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Sumário Sensibilidade de Venturia inaequalis ao miclobutanil C. M. Wolff, R. M. Valdebenito Sanhueza ............................................................................... 77 Aplicações foliares de cálcio em pessegueiro aumentam os seus teores na folha e não afetam os teores no fruto G. W. Melo, G. Brunetto ......................................................................................................... 82 Efeito da interenxertia no controle do vigor de pessegueiro cv. Jubileu na região de Pelotas, RS Z. F. P. Tomaz, C. S. M. Lima, S. P. Galarça, S. S. Silveira, A. R. Rufato, L. Rufato ............ 87 “AGIR”: planejamento estratégico da Associação dos Produtores de Morango de Atibaia e Jarinu (SP) para a implementação da Produção Integrada V. S. Hammes, F. F. Calegario, T. A. Silva ............................................................................. 92 Certificação participativa e gestão ambiental da Produção Integrada de Morango C. C. de A. Buschinelli, F. F. Calegario, S. C. S. Bueno, J. S. Lino, B. M. C. Pastrello, G. S. Rodrigues ....................................................................................................................... 97 Diário de campo: ferramenta para desenvolver o hábito de registrar procedimentos na Produção Integrada de Morango A. C. de Abreu, F. F. Calegario, P. G. de Oliveira, H. Rosente, A. C. Borges, L. A. Iwassaki ................................................................................................................................... 102 Estratégia operacional de implementação técnica da Produção Integrada de Morango em Atibaia e Jarinu F. F. Calegario, V. S. Hammes, T. A. Silva, N. F. C. Bagdonas ............................................. 107 Comparação produtiva entre duas cultivares de amora-preta “Tupi” x “Xavante” região Centro-Oeste do Paraná P. R. Borszowskei, M. B. Malgarim ........................................................................................ 112 Flutuação populacional das pragas e inimigos naturais na cultura da atemóia visando a implantação da Produção Integrada de Frutas M. D. da C. S. Moura, A. N. Moreira, S. A. dos S. Amorim, J. O. Perea, H. T. da Silva, C. C. dos Santos ...................................................................................................................... 117 Atributos químicos dos solos em áreas de produtores vinculados à produção integrada de banana no projeto Formoso, Bahia A. L. Borges, L. da S. Souza, Z. J. M. Cordeiro ...................................................................... 122 Produção integrada de banana: avanços obtidos no norte de Minas Gerais e Sudoeste da Bahia Z. J. M. Cordeiro, A. L. Borges, L. da S. Souza, M. Fancelli, J. T. A. da Silva, C. H. S. P. Ritzinger, M. S. C. Dias, S. L. de Oliveira, C. D. A. Corsato, M. G. V. Rodrigues, M. E. C. Pereira, M. B. Lima, W. B. Monteiro, A. V. Trindade, E. F. Coelho, M. A. Coelho Filho, A. M. A. Accioly, A. S. Oliveira, D. M. V. Ferreira ................................................................ 127 Diagnóstico de propriedades rurais para adoção da produção integrada de banana no Vale do São Francisco A. N. Moreira, M. M. da Silva, J. R. B. Pereira, J. O. Perez .................................................. 131 Avaliação do sistema de produção integrada do melão no Vale do São Francisco N. D. Costa, J. S. de Assis, J. M. Pinto, J. L. P. Araujo, S. J. S. Almeida, C. A. P. dos Santos ...................................................................................................................................... 136

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Sumário

Sensibilidade de Venturia inaequalis ao miclobutanilC. M. Wolff, R. M. Valdebenito Sanhueza ............................................................................... 77

Aplicações foliares de cálcio em pessegueiro aumentam os seus teores na folha e não afetamos teores no fruto

G. W. Melo, G. Brunetto ......................................................................................................... 82

Efeito da interenxertia no controle do vigor de pessegueiro cv. Jubileu na região de Pelotas, RSZ. F. P. Tomaz, C. S. M. Lima, S. P. Galarça, S. S. Silveira, A. R. Rufato, L. Rufato ............ 87

“AGIR”: planejamento estratégico da Associação dos Produtores de Morango de Atibaia eJarinu (SP) para a implementação da Produção Integrada

V. S. Hammes, F. F. Calegario, T. A. Silva ............................................................................. 92Certificação participativa e gestão ambiental da Produção Integrada de Morango

C. C. de A. Buschinelli, F. F. Calegario, S. C. S. Bueno, J. S. Lino, B. M. C. Pastrello,G. S. Rodrigues ....................................................................................................................... 97

Diário de campo: ferramenta para desenvolver o hábito de registrar procedimentos naProdução Integrada de Morango

A. C. de Abreu, F. F. Calegario, P. G. de Oliveira, H. Rosente, A. C. Borges, L. A.Iwassaki ................................................................................................................................... 102

Estratégia operacional de implementação técnica da Produção Integrada de Morango emAtibaia e Jarinu

F. F. Calegario, V. S. Hammes, T. A. Silva, N. F. C. Bagdonas ............................................. 107

Comparação produtiva entre duas cultivares de amora-preta “Tupi” x “Xavante” regiãoCentro-Oeste do Paraná

P. R. Borszowskei, M. B. Malgarim ........................................................................................ 112

Flutuação populacional das pragas e inimigos naturais na cultura da atemóia visando aimplantação da Produção Integrada de Frutas

M. D. da C. S. Moura, A. N. Moreira, S. A. dos S. Amorim, J. O. Perea, H. T. da Silva, C. C. dos Santos ...................................................................................................................... 117

Atributos químicos dos solos em áreas de produtores vinculados à produção integrada de banana no projeto Formoso, Bahia

A. L. Borges, L. da S. Souza, Z. J. M. Cordeiro ...................................................................... 122

Produção integrada de banana: avanços obtidos no norte de Minas Gerais e Sudoeste da BahiaZ. J. M. Cordeiro, A. L. Borges, L. da S. Souza, M. Fancelli, J. T. A. da Silva, C. H. S. P.Ritzinger, M. S. C. Dias, S. L. de Oliveira, C. D. A. Corsato, M. G. V. Rodrigues, M. E. C.Pereira, M. B. Lima, W. B. Monteiro, A. V. Trindade, E. F. Coelho, M. A. Coelho Filho,A. M. A. Accioly, A. S. Oliveira, D. M. V. Ferreira ................................................................ 127

Diagnóstico de propriedades rurais para adoção da produção integrada de banana no Vale doSão Francisco

A. N. Moreira, M. M. da Silva, J. R. B. Pereira, J. O. Perez .................................................. 131

Avaliação do sistema de produção integrada do melão no Vale do São FranciscoN. D. Costa, J. S. de Assis, J. M. Pinto, J. L. P. Araujo, S. J. S. Almeida, C. A. P. dos Santos ...................................................................................................................................... 136

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Compreensão dos atributos de qualidade de valoração do maracujá azedo oriundo da Bahia noEntreposto Terminal de São Paulo da CEAGESP

M. Hiroi, C. R. Rivelles, A. S. D. Gutierrez ............................................................................ 140

Culturas de cobertura na Produção Integrada de AbacaxiA. P. de Matos, N. F. Sanches, L. F. da S. Souza, J. Elias Jr., F. A. Teixeira, S. C.Siebeneichler ............................................................................................................................ 144

Avaliação de in dicadores de segurança e qualidade em empresas que operam sob as Normas daPIN-Manga no Pólo Petrolina-PE e Juazeiro-BA

J. S. Assis de, M. S. R. Bastos, P. A. Lima, S. J. S. Almeida ................................................... 149

Produção Integrada de Manga e Uva Fina de Mesa do Vale do São Francisco: perfil do monitorC. A. P. dos Santos, F. N. P. Haji, P. R. C. Lopes, J. E. M. Oliveira, V. F. C. dos Santos ..... 153

Produção Integrada de Prunáceas no Paraná safra 2006/07L. S. Kowata, L. L. May-de-Mio, A. C. V. Motta, L. B. Monteiro, F. L. Cuquel ..................... 156

Análise prospectiva de cadeia produtiva para inserção da mangaba no agronegócioE. G. Ferreira, A. G. Guerra, I. B. Menino, I. A. de Araüjo ................................................... 161

Fruticultura: renda sustentável para a agricultura familiarM. B. Thiesen, R. S. Lassen ................................................................................................... 165

Diagnóstico preliminar da atual situação, quanto à presença de resíduos de agrotóxicos, dasfrutas comercializadas no atacado de São Paulo (SP)

L. R. P. Trevizan, G. C. de Baptista, G. V. B. Almeida ........................................................... 169

Produção de castanhas e caju-de-mesa nos sistemas de Produção Integrada e convencionalV. H. Oliveira, A. P. S. Andrade, E. de O. Silva ...................................................................... 174

Qualidade de cajus-de-mesa nos sistemas de Produção Integrada e convencionalA. P. S. Andrade, V. H. Oliveira, R. B. de Lima ...................................................................... 180

Período crítico de incidência de cercosporiose e perdas de produção em amendoimV. M. R. A. Almeida, R. P. de Almeida ................................................................................... 186

Sistema de Produção Integrada de Café: fertilização x controle de doençasU. P. Lopes, L. Zambolim, E. M. Zambolim, A. F. Souza, D. R. Costa, P. N. S. Neto ........... 191

Monitoramento de agroquímicos em áreas de Produção Integrada de Arroz Irrigado no RioGrande do Sul

M. L. Mattos, J. F. da S. Martins, C. D. M. Nunes, W. B. Scivittaro, F. Moura ..................... 196

Produção Integrada de TrigoC. S. Tibola, J. M. C. Fernandes, I. Lorini, P. L. Scheeren .................................................... 200

Níveis de adubação em tomate para processamento sob sistema de plantio direto e preparoreduzido

N. R. Madeira, R. B. Souza, R. A. de C. e Melo, R. P. Caixeta ........................................... 202

Produção integrada de tomate industrial: validação de unidades pilotoM. Castelo Branco, A. M. Quezado-Duval, G. L. Villas Bôas, H. R. Silva, R. S. Liz ............. 207

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Proposição de técnicas e parâmetros de irrigação para a Produção Integrada do Tomateiro paraprocessamento

H. R. Silva, W. A. Marouelli, G. L. Villas Bôas, M. Castelo Branco, R. B. Souza .................. 212

Sistema de produção convencional x Produção Integrada – efeitos sobre os atributos microbiológicos do solo

J. E. B. de Carvalho, C. L. L. de Azevedo, M. C. da Silva, A. C. Barreto .............................. 217

Índice de risco ambiental para pontos de abastecimento de pulverizadores de agrotóxicos (IRAp),uma adaptação do Environmental Risk Index (ERI) para a Produção Integrada

L. Gebler .................................................................................................................................. 221

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

SENSIBILIDADE DE VENTURIA INAEQUALIS AO MICLOBUTANIL

WOLFF, C. M. 1 ; VALDEBENITO SANHUEZA, R. M.2

1 Engª Agrª, CNPUV, CP 1345, 95200-000, Vacaria , RS, [email protected] ; 2 Engª Agrª. Drª., CNPUV. CP130, 95700-000, [email protected]

Introdução

O sistema de Produção Integrada de Maçã (PIM) limita o uso de pesticidas de alto risco

para selecionar estirpes resistentes estabelecendo limites ao número de pulverizações que o

produtor pode fazer por ciclo para o controle de determinado patógeno. Esta informação consta

nas Normas Técnicas Específicas da PIM e, no caso dos fungicidas inibidores da síntese do

ergosterol (IBE) são permitidas até 6 pulverizações para o controle da sarna da macieira

(Venturia inaequalis), sendo excepcionalmente liberado o uso de tratamentos adicionais. A

ocorrência, caracterização e manejo da resistência de V. inaequalis a este grupo de fungicidas tem

sido relatada no Brasil e em outros paises produtores de maçãs (DELP et al., 1988,

ERRAMPALLI, 2004; GHINI; KIMATI, 2000). O fungicida miclobutanil, do grupo dos IBE, é

utilizado para o controle de Venturia inaequalis na macieira, sendo que a dose inibitória de 50%

do crescimento micelial é de 0,07 ppm para isolados selvagens (ERRAMPALLI, 2004). Quando

usada a dose discriminatória de 0,1 ppm, Koller et al. (1997) consideram que haverá risco de

perda de controle naqueles pomares nos que se constata o tamanho das colônias desenvolvidas

em meio de cultura com fungicida e próxima ao constatado sem fungicida (crescimento relativo

superior a 80%). O objetivo do trabalho foi determinar a sensibilidade ao fungicida miclobutanil

“in vitro” de isolados de Venturia inaequalis coletados em pomares de diferentes regiões

produtoras de maçãs e determinar a produção de conídios e o crescimento de isolados resistentes

em meio de cultura sem fungicida.

Material e Métodos

Foram utilizados 63 isolados de V. inaequalis, coletados no ciclo 2005-2006 e

provenientes de 6 locais: Fraiburgo (SC), Cambará (RS), Vacaria (RS), São Francisco de Paula

(RS), Monte Alegre dos Campos (RS) e São Joaquim (SC). As estirpes foram preservadas em

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placas de Petri com meio BDA-Extrato de Levedura (batata, 74 g; dextrose, 10 g; agar, 34 g e

extrato de levedura, 6 g.L ¹־ ).

Para instalação do experimento foi preparado meio de cultura BDA (batata, 200; dextrose,

10; agar, 18 g.L ¹־ )sem fungicida e com a dose discriminatória de 0,4 ppm de miclobutanil,

representado pelo Systhane (Dow Agrosciences). Na instalação do experimento foi retirado um

disco do BDA (0,85 cm x 0,85 cm) e substituído por outro de igual tamanho colonizado pelo

fungo. As placas foram incubadas a 20°C e fotoperíodo de 12 h. As avaliações de diâmetro das

colônias ocorreram no 5º, 9º, 13º, 17º e 21º dia de crescimento. Foram utilizadas duas repetições

por isolado e meio de cultura

Para determinação da inibição do desenvolvimento da colônia foi usada a fórmula citada

por Errampalli (2004): Inibição = ([Tamanho no BDA - Tamanho no BDA + Fungicida/Tamanho

no BDA] × 100) e o crescimento relativo (CR) citado por Koller et al. (1997) que consiste no

tamanho da colônia no BDA + Fungicida/Tamanho no BDA × 100. O diâmetro das colônias foi

medido com paquímetro digital, no sentido horizontal e vertical.

Os fatores de competividade de 5 isolados com e sem inibição (colônias que tiveram as

maiores inibições (25 a 50%) e colônias em que a inibição foi menor do que 1%) foram

comparados. Estes fatores foram a taxa de crescimento e a produção de conídios. A contagem de

conídios foi realizada no 25º dia de desenvolvimento da colônia usando hemacitómetro.

Resultados e Discussão

A sensibilidade de isolados de V. inaequalis foi variável dependendo do pomar de origem

não se detectando isolados com inibição do tamanho das colônias superior a 50%, como ocorreria

com isolados selvagens (Tabela 1). No pomar Fraiburgo 1, foi observada alta freqüência (73%)

de isolados com baixa inibição do crescimento das colônias (Fig. 1). Os dados referentes ao

tamanho das colônias de isolados com e sem inibição pelo miclobutanil mostraram que os

isolados mais sensíveis apresentaram colônias maiores em meio de cultura (teste T (p<0,05), mas

a quantidade de conídios nos dois grupos não apresentou diferenças significativas (Tabela 2).

Isolados com alta resistência são aqueles com crescimento relativo de isolados (CR) igual

ou maior a 80% quando avaliados em meio de cultura com 0,1 ppm de miclobutanil. Isolados

com este CR acarretarão perda de controle de 27% (KOLLER et al., 1997). Contudo, os autores

antes citados mostraram que, visto que a resistência aos IBE é de tipo contínuo quando a

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freqüência de isolados com CR>80% é maior de 43%, haverá perda de controle nos pomares

comerciais. Os dados obtidos mesmo que com número pequeno de isolados nos pomares,

sugerem que sinais de ocorrência de resistência são claros no caso dos pomares avaliados, visto

que neste trabalho a freqüência de isolados resistentes (CR>80%) é alta mesmo usando 0,4 ppm

como dose discriminatória (Tabela 1). Assim, poderá haver perda de controle da doença nos

quando as condições sejam propícias á doença nos pomares Fraiburgo 1, Vacaria 1, 2, 3 e 4,

Monte Alegre dos Campos, Cambará e São Francisco de Paula e o risco será somente menos

grave nos outros pomares avaliados.

Os dados obtidos reforçam a validade da exigência da PIM para restringir o uso de

fungicidas IBE à exigência de uso em misturas com fungicidas eficazes e com diferente modo de

ação no patógeno e a limitação do número de pulverizações por ciclo atendendo as

recomendações do Comité de ações para estudo da resistência de patógenos aos fungicidas

(FRAC).

Tabela 1. Frequência de isolados de Venturia inaequalis com sensibilidade variável ao miclobutanil em meio de cultura com 0,4 ppm do fungicida1.

LocaisN° de

isolados avaliados

Nº de isolados com inibição maior a 10%

N° de isolados com inibição menor a 5%

Crescimento relativo2 dos

isolados de cada pomar (%)

Freqüência (%) de isolados com crescimento

relativo >80%Fraiburgo 1 15 4 11 100,00 93Vacaria 1 5 3 2 100,00 60Vacaria 2 6 5 1 82,90 66Vacaria 3 4 0 4 100,00 100São Joaquim 1 6 5 1 79,68 33São Joaquim 2 3 3 0 74,53 66São Joaquim 3 4 4 0 77,72 75Monte Alegre dos Campos 6 2 4 100,00 83Cambará 4 1 3 93,94 75São Francisco de Paula 4 2 2 91,50 75

1 Média de duas repetições por isolado.2 Inibição = ([Tamanho no BDA - Tamanho no BDA + Fungicida/Tamanho no BDA] × 100); Crescimento relativo (CR):

(tamanho da colônia no BDA + Fungicida/Tamanho no BDA) × 100).

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Tabela 2. Características de isolados de Venturia inaequalis sensíveis e resistentes ao miclobutanil.

Isolados Inibição em BDA com miclobutanil

Tamanho das colônias após 21 dia em BDA

N° de conídios após 21 dia em BDA

Resistentes1. Fraiburgo 7 0 17,8 2,5x105

2. Fraiburgo 8 0 14,59 <105

3. Fraiburgo 9 0 15,09 <105

4. Vacaria 20 0 9,5 <105

5. Vacaria 21 0 14,19 0,5x 105

Média 14,23*Sensíveis1. São Joaquim 34 33,3 18,49 1x105

2. São Joaquim 37 38,2 17,79 2x105

3. São Joaquim 42 18,7 17,63 <105

4. Vacaria 53 19,7 16,47 1x105

5. Vacaria 54 13,4 19,97 <105

Média 18,071 Média de duas repetições por isolado. * diferença entre o tamanho dos dois grupos conforme teste T (p<0.05).

Inibição do tamanho das colônias de isolados deVenturia inaequalis obtidos em pomar de

Fraiburgo em BDA com 0,4 ppm de miclobutanil

0 1 2 3 4 5 6 7

< 1

1 a 5

5 a 10

10 a 25

25 a 50N° de isolados

Figura 1. Freqüência de isolados sensíveis (inibição > 25%) e resistentes (inibição < 25%) de Venturia inaequalis obtidos de um pomar de Fraiburgo.

Conclusão

Há alta frequência de isolados de Venturia inaequalis com características de resistência ao

fungicida miclobutanil nas três principais regiões produtoras de maçãs no sul do país.

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Referências Bibliográficas

DELP, C. J.; DELP, B. R; FORT, T. M.; MORTON, H. V.; SMITH, C. M. Fungicide Resistance in North America. In: FORTH, T. M. (Ed.). Demethylathion Inhibitor (DMI) Fungicides. Minessota: The American Phytopathological Society, 1988. 77 p.

ERRAMPALLI, D. Distribution of myclobutanil fungicide sensitivities among populations of Venturia inaequalis, the causal agent of apple scab, in Ontario. Acta Horticulturae, v. 638, p. 157-162, 2004. Trabalho publicado no XXVI INTERNATIONAL HORTICULTURAL CONGRESS, 2004 intitulado Sustainability of Horticultural Systems in the 21st Century.

GHINI, R; KIMATI, H. Resistência de fungos a fungicidas. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2000. 78 p.

KOLLER, W.; WILCOX, W. F. Evaluation of Tactics for Managing Resistance of Venturia inaequalis to Sterol Demethylation Inhibitors. Plant Disease, New York, v. 83, p. 857-853, 1999.

KOLLER, W.; WILCOX, W. F.; BARNARD, J.; JONES, A. L.; BRAUN, P. G. Detection and quantification of Venturia inaequalis populations to sterol demethylation inhibitors. Phytopathology, v. 87, p. 184-190, 1997.

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APLICAÇÕES FOLIARES DE CÁLCIO EM PESSEGUEIRO AUMENTAM OS SEUS

TEORES NA FOLHA E NÃO AFETAM OS TEORES NO FRUTO

MELO, G. W.1; BRUNETTO, G.2

1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo, Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho. Embrapa Uva e Vinho, Caixa Postal 130, Rua Livramento 515, Cep: 95700-000, Bento Gonçalves, RS, Brasil. E-mail:

[email protected] (Apresentador do trabalho); 2 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo, Doutorando do PPG em Ciência do Solo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). UFSM, Centro de Ciências Rurais (CCR), Dep. de Solos, Caixa Postal 221, Cep: 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail:

[email protected]

Introdução

O Estado do Rio Grande do Sul, RS, possui a maior área cultivada com pessegueiro do

Brasil e a região da Serra Gaúcha é importante produtora de pêssego para o consumo in natura.

Os pomares se localizam em solos com textura argilosa ou muito argilosa, alto teor de matéria

orgânica, baixa fertilidade e elevada acidez. Por isso, a calagem é indispensável em todos os

sistemas de produção de pêssego, entre eles, a produção integrada, uma vez que, cria um

ambiente favorável ao desenvolvimento das raízes e incrementa a oferta de cálcio para a planta.

Entretanto, como o pessegueiro absorve as maiores quantidades de cálcio do solo, durante um

pequeno período do ano, em taxas relativamente altas, pode ser necessário sua suplementação

com pulverizações dos frutos com sais de cálcio, para garantir melhores características aos frutos.

Alguns trabalhos realizados na região Sul do Brasil indicam que nem sempre a

pulverização de frutos de pêssego com fontes de cálcio melhora as características físicas e

químicas do fruto e aumenta seu período de armazenamento (VISOTTO, 2002). Entretanto, são

escassos os estudos que avaliam o efeito da aplicação de cálcio sobre o seu teor e de outros

nutrientes na folha, que é usada para estimar o estado nutricional da planta, e no fruto, que pode

ser usado como indicativo para definir a ocorrência de distúrbio fisiológico, uma vez que a sua

ocorrência está relacionada ao alto conteúdo de N, Mg e K e suas relações com o cálcio,

fenômeno já conhecido em frutos de macieira (ARGENTA; SUZUKI, 1994; NACHTIGALL;

FREIRE, 1998). O presente trabalho objetivou avaliar o efeito de pulverizações foliares de fontes

de cálcio no seu teor e de outros nutrientes nas folhas e nos frutos.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Material e Métodos

O trabalho foi composto de dois experimentos realizados em um pomar comercial de

pessegueiro (Prunus persica, L. Batsch), cultivar Chimarrita, porta-enxerto Aldrighi, no

município de Pinto Bandeira, região fisiográfica da Serra Gaúcha do RS, safra agrícola de

2003/2004. Os pessegueiros foram plantados no ano de 1995, espaçamento 4,0 m x 2,5 m e

conduzidos em taça com quatro pernas. O solo do experimento foi um Cambissolo Húmico

(EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA-CNPS, 1999) e apresentava, na

camada de 0-20 cm, os seguintes atributos: argila 270 g kg-1; matéria orgânica 54 g kg-1; pH em

água 6,3; Índice SMP 5,7; Ca trocável 9,30 cmolc dm-3; Mg trocável 4,10 cmolc dm-3; Al trocável

0,0 cmolc dm-3; P disponível 113 mg dm-3 e K disponível 105 mg dm-3.

O experimento 1 compreendeu de uma, duas e três pulverizações foliares de cloreto de

cálcio nas concentrações de 0 (água), 0,5, 1,0 e 2,0%. O experimento 2 consistiu de uma, duas e

três pulverizações foliares de nitrato de cálcio nas concentrações de 0 (água), 0,5, 1,0 e 2,0%.

Nos dois experimentos a aplicação das concentrações de cloreto de cálcio e nitrato de cálcio

iniciou após a plena floração e finalizaram uma semana antes da colheita dos frutos. O

delineamento experimental usado foi de blocos ao acaso, com três repetições, sendo as parcelas

distribuídas ao longo da linha de plantio.

Nas plantas dos dois experimentos foram coletadas folhas completas (limbo + pecíolo) do

terço médio dos ramos do ano, no interior e exterior dos diferentes lados da planta, secas, moídas

e preparadas para a análise de cálcio, nitrogênio, potássio e magnésio (TEDESCO et al., 1995).

Na plena maturação os frutos foram colhidos e numa parte dos frutos foram cortadas duas frações

longitudinais triangulares em cada fruto, cortadas de forma radial, incluindo a epiderme.

Posteriormente, as frações foram trituradas e digeridas a 350°C, usando-se uma mistura de ácido

sulfúrico concentrado e água oxigenada 30 volumes e determinado o cálcio, nitrogênio, potássio e

magnésio (TEDESCO et al., 1995).

Resultados e Discussão

O cloreto de cálcio pulverizado uma, duas e três vezes em concentrações crescentes,

aumentou de forma linear a quantidade de cálcio nas folhas (Tabela 1). Os teores deste nutriente

em todas as concentrações e aplicações realizadas ficaram na faixa de interpretação abaixo do

normal, que varia entre 0,66 a 1,63%, e normal, 1,64 a 2,61% (COMISSÃO DE QUÍMICA E

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FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC, 2004). Por outro lado, a quantidade deste nutriente no fruto

não foi afetada (Tabela 1). O cloreto de cálcio pulverizado em nenhuma das aplicações alterou a

porcentagem de nitrogênio, potássio e magnésio nas folhas e nos frutos (Tabela 1). Os teores de

nitrogênio nas folhas em todas as concentrações e aplicações ficaram na faixa de interpretação

abaixo do normal, 1,89 a 3,25%, os de potássio ficaram normal, 1,64 a 2,61% e os de magnésio

abaixo do normal, 0,19 a 0,51% (COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO –

RS/SC, 2004).

Tabela 1. Cálcio, nitrogênio, potássio e magnésio nas folhas e nos frutos de pêssego submetidos à aplicação de cloreto de cálcio.

Concentração Folha FrutoCálcio Nitrogênio Potássio Magnésio Cálcio Nitrogênio Potássio Magnésio

g kg-1 mg kg-1

1 aplicação0 15,781 24,05ns 14,62ns 5,69ns 41,64ns 481ns 1805ns 83ns

0,5 15,75 22,09 14,41 5,41 41,14 547 1806 841,0 16,35 24,10 15,89 4,88 42,29 545 1825 872,0 16,75 23,62 16,00 5,01 41,64 525 1805 86

CV, % 1,40 5,07 9,61 10,96 1,75 8,61 3,34 3,372 aplicações

0 16,322 23,50ns 15,90ns 6,30ns 41,14ns 520ns 1820ns 78ns

0,5 16,09 23,74 17,61 5,20 38,76 547 1858 791,0 17,10 23,20 16,39 5,60 38,76 613 1885 822,0 17,46 23,40 17,47 5,91 42,29 612 1889 83

CV, % 3,36 2,50 5,61 11,56 10,82 7,39 2,21 2,483 aplicações

0 15,213 24,15ns 14,00ns 6,20ns 39,64ns 515ns 1738ns 79ns

0,5 14,98 23,90 17,47 4,79 35,24 591 1752 841,0 16,10 24,72 17,47 4,66 38,76 535 1778 762,0 16,44 24,06 16,93 5,97 41,31 569 1740 85

CV, % 4,83 2,85 13,15 15,00 10,80 7,79 4,09 2,91ns = não significativo ao nível de 5% de erro;(1) y = 15,28 + 0,351x (R2 = 0,88*); (2) y = 15,63 + 0,443x (R2 = 0,78*); (3) y = 14,48 + 0,481x (R2 = 0,79*).

O nitrato de cálcio pulverizado uma, duas e três vezes em concentrações crescentes

aumentou de forma linear a quantidade de cálcio nas folhas (Tabela 2), sendo que os teores deste

nutriente em todas as concentrações e aplicações ficaram na faixa de interpretação abaixo do

normal, entre 0,66 a 1,63%, e normal, 1,64 a 2,61% (COMISSÃO DE QUÍMICA E

FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC, 2004), como encontrado com o uso de cloreto de cálcio. Já

a quantidade deste nutriente nos frutos não foi afetada (Tabela 2), como observado no cloreto de

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cálcio. Por outro lado, a pulverização de nitrato de cálcio em quantidades crescentes não afetou a

quantidade de potássio e magnésio nas folhas e nem tão pouco a quantidade de nitrogênio,

potássio e magnésio no fruto (Tabela 2). O teor de nitrogênio nas folhas em todas as

concentrações e aplicações foram interpretadas como abaixo do normal (1,89 a 3,25%), para

potássio foi normal (1,31 a 2,06%), igual ao encontrado com a aplicação de cloreto de cálcio, e

para magnésio abaixo do normal (0,19 a 0,51%) e normal (0,52 a 0,83%).

As pulverizações foliares de cálcio e a falta de aumento da sua quantidade no fruto esta

associado ao fato que o seu suprimento é limitado aos tecidos onde é depositado. Somado a isso,

a baixa resposta da aplicação foliar de cálcio esta associado aos teores de cálcio no solo, que nos

dois experimentos foi de 9,30 cmolc dm-3, que é considerado alto (COMISSÃO DE QUÍMICA E

FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC, 2004).

Tabela 2. Cálcio, nitrogênio, potássio e magnésio nas folhas e nos frutos de pêssego submetidos à aplicação de nitrato de cálcio.

Concentração Folha FrutoCálcio Nitrogênio Potássio Magnésio Cálcio Nitrogênio Potássio Magnésio

g kg-1 mg kg-1

1 aplicação0 16,151 22,50ns 15,05ns 5,55ns 40,14ns 520ns 1650ns 75ns

0,5 16,25 22,31 17,47 5,39 41,15 510 1646 741,0 16,55 22,53 16,79 5,36 39,00 517 1805 772,0 16,84 22,55 17,20 5,35 41,15 522 1725 76

CV, % 1,71 3,17 12,21 2,01 4,15 2,26 6,98 6,892 aplicações

0 15,802 23,153 15,75ns 4,90ns 39,50ns 510ns 1830ns 79ns

0,5 15,33 24,25 16,03 4,94 40,64 512 1858 841,0 16,22 24,35 15,25 4,96 40,14 522 1859 812,0 16,50 24,28 15,57 5,01 40,15 522 1725 79

CV, % 1,27 1,50 1,21 1,91 4,34 2,00 5,88 5,473 aplicações

0 15,904 23,855 16,55ns 4,88ns 42,29ns 520ns 1713ns 77ns

0,5 16,22 23,63 19,90 4,77 42,14 520 1776 831,0 16,81 24,72 17,47 4,96 42,28 522 1772 772,0 17,25 26,25 19,63 4,83 42,29 524 1802 74

CV, % 4,62 2,70 10,73 3,08 1,36 2,20 3,08 7,63ns = não significativo ao nível de 5% de erro;(1) y = 15,85 + 0,237x (R2 = 0,96*); (2) y = 15,21 + 0,299x (R2 = 0,57*); (3) y = 23,13 + 0,349x (R2 = 0,62*); (4) y = 15,38 + 0,464x (R2 = 0,98*); (5) y = 22,54 + 0,829x (R2 = 0,81*).

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Conclusão

As aplicações foliares de fontes de cálcio em pessegueiro aumentam o seu teor na folha,

mas não afeta o teor de potássio e magnésio, e no fruto, de cálcio, nitrogênio, potássio e

magnésio.

Referências Bibliográficas

ARGENTA, L. C.; SUZUKI, A. Relação entre teores minerais e freqüência de bitter pit em maçã cv. Gala no Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 16, p. 267-277, 1994.

COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC. Manual de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10. ed. Porto Alegre: SBCS, Núcleo Regional Sul: UFRGS, 2004. 400 p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA-CNPS. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro: Embrapa-CNPS, 1990, 412 p.

