome, número da DAP – Declaração de Aptidão do Pronaf, cpf, endereço), dados de sua propriedade (nome do imóvel, localização, área, exploração agropecuária), programas e projetos no qual ele participa (Garantia Safra, Programa Biodiesel, Cisterna, etc.) e outras informações. Este programa nasceu da iniciativa do secretário Camilo Santana que desejou ver uma integração na base de dados da secretaria, ou seja, todos os dados referentes aos agricultores podendo ser acessados de forma centralizada num local específico e de fácil utilização. Desta forma, a SDA oferece a todos os agricultores familiares e gestores pú-blicos, uma poderosa fonte de acesso a informações e serviços relacionados a agricultura familiar de nosso Estado.

O Portal da Agricultura Familiar está disponível no endereço : www.sda.ce.gov.br

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Ensaio

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Galinhas Caipira

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A história que será contada agora é um exemplo ímpar da revolução silenciosa que vem transformando a realidade do sertanejo que vive no semiárido cea-rense. Relatos de vidas de pessoas sim-ples, que trabalham de janeiro a janei-ro, ora com tempo bonito pra chover, ora “numa seca medonha”, mas que, com políticas públicas cada vez mais presentes no campo, veem florescer o potencial de suas capacidades.As 22 famílias da Associação Comu-nitária dos Assentados da Fazenda Estreito, que moram e trabalham nos 638 hectares, adquirido em 2007, atra-vés do Programa Nacional de Crédito Fundiário, na Linha de Combate à Po-breza Rural, do Governo Federal, vem construindo uma espécie de empresa do campo.No lugar, foi investido cerca de R$ 385 mil na construção de um estábulo, 21 casas, quatro hectares de reserva legal, três hectares de feijão irrigado, 10 hec-

tares de capim, quatro hectares de sa-biá, abastecimento de água de todas as casas, uma agroindústria, um aprisco, um aviário, quatro hectares de fruticul-tura irrigada, reforma de duas casas e compra de equipamentos agrícolas.São através de ações amplas e resulta-dos práticos, que Governo do Estado, através da Secretaria do Desenvolvi-mento Agrário (SDA), compactua e afina o discurso na realização de pro-gramas, criando ambientes propícios para evolução da agricultura familiar. “Estamos acompanhando esse assenta-mento desde a desapropriação e aqui-sição da terra. Discutimos com produ-tores e agricultores familiares a questão de projetos integrados que, de fato, deem sustentabilidade ao assentamen-to”, destaca o gerente local da Empre-sa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce), Marcos Antonio Monteiro Freitas.

De Estreito a Fazenda só tem o nome. Na verdade, o pedaço de terra es-condido no meio do mato, lá no extremo norte do Ceará, distante 36 qui-lômetros do município de Camocim, é abundante, largo, farto e espaçoso.

Assentamento Fazenda Estreito é exemplo de

Empresa Rural

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GALINHAS SãO CRIADAS LIVRES NO TERREIRO O passeio pela propriedade, digno de roteiro turístico, começou com visita ao antigo galpão de galinha de corte, hoje adaptado para galinha caipira de postura. Conquistado através do SIC de Avicultura Caipira Poedeira, o projeto no valor de pouco menos de R$ 30 mil, conta hoje com quase 400 galinhas pondo, em média, 200 ovos/dia, produção que já sai do assentamento com venda certa para Barroquinha, Camocim e Granja. Outro fato que chamou atenção é a questão do gênero envolvendo a unidade familiar. Ao redor das galinhas poedeiras, mulheres e jovens se revezam nos trabalhos que não podem parar. É coletar ovos, servir ração, manter água nos bebedouros e até observar o com-portamento das ´bichinhas´ entre galpão e piquete, que é de porta aberta. “Todo trabalho aqui é vinculado e dentro de procedimentos agroecológicos”, garante o agricultor Serapião Nascimento.E complementa. “Essa cama que fica aí no galinheiro (esterco), com a maravalha (raspa de madeira), a gente utiliza tudo na biocompostagem. A agricultura está transformando esse assentamento de 22 famílias, em uma só. Isso é agricultura familiar de verdade”, lembra Nascimento.

As galinhas tomam banho de sol, vão e vêm do galpão ao piquete quando querem, comem capim e

ração de postura e são colocadas nos cochos para incentivar a

postura dos ovos .

