Nós em Notícia 5
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Nesta altura do ano sabe bem o descanso que a pausa letiva do Natal proporciona, per-
mitindo-nos repousar um pouco e recarregar as baterias necessárias para o novo ano
que se avizinha. Aproveitamos para passar mais tempo com a família e os amigos e pa-
ra fazermos as coisas para que geralmente não temos tempo.
E porque temos mais tempo, neste nú-
mero, apresentamos a Associação de
Pais da nossa escola, que tem um papel
fundamental na colaboração com a es-
cola e na promoção do sucesso dos alu-
nos. Visitámos a exposição do Grupo de
História e saímos de lá mais sábios. A
propósito da nossa história, o Pedro
Pernica escreveu uma crónica fabulosa
sobre o 1 de dezembro. Fomos ao teatro com as turmas do 11ºano e refletimos sobre a
influência do nosso comportamento no meio ambiente. E não nos esquecemos de cele-
brar o aniversário do nascimento do Bardo da Literatura Inglesa, William Shakespeare.
Por fim, não queremos deixar de vos desejar um Santo Natal e um Feliz Ano Novo. Re-
encontramo-nos em 2015!
Ana Martins e Ana Rodrigues
Editorial
Nós...e os Outros
No passado dia
28 de novem-
bro, demos por
encerrada a
campanha de
recolha de ali-
mentos “Nós…e
os Outros”, no âmbito do estudo do te-
ma Solidariedade na disciplina de Inglês.
Os alunos estão de parabéns pela forma
como aderiram à iniciativa, pelo que se
impõe um agradecimento a todos os
membros da comunidade educativa que
deram o seu contributo. Bem hajam!
Os alimentos recolhidos serão, como
anteriormente divulgado, distribuídos
por duas instituições particulares de
solidariedade social, nomeadamente
Banco Alimentar Contra a Fome e
Movimento Odivelas no Coração,
contribuindo assim para que alguns,
mais necessitados, tenham um pouco
mais nesta quadra.
A equipa dinamizadora
Escola Secundária da Ramada
Dezembro 2014 Ano II, Número 5
Nós em Notícia
Nesta edição:
Associação de Pais da
ESR
2
Dia do Diploma 2014 3
“E Depois de Darwin” 4
450 Anos de Shakespeare 5
Exposição: Outubro de
1910– Maio de 1926
6
E se Fossemos
Espanhóis?
7
Lá Por Fora... 8
“Para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira”, foi sempre este o meu pensamento
enquanto dirigente associativo. Olhar para a comunidade escolar e pensar, todos os dias,
que todos somos precisos e que todos temos a capacidade de ajudar e fazer melhor.
Os pais possuem hoje em dia capacidades de participar na Vida da Escola como nunca tive-
ram, seja como encarregados de educação, representantes de turma, membros do Conselho
Geral ou fazendo parte das Associações de Pais e Encarregados de Educação. É por isso es-
sencial que essa participação seja efetiva e sem “faltas de comparência”, pois somente as-
sim é possível passar das palavras aos atos, algo que, por vezes, para nós portugueses, não é
assim tão fácil.
A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Secundária da Ramada tem este ano o maior número de
elementos de sempre nos órgãos sociais. Os seus 24 pais/encarregados de educação possuem como grande objetivo
colocar em prática não só o ditado ancestral africano referido no início, de que todos somos precisos e de que todos
podemos influenciar positivamente a vida uns dos outros, mas também para demonstrar que “Juntos Somos Mais
Fortes”, que tem sido, aliás, o que tem acontecido desde o início do ano letivo.
O presente ano letivo começou de forma bastante atribulada, com uma constante falta de professores e de auxiliares
e, se o problema dos professores foi sendo resolvido, a muito custo, o dos auxiliares nem por isso. Durante mais de
um mês a Escola não teve os funcionários a que tem direito e, por isso, foi preciso lutar e reclamar muito.
Num país em que quem não reclama não vê os seus direitos satisfeitos, os membros da Associação de Pais, conjunta-
mente com a Direção da Escola e o Conselho Geral, reclamaram e conseguiram, a muito custo, que finalmente as coi-
sas se resolvessem.