NACHTIGALL, G. R.; FREIRE, C. J. S. Previsão da incidência de “bitter pit” em maçãs através dos teores de cálcio em folhas e frutos. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 20, p. 158-166, 1998.

TEDESCO, M. J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C. A.; BOHNEN, H.; VOLKWEISS, S. J. Análise do solo, planta e outros materiais. 2. ed. Porto Alegre: UFRGS, Departamento de Solos, 1995. 174 p. (UFRGS. Boletim Técnico, 5).

VISOTTO, M.; ANTUNES, P. L.; DALBOSCO, V. Aplicação de cálcio em pré-colheita na conservação de pêssego [Prunus persica (L.) Batsch], cv. chiripá. Revista Brasileira de Agrociência, v. 8, p. 31-35, 2002.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

EFEITO DA INTERENXERTIA NO CONTROLE DO VIGOR DE PESSEGUEIRO CV.

JUBILEU NA REGIÃO DE PELOTAS, RS

TOMAZ, Z. F. P. 1 ; LIMA, C. S. M.1; GALARÇA, S. P.1; SILVEIRA, S. S.2; RUFATO, A. R.3;

RUFATO, L.4

1Eng Agro Mestranda do PPGA de Fruticultura de Clima Temperado FAEM UFPel, [email protected], [email protected], [email protected], 2Estagiária Dep Fitotecnia FAEM UFPel; 3Eng Agro Dr, FAEM

UFPel Dep Fitotecnia, Cx. Postal 354, [email protected];; 4Eng Agro Dr, CAV UDESC, [email protected]

Introdução

O Rio Grande do Sul é o principal Estado produtor de pêssegos do Brasil, responsável por

aproximadamente 50% da produção nacional da fruta. Por outro lado, o rendimento médio do

Estado, em torno de 7,0 toneladas.ha-1, situa-se entre os menores do País, denunciando a

existência de limitações no sistema de produção convencional da fruta. Neste sistema, prevalece

o manejo e práticas culturais utilizadas pelo produtor de acordo com sua opção de adoção

(GIOLO et al., 2005).

A produção integrada de frutas (PIF) é definida pela IOBC (Internacional Organization

for Biological and Integrated Control of Noxios Animals and Plants), como “o sistema de

produção que gera alimentos e demais produtos de alta qualidade, mediante a aplicação de

recursos naturais e regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes e a

garantia da sustentabilidade da produção agrícola; enfatiza o enfoque do sistema holístico,

envolvendo a totalidade ambiental como unidade básica; o papel central do agroecossistema; o

equilíbrio do ciclo de nutrientes; a preservação e o desenvolvimento da fertilidade do solo e a

diversidade ambiental como componentes essenciais; métodos e técnicas biológicas e químicas

cuidadosamente equilibradas, levando-se em conta a proteção ambiental, o retorno econômico e

os requisitos sociais” (FACHINELLO et al., 2005).

As técnicas culturais relacionadas à cultura do pessegueiro têm sido fortemente

modificadas nos últimos anos. Passou-se a empregar densidades de plantio mais elevadas,

maximizando-se o aproveitamento da área e também os tratos culturais. O emprego de alta

densidade de plantas traz consigo a demanda por plantas de menor porte, sem, por sua vez,

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

reduzirem sua produtividade. Existem várias técnicas que podem ter efeito no controle do vigor

das plantas, como o emprego de porta-enxertos ananizantes, anelamento do tronco e dos ramos

das plantas, emprego de fitorreguladores de crescimento e a produção das mudas com o uso da

interenxertia (RUFATO et al., 2006).

A interenxertia que, segundo Hartmann et al. (1990), consiste na utilização de um frag-

mento de caule intermediário ou filtro compatível entre o porta-enxerto e o enxerto, pode influen-

ciar no desenvolvimento da copa e das raízes. Esta é uma técnica que, em regra, tem o objetivo de

diminuir o vigor das plantas, aumentar a eficiência produtiva e melhorar a qualidade das frutas,

conforme já verificado em diversas espécies frutíferas, como cerejeira (LARSEN et al., 1987;

ROZPARA et al., 1990), macieira (KOIKE; TSUKAHARA, 1988), pereira (WESTWOOD et al.,

1989), damasqueiro (OGASANOVIC et al., 1991) e ameixeira (GRZYB et al., 1994).

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de diferentes comprimentos de

interenxertos de Granada no crescimento vegetativo do pessegueiro cultivar Jubileu em dois

ciclos vegetativos.

Material e Métodos

O experimento foi desenvolvido no Centro Agropecuário da Palma da Faculdade de

Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas, Brasil. Na execução do

experimento, foi utilizado pomar de pessegueiro da cv. Jubileu interenxertada com interenxertos

da cultivar Granada com 5, 10, 15 e 20 cm de comprimento, mais a testemunha (sem

interenxerto). O porta-enxerto Capdeboscq foi obtido a partir da germinação de seus caroços; o

interenxerto e a cultivar copa foram enxertados através da técnica de borbulhia, em janeiro e

julho de 2001, respectivamente. O pomar foi implantado em 2002, num espaçamento de 1,5 x 5

m. As plantas foram conduzidas em “Fusetto”.

Durante o inverno dos anos de 2005 e 2006 foram avaliadas as variáveis: diâmetro do

tronco do porta-enxerto, do interenxerto e da cultivar copa: obtidos através da média das medidas

longitudinal e transversal a linha de plantio do diâmetro do tronco. No caso do diâmetro do

tronco do porta-enxerto, a medida foi realizada 5 cm abaixo do ponto de enxertia do interenxerto;

no caso do interenxerto, a medida foi realizada na metade do comprimento deste e na cultivar

copa a medida foi realizada 5 cm acima do seu ponto de enxertia; volume da copa: obtido pelas

medidas de largura e espessura da copa e a altura a partir do ponto de inserção do primeiro ramo

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

no tronco; altura das plantas: obtida pela medida linear da altura das plantas a partir do ponto de

enxertia da cultivar copa e índice de fertilidade de gemas: foram amostrados quatro ramos de

cada planta de pessegueiro, onde realizou-se a contagem do número de gemas floríferas no ramo

e seu respectivo comprimento, determinando o índice de fertilidade através da relação direta entre

o número de pares de gemas floríferas e o comprimento do ramo.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com 3 blocos e 5

repetições por tratamento. Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância, e as

médias comparadas pelo Teste Tukey com 5% de probabilidade de erro.

Resultados e Discussão

O índice de fertilidade de gemas no ano de 2005, não diferiu estatisticamente entre os

interenxertos, porém as plantas interenxertadas com interenxerto de 15 cm apresentaram maior

média que os demais tratamentos, confirmando o resultado encontrado por RUFATO et al.

(2006). No ano seguinte (2006) houve diferença significativa estatisticamente, entre os

tratamentos controle e 5 cm de interenxerto e o de 20 cm, observando-se maior índice de

fertilidade de gemas nos dois primeiros tratamentos. Os tratamentos 10 e 15 cm de interenxerto

não diferiram estatisticamente dos demais (Tabela 1).

No ano de 2005, não houve diferença significativa entre as médias das variáves diâmetro

do tronco do porta-enxerto, do interenxerto e da cultivar copa. No caso da primeira variável,

também em 2006, não foram observadas diferenças significativas entre os diferentes

comprimentos de interenxerto. Já em 2006 houve variação significativa entre as médias de

diâmetro do tronco do interenxerto e de diâmetro do tronco da cultivar copa. Para o diâmetro do

tronco do interenxerto, as plantas interenxertadas com interenxerto de 5 cm apresentaram

diâmetro significativamente superior às plantas com interenxerto de 20 cm de comprimento. No

caso do diâmetro do tronco da cultivar copa, a ausência de interenxerto resultou em diâmetro

estatisticamente superior ao tratamento com interenxerto de 20 cm de comprimento (Tabela 1).

O volume da copa não apresentou diferença significativa entre as médias dos tratamentos

nos anos de 2005 e 2006. Sendo que as maiores médias foram verificadas nas plantas sem

interenxerto, contrariando DE ROSSI et al. (2003) que observaram, no caso da macieira, que o

comprimento do interenxerto influenciou o volume de copa.

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O diâmetro do tronco ou área da seção do tronco e volume de copa são variáveis

estreitamente relacionadas. Neste estudo, apesar de ter havido variação significativa entre os

tratamentos, no ano de 2006, para os diâmetros de tronco das três partes da planta, esta variação

não foi observada para o volume da copa.

Tabela 1. Diâmetro do tronco do porta-enxerto, do interenxerto e da copa, volume de copa e índice de fertilidade de gemas das plantas de pessegueiro ‘Jubileu” interenxertadas com pessegueiro ‘Granada’, anos 2005 e 2006.

Tratamentos Índice de Fertilidade

Diâmetro do Porta-Enxerto (mm)

Diâmetro do Interenxerto (mm)

Diâmetro da Copa (mm)

Volume da Copa (m3)

AnoInterenxerto 2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006

Sem (controle) 0,42a 0,71a 39.70a 34.85a 0 0 33.90a 33.40a 0.85a 2.00a

5 cm 0,47a 0,72a 39.02a 34.78a 42.55a 34.81a 34.02a 32.51ab 0.67a 1.92a

10 cm 0,52a 0,70ab 33.41a 32.12a 31.37a 30.55ab 29.12a 29.47ab 0.49a 1.21a

15 cm 0,50a 0,75ab 43.32a 34.88a 40.31a 33.81a 35.93a 31.99ab 0.82a 1.85a

20 cm 0,42a 0,62 b 27.95a 30.66a 25.53a 28.95 b 21.48a 21.46 b 0.32a 1.02a

* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Conclusão

O emprego de interenxerto exerceu influência sobre o diâmetro do tronco tanto do porta-

enxerto, como do interenxerto e da cultivar copa, principalmente no último ano do estudo, porém

esta influência não foi confirmada no caso do volume da copa das plantas.

Referências Bibliográficas

DE ROSSI, A. et al. Comportamiento vegetativo del manzano ‘Imperial Gala’ con diferentes longitudes de intermediario de EM9. Información Técnica Económica Agraria. v. 99, p. 140-146, 2003.

FACHINELLO, J. C.; TIBOLA, C. S.; PICOLOTTO, L.; DE ROSSI, A.; RUFATO, L. Produtividade e Qualidade de Pêssegos Obtidos nos Sistemas de Produção Integrada e Convencional. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 27, n. 1, p. 64-67, 2005.

GIOLO, F. P.; GRÜTZMACHER, A. D.; MANZONI, C. G.; FACHINELLO, J. C.; NÖRNBERG, S. D.; JÚNIOR, G. J. S. Seletividade de Agrotóxicos Indicados na Produção

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Integrada de Pêssego a Trichogramma pretiosum RILEY, 1879 (HYMENOPTERA:TRICHOGRAMMATIDAE). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 27, n. 2, p. 222-225, 2005.

GRZYB, Z. S.; ROZPARA, E.; HARTMANN, W. The influence of different interstems on growth and yield of plum cv. Ruth Gerstetter trees. Acta Horticulturae, Wageningen, n. 359, p. 256-259, 1994.

HARTMANN, N. T.; KESTER, D. E.; DAVIES JUNIOR, F. T. Plant propagation: principles and practices. 5. ed. Englewood Cliffs: Regents: Prentice-Hall, 1990. 647 p.

KOIKE, H.; TSUKAHARA, K. Various interstem effects in combination with ‘Marubakaido N-1’ rootstock on ‘Fuji’ apple growth. HortScience, Alexandria, v. 23, n. 3, p. 580-581, 1988.

LARSEN, F. E.; HIGGINS, S. S.; FRITTS JUNIOR, R. Scion/interstock/rootstock effect on sweet cherry yield, tree size and yield efficiency. Scientia Horticulturae, Amsterdam, v. 33, n. 3/4, p. 237-247, 1987.

OGASANOVIC, D.; PLAZINIC, R. M.; PAPIC, V. M. Results from the study of some early apricot cultivars on various interstocks. Acta Horticulturae, Wageningen, n. 193, p. 383-389, 1991.

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WESTWOOD, M. N.; LOMBARD, P. B.; BJORNSTAD, H. O. Pear on‘Winter Banana’ interstem with M.26 apple rootstock. HortScience, Alexandria, v. 24, n. 5, p. 765-767, 1989.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

“AGIR”: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES

DE MORANGO DE ATIBAIA E JARINU (SP) PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA

PRODUÇÃO INTEGRADA1

HAMMES, V. S.2; CALEGARIO, F. F.3; SILVA, T. A.4

1Apoio financerio: CNPq (Processo 48.0016/2004-6); 2Engenheira Agrônoma, Embrapa Meio Ambiente, Rod SP 340 - km 127,5, Jaguariúna, SP, [email protected]; 3Engenheira Agrônoma, Embrapa Meio Ambiente, Rod SP 340 - km 127,5, Jaguariúna, SP, [email protected], 4Bolsista CNPq, Graduação em Engenharia

Ambiental, Unipinhal, Espírito Santo do Pinhal, SP, [email protected].

Introdução

Em abril de 2006, a Embrapa Meio Ambiente em parceria com a Prefeitura da Estância de

Atibaia (convênio nº 21300.04/0003-3) e a Associação dos Produtores de Morangos e

Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região iniciou na região uma seqüência de eventos de

educação e conscientização ambiental da cadeia produtiva visando estimular a implementação da

Produção Integrada de Morangos (PIMo).

Configurou-se um grupo representativo da cadeia produtiva de morango local formado

por produtores, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, gestores públicos e representantes de

revendas de produtos agropecuários. De acordo com a Macroeducação (HAMMES, 2004), o

processo construtivista e participativo de conscientização ambiental de um grupo proporciona a

re-construção do conhecimento da realidade ambiental local, segundo a práxis socioambiental

“Ver, Julgar e Agir” e subsidia a tomada de decisão de “mudança ou não de atitude”. Neste caso,

orienta a decisão sobre a adoção ou não da PIMo, mais especificamente nas áreas temáticas de

capacitação e organização de produtores conforme o Marco Legal da Produção Integrada de

Frutas do Brasil (ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2002). Após o “Ver” da microrregião e das

propriedades rurais e o “Julgar” das vantagens e dificuldades da produção de morangos na região

(CALEGARIO et al., 2006a, 2006b, 2006c, 2006d; HAMMES et al., 2006), realizou-se o “Agir”,

que corresponde à fase de decisão e planejamento do processo de mudança de atitude. Este

trabalho visa descrever esta etapa, que resultou no Planejamento Estratégico da Associação dos

Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região (SP) para a

implementação da PIMo.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Material e Métodos

Este trabalho foi estruturado numa programação de dias de campo, oficinas ou reuniões

técnicas organizados de forma construtivista, cuja participação dos atores sociais foi orientada

por planilhas obtidas pela decomposição do conhecimento sobre a realidade ambiental em “Ver”,

“Julgar” e “Agir”, utilizando técnicas de diagnóstico, avaliação de impacto e gestão ambiental,

respectivamente. O “Agir”, objeto deste trabalho, iniciou-se pela análise das planilhas sobre os

problemas agrupados pelos temas: a) Vizinhança e Planejamento da Cidade; b) Gestão Ambiental

Integrada dos Recursos Naturais; c) Questões de Pré-Colheita na Produção de Morango; e d)

Questões de Pós-colheita na Produção de Morango. Tais planilhas orientaram a priorização de

soluções e os encaminhamentos pelas entidades competentes presentes, a partir da análise da

diferença entre Importância (escala de 5 a 1, variando da mais para a menos importante) e o

Prazo (escala de 0 a 4, variando de emergencial a longo prazo), sendo que este último

considerava tempo, custo e urgência para a correção do problema. As planilhas foram

enriquecidas com as palestras “Fortalecimento da Associação” e “Você está disposto a arriscar?”,

que contribuíram para a estruturação de questionamentos, orientação resolutiva do debate em

torno dos problemas de maior relevância (pontuação 5), e o realinhamento das decisões. Para

caracterizar o “status” da organização associativa do grupo e analisar os benefícios oferecidos

pelas associações, foi realizada uma dinâmica dialógica de questionamentos sobre a infra-

estrutura, serviços e taxas, assim como a relação de pessoas associadas. Em seguida, foi

apresentado um documento de referência de planejamento estratégico para o processo de

implementação da PIMo, composto por: Apresentação; Introdução; Plano de ação de

implementação da PIMo (visão de futuro, missão, visão, valores, foco da atuação, objetivos

gerais, estratégias de implementação e de continuidade do processo); e a Matriz de

responsabilidades.

Resultados e Discussão

A atividade de educação ambiental relativa ao “Agir” para o aprimoramento da percepção

ambiental na tomada de decisão do grupo para a implementação da PIMo em Atibaia e Jarinu

resultou na estruturação de uma programação de eventos, conforme a Tabela 1:

O tempo de resposta do processo de re-construção do conhecimento sobre a realidade

ambiental em “Ver”, “Julgar” e “Agir” foi de 11 meses, sendo que a etapa “Agir” levou 6 meses.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Tabela 1. Seqüência de cinco eventos e contribuições de educação ambiental para promover o “Agir”, ou seja, a percepção da gestão ambiental para a implementação da Produção Integrada de Morangos na região de Atibaia e Jarinu (SP).

Contribuições e encaminhamentos dos eventosEvento 1 Alternativas para Tomada de Decisão na PIMoNatureza Dia de campo Data: 19/10/2006

O grupo, auxiliado por especialistas, priorizou os problemas, apontou as ações preventivas, corretivas e mitigadoras, e as instituições competentes presentes assumiram compromissos de providenciar as medidas preliminares.Problemas identificados como prioritários e encaminhados a:ü Agentes Públicosü Grupo de Agricultura:1. a – falta planejamento dos produtores para a adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPA); 2. b – degradação do solo; e 3. c – dificuldades para encontrar mudas de qualidadeü Grupo do Meio Ambiente: degradação dos recursos hídricosü Grupo do Planejamento: falta planejamento do uso e ocupação do espaço rural, urbano e industrialü Associação de Produtoresü Necessidade de fortalecimento da Associação para promover a adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPAs)

Evento 2 Tomada de decisão rumo à PIMONatureza Reunião técnica Data: 05/12/2006

As ações foram priorizadas e os representantes das Secretarias Municipais de Planejamento, Agricultura e Meio Ambiente, bem como da Associação apresentaram os encaminhamentos e o comprometimento, segundo a percepção sobre a viabilidade das ações, parcerias e o enfrentamento de pontos críticos. As palestras motivaram o debate resolutivo aos questionamentos gerados, cujas respostas registradas em fichas foram agrupadas por instituição competente e colocadas numa seqüência por ordem de realização. Além da necessidade óbvia de capacitação técnica, o debate gerou inúmeros questionamentos que em síntese eram: Quem somos? O que queremos ser? E como conquistar isso? E, por fim: Queremos adotar a PIMo? Isto resultou na percepção do grupo sobre a dispersão dos produtores em várias associações ou não associados, na necessidade de se organizarem em um único grupo, na decisão consciente de adotarem a PIMo e a necessidade de se planejarem para isso. Para tanto, foi considerada uma ação emergencial o fortalecimento da organização associativa do grupo, que ainda estava indefinido. Além de fundamental, o estabelecimento do processo de implementação da produção integrada e das responsabilidades individuais, pertinentes e integradoras, culminou com a necessidade de registro desse processo, identificada como a elaboração participativa do Planejamento Estratégico da ação coletiva e da gestão individual das propriedades rurais.

Evento 3 Planejamento Estratégico do Grupo Piloto de Implementação da PIMoNatureza Oficina Data: 11/01/2007

Na caracterização das associações verificou-se que o grupo de produtores é formado por 4 não associados, 8 da Associação dos Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região e 1 da Associação Hortifrutiflores de Jarinu. Os produtores do grupo se reorganizaram, uns migraram, outros se integraram à Associação dos Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região, mais estruturada e focada na produção de morango. Além disso, foi planejado o processo de implementação da PIMo, do qual resultou no delineamento do calendário agrícola, na busca por um local de comercialização pública, na criação de uma logomarca que reúne a logomarca da Associação, com a logomarca da PIF e mais as palavras tradição, confiança e segurança, e na elaboração do Planejamento Estratégico composto por plano de ação e matriz de responsabilidades e parcerias com coordenador, secretaria executiva, articulador, responsável técnico, organizador de eventos, apoio comercial, apoio jurídico, normatização e certificação. Segundo as competências, identificaram parcerias, apoios e patrocinadores potenciais: Embrapa, Prefeitura, Outras associações, Conselho de Desenvolvimento Rural, Sindicato Rural, SAAE, CEAGESP, Revendas, MAPA, CATI, Universidades, Instituto de Pesquisas e Profissionais Autônomos.

Evento 4 Ação Gerencial da Implementação da PIMoNatureza Oficina Data: 15/02/2007

O grupo de adesão à PIMo se associou conforme combinado. O grupo é formado por 12 produtores de morango, sendo 4 pequenos (cultivam até 1000 plantas), 7 médios (cultivam de 10.000 a 200.000 plantas) e 1 grande (cultiva 1.200.000 plantas), representando um total 2.464.500 mudas plantadas, e o compromisso de formação de talhões de 20 mil mudas para serem utilizados na pesquisa-ação da PIMo. Dentre os parceiros, destaca-se a Secretaria de Agricultura articulando a obtenção de recursos do orçamento participativo e a contratação de estagiário. Os produtores definiram a logomarca (Figura 1) deste trabalho e se programaram também para apresentarem sugestões para a proposta de norma e caderno de campo a serem utilizados ao longo da capacitação técnica, cujos temas foram selecionados.

Evento 5 Consolidação do Planejamento Estratégico e Gerencial da PIMoNatureza Reunião Data: 04/04/2007

Foram feitas as alterações sugeridas no encontro anterior, principalmente na matriz de responsabilidades e parceria. Foi definido o Planejamento Estratégico Participativo da Implementação da Produção Integrada de Morangos pela Associação de Produtores de Hortifrutigranjeiros de Atibaia e Jarinu e formado uma Comissão Técnica Local.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Figura 1. Logomarca do Projeto de Implementação da Produção Integrada da Associação dos Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região (SP).

Conclusão

Este trabalho permite concluir que a Macroeducação é uma ferramenta metodológica

aplicável às áreas temáticas de capacitação e organização de produtores indicadas no Marco

Legal da Produção Integrada de Frutas do Brasil. A descrição da etapa “Agir” demonstrou que a

Macroeducação é eficaz na conscientização ambiental e integração dos diversos elos da cadeia

produtiva, contribuindo para a organização associativa ou o seu fortalecimento. A eficiência da

“construção” desse processo decisório foi evidenciada pelo curto tempo de resposta e a

efetividade pelo Planejamento Estratégico Participativo, que se apresenta como um registro

palpável da decisão do grupo em implementar a PIMo.

Referências Bibliográficas

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CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 1: Percepção do diagnóstico ambiental da microrregião de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006b. p. 101-106.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 2: Percepção do diagnóstico ambiental das propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006c. p. 135-142.

CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Dificuldades e vantagens da produção de morangos segundo a percepção de produtores de Atibaia e Jarinu. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006d. p. 193-200.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

CERTIFICAÇÃO PARTICIPATIVA E GESTÃO AMBIENTAL DA PRODUÇÃO

INTEGRADA DE MORANGO1

BUSCHINELLI, C. C. de A.2; CALEGARIO, F. F.3; BUENO, S. C. S.4; LINO, J. S.5; PASTRELLO, B. M. C.6; RODRIGUES, G. S.7

1Apoio financeiro: CNPq (Processo: 48.0016/2004-6); 2Ecólogo, Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69, 13820-000, Jaguariúna/SP, [email protected]; 2Enga Agra, Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69, 13820-000,

Jaguariúna/SP, [email protected]; 3Enga Agra, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, São Bento do Sapucaí/SP, 12490-000, [email protected]; 4Estudante de Ecologia, Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69, 13820-000, Jaguariúna/SP, [email protected]; 5Estudante de Eng. Ambiental, C.P. 69, 13820-000, Jaguariúna/SP, [email protected]; 6Ecólogo, Embrapa Labex Europe, Agropolis International,

Montpellier CEDEX 5, 34394, França, [email protected].

Introdução

No Brasil, a produção de morangos é de cerca de 100 mil toneladas, em uma área

cultivada de 3.500 hectares. Minas Gerais é o maior produtor nacional, seguido por São Paulo e

Rio Grande do Sul, sendo caracterizada pelo emprego de alta tecnologia e exigência em mão-de-

obra, principalmente na época da colheita, que é longa e gera em torno de quatro empregos

diretos por hectare (NAPOLEÃO, 2007). Além da questão simplesmente produtiva, a sociedade

começa a diferenciar e valorizar produtores que manejam responsavelmente o ambiente e os

recursos naturais, como forma de compensação e incentivo pela conservação. Iniciativas de

certificação permitem essa compensação do produtor, ao registrar e avaliar a eficácia de

investimentos e dedicação a adequadas práticas de manejo. A certificação de qualidade, que

busca diferenciar capacidades institucionais padronizadas, auditadas por agentes de terceira parte,

é frequentemente de difícil alcance para iniciativas locais e de pequenos produtores familiares

(característica de muitos produtores de morango), podendo ser alternativamente concebidos

sistemas de certificação participativa e inclusiva para preparação de produtores interessados em

ingressar no programa PIF (CAMPANHOLA et al., 2006).

Neste contexto, a Embrapa Meio Ambiente desenvolveu o Sistema de Avaliação

Ponderada de Impacto Ambiental de Atividades do Novo Rural (APOIA-NovoRural), um

instrumento de gestão ambiental participativo da atividade produtiva, aplicável no âmbito do

estabelecimento rural (RODRIGUES; CAMPANHOLA, 2003) e com caráter territorial quando

estes são avaliados coletivamente (RODRIGUES et al., 2007b). Nos últimos quatro anos, o

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

sistema vem sendo validado em centenas de estabelecimentos rurais, envolvendo uma variedade

de atividades produtivas, tais como: Unidades familiares, Atividades extrativas e Carcinicultura

(PB), Estabelecimentos dedicados à Horticultura Orgânica e Convencional, ao Agroturismo,

Pesque-pagues e Agricultura Ecológica nas regiões Sudeste e Sul; bem como em

estabelecimentos dedicados à Estrutiocultura, Agricultura de Precisão, Produção de Oleaginosas

para geração de Biocombustível e Produção Integrada de Frutas em todas as regiões do Brasil

(RODRIGUES et al., 2007a, 2007b; RODRIGUES et al., 2006). A estratégia de divulgação inclui

a apresentação em cursos de capacitação em produção integrada de frutas como o promovido

recentemente para pêssego e ameixa (BUSCHINELLI et al., 2007).

O objetivo deste trabalho é apresentar uma estratégia de gestão ambiental participativa e

voluntária dirigida aos produtores rurais, de forma a auxiliar a eco-certificação de suas atividades

produtivas, tendo como exemplo, a preparação de produtores para ingresso na produção integrada

de morango (PIMo).

Material e Métodos

O Sistema APOIA-NovoRural é constituído de cinco dimensões de avaliação

identificadas como Ecologia da Paisagem, Qualidade dos Compartimentos Ambientais

(Atmosfera, Água e Solo), Valores Socioculturais, Valores Econômicos e Gestão e

Administração (RODRIGUES; MOREIRA-VIÑAS, 2007), que comportam um total de 62

indicadores integrados em matrizes escalares de ponderação construídas em plataforma MS-

Excel®, resultando em Índices de Impacto para cada indicador, para as dimensões de avaliação e

em um Índice Geral de Impacto da atividade.

A estratégia utilizada na avaliação, que partiu do interesse de produtores e extencionistas

locais, envolveu as seguintes etapas: i) curso para produtores, extensionistas, pesquisadores,

envolvendo um componente teórico com detalhamento da metodologia; ii) dia de campo para o

preenchimento das matrizes com vistoria de estabelecimento/coleta de dados junto ao produtor e

de amostras de solo e água para análises de laboratório; iii) reunião final para entrega do

Relatório Técnico de Gestão Ambiental, indicando medidas corretivas para os impactos negativos

diagnosticados e políticas públicas pertinentes.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Resultados

Como uma atividade do Projeto Produção Integrada de Morango e com apoio da

Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), foram realizados em São Bento do

Sapucaí (SP) nos dias 25 e 26/10/2006 o curso “Eco-Certificação da Produção de Morango" (14

participantes) e o dia de campo “Eco-Certificação da Produção de Morango" (21 participantes).

Na oportunidade foram avaliados dois estabelecimentos representativos da realidade local, um

muito diversificado (Estabelecimento A) e outro especializado na produção de morango (B),

cujos resultados são apresentados na Figura 1.

Figura 1. Níveis de sustentabilidade para estabelecimentos participantes do Programa de Produção Integrada de Morango (PIMo) em São Bento do Sapucaí (SP), de acordo com o “Sistema APOIA-NovoRural”. A linha mais destacada do gráfico representa o desempenho obtido na avaliação e a linha mais clara mais próxima ao centro, a linha de base de conformidade ambiental; índices de impacto ambiental da atividade nos dois estabelecimentos.

A avaliação da produção de morangos indicou que a atividade apresenta contribuições

importantes para a sustentabilidade dos estabelecimentos rurais. O Índice Geral de Impacto

alcançado (0,79 nos dois estabelecimentos) indica a tendência ao cumprimento com a linha de

base de conformidade ambiental (0,70), podendo ser empregado como um dos instrumentos

documentados para busca de uma certificação da gestão ambiental da atividade. Todas as

Dimensões avaliadas apresentaram valores superiores ou na linha de base de conformidade

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

ambiental, indicando contribuições do manejo praticado para a sustentabilidade. O índice médio

de sustentabilidade para Ecologia da Paisagem atingiu 0,72 e 0,75 para os estabelecimentos A e

B, respectivamente, apesar das restrições impostas pelo relevo da região. Um contraste principal

ocorreu no indicador de Diversidade produtiva (índices = 0,47 e 0,69, respectivamente, para os

estabelecimentos A e B), que representa uma medida importante das alternativas para a geração

de renda e segurança econômica das fazendas contra as flutuações de mercado. A qualidade de

água excelente (valores médios = 0,92 e 0,88 para os estabelecimentos A e B, respectivamente) e

as melhorias notáveis na qualidade do solo (0,69 e 0,70) foram associadas à PIMo. Importantes

contribuições foram associadas também com os Valores econômicos e Sócio-cultural. O contraste

principal observado entre os estabelecimentos foi a melhor influência do programa PIMo na

dimensão da gerência e da administração na fazenda diversificada (estabelecimento A), devido às

condições muito melhores de comercialização devido à integração de várias atividades

produtivas.

Conclusões

A Produção Integrada de Frutas pode ser avaliada utilizando-se o Sistema APOIA-

NovoRural, buscando-se retratar os principais pontos favoráveis e aqueles que apresentam

problemas ao desempenho ambiental do estabelecimento, constituindo-se em um instrumento de

suporte à certificação participativa e voluntária.

O Sistema é adequado e aplicável a diferentes setores produtivos rurais, mesmo

considerando seus aspectos peculiares. É válida sua aplicação como um instrumento

documentado para a certificação participativa da atividade, segundo o desempenho ambiental

alcançado. O “Relatório de Gestão Ambiental” entregue aos produtores com análise crítica e

participativa, interpreta os índices de impacto e indica alternativas de formas de manejo e

tecnologias que permitam minimizar os impactos negativos e potencializar os impactos positivos,

contribuindo para o desenvolvimento local sustentável.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Referências Bibliográficas

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

DIÁRIO DE CAMPO: FERRAMENTA PARA DESENVOLVER O HÁBITO DE

REGISTRAR PROCEDIMENTOS NA PRODUÇÃO INTEGRADA DE MORANGO1

ABREU, A. C. de2; CALEGARIO, F. F. 3 ; OLIVEIRA, P. G. de4; ROSENTE, H.5; BORGES, A. C.6; IWASSAKI, L. A.7

1Apoio financeiro: CNPq (Processo 48.0016/2004-6); 2Engenheiro Agrônomo, R. dos Lírios, 580, Atibaia, SP, 12945-540, [email protected]; 3Engenheira Agrônoma, Pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69, Jaguariúna, SP, 13820-000, [email protected]; 3Produtor Rural, coordenador do Grupo da Produção

Integrada de Morango de Atibaia, Jarinu e Região, Sítio Giraldi, Rod. Dom Pedro I, km 75,5, Atibaia, SP (11)7316-3446; 4Engenheiro Agrônomo, Diretor Técnico da Secretaria de Agropecuária e Abastecimento, Prefeitura da

Estância de Atibaia, Rua José Pires, 514, Atibaia, SP, 12940-650, [email protected]; 6Produtor Rural, R. Padre Antônio Pascoal, s/nº, Estiva, MG, 37542-000, (35)9957-5660; 7Engenheira Agrônoma, R. dos Japoneses, 148/404,

Guarulhos, SP, 07197-140, [email protected].