Trat

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O galpão de 8m de largura e 16 de comprimento, que já existia na propriedade, foi reformado e es-truturado para criação de aves de postura. Foi construído piquete de 16m de largura por 50m de com-primento, junto ao galpão, com tela de galinheiro. E, no piquete, montado sistema de irrigação con-vencional, feita adubação mineral e plantado a lanço o capim Bra-chiaria Decumbens, como fonte de alimento volumoso.

Foram compradas pintainhas se-xadas com apenas dois dias de vida da raça Lohmann Brown. An-tes da chegada das pintainhas foi feita desinfecção do galpão com o lança chamas, colocada cama-da de 10cm de maravalha (raspa de madeira) no piso e montados os equipamentos (comedouros, bebedouros, círculo de proteção e campânula). A utilização do círculo de proteção e da campâ-nula tem como objetivo controlar a temperatura corporal das aves na fase de pintos até o 10° dia de vida, uma vez que não possuem o aparelho termorregulador desen-volvido.

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O sistema de criação é de forma semi-intensiva, onde as aves a partir da 3ª semana de vida passam parte do dia no galpão recebendo ração concentrada (balanceada) nas fases: Inicial (até a 6ª semana); Crescimento (da 7ª a 17ª semana); e Postura (da 18ª a 80ª semana); e algumas horas pastando no piquete. As aves são pesadas semanalmente (10% do lote) para controle da conversão alimentar (consumo de ração x ganho de peso).

Os assentados vendem ovos nas comunidades vizinhas ao assenta-mento, nos municí-pios de Barroquinha, Chaval e Camocim. A bandeja com 30 ovos é vendida a R$ 6,00. O acompanhamento e assistência técni-ca desse e de outros projetos existentes no Assentamento Estreito são feitos pela Emater-ce, por equipe de três técnicos: um zootec-nista, um engenheiro agrônomo e um técnico em agropecuária.

Serviço: mais Informações na Ematerce de Camocim 85. 3621.6488 ou 85. 8616.6751

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Ensaio

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Mudança de Copas

Seu Chico Colondrongo, do Sítio Jacarandá, em Camocim, confessa que estranhou o projeto de substituição de copas. Hoje, garante ter sido o melhor investimento feito em suas terras.

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Bom contador de histórias, seu Francisco José de Araújo, carrega além do nome de batismo do pai e do avô, o apelido que também fora dos três: Chico Colondrongo. O velho guerreiro hoje caminha satisfeito entre pomares de cerca de 800 cajueiros que tiveram suas copas substituí-das nos últimos anos.

Substituição de Copas de Cajueiro aumenta produtividade

Mas nem sempre foi assim. No come-ço, conta ele, “chegou esses home aqui pra fazer uma enxertia nesses cajueiro. Eu, que não tinha conhecimento do produto, pensei: rapaz, tem que der-ribar meus pé. Num queria aceitar de jeito nenhum. Mas meu filho entrou na história e acabou que quedaro 30 pés, escapou 28. Passou-se dois mês e eles viero fazer a tal enxertia. Com pouco mais começou sair os olhozim, e a crescer, e a crescer, e a florar”, re-corda seu Chico. A história das terras de seu Chico, e de mais 2.500 novos hectares com previsão de substituição de copas de cajueiro, é o retrato do desenvolvi-mento sustentável do agronegócio do caju, implementado no interior do Ce-ará. E, para incentivar o crescimento da Cajucultura, o Governo do Estado criou, no primeiro semestre de 2009, a Câmara Setorial do Caju, composta

por integrantes da cadeia produtiva, incluindo segmentos da produção, be-neficiamento e setor público. A meta é que a Câmara acompanhe ações e projetos, inclusive o subsídio oferecido pelo Governo no valor de R$ 600 por hectare de caju plantado.

Enquanto isso, seu Chico Colondron-go segue andando depressa no meio do mato, contando suas histórias. “Aí eles aconselharo: tire a premera flor. Meu menino tirou. Desde esse ano em diante, colho aqui o melhor caju que já vi na vida. Vem gente de todo canto procurar, bom de lutar, é de pegar caju com a mão, e o chão fica grossim de castanha. Até ano passado foi cortado caju aqui. De pouco, devagar, porque gosto de deixar tudo direito, cuidar da pausaria, das folha, é uma mão-de-obra forte. Mas estou vendo o resulta-do dessa luta”.