O ato final da nossa contestação foi no dia 03/12/2014,
quando uma delegação da Associação de Pais foi recebi-
da na Assembleia da República, mais propriamente na
Comissão da Educação, onde disse aos senhores deputa-
dos que situações como as que ocorreram no presente
ano não se podem repetir, que a legislação de contrata-
ção de auxiliares tem de mudar, a fim de que a Escola
tenha verdadeiramente autonomia para resolver esses
problemas diretamente, sem estar semanas e semanas à
espera de respostas do poder central ou do Centro de
Emprego, que a nossa Escola, que no próximo ano faz 35
anos de existência, precisa de obras de fundo, pois nunca
as teve, mas, principalmente, para enaltecer o elevado profissionalismo de professores e, essencialmente, dos funcio-
nários, que embora trabalhando muito mais horas por dia do que deviam, nunca pensaram em fechar a Escola e que,
só por isso, merecem um grande elogio do Ministério da Educação.
É por isto, e muito mais, que os pais e encarregados de educação não podem, nem se devem demitir de participar da
Vida da Escola, porque Todos Juntos Somos Mais Fortes e porque, para Educar Uma Criança é Preciso uma Aldeia
Inteira!
António Boa-Nova
Presidente da Associação de Pais da Escola Secundária da Ramada
Damos a palavra a… Associação de Pais da ESR
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Nós em Notícia
Hoje, dia 24 de novembro,
ocorreu a cerimónia de entrega
dos diplomas aos alunos que con-
cluíram o ensino secundário bem
como dos prémios de mérito e
excelência referentes ao ano leti-
vo 2013/2014.
Quis estar presente. Afinal
muitos dos jovens que ali estavam
foram meus alunos no seu percur-
so académico. Com eles reparti
conhecimento, com eles criei e
difundi vínculos afetivos que, de
uma forma ou de outra, interiori-
zaram e que impulsionaram não
só o seu processo de aprendiza-
gem como também a sua forma-
ção integral. Foi um fim de tarde
de grandes emoções! Sempre que
um deles chegava e nos cumpri-
mentava (a mim e a outros profes-
sores presentes) emergia dos seus
rostos tamanha alegria, tamanho
brilho e animação que a minha
convicção de que tinha valido a
pena, de que continua a valer a
pena, educar os alunos com e para
os afetos se ia adensando. Na minha
cabeça martelavam os versos de
Fernando Sabino «De tudo, ficaram
três coisas:/A certeza de que esta-
mos sempre começando.../A certeza
de que precisamos continuar.../A
certeza de que seremos interrompi-
dos antes de terminar...». Revejo-
me cada vez mais nesta mensagem.
Ser professor é fazer parte de um
processo de construção que não
tem fim. Estes alunos terminaram
uma etapa das suas vidas, mas a
minha tarefa de construção de indi-
víduos completos continua - num
trabalho útil, fértil, sem fim.
Os sons vibrantes de energia
e de agitação enchiam a sala! Só as
palavras orgulhosas do Sr. Diretor os
silenciaram. Foram palavras de agra-
decimento a todos os que, nas suas
diferentes mas indispensáveis tare-
fas, contribuíram para que a Escola
Secundária da Ra-
mada estivesse a
viver um momento de grande signifi-
cado. O momento do reconhecimen-
to do trabalho conjunto realizado no
incentivo da promoção escolar e o
da valorização do trabalho de exce-
lência dos nossos alunos.
Estamos todos de parabéns.
Portanto «Fa[çamos] da interrupção
um caminho novo... / Da queda um
passo de dança... / Do medo, uma
escada... / Do sonho, uma ponte.../
Da procura, um encontro...»
Professora Augusta Andrade
(1) Fernando Sabino, De tudo, ficaram
três coisas: A certeza...
(2) Idem
Dia do diploma 2014
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Ano II, Número 5
No dia 18 de novembro de 2014,os alunos do 11º ano, da turma B, descolaram-se
a Almada para assistir a uma peça de teatro intitulada Depois de Darwin no tea-
tro Extremo.
Um dos objectivos foi “Analisar criticamente alguns comportamentos humanos
que podem influenciar a capacidade adaptativa e evolução dos seres vivos”.