Introdução

Segundo as Normas Técnicas Gerais para a Produção Integrada de Frutas (NTGPIF),

descritas no Marco Legal da Produção Integrada de Frutas (PIF) do Brasil, é obrigatório o

registro de dados da cultura necessários à adequada gestão da PIF. A elaboração de cadernos de

campo e de pós-colheita, atualizados e fiéis à realidade, é necessária para garantir a

rastreabilidade (ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2002). Assim sendo, rastreabilidade e cadernos de

campo e de pós-colheita são pressupostos também para a adoção da Produção Integrada de

Morango (PIMo) (ANTUNES et al., 2007).

A fim de cumprir com os preceitos da NTGPIF, porém, em função da heterogeneidade de

níveis técnicos entre produtores, bem como da falta de costume em registrar procedimentos

realizados no campo, o grupo da PIMo de Atibaia, Jarinu e Região propôs, de forma participativa,

a elaboração de um sistema simplificado de anotações.

O objetivo deste trabalho é apresentar um sistema simplificado de registros como

alternativa para iniciar a anotação de procedimentos em uma lavoura de morangos onde essa

prática ainda não tenha sido incorporada.

Material e Métodos

Produtores e engenheiros agrônomos de Atibaia, Jarinu e Região, cientes da necessidade

de registrar os procedimentos realizados na lavoura, analisaram uma proposta de caderno de

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campo da PIMo, elaborada em nível nacional, confirmando que se tratava de uma forma muito

complexa para o nível tecnológico dos produtores de morango. Com base em métodos próprios

que já estavam sendo utilizados em Atibaia, Jarinu (SP) e Estiva (MG), este grupo analisou as

formas usuais de se anotar os procedimentos, resgatando calendários, cadernetas de bolso e

realizando uma intensa troca de informações e idéias em busca de propor uma forma mais

simples de anotar os procedimentos na PIMo.

A estratégia utilizada na elaboração, divulgação e avaliação dos diários de campo

envolveu as seguintes etapas: i) reunião entre produtores e técnicos para elaboração de

reprodução dos documentos; ii) dia de campo para entregar os diários de campo a cada produtor

ligado ao Programa PIMo, cadastrar esses produtores e instruir como registrar os procedimentos;

iii) dia de campo para avaliar o andamento do preenchimento do diário de campo através de

questionários aos produtores; iv) visitas técnicas para vistoria das propriedades e diários de

campo, com transferência de dados dos diários para os cadernos de campo.

Resultados e Discussão

O sistema criado consiste em uma encadernação denominada diário de campo, contendo a

logomarca do grupo, as informações cadastrais do produtor e do responsável técnico, uma lista de

procedimentos que devem ser registrados diariamente – lembrete (Figura 1a) e várias páginas

semelhantes a um calendário (Figura 1b).

Figura 1. a) Página inicial do diário, lembrando os itens que o produtor não pode esquecer de anotar; b) Páginas principais, em forma de calendário, referentes aos dias/meses ao longo da safra.

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A Embrapa Meio Ambiente em parceria com as Prefeituras da Estância de Atibaia e de

Jarinu e com a Associação de Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e

Região realizou eventos e visitas técnicas para divulgar esse sistema de registro. Para distribuir o

diário, instruir como utilizá-lo e coletar informações sobre o grupo que iniciou a implementação

do sistema no campo, foi realizado no dia 26/04/07 o dia de campo “Orientação para

Preenchimento de Diário de Campo da PIMo" (15 participantes). Nessa ocasião, informou-se que

esse diário de campo deveria ser preenchido diariamente, sendo obrigatórias as anotação das

seguintes informações: praga ou doença observada na cultura; adubação (adubo, tipo, marca,

formulação, empresa, horário, quantidade, forma de adubação – cobertura, incorporação, ou

foliar); tratamentos fitossanitários (justificativa para aplicação, nome comercial do produto, dose

do produto, volume de calda, equipamento utilizado, horário de pulverização); irrigações

realizadas (quantidade de água, tempo, sistema adotado); colheita de morangos (tipo de morango

colhido – indústria ou mercado de morango fresco, quantidade de caixas colhidas, massa de

morangos contida em cada caixa, problemas observados); parcela onde estão sendo realizados os

procedimentos. Os produtores que receberam os diários responderam a um questionário, que

serviu para caracterizar o grupo de acordo com a Tabela 1.

Tabela 1. Característica do grupo que recebeu os diários de campo (código do produtor, local de origem, total de plantas cultivadas nos sistemas convencional (PC) e de produção Integrada (PIMo), responsáveis pelo registro de procedimentos e pela assistência técnica).

Código do produtor

Origem(Cidade, Estado)

PC + PIMo(nº de plantas)

PIMo(n° de plantas)

Responsável pelos registros

Responsável pela assistência técnica

1 Atibaia, SP 600 600 A própria Ninguém2 Atibaia, SP 15.700 15.700 O próprio Eng. agrônomo

3 Jarinu, SP 100.000 2.000 Funcionário ou o próprio Revendas

4 Jarinu, SP 0 0 O próprio Revendas5 Jarinu, SP 28.000 1.500 O próprio Revendas6 Atibaia, SP 1.200.000 10.000 O próprio Revendas7 Atibaia, SP 14.000 2.000 Funcionário Revendas8 Jarinu, SP 250.000 2.000 O próprio ou esposa Revendas9 Atibaia, SP 80.000 2.000 O próprio Ninguém10 Jarinu, SP 88.000 1.500 Funcionário Revendas11 Jarinu, SP 300.000 2.000 - -12 Atibaia, SP 12.900 12.900 - -13 Jarinu, SP 150.000 1.500 - -14 Jundiaí, SP 116.000 6.000 O próprio O próprio15 Imbituva, PR 363.000 363.000 Produtor, técnico Eng. Agrônomo

Total Atibaia e Jarinu (SP) 2.239.200 53.700Total Geral 2.718.200 422.700

- -

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

O grupo que recebeu orientações para preenchimento de diário de campo é formado por

15 produtores que juntos cultivam um total de 2.718.200 plantas (Tabela 1). Além dos produtores

de Atibaia e Jarinu, no grupo existe um produtor de Jundiaí (SP) e um engenheiro agrônomo de

Imbituva (PR) que presta assistência a 50 propriedades no Paraná, onde se almeja adotar a PIMo

em área total. Na maioria dos casos, o próprio produtor assume a responsabilidade de anotar os

dados no diário. A grande maioria recebe assistência técnica das revendas de produtos

agropecuários, fato que merece atenção, assim como os dois produtores que afirmaram não

receber assistência alguma.

Associado ao diário de campo existe um caderno de campo na forma tradicional, que

poderá ser futuramente auditado por certificadoras. O técnico responsável deverá transcrever

periodicamente para o caderno de campo todas as informações anotadas no diário, verificando se

o preenchimento do mesmo está correto. A Prefeitura da Estância de Atibaia está buscando a

contratação de um engenheiro agrônomo para acompanhar as atividades nas propriedades rurais

envolvidas no programa PIMo, inclusive o acompanhamento dos diários. No entanto, a

dificuldade na contratação desse profissional levou profissionais de empresas públicas e privadas

a formar, em caráter emergencial, um Grupo Técnico Local para dar apoio aos produtores. Com o

passar do tempo, a meta é que os produtores aprendam a registrar os procedimentos diretamente

no caderno de campo tradicional.

Decorridos pouco mais de dois meses da distribuição dos diários, visando avaliar a

receptividade aos mesmos, bem como as dificuldades que o grupo estava enfrentado com sua

adoção, foi realizado no dia 04/07/07 o dia de campo "Verificação do Preenchimento de Diários

de Campo da PIMo” (15 participantes). Através de debates e questionários, foi reforçada a

necessidade da contratação de um responsável técnico para acompanhamento das atividades do

grupo (principal deficiência). Alguns produtores afirmaram não encontrar dificuldades em

preencher os diários, sendo que dois produtores já estão registrando diretamente no caderno de

campo tradicional. Dentre as maiores dificuldades citadas pelos produtores estão: falta de

equipamento para medições na propriedade, falta de técnicos treinados, tempo gasto no

preenchimento, dificuldade em relatar alguma doença, dificuldade em saber se a adubação está

correta, depender do funcionário anotar todos os dias. As vistorias estão apenas iniciando.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Conclusão

O diário de campo é uma ferramenta útil, capaz de desenvolver nos produtores o hábito de

anotar os procedimentos realizados no campo. Este documento de registro, mais simples que o

caderno de campo tradicional, teve boa aceitação por parte dos produtores de morangos, sendo

indicado para emprego em culturas em estágio inicial de implementação da PIMo. Este método é

uma forma de desenvolver no mais simples funcionário ou meeiro, desde que alfabetizado, o

hábito de realizar os registros. No entanto, há necesidade de melhoria do método de transferência

dos dados do diário de campo para o caderno de campo e da garantia de assistência técnica,

visando à obtenção de um documento auditável pelas certificadoras.

Referências Bibliográficas

ANDRIGUETO, J. R.; KOSOSKI, A. R. (Org.). Marco legal da produção integrada de frutas do Brasil. Brasília, DF: MAPA, SARC, 2002. 60 p.

ANTUNES, L. E. C.; FILHO, J. D.; CALEGARIO, F. F.; COSTA, H.; JÚNIOR, C. R. Produção integrada de morango (PIMo) no Brasil. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 28, n. 236, p. 34-39, jan./fev. 2007.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

ESTRATÉGIA OPERACIONAL DE IMPLEMENTAÇÃO TÉCNICA DA PRODUÇÃO

INTEGRADA DE MORANGO EM ATIBAIA E JARINU1

CALEGARIO, F. F. 2 ; HAMMES, V. S.2; SILVA, T. A.3; BAGDONAS, N. F. C.4

1Apoio financeiro: CNPq (Processo 48.0016/2004-6); 2Engenheiras Agrônomas, Pesquisadoras da Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69, Jaguariúna, SP, 13820-000, [email protected] e [email protected];

3Acadêmico de Engenharia Ambiental, Unipinhal, Espírito Santo do Pinhal, SP, Bolsista CNPq da Embrapa Meio Ambiente, [email protected]; 4Acadêmica de Engenharia Ambiental, Unesp, Rio Claro, SP, Estagiária do

Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura da Estância de Atibaia, [email protected].

Introdução

Em maio de 2006, a Embrapa Meio Ambiente, em parceira com a Prefeitura da Estância

de Atibaia e com a Associação dos Produtores de Morangos e Hotifrutigranjeiros de Atibaia,

Jarinu e Região, iniciou a organização de um grupo de produtores, técnicos agrícolas,

engenheiros agrônomos, gestores públicos e representantes de revendas de produtos

agropecuários com objetivo de promover a adoção da Produção Integrada de Morango (PIMo).

Seguindo uma seqüência de eventos, foi utilizada a Macroeducação (HAMMES, 2004) como

ferramenta orientadora do trabalho de educação ambiental, realizado em três etapas: Ver, Julgar e

Agir. Na etapa Ver, realizaram-se diagnósticos do potencial da microrregião e das propriedades

agrícolas para adoção da PIMo (HAMMES at al., 2006; CALLEGARIO et al., 2006a, 2006b,

2006c). Na etapa Julgar, identificaram-se as vantagens e dificuldades da produção de morango

(CALLEGARIO et al., 2006d). A etapa Agir reuniu os parceiros e instituições competentes para

buscar, de forma participativa, a solução para os problemas levantados. Como um dos resultados

dessa etapa foi elaborado, em janeiro de 2007, um Planejamento Estratégico e Gerencial da

Implementação da PIMo .

Este trabalho tem como objetivo apresentar a estratégia que o grupo de Atibaia e Jarinu

adotou para operacionalizar a implementação técnica e da PIMo na região.

Material e Métodos

A implementação técnica da PIMo abordou três pontos desenvolvidos

concomitantemente: a) elaboração de Normas Técnicas Específicas e Documentos de

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Acompanhamento da PIMo; b) capacitação do grupo de produtores e técnicos; c) validação do

sistema no campo. Uma série de eventos foi realizada para desenvolver esses pontos, gerando

resultados que, associados, orientam os atores envolvidos e indicam redirecionamentos. O

Planejamento Estratégico e Gerencial da Implementação da PIMo elaborado pela Associação dos

Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região foi o documento

orientador para o alcance das metas do grupo. A partir deste Planejamento, o grupo de trabalho

elaborou os detalhes da implementação da parte técnica, buscando estabelecer a sistemática

prática de validação da PIMo no campo.

Resultados e Discussão

A elaboração de Normas Técnicas Específicas da PIMo (NTE-PIMo) foi conduzida

inicialmente em âmbito nacional, com discussão entre representantes das principais regiões

produtoras de morango do Brasil (dias 23/10/06 e 08/11/06) (Tabela 1). Nessas reuniões, uma vez

que a cadeia produtiva do morango não é bem organizada, foi levantada a necessidade de focar

em conceitos básicos, adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPA) e elaboração de uma norma

simples, com ênfase na grade e utilização adequada de agroquímicos. As discussões sobre essa

proposta continuaram no ano de 2007 na forma virtual (internet) e em reuniões regionais

(05/04/07) para revisão da norma (Tabela 1).

De forma construtivista e participativa, na Oficina “Ação Gerencial da Implementação da

PIMo” (15/02/07), o grupo elaborou um calendário agrícola regional de uma safra de morango.

Para cada trato cultural, foram associadas BPAs e o grau de dificuldade em implementá-las. As

práticas consideradas difíceis indicaram os temas prioritários para os treinamentos. Um

cronograma de capacitação foi agendado e está sendo realizado de acordo com a conveniência

para os produtores, com previsão de encerramento no pico da safra (Tabela 1).

Concomitante com a capacitação, iniciou-se o processo de validação do sistema no

campo. No dia 13/04/07 foi realizada a reunião técnica “Planejamento da Validação da PIMo”,

gerando resultados para orientar os atores envolvidos (Tabela 1).

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Tabela 1. Seqüência de eventos, locais e datas de realização e principais resultados obtidos.

Evento Data Principal resultadoReunião Técnica: Discussão das NTE-PIMo Semi-Hidropônicos (Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, RS)

23/10/06Discussão da versão original das NTE-PIMo, específica para o sistema semi-hidropônico de produção de morangos, que evoluiu para abranger o sistema de plantio em solo.

Reunião Técnica: Elaboração de NTE-PIMo (âmbito nacional, Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS)

08/11/06 Esboço das normas para sistema de plantio em solo e indicação da necessidade de versão simplificada do caderno de campo.

Reunião Técnica: Agir - Tomada de Decisão Rumo à PIMo (Atibaia, SP) 05/12/06

Decisão de reunir todos os produtores interessados em apenas uma Associação e considerar grupo da PIMo os produtores que estavam freqüentando os eventos.

Oficina: Planejamento Estratégico do Grupo de Implementação da PIMo (Atibaia, SP)

11/01/07 Definição do grupo de produtores e do Grupo de Apoio Técnico Local; matriz de gestão de responsabilidades.

Oficina: Ação Gerencial da Implementação da PIMo, (Atibaia, SP)

15/02/07

Elaboração da proposta de implementação técnica da PIMo (Relação entre Normas, Documentos de Acompanhamento, Capacitação e Validação); Definição de calendário agrícola / Boas Práticas Agrícolas (BPA) Associadas / Grau de dificuldade de adoção das BPA / Definição de temas prioritários para capacitação.

Oficina: Consolidação do Planejamento Estratégico da PIMo, (Atibaia, SP)

04/04/07 Elaboração de versão final do Planejamento Estratégico, com os representantes dos diversos atores e detalhamento da parte técnica.

Oficina: Análise da Proposta de NTE-PIMo pelos produtores de Atibaia e Jarinu, (Atibaia, SP)

05/04/07Revisão da proposta nacional de NTE-PIMo pelos produtores e técnicos locais; estabelecimento de cronograma de capacitação; apresentação de versão final do Planejamento Estratégico.

Reunião Técnica: Planejamento da Validação da PIMo, (Atibaia, SP) 13/04/07

Criação e distribuição de diários de campo, detalhamento do processo de validação no campo (parcelas, separação PC x PIMo, sinalização das parcelas, documentos de registro, rastreabilidade).

Dia de Campo: Orientação para Preenchimento de Diário de Campo da PIMo (Atibaia, SP)

Diários e cadernos de campo distribuídos, com instruções para separação de parcelas e preenchimento dos documentos; entrevista dos produtores; separação de grupos de acordo com localização da lavoura para organizar calendário de visitas técnicas; determinação dos responsáveis técnicos.

Dia de Campo: Verificação do Preenchimento de Diários de Campo da PIMo (Atibaia, SP)

04/07/07 Análise do preenchimento de cadernos e diários de campo; levantamento das principais vantagens e dificuldades detectados pelos produtores; debate sobre formas de melhorar a implementação da PIMo

Cursos, Seminário e Dias de Campo para capacitação nos temas prioritários, (Atibaia, SP)

10/05/07, 31/05/07, 13/06/07, 27/06/07, 12/07/07

Capacitação em: manejo de doenças; métodos alternativos de controle de doenças; calibração de pulverizadores; irrigação; solos e nutrição de plantas. Treinamentos previstos: manejo integrado de pragas; colheita e pós-colheita. Encerramento em agosto de 2007.

Foi estabelecido que cada produtor separasse um mínimo de 1.500 a 2.000 plantas para

formar uma parcela de PIMo, devendo reservar também uma parcela correspondente conduzida

na forma convencional (PC) para se proceder à comparação. Duas situações foram observadas no

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

grupo: 1) produtor que deseja adotar a PIMo na área toda, que em geral são pequenos produtores,

não tradicionais, que não possuem manejo convencional bem estabelecido; 2) produtor que deseja

separar apenas uma parcela mínima de 1.500 a 2.000 plantas para a PIMo. Esta modalidade é

indicada para grandes produtores, como forma de fazer a conversão de forma gradual. No início

os produtores foram orientados a tratar a parcela da PIMo segundo o manejo usualmente

empregado. O diferencial seria a anotação de todos os tratos culturais realizados. A partir dos

cursos de capacitação, os tratos culturais na parcela da PIMo deveriam começar a se diferenciar,

seguindo as instruções recebidas. No entanto, em virtude das lavouras já estarem instaladas no

campo, os produtores encontraram dificuldades em separar adequadamente as parcelas da PIMo

da PC, utilizando bordaduras. Assim, somente a partir do preparo de solo para a safra de 2008

será possível diferenciar adequadamente as parcelas PC e PIMo. Outra sugestão do grupo foi a de

se eleger uma das propriedades como campo demonstrativo para a condução da PIMo, servindo

de referência para o restante. Além dessa dificuldade, a falta de pesquisa em morangueiro para

embasar a elaboração de normas e orientar principalmente o monitoramento de pragas e doenças

tem sido um fator que dificulta a conversão para a PIMo. Por outro lado, algumas soluções

interessantes surgiram em Atibaia, por exemplo a parceria com um laboratório de análises

fitopatológicas, que atende gratuitamente os produtores que aderiram ao programa. Mesmo com

todas as dificuldades apresentadas, o grupo de produtores já mostra sinais de evolução quanto à

adoção dos documentos de registro e intenção em alterar seu manejo após os cursos de

capacitação já realizados. Esses sinais serão mais bem evidenciados na safra de 2008.

Conclusão

Apesar da dificuldade de concomitantemente desenvolver normas técnicas e documentos

de registro, implementar cadernos de campo, capacitar os produtores e validar o sistema no

campo, o grupo mostrou alto grau de comprometimento em todas essas etapas.

A dificuldade em se separar as parcelas da PIMo das parcelas da PC poderá ser amenizada

na próxima safra, aprimorando-se a estratégia de validação do sistema no campo.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Referências Bibliográficas

CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Diagnóstico do potencial da microrregião de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de morango. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA, 8., 2006, Vitória, ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006a. p. 257.

CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 1: Percepção do diagnóstico ambiental da microrregião de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006b. p. 101-106.

CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 2: Percepção do diagnóstico ambiental das propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006c. p. 135-142.

CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Dificuldades e vantagens da produção de morangos segundo a percepção de produtores de Atibaia e Jarinu. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006d. p. 193-200.

HAMMES, V. S. (Ed.). Proposta metodológica de macroeducação. 2. ed. São Paulo: Globo, 2004. 280 p. (Educação ambiental para o desenvolvimento sustentável, v. 2.).

HAMMES, V. S.; CALEGARIO, F. F.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Diagnóstico do potencial de propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de morango. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA, 8., 2006, Vitória, ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006. p. 258.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

COMPARAÇÃO PRODUTIVA ENTRE DUAS CULTIVARES DE AMORA-PRETA

“TUPI” X “XAVANTE”, REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ

BORSZOWSKEI, P. R. 1 ; MALGARIM, M. B.2

1Engenheiro Agrônomo, Pesquisador, Fundação de Apóio a Pesquisa e desenvolvimento do Agronegócio (FAPEAGRO) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Rod. do Café, km 496, Av. Presidente Kennedy, s/nº,

Caixa Postal nº 129 - 84001-970, Ponta Grossa - PR. E-mail: [email protected]; 2Engenheiro Agrônomo, Dr. Pesquisador na área de Fruticultura, Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Rod. do Café, km

496, Av. Presidente Kennedy, s/nº, Caixa Postal nº 129 - 84001-970, Ponta Grossa - PR, E-mail: [email protected]

Introdução

O cultivo de amora-preta no Brasil tem se destacado nos últimos anos, devido à difusão da

informação sobre características e propriedades dessas espécies e, também devido ao incentivo

dado atualmente para hábitos alimentares saudáveis nos quais se incluem as frutas

(BORSOWSKEI et al., 2006).

A cultura da amora-preta (Rubus spp) é promissora em se tratando de lucratividade,

principalmente para agricultores familiares, em razão do baixo custo de implantação e de

manutenção do pomar. Essa fruta pertence à família Rosaceae, gênero Rubus, sendo conhecidas

mais de trezentas espécies segundo Santos et al. (1997).

Segundo Pargot & Hoffmann (2003), o principal fator limitante para a produção de

amora-preta é a temperatura. A cultura requer uma combinação de horas de frio abaixo de 7

graus, nas estações mais frias, variando de 100 até 1.000 horas, em função da espécie/cultivar e

calor abundante, nas estações mais quentes, para que ocorram adequadas brotação, floração e

produtividade. Por essas razões, a cultura da amora-preta é recomendada, principalmente, para o

Estado do Rio Grande do Sul e para as regiões de microclima de Santa Catarina, Paraná, São

Paulo e Minas Gerais.

Na Região Centro-Sul do Paraná, alguns agricultores cultivam amora-preta como

alternativa de renda e diversificação de culturas. As cultivares inicialmente testadas na região

foram: Brazos, Comanche, Cherokee e Tupi, sob sistema orgânico de cultivo, destacando-se a

última como cultivar mais produtiva e resistente a pragas e doenças da região.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Com o lançamento da cultivar Xavante, a qual não possui espinhos no seu tronco e

galhos, observou-se que a colheita seria executada com mais rapidez e sem causar ferimentos aos

produtores.

Neste contexto o trabalho teve como objetivo comparar a produção média entre as

cultivares “Tupi” e “Xavante” na Região Centro-Sul do Paraná.

Material e Métodos

O experimento foi realizado no Município de Rio Azul, localizado na microrregião

colonial de Irati-PR e integra o segundo planalto paranaense. O clima é do tipo Cfb (temperado),

temperatura média alta anual de 23,9 graus e média baixa anual de 12,8 graus, precipitação média

anual de 1.700 mm, solo classificado como alissolo (IAPAR, 2007).

O plantio das cultivares de amora-preta foi realizado em sistema de plantio direto na palha

de centeio1. As mudas foram plantadas no mês de outubro de 2004, utilizando espaçamento de

0,7 m entre plantas por 2,5 m entre linhas, sendo, 10 linhas de 100 m de comprimento para cada

cultivar, totalizando uma área de 5.500 m2. Cada linha comportava aproximadamente 140 plantas,

para a ocasião foram avaliadas 70 plantas de cada linha.

O sistema de condução utilizado foi o espaldeira, por adaptar-se bem ao hábito vegetativo

da cultura e por apresentar boa aeração. Realizou-se no inverno de 2005 a poda com o corte dos

ramos principais a altura de 1,2 m e ramos laterais 0,3 m, após a produção, foram eliminados os

ramos que produziram no ano, cortando-os rente ao solo e nova poda de manutenção doa ramos

principais conforme anteriormente descrito.

Aplicou-se após a realização de cada poda, calda bordaleza e calda sufocálcica,

proporcionando ampla ação acaricida, fungicida, inseticida, assim como fontes de cálcio, cobre e

enxofre, também fez-se o uso de cama aviária e fosfato natural, alternativas utilizadas para um

sistema de cultivo orgânico.

Avaliou-se os seguintes parâmetros: Número de frutos por Planta (NFP) expresso por

unidade (unid), Peso Médio dos Frutos (PMF) expresso em gramas (g), Produção Média de

Frutos por Planta (PMFP) expresso em gramas e Produção (P) expressa em quilogramas por

1 Técnica utilizada como fonte de adubação orgânica e cobertura de solo, visto que o solo da região apresenta deficiência nutricional e alto risco de degradabilidade.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

hectare (kg.ha-1). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram

comparadas pelo teste Tukey 5% (Pr<0,05).

Resultados e Discussão

A cultura da amora-preta foi implantada no município de Rio Azul-PR na década de 1990,

tendo a cultivar "Brazos” como pioneira. Porém, a cultivar não apresentou resultados satisfatórios

aos produtores, estes procuraram auxílio técnico para encontrar uma cultivar adequada ao clima e

solo da região, proporcionando uma produção considerável.

No final da década de 1990 a cultivar “Tupi” foi implantada no município como promessa

de cultivar que se adaptaria ao clima da região e conseqüentemente teria uma boa produção. A

cultivar superou as expectativas, principalmente relacionada à produção, sendo rapidamente

disseminada para o município e posteriormente para a região.

Alguns agricultores, porém, têm dificuldades na colheita dos frutos, visto que a cultivar

apresenta grande número de espinhos no caule e galhos, os quais retardam a colheita e causam

pequenos ferimentos às mãos dos produtores.

A alternativa mais adequada foi à aquisição de mudas da cultivar “Xavante”, a qual não

apresenta espinhos. Para avaliar seu potencial produtivo fez-se necessária a execução de um

experimento comparativo com a cultivar “Tupi”.

Os resultados obtidos pelos parâmetros agronômicos avaliados podem ser observados na

Tabela1.

Tabela 1: Comparação produtiva entre a cultivar de amora–preta “Tupi” e “Xavante”, para as safras 2005/2006 e 2006/2007, Rio Azul-PR, 2007.

CultivarSafra 2005/2006 Safra 2006/2007

NFP (uni) PMF (g) PMFP (g) P (kg.ha-1) NFP (uni) PMF (g) PMFP (g) P (kg.ha-1)

Tupi 256,7 A 5,91 A 1.517 A 8.616 A 259,5 A 6,01 A 1.559 A 8.858 A

Xavante 228,7 B 4,73 B 1.081 B 6.140 B 231,3 B 4,78 B 1.105 B 6.279 BMédias seguidas de mesma letra, na coluna não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% (Pr<0,05).

114

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Os frutos da cultivar “Xavante” são menores, conseqüentemente mais leves, observa-se

que para o parâmetro PMF a cultivar “Tupi” obteve uma média entre as duas safras de 5,96 g e

para a cultivar “Xavante” 4,75 g. Esse parâmetro pode ser aplicado para a cultivar “Tupi”,

segundo Santos & Raseira (1988), a cultivar “Tupi” produz frutos grandes (6 gramas) no Rio

Grande do Sul.

A campo foi possível observar que a disposição dos frutos na planta da cultivar “Xavante”

é em forma de pequeno “cachos”. Nesta forma, tem-se a dificuldade da colheita individual do

fruto, implicando ocasionalmente na colheita de frutos ainda impróprios para o consumo.

Observa-se uma diferença de 2.476 kg.ha-1 ou 40,3% a mais na produção da cultivar

“Tupi” para a safra 2005/2006, quando comparada com a cultivar “Xavante” e 2.579 kg.ha-1 ou

41,7% para a safra 2006/2007. Isto pode ter ocorrido pelo fato que a cultivar “Tupi” apresentou

maior rusticidade e melhor adaptabilidade ao clima e solo da região, quando comparada à cultivar

“Xavante”.

Outro fator relevante é que a cultivar “Xavante” requer mais cuidados nos tratos culturais,

devido seu crescimento lento, tem-se a influência direta da supressão por plantas daninhas.

A colheita dos frutos da cultivar “Xavante” é realizada com maior agilidade, devido à

ausência de espinhos, porém, sua produção de 6.279 kg.ha-1, safra 2006/2007 é inferior quando

comparada com a cultivar “Tupi” (8.858 kg.ha-1, safra 2006/2007), refletindo menor retorno

financeiro.

A produção da safra 2004/2005 não foi contabilizada por demonstrar resultados

inexpressivos decorrentes de primeira safra. A produção média a partir da segunda safra para a

cultivar “Tupi” é de 8.100 kg.ha-1, já para a cultivar “Xavante” é de 6.150 kg.ha-1 para a Região

Centro-Sul do Paraná, segundo dados levantados através de coleta de informações de produtores.

Conclusão

A cultivar “Tupi” apresentou melhores resultados nos parâmetros agronômicos avaliados

e a cultivar “Xavante” proporcionou melhores condições de manejo na colheita, porém, baixa

produção.

115

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Referências Bibliográficas

BORSZOWSKEI, P. R.; MLGARIM, M. B.; AHRENS, D. C.; DEWULF, C. Análise e Diagnóstico de uma propriedade Familiar com Plantio e Processamento de Amora e Framboesa, no Município de Rio azul, PR. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006. p. 209-215.

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ. Monitoramento agroclimático do Paraná. Disponível em: <http://200.201.27.14/Site/Sma/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2007.

PAGOT, E.; HOFFMANN, A. Produção de pequenas frutas no Brasil: Origem e difusão. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS, 1., 2003, Vacaria. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2003.

SANTOS, A. M. dos; RASEIRA, M. do C. B. Lançamento de cultivares de amoreira-preta. Pelotas: EMBRAPA-CNPFT, 1988. n. p. (EMBRAPA. Informativo, 23).

SANTOS, A. M.; RASEIRA, M. C. B.; MADAIL, J. C. M. Amora-preta. 2. ed. Brasília: Embrapa-SPI; Pelotas: Embrapa-CPACT, 1997. 61 p. (Coleção Plantar, 33).

116

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DAS PRAGAS E INIMIGOS NATURAIS NA

CULTURA DA ATEMÓIA VISANDO A IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO

INTEGRADA DE FRUTAS

MOURA, M. D. da C. S.1; MOREIRA, A. N.2; AMORIM, S. A. dos S.3; PEREZ, J. O.4; SILVA, H. T. da5; SANTOS, C. C. dos6

1Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Fruticultura Irrigada - CEFET Petrolina, Bolsista FACEPE/CNPq, Rua Coroacy Nunes 52 Vila São Francisco - Sobradinho - BA, [email protected]; 2Enga Agra, M.Sc.

Entomologia, Professora CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 3Engo Agro, Esp. Irrigação, Professor CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 4Enga Agra, D.Sc. Fitopatologia, Professora CEFET

Petrolina, E-mail: [email protected]; 5Estudante do Curso Técnico em Agricultura, CEFET Petrolina; 6Estudante do Curso Técnico em Agricultura, CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]. Projeto

financiado pelo CEFET Petrolina e FACEPE/CNPq.

Introdução

A atemóia, híbrido interespecífico de Anonna cherimola Mill x Anonna squamosa L., é

cultivada principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Recentemente, esta fruta foi

introduzida com sucesso no Nordeste, apresentando destaque nos projetos de irrigação do Vale

do São Francisco (SÃO JOSÉ, 1997). Segundo Donadio (1997), a produção de atemóia tende a

crescer no Brasil, devido a sua maior versatilidade e adaptação às condições tropicais e

subtropicais em relação à cherimóia.