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Lúcia Sousa Melo Freitas é a primeira mulher nomeada pelo Estado a ocupar o cargo de Gerente Regional da Ematerce no Ceará. Apressando o passo para acompanhar seu Chico Colondrongo pelo pomar de caju, a administradora fa-lou do desafio que é fazer com que projetos do Governo sejam bem aplicados nos seis municípios que coordena: Chaval, Barroquinha, Granja, Martinópolis, Uruoca e Camocim. “Hoje o Estado está presente em todas as atividades, somos o governo no cam-po, podemos ajudar mais e melhor ao agricultor familiar. Trabalhamos para que essas famílias tenham um desenvolvimento sustentável. E sustentabilidade é fa-zer com que haja no campo atividades integradas, calendário sazonal, produção o ano inteiro. Sustentabilidade se faz no dia-a-dia”, orienta Lúcia.E finaliza. “Me sinto feliz por ser pioneira na gerência feminina da Ematerce. No mais é trabalhar para dar aos homens e mulheres do campo a assistência de qualidade, dedicação e compromisso que eles merecem”.

Desenvolvimento sustentável é meta em Camocim

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De filho para pai. As novas gerações do Sítio Jacarandá aprendem e ensinam como melhorar a produção do caju no interior do Ceará.

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Márcio Araújo é filho de seu Chico Colondrongo, e um dos principais enxer-tadores da região. Somente na propriedade da família, cerca de 750 plantas foram cortadas e enxertadas com substituição de copas. Ele explicou o traba-lho de enxertia realizado dentro do Programa de Substituição de Copas em Cajueiros pouco produtivos.“Aqui na região eram produzido de 250 a 300 quilos por hectare de cajueiro comum adulto. Com essa tecnologia, a produção saltou para 500, 600 quilos. Para fazer esse trabalho, escolho a planta para tirar material genético e faço uma poda drástica. Corto toda planta, deixo só os galho seco, adubo e irrigo. A partir daí a planta começa brolhar. Esses brolhos, chamado garfo, é o ma-terial genético que é levado para outra planta, cortada em outra propriedade. Desses garfos, tiro as borbulhas, como se fosse uma gema que se encontra na planta. Tiro com canivete e enxerto no galho de outra planta cortada. Esse é o processo”.

VOCÊ SABIA...A Câmara Setorial do Caju, formaliza-da a partir da Portaria Nº 086/2009, é composta por representantes que inte-gram sua cadeia produtiva, incluindo os segmentos da produção, beneficia-mento e setor público. O Ceará possui 57.577 produtores, ocupando área de 386.757 hectares. O setor do caju é responsável pela geração de 28 mil em-pregos no campo, e mais de 15 mil na indústria. O caju também é recordista na pauta de exportações do Ceará. Em 2008, as exportações de castanha de caju somaram US$ 150 milhões, re-presentando 11,46% do total exporta-do, ficando atrás apenas dos calçados.

A aplicação da tecnologia de Substi-tuição de Copa em Cajueiros consiste basicamente de quatro etapas: SELEçãO DAS PLANTASA substituição de copas poderá ser re-alizada em todas as plantas do pomar (substituição total), em fileiras alterna-das ou apenas nas plantas improduti-vas. Neste caso é necessário controlar a produção individual das plantas por pelo menos três anos consecutivos para subsidiar a seleção daquelas com-provadamente improdutivas, que te-rão, portanto, suas copas substituídas.CORTE DAS PLANTASUtilizando motosserra, o corte das plantas selecionadas deverá ser realiza-do por pessoal habilitado, em bisel, a uma altura média de 0,40 m do solo. Devido à oferta natural dos propágulos que serão utilizados na enxertia, a de-capitação das plantas deverá ser reali-zada no período de abril a agosto, para as condições do Estado do Ceará.SELEçãO DAS BROTAçÕESCom o objetivo de reduzir a compe-tição entre os ramos que funcionarão como porta-enxerto, deve-se iniciar esta operação quando as plantas emiti-rem as primeiras brotações. Recomen-da-se selecionar aqueles mais vigoro-sos, localizados ao redor do tronco e próximos ao local do corte. A quanti-dade de brotações depende do núme-ro definitivo de enxertos que se deseja no final do processo.ENXERTIAA enxertia deverá ser realizada quando as brotações atingirem um diâmetro de cerca de 1 cm. Em pomares com idade variando entre 20 e 30 anos, as brota-ções estarão aptas à enxertia entre o 3º e o 4º mês após o corte das plantas. O método indicado é a borbulha em placa.