Numa peça encenada por Ana Nave e interpretada por Bibi Gomes, Fernando Lo-
pes e Rui Cerveira, ficamos a perceber que muitas observações que levaram Char-
les Darwin a formular a sua ideia evolucionista ocorreram durante a sua viagem à
volta do mundo, como naturalista, num navio inglês. Durante os cinco anos que
durou a viagem, Darwin visitou diversos locais da América do Sul, da Austrália,
além dos vários arquipélagos tropicais. Nas ilhas Galápagos, um conjunto de ilhas
tropicais, situadas no Oceano Pacífico, Darwin encontrou uma fauna e flora pecu-
liares que variavam ligeiramente de ilha para ilha.
Darwin só se tornou verdadeiramente evolucionista vários meses após regressar
da sua viagem. Só então pôde compreender o significado evolutivo das suas observações nas Galápagos e em outros lo-
cais, ao rever as suas anotações e submeter o material colectado na viagem a diversas pesquisas e investigações.
Concluiu, assim, Darwin, que a fauna e a flora de ilhas próximas são semelhantes porque se
originam de antepassados comuns, provenientes dos continentes próximos. Em cada uma das
ilhas, as populações colonizadoras sofrem adaptações específicas, originando diferentes varie-
dades de espécies.
E de que maneira os comportamentos humanos podem influenciar a capacidade adaptativa e
evolução dos seres vivos?
Um exemplo que explica este facto é o caso da mariposa, Bistum Betularia, que apresenta duas
formas, uma clara e outra escura. Antes da Revolução Industrial, a forma mais comum era a
clara, uma vez que esta se camuflava melhor em cima dos líquenes; enquanto isso, as maripo-
sas que apresentavam uma coloração mais escura acabavam por ser devoradas pelos preda-
dores. Depois da Revolução Industrial, os líquenes começaram a desaparecer, pois morriam
devido à poluição e as árvores ficaram mais escuras. Agora, a mariposa clara era mais facilmente identificada pelos preda-
dores que as mariposas escuras, que, por sua vez, se começaram a proliferar.
Mas, como este, existem outros exemplos. Sabemos que, devido ao efeito de estufa causado pela emanação de gases para
a atmosfera pelo homem, a temperatura do nosso planeta está a aumentar. Cada espécie só consegue sobreviver entre
certos limites de temperatura. Portanto, a espécie afetada ia ser alvo de evolução, ia, agora, ter características adaptadas a
este novo meio, eliminando-se os indivíduos que não possuíam.
O mesmo acontece quando o Homem intervém na disponibilidade de
água ou nas florestas e consequentes habitats ou meios de nutrientes
de alguns seres vivos.
Em certos casos, o Homem tem um papel fulcral no modo como uma
determinada espécie irá evoluir.
Mariana Cunha, 11ºB
Depois de Darwin: Um Ponto de Vista
Podem alguns
comportamentos
humanos
influenciar a
capacidade
adaptativa e a
evolução dos
seres vivos ?
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Nós em Notícia
O Bardo era, em tempos muito antigos, a pessoa encarregue
de transmitir as histórias, as lendas e poemas de forma oral,
cantando a história de seus povos em poemas recitados.
William Shakespeare, o maior escritor de sempre de língua
inglesa, é ainda hoje chamado de “O Bardo” da literatura in-
glesa. Poeta, dramaturgo e ator das suas peças, escreveu e
produziu peças históricas, comédias e tragédias que escreveu
nos séculos XV e XVI. Protegido pela Rainha Isabel I de Ingla-
terra, promoveu o teatro junto de todas as classes sociais no
edifício onde a sua companhia de teatro atuava, o Globe The-
atre, que haveria de arder num grande incêndio e que foi re-
construído no século XX, exactamente como era no seu tem-
po.
Mas porquê celebrar Shakespeare ao fim de 450 anos? Por
várias razões. Porque, por incrível que pareça, as suas perso-
nagens mantém-se atuais e, através delas, deu voz aos margi-
nalizados pela sociedade; os temas abordados, como o racis-
mo em Othello ou a ambição pelo poder em Macbeth, conti-
nuam presentes na nossa sociedade e, acreditem, as comé-
dias arrancam-nos sentidas gargalhadas!