Entretanto, apesar dos esforços das instituições públicas e privadas, as tecnologias geradas

e/ou adaptadas para a exploração desta anonácea no país, têm sido insuficientes para uma posição

de destaque no cenário internacional desta fruteira a ponto de estar relegada a poucos dados

estatísticos e a limitadas informações técnico-científicas oriundas de pesquisa e experimentação

de campo, fato que limita os investimentos empresariais, além de propiciar uma exploração

empírica (CARDOSO, 1997).

Um dos fatores que concorrem para a baixa produtividade da atemóia nos pomares

brasileiros são os danos ocasionados por pragas e doenças, que podem interferir na qualidade do

produto, depreciando seu valor para a comercialização. O manejo integrado de pragas (MIP)

preconiza que o controle de pragas deve ser realizado por meio de técnicas eco-compatíveis que

visem manter a população de insetos abaixo do nível de dano econômico (BOTTON, 2001),

sendo um forte aliado à implantação de sistemas de Produção Integrada de Frutas (PIF). Dessa

117

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

forma, o estudo da flutuação populacional dessas pragas pode propiciar a obtenção de dados

referentes às épocas e picos de aparecimento delas, além da possibilidade de se estabelecerem os

níveis de equilíbrio e de dano das mesmas.

Material e Métodos

O trabalho foi realizado durante o período de agosto de 2006 a junho de 2007 em uma

área experimental de atemóia não pulverizada, na unidade agrícola do CEFET Petrolina, com

espaçamento 3 m x 3 m triangular, topografia plana e declividade de 1%, sendo o solo de textura

arenosa, bem drenado e de baixa fertilidade e sistema de irrigação por alternativa de gotejamento.

O acompanhamento da cadeia produtiva da atemóia foi realizado por meio de caderno de campo

constando nos registros a localização, tamanho da área, adubação, irrigação, tratos culturais,

colheita e pós-colheita, com a finalidade de permitir uma rastreabilidade das práticas na área em

estudo.

As amostragens das pragas, doenças e inimigos naturais foram realizadas em 30 plantas,

observando-se três ramos por planta, avaliando-se todo o ramo e a área foliar de todas as folhas

contidas no ramo, flores e frutos. Os ramos foram marcados e os dados da amostragem foram

registrados em uma planilha de campo, elaborada e adaptada à realidade regional,

especificamente ao Vale do São Francisco. As amostragens foram efetuadas semanalmente, com

o auxílio de uma lupa de bolso de aumento 10X. As pupas, ovos e larvas encontradas foram

coletadas e colocadas em placas de Petri ou tubos de ensaio tampados com tecido de nylon em

condições ideais de laboratório. Após a identificação, os insetos foram montados com alfinetes

entomológicos ou transferidos para frascos contendo álcool 70%.

A flutuação populacional foi analisada com base em análise gráfica e a correlação de

Pearson entre a quantidade de insetos capturados e os parâmetros climáticos (precipitação,

temperatura e umidade relativa do ar) coletados na estação metereológica da Embrapa Semi-

Árido.

Resultados e Discussão

Durante o período de amostragem registrou-se a ocorrência das seguintes pragas: broca-

dos-ramos-novos, cochonilhas (parda, algodão, escama farinha e branca), lagartas, cigarrinha

verde, minador, pulgão e soldadinho (Membracidae) (Figura 1), que também são comuns em

118

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

atemóia (TOKUNAGA, 2000) e outras anonáceas, tais como a graviola. Registrou-se também a

presença esporádica dos insetos irapuã, gafanhoto e serra-pau, porém sem causar danos à cultura.

As observações vêm apontando que a broca-dos-ramos-novos é a principal praga desta cultura na

região do Submédio do Vale do São Francisco, com picos populacionais de larvas verificados

nos meses de março, abril, outubro e novembro de 2006 (Figura 1), logo após a brotação dos

ramos e com ocorrência de período chuvoso. Também é importante mencionar a visível

deformação dos frutos em decorrência da ação da broca e dos problemas de floração e

frutificação da cultura que são reflexos da deficiência de polinização. Constatou-se, ainda, um

ataque intenso de pulgões entre meados de setembro e início de outubro, no entanto sem

relevância comercial e um aumento na incidência da cigarrinha nos meses de novembro e

dezembro de 2006 (Figura 1).

Figura 1. Flutuação populacional das principais pragas da atemóia no período de novembro de 2005 até de junho de 2007. Petrolina, PE.

O monitoramento das pragas da atemóia não apresentou correlações significativas entre os

fatores climáticos de temperatura média, umidade relativa e precipitação (Figura 2).

04080

120160200240280320360400440480520560

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8/20

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007

Data

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Broca SoldadinhoCochonilha MinadorLagarta PulgãoCigarrinha PercevejoVaquinha Ácaro rajadoMosca-branca Gorgulho

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Figura 2. Dados climáticos no período de novembro de 2005 até de junho de 2007. Petrolina, PE.

Nas avaliações realizadas foram encontrados diversos inimigos naturais tais como,

aranhas de diversas espécies, joaninhas e ácaros predadores e bicho lixeiro (crisopídeo) (Figura

3), entretanto, não apresentaram também correlações significativas com as variáveis climáticas.

Em relação à ocorrência de doenças, até o momento não foi constatada na área experimental a

presença de fitopatogênicos, provavelmente devido às condições climáticas não serem favoráveis

para a desenvolvimento de doenças ou não ter a presença dos patógenos no local.

Conclusão

Os resultados obtidos demonstram que a broca-dos-ramos-novos é a principal praga da

atemóia na região do Submédio do Vale do São Francisco, com ocorrência preferencialmente

após a brotação dos ramos e períodos com ocorrência de precipitação.

0

10

20

30

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Precipitação (m m )Tem peratura m édia (oC)Um idade re lativa (%)

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Figura 3. Flutuação populacional das principais dos inimigos naturais na cultura da atemóia no período de novembro de 2005 até de junho de 2007, Petrolina, PE.

Referências Bibliográficas

BOTTON, M. Monitoramento e manejo. Cultivar Hortaliças e Frutas, Pelotas, v. 1, n. 6, p. 18-20, 2001.

CARDOSO, J. E. Graviola: fitossanidade. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 1997. p. 9-10. (Frutas do Brasil, 20).

DONADIO, L. C. Situação atual e perspectivas das anonáceas. In: SÃO JOSÉ, A. R.; SOUZA, I. V. B., MORAIS, O. M.; REBOUÇAS, T. N. H. (Ed.). Anonáceas: produção e mercado (pinha, graviola, atemóia e cherimóia). Vitória da Conquista: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 1997. p. 1-4.

SÃO JOSÉ, A. R. Aspectos gerais das anonáceas no Brasil. In: SÃO JOSÉ, A. R., SOUZA, I. V. B., MORAIS, O. M.; REBOUÇAS, T. N. H. (Ed.). Anonáceas: produção e mercado (pinha, graviola, atemóia e cherimólia). Vitória da Conquista: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 1997. p. 5-6.

TOKUNAGA, T. A cultura da atemóia. Campinas: CATI, 2000. 80 p. il. (CATI. Boletim Técnico, 233).

04080

120160200240280320360400440480520560

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27/2

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Data

Núm

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Broca SoldadinhoCochonilha MinadorLagarta PulgãoCigarrinha PercevejoVaquinha Ácaro rajadoMosca-branca Gorgulho

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

ATRIBUTOS QUÍMICOS DOS SOLOS EM ÁREAS DE PRODUTORES VINCULADOS

À PRODUÇÃO INTEGRADA DE BANANA NO PROJETO FORMOSO, BAHIA

BORGES, A. L. 1 ; SOUZA, L. da S.1; CORDEIRO, Z. J. M.1

1Enga (o) Agra (o), Pesquisador (a) da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Caixa Postal 007, 44380-000 Cruz das Almas, BA, [email protected]; [email protected]; [email protected].

Introdução

A Região Nordeste é a maior produtora de banana do Brasil (36%), seguida das Regiões

Sudeste (31%), Norte (14,5%), Sul (15%) e Centro-Oeste (3,5%) (IBGE, 2005) e, embora

apresente excelentes condições de clima e solo para a produção, ainda são necessários ajustes em

alguns fatores que afetam a produtividade e a qualidade final dos frutos. Desta forma, a Produção

Integrada de Banana (PIN Banana) propõe-se a tornar o processo ambientalmente correto,

economicamente viável e socialmente justo, garantindo a certificação da produção de forma a

atender às exigências dos mercados, adotando para tanto as boas práticas agrícolas de campo e

pós-colheita.

No pólo de fruticultura do Projeto Formoso, Município de Bom Jesus da Lapa, Bahia,

irrigado com a água do rio Corrente, afluente do rio São Francisco, a banana é a principal cultura,

com 4.600 ha, empregando 10 mil pessoas. Dessa área, 542 ha estão sendo cultivados com

bananeira do subgrupo Cavendish (Williams e Grande Naine) visando a exportação (MAIA

FILHO, 2007). As variedades do tipo Prata (Prata Anã e Prata Rio) são as mais importantes do

projeto, ocupando mais de 87% da área plantada. O Projeto Formoso, mesmo colocando no

mercado uma banana de qualidade superior à média nacional, necessita implementar outras boas

práticas agrícolas (PIN Banana), para competir com vistas ao mercado internacional.

A bananeira desenvolve-se melhor em solos aluviais profundos, ricos em matéria

orgânica, bem drenados e com boa capacidade de retenção de água; contudo, é cultivada e se

adapta a diferentes tipos de solos. A planta demanda grandes quantidades de nutrientes para seu

desenvolvimento e obtenção de altos rendimentos, sendo o potássio (K) e o nitrogênio (N) os

nutrientes mais absorvidos. Em ordem decrescente a bananeira absorve os seguintes nutrientes:

macronutrientes: K > N > Ca > Mg > S > P; micronutrientes: Cl > Mn > Fe > Zn > B > Cu. Um

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

bananal retira, por tonelada de frutos, 1,2-2,4 kg de N; 0,11-0,30 kg de P; 3,1-8,2 kg de K; 0,13 a

0,38 kg de Ca e 0,20 a 0,37 kg de Mg. A exportação de micronutriente pelo cacho representa

28% para o B, 49% para o Cu e 42% para o Zn, em relação ao total absorvido (BORGES, 2004).

O trabalho objetivou avaliar os atributos químicos de alguns solos em áreas de produtores

vinculados à Produção Integrada de Banana no Projeto Formoso, Município de Bom Jesus da

Lapa, Sudoeste do Estado da Bahia, visando definir estratégias para adubação e nutrição dos

bananais.

Material e Métodos

A área de PIN Banana no Projeto Formoso, Sudoeste do Estado da Bahia, conta com

595,72 ha, sendo mais de 90% com banana do subgrupo Cavendish, pois visa a exportação dos

frutos para a Argentina e Europa. Apenas 13% da área plantada com banana no perímetro

participam da PIN e estão cultivadas em solos que variam de argilosos (Argissolo Vermelho) a

muito arenosos (Neossolo Quartzarênico).

Amostras de solo de 24 áreas, total de 245,68 ha, correspondendo a 41% da área da PIN

Banana, foram coletadas na camada de 0-20 cm de profundidade e submetidas a análises

químicas. Determinaram-se o pH em água (acidez ativa – reação do solo); P, K, Na, Fe, Mn, Cu e

Zn pelo extrator de Mehlich 1; Ca, Mg e Al extraído com KCl 1N; acidez potencial (H + Al) com

acetato de cálcio 1N a pH 7; S-SO42- pelo fosfato monobásico de cálcio e o B com água quente. A

matéria orgânica foi quantificada com dicromato de K em meio sulfúrico. Procederam-se os

cálculos da soma de bases (SB = K + Ca + Mg + Na), da CTC a pH 7 (SB + H + Al) e da

saturação por bases (V% = SB/CTC x 100).

Resultados e Discussão

O pH médio do solo variou de acidez média (pH = 5,8) a alcalinidade média (pH = 7,9)

(Tabela 1). Sabe-se que a faixa de pH mais favorável, em razão da disponibilidade de nutrientes,

é de 6,0 a 6,5. Valores de pH acima de 7,0 podem tornar indisponíveis os micronutrientes Fe, Cu,

Mn e Zn. Na faixa observada de pH os teores de Al trocável no solo são normalmente nulos.

O teor médio de P (7,8 mg/dm3), variando de 1 a 18 mg/dm3, é baixo para a bananeira

(Tabela 1), considerando-se que apenas acima de 30 mg/dm3 a adubação fosfatada seria

dispensada (BORGES, 2004).

123

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

O potássio, nutriente mais absorvido pela bananeira, mostrou-se baixo (média de 0,20

cmolc/dm3) com amplitude de 0,05 a 0,29 cmolc/dm3 (Tabela 1). Apenas para teores acima de 0,60

cmolc/dm3 não seria necessária suplementação do nutriente para a cultura.

Os teores de cálcio variaram de 4,1 a 21,0 cmolc/dm3 (Tabela 1). Nos solos mais argilosos

os teores de cálcio foram mais elevados. A relação entre as bases K:Ca:Mg é importante para a

bananeira, sendo recomendada como ideal a relação 0,5:4:1. Observou-se na área 14 a relação de

0,05:19:1, indicando valor de Ca bastante superior (Tabela 1). Posteriormente serão

correlacionados os teores de Ca com a produtividade da bananeira e os teores de argila no solo.

Os valores de Na e a acidez potencial (H + Al) foram considerados baixos. A soma de

bases (SB) classificou-se nas faixas de boa (3,61 a 6,00 cmolc/dm3) a muito boa (> 6,00

cmolc/dm3) (Tabela 1). A CTC variou na faixa de 5,57 a 23,20 cmolc/dm3, com valor médio de

10,20 cmolc/dm3, situado na faixa considerada boa (8,61-15,00 cmolc/dm3). Na área 11 o seu

valor classificou-se em faixa média (4,31-8,60 cmolc/dm3), enquanto nas áreas 13, 14, 15 e 23

classificou-se como muito boa (> 15 cmolc/dm3) (Tabela 1). A saturação por bases (V%) esteve

adequada em todos os solos, pois se recomenda para a bananeira valor de 70% (BORGES, 2004).

Quanto à matéria orgânica, os teores variaram de baixo (7,1-20,0 g/kg) a médio (20,1-40,0

g/kg) (Tabela 1), devendo ser incrementada nos solos mais arenosos para aumentar a retenção de

água e nutrientes.

A média do teor de S-SO42- encontrou-se no limite médio (5-10 mg/dm3) (Tabela 2);

contudo, existiram valores baixos (0-4 mg/dm3) e altos (> 10 mg/dm3).

Dos micronutrientes, B e Zn são, normalmente, os mais limitantes para a bananeira. Os

valores de B apresentaram-se na faixa média (0,21-0,60 mg/dm3), exceto nas áreas 4 e 14 onde

foram baixos (< 0,20 mg/dm3) e nas áreas 22 e 23 onde foram altos (> 0,60 mg/dm3). O Zn

mostrou teores muito altos nas áreas 16 a 19 (> 2,2 mg/dm3 é considerado alto). Contudo, teores

médios foram encontrados na maioria das áreas (1,0-1,5 mg/dm3), indicando que o pH elevado do

solo parece não estar interferindo na disponibilidade do nutriente, o mesmo acontecendo com o

Mn (> 12 mg/dm3 é considerado alto), que se apresentou elevado em todas as áreas, com exceção

da 24 (Tabela 2). Já os teores de Cu estiveram baixos (< 0,7 mg/dm3) em todas as áreas, porém

ele não é considerado um micronutriente muito limitante para a cultura. O Fe variou de alto (> 45

mg/dm3) na área 3 até muito baixo nas áreas 8 e 20 (Tabela 2). Correlações com pH do solo e

produtividade da bananeira deverão ser realizadas para melhor entendimento dos resultados.

124

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Além disso, para acompanhamento mais preciso da nutrição das plantas, a diagnose foliar é

fundamental.

Tabela 1. Atributos químicos do solo nas áreas de produtores vinculados à Produção Integrada de Banana, Projeto Formoso. Bom Jesus da Lapa-BA, 2007.

Área pH água P K Ca Mg Na H+Al SB1 CTC V MO2

mg/dm3 --------------------------- cmolc/dm3 ------------------------------ - % - g/kg1 7,5 18 0,16 5,4 0,6 0,00 0,9 6,16 7,07 87 18,02 7,4 8 0,10 4,9 0,5 0,00 0,9 5,50 6,41 86 13,03 7,0 4 0,22 8,0 1,0 0,00 1,2 9,22 10,42 88 17,04 6,8 7 0,16 5,8 0,7 0,02 1,3 6,68 7,98 84 17,05 7,1 9 0,06 4,5 0,4 0,03 1,0 4,99 6,00 83 18,06 7,4 14 0,15 7,5 0,6 0,04 1,0 8,28 9,29 89 25,07 7,2 11 0,11 5,8 0,6 0,05 1,2 6,55 7,75 85 22,08 7,9 10 0,10 5,5 0,4 0,03 0,0 6,03 6,94 87 18,09 7,2 6 0,22 5,3 0,5 0,03 0,9 6,05 6,96 87 17,010 7,7 4 0,19 5,7 2,1 0,02 1,0 8,01 9,02 89 17,011 7,5 9 0,22 4,1 0,3 0,05 0,9 4,67 5,57 83 13,012 6,7 11 0,08 5,8 0,8 0,00 1,8 6,68 8,48 79 20,013 6,8 4 0,21 12,0 1,2 0,03 1,8 13,4 15,20 88 37,014 7,9 1 0,05 21,0 1,1 0,05 1,0 22,2 23,20 96 36,015 7,3 6 0,20 15,0 1,6 0,02 1,6 16,8 18,40 91 41,016 6,2 2 0,12 8,4 1,0 0,03 1,9 9,52 11,42 83 41,017 5,8 8 0,29 5,9 0,9 0,04 2,4 7,09 9,49 75 36,018 6,0 10 0,25 6,2 1,4 0,05 2,2 7,85 10,05 78 31,019 6,2 7 0,29 6,7 1,1 0,05 1,9 8,09 9,99 81 24,020 7,1 8 0,15 7,5 0,9 0,04 1,2 8,55 9,75 88 29,021 6,9 10 0,16 6,9 0,9 0,04 1,3 7,90 8,26 86 22,022 6,7 8 0,19 13,6 0,8 0,00 0,3 14,59 14,89 98 27,023 6,9 7 0,14 14,2 1,0 0,00 0,3 15,34 15,64 98 36,024 6,2 4 0,13 4,5 0,6 0,02 1,3 5,23 6,53 80 17,0

Média 7,0 7,8 0,20 7,9 0,9 0,03 1,2 9,00 10,20 86 25,0

Amplitude 5,8-7,9 1-18 0,05-0,29

4,1-21,0 0,3-2,1 0,00-

0,05 0,0-2,4 4,67-22,2

5,57-23,20 75-98 13,0-

41,01Soma de bases; 2Matéria orgânica.

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Tabela 2. Enxofre e micronutrientes do solo nas áreas de produtores vinculados à Produção Integrada de Banana, Projeto Formoso. Bom Jesus da Lapa-BA, 2007.

Área S B Cu Fe Mn Zn------------------------------------------------ mg/dm3 -----------------------------------------------

1 22 0,21 0,1 14,0 97,2 1,52 14 0,20 0,4 12,0 74,7 1,03 6 0,23 0,4 50,0 92,6 1,04 2 0,18 0,3 23,0 56,1 1,15 4 0,29 0,1 19,0 66,2 1,06 4 0,30 0,1 33,0 124,0 2,47 4 0,27 0,2 20,0 99,0 1,68 6 0,27 0,1 7,0 79,4 2,29 2 0,24 0,6 11,0 55,6 0,110 6 0,23 0,3 37,0 69,3 0,911 6 0,22 0,4 20,0 65,8 1,112 2 0,24 0,4 27,0 65,2 1,213 12 0,30 0,0 22,0 157,0 3,614 6 0,12 0,0 10,0 162,0 1,015 6 0,31 0,0 11,0 194,0 1,316 7 0,20 0,4 11,5 13,5 9,517 11 0,20 0,5 8,0 15,0 19,018 11 0,20 0,5 15,5 15,5 19,019 9 0,30 0,4 8,5 16,0 21,020 4 0,20 0,3 7,5 13,5 4,021 5 0,20 0,4 17,5 14,5 4,022 3 0,80 0,3 18,0 120,2 1,923 2 0,90 0,2 8,0 97,6 2,524 6 0,20 0,3 20,0 8,5 2,5

Média 6,6 0,30 0,3 17,9 73,9 4,4Amplitude 2-22 0,12-0,90 0,0-0,6 7,0-50,0 8,5-194,0 0,1-21,0

Conclusão

As estratégias de adubação e nutrição dos bananais nos solos avaliados serão diferentes

em conseqüência da variação da reação do solo (acidez média a alcalinidade média) e dos teores

de nutrientes (P e K baixos, Ca alto e CTC e V% adequadas).

Referências Bibliográficas

BORGES, A. L. Calagem e adubação. In: BORGES, A. L.; SOUZA, L. da S. (Ed.). O cultivo da bananeira. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004. p. 32-44.

IBGE. Produção agrícola Municipal. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 11 nov. 2005.

MAIA FILHO, J. P. Banana amplia as perspectivas de exportação. Disponível em: <http://www.seagriba.gov.br/noticias>. Acesso em: 20 ago. 2007.

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PRODUÇÃO INTEGRADA DE BANANA: AVANÇOS OBTIDOS NO NORTE DE

MINAS GERAIS E SUDOESTE DA BAHIA

CORDEIRO, Z. J. M.1,2; BORGES, A. L.1; SOUZA, L. da S.1; FANCELLI, M.1; SILVA, J. T. A. da3; RITZINGER, C. H. S. P.1; DIAS, M. S. C.3; OLIVEIRA, S. L. de1; CORSATO, C. D. A.4;

RODRIGUES, M. G. V.3; PEREIRA, M. E. C.1; LIMA, M. B.1; MONTEIRO, W. B.5; TRINDADE, A. V.1; COELHO, E. F.1; COELHO FILHO, M. A.1; ACCIOLY, A. M. A.1;

OLIVEIRA, A. S.6; FERREIRA, D. M. V.7

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, C. P. 007, 44380-000 Cruz das Almas, BA; 2Coordenador do projeto de produção integrada de banana para o Norte de Minas Gerais, e-mail: [email protected] ; 3Epamig/CTNM,

Rod. MG T122, Km 155, 39527-000 Nova Porteirinha, MG; 4Unimontes, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas; Departamento de Ciências Agrárias; Rua Reinaldo Viana, 2630; Bico da Pedra; 39440-000 - Janaúba, MG; 5Técnico

do Instituto Mineiro Agropecuário – IMA, Montes Claros, MG; 6 Técnico da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia – ADAB, Escritório de Bom Jesus da Lapa, BA; 7 Técnico da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia –

ADAB, Escritório de Cruz das Almas, BA.

Introdução

O Brasil tem se mantido na segunda posição entre os maiores produtores mundiais de

banana com cerca de 6.700.000 t/ano. Os dados mais recentes apontam para uma redução de área

plantada acompanhada de aumentos na produtividade (cerca de 13 t/ha). Acredita-se que a

melhoria nesse indicador se deva a incrementos no nível tecnológico dos cultivos. Os Estados de

São Paulo, Bahia, Pará, Santa Catarina, Minas Gerais, Pernambuco e Ceará são os mais

importantes, tanto em área colhida quanto em produção. A bananicultura brasileira é formada, em

grande parte, por pequenos produtores, predominando o sistema convencional de produção, com

baixo nível técnico dos cultivos e de qualidade da fruta produzida. Alterações nessa situação

passam, obrigatoriamente, pela melhoria dos padrões tecnológicos de produção e de manejo pós-

colheita da fruta. Dentro dessa perspectiva, insere-se o sistema de produção integrada, que visa

exatamente o estabelecimento das boas práticas de produção e de pós-colheita, garantindo ao

consumidor alimento seguro e de qualidade. O Norte de Minas Gerais, onde estão implantados

cerca de 9.000 ha e o Sudoeste da Bahia com cerca de 4.600 ha, são importantes pólos de

produção de banana, comercializando a fruta para diversos Estados brasileiros e trabalhando para

inserção no mercado internacional. A implantação do sistema de produção integrada nessas

regiões é a grande expectativa para lograr êxito nos objetivos das duas regiões. Nesse trabalho

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

pretende-se mostrar as evoluções conseguidas na implantação do sistema de produção integrada

de banana no Norte de Minas Gerais e Sudoeste da Bahia.

Material e Métodos

A implantação do sistema de produção integrada no Norte de Minas Gerais e Sudoeste da

Bahia teve início em março de 2005, a partir das palestras de sensibilização, realizadas para

produtores e técnicos que atuam tanto no Norte de Minas quanto em Bom Jesus da Lapa. Após as

palestras, levantaram-se os produtores interessados em aderir à produção integrada. As primeiras

seis propriedades foram então selecionadas no Norte de Minas Gerais, com a participação direta

do corpo técnico local. O próximo passo foi a visita às áreas e o georreferenciamento das seis

quadras. Ato contínuo, definiram-se metodologias a serem empregadas no monitoramento de

pragas, aspectos ligados ao solo e à água, dando início ao monitoramento desses fatores nas

quadras demarcadas. Os trabalhos iniciados tomaram como base os documentos gerados em

Santa Catarina e São Paulo, principalmente as Normas Técnicas Específicas. Em visita às

propriedades foram levantados os principais problemas da cultura e a infra-estrutura disponível.

Posteriormente definiu-se um programa anual de treinamentos e, a partir dos anos 2006 e 2007,

foram liberadas novas adesões de produtores ao sistema, dando continuidade ao programa de

treinamentos de forma a atender toda a comunidade de técnicos, produtores e funcionários de

propriedades optantes pelo sistema de produção integrada. Paralelamente, tem-se buscado a

elaboração de publicações e a revisão dos documentos gerados por São Paulo e Santa Catarina.

Resultados e discussão

Os trabalhos de campo na produção integrada de banana iniciaram em seis propriedades,

localizadas no Norte de Minas Gerais, onde foram demarcadas pequenas quadras com área total

de 43,25 ha. Após definições metodológicas ocorridas em reunião técnica específica, iniciaram-se

nessas quadras o monitoramento das pragas mais importantes como Sigatoka-amarela, broca-do-

rizoma e nematóides; caracterização química do solo e da água de irrigação e avaliação da

eficiência dos sistema de irrigação utilizados nas propriedades. Estas ações foram temas de

treinamentos específicos ministrados nas propriedades e geraram ainda diversas publicações na

forma de resumos nos Anais do Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas (BORGES

et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2005; RITZINGER et al., 2005; CORDEIRO et al., 2006) e em

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

capítulos de livros que estão sendo editados. Vale destacar que o monitoramento e controle da

Sigatoka-amarela da bananeira representou reduções de até 40% em relação à prática corrente

entre os produtores. A partir dos anos de 2006 e 2007 novas propriedades aderiram ao sistema,

onde o Norte de Minas Gerais participa com onze municípios e vinte propriedades inscritas,

atingindo o total de 1.027 ha. Já no projeto Formoso, Bom Jesus da Lapa, BA, estão inscritas

trinta e quatro propriedades num total de 578,72 ha. Nesse caso específico, existem cerca de 30%

dos produtores com menos de 10 ha plantados, o que indica a necessidade de ações diferenciais

visando a certificação. No conjunto das ações, a produção integrada em Minas Gerais e Bahia

atua em cinqüenta e quatro propriedades num total de 1.605,72 ha. As variedades Prata Anã,

Grande Naine, Williams, Galil e Tropical compõem o elenco de cultivares trabalhadas.

As atividades de treinamentos, previstas no item 1, das Normas Técnicas Específicas, têm

sido a base de implantação do sistema com atendimento a todas as áreas temáticas da produção

integrada de banana. Dessa forma, foram realizados 28 treinamentos e/ou reuniões técnicas,

atendendo a um público de 870 pessoas. Todos os participantes têm recebido o certificado de

participação, atendendo à obrigatoriedade de comprovação da capacitação continuada. Ressalta-

se a participação de um grupo multidisciplinar nos treinamentos e a colaboração de dez empresas

públicas e/ou privadas, sem as quais não seria possível levar adiante este trabalho.

Entre outras ações em andamento destacam-se: revisão das Normas Técnicas Específicas;

elaboração de cartilha sobre pragas e deficiências nutricionais; elaboração de publicação sobre

metodologias para o monitoramento de pragas e fatores ambientais; elaboração de dois capítulos

sobre produção integrada de banana a serem publicados num livro sobre produção integrada em

Minas Gerais e o outro num livro sobre o sistema PIF/SAPI de produção integrada.

Conclusão

A produção integrada de banana no Norte de Minas Gerais e Sudoeste da Bahia, está em

franca expansão, passando de uma adesão inicial de seis propriedades com área de 43,25 ha, para

cinqüenta e quatro propriedades (54), sendo vinte (20) no Norte de Minas e trinta e quatro (34) no

projeto Formoso, Bom Jesus da Lapa. A área total hoje trabalhada é de 1.605,72 ha, após dois

anos e três meses de início efetivo do projeto. Isso representa um crescimento de 90 vezes no

número de propriedades e de 3.712 vezes na área de produção no sistema PIB. O foco maior na

capacitação continuada, com 28 treinamentos oferecidos e 870 pessoas treinadas, é a principal

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

estratégia de ação adotada no trabalho, para o atendimento dos objetivos propostos. Os avanços

são sentidos a partir da clara evolução dos produtores em relação ao entendimento sobre o

sistema proposto e a visão de futuro sobre a necessidade de adesão ao mesmo.

Referências bibliográficas

BORGES, A. L., SILVA, J. T. A. da; SOUZA, L. da S.; CORDEIRO, Z. J. M. Caracterização química do solo das áreas selecionadas para produção integrada de banana no Norte de Minas Gerais. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 7., 2005, Fortaleza. Programa e Resumos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2005. p. 136. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 99).

CORDEIRO, Z. J. M.; DIAS, M. S. C. BORGES, A. L; XAVIER, A. A.; SILVA, J. T. A. da; OLIVEIRA, S. L. de; FANCELLI, M.; RITZINGER, C. H. S. P.; PEREIRA, M. E. C.; LIMA, M. B.; RODRIGUES, M. G. V.; COSTA, E. L. Controle da Sigatoka-amarela na produção integrada de banana (PIB) no Norte de Minas Gerais. In: MARTINS, D, dos S. (Ed.). Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas, 8., 2006, Vitória, ES. Anais. Vitória: Incaper, 2006. p. 179-180.

OLIVEIRA, S. L. de; EVERLING, P. R.; COELHO, E. F.; COELHO FILHO, M. A. Eficiência de Irrigação na Produção Integrada de Banana no Norte de Minas Gerais. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 7., 2005, Fortaleza. Programa e Resumos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2005. p. 157. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 99).

RITZINGER, C. H. S. P.; FANCELLI, M.; CORDEIRO, Z. J. M.; CORSATO, C. D. A.; CALDAS, R. C. Monitoramento de pragas na produção integrada de banana. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 7., 2005, Fortaleza. Programa e Resumos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2005. p. 167. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 99).

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

DIAGNÓSTICO DE PROPRIEDADES RURAIS PARA ADOÇÃO DA PRODUÇÃO

INTEGRADA DE BANANA NO VALE DO SÃO FRANCISCO

MOREIRA, A. N.1; SILVA, M. M. da2, PEREIRA, J. R. B.3, PEREZ, J. O.4

1Enga Agra, M.Sc. Entomologia, Professora CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 2Engo Agro, D.Sc. Fruticultura, Professor UFRPE, E-mail: [email protected]; 3Engo Agro, D.Sc. Irrigação, Professor CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 4Enga Agra, D.Sc. Fitopatologia, Professora CEFET Petrolina, E-

mail: [email protected]. Projeto financiado pelo CNPq, BNB, FACEPE.

Introdução

O Brasil é o terceiro maior produtor de bananas do mundo, produzindo 6,3 milhões de

toneladas numa área de 508 mil hectares (ANUÁRIO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA,

2003), constituindo parte importante da renda dos agricultores familiares e da alimentação das

camadas mais carentes da população. O pólo Petrolina/Juazeiro, situado no semi-árido

nordestino, no Submédio do Vale do São Francisco, tem apresentado acelerado crescimento da

produção agrícola irrigada (FRANÇA, 2000), com excelente potencial e condições climáticas

para a bananicultura.