FONTE: Embrapa Agroindústria Tropical

Saiba Mais

Serviço: mais informações ...

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Ensaio

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Casa de Mel

“Ó abelha rainha, provo do favo do teu mel”Projeto de Apicultura - Casa de MelAssentamento Barro VermelhoItapipoca (CE)

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Circula uma tensão quando chega hora de ir até o apiário colher o mel maduro nas caixas. É devagar que o agricultor Laudelino Pinto veste o macacão branco que protege todo corpo e cabeça, prende luvas e botas com cuidado, e confere repetidas vezes se não ficou brecha para ferroadas. As abelhas africanizadas que estão trabalhando nas 20 colmeias instaladas no Assentamento Barro Vermelho, em Itapipoca, através do Subprojeto de Investimento Comunitário (SIC), são conhecidas pela produtividade e agressivi-dade.

“Agora o tempo é outro”, reflete Lau-delino enquanto se apronta. “Antes aqui era só capim, agora tá bem reflo-restado. Temos cultura de banana, ata, manga, afora o sequeiro, milho, feijão. E com essa beleza de Projeto de Api-cultura? Com apoio do Projeto São José con-seguimo montar a casa com máquina, centrífuga, perculador, tanque, tudo. E o que a gente produz, vende mesmo”, comemora o agricultor.Laudelino, de fumegador de fole na

mão para amansar as abelhas, carrega também o formão do apicultor para soltar os quadros e um pegador. E se o ataque foi exatamente como o pre-visto, - enfurecido, a produtividade foi à altura. As seis caixas da primeira co-lheita, que estavam com “os favo bem madurim”, renderam 70 quilos de mel puro, sem nada de pulverização.As casas das abelhas montadas dentro da mata de sabiás e marmeleiros, e a Casa de Mel, são resultados de pro-jetos direcionados pelo Programa de

Crédito Fundiário de Combate à Po-breza Rural, em parceria com o Gover-no do Estado do Ceará e a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA). Enquanto Laudelino trabalha, as abe-lhas atacam, e o barulho emitido na tentativa de ultrapassar a roupa de pro-teção pessoal é apavorador. O retorno é um pouco mais difícil. Além das melgueiras* pesadas, as abe-lhas não sossegam fácil, e seguem fir-me no ataque até mais da metade do caminho de volta.

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PROJETO DE MEL ADOçA A VIDA DA FAMÍLIA INTEIRA Já na Casa do Mel, onde Luzia Rogé-rio e Maria Carmelita, paramentadas, aguardam de garfo desoperculador* nas mãos para receberem os favos co-lhidos, o clima é de assepsia e tranqui-lidade. A extração dos quadros de mel maduro é feita em mesa própria, de-pois levados para centrifugadora para serem processados, coados e, por fim, envasilhados. Para facilitar a vida dos apicultores ce-arenses, esses produtores estão sendo capacitados em técnicas de produção, comercialização, organização, geren-ciamento e associativismo, através do Projeto Expansão da Apicultura no Ceará: Agricultura Familiar. A ação, coordenada e executada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado do Ceará (Senar-AR/CE), tem apoio da Empresa de Assis-tência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce), e recursos repassados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.De acordo com o secretário Camilo Santana a meta é melhorar a renda dos trabalhadores rurais através da trans-ferência de tecnologia e qualificação. “Nosso foco é no desenvolvimento e fortalecimento da agricultura familiar. Queremos inserir o homem do campo no mercado, de forma organizada, per-mitindo a geração de renda”, destacou o titular da SDA. O agente rural Eduardo de Jesus, que além do Barro Vermelho, acompanha as comunidades Mulatão, Deserto e Sítio Matas, disse que a previsão é que sejam colocadas 75 colmeias no campo. *Garfo desoperculador serve para desopercular os favos de mel. Quando as abelhas enchem o alvéolo, grande quantidade de água acompanha esse mel, é quando se diz que o mel está verde. Quando fica maduro, com pouco teor de água, os alvéolos são cobertos com fina camada de cera, o opérculo. A retirada chama-se desoperculação e se faz com aju-da do garfo desoperculador.