Outra razão porque festejamos é porque Shakespeare foi ex-
tremamente importante na revitalização da língua inglesa,
criando palavras e expressões que ainda hoje são utilizadas
não só em Inglaterra, como em todo o mundo. Não acredi-
tam? Ora, vejam:
Um coração de ouro;
O ciúme tem olhos verdes;
“Fair Play”;
Ficar de cabelos em pé;
O que está feito, está feito;
Tudo está bem, quando acaba bem; e muitas mais…
Mas para conheceres melhor a grandeza deste grande autor,
nada como lê-lo! Começa com uma comédia, como Sonho
numa Noite de Verão, e diverte-te. Ou descobre momentos
importantes na história de Inglaterra com Ricardo III, por
exemplo. Acima de tudo, lê a sua obra e diverte-te !
450 anos de Shakespeare
As Sete Idades do Homem
O mundo inteiro é um palco,
E todos os homens simples actores,
Com as suas saídas e entradas,
com múltiplos papéis em actos que abrangem sete
idades. Primeiro, temos a criancinha,
choramingando e vomitando nos braços da ama.
Segue-se o estudante resmungão, com a sua
mochila,
O brilhante rosto matinal, arrastando-se como um
caracol para a detestada escola.
A terceira idade é a do amante, suspirando como
uma fornalha, com uma horrível balada em
honra da sobrancelha da amada. Depois vem o
soldado, cheio de estranhos juramentos,
barbudo como um leopardo, zeloso da honra, brusco
e ágil na luta, atrás da ilusória reputação,
mesmo na boca do canhão.
A quinta idade é a do magistrado, com o seu belo
ventre redondo, usando gorro próprio, olhar
severo e barba de corte formal, cheio de sábios
provérbios e modernos julgamentos,
desempenhando o seu papel.
A sexta idade faz o homem vestir-se como um
arlequim, de calças justas, óculos no nariz e
algibeira ao lado; meias joviais, bem conservadas,
um mundo amplo demais para as suas
enfraquecidas pernas, e um vozeirão másculo a
tornar-se num infantil soprano, cheio de silvos
e sibilos.
A derradeira cena, término da memorável história da
vida, é a segunda infância, a do puro
esquecimento, a da falta de dentes, de visão, de
paladar, rumo ao nada.
In Como Vos Aprouver
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Ano II, Número 5
O período de vigência da 1ª República vai de 1910 a 1926.
O grande fator do insucesso da República foi, sem dúvida, a con-
juntura internacional pouco favorável decorrente de todas as cri-
ses provocadas pela Primeira Grande Guerra. Não teve tempo de
fortalecer as suas bases, o que a impediu de crescer.
Outros motivos que geralmente se apontam para a não
perpetuação do regime foi o facto de se ter apoiado nas massas
populares urbanas, que refletiam o clima da instabilidade social
que se vivia então e a participação de Portugal na 1ª Guerra Mun-
dial, que aumentou o descontentamento popular. Neste período
de 16 anos houve sete Parlamentos, oito Presidentes da Repúbli-
ca e 45 Governos.
Apesar das melhorias introduzidas nos diversos quadrantes da economia do país resul-
tantes do avanço proporcionado pela industrialização e alfabetização, o grupo dos des-
contentes com a nova situação era grande: a Igreja
estava desejosa de regressar ao seu poder anterior; o
exército e os funcionários públicos viram dificultado
o seu poder de compra; a indústria suportava pesa-
dos impostos; os operários desejavam ver cumpridas
as suas reivindicações. Em suma, todos estavam can-
sados das lutas partidárias e de uma república inope-
rante receando a anarquia.
A queda da 1ª República consumou-se entre 28 e 31 de maio de 1926 pela mão do
general Gomes da Costa. A revolta começou em Braga no dia 28 e marchou para Lisboa com a
adesão do exército. O Governo demitiu-se a 30 de maio e, logo no dia seguinte, o presidente
da República também se demitia, fazendo com que a revolução saísse vitoriosa.
Com o intuito de se conhecer melhor a realidade da 1ª República, está patente, na
nossa escola até ao dia 16 de Dezembro, uma exposição organizada pelo departamento de
História, Filosofia e Religião, recorrendo a arquivos particulares, cujos registos documentais
nos transportam para o 1º quartel do sé-
culo XX , procurando mostrar alguns com-
portamentos sociais e apresentar os principais ideais que vigoraram
nessa época.