Nas propriedades familiares dessa região, os cultivos são mais diversificados e voltados

para o mercado interno. Esta cultura pode ser considerada um símbolo de transição dos

produtores familiares temporários para a fruticultura perene, sendo cultivada, geralmente, em

áreas de 2 a 5 ha por produtor (EMBRAPA SEMI-ÁRIDO, 2004).

Contudo, as precárias estruturas de produção e comercialização da banana, o manejo do

produto a partir da colheita e a falta de cuidados no manejo pós-colheita, são responsáveis pela

desvalorização dessa cultura no mercado interno e pela perda de oportunidades de exportação da

fruta brasileira. Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi diagnosticar o agronegócio da banana

na região de Petrolina-PE e envolver, conscientizar e preparar os produtores para iniciar o

processo de adoção e implantação da produção integrada.

Material e Métodos

O diagnóstico foi realizado por meio da aplicação de um questionário aos participantes de

dois treinamentos sobre “Novas Tecnologias de Manejo para a Cultura da Banana”, com 96

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

horas/aula cada, realizados nos períodos de 08 de novembro a 14 de dezembro de 2005 no

CEFET Petrolina e 25 de abril a 01 de junho de 2006 na Associação de Produtores Rurais do

Núcleo 6, no PISNC, totalizando 32 e 40 pessoas, respectivamente. O questionário continha 26

perguntas distribuídas entre avaliação da propriedade agrícola, produção e técnicas aprendidas

nos treinamentos, com opções de aplicabilidade dos novos conceitos. Os participantes foram

auxiliados pelos professores e alunos bolsistas e os resultados avaliados quanto à freqüência

relativa.

Resultados e Discussão

O diagnóstico da cultura da banana foi respondido por 95% dos participantes dos

treinamentos com os lotes agrícolas localizados no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho e

Maria Tereza. Os resultados foram: a variedade Pacovan está presente em 100% das áreas dos

produtores, seguida da prata-anã (9,09%), grand naine (9,09%), maçã (4,54%) e nanica (4,54%).

As áreas de produção com a cultura da banana variaram de 0,2 a 12,0 ha, sendo a maior

concentração em áreas de 1,0 ha. A idade dos bananais também foi variável, encontrando áreas

recém implantadas e com até 10 anos de idade, entretanto a maioria dos produtores desconhece a

data de plantio. O mesmo se verifica para o espaçamento da cultura, sendo encontrado os mais

variados desde 2 m x 4 m até 6 m x 6 m. Em relação à previsão de colheita, a maioria não planeja

esta atividade. Os agricultores cultivam, também, outras culturas, tais como, manga, goiaba, uva,

acerola e coco, em áreas de até 1,0 ha, diversificando o seu sistema de produção.

A rede de drenagem nos lotes agrícolas foi considerada ineficiente, pois apenas 34,8% dos

lotes apresentam este sistema, 39,1% não possuem e 26,1% não sabem responder. A salinização

também está presente em 34,8% das áreas observadas, entretanto, 39,1% ainda não detectaram

este tipo de problema e 26,1% não sabem. O sistema de irrigação predominante foi aspersão

convencional (78,4%), seguido da microaspersão (17,4%) e irrigação por bacia (4,2%).

Constatou-se que não se controla a aplicação de água fornecida para a planta, aplicando-se

lâminas de água variáveis de 50 mm a 12 m, com freqüência de 10 a 2 dias, ocorrendo um

desperdício e até escassez de água para a planta.

Os problemas fitossanitários constatados nas áreas de produção foram moleque-da-

bananeira, tripes, lagarta, pulgão, ácaro e cochonilhas. Em relação a doenças temos sigatoka

amarela, nematóide, virose, podridão mole e moko. Apesar dos problemas detectados, 35% dos

132

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

agricultores não utilizam agrotóxicos; 30,4% usam o equipamento costal manual; 17,3% costal

motorizado; 13% trator/pistola e 4,3% trator/turbo pulverizador. Para os equipamentos de

proteção individual, 13% não utilizam qualquer proteção e dos que usam apenas 26,1% está com

o equipamento completo. No preparo da calda, 17,3% não utilizam qualquer equipamento de

medição. Constatou-se, porém, que a maioria dos produtores utiliza os agrotóxicos sob

recomendação de um agrônomo ou técnico agrícola, seguido de recomendações dos vendedores

ou fornecedores ou por iniciativa própria.

Para o manejo da adubação, 21,8% dos produtores utilizam o que se recomenda na análise

de solo, 4,3% não utiliza (manejo orgânico) e 73,9% adubam de acordo com seus conhecimentos,

apresentado dessa forma dosagens, épocas e quantidades de aplicações de fertilizantes variáveis e

muitas vezes inadequadas. Os problemas relacionados no lote agrícola pelos produtores, em

ordem de importância, foram: lençol freático inferior a 1,0 m por ocasião das chuvas (39,1%),

desperdício de água (34,7%), solos arenosos (30,4%) e atuação da pesquisa agropecuária na

região (30,4%). Após a colheita, a grande maioria dos produtores envia sua produção para o

mercado local, seguido das capitais nordestinas e capitais do sul, porém, encontramos produtores

que não sabem responder o destino da sua produção.

Em relação à aceitação das tecnologias apresentadas nos cursos, podemos observar que

para o manejo da bananeira, mais de 60% das técnicas apresentadas foram imediatamente

aplicadas, e que a condução de apenas uma família por cova ainda apresenta resistência por parte

de alguns produtores (10%). Para a amostragem de solo, 83,5% dos produtores pretendem

realizar esta técnica para recomendação da adubação e 75,6% vão utilizar os procedimentos

corretos para a coleta da análise. Entretanto, apenas 25,9% dos produtores confirmaram em

adotar imediatamente a prática de coleta de folhas para análise, provavelmente devido ao custo

adicional para este tipo de análise. A maioria dos produtores (48,9%) preferiu utilizar o manejo

de irrigação baseado em dados de solo, em comparação ao manejo baseado em dados climáticos

(27,3%) e a junção dos dois (29,5%). A maior dificuldade encontrada pelos produtores é mudar o

sistema de irrigação de aspersão convencional para uma irrigação localizada visando uma

otimização do recurso hídrico e evitar o desperdício de água, consequentemente reduzir os custos

de produção.

O manejo de doenças da bananeira não é praticado na região do Vale do São Francisco,

principalmente devido à baixa incidência das doenças e da difícil identificação dos sintomas no

133

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

campo. O levantamento realizado demonstrou que os produtores estão dispostos a implementar

algumas medidas, tais como realização do teste do copo para identificação da bactéria (58,8%),

remoção de restos vegetais nas linhas de plantio (56,2%), monitoramento de insetos

transmissores de viroses (46,1%), aquisição de mudas certificadas (40,2%) e análise de solo para

nematóides (48,1%). Observa-se, também, que 19,5% dos produtores não pretendem utilizar

produtos químicos na sua lavoura. Em relação a manejo de pragas, 72,6% dos produtores

aderiram à técnica do monitoramento, utilizando iscas atrativas (62,5%) ou o uso do feromônio

(34,4%), diminuindo dessa forma o número de pulverizações para o controle do moleque, e

consequentemente, melhorando a qualidade ambiental da sua área e do produto final.

Para a avaliação das técnicas de colheita e pós-colheita, observou-se que o manuseio

cuidadoso da fruta, lavagem, classificação, armazenamento refrigerado não apresentou adesão

pelos produtores (70%), provavelmente devido a esses procedimentos não serem praticados na

região e a banana ser comercializada por atravessadores que não exigem padrões de qualidade da

Produção Integrada de Frutas (PIF). Os produtores ressaltaram a importância desses cuidados,

necessitando de mais investimentos em pesquisa na busca de alternativas mais práticas e

econômicas. O mesmo ocorreu com as normas da PIF, apresentando índices de até 34% de

indecisão. Entretanto, no item caderno de campo, o índice de aceitação imediata pelos produtores

chegou a 43,1%, seguido da utilização de produtos da grade de agrotóxicos (43,7%), adequação

do local de armazenamento e preparo desses produtos (56,6%) e respeitar o período de carência

(70,5%).

O aproveitamento de subprodutos da banana foi vivenciado durante os cursos e bastante

elogiado por ter sido apresentada alternativa ainda não conhecida pelos agricultores. Entretanto,

constatamos que 16,2% dos agricultores não sabem se vão processar a banana e 30% deles

pretendem realizar esta atividade daqui a alguns anos.

A comercialização e logística foi o grande desafio dos produtores no gerenciamento das

unidades produtivas. A procura por informações de mercado (preço de venda) aparece como

prioritária com 76,2% dos participantes aplicando imediatamente esta técnica, seguida de

pesquisa de mercado (72,7%), procura da assistência técnica (69,1%), de alternativas para

agregar valor ao produto (56,0%), de manuais informativos (54,6%) e formação de grupos

(53,0%) foram os mais mencionados.

134

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Conclusão

Para os agricultores o acesso a novos mercados só será possível com a melhoria na

qualidade do produto e com a organização desse sistema de produção. Um dos pontos mais

importantes foi à percepção dos produtores na organização da base produtiva em grupos

associativistas, visando melhorar a comercialização da banana e de implantar um sistema de

qualidade da fruta.

Referências Bibliográficas

ANUÁRIO Brasileiro de Fruticultura. Santa Cruz do Sul: Gazeta Santa Cruz, 2003. 136 p.

EMBRAPA SEMI-ÁRIDO. Agricultura familiar. 2004. Disponível em: <http://www.cpatsa.embrapa.br>. Acesso em: 20 ago. 2007.

FRANÇA, F. M. C. Documento referencial do pólo de desenvolvimento integrado Petrolina/Juazeiro. Fortaleza: Banco do Nordeste, 2000. 43 p.

135

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO INTEGRADA DO MELÃO NO VALE DO

SÃO FRANCISCO1

COSTA, N. D. 2 ; ASSIS, J. S. de2; PINTO, J. M.2; ARAUJO, J. L. P.2; ALMEIDA, S. J. S3; SANTOS, C. A. P. dos3

1Trabalho financiado pelo CNPq; 2Pesquisadores Embrapa Semi-Árido, Br 428, Km 152, CP 23, Zona Rural, Petrolina-PE, 56302-970; 3Bolsistas Embrapa Semi-Árido/CNPq - Br 428, Km 152, CP 23, Zona Rural, Petrolina-

PE, 56302-970

Introdução

O melão (Cucumis melo L.) é uma olerácea muito apreciada e de grande popularidade no

mundo, tendo ocupado em 2005, uma área de 1,24 milhões de hectares, com uma produção de

27,5 milhões de toneladas de frutos e produtividade média de 22,10 t/ha (FAO, 2005). A China é

o maior produtor, com 55% da produção mundial, seguida pela Turquia, Irã, Estados Unidos e

Espanha. O Brasil é, atualmente, um dos maiores produtores de melão da América do Sul, com

17% da produção total. No período de 1970 a 2005, a área cultivada com melão passou de 4.777 ha para

15.981 ha, o que representou um aumento da ordem de 234,5%, enquanto o incremento da produção e

produtividade, no mesmo período, foram de 6.656,2% e 1.924,8%, respectivamente. A Região

Nordeste respondeu em 2005 por 94,6% da produção do País. Dentre os Estados brasileiros, o Rio

Grande do Norte tem a liderança na área e produção, tendo produzido em 2005, 45,4% do total

produzido no país, seguindo em ordem decrescente, pelos Estados do Ceará, Bahia, Pernambuco

e Rio Grande do Sul (IBGE, 2005). O país dispõe de tecnologias e conhecimentos capazes de dar

suporte a um salto quantitativo e qualitativo na produção integrada de melão para abastecer o

mercado interno e aumentar suas exportações para outros países, mediante o cumprimento das

Normas Técnicas e Documentos de Acompanhamento da Produção Integrada de Melão.

A Produção Integrada de Frutas é um sistema de exploração agrária que produz frutas de

alta qualidade, mediante o uso racional de insumos e defensivos, prevendo um maior respeito ao

homem e ao meio ambiente, assegurando uma produção sustentável e competitiva. Surgiu a partir

da demanda no mercado internacional que vem se preocupando cada vez mais com maior

segurança e inocuidade em relação aos produtos importados, havendo uma grande exigência em

se consumir frutas de boa aparência, boa qualidade, livre de contaminantes químicos, físicos e

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

biológicos e que seja possível rastrear todo o seu processo produtivo. A partir dos próximos anos,

haverá uma maior restrição quanto à entrada de frutas frescas no mercado externo,

principalmente na União Européia, onde permanecerão no mercado aqueles que estiverem em

conformidade com a Produção Integrada, processo economicamente viável, ambientalmente

correto e socialmente justo.

A grande vantagem de regiões semi-áridas para o cultivo do melão é a pequena ocorrência

de chuvas em períodos distintos, que favorecem a baixa incidência de doenças e a melhor

qualidade dos frutos em função de maior atividade fotossintética que favorece o aumento do teor

de sólidos solúveis. O teor de sólidos solúveis (°brix) é usado também como índice para

classificação de melão. Quando o teor de sólidos solúveis é menor que 9ºbrix o fruto é

considerado como não comercializável, quando o teor de sólidos solúveis situa-se entre de 9 a

12ºbrix, o fruto é classificado como comercializável, e acima de 12ºbrix como melão extra

(ARAUJO, 1999).

Material e Métodos

O trabalho constou de uma Unidade de Demonstração com dois tipos de manejo da

cultura do melão, um, conduzido, em Sistema de Produção Integrada e o outro conduzido em

Sistema Convencional instalado no Campo Experimental da Embrapa, Projeto Mandacaru no

município de Juazeiro-BA. A semeadura do melão em Produção Integrada foi feita em bandejas

de isopor no dia 18 de setembro de 2006 e o transplantio aos 10 dias após a semeadura,

utilizando-se a cultivar Tropical 10/00 (F1), no espaçamento: 2,0 x 0,40 m com irrigação por

gotejamento e fertirrigação. Para o Sistema Convencional utilizou-se a cultivar Tropical 10/00

(F2), no espaçamento 2,0 x 0,40 m, irrigação por sulco e área: 0,2 ha para cada sistema.

Para o sistema de Produção Integrada a adubação constou de 90 kg/ha de N, 160 kg/ha de

P2O5 e 60 kg/ha de K2O que foram aplicados diariamente via água de irrigação até 40 dias para o

Nitrogênio e Fósforo e 55 dias para Potássio. Para o sistema convencional os fertilizantes foram

aplicados diretamente no solo, sendo em fundação 30 kg/ha de Nitrogênio, 120 kg/ha de Fósforo

e 60 kg/ha de Potássio, e em cobertura 90 kg/ha de Nitrogênio e 60 kg/ha de Potássio em duas

coberturas aos 20 e 40 dias após o plantio.

As pulverizações para o sistema de Produção Integrada foram realizadas após amostragem

do número de pragas ou índice de doenças presente na área, sendo utilizado a seguinte

137

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

metodologia de amostragem para pragas, feitas a cada três dias, inicialmente pela linha lateral

percorrendo a área em zigue-zague examinando 20 pontos da mesma de preferência 40% nas

laterais do ensaio e quando o nível de ação chega a dois adultos da Mosca Branca ou dez adultos

da Mosca Minadora faz-se as pulverizações usando os produtos registrados para a cultura.

A amostragem de doenças foi iniciada a partir da primeira fileira à esquerda da parcela no

sentido longitudinal, avaliando todas as plantas da linha de plantio saltando quatro fileiras para

segunda amostragem até a última fileira a ser avaliada e quando o nível de ação atingiu acima de

10% para oídio e 30% para micosferela procedeu-se às pulverizações com produtos registrados,

enquanto que para o sistema convencional, as pulverizações eram feitas preventivas sem nenhum

monitoramento de pragas ou doenças, o que aumentaria o custo de produção e consequentemente

a poluição ambiental.

Resultados e Discussão

Tabela 1. Rendimento, brix e classificação dos frutos obtidos no ensaio de avaliação do Sistema de Produção Integrada do Melão no Vale do São Francisco Juazeiro-BA, 2006.

SISTEMASRendimento °BRIX Classificação por tipo (%)

T/HA (%) 5 6 7 8 9 10PIF 22,7 12,5 21 41 25 2 9 2Convencional 20 11,8 10 23 28 14 6 12

Houve um aumento de 13,5% no rendimento e 0,7% no valor de ºbrix para os frutos de

Sistema de Produção Integrada. Quanto à classificação por tipo de fruto o Sistema de Produção

Integrada apresentou 87% de frutos dos tipos 5-7, os mais preferidos pelo mercado interno,

contra 61% dos frutos obtidos no Sistema Convencional.

Avaliações realizadas no período de armazenamento dos frutos em condições ambiente

(25°C ± 5°C e UR 50% ± 10%), mostraram que os melões da Produção Integrada ultrapassaram

em oito dias a vida útil de armazenamento dos melões do Sistema Convencional.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Conclusão

O Sistema de Produção Integrada proporcionou aumento de 13,5% no rendimento do

cultivo, 07% no teor de sólidos solúveis e economia de água da ordem de 44,66%, quando

comparado com o Sistema Convencional.

Referências Bibliográficas

ARAUJO, J. L. P. Evaluación de la calidad comercial y posibilidades de mercado de melón brasileño comercizable en Europa. 1999. 285 p. Tese (Doutorado) – Universidad de Córdoba.

FAO. Agricultural production, primary crops. Disponível em: <http://www.fao.org>. Acesso em: 10 nov. 2005.

IBGE. Produção agrícola Municipal. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 11 nov. 2005.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

COMPREENSÃO DOS ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE VALORAÇÃO DO

MARACUJÁ AZEDO ORIUNDO DA BAHIA NO ENTREPOSTO TERMINAL DE SÃO

PAULO DA CEAGESP

HIROI, M.1; RIVELLES, C. R.2; GUTIERREZ, A. S. D.3

1Aluno de Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) e estagiário da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), Av.

Dr. Gastão Vidigal, 1946, Loja 7, São Paulo-SP, 05316-900, [email protected]; 2Aluna de Engenharia Agronômica da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP Jaboticabal e estagiária da CEAGESP, [email protected]; 3Engenheiro Agrônomo Dr., chefe do Centro de Qualidade em Horticultura (SECQH) da

CEAGESP, [email protected].

Introdução

Um dos objetivos proposto pelo projeto Manejo e Logística da Colheita e Pós-Colheita na

Produção Integrada de Frutas no Brasil (banana, caqui, citros, figo, goiaba, maracujá e morango),

Processo CNPq 48.0037/02-7 é a compreensão das características qualitativas responsáveis pela

valoração das frutas de modo que se possa estabelecer requisitos mínimos para as frutas que serão

certificadas como de Produção Integrada. A compreensão do processo de valoração e dos

atributos de qualidade que o determina são imprescindíveis à implantação de programas de

modernização como a Produção Integrada de Maracujá, pois pode fornecer ao produtor subsídio

para a melhoria de renda, conseqüência da melhoria da qualidade e confiabilidade do seu

produto.

A produção brasileira de maracujá azedo totalizou 479.813 toneladas em 2005 que foram

colhidas em 35.856 hectares, sendo esta produção bastante distribuída pelo Brasil. A Bahia é a

maior produtora, colheu 139.910 toneladas (IBGE, 2007).

Segundo GUTIERREZ (2005), de todo produto que chega no ETSP da CEAGESP é

recolhida uma via de toda nota fiscal que é encaminhada ao setor de codificação da Seção de

Economia e Desenvolvimento (SEDES) da empresa, onde os seguintes dados são codificados,

digitados e registrados em seu sistema de informática: o produto, sua cultivar, município e

unidade da federação de origem, embalagem e o atacadista de destino. A base de dados

consolidada destas informações é denominada “Sistema de Informação de Mercado da

CEAGESP” ou SIM CEAGESP.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

De acordo com o SIM CEAGESP (2007) foram comercializadas, no ano de 2006, 32.818

toneladas de maracujá azedo, oriundas de 234 municípios brasileiros, de 10 Estados brasileiros e

comercializados por 207 atacadistas. Acompanhando o panorama brasileiro, a Bahia é a principal

fornecedora do ETSP da CEAGESP, contribuindo com 49% do total. Os principais fornecedores

do maracujá azedo ao ETSP foram os municípios baianos Bom Basílio (19,2%) e Livramento do

Brumado (13,4%) e os capixabas Linhares (6,6%) e Pinheiros (5,3%). Os cinco maiores

atacadistas concentram 36% do total comercializado, ou aproximadamente 12.000 toneladas.

Observa-se no ETSP da CEAGESP grande flutuação de preços do maracujá azedo ao

longo do ano e em cada dia de comercialização: por classes (tamanho) e por qualidade dentro de

cada classe. O maracujá azedo é vendido no mercado atacadista em caixas de papelão ondulado

ou madeira com massa aproximada de treze quilogramas. A classificação por classe separa os

maracujás nos tipos A, AA, AAA, AAAA e Super. Na venda do atacado para o varejo existe

diferenciação de preço por classe e dentro de cada classificação por qualidade.

Folegatti et al. (2006) iniciaram os trabalhos aplicando questionários a 35 atacadistas do

ETSP da CEAGESP para a identificação das características qualitativas mais importantes na

formação do preço ou valor no mercado atacadista de São Paulo. As características positivas

apontadas com maior freqüência pelos comerciantes foram: “maduro e com casca amarela”

(29%), “pesado e com bastante polpa” (25%) e “ausência de doenças e manchas” (16%).

O objetivo deste trabalho foi verificar em frutos oriundos da Bahia, maior fornecedora da

CEAGESP, a relação entre os valores de comercialização e suas características qualitativas.

Material e Métodos

Foram coletadas no ETSP da CEAGESP, em duas datas diferentes e de maneira

inteiramente casualizada, duas caixas (com a média de 50 frutos) de maracujá da classe tipo

AAAA, oriundos da região de Livramento do Brumado na Bahia. Uma caixa de maior valor,

chamada no mercado de “melhor” ou “campeão” e uma de baixo valor denominada “pior” ou

“fraca”. A amostragem de frutos de mesma classe permite aferir a importância da qualidade no

valor do maracujá azedo.

As seguintes análises físico-químicas foram realizadas em laboratório: massa total do

fruto (g), massa da polpa (g), diâmetro equatorial (mm), coloração da polpa (1 = amarelo-claro, 2

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

= amarelo alaranjado, 3 = laranja-amarelado, 4 = laranja, 5 = laranja escuro), conteúdo de sólidos

solúveis (SS) e acidez titulável (AT). Também foram anotados os defeitos dos frutos.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos em laboratório podem ser observados na tabela abaixo. Os

tratamentos são divididos em: 1 e 2 = frutos melhores, amostrados e analisados respectivamente

em 25/07/06 e 29/08/06. E, 3 e 4 = frutos piores, amostrados e analisados em 25/07/06 e

29/08/06.

Tabela 1. Resultados das análises físico-químicas do maracujá azedo.

Tratamento SS(ºBrix) PH Peso do Fruto (g) Calibre (mm) Cor

da Polpa Peso da Polpa

1 9,1250 B 2,8750 A 200,8538 A 79,0475 A 2,6625 A 78,8193 A2 12,6850 A 2,8050 A 195,9950 A 80,2865 A 2,800 A 79,1450 A3 9,1250 B 2,8150 A 212,5425 A 78,5685 A 2,7875 A 94,8175 A4 9,8300 B 2,8650 A 209,2500 A 54,0500 B 2,4500 A 82,5800 A

Teste de Tukey (99%).

A partir das análises laboratoriais pode-se concluir que o tratamento 2 teve um teor de

sólidos solúveis totais maior do que os outros tratamentos, atribuindo-se um sabor mais doce. Já

o tratamento 4 diferenciou-se perante os outros pelo calibre, sendo de tamanho menor que os

outros, conferindo-lhe menor valor de mercado.

O fruto de maracujá azedo “melhor” ou TOP apresenta os atributos mais valorizados,

como maior tamanho em diâmetro, polpa mais colorida, menor ocorrência de defeitos na casca,

maior rendimento de polpa, maior conteúdo de sólidos solúveis.

Conclusões

O processo de valoração do maracujá no mercado atacadista de São Paulo considera

atributos de qualidade externa e interna. A caracterização dos atributos de valoração permite ao

produtor a escolha do caminho para a obtenção de um melhor valor para o seu produto e uma

maior rentabilidade do negócio de produção de maracujá azedo para o mercado in natura.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Referências Bibliográficas

CEAGESP: Sistema de Informação de Mercado da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP). São Paulo, 2007. Não publicado.

FOLEGATTI, M. I. S; CALEGARIO, F. F.; MATSUURA, F. A. U.; ALMEIDA, G. V. B.; GUTIERREZ, A. S. D. Análise da valoração do maracujá no mercado atacadista de São Paulo: contribuição à padronização da qualidade na PIF In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Vitória, ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006.

GUTIERREZ, A. S. D. Danos mecânicos pós-colheita em pêssego fresco. 2005. 124 f. Tese (Doutorado em Produção Vegetal) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2005.

IBGE. Produção agrícola Municipal. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/acervo/acervo2.asp?e=v&p=PA&z=t&o=10>. Acesso em: 19 jul. 2007.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

CULTURAS DE COBERTURA NA PRODUÇÃO INTEGRADA DE ABACAXI

MATOS, A. P. de 1 ; SANCHES, N. F.2; SOUZA, L. F. da S.3; ELIAS JR., J.4; TEIXEIRA, F. A.5; SIEBENEICHLER, S. C6

1Fitopatologista, PhD, Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, CP 07, 44380-000, Cruz das Almas, BA, [email protected]; 2Entomologista, MSc, Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, CP 07, 44380-000,

Cruz das Almas, BA, [email protected]; 3Fertilidade do solo, MSc, Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, CP 07, 44380-000, Cruz das Almas, BA, [email protected]; 4Eng. Agr. Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Tocantins, CP 104, 77003-020, Palmas, TO; 5Eng. Agr. Cooperativa Agropecuária de

Pedro Afonso, Rodovia TO-235, km 01, Pedro Afonso, TO (63) 77710-000; 6Nutrição de Plantas, DSc, Universidade Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, CP 66, 77404-970, Gurupi, TO, [email protected]

Introdução

O controle das plantas infestantes em plantios de abacaxi no Brasil e no mundo é

praticado de maneira intensiva, mantendo quase sempre a área completamente limpa, no

pressuposto de que o abacaxizeiro não suporta competição com o mato (REINHARDT; CUNHA,

1999). No Tocantins o controle das plantas infestantes em plantios convencionais de abacaxi é

realizado mediante capinas com enxada e aplicação de herbicidas. O total de capinas e de

pulverizações com herbicidas ao longo do ciclo depende da região produtora e da comunidade de

plantas infestantes. Em geral são realizadas seis capinas manuais e quatro pulverizações com

herbicidas em pré-emergência, que oneram o custo de produção e têm efeitos negativos à

preservação ambiental. Neste contexto, culturas de cobertura constituem excelente alternativa

para o manejo do mato e conservação do solo sob cultivo do abacaxizeiro. Além dos aspectos

ambientais, a cultura de cobertura apresenta uma série de vantagens, entre as quais se destacam a

melhoria na estrutura do solo, controle de erosão eólica e hídrica, ciclagem de nutrientes, redução

na lixiviação de nutrientes, controle das plantas infestantes, aumento na população de inimigos

naturais e conservação da umidade do solo (ROOS, 2007). A despeito de sua importância, a

cultura de cobertura, especialmente na abacaxicultura, é uma prática relativamente desconhecida

e não existem resultados de pesquisa que subsidiem seu uso. Assim, conduziu-se este trabalho

com o objetivo de avaliar o efeito de culturas de cobertura em plantios de abacaxi conduzidos sob

sistema de produção integrada na Fazenda São João, Município de Pedro Afonso, no Estado do

Tocantins.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Material e Métodos

O trabalho foi conduzido em quadras contendo 6.000 plantas, espaçamento 1,20 x 0,50 x

0,40 m, cultivar Pérola, usando-se no plantio mudas do tipo filhote de tamanho grande (cerca de

50 cm de comprimento). As culturas de cobertura avaliadas foram o capim pé de galinha,

Cynodon dactylon, e o milheto, Pennisetum americanum, as quais foram semeadas, a lanço,

imediatamente após o plantio do abacaxi e repetido após a dissecação/roçagem. Na testemunha o

controle das plantas infestantes foi praticado de maneira convencional, mediante capinas manuais

e aplicação de herbicidas. A correção e adubação foram realizadas de acordo com os resultados

analíticos do solo, parcelando-se os adubos em quatro aplicações (SOUZA et al., 2005). O

manejo do capim pé de galinha e do milheto consistiu na dessecação com herbicida pós-

emergente, antes da formação das sementes e na roçagem com a roçadeira manual com motor a

explosão, mantendo-se a cobertura morta (MATOS et al., 2006). Durante o desenvolvimento

vegetativo das quadras com cultura de cobertura procedeu-se ao monitoramento da fusariose,

Fusarium subglutinans (MATOS; CABRAL, 2005), da podridão do olho, Phytophthora

nicotiana var. parasitica (MATOS, 2005), da murcha associada à cochonilha, “pineapple

mealybug wilt virus”/Dysmicoccus brevipes (SANCHES, 2005a) e da broca do fruto, Strymon

megarus (SANCHES, 2005b). Doze meses após o plantio foram colhidas folhas “D” para

determinação do estado nutricional das plantas e em seguida efetuou-se o tratamento de indução

floral mediante pulverização com etefon. Quando da colheita estabeleceu-se o percentual de

frutos com peso inferior a 1.200 g, de 1,201 a 1.500 g; de 1.501 a 1.800 g; e acima de 1.800 g.

Durante o ciclo da cultura foram feitos dois plantios das culturas de cobertura, as quais foram

manejadas mediante uma aplicação de herbicida pós-emergente e uma roçagem com roçadeira

manual com motor a explosão.

Resultados e Discussão

Na quadra conduzida sob sistema de produção convencional foram feitas seis capinas

manuais e duas químicas para o controle das plantas infestantes. Por outro lado nas quadras onde

o capim pé de galinha e o milheto foram utilizados como cultura de cobertura não se praticou o

controle das plantas infestantes. O uso da roçadeira no manejo das culturas de cobertura, uma das

tecnologias do projeto PIN-Abacaxi no Tocantins (MATOS et al., 2006), apresenta diversas

vantagens ambientais, sociais e econômicas em relação à capina manual, destacando-se: proteção

145

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do solo contra a ação das intempéries mediante a manutenção da cobertura morta; menor esforço

do trabalhador na execução da atividade; redução acentuada na probabilidade de ocorrência de

acidentes de trabalho; e redução nos custos do controle das plantas infestantes de seis h/d na

capina manual para apenas um h/d para roçagem. O monitoramento não apontou a necessidade de

controle da podridão do olho, murcha associada à cochonilha nem da broca do fruto, resultando

em redução de custos referentes à aquisição e aplicação de agrotóxicos, assim como contribuindo

para a redução dos riscos de contaminação do trabalhador e do meio ambiente. Por outro lado

houve a necessidade de controle da fusariose realizado por meio de pulverizações das

inflorescências em desenvolvimento com fungicidas registrados para este fim (MATOS;

CABRAL, 2005), resultando em total controle da doença. Conforme consta da Tabela 1, a

avaliação do estado nutricional das plantas do abacaxizeiro com base na análise foliar mostrou

que as culturas de cobertura não apresentaram efeito de competição por nutrientes com o

abacaxizeiro em comparação com as mantidas sob condições convencionais de cultivo. Observa-

se ainda na Tabela 1 que as plantas da quadra onde se usou o milheto como cultura de cobertura

apresentaram teores mais elevados dos nutrientes, sugerindo maior disponibilidade de macro e

micronutrientes ao abacaxizeiro, provavelmente em decorrência da ciclagem de nutrientes pelo

milheto como acontece com outras culturas de coberturas (ROOS, 2007).

Tabela 1. Avaliação nutricional de abacaxizeiros cultivados com milheto, capim pé de galinha ou sob sistema convencional.