“O mel daqui, da co-lheita até a extração, é concorrido, não dá pra quem quer. O que produz é vendido, as pessoas vem comprar aqui, nem precisa ofe-recer. Além disso, os moradores são muito interessados, facilita o trabalho. O governo está investindo forte, a construção dessa Casa de Mel foi a realização de um sonho”.

Quando os favos pesados de mel trazidos do apiário chegam à Casa de Mel, as mulheres se encarregam do processo de extração, centrifugação e envasilhamento.

Eduardo de Jesus – agente rural

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O Governo do Estado do Ceará, atra-vés da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) instalou, em 2009, a Câmara Setorial do Mel, com 14 representações da cadeia pro-dutiva. A meta do órgão consultivo é propor, apoiar e acompanhar ações de produtores de mel e seus derivados;

O setor de mel é um dos que mais cresce no Ceará e está presente em 135 municípios. Atualmente, existem 77 associações de apicultores no Esta-do, quatro cooperativas e seis empre-sas com selo de comercialização do Ministério da Agricultura e certificadas para exportação;

O Ceará assumiu a liderança das ex-portações brasileiras de Mel nos meses de julho a agosto de 2009. Esse ano, nosso mel circulou o mundo inteiro, triplicando os números de 2008, cres-cendo 175% de janeiro a agosto.

Serviço: mais Informações 88. 8813.8489

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Entrevista

O ministro Guilherme Cassel concedeu entrevista à Revista Nossa Terra Ceará, em 7 de outubro de 2009, um dia depois de completar 53 anos de idade. Na ocasião, o engenheiro civil, natural de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, conferia o encontro “Brasil Rural Contemporâneo - VI Fei-ra da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária”, realizado na Marina da Glória, no Rio de Janeiro.

Agricultura Familiar é promessa nas OlimpíadasGuilherme CasselMinistro do Desenvolvimento Agrário

Agente Fiscal do Tesouro do Estado do Rio Grande do Sul, Cassel atuou como sub-secretário da Fazenda de Porto Alegre; sub-chefe da Casa Civil do Governo do Estado do Rio Grande do Sul; secretário-geral do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e chefe de Gabinete do vice-governador, Miguel Rossetto. De 2003 até março de 2006, foi secretário-executivo do Ministério do Desenvolvi-mento Agrário e, a partir de abril de 2006, assumiu o comando desse Ministério.Como porta-voz de milhares de produtores que hoje são valorizados e respei-tados por todo o País, Guilherme Cassel, colhe fartas estatísticas positivas, re-sultado de ações sincronizadas com governos de Estados e Municípios. Nessa entrevista, o ministro faz balanço geral da Agricultura Familiar pelo Brasil.

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NossaTerraCeará – A Agricultura Fa-miliar está em maior evidência?Cassel - O Brasil vem tendo novidades nos últimos anos, nosso País mudou muito, e uma das transformações mais significativas é no meio rural, setor que, ainda, é olhado com pouca atenção. Durante muito tempo nos acostuma-mos e enxergar o rural brasileiro como lugar de atraso, pobreza. Era como se fosse um espaço dividido em dois: de um lado uma agricultura em escala, moderna, produtiva, com alta tecnolo-gia; de outro, uma agricultura familiar de subsistência, atrasada, o lugar da po-breza. E essa é uma visão equivocada. Um dos grandes méritos do governo Lula foi resignificar a Agricultura Fa-miliar para a sociedade brasileira. Foi mostrar que esse não é o espaço da improdutividade, pelo contrário, é um setor econômico relevante. Em uma Feira tão grande, eles aparecem de for-ma mais clara, evidenciam sua força.

NTC – Há uma série de políticas agre-gadas nesse avanço.C – Claro. A Agricultura Familiar hoje contribui com 70% de tudo que consumimos no dia a dia. São R$ 56 bilhões por ano, isso é mais de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) bra-sileiro. É da Agricultura Familiar que vem mais de 75% de toda mão de obra no campo. Isso tudo é muito significa-tivo. Esse é um setor que nunca teve atenção dos governos, era deixado de lado. E essa é a novidade. A partir do governo Lula, desenvolvemos políticas públicas permanentes de apoio, esti-mulando, apostando que o setor fosse rapidamente responder com mais pro-dutividade. E estamos aqui contando essa história de sucesso.