Para além da prática letiva, esta iniciativa pretende alargar a promo-
ção do saber e o debate de ideias a todos os membros da comunidade
educativa, daí a exposição estar aberta não só aos alunos e professo-
res que a queiram visitar, mas também aos encarregados de educação.
Grupo de História
Exposição: Outubro de 1910 – Maio de 1926—Imagens que
contam a História
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Nós em Notícia
Terceira Lei de Newton: “ Toda a ação tem uma reação
oposta e de igual intensidade”. Há 347 anos, 40 Conjura-
dos entraram no Terreiro do Paço e puseram fim a 60 anos
de domínio espanhol. Há 2 anos, “Ali Baba e os 40 La-
drões” entraram no Palácio de Queluz e acabaram com o
feriado que relembra esse dia. Como pode ver, caro leitor,
a física funciona. Mas afinal, o que aconteceu nesse dia,
para que merecesse ser considerado feriado nacional
(pelo menos até hà pouco tempo). Bem, eu agora podia
despejar no resto da crónica factos, datas, acontecimentos
relacionados com a restauração da independência, e, até
encontrei na Net uma dissertação muito boa de oitenta e
duas páginas sobre o assunto, porém, a direção deste jor-
nal não mo permitiu fazer. Mariquices… vá-se lá entender!
Sendo assim, e já que o nosso governo deu um passo nes-
se sentido, irei fazer um exercício diferente e colocar ques-
tões como: E se não tivéssemos lutado pela independên-
cia? E se continuássemos a pertencer à Espanha? O que
seria diferente?
Em primeiro lugar, o ano de 1660 seria drasti-
camente distinto. Os 40 Conjurados seriam
descobertos e presos, e todas as esperanças de
independência seriam esmagadas. Portugal
seria então arrastado para a Guerra dos 30
Anos contra a França, e, consequentemente,
perderia importantíssimas colónias para a In-
glaterra e a Holanda. No entanto, com esta
União Ibérica “prolongada”, a América do Sul
ficaria sob total domínio de Espanha, bem co-
mo todas as minas de ouro e prata, sendo portanto uma
grande fonte de riqueza e uma boia económica.
Quanto aos direitos de “Portugal Anexado”, seriam pro-
gressivamente reduzidos, ficando apenas com autoridade
de região autónoma, sujeita às mesmas leis e decisões de
Madrid. A língua portuguesa seria, ao longo dos tempos,
confundida com o castelhano, passando assim a adquirir
estatuto de dialeto. O “resto” da história não seria muito
diferente. Lutaríamos à mesma contra Napoleão, teríamos
uma guerra civil, outra colonial, e até teríamos não uma,
mas duas ditaduras, com a exceção óbvia de tudo isto se
passar numa monarquia. Para além disso, seriamos o 5º
maior país da Europa e uma das maiores economias do
mundo (até à chegada
da troika).
E é este um dos princi-
pais argumentos dos
Iberistas, adeptos da
União Ibérica (quer
portugueses, quer es-
panhóis). A união dos
dois países traria enormes benefícios económicos e políti-
cos.
Porém, ao olhar com mais cuidado para os
dias de hoje, podemos concluir que tal uni-
ão seria constrangedora, senão mesmo de-
sastrosa. Não precisamos de ir tão longe,
basta olhar para o exemplo da Catalunha e
do País Basco. Unidos a Espanha há vários
séculos, lutam agora pela sua independên-
cia e liberdade, através de referendos e
manifestações, ou então através de formas
mais violenta, como o exemplo da ETA. O
mesmo aconteceria com Portugal se estivesse unido a Espa-
nha.
É por isso que é tão importante recordar o dia 1 de Dezem-
bro, o dia em que 40 homens traçaram novamente a inde-
pendência de um país e devolveram a liberdade ao seu po-
vo. Podemos mesmo afirmar que a principal razão de ser de
Portugal como nação é esta, o de lutar contra o centralismo
de 900 anos de Madrid sobre a Península Ibérica, desde os
tempos de D. Afonso Henriques. Se seria mais fácil termos
ficado quietos e resignarmo-nos há 347 anos… seria, com
toda a certeza. Mas não seriamos nós, um povo que lutou
pelo seu pequeno espaço, que o expandiu e defendeu com
unhas e dentes.