TratamentoNutrientes

N P K Ca Mg S Bo Zn Fe Mn Cug/kg mg/kg

Milheto 12,7 1,4 26,6 4,0 3,1 1,1 16 10 48 102 9Capim pé de galinha 10,1 0,6 18,7 3,4 2,3 0,9 14 9 41 87 5Convencional 10,7 0,7 19,1 3,5 2,3 1,0 14 8 36 120 8

Os resultados das colheitas realizadas nas quadras onde se utilizou o capim pé de galinha

ou o milheto como cultura de cobertura assim como na conduzida no sistema de cultivo

convencional são apresentados na Tabela 2 onde se observa que a colheita na quadra com milheto

apresentou o maior percentual de frutos com mais de 1.800 g (37,73%) seguida do cultivo

convencional com 25,54% e do capim pé de galinha, 22,24%. A colheita na quadra onde se usou

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o milheto como cultura de cobertura rendeu 46,57% de frutos com peso entre 1.501 e 1.800 g

(46,57%) enquanto na quadra conduzida com o capim pé de galinha como cultura de cobertura

constatou-se o percentual mais elevado (48,54%), com o cultivo convencional mostrando o

menor percentual (38,85%). Com referência aos frutos com peso entre 1.201 e 1.500 g o menor

percentual, 15,70%, foi obtido na quadra com milheto e o maior naquela com o capim pé de

galinha, 29,22%, com o cultivo convencional apresentando percentual intermediário, 20,08%.

Nenhum fruto com peso inferior a 1.200 g foi produzido nas quadras mantidas com milheto ou

capim pé de galinha como cultura de cobertura, por outro lado, na quadra conduzida sob sistema

de cultivo convencional 15,53% dos frutos colhidos apresentou peso abaixo de 1.200 g. Além de

não produzirem frutos com peso inferior a 1.200 g, os percentuais de frutos acima de 1.500 g

foram mais elevados nas quadras com milheto, 84,30%, e capim pé de galinha, 70,78% em

comparação com o cultivo convencional, 64,39%. Estes resultados mostram o efeito positivo do

uso de culturas de cobertura em plantios de abacaxi conduzidos sob sistema de produção

integrada, com reflexos inclusive no valor da produção.

Tabela 2. Percentuais de frutos de abacaxi colhidos, por classes, nas quadras com milheto, capim pé de galinha ou sob sistema convencional.

Tratamento Classes de frutos por pesomenos de1.200

g1.201-1.500 g 1.501-1.800 g mais de 1.800 g Total

Milheto 0,00% 15,70% 46,57% 37,73% 100%Capim pé de galinha 0,00% 29,22% 48,54% 22,24% 100%Convencional 15,53% 20,08% 38,85% 25,54% 100%

Conclusões

O uso do capim pé de galinha ou do milheto como cultura de cobertura em plantios de

abacaxi conduzidos sob sistema de produção integrada no Estado do Tocantins não mostrou

efeito de competição por nutrientes com a cultura principal.

A utilização do milheto como cultura de cobertura possibilitou o maior percentual de

frutos com peso acima de 1.800 g, de maior valor comercial, em comparação com o capim pé de

galinha como cultura de cobertura e com o cultivo convencional.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Referências Bibliográficas

MATOS, A. P. de. Manejo integrado da podridão-do-olho do abacaxizeiro. Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 2005, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 33).

MATOS, A. P. de; CABRAL, J. R. S. Manejo integrado da fusariose do abacaxizeiro. Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 2005, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 32).

MATOS, A. P. de; TEIXEIRA, F. A.; SANCHES, N. F.; CORDEIRO, D. G.; SOUZA, L. F. da S. Roçadeira com motor a explosão: nova alternativa para manejo das plantas infestantes na cultura do abacaxizeiro. Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 2006 (Abacaxi, v. 4). Disponível em: <http://www.cnpmf.embrapa.br/informativos/abacaxi/abacaxi_4_1_06.pdf>. Acesso em: 21 maio 2006.

REINHARDT, D. H.; CUNHA, G. A. P. da. Plantas daninhas e seu controle. In: CUNHA, G. A. P. da; CABRAL, J. R. S.; SOUZA, L. F. da. (Org.). O abacaxizeiro: cultivo, agoindústria e economia. Brasília, DF: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1999. p. 253-268.

ROOS, D. Cover crops: benefits and challenges. 2006. Disponível em: <http://www.ces.ncsu.edu/chatham/ag/SustAg/covcropindex.html>. Acesso em: 09 jun. 2007.

SANCHES, N. F. Manejo integrado da broca-do-fruto do abacaxi. Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 2005a, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 36).

SANCHES, N. F. Manejo integrado da cochonilha do abacaxi. Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 2005b, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 35).

SOUZA, L. F. da S.; MATOS, A. P. de; SIEBNEICHLER, S. C.; ELIAS JR., J. CORDEIRO, D. G. Recomendação de adubação para o abacaxizeiro no Estado do Tocantins, com base na análise do solo. [S.L.]: SEAGRO: 2005. 2 p. (SEAGRO. Comunicado Técnico, 4).

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

AVALIAÇÃO DE INDICADORES DE SEGURANÇA E QUALIDADE EM EMPRESAS

QUE OPERAM SOB AS NORMAS DA PIN-MANGA NO POLO PETROLINA-PE E

JUAZEIRO-BA

ASSIS, J. S. de1; BASTOS, M. do S. R.2; LIMA, P. A.3; ALMEIDA, S. J. S.4

1Dr., Pesquisador, Embrapa Semi-Árido, BR 428, Km 152, Caixa Postal 23, 56.302-970, Petrolina-PE. E-mail: joston @cpatsa.embrapa.br ; 2Dr. Pesquisadora, Embrapa Agroindústria Tropical - Rua Dra Sara Mesquita, 2270 -

Planalto do Pici, CEP 60511-110 – Fortaleza-CE. Email: sbastos@cnpat embrapa br; 3Msc., Bolsista CNPq/Desenvolvimento Tecnológico Industrial; E-mail: priscila.lima @cpatsa.embrapa.br ; 4Engenheiro Agrônomo,

Bolsista CNPq/Desenvolvimento Tecnológico Industrial; E-mail: silney.sobreira @cpatsa.embrapa.br

Introdução

A demanda por manga tem apresentado crescimento significativo no mercado

internacional. No Brasil, a utilização de técnicas de indução floral e pós-colheita têm permitido

explorar brechas de mercado, no momento em que se reduz a oferta dos países concorrentes

Sousa et al. 2002).

Embora a manga ocupe lugar de destaque entre as frutas mais exportadas pelo Brasil,

ainda existem muitas barreiras e/ou exigências à sua exportação impostas pelos Estados Unidos e

União Européia, que compram quase toda a manga exportada pelo país Pedrosa e Pierre (2002).

A maior barreira de exigência do mercado exportador para frutas é a fitossanitária e não a

tarifária. O que pode solucionar estas exigências são as Boas Práticas Agrícolas (BPAs),

representadas por um conjunto de normas empregadas no campo, pós-colheita, produtos,

processos e serviços. A sua implantação tem a finalidade de melhorar a qualidade, a segurança do

alimento e o poder competitivo dos produtos Pimentel (2000).

O objetivo do trabalho foi avaliar, se os indicadores e parâmetros técnicos de qualidade do

Sistema de Produção Integrada de Manga estão, atendendo aos requisitos exigidos pelos

mercados internacionais.

Material e Métodos

Foi aplicado em março de 2007, uma lista de verificação constituído de cento e sete

questões relativas ao manejo em campo e na empacotadora, baseadas em documentos do Food

and Drug Administration e Codex Alimentarius Comission e nas Normas Específicas da

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Produção Integrada de Manga, em uma amostra de 4 empresas, sorteadas entre as maiores

empresas exportadoras de manga, localizadas nos municípios de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, no

Vale do São Francisco e cadastradas no Ministério da Agricultura como empresas que aderiram

ao Sistema de Produção Integrada de Manga. No questionário foram abordados aspectos do

sistema operacional da produção de manga para exportação, relativos a: conforto, saúde e higiene

dos trabalhadores, qualidade da água utilizada em pré e pós-colheita, infra-estrutura e limpeza da

empacotadora, conservação e manejo do solo, uso de esterco e resíduos orgânicos, instalações

sanitárias, manejo integrado de pragas, transporte e armazenamento, controle de qualidade do

produto e rastreabilidade.

Resultados e Discussão

Manejo Integrado de Pragas - Todas as empresas visitadas fazem o monitoramento de

pragas e doenças semanalmente para embasar a decisão sobre aplicação dos agroquímicos.

Obedecem ao critério de aplicação de produtos registrados para cada cultivo de acordo com os

critérios e normas do Ministério da Agricultura. Neste item em particular, todos os técnicos das

fazendas visitadas, reclamaram da pequena quantidade de produtos da grade de agroquímicos o

que não permite a alternância de produtos para uma mesma praga ou doença.

Água - A água utilizada na irrigação, captada diretamente do Rio São Francisco ou

fornecida pelo Distrito de Irrigação é considerada de boa qualidade e não recebe nenhum tipo de

tratamento, entretanto, todas as empresas informaram e comprovaram a realização semestral de

análises químicas, físico-químicas e biológicas da água, que fazem em amostras coletadas nas

áreas de cultivo. Quanto à água utilizada nas empacotadoras, as análises de potabilidade são

realizadas diariamente e, de acordo com os resultados encontrados, podem ser efetuadas

aplicações de produtos para correção tanto na água de lavagem dos frutos quanto na água dos

reservatórios.

Infraestrutura e limpeza da empacotadora – Em todas as empresas visitadas, a localização

das empacotadoras era adequada do ponto de vista de acesso, limpeza nos seus arredores e

possibilidade de acesso de animais. Embora seja grande o número de trabalhadores nas

empacotadoras, estas são construídas e montadas de modo a permitir perfeita separação entre as

diferentes atividades e equipamentos utilizados no fluxo do processo, o que torna muito mais

difícil a ocorrência de contaminação cruzada dos produtos. Observou-se que os produtos

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

utilizados para limpeza e sanificação das máquinas estavam armazenados adequadamente. Não

foi encontrado nenhum objeto em desuso ou com uso indevido no interior das empacotadoras.

Esterco e resíduos orgânicos - o esterco utilizado em algumas empresas não era

previamente curtido nem havia passado por nenhum tratamento de desinfecção, em outra, o

esterco era lavado e posto para secar antes da aplicação, porém nenhuma das empresas avaliadas

informou que realizava análises microbiológicas do esterco. A justificativa apresentada era de

que o esterco é aplicado em covas sob a copa das árvores, logo após a poda, o que ocorre pelo

menos seis meses antes da floração. Os cuidados tomados em todas as empresas são de localizar

o esterco fora da área de cultivo e em posição adequada em relação à direção do vento. Em todas

as empresas os responsáveis alegaram que o tempo de permanência do esterco nas áreas era

muito curto, não havendo então possibilidade de contaminação dos frutos. Quanto ao descarte de

resíduos orgânicos as empresas apresentaram destinos diferentes, podendo ser enterrado,

utilizado em compostagem ou simplesmente destinado ao lixo comum.

Saúde e Higiene - Todas as empresas informaram que no início de cada safra promovem a

realização de treinamentos para as equipes tanto de produção quanto de processamento, no que

diz respeito à higiene pessoal e manipulação das frutas. Na empacotadora, todos os funcionários

trabalham uniformizados e com equipamentos adequados para garantir sua segurança. Com

relação à saúde do trabalhador as fazendas contratam enfermeiros que trabalham 8 horas diárias.

Em uma das empresas existe também a equipe de socorro e independente disto todas elas

recebem a visita quinzenal de um médico. Existe ainda um plantão médico na cidade mais

próxima para atendimento de casos de urgência. Os refeitórios coletivos e os locais específicos

para descanso seguem todas regras do Ministério do Trabalho.

Instalações sanitárias - os banheiros e/ou vestiários são em número suficiente e suas

distâncias estão de acordo com as normas do Ministério do Trabalho. A limpeza destas

instalações é feita diariamente e algumas empresas mantêm funcionários só para fazerem a

limpeza dos banheiros na época de safra. Nas empacotadoras existem lavatórios e placas de

sinalização e orientação quanto aos perigos e os cuidados com a higiene.

Armazenamento e transporte - as empacotadoras possuem programas de adequação e

manutenção de câmaras de armazenamento e dos veículos de transporte, controlados com

planilhas de registros dos dados do sistema de refrigeração e da higienização de câmaras frias e

contêineres. Elaboram fichas de controle do programa de limpeza dos equipamentos, utensílios e

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

caixas de campo. Em algumas empresas visitadas a higienização dos contentores não era

eficiente.

Rastreabilidade - Os sistemas de rastreabilidade de todas as empresas permitiu recuperar

todas as informações necessárias, inclusive das frutas produzidas por terceiros, pois nos rótulos

das caixas foram registradas todas as informações pertinentes.

Qualidade do produto - Verificou-se que o risco de ocorrência de danos e da

contaminação cruzada nos frutos é praticamente nulo; Todas as etapas do processamento das

frutas são devidamente registradas. Na recepção sempre são coletadas amostras para a realização

das análises dos parâmetros de qualidade e amostras nos produtos embalados, para análise de

resíduos químicos e de contaminação microbiológicas.

Conclusões

A aplicação da lista de verificação demonstrou que embora tenham sido detectadas

algumas diferenças na forma de elaborar e implementar os protocolos de procedimentos

operacionais, as quatro empresas visitadas operavam rigorosamente de acordo com as Normas

Específicas do Sistema de Produção Integrada de manga.

Os parâmetros e indicadores de qualidade utilizados para a colheita e processamento da

manga atendem às exigências do mercado internacional.

Referências bibliográficas

SOUSA, J. P.; PRAÇA, E. F.; ALVES, R. E.; BEZERRA NETO, F.; DANTAS, F. F. Influência do armazenamento refrigerado em associação com atmosfera modificada por filmes plásticos na qualidade de mangas ‘Tommy Atkins’. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, n. 3, p. 665-668, 2002.

PEDROSA, J. M. Y.; PIERRE, F. C. Técnicas de pós-colheita e expansão da cultura da manga no estado de São Paulo. Revista Brasileira Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, n. 2, p. 381-384, 2002.

PIMENTEL, C. R. M. Oportunidades e Barreiras à Expansão do Comércio Internacional para a Manga Nordestina. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 31, n. 2 , p. 166-176, 2000.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

PRODUÇÃO INTEGRADA DE MANGA E UVA FINA DE MESA NO VALE DO SÃO

FRANCISCO: PERFIL DO MONITOR1

SANTOS, C. A. P. dos 2 ; HAJI, F. N. P.3; LOPES, P. R. C.4; OLIVEIRA, J. E. M.4; SANTOS, V. F. C. dos2

1Projeto financiado pelo CNPq; 2Bolsistas Embrapa Semi-Árido/CNPq - Br 428, Km 152, CP 23, Zona Rural, Petrolina-PE, 56302-970 [email protected]; 3Consultora Embrapa Semi-Árido Br 428, Km 152, CP 23, Zona Rural, Petrolina-PE, 56302-970 [email protected]; 4Pesquisadores Embrapa Semi-Árido, Br 428,

Km 152, CP 23, Zona Rural, Petrolina-PE, 56302-970 [email protected] / [email protected].

Introdução

A região do Vale do São Francisco possui uma área cultivada com uvas finas de mesa de

9.600 ha, e manga com 22.000 ha, desse total, 4.103 ha, correspondentes a 42% e 33% da área

são monitorados através do Sistema de Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa (PI-UVA) e

7.299 ha no Sistema de Produção Integrada de Manga (PI-Manga). Esse monitoramento é feito

em 1.941 parcelas e 1.414 para uva e para manga, respectivamente, das empresas que fazem parte

do programa. Os monitoramentos são realizados por meio de inspeções semanais, onde o monitor

observa a presença da praga bem como sua injúria, além da sintomatologia do patógeno anotando

essas informações na planilha/ficha de campo. Já existem cerca de 2.695 e 2.490, técnicos

treinados e capacitados para realizarem esse monitoramento em PI-Uva e PI-Manga,

respectivamente. Os monitores são capacitados após freqüentar os cursos de capacitação, onde o

mesmo conhece a cultura a ser monitorada, e ficam habilitados em diagnose de pragas e doenças,

além dos inimigos naturais. Cursos de capacitação são realizados mensalmente pela Embrapa

Semi-Árido por meio de palestras teóricas e práticas. O processo produtivo visa a mínima

utilização de agrotóxicos, através do monitoramento de pragas e doenças por meio de Manejo

Integrado de Pragas (MIP), de forma a contribuir com os índices de degradação ambiental. Esta

prática inovadora de acompanhamento racional das pragas trouxe uma maior segurança para o

agrônomo, técnico ou produtor na tomada de decisão no controle de uma determinada população

da praga. Dessa forma, após 50 cursos elaborou-se o perfil dos monitores baseado nas seguintes

informações: grau de conhecimento do sistema PIF; tempo no programa; conhecimento das

normas e capacidade de parcelas a serem monitoradas diariamente.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Material e Métodos

O trabalho consistiu na elaboração de um questionário que foi aplicado em 20 empresas

participantes do programa Produção Integrada de Frutas – PIF. Nesse questionário, abordou-se

questões como a formação e o acesso que os monitores tinham às normas específicas da cultura

monitorada, além do tempo que disponibilizava diariamente para o monitoramento em cada fase.

Manuais de monitoramento de pragas e doenças foram elaborados para orientar os

produtores na identificação dos danos e sintomas das pragas e doenças no campo, assim como os

níveis de ação para intervenção química. O monitoramento das principais pragas e doenças, bem

como a ocorrência de inimigos naturais foi realizado por amostragens semanais, envolvendo o

conhecimento sobre a fenologia da cultura, esquema experimental, número de plantas amostradas

por área (unidade produtiva), freqüência, partes amostradas da planta (tronco, brotações, gemas,

folhas, ramos, inflorescências e frutos), níveis de ação, conhecimento da praga e epidemiologia

da doença, além das condições climáticas. A metodologia de amostragens das pragas, doenças e

inimigos naturais, bem como as planilhas a serem utilizadas foram desenvolvidas pela Embrapa

Semi-Árido (BARBOSA et all, 2000, 2001; HAJI et al., 2000; TAVARES et al., 2001).

Resultados

Na região do São Francisco, a maioria desses monitores possui o 2º grau completo, sendo

alguns deles técnicos agrícolas. Observou-se que os mesmos têm acesso às normas da PIF, sendo

que a maioria com tempo de permanência de mais de um ano no programa, monitorando entre

quatro e oito parcelas por dia de até 1 ha. Muitos ainda têm outras funções na empresa, inclusive

para o preenchimento do Caderno de Campo – Seção 2, onde passam os resultados dos níveis de

ação obtidos em cada parcela monitorada (Tabela 1).

Conclusões

Conclui-se que, no Vale do São Francisco, os monitores após os treinamentos e com nível

de conhecimento adquirido estão devidamente capacitados para realizarem o monitoramento de

pragas e doenças na cultura da manga e uva.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Tabela 1. Demonstrativo do perfil dos monitores.

PERFIL DO MONITOR

Nível de formação

Manga Uva

Fundamental Médio 2º grau Sem resposta Fundamental Médio 2º grau Sem

resposta01 05 13 01 01 02 15 02

Tempo no programa 4 anos 1 anoAcesso as Normas Sim SimDiagnose pragas e doenças Sim Sim

Inimigos naturais Sim Sim

Outras funções 05 responderam que possuem outras funções

07 responderam que possuem outras funções

Parcelas monitoradas Entre 4 a 6 parcelas por dia Entre 4 a 8 parcelas por dia

Referências Bibliográficas

BARBOSA, F. R.; MOREIRA, A. N.; ALENCAR, J. A. de; HAJI, F. N. P.; MEDINA, V. D. Monitoramento de pragas na cultura da mangueira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2001. 22 p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos, 159).

BARBOSA, F. R.; HAJI, F. N. P.; ALENCAR, J. A. de; MOREIRA, A. N.; TAVARES, S. C. C. H.; LIMA, M. F.; MOREIRA, W. A. Monitoramento de pragas e doenças na cultura da mangueira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2000b. 33 p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos, 150).

HAJI, F. N. P.; ALENCAR, J. A. de; BARBOSA, F. R.; MOREIRA, A. N.; LIMA, M. F.; MOREIRA, W. A.; TAVARES, S. C. C. H. Monitoramento de pragas e doenças na cultura da videira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2000. 40 p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos, 151).

TAVARES, S. C. C. de H.; COSTA, V. S. de O.; SANTOS, C. A. P.; MOREIRA, W. A.; LIMA, M. F. Monitoramento de doenças na cultura da manga. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2001. 21 p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos, 158).

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

PRODUÇÃO INTEGRADA DE PRUNÁCEAS NO PARANÁ SAFRA 2006/07

KOWATA, L. S. 1 ; MAY-DE MIO, L. L.2; MOTTA, A. C. V.3; MONTEIRO, L. B.4; CUQUEL, F. L.5

1Engenheira agrônoma, Universidade Federal do Paraná-UFPR. E-mail: [email protected]; 2Engenheira agrônoma, Doutora em Agronomia, Prof. do Dep. de Fitotecnia e Fitossanitarismo (DFF) da UFPR, Rua dos

Funcionários, 1540, 80035-050, Curitiba - PR. E-mail: [email protected]; 3Eng. agrônomo, Dr. em Agronomia, Prof. do Dept.de Solos e Eng. Agrícola da UFPR. E-mail: mottaacv.ufpr.br; 4Eng. agrônomo, Dr em Agronomia, Prof. do DFF da UFPR. [email protected]; 5Eng. agrônoma, Dra. em Agronomia, Prof. do DFF da UFPR, E-

mail: [email protected]

Introdução

Produção Integrada de Frutas (PIF) visa obter produtos com qualidade, passíveis de

rastreabilidade, ambientalmente corretos e que ofereçam segurança alimentar (TIBOLA et al.,

2005). Para assegurar a transparência do processo produtivo, a PIF atua através do controle e

registro das atividades desenvolvidas durante a produção, integração das áreas agronômicas com

visão multidisciplinar, otimizando as condições de trabalho e redução dos impactos ambientais

(SANSAVINI, 2002).

A PIF surgiu nos anos 70 para reduzir o uso de agrotóxicos e preservar o ambiente

(FACHINELLO; HERTER, 2000). Sendo atualmente empregada em vários países com

resultados positivos, inclusive no Brasil. Este novo preceito iniciou-se no Brasil com a produção

de maçã e em 1999 envolveu o pêssego no Rio Grande do Sul (FACHINELLO et al., 2003b).

Sendo fundamental para a continuidade do processo, a ampliação da Produção Integrada de

Pêssego (PIP) para o Estado do Paraná, o qual vem destacando-se ao longo do tempo pelo

volume produzido e época de oferta da safra.

Para o processo de implantação da PIP, após a adequação técnica são necessários

determinados procedimentos como o preenchimento do caderno de campo. Este trabalho teve

como objetivo relatar a situação da PIP no Paraná, safra 2006/07, em pequenas propriedades em

fase inicial de implantação, realizando-se um acompanhamento mensal para fiscalizar e orientar o

preenchimento do caderno de campo. Além disso, a equipe buscou identificar os principais

pontos de estrangulamento para o avanço da PI para o pequeno produtor.

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Material e Métodos

O acompanhamento técnico, safra 2006/07, foi realizado em 20 propriedades rurais,

distribuídas nos municípios de Campo Largo (cinco), Araucária (quatro), Lapa (oito), Campo do

Tenente (uma); Quitandinha (uma) e Mandirituba (uma), região centro sul do Paraná. As

propriedades foram subdivididas em unidades homogêneas denominadas parcelas, caracterizadas

por possuírem o mesmo cultivar, ano de plantio, condução e localizadas na mesma região. Para o

monitoramento de doenças, pragas e produtividade em cada parcela foram marcadas 10 plantas

por hectare para a coleta de amostras (FACHINELLO et al., 2003a). Os locais foram geo-

referenciados e os dados anotados no caderno de campo. Os cadernos da safra 2005/2006 foram

recolhidos para análise do conteúdo (entre os dias 11 a 29/05/2006) e os novos cadernos

devolvidos entre o período de 05 a 14/06/2006.

Os produtores foram orientados para o preenchimento do caderno de campo, assim como

proceder aos monitoramentos de pragas e doenças durante as 66 visitas realizadas na safra

2006/07. Também foram entregues pluviômetros e termômetros de máxima e mínima

temperatura para a coleta dos dados climáticos. O projeto PIP-PR custeou 37,5% do valor da

compra. Os produtores já tinham as armadilhas delta (grafolita) e Mcphail (mosca-das-frutas)

para realizar o monitoramento.

Resultados e Discussão

As áreas das propriedades estudadas variavam de 0,01 a 1 ha contendo diferentes espécies

de prunáceas (pessegueiro, ameixeira e nectarineira) e também com diversas cultivares por

espécie (Tabela 1).

Em relação ao caderno de campo, de modo geral, o preenchimento foi satisfatório,

principalmente na caracterização das parcelas e aplicação de agroquímicos, o que demonstra o

entendimento do produtor em dividir o pomar em áreas homogêneas e referir cuidados especiais

para cada parcela. As maiores dificuldades estavam na quantificação da colheita e o

monitoramento da mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus) e da mariposa-oriental (Grapholita

molesta) (Fig. 1), devido à queda da produção decorrente da geada. O que induziu com que

muitos produtores abandonassem os pomares, porém independente da quantidade produzida em

cada ano, o monitoramento deve ser constante, para não prejudicar a próxima safra.

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Tabela 1. Produtores assistidos pelo projeto de Produção Integrada de Pêssegos e descrição das parcelas de Pessegueiro (P), Nectarineira (N) e Ameixeira (A), safra 2006/07.

Produtor Município Parcelas Espécies (cultivares)Gilberto Olchel* Araucária 8 P (Chimarrita) N (Bruna) A (Letícia, Reubennel, Polli Rosa)Augusto Brongel* Araucária 4 P (Rio Grande, Coral, Chimarrita e Charme)Eloir Lenartoviczs* Araucária 8 P (Chimarrita, Charme, Ouro e BR-1) N (Bruna) A (Reubennel e Irati)Constante Lech* Araucária 4 P (São Pedro, Chimarrita e Coral)Antonio Knapik* Lapa 7 P (Chimarrita, Premier e BR-1) N (Bruna) A (Reubennel e Irati)João Stabach* Lapa 5 P (Chimarrita, Ouro e Delanona) N (Bruna)

Tadeu Stabach* Lapa 10P (Chimarrita, Premier e BR-1) N (Bruna, Sun Red e Sun Gold) A (Irati e Reubennel)

Casemiro Woicik* Lapa 14P (Chimarrita, Delanona e Eragil) N (Bruna, Sun Red e Sun Gold) A (Irati e Reubennel)

Lino Martinez* Lapa 6 P (Chimarrita e Texano) N (Bruna) A (HP e Reubennel)

Edir Buske** Lapa 21

Pessegueiro (Chatar, BR-1, Coral II, Chimarrita, Charme, São Pedro e Texano) N (Bruna e Sun Gold) A (Irati, Amarelinha, Letícia e Reubennel)

Amauri Costa* Lapa 6 P (Chimarrita e Eragil) N (Bruna e Sun Gold) A (Irati e Reubennel)Casemiro Krupa* Lapa 6 P (Delanona, Charme e Eragil) N (Bruna) ; A (Ameixeira)

Mário Kaiss*Campo do Tenente 8 P (Coral e Marli) A (Irati e Reubennel)

Eduardo Santos * Quitandinha 3 P (Chimarrita, Planalto e BR-1)

Clóvis Hoffmann** Mandirituba 25P (Ouro, Eldorado, Fla-9, Chiripa e Barbosa) N (Sun Ripe e Bruna) A (Santa Rosa, Irati, Reubennel e Letícia)

Miguel F. Santos* Campo Largo 1 A (Irati)Luis Gogola * Campo Largo 6 P (Chimarrita e Chiripá) A (HP e Polli Rosa)Valdir Gogola* Campo Largo 2 P (Granada) A (Polli Rosa)Carlos Gogola * Campo Largo 2 P (Charme e Eldorado)Luiz Passos* Campo Largo 1 P (Delanona)* Nível tecnológico: Boas Práticas Agrícolas, ** Nível tecnológico: Produção Integrada.

Figura 1. Porcentagem de preenchimento do caderno de campo em 20 propriedades dos municípios de Campo Largo, Araucária, Mandirituba, Quitandinha, Campo do Tenente e Lapa (PR), safra 2006/07.

Panorama Geral dos itens preenchidos

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

% d

e pr

eenc

him

ento

1. Identificação do produtor e técnico2. Identificação da propriedade3. Identificação das parcelas4. Histórico de aplicações químicas5. Histórico de adubação6. Histórico de manejo do solos e plantas invasoras7. Histórico de tratos culturais8. Histórico de colheita9. Monitoramento de grapholita10. Monitoramento de mosca-das-frutas11. Monitoramento de pragas12. Monitoramento de crespeira, antracnose, chumbinho e ferrugem13. Monitoramento de podridão-parda, gomose, queima-de-ramos e bacteriose).14. Histórico de maquinário15. Monitoramento climático

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O ítem “caracterização da propriedade” não foi adequadamente preenchido devido à falta

de um técnico fixo. Lembrando que neste caso, por tratar-se de um exercício de preenchimento

não foi solicitado que o responsável fosse credenciado pela PIP. Outro aspecto crítico foi o

monitoramento climático, a anotação diária de temperatura foi considerada dificultosa pelos

fruticultores, no entanto o registro contínuo é fundamental para correlação entre clima e doença,

bem como para o acompanhamento histórico da ocorrência de geada relacionando com as fases

de desenvolvimento das plantas nas diferentes parcelas. O relato climático na propriedade

(detalhado e contínuo) pode servir de subsídio para um programa futuro de previsão de

epidemias.

Diferente do monitoramento da grapholita e mosca-das-frutas, as planilhas de

monitoramento de doença e demais pragas foram preenchidas de modo adequado, pois os

integrantes do PIP-PR realizaram este procedimento para que os dados coletados auxiliem a

pesquisa de distribuição temporal e espacial de doenças na região.

Para melhorar o preenchimento de caderno são necessários o acompanhamento

profissional interado nas normas da PIP e a conscientização da importância de formar um

histórico da área por parte do produtor. A grande parte das propriedades apresentadas está na fase

inicial de implantação de Produção Integrada e apresenta certas dificuldades devido à área

reduzida de pomar e pouco capital para benfeitorias. No entanto, outras propriedades não

mencionadas neste trabalho estão em estágio avançado na implementação da PI, podendo obter a

certificação.

Conclusão

Apesar das dificuldades encontradas para a implantação, a Produção Integrada de

prunáceas no Paraná apresenta avanços, principalmente porque todos produtores já entenderam

sobre a necessidade do uso de armadilhas para monitoramento de pragas e da importância do

preenchimento do caderno de campo para uma produção mais segura e ambientalmente correta.

Apesar de viável, algumas correções e modificações em determinados pontos ainda são

importantes para a concretização do uso da Produção Integrada por pequenos produtores no

Estado do Paraná tais como: responsável técnico credenciado em PI fixo na propriedade,

adequação de instalações, maior critério para preenchimento do caderno de campo mesmo em

anos de quebra de produção.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Referências Bibliográficas

FACHINELLO, J. C.; COUTINHO, E. F.; MARONDIN, G. A. B.; BOTTON, M.; MIO, D.; L. M. Normas técnicas e documentos de acompanhamento da produção integrada de pêssego. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, 2003a. 95 p.

FACHINELLO, J. C.; HERTER, F. G. Diretrizes para produção integrada de frutas de caroço. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2000. 46 p. (Embrapa Clima Temperado. Circular Técnica, 19).

FACHINELLO, J. C.; TIBOLA, C. S.; VICENZI, M.; PARISOTTO, E.; PICOLOTTO, L.; MATTOS, M. L. T. Produção Integrada de pêssegos: três anos de experiência na região de Pelotas-RS. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 2, p. 256-258, 2003b.

SANSAVINI, S. La rintracciabilità delle produzioni ortofrutticole. Rivista di Frutticoltura, Bologna, n. 1, p. 5-7, 2002.

TIBOLA, C. S.; FACHINELLO, J. C.; GRUTMACHER, A. D. Handling of pests and diseases in integrated and conventional production of peach. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 27, n. 2, p. 215-218, 2005.

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ANÁLISE PROSPECTIVA DE CADEIA PRODUTIVA PARA INSERÇÃO DA

MANGABA NO AGRONEGÓCIO

FERREIRA, E. G. 1 ; GUERRA, A. G.2; MENINO, I. B.1; ARAÜJO, I. A. de1

1Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S/A – EMEPA-PB [email protected]; 2Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte S/A – EMPARN [email protected].