NTC – As pessoas no campo já vivem o resultado dos investimentos.C - Ampliamos o volume do crédi-to do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Fami-liar), modernizamos, massificamos e democratizamos para todas as regiões do País. Criamos o Seguro Agrícola de

Preço e de Clima, refizemos o Sistema Nacional de Assistência Técnica, cria-mos políticas públicas de comercializa-ção, como o Programa de Aquisição de Alimentos. Criamos o Programa de Combate à Pobreza no Meio Rural, o Território da Cidadania, o Programa de Modernização Acelerada da Agri-cultura Familiar, que é o Programa Mais Alimentos. E, com todos esses programas, inevitavelmente, houve im-pacto na Agricultura Familiar, dando mais estabilidade para quem vive no campo. As pessoas quiseram, e pude-ram, permanecer lá, passando a pro-duzir melhor.

NTC – A Feira é um reflexo do que está acontecendo Brasil afora.C – Naturalmente. O que aparece aqui nesse encontro é resultado da trajetó-ria de um governo que apoia um setor econômico, reconhece sua vitalidade, sua importância econômica. E ele vem respondendo com enorme qualidade. Recentemente, foi divulgado o Censo Agropecuário 2006/2007, e veio con-firmando nossas perspectivas: a Agri-cultura Familiar é mais produtiva que a agricultura em escala. A primeira, com 24,5% da área cultivável, é responsável por 38% do valor bruto da produção. Ou seja, é mais produtiva por hectare, gera mais emprego, tem mais diversi-dade, é mais adequada à rotação de culturas, preserva o meio ambiente. Estamos comemorando a redescober-ta da Agricultura Familiar. Os resulta-dos são excelentes.

NTC – Deve ter bastante visitante do interior, inclusive do Ceará.C – Sem dúvida, sem dúvida. Essa Feira tem vários objetivos, um deles é fazer com que agricultores de todos os pontos do País se encontrem. Porque o Brasil é rico, diverso, multicultural. Esse é o momento onde produtores do Nordeste conhecem os do Sudeste, Norte, Sul, Leste, Oeste, há um inter-câmbio interessante entre quem vende e quem compra também. É o momen-to de divulgar a riqueza da Agricultura

Familiar, sair do discurso, mostrar, na prática, essa diversidade de produ-tos. Temos, aqui, no Rio de Janeiro, mais de 10 mil produtos diferentes, de altíssima qualidade, produzidos pelo nosso povo, as pessoas ficam deslumbradas, muitas desconhecem isso. Existe um Brasil rural escondi-do, e faz parte de nossa cultura.

NTC – A Agricultura Familiar tende a se fortalecer.C – Estamos em uma área de 25 mil metros quadrados, com 650 estan-des, e todas as regiões do Brasil es-tão representadas. Somente a rodada de negócios gira em torno de R$ 10 milhões. São 600 toneladas de pro-dutos vendidos, nos seis dias de en-contro, para público de cerca de 300 mil pessoas, todas com quatro, cinco sacolas nas mãos. Como o Rio de Janeiro é centro difusor e consumi-dor importante, um centro do País, permitir que esse espaço urbano por excelência, entre em contato com o rural, a sensação que se experimenta é de deslumbramento, encantamen-to mesmo. Isso é importante porque abre mercados. O Ceará aqui mostra bem isso.

NTC – E os planos para o futuro?C - O Brasil está vivendo esse ambien-te mágico, com Copa do Mundo em 2014, Olimpíadas em 2016, e preci-samos nos preparar para isso. O tema alimentação é dos mais importantes. Aliás, o mundo inteiro está voltado para essa agricultura mais limpa, sau-dável, orgânica, e isso a Agricultura Familiar faz bem. Já iniciamos etapas de negociação com redes hoteleiras, supermercados, assinamos convênio com Ministério do Turismo, tudo para desenvolver produtos visando 2014/2016. Agricultores familiares de todos os Estados do Brasil estarão unidos nesse sentido. Há muito tra-balho pela frente.

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