Pedro Pernica, 10º B
E Se Fôssemos Espanhóis?
E se não
tivéssemos
lutado pela
independência?
O que seria
diferente?
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Ano II, Número 5
A Cerca Velha, que delimitou e defendeu Lisboa na época medieval, é recri-
ada num novo circuito pedonal sinalizado que passa por Alfama, Castelo e
Sé. O percurso não tem mais do que 1500 metros e pode ser facilmente
percorrido em apenas 50 minutos, mas permite realizar uma viagem pela
história milenar de Lisboa.
Com base numa investigação histórica e arqueológica levada a cabo pelo
Museu de Lisboa e pelo Centro de Arqueologia de Lisboa, o traçado da Cerca Velha pode agora ser conhecido num percurso
pedonal sinalizado por 16 totens informativos, colocados num trajeto circular entre a Rua do Chão da Feira e a Rua do Mila-
gre de Santo António, que orientam a descoberta de uma das zonas mais antigas de Lisboa através do sistema defensivo
medieval, que perdurou até à construção da muralha fernandina (1373-1375).
Para uma maior orientação ao longo do percurso, a Câmara Municipal de Lisboa disponibiliza um folheto desdobrável, de
distribuição gratuita, que pode ser obtido nos postos de atendimento e equipamentos municipais, nomeadamente, na Casa
dos Bicos, Elevador do Castelo, Museu de Lisboa - Santo António, Castelo de São Jorge ou Paços do Concelho.
Inesperado. É a palavra que melhor posso atribuir a este livro, com um final que nunca me passaria pela cabeça. À Procura
de Alaska começa no início do ano letivo, num liceu. Pode dizer-se que é um livro sobre o primeiro amor, sobre a amizade
verdadeira, sobre a lealdade. Mas, para ser sincera, é um livro sobre uma busca, sobre a descoberta de respostas para as
questões mais difíceis e que, se calhar, nem têm explicação.
Miles (personagem principal) é uma espécie de patinho feio sem amigos. Quando chega ao colégio
de Culver Creek, rapidamente estabelece uma amizade especial com o seu colega de quarto, Chip
(Coronel), e apaixona-se por Alaska, uma rapariga forte e esperta. Todos têm particularidades que
eu achei curiosas: Miles memoriza as últimas frases que várias pessoas disseram antes de morrer,
Coronel decora capitais de países e quaisquer outros pormenores geográficos, Alaska adora livros e
está a construir uma biblioteca pessoal. O livro conta-nos as aventuras que eles partilharam e os
problemas que tiveram, como quaisquer outros adolescentes. Quando Alaska desaparece é como
se o grupo se afastasse, porque ninguém entende e precisam de compreender. A dor vai sarando e
o ‘porquê’ deixa de ser tão importante. Por fim, ficam as memórias. E apenas resta a todos encon-
trarem maneira de ultrapassar a perda.
Este livro marcou-me bastante. Não consigo perceber como o autor, John Green, consegue gerar o benefício da dúvida
acerca de tantas questões sobre a vida, a morte, a fé, a dor e qualquer outro sentimento que tenhamos no dia-a-dia. Pro-
põe as questões sem concluir com uma resposta. E por muitas que sejam as hipóteses possíveis, por vezes é preciso saber
viver sem certezas. No fundo, é essa a moral da história.
É um livro fascinante, dos melhores que já li.
Bianca Rodrigues, 9ºH
Um Livro… À Procura de Alaska por John Green
LÁ POR FORA...
Um Passeio...Cerca Velha
Uma Peça … Gil Vicente numa versão Ópera-Rock
O Teatro Experimental de Cascais (TEC) junta duas peças de Gil Vicente num es-
petáculo único: Auto da Barca do Inferno e Auto da Índia - uma ópera-rock com
música original, para todas as idades. Em cena até 27 de dezembro, no Teatro
Mirita Casimiro (Monte Estoril), este espectáculo integra as comemorações dos
650 anos de Cascais e dos 50 anos do TEC, contando com o seu elenco residente
e com a presença da atriz e cantora Vanessa Silva no papel central.
Horário: 4ª a sábado às 21h30