Introdução

A mangabeira (Hancornia speciosa, Gomes), planta da família das apocináceas, é

encontrada vegetando espontaneamente em áreas da região tropical da América do Sul: Brasil,

Paraguai, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. No Brasil, é encontrada com freqüência nas

regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte, e com maior abundância nas áreas de tabuleiros e baixadas

litorâneas do Nordeste, onde se concentra a quase totalidade da produção comercial de frutos

(ESPÍNDOLA; FERREIRA, 2003).

No Nordeste brasileiro, é uma planta que vegeta abundantemente na faixa litorânea,

ambiente de solos pobres, de textura arenosa e de fácil drenagem. Na Paraíba, é facilmente

encontrada, na região do litoral, com grandes pomares nativos em terras devolutas, em reservas

indígenas, e em pomares cultivados.

Atualmente, o interesse pela cultura da mangaba no Brasil, e mais particularmente nas

Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, tem crescido substancialmente, quer seja pelos agentes

diretamente envolvidos nos diferentes segmentos da sua cadeia produtiva, quer seja pelos setores

responsáveis pelo desenvolvimento e difusão de novas tecnologias agrícolas e de processamento

da polpa. Apesar desse crescente interesse, a mangaba continua a ser uma cultura essencialmente

extrativista, embora que, já existem pomares organizados ou implantados com a finalidade de

exploração racional para a produção de frutos.

A mangabeira produz frutos para o consumo in natura e para industrialização nas formas

de polpa, principalmente de sucos, batidas, coquetéis, doces, geléias, sorvetes, licores, vinhos e

xaropes. Ainda, pode-se extrair o látex para borracha, e também tem sua aplicação na

farmacologia, o que mostra um grande potencial de aproveitamento.

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A exploração desta fruteira é feita de duas formas: 1) sob a forma de extrativismo, em

pomares nativos, que ocupam mão-de-obra não qualificada, caracterizando a sua importância do

ponto de vista sócio-econômico para as populações da zona rural, que têm como fonte de renda

essa frutífera, sem investimento prévio, considerando-se que se encontra em estado silvestre; 2)

pomares cultivados, que utilizam recomendações geradas pela pesquisa, e, por ser uma cultura

que está despontando no cenário da fruticultura pelas suas qualidades e aplicações, apontam uma

forte demanda.

Metodologia

O estudo da cadeia produtiva da mangaba baseou-se no método do diagnóstico, de Castro

et al. (1995). Este trabalho objetivou a uma descrição dinâmica da produção e dos circuitos de

comercialização, identificando os agentes, os fluxos e seus pontos de estrangulamento. Esta

identificação e descrição foram baseadas em levantamento de dados, entrevistas com os

principais agentes envolvidos, do produtor até o consumidor, visitas de campo e às feiras livres e

da produção; identificação de pessoas chaves e dos principais segmentos da cadeia; tabulação de

dados; apresentação, confirmação e ampliação das informações e das entrevistas

complementares; verificação das informações e estudo da dinâmica da cadeia produtiva da

mangaba.

O diagnóstico visou uma descrição dinâmica, da produção e dos circuitos de

comercialização, descrevendo através de fluxograma os agentes, os fluxos e seus pontos de

estrangulamento, desde insumos, produção de frutas, indústria, distribuição e consumo.

O principal objetivo do estudo foi: analisar, diagnosticar e estabelecer um fluxograma da

cadeia produtiva da cultura da mangaba nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, visando à

organização da base produtiva.

Resultados e Discussão

Esse enfoque enfatiza a questão da dependência intersetorial ao longo da cadeia produtiva

(CASTRO et al., 1995; ZYLBERSZTAJN, 2000). Esses autores destacam, para o ano de 2000, o

valor total das operações ligadas ao complexo agroindustrial brasileiro seguiu as seguintes

proporções: 9% “antes da porteira”, 19% para a “produção propriamente dita” e 72% “depois da

porteira”, mostrando a importância do enfoque sistêmico no estudo.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

O processo de coordenação na cadeia produtiva da mangaba, nos Estados do Rio Grande

do Norte e Paraíba se assemelham, e, variam de acordo com o sistema de cultivo. O sistema de

produção extrativista tem sua comercialização basicamente na forma de mercado livre, no qual,

os exploradores comercializam sua produção com intermediários que a repassam para varejistas,

ou entregam às indústrias de processamento de frutas. Os frutos advindos de plantios tecnificados

e de produtores que são receptivos à tecnologia gerada pela pesquisa, recebem melhores tratos

pós-colheita.

Dependendo da oscilação de preços na época, estes frutos também poderão ser entregues

nas agroindústrias de processamento, que, em determinadas fases do ano, pagam preços

semelhantes aos praticados em outros segmentos da cadeia produtiva e não levam em

consideração alguns atributos de qualidade dos frutos.

O processo de comercialização dos frutos processados nas agroindústrias nas formas de

sucos e polpas, é feito de forma convencional, ou seja, obedecendo às leis de mercado, da procura

e oferta. As redes de supermercados, lanchonetes e restaurantes absorvem toda produção.

Figura 1: Representação da Cadeia Produtiva da Mangaba na Paraíba e Rio Grande do Norte.Fonte: Guerra e Ferreira (2007).

Insumos

Comércio

Instituições

Estruturas de CoordenaçãoMercado, Programas e Políticas públicas.

Cooperativas, Associações e firmas individuais.

Infra-estrutura e ServiçosTrabalho, crédito, transporte, energia, embalagem, tecnologia, propaganda,

armazenagem e logística.

Produtor /Extrativista

Indust.de Processamento

Atacadista e Varejista Consumidor

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Conclusões

• A cultura da mangabeira está se consolidando pelo seu potencial de produção;

• a domesticação e difusão da cultura concorrem significativamente para sua expansão;

• a base produtiva está se conscientizando da sua importância social e econômica;

• os programas de governo que envolve a cultura melhoram o marketing da cultura.

Bibliografia

CASTRO, A. M. G. de; COBBE, R. V., GOEDERT, W. J. Prospecção de demandas tecnológicas: Manual metodológico para o SNPA. Brasília, DF: Embrapa-DPD, 1995. 82 p.

ESPÍNDOLA, A. C. de M., FERREIRA, E. G. Aspectos Nutricionais e adubação da mangabeira. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DA MANGABA, 1., 2003, Aracajú, SE. Anais... Aracajú: Embrapa-CPATC, 2003. 1 CD-ROM.

ZYLVERSZTAJN, D. Conceitos gerais, evolução e apresentação do sistema agroindustrial. In: ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

FRUTICULTURA: RENDA SUSTENTÁVEL PARA A AGRICULTURA FAMILIAR

THIESEN, M. B. 1 ; LASSEN, R. S.2

1Bacharel em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Endereço: Avenida Central, 403 - Bairro Glória - Santo Augusto. E-mail: [email protected]; 2Bacharel em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Endereço:

Estrada Mangueirão, 400 – Bela Vista – Três Passos. E-mail: [email protected].

Introdução

A agricultura familiar vem resgatar a cidadania tornando-se a principal produtora de

alimentos abastecendo os mercados e as demandas crescentes por produtos cada vez mais

naturais e que garantam qualidade de vida.

Partindo-se desse ponto buscaremos apresentar a produção frutífera do município de Três

Pasos, no Rio Grande do Sul visando esta como uma alternativa de diversificação produtiva, bem

como agroindustrialização como forma de agregar valor aos produtos oriundos da produção

familiar. Para tanto faremos uso de pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo com conversa

informal junto a uma propriedade rural produtora de frutas e à Agroindústria Frutipassos.

Podemos averiguar que a produção frutífera no município de Três Passos expandiu-se

com a implantação do Programa da Fruticultura oriundo do Plano Estratégico de

Desenvolvimento Municipal, os agricultores têm a alternativa de diversificação das culturas e

agregação de renda à propriedade familiar, além disso a criação da Frutipassos, objetivando unir

os agricultores do município, visa o desenvolvimento técnico e a busca de mercado e

industrialização para os produtos.

Diagnosticamos que a Região Celeiro conta com um clima subtropical favorável à

produção de frutas e além disso a elevada demanda pelo consumo de frutas in natura, compotas,

schimmier, frutas cristalizadas, geléias e sucos naturais entre outros que favorecem a expansão da

produção dentro do município.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Material e Métodos

O trabalho de estudo da fruticultura no município de Três Passos baseou-se em pesquisa

bibliográfica, pesquisa a campo com entrevista informal junto a uma propriedade e à

Agroindústria Frutipassos.

Resultados e Discussão

O município de Três Passos localiza-se na região Noroeste do Estado do Rio Grande do

Sul, sua área superficial é de 438,07 km2 e altitude de 501,8 m acima do nível do mar. O

município conta com uma população de 24.645 habitantes e clima subtropical. Suas principais

atividades agrícolas são: bovinocultura leiteira, suinocultura, fruticultura, fumicultura, entre

outras.

O programa de fruticultura na agricultura familiar apresenta-se como uma alternativa de

inovação nas propriedades familiares, uma vez que surge com o intuito de diversificar as

atividades produtivas das mesmas. Conforme a Secretaria de Agricultura do Estado do Rio

Grande do Sul (1982), as instalações de um pomar devem levar em consideração alguns pontos

preliminares como o consumo em elevação de frutas, o que demanda da implantação de novos

pomares.

Produção de Frutas na Propriedade

No distrito de Padre Gonzales encontramos um produtor de frutas que possui 3,8 hectares

com pomares, assim distribuídos: 1,8 hectares de figo, comportando 2.000 pés da fruta, 1 hectare

de pêssego com 700 pés e 1 hectare de uva com 1.000 pés da fruta. Além dessas frutíferas que

estão em plena produção o produtor está aumentando sua área e implantado em sua propriedade

novas variedades como banana, caqui, maçã, pêra, nectarina, bergamota, ameixa e laranja.

A produção de figo resultou em 2006 numa produção de 8 toneladas de frutos maduros e

5 toneladas de frutos verdes; já a produção de uva, no ano passado, resultou em 1.600 kg e a

produção de pêssego irá dar frutos pela primeira vez em 2007.

Os principais tratamentos realizados nos pomares a fim de manter a produtividade são: a

aplicação de calda sulfocálcica para controlar as doenças, podas, tratamento com fungicidas, isso

de iscas naturais para controle de insetos e adubação verde e química. A colheita dos frutos é

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

realizada manualmente em cestos ou caixotes e a venda ocorre diretamente ao consumidor e os

excedentes são destinados à agroindustrialização.

A Agroindustrialização das Frutas

A Cooperativa de Fruticultores de Três Passos (Frutipassos) é constituída por fruticultores

do município e por técnicos ligados a atividades de fruticultura. A cooperativa tem como

finalidade fazer reuniões para discutir e desenvolver projeções para o melhoramento da produção

frutífera, além de incentivar estudos, pesquisa e exposições em feiras, seminários e cursos. Outra

finalidade é a vistoria periódica nos pomares.

A organização da comercialização das frutas, tanto na forma verde quanto madura,

incunbindo-se de breves estudos de mercado e fiscalização fitossanitária.

A Frutipassos é constituída por um número ilimitado de cooperados, e estes são escritos

pelos seguintes categorias:

1°- Fundadores – Aqueles que ajudam a criar a cooperativa;

2°- Efetivos – Os que ingressam na cooperativa após o fim das inscrições dos sócios

fundadores;

3°- Beneméritos – Aqueles que prestam relevantes serviços à cooperativa;

4°- Remidos – Aqueles que pagaram antecipado igual ou superiores a 20 anos de

cooperação.

A Frutipassos tem como missão a geração de renda extra na agricultura familiar através

de implantação de fruticultura como uma atividade extra. Além disso busca também a

diferenciação dos produtos a fim de manter qualidade produtiva. O principal objetivo da

agroindústria é o auxilio aos produtores na venda do produto in natura e o processo de

excedentes com logística de venda realizada pela própria cooperativa. Entre as principais

estratégias da agroindústria estão:

• a padronização;

• a rotulação;

• a divulgação em feiras;

• o aumento da produção;

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• a implantação de novas variedades produtivas;

• a redução de custo.

Conclusão

Analisamos que o Programa de fruticultura do município de Três Passos resultou nos

seguintes pontos:

1) Uniu e incentivou os pequenos produtores familiares que antes estavam

assolados a simples produtores de comodittis a tornarem-se potenciais

produtores de frutas, o que propiciou aos mesmos a diversificação de suas

propriedades e agregação de valor em seus produtos;

2) Outro ponto que impulsionou esse programa é o clima presente no município

que favorece a produção frutífera como o figo, pêssego, uva, caqui, ameixa,

abacaxi, banana, etc.;

3) A criação da Agroindústria Frutipassos permitiu que os agricultores reunidos

em forma de cooperativa se organizassem na comercialização de seus produtos,

tanto verdes como maduros, e que seus excedentes fosse beneficiados

agregando mais valor ao produto final.

Em suma, a produção frutífera, além de diversificar as pequenas propriedades familiares

permite que os produtores criem seus próprios mecanismos de produção, beneficiamento,

divulgação e comercialização de seus produtos.

Referências Bibliográficas

GRAFFITTI, L. G. Três Passos: Imigração e Colonização. Ijuí: [s.n.], 2004.

SECRETARIA DA AGRICULTURA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartilha do Agricultor: as lavouras e as plantas. 2. ed. Porto Alegre, 1982. v. 2.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DA ATUAL SITUAÇÃO, QUANTO A PRESENÇA DE

RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS, DAS FRUTAS COMERCIALIZADAS NO ATACADO

DE SÃO PAULO (SP)

TREVIZAN, L. R P.1; BAPTISTA, G. C. de2; ALMEIDA, G. V. B.3

1Engenheiro agrônomo Dr., AgroSafety Monitoramento Agrícola, Incubadora Tecnológica ESALQTEC, Av. Limeira s/n, Sala 01, 13414-018, Piracicaba-SP, [email protected] (Apresentador do trabalho); 2Engenheiro agrônomo Dr., Laboratório de Resíduos de Pesticidas e Análises Cromatográficas (LARP-USP),

ESALQ/USP, Av. Pádua Dias, 11, CP09, 13418-900, Piracicaba-SP, [email protected]; 3 Engenheiro agrônomo Msc., Centro de Qualidade em Horticultura (SECQH) da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São

Paulo (CEAGESP), Av. Dr. Gastão Vidigal, 1946, 05316-900, São Paulo-SP, [email protected]

Introdução

Para um diagnóstico preliminar do nível atual de segurança oferecido aos consumidores

das frutas abrangidas pelo escopo do projeto Manejo e Logística da Colheita e Pós-Colheita na

Produção Integrada de Frutas no Brasil (banana, caqui, citros, figo, goiaba, maracujá e

morango), Processo CNPq 48.0037/02-7, se montou uma parceria entre o Centro de Qualidade

em Horticultura (SECQH) da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo

(CEAGESP) Laboratório de Resíduos de Pesticidas e Análises Cromatográficas (LARP-USP) da

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ).

O Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) é o local perfeito para um monitoramento

deste tipo, nele passam diariamente altas porcentagens da produção nacional de frutas, quase

sempre o ETSP é responsável, para cada fruta, pela comercialização de mais de 10% do total

produzido no país. Do maracujá, como exemplo, 11% do total da produção nacional passa

anualmente pelo entreposto (GUTIERREZ, 2007). O volume diário de comercialização supera a

dez mil toneladas (SIM CEAGESP, 2007).

Como um dos principais objetivos da Produção Integrada é oferecer ao consumidor e ao

mercado um produto seguro é de grande importância sabermos quais fruteiras apresentam os

maiores problemas, tanto os de resíduos acima do limite, como as que sofrem com a falta de

produtos registrados. Desta maneira podem-se oferecer os comitês técnicos dos projetos

específicos das fruteiras, subsídios na decisão de quais são os pontos prioritários para serem

atacados.

169

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Material e Métodos

As amostras foram recolhidas, sempre nas manhãs das segundas-feiras e de maneira

inteiramente casualizada, entre os principais atacadistas do produto eleito para o dia. A

localização dos atacadistas foi feita através da análise das notas fiscais recolhidas pelo pessoal de

portaria da CEAGESP e que, posteriormente, são encaminhadas à Seção de Economia e

Desenvolvimento (SEDES) da empresa. De cada atacadista era recolhida uma amostra de massa

aproximada de um quilograma e no período da tarde as amostras eram encaminhadas para serem

analisadas no LARP-USP. No total foram analisadas 117 amostras com a seguinte distribuição

entre os produtos: 3 de banana, 5 de figo, 5 de goiaba, 8 de caqui, 8 de lima ácida Tahiti, 15 de

laranja, 16 de maracujá azedo, 24 de tangerinas e 33 de morango. A cronologia das análises está

descrita na Tabela 1.

Tabela 1. Cronologia do recolhimento de amostras no Entreposto Terminal da CEAGESP (ETSP).

Cultura Data da Coleta Número de amostrasMaracujá 25/10/2005 8Figo 24/11/2005 5Goiaba 29/11/2005 5Caqui 21/03/2006 8Laranja 28/03/2006 7Limão 04/04/2006 8Tangerina 23/05/2006 8Tangerina 31/05/2006 8Laranja 06/06/2006 8Maracujá 14/06/2006 8Morango 21/06/2006 3Tangerina 29/06/2006 5Tangerina 29/06/2006 3Morango 08/08/2006 6Morango 17/08/2006 5Morango 22/08/2006 6Morango 30/08/2006 3Morango 05/09/2006 6Morango 27/09/2006 5Morango 17/11/2006 2

As análises de resíduos foram realizadas no LARP-USP. Foram utilizados dois métodos

de análise, adaptados a partir de Holanda (1996) e Andersson e Palsheden (1998), um para se mo-

nitorar 102 princípios ativos através de cromatografia gasosa e outro específico para analisar diti-

ocarbamatos.

170

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

No primeiro, os resíduos são extraídos da amostra com acetato de etila; o extrato é

concentrado por evaporação; após ressuspensão em mistura de ciclohexano + acetato de etila (1 +

1), procede-se a limpeza do extrato por cromatografia de permeação em gel, sendo a eluição

procedida com a mesma mistura de ciclohexano + acetato de etila. A determinação quantitativa é

feita por técnica de cromatografia em fase gasosa, usando-se cromatógrafo equipado com

detector seletivo de massas.

Os ditiocarbamatos foram analisados por técnica de “head space”. A amostra é aquecida

em solução de cloreto estanhoso e ácido clorídrico, para que os resíduos de ditiocarbamatos

originem o gás bissulfeto de carbono (CS2). A determinação quantitativa é feita por técnica de

cromatografia em fase gasosa, usando-se cromatógrafo equipado com detector fotométrico de

chama (FPD).

Resultados e Discussão

Os resultados das análises foram condensados na Tabela 2. Das 117 amostras, em 51

foram detectados algum nível de resíduo, destas apenas 23 apresentaram algum tipo de infração,

21 com produtos não autorizados para a cultura e 10, todas de morango, com resíduos acima do

LMR permitido pela legislação. Amostras de morango apresentaram, ao mesmo tempo, os dois

problemas. É importante salientar a problemática de metabólitos, como no caso do carbosulfam

que se metaboliza em carbofuram, o primeiro possui registro para isso na cultura de citros

enquanto o segundo não.

Conclusão

Os resultados indicam que, a exceção do morango, o maior problema para as outras

culturas é a carência de produtos autorizados para o uso. O morango apresenta uma situação mais

problemática, das 33 amostras levadas à analise, 10 apresentaram níveis de resíduos de produtos

registrados para a cultura com resíduos acima do LMR permitido pela legislação.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio

dados através dos projetos Manejo e Logística da Colheita e Pós-Colheita na Produção Integrada

de Frutas no Brasil (processo 48.0037/02-7)

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Aos técnicos Bertoldo Borges Filho e Eduardo Ortiz Doniani, respectivamente da

SECQH/CEAGESP e LARP/ESALQ, pelo valioso trabalho de coleta e transporte das amostras.

Tabela 2. Resultados de análises de resíduos por cultura, número de amostras com resíduos e infrações provenientes de uso de agrotóxicos não autorizados para a cultura (NA) ou por infringir o Limite Máximo de Resíduos (LMR).

Cultura/agrotóxico Amostras comResíduos

Amplitude dosResíduos (mg.kg-1) LMR (mg.kg-1) Infrações

Figo/ditiocarbamatos 5 0,2-06 2 0Goiaba/metidationa 1 0,02 NA 1Laranja/carbofurano 1 0,03 NA NALaranja/dimetoato 1 0,2 2 0Laranja/ditiocarbamatos 1 0,3 2 0Laranja/metidationa 1 0,03 2 0Laranja/procloraz 2 0,4-1,1 NA 2Maracujá/carbofurano 1 0,09 NA 1Maracujá/ditiocarbamatos 1 0,2 NA 1Maracujá/profenofós 1 0,03 NA 1Morango/azoxistrobina 5 0,02-0,2 5 0Morango/captana 2 0,3-2,1 NA 2Morango/carbaril 1 0,9 NA 1Morango/cipermetrina 1 0,05 NA 1Morango/clorotalonil 2 1,2-3,1 NA 2Morango/dimetoato 1 0,06 NA 1Morango/ditiocarbamatos 6 0,2-14,8 NA 5Morango/endossulfam 1 0,03 NA 1Morango/fenitrotiona 1 0,2 NA 1Morango/fenpropatrina 8 0,07-1,2 2 0Morango/fentiona 1 0,2 NA 1Morango/fluazinam 4 0,05-1,2 2 0Morango/folpete 3 0,02-0,09 NA 3Morango/iprodiona 5 0,05-1,8 2 0Morango/lambda-cialotrina 4 0,03-0,2 0,5 0Morango/metalaxil 1 0,08 NA 1Morango/procimidona 22 0,05-4,3 3 1Morango/profenofós 2 0,03-0,2 NA 2Morango/propargito 1 0,05 7 0Morango/tebuconazol 4 0,2 0,1 4Morango/tetradifona 6 0,04-0,7 NA 6Morango/tebuconazol 4 0,2 0,1 4Tangerina/bromopropilato 1 0,03 3 0Tangerina/ditiocarbamatos 5 0,1-0,2 2 0Tangerina/etiona 3 0,06-0,2 2 0Tangerina/permetrina 1 0,1 NA 1Tangerina/permetrina 1 0,1 NA 1

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Referências Bibliográficas

ANDERSSON, A.; PALSHEDEN, H. Multi-residue method for analysis of pesticides in fruit and vegetables using ethyl acetate extraction, GPC clean-up and GC determination. In: Suécia. National Food Administration. Pesticide analytical methods in Sweeden. Part 1. Rapport 17/98. Uppsala, 1998. p. 9-41.

CEAGESP: Sistema de informação de mercado da companhia de entrepostos e armazéns gerais de São Paulo (CEAGESP). São Paulo, 2007. Não publicado.

GUTIERREZ, A. S. D. O negócio de frutas frescas. IEA/SAA, Instituto de Economia Agrícola, São Paulo, 2000. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=563>. Acesso em: 19 jul. 2007.

HOLANDA. Ministery of Public Health, Welfare and Sport. Analytical methods for pesticide residues in foodstuffs. 6th ed. [S.l.: s.n.], 1996.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

PRODUÇÃO DE CASTANHAS E CAJU-DE-MESA NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO

INTEGRADA E CONVENCIONAL1

OLIVEIRA, V. H. 2 ; ANDRADE, A. P. S.3, SILVA, E. de O.4

1Trabalho financiado pelo CNPq/Embrapa/MAPA; 2Engo Agro DSc., Embrapa Agroindústria Tropical, R. Sara Mesquita, 2270 Pici Fortaleza-CE, E-mail: [email protected]; 3Enga Agra MSc., R. Sabino Borges, 169

Aerolandia Fortaleza-CE, E-mail: [email protected]; 4Engº Agrº DSc., Embrapa Agroindústria Tropical, E-mail: [email protected]

Introdução

O cajueiro possui relevante importância socioeconômica para o Nordeste brasileiro, em

função da mobilização de 300 mil pessoas no campo e por proporcionar uma produção anual de

147.129 toneladas de castanha (IBGE, 2006) e 1.650.000 toneladas de pedúnculo (FAO, 2006). A

matéria-prima castanha supre fábricas e mini-fábricas, responsáveis pela obtenção da amêndoa de

castanha de caju – ACC e do líquido da casca da castanha – LCC (OLIVEIRA; ANDRADE,

2004).

Apesar desse potencial, a participação brasileira nas exportações mundiais de ACC tem

declinado e, atualmente, o país ocupa a terceira posição, antecedido pela Índia e Vietnã (FAO,

2006; PESSOA et al., 2000). Adendo a isso, os mercados mundiais exigem a qualidade dos

produtos para realizarem suas importações (FACHINELLO et al., 2000). A utilização de novas

tecnologias, através do sistema de Produção Integrada de Frutas (PIF), poderá contribuir para a

reversão deste quadro. Este trabalho teve o objetivo de comparar os sistemas de Produção

Integrada e Convencional para cajueiro-anão precoce, quanto à produção de castanha e de caju-

de-mesa, em Beberibe (CE).

Material e Métodos

O trabalho foi realizado em plantas com quatro anos de idade, variedade CCP-09,

espaçadas de 7 x 7 m, numa área de um hectare, onde foram desenvolvidos os sistemas de

Produção Integrada (PI) e Convencional (PC). Cada um ocupou uma área de 0,5 ha, separados

entre si por uma bordadura composta de cinco fileiras de plantas.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Na área sob PI aplicaram-se as práticas contidas nas Normas Técnicas e Documentos de

Acompanhamento da Produção Integrada de Caju (OLIVEIRA, 2003), que consistiram da

manutenção de uma cobertura vegetal viva nas entrelinhas e limpeza das linhas de plantio, e

adubação conforme a análise do solo. Efetuou-se uma poda de limpeza, uma de manutenção e

outra para o levantamento da copa. O controle fitossanitário foi realizado através de amostragem,

segundo Mesquita et al. (2002) e Cardoso e Freire (2002). Na PC as práticas consistiram na

limpeza das linhas e entrelinhas, com a adubação do solo similar à empregada na PI. Realizou-se

uma poda de limpeza e os tratos fitossanitários foram feitos no início da produção e após cada

fluxo produtivo.

Foram escolhidas 12 plantas ao acaso para se proceder as avaliações. A colheita foi

realizada semanalmente durante seis meses. Os cajus foram classificados em “caju-de-mesa”

(consumo in natura) e “caju indústria” (produção de doces, sucos, etc.). Após a classificação os

cajus e as castanhas foram contados e pesados. Os “cajus indústria” foram descastanhados e as

castanhas remanescentes foram computadas juntamente com as colhidas no solo (Fig. 1).

Figura 1. Fluxograma da operação de seleção realizada no experimento.

Foram analisadas: produção de castanhas comerciais (kg planta-1), número de castanhas

comerciais (contagem de castanhas oriundas do caju indústria e das colhidas no solo), peso médio

de castanhas (g) e número total de castanhas (soma do número de cajus-de-mesa e do número de

castanhas comerciais). Para o caju-de-mesa foram avaliados: produção (kg planta-1), número por

planta e peso médio (g), sendo considerados todos os cajus de cada planta. Para as variáveis

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

foram estimadas médias a partir de amostras obtidas nos dois tratamentos, que foram comparadas

pelo teste t (P≤0,05).

Resultados e Discussão

Observou-se diferença significativa para a produção de castanhas comerciais entre os

tratamentos PI e PC, com a média do primeiro superior a do segundo (Fig. 2). Esta diferença

ocorreu, provavelmente, devido ao manejo do solo, que na PC foi realizado utilizando-se a grade

para o controle de plantas daninhas. Isto pode ter causado prejuízos às raízes do cajueiro devido

às lesões provocadas durante a operação, diminuindo a área de absorção das raízes, causando um

estresse na planta. Conforme Wahid et al. (1989), 72% das raízes absorventes do cajueiro

encontram-se a uma distância radial de 2,0 m da planta.

6,034,88

0

2

4

6

8

PI PC

Sistemas

Prod

ução

de

cast

anha

s co

mer

ciai

s (k

g pl

anta

-1)

Figura 2. Médias de produção de castanhas comerciais (kg planta-1) nos sistemas PI e PC. Beberibe-CE, 2006.

Os resultados obtidos diferem dos encontrados por Marangoni (1999) e Sansavini (1995),

em pessegueiro, segundo os quais os resultados iniciais obtidos geralmente não apresentam

diferenças consideráveis entre PI e PC. As plantas de cajueiro sob PI produziram um número de

castanhas comerciais significativamente superior às da PC (Fig. 3). O manejo mais intensivo da

parte aérea na PI pode ter contribuído para esta diferença, pois o cajueiro apresenta um elevado

índice de brotações após a poda, com a emissão de ramos produtivos.

Apesar de alguns autores relatarem que os resultados iniciais normalmente não

apresentam diferenças consideráveis entre PI e PC (MARANGONI, 1999; SANSAVINI, 1995),

176

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Farias (2002) e Nunes et al. (2004), comparando os sistemas PI e PC em pessegueiro, no

primeiro ano de condução, observaram valores significativos para o número de frutos, em

consonância com os resultados encontrados neste trabalho.

Figura 3. Número de castanhas comerciais produzidas por planta, nos sistemas PI e PC. Beberibe-CE, 2006.

A média do número total de castanhas obtida na PI foi significativamente superior ao da

PC (Fig. 4), com um incremento de cerca de 20% no número de castanhas produzidas na PI em

relação à PC. Esta diferença, à semelhança do que ocorreu com o número de castanhas

comerciais, provavelmente deveu-se ao manejo do solo realizado na PI, considerado menos

agressivo, que interfere menos na estrutura do solo e mantém as raízes absorventes.

838,871006,07

0200400600800

10001200

PI PC

S istemas

No

tota

l de

cast

anha

s pl

anta

-1

Figura 4. Número total de castanhas produzidas por planta, nos sistemas PI e PC. Beberibe-CE, 2006.

816,96647,04

0

200

400

600

800

1000

PI PC

Sistemas

Núm

ero

de c

asta

nhas

co

mer

ciai

s pla

nta

-1

177

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Conclusão

A produção e o número de castanhas foram influenciados pelos sistemas de produção.

Referências Bibliográficas

CARDOSO, J. E.; FREIRE, F. C. O. Identificação e manejo das principais doenças. In: MELO, Q. M. S. (Org.). Caju: fitossanidade. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2002. p. 41-51. (Frutas do Brasil, 26).

FACHINELLO, J. C.; GRUTZMACHER, A. D.; HERTER, F. G.; CANTILLANO, F.; MATTOS, M. L. T.; FORTES, J. F.; AFONSO, A. P. S.; TIBOLA, C. S. Avaliação do sistema de produção integrada de pêssego de conserva na região de pelotas – safra 1999/2000. In: SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 2., 2000, Bento Gonçalves. Resumos... Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2000. p. 78-84.

FAO. AOSTAT. 2006. Disponível em: <http://faostat.fao.org/site/567/desktopdefault.aspx?pageid=567>. Acesso em: 20 ago. 2007.

FARIAS, R. M. Produção convencional x integrada em pessegueiro na depressão central do Rio Grande do Sul. 2002. 100 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.

IBGE. Banco de dados agregados. Disponível: <www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?z=t&o=18&i=p&c=1618>. Acesso em: 20 ago. 2007.

MARANGONI, B. Fertilidade do solo e a nutrição de plantas no sistema de produção integrada de frutas. In: SEMINÁRIO SOBRE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS DE CLIMA TEMPERADO NO BRASIL, 1., 1999, Bento Gonçalves. Resumos... Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 1999. p. 29-33.

MESQUITA, A. L. M.; BRAGA SOBRINHO, R.; OLIVEIRA, V. H. Monitoramento de pragas na cultura do cajueiro. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2002. 36 p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 48).

NUNES, J. L. S.; GUERRA, D. S.; ZANINI, C.; GRASSELLI, V.; ARGENTA, F.; FACCHIN, H.; MARODIN, G. A. B. Produção integrada e convencional de pêssegos cv. Marli. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 26, n. 3, p. 478-481, dez. 2004.

OLIVEIRA, V. H. Normas técnicas e documentos de acompanhamento da produção integrada de caju. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2003. 75 p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 66).

