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Texto  Bruna TiussuFotografias  José Bassit

MUSEU A CÉU ABERTOEm sentido horário, a Galeria Adriana Varejão; Beam Drop, de Chris Burden; uma panorâmica do jardim do local; e uma das obras de Edgard de Souza. Na página ao lado, em sentido horário, um dos trabalhos de Tunga exposto em seu novo espaço; detalhe da área verde do parque; Troca-Troca, de Jarbas Lopes; e uma porção de Desvio para o Vermelho, de Cildo Meireles

Instalado em uma antiga fazenda de Brumadinho, a uma hora de Belo Horizonte, o Instituto Inhotim convida o visitante a interagir com seu renomado acervo contemporâneo e suas áreas verdes. Novos trabalhos de quase 20 artistas entram em exibição em outubro

Entre belos jardins e obras de arte

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m uma galeria de 2400 metros quadrados feita de metal e vidros e encrustada em meio a uma área

reflorestada, Tunga distribuiu da maneira que bem quis algumas de suas obras mais significativas. As caveiras e as tranças que compõem À Luz de Dois mundos, trabalho que fez sucesso durante exposição no Museu do Louvre, estão lá. Assim como as chapas de ferro, ímãs e arames que dão vida a Lézart e os tubos de água amarela entrelaçados de X-estudo, um desdobramento da criação apresentada em Moscou, em 2009. Aberto ao público no fim do ano passado, o salão dedicado ao artista pernambucano é o espaço mais recente do Instituto Inhotim, um espetacular museu a céu aberto instalado em uma antiga fazenda de Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte.

Eque vão do teto ao chão estão dispostos geometricamente e, sob o efeito da luz, têm seus encaixes dissimulados, parecendo ser os próprios feixes luminosos. Os quadros do brasileiro Luiz Zerbini, instalados há dois meses na Galeria Praça, são as mais novas atrações. E outras três galerias – Lago, Mata e Fonte – estão prestes a surpreender os visitantes com diversas obras.

“Tunga me convenceu de que a arte contemporânea veio para ficar e é a que melhor traduz nosso tempo. Não se trata da beleza da arte, mas da inteligência de interpretá-la”

Trabalhos assinados por outros 18 artistas, como Marepe, Alexandre da Cunha, Gabriel Orozco, Jorge Macchi, Hitoshi Nomura e Rivane Neuenshwander, devem entrar em exibição a partir do fim de outubro.

Em uma área de 110 hectares, rodeada de belíssimos jardins, o parque deixa o visitante livre para traçar seu percurso e gastar o tempo que desejar em cada instalação. É como se o local tivesse sido planejado de forma a permitir mergulhos variados.

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ARTE E BOTÂNICANa página anterior, trabalhos de Tunga: True Rouge, acima, e À Luz de Dois Mundos, no centro; abaixo, o painel Rodoviária de Brumadinho, de John Ahearn e Rigoberto Torres. Nesta página, detalhes dos jardins e, no alto, à direita, o interior de True Rouge

inhotim em CenaAté outubro, a visita ao

complexo ganha o reforço de uma programação cultural especial. Em sua quarta edição, o Inhotim em Cena leva, durante os fins de semana, atrações de dança e música ao teatro ou aos palcos montados nos jardins. Entre os destaques, a Abayomy Afrobeat Orquestra (1º/9), o Ballet Jovem Palácio das Artes (7/9), Fábio Zanon (6/10) e a Big Band Palácio das Artes (19 e 20/10). Veja programação completa em inhotim.org.br.

que se movem aleatoriamente, Tunga criou true Rouge, instalação que põe em xeque conceitos como tempo e espaço.

Passados sete anos, e com mais de um milhão de visitas contabilizadas, Inhotim já soma 500 obras em seu acervo – atualmente, 100 delas estão em exposição. Reconhecido como o mais importante centro de arte contemporânea do País, está em constantes atualização e ampliação. No fim do ano passado, foi inaugurado também um espaço dedicado a Lygia Pape, com o trabalho ttéia1C. Fios metalizados

A ligação de Tunga com o complexo vem de longa data. Amigo de Bernardo Paz, o empresário à frente do Instituto, foi dele a ideia de investir em arte contemporânea para compor o acervo do parque ecológico. “Tunga me convenceu de que a vertente veio para ficar e é a que melhor traduz e critica nosso tempo. Não se trata mais da beleza da arte, mas da inteligência de interpretá-la”, explica Paz. Não por acaso, também é dele o start artístico do Inhotim, em 2006: equilibrando frascos de vidro com líquido vermelho, cordas e tecidos

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onde ficar

onde comer

Voos Azul

Estalagem do MiranteA 40 quilômetros do Inhotim, tem 16 charmosos chalés com vista para o pôr do sol no Vale do Paraopeba. O café da manhã com queijo canastra na chapa é memorável. Av. Nair Martins Drumond, 1000, Retiro do Chalé. T 31 3575 5061 / estalagemdomirante.com.br

Nossa FazendinhaOpção de hospedagem mais simples e próxima ao Inhotim – são apenas cinco quilômetros até o complexo.Rodovia MG-040, Km 48. T 31 3571 1104 / nossafazendinha.com.br

Restaurante InhotimIntegrado aos jardins e ao acervo artístico, é o principal espaço gastronômico do parque. O visitante escolhe entre o bufê e o menu à la carte.

Restaurante OiticicaFica pertinho da obra Penetrável magic Square #5, De Luxe, do artista carioca. Funciona como bufê a quilo e só abre nos fins de semana.

Topo do MundoSitua-se no ponto mais alto da Serra da Moeda. Escolha uma mesa na varanda para almoçar com a panorâmica da região.Estrada da Serra, s/nº, Piedade do Paraopeba. T 31 3575 5545 / topodomundo.com

A COMPANHIA OPERA INúMEROS VOOS PARA BELO HORIZONTE, A 60 quILôMETROS dE BRuMAdINHO. Há SAídAS REGuLARES dE GuARuLHOS E VIRACOPOS.

o lugarInstituto InhotimAberto de terça a sexta, das 9h30 às 16h30; sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. Às terças, grátis; quartas e quintas, R$20; sextas, sábados, domingos e feriados, R$28. R. B, 20, Brumadinho. T 31 3571 9700 / inhotim.org.br

LocalDepois da visita, reserve um tempo para a lojinha do Inhotim. Ali estão à venda alguns produtos típicos da região, além de enfeites originais

PlantasO visitante pode levar para casa mudas de várias espécies vistas no complexo. A miniorquídea custa R$45

Também não é por acaso que o dinamarquês Olafur Eliasson foi explorar a região mais alta do parque para colocar seu Viewing machine. É de lá que o visitante consegue escolher qual o melhor ângulo de visão do caleidoscópio gigante para exercitar a percepção do ambiente. O americano Chris Burden foi ainda mais ousado: criou Beam Drop atirando do alto de um guindaste 71 vigas metálicas em uma piscina de cimento fresco. da maneira que caíram, ficaram. O conjunto artístico está à disposição para que as pessoas encostem, circulem por suas partes e façam suas próprias imersões.

Assim como as obras, a coleção botânica do Inhotim compartilha a necessidade da interação com o público. São 4500 tipos de plantas nativas e exóticas organizadas em jardins deslumbrantes – o paisagista Roberto Burle Marx, também amigo de Bernardo Paz, ajudou a compor a maioria das áreas

verdes dali. Enquanto caminha, o visitante encontra a maior coleção de palmeiras do mundo, com cerca de 1500 espécies; o vandário, orquídeas suspensas em pequenos vasos que formam um incrível corredor florido; as patas-de-elefante, cujas largas bases funcionam como perfeitos encostos para um descanso; as plantas-polvos, chamadas assim por causa de seus longos braços; e o enorme Tamboril, árvore de cerca de 90 anos que fica no meio do parque e faz sombra em um gigantesco gramado.

Parte dessa coleção verde em breve vai enfeitar outra área promissora do complexo, o hotel butique com 44 bangalôs previsto para ser inaugurado em 2014. É a opção de hospedagem que faltava para a imersão no espaço artístico ser realmente completa.

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CerâmiCasHá peças e utensílios elaborados por artistas da comunidade de Brumadinho. A xícara pequena sai por R$ 24,90

Lá no altoO mineiro Luciano Drumond

conhece cada pedacinho da Serra da Moeda. Ele passa férias ali desde os nove anos de idade e foi na pista local que começou a voar de asa delta, na companhia do pai. Não é de se estranhar, portanto, que foi exatamente no alto da serra que ele instalou a sua Estalagem do Mirante, a pousada mais charmosa da região. Seus 16 chalés têm vista privilegiada do Vale do Paraopeba e a mata nativa como jardim. Fora a cachoeira, outra singularidade do local é o ateliê de cerâmica de sua mulher, Eny Amorim. As belas xícaras e pratos usados no restaurante do espaço também estão à venda ali – e a artista ainda dá aulas para os visitantes interessados na técnica.

E nem é preciso ser conhecedor de arte ou ter interesse específico em botânica para curtir o passeio: basta interagir com o ambiente. um exemplo notório é a Vegetation Room, obra da espanhola Cristina Iglesias, também inaugurada em 2012. Em meio à mata de Inhotim, ela construiu um labirinto espelhado que se mescla à vegetação ao redor e usa água e iluminação para despertar os sentidos. A estrutura atrai, sobretudo, a curiosidade dos visitantes mirins.

Interação e contato, aliás, são palavras-chave do complexo. As obras ali exibidas foram estrategicamente instaladas considerando sua relação

com o entorno e a experiência que cada artista desejava proporcionar ao público. O lago que marca a entrada da Galeria Adriana Varejão, por exemplo, está diretamente ligado às criações da brasileira. Desvio para o Vermelho, de Cildo Meireles, foi montado em uma sala fechada. É preciso entrar descalço para de fato vivenciar a obra – e as diferentes texturas aplicadas ao piso ao longo do espaço.

LOCAL PRIVILEGIADOAcima, panorâmica da Estalagem do Mirante; ao lado, cerâmicas de Eny Amorim; e abaixo, obra Elevazione, de Giuseppe Penone. No topo da página ao lado, Viewing Machine, de Olafur Eliasson; a vista do Topo do Mundo no centro e um dos restaurantes de Inhotim