OLIVEIRA, V. H.; ANDRADE, A. P. S. Produção integrada melhora a qualidade do caju. Revista Agroanalysis, São Paulo, v. 24, n. 5, p. 28-29, maio 2004.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

PESSOA, P. F. A.; OLIVEIRA, V. H.; SANTOS, F. J. S.; SEMRAU, L. A. S. Análise da viabilidade econômica do cultivo do cajueiro irrigado e sob sequeiro. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 31, n. 2, p. 178-187, abr./jun. 2000.

SANSAVINI, S. Dalla produzione integrata alla “Qualità Totale” della frutta. Revista di Frutticoltura, Bologna, n. 3, p. 13-23, 1995.

WAHID, P. A.; KAMALAM, N. V.; ASHOKAN, P. K.; VIDYADHARAN, K. K. Root activity pattern of cashew (Anacardium occidentale L.) in laterite soil. Journal of Plantation Crops, v. 17, n. 2, p. 85-89, 1989.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

QUALIDADE DE CAJUS-DE-MESA NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO INTEGRADA E

CONVENCIONAL1

ANDRADE, A. P. S. 2 ; OLIVEIRA, V. H.3, LIMA, R. B. de4

1Projeto financiado pelo CNPq/Embrapa/MAPA; 2Enga Agra MSc., R. Sabino Borges, 169 Aerolandia Fortaleza-CE, E-mail: [email protected]; 3Engo Agro DSc., Embrapa Agroindústria Tropical, R. Dra. Sara Mesquita,

2270 Pici Fortaleza-CE, E-mail: [email protected]; 4Estudante de Agronomia, Universidade Federal do Ceará-UFC, Rua 922, Casa 55, 4ª Etapa Conjunto, Fortaleza-CE, E-mail: [email protected].

Introdução

O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta de grande importância sócio-

econômica devido ao seu fruto e pedúnculo originarem produtos variados e também pela

exploração de aproximadamente 690.131 mil hectares de cajueiros, que mobilizam no campo 300

mil pessoas e proporcionam uma produção anual de 147.129 t de castanha (IBGE, 2006) e

1.650.000 t de pedúnculo (FAO, 2006).

Apesar dessa pujança, o agronegócio caju atravessa uma crise agrícola e econômica, com

implicações na produção e na geração de emprego e renda. Com isto, a cadeia produtiva do caju

brasileiro vem apresentando sinais evidentes de perda de competitividade (OLIVEIRA;

ANDRADE, 2004). A conversão de pomares tradicionais para o sistema de Produção Integrada

de Frutas (PIF) poderá contribuir para a reversão deste quadro. Este trabalho teve o objetivo de

comparar os sistemas de Produção Integrada e Convencional para cajueiro-anão precoce, quanto

à qualidade do pedúnculo, na safra de 2005/2006, em Beberibe (CE).

Material e Métodos

O trabalho foi realizado em plantas com quatro anos de idade, conduzidas em

espaçamento 7 x 7 m, utilizando-se mudas do tipo anão precoce. O experimento foi instalado

numa área de 1 ha, onde foram desenvolvidos os sistemas de Produção Integrada (PI) e

Convencional (PC). Cada um ocupou uma área de 0,5 ha, separados entre si por uma bordadura

composta de cinco fileiras de plantas.

No PI aplicaram-se as práticas recomendadas pelas Normas Técnicas e Documentos de

Acompanhamento da Produção Integrada de Caju, segundo Oliveira (2003), que consistiram da

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

manutenção de cobertura vegetal viva nas entrelinhas e limpeza das linhas de plantio, e adubação

conforme análise do solo. Efetuou-se uma poda de limpeza, uma de manutenção e uma para

levantamento da copa. O controle fitossanitário foi realizado através de amostragem, segundo

Mesquita et al. (2002) e Cardoso e Freire (2002). A colheita foi feita manualmente e em horários

com temperaturas amenas. Posteriormente, os cajus foram acondicionados em caixas plásticas,

com capacidade de 15 kg, numa única camada, contendo uma esponja de 1 cm de espessura no

fundo.

Na PC as práticas consistiram de limpeza das linhas e entrelinhas de plantio, com a

adubação do solo similar à empregada na PI. Realizou-se uma poda de limpeza, com os

tratamentos fitossanitários aplicados no início do período de produção e após cada fluxo

produtivo. Os cajus colhidos foram acondicionados em mais de uma camada e em caixas

similares às da PI, mas sem camada de esponja no fundo. Do total de cajus colhidos nas 12

plantas escolhidas ao acaso, em cada sistema, retirou-se uma amostra de 50 cajus para análise da

qualidade.

Em ambos os sistemas os cajus foram colhidos quando se desprendiam facilmente da

panícula, transportados para o laboratório, caracterizados quanto à cor da película e firmeza de

polpa, congelados em freezer doméstico e descastanhados. Em seguida foram processados, e

então, analisaram-se as variáveis: acidez titulável (AT) (%); sólidos solúveis totais (SST) (°Brix);

vitamina C (mg100g-1) e pH. Estimaram-se médias a partir de amostras dos tratamentos, que

foram comparadas utilizando-se o teste t (P≤0,05).

Resultados e Discussão

Não se observaram diferenças significativas para firmeza de polpa, sólidos solúveis totais

e cor, em ambos os sistemas. Quanto à variável AT, verificou-se diferença significativa nos

valores obtidos, com a média da PI superior a da PC, provavelmente devido às diferentes técnicas

pós-colheita empregadas, já que a técnica utilizada na PC influencia no teor de vitamina C;

resultando num menor valor de AT, em relação à PI. Na PC a AT foi similar à encontrada por

Figueiredo (2000) (0,29%), mas superior ao obtido por Silva Júnior e Paiva (1994) com 0,23% de

AT no CCP 09. As diferenças podem ser devidas às condições edafoclimáticas dos locais dos

experimentos (Fig. 1).

181

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0,370,28

00,050,10,150,20,250,30,350,4

P I P C

Sistemas

AT

(%)

FIGURA 1. Acidez total titulável em pedúnculos de cajueiro-anão precoce, nos sistemas PI e PC. Beberibe-CE, 2006.

A média de pH da PI foi estatisticamente inferior a da PC (Fig. 2). Este resultado não é

comumente encontrado na literatura, mas pode ter ocorrido devido à significativa diferença

encontrada entre as médias do teor de AT nos sistemas. De acordo com Kays (1991), o pH é

influenciado diretamente pela concentração de ácidos orgânicos, que é representada pela AT. Os

resultados encontrados para esta característica foram superiores aos observados por Silva Júnior e

Paiva (1994) e Paiva et al. (1998), que obtiveram valores médios de, respectivamente, 4,31 e 4,1.

Contudo, Moura (2004) relata que a variação do pH nesta espécie é de 4,10 a 4,64. Embora a

diferença tenha sido significativa, é considerada pequena e dentro da faixa de variação acima

definida.

4,4 4,6

012345

P I P CSistemas

pH

FIGURA 2. Médias de pH em pedúnculos de cajueiro-anão precoce, nos sistemas PI e PC. Beberibe-CE, 2006.

182

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O valor obtido para o teor de vitamina C no sistema PI diferiu estatisticamente e foi

superior ao obtido no sistema PC (Fig. 3). Essa diferença pode ter ocorrido devido às melhores

práticas pós-colheita na PI, quando comparadas às práticas na PC, já que a vitamina C apresenta

alta sensibilidade aos fatores do meio e outros intrínsecos ao processo de senescência (KLEIN,

1987; FAVELL, 1998). Em conjunto, esses fatores podem ter contribuído para a diferença entre

as médias dos teores de vitamina C. O teor de vitamina C obtido no sistema PC foi inferior aos

relatados por Silva Júnior e Paiva (1994) e Paiva et al. (1998), que avaliando as características

dos pedúnculos do clone CCP 09, em área de produção convencional obtiveram, respectivamente,

170,00 e 160,34 mg 100g-1 de vitamina C. Também foi inferior aos valores obtidos por Souza

Filho (1987), que realizando o mesmo estudo, nos clones CCP 76, 1001 e 06, obteve,

respectivamente, 158,26, 157,60 e 153,20 mg 100g-1 de vitamina C. As diferenças entre os teores

encontrados por estes autores e os obtidos neste experimento podem ser atribuídas à localização

dos plantios, diferentes tratos culturais e tipos de solo.

111,7

89,41

0

20

40

60

80

100

120

P I P CSistemas

Vita

min

a C

(m

g100

g-1)

FIGURA 3. Teor de vitamina C em pedúnculos de cajueiro-anão precoce, nos sistemas PI e PC. Beberibe-CE, 2006.

Conclusão

Os cajus produzidos no sistema de produção integrada apresentaram melhor qualidade.

183

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Referências Bibliográficas

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FAVELL, D. J. A comparison of the vitamin C content of fresh and frozen vegetables. Food Chemistry, v. 62, n. 1, p. 59-64, 1998.

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KAYS, J. S. Postharvest physiology of perishable plant products. New York: AVI Book, 1991. 543 p.

KLEIN, B. P. Nutritional consequences of minimal processing of fruits and vegetables. Journal of Food Quality, Trumbull, v. 10, p. 179-193, 1987.

MESQUITA, A. L. M.; BRAGA SOBRINHO, R.; OLIVEIRA, V. H. Monitoramento de pragas na cultura do cajueiro. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2002. 36 p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 48).

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

SILVA JÚNIOR, A.; PAIVA, F. F. A. Estudos físico e físico-químico de clones de cajueiro-anão precoce. Fortaleza: EPACE, 1994. 19 p. (EPACE. Boletim de Pesquisa, 23).

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185

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PERÍODO CRÍTICO DE INCIDÊNCIA DE CERCOSPORIOSE

E PERDAS DE PRODUÇÃO EM AMENDOIM

ALMEIDA, V. M. R. A.1; ALMEIDA, R. P. de2

1Unidade Técnica Regional Agropecuária-UTRA-CGE, Rua Coronel Salvino Figueiredo, 354, Centro, 58100-650, Campina Grande, PB, [email protected]; 2Unidade de Bioecologia e Taxonomia / Laboratório de

Entomologia / Embrapa Algodão, Cx. Postal 174, 58107-720, Campina Grande, PB, [email protected]

Introdução

As Cercosporioses, mancha castanha (Cercospora arachidicola Hori) e pinta preta

(Cercosporidium personatum (Berk & Curtis) Deighton), são provavelmente as mais sérias

doenças do amendoim em todo o mundo. As perdas econômicas são estimadas de 15% a 50% da

produção em muitas áreas produtoras do mundo (JACKSON; BELL, 1969). Destacam-se pela

disseminação na lavoura e pelos danos causados. Sua maior conseqüência é a intensa desfolha,

diminuindo a área de fotossíntese e o rendimento de grãos (FREZZI, 1960).

O método mais econômico e efetivo para o controle das cercosporioses é o uso de

variedades resistentes agronomicamente aceitáveis. Entretanto, tais variedades não são

disponíveis para a maioria das áreas de cultivo. Em função disto, o controle químico apresenta-se

como principal método por sua disponibilidade. Seu uso dependerá do nível econômico do

agricultor, da extensão e severidade da doença e da fase de desenvolvimento da cultura na época

de surgimento da doença. Neste sentido, este trabalho teve por objetivo determinar os efeitos da

época de incidência de cercosporiose sobre a produção de amendoim, para que medidas de

controle possam ser utilizadas de forma eficiente.

Material e Métodos

Este trabalho foi conduzido em propriedade particular no município de Itabaiana-PB. Para

realização do experimento utilizou-se a cultivar CNPA BR-1, plantada no espaçamento de 0,50 x

0,20 m, deixando-se duas plantas por cova.

Foi utilizado o delineamento estatístico em blocos ao acaso com 8 tratamentos e 4

repetições. As épocas de proteção da cultura (tratamentos) foram as seguintes: 1) após os 40

primeiros dias da emergência das plantas até 95 dias após a germinação (dag); 2) após os 55

186

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primeiros dias até 95 dag; 3) entre os 40 e 55 dag e entre os 70 e 95 dag; 4) entre os 40 e 70 dag e

entre os 85 e 95 dag; 5) entre os 40 e 85 dag; 6) entre 70 e 95 dag; 7) entre 85 e 95 dag; e 8) sem

proteção da cultura (Testemunha). A unidade experimental foi de 64 m2, sendo a área

experimental total de 2.048 m2. A distância entre bloco foi de 2 m e entre tratamentos de 3 m.

Para proteção da cultura contra cercosporiose, utilizou-se benomil (280 g.i.a/ha), com

aplicações semanais. Para o controle de insetos-praga foram utilizados monocrotofós (750

g.i.a/ha) e malathiom (1500 g.i.a/ha), aplicados semanalmente durante todo o ciclo da cultura.

A incidência de cercosporiose foi avaliada através do Índice de Doença (I%) (ALMEIDA

et al., 1992). Também foram avaliados: a produção de grãos/planta (g), as perdas de produção

segundo Bertels (1950) e o percentual de desfolha. Para análise da qualidade fisiológica das

sementes, foram determinados o percentual de germinação, vigor e peso de 100 sementes (g).

Resultados e Discussão

Através da Tabela 1 pode-se observar que aos 65 dag os tratamentos (1, 3, 4 e 5), com

menor números de lesões de mancha castanha/folíolos, foram aqueles em que houve proteção da

cultura do amendoim com fungicida incluindo a fase do ciclo fenológico entre 40 e 55 dias.

Entretanto só houve diferença estatística significativa entre esses trantamentos e o tratamento 6,

com proteção entre 70 e 95 dag. Para a pinta preta estas mesmas observações foram detectadas,

observando-se porém que os tratamentos 1, 3, 4 e 5 foram estatisticamente diferentes dos demais.

Tabela 1. Comparação de médias1 para número de lesões de mancha castanha e de pinta preta/folíolo aos 65 e 93 dias após emergência das plântulas. Itabaiana-PB.

Mancha Castanha Pinta PretaTratamento _____________________________________ ____________________________________

65 dag 93 dag 65 dag 93 dag1 - Proteção após 40 até 95 dag 1,542 b 1,492 a 2,212 b 2,242 bc2 - Proteção após 55 até 95 dag 1,81 ab 2,06 a 4,58 a 3,61 ab3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag 1,71 b 1,55 a 2,26 b 2,46 bc4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag 1,61 b 1,41 a 2,18 b 2,21 c5 - Proteção entre 40 e 85 dag 1,66 b 1,48 a 2,16 b 2,02 c6 - Proteção entre 70 e 95 dag 2,18 a 1,77 a 4,85 a 4,56 a7 - Proteção entre 85 e 95 dag 1,86 ab 1,98 a 4,72 a 4,19 a8 - Sem proteção (Testemunha) 1,81 ab 2,08 a 4,51 a 4,41 aC.V.(%) 9,68 21,48 12,74 18,061 Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)2 Dados transformados em √ x+1

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Aos 93 dag (Tabela 1) não se verificou direrença estatística entre os tratamentos para o

número de lesões de mancha castanha/folíolo. Para pinta preta houve comportamento semelhante

ao observado aos 65 dag, verificando-se os menores números de lesões nos tratamentos 1, 3, 4 e

5, havendo somente diferença estatística entre os tratameantos 4 e 5 e os tratamentos 2, 6, 7 e 8.

À semelhança das observações de Jackson e Bell (1969) e Subrahmaniam et al. (1992), os

sintomas em ataques severos são também seguidos por união de lesões, e por amarelecimento,

seca, senescência e queda prematura de folíolos. Lesões ovais a alongadas semelhantes às vistas

na mancha precoce são formados também nos caules, pecíolos, estípulas e ginóforos.

Na Tabela 2 é apresentado o Índice de Doença (I%) das cercosporiose aos 65 e 93 dag.

Pode-se observar que para mancha castanha não se verificou diferença estatística e para pinta

preta só houve diferença entre os tratamentos 6 (maior I%) e o 4 que apresentou menor I%. Aos

93 dag o I% também não apresentou diferença estatística para a mancha castanha, confirmando-

se para pinta preta o maior I% para o tratamento 6, diferindo estatisticamente dos tratamentos 1,

2, 3, 4 e 5. Observando-se ainda a Tabela 2, verifica-se que, de modo geral, a pinta preta ocorreu

com maior intensidade na cultura do amendoim que a mancha castanha.

Tabela 2. Comparação de médias1 para índice de doença de mancha castanha e de pinta preta/folíolo aos 65 e 93 dias após emergência das plântulas. Itabaiana-PB.

Mancha Castanha Pinta PretaTratamento ____________________________________ _____________________________________

65 dag 93 dag 65 dag 93 dag1 - Proteção após 40 até 95 dag 0,172 a 0,162 a 0,182 ab 0,182 cd2 - Proteção após 55 até 95 dag 0,21 a 0,21 a 0,23 ab 0,25 bcd3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag 0,21 a 0,18 a 0,20 ab 0,29 bcd4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag 0,18 a 0,18 a 0,16 b 0,19 bcd5 - Proteção entre 40 e 85 dag 0,22 a 0,15 a 0,19 ab 0,15 d6 - Proteção entre 70 e 95 dag 0,24 a 0,22 a 0,26 a 0,39 a7 - Proteção entre 85 e 95 dag 0,17 a 0,21 a 0,23 ab 0,30 ab8 - Sem proteção (Testemunha) 0,18 a 0,22 a 0,25 ab 0,29 abcC.V.(%) 19,37 21,77 18,01 20,391 Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)2 Dados transformados em √ x+1

Pela Tabela 3 pode-se observar que não houve diferença estatística para producão de

grão/planta, havendo entretanto perdas de produção. As maiores perdas foram para os

tratamentos sem proteção de fungicida (17,90%), com proteção entre 70 e 95 dag (24,49%) e com

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proteção entre 85 e 95 dag (24,79%). Shokes e Culbreath (1997) e Almeida et al. (1992) relatam

redução de produção de até 50%. Neste estudo, as maiores desfolhas ocasionadas em função da

incidência das cercosporioses, que variou de 61,92 a 70,27%.

Tabela 3. Comparação de médias1 para produção de grãos de amendoim/planta e valores de percentual de perdas de produção e de desfolha ocasionadas por cercosporiose. Itabaiana-PB.

Tratamento Prod. de grãos/planta (g) Perdas (%) Desfolha (%)1 - Proteção após 40 até 95 dag 12,29 a 7,94 37,672 - Proteção após 55 até 95 dag 11,83 a 11,39 55,343 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag 12,37 a 7,34 41,454 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag 13,35 a 0,00 38,135 - Proteção entre 40 e 85 dag 11,90 a 10,86 34,676 - Proteção entre 70 e 95 dag 10,08 a 24,49 70,277 - Proteção entre 85 e 95 dag 10,04 a 24,79 63,638 - Sem proteção (Testemunha) 10,96 a 17,90 61,92C.V.(%) 21,82 - -1 Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)

Quanto à análise da qualidade fisiológica da semente, não foram observadas diferenças

estatísticas significativas para as variáveis estudadas, com exceção para o peso de 100 sementes

em que o tratamento 3 foi superior ao tratamento 7 (Tabela 4).

Tabela 4. Comparação de médias1 para as qualidades fisiológicas das sementes. Itabaiana-PB.

Tratamento % de Germinação Vigor (cm) Peso 100 sementes (g)1 - Proteção após 40 até 95 dag 93,50 a 10,37 a 40,63 ab2 - Proteção após 55 até 95 dag 97,00 a 12,14 a 41,56 ab3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag 94,50 a 9,54 a 43,85 a4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag 94,50 a 11,15 a 41,50 ab5 - Proteção entre 40 e 85 dag 95,00 a 10,99 a 42,30 ab6 - Proteção entre 70 e 95 dag 96,00 a 11,79 a 40,33 ab7 - Proteção entre 85 e 95 dag 97,50 a 10,35 a 39,08 b8 - Sem proteção (Testemunha) 92,50 a 12,18 a 40,18 abC.V.(%) 4,37 17,95 4,731 Médias dos valores originais seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)

Conclusão

O período chave para o controle de cercosporiose é dos 40 aos 70 dag da cultura.

189

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Referências Bibliográficas

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BERTELS, A. Coeficiente de prejuízo causado pelas pragas. Agros, v. 3, p. 255-256, 1950.

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SHOKES, F. M.; CULBREATH, A. K. Early and late leaf spots. In: KOKALISBURELLE, N.; PORTER, D. M.; RODRÍGUES-KÁBANA, R.; SMITH, D. H.; SUBRAHMANYAM, P. (Ed.). Compendium of peanut diseases. 2. ed. Saint Paul: The American Phytopathological Society, 1997. p. 17-20.

SUBRAHMANYAM, P.; WONGKAEW, S.; REDDY, D. V. R.; DEMSKI, J. W.; McDONALD, D.; SHARMA, S. B.; SMITH, D. H. Field diagnosis of groundnut diseases. ICRISAT Information Bulletin, n. 36, 1992. 78 p.

190

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

SISTEMA DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE CAFÉ: FERTILIZAÇÃO x CONTROLE

DE DOENÇAS

LOPES, U. P.(1*); ZAMBOLIM, L. (2*) ; ZAMBOLIM, E. M.(3*); SOUZA, A. F.(4*); COSTA, D. R.(5*); NETO, P. N. S(6*)

*Departamento de Fitopatologia, UFV, Viçosa-MG-365700-000. [email protected](1), [email protected](2), [email protected](3), [email protected](4), [email protected](5), [email protected](6). Projeto

financiado pelo(CNPq/MAPA).

Introdução

O café é um dos principais produtos comercializado no mundo, tendo grande destaque na

economia brasileira. O mercado torna-se cada vez mais exigente principalmente no que diz

respeito ao setor alimentício, aumentando a procura dos consumidores por produtos de qualidade,

produzidos com respeito ao meio ambiente. Para atender esta demanda do mercado, é necessário

a criação de um sistema de produção que produza alimentos e outros produtos de qualidade,

mediante a exploração sustentável do uso de recursos naturais e de mecanismos reguladores que

visam minimizar o uso de insumos e contaminantes ambientais, assegurando dessa forma, uma

produção sustentável (ZAMBOLIM; ZAMBOLIM, 2006).

O presente trabalho teve como objetivos a condução de áreas de cafeeiro utilizando-se

boas práticas agrícolas: nutrição equilibrada, manejo adequado de pragas, doenças e plantas

daninhas que são a base da produção integrada do café (PIC) e a obtenção de informações para

compor o conjunto de normas da PIC.

Material e Métodos

Foram instalados em dezembro de 2005 três campos experimentais da Produção Integrada

(PI), manejados seguindo as boas práticas agrícolas e comparado a três campos sob manejo dos

produtores das áreas onde foram instalados os campos da produção integrada (CPI).

O Campo experimental 1 (CPI-1) foi conduzido na Fazenda São João, de propriedade de

Oswaldir Martins (P-1) na Zona Rural de Coimbra-MG, possuindo uma área de 0,19 ha. O

cafezal está com cinco anos de idade e foi plantado no espaçamento de 2,5 x 0,8 m.

191

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

O Campo experimental 2 (CPI-2) foi conduzido no Sítio Boa Vista, de propriedade de

Carmo Rosa Loures (P-2), Zona Rural de Coimbra-MG, possuindo uma área de 0,11 ha. O

cafezal está com sete anos de idade e foi cultivado no espaçamento de 2,5 x 0,8 m. O Campo

experimental 3 (CPI-3) foi conduzido na Fazenda Vista Alegre, de propriedade da Vista Alegre

Agropecuária S.A. (P-3), Zona Rural de Jaboticatubas-MG, possuindo uma área de 0,45 ha. O

cafezal está com sete anos de idade e foi cultivado no espaçamento de 3,5 x 0,5 m, sendo este

campo irrigado por gotejamento. A variedade utilizada em todos os campos da Produção

Integrada foi o Catuaí IAC 44.

A quantificação das doenças foram feitas, mensalmente em amostras de folhas coletadas

(Ferrugem e Mancha-de-olho pardo causadas pelos fungos Hemileia vastatrix e Cercospora

coffeicola, respectivamente) nos campos de PI e nas áreas dos produtores. As amostras para

avaliação foram retiradas tomando ao acaso, cinco folhas de cada lado da planta, entre o terço

médio e o inferior para a avaliação da Ferrugem, e entre o terço médio e o superior para avaliação

de Mancha-de-olho pardo, no 3º ou 4º par de folhas completamente desenvolvidas totalizando 20

folhas/planta e 20 plantas em cada campo de Produção Integrada totalizando 200 folhas por área.

As avaliações da incidência da Ferrugem e da Mancha-de-olho pardo foram realizadas

determinando-se a percentagem de folhas com pústulas esporuladas (Ferrugem) e folhas com

manchas (Mancha-de-olho pardo) nas 200 folhas coletadas.

A fertilização dos campos foi feita de acordo com os resultados da análise química do

solo, feita anualmente no mês de setembro. As pulverizações de fungicidas foram realizadas com

base nas amostragens de folhas e determinação da incidência da ferrugem. O controle foi

realizado com calda viçosa (Sulfato de cobre + ácido bórico + Sulfato de magnésio + sulfato de

zinco + cal hidratada) quando a incidência da ferrugem estava abaixo de 5% e com aplicação de

fungicida sistêmico (epoxiconazole + piraclostrobina) quando a incidência da doença ultrapassou

5%; a primeira aplicação foi feita na dose 1,5 L/ha e, quando foi necessário, uma segunda

aplicação na dose de 1,0 L/ha. O controle da Mancha-de-olho pardo foi realizado com uma

fertilização equilibrada, aplicação de calda viçosa e do fungicida sistêmico (epoxiconazole +

piraclostrobina).

No CPI-1 foram realizadas aplicações do fungicida sistêmico em março e abril de 2006 e

2007 e uma aplicação de calda viçosa em agosto de 2006. A fertilização foi realizada com 350

g/planta do formulado NPK 20-05-20 em março de 2006 e 175 g/planta em dezembro de 2006 e

192

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85 g/planta de calcário em outubro de 2006. No CPI-2 foram realizadas duas aplicações com o

fungicida sistêmico uma em fevereiro de 2006 e outra em março de 2007 e uma com calda viçosa

em março de 2006. Foi realizada a aplicação de 6 kg de cama de aviário e 150 g/planta do

formulado NPK 20-05-20 em fevereiro e 100 g/planta do mesmo formulado e 6 kg de cama de

aviário em dezembro de 2006. No CPI-3 foram realizadas duas aplicações de fungicida sistêmico

em janeiro e março de 2006 e janeiro e março de 2007 sendo que a de 2007 foi em mistura com

calda viçosa. As fertilizações com macro e micronutrientes foram realizadas normalmente, de

acordo com o calendário da fazenda, via fertirrigação e o complemento feito com 75 g/planta de

superfosfato simples e 150 g/planta sulfato de amônio em novembro de 2007.

Os tratos culturais exigidos pela cultura como controle de plantas daninhas, arruação,

colheita e varrições de café do chão foram realizados de acordo com a necessidade da cultura.

Para avaliação da produtividade foi colhida e quantificada a produção de 500 plantas em

cada campo de PI e na área do produtor, quando estas apresentavam mais de 80% dos frutos no

estágio de cereja.

Resultado e discussão

A incidência da Ferrugem nos CPI-1 e CPI-2 foram menor que a do P-1 e P-2,

respectivamente, devido ao controle realizado com calda viçosa e fungicida sistêmico, evitando o

aumento da incidência da doença que ocorreu em junho/julho de 2006 e 2007 no P-1 e em julho

de 2006 no P-2 (Figura 1-A e B). No CPI-3 em 2006 foi feito o controle das doenças com

aplicação de fungicida sistêmico em janeiro e março de 2006. Em 2007 foi realizado o controle

com fungicida sistêmico em mistura com calda viçosa que se mostrou eficiente (Figura 1-C). A

incidência da Ferrugem no P-1 foi mais elevada que o P-2 e P-3 (Figura 1-A-B-C) pelo fato de P-

1 não utilizado fungicida sistêmico no controle das doenças. Quanto à incidência da Mancha-de-

olho pardo os campos CPI-1 e CPI-2 apresentaram pouca diferença em relação ao P-1 e P-2,

mesmo com a aplicação de fungicida sistêmico e calda viçosa nos campos da PI (Figura 2-B e C).

Apenas no CPI-3 observou-se uma menor incidência da Mancha-de-olho pardo em relação ao P-3

(Figura 2-C).

A incidência da Ferrugem na colheita foi mais elevada nos P-1 e P-3 em 2006 e 2007. A

alta incidência da Ferrugem em 2006 causou desfolha das plantas que interferiu na produtividade

do ano seguinte, como pode ser observado principalmente no CPI-1 comparativamente com P-1

193

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

(Figura 3-A, Figura 4). A incidência da Mancha-de-olho pardo na colheita foi menor no CPI-3 no

ano de 2006 e 2007 e no CPI-2, apenas no ano de 2006, o que não foi problema porque a

Mancha-de-olho pardo só causa prejuízos quando sua incidência ultrapassa 20% na colheita.

Houve um aumento da produção em todos os Campos de PI em 2007 mostrando que o manejo no

sistema PI se mostrou eficiente quando se analisa o fator produtividade (Figura 4).

F

Inci

dênc

ia (

%)

0

20

40

60

80

CPI-1 P-1

A

CPI-2 P-2

CPI-3 P-3

B C

J FA A JA O DFigura 1:Incidência da Ferrugem nos campos (CPI-1, CPI-2 e CPI-3) e nos produtores (P-1,P-2 e P-3) no período de fevereiro de 2006 a junho de 2007

Inci

dênc

ia (

%)

0

5

10

15

20

25

30

CPI-1P-1

CPI-2P-2

CPI-3P-3

Figura 2 :Incidência da Mancha-de-olho pardo nos campos (CPI-1,CPI-2 e CPI-3) e nos produtores(P-1, P-2 e P-3) no período de fevereiro de 2006 a junho de 2007.

F J FA A JA O D F J FA A JA O D

F J FA A JA O D F J FA A JA O D F J FA A JA O D

A B C

P-1 CPI-1 P-2 CPI-2 P-3 CPI-3

Inci

dênc

ia (%

)

0102030405060708090

100

20062007

P-1 CPI-1 P-2 CPI-2 P-3 CPI-3

Inci

dênc

ia (%

)

0

5

10

15

20

25

30

20062007

A B

Figura 3:Incidência da Ferrugem e Mancha-de-olho pardo na época da colheita no ano de 2006 e 2007 nos campos de PI (CPI-1, CPI-2 e CPI-3) e respectivos produtores (P-1, P-2 e P-3).

194

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Conclusão

O manejo seguindo as boas práticas agrícolas foi eficiente no controle das doenças e

resultou em maior produtividade nos campos da produção integrada.

Referência Bibliográfica

ZAMBOLIM, L.; ZAMBOLIM, M. E. Subsídios pra a Produção Integrada de Café. Certificação de Café. In: ZAMBOLIM, L. (Ed.). In: ENCONTRO SOBRE PRODU7ÇÃO DE CAFÉ COM QUALIDADE, 8., 2006, Viçosa. Certificação e Boas Práticas Agrícolas. Viçosa: UFV, 2006. p. 25-97.

Caf

é ce

reja

(kg

/ha)

0

5000

10000

15000

20000

25000

1 2 3 1 2 32006 2007

CPIP

Figura 4: Produção em kg/hectare de café cereja no ano de 2006 e2007 nos campos de PI (CPI-1,CPI-2 e CPI-3) e produtores (P-1, P-2 e P-3).

195

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

MONITORAMENTO DE AGROQUÍMICOS EM ÁREAS DE PRODUÇÃO

INTEGRADA DE ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL

MATTOS, M. L. T. 1 ; MARTINS, J. F. da S.1; NUNES, C. D. M.1; SCIVITTARO, W. B.1; MOURA, F.2

1Engo. Agro., Pesquisador, Embrapa Clima Temperado, BR 392 km 78, C.P. 403, 96001-970, Pelotas, RS, [email protected],.br; 2Engo. Agro., Embrapa Arroz e Feijão, C.P. 179, 75.357-000, Goiânia, GO,

[email protected]

Introdução

O maior desafio da orizicultura irrigada no Rio Grande do Sul é o aumento de

rentabilidade, com base na redução de custos de produção, aumento de produtividade e da

qualidade do produto, bem como a minimização de riscos de impactos ambientais negativos,

visando maior competitividade para inserção em novos mercados, como a Europa, África e

Oriente Médio. A Produção Integrada de Arroz Irrigado (PIA) surge nesse cenário como uma

alternativa para agregação de valor e diferenciação do produto que é obtido conservando os

recursos naturais, portanto, disponibilizando um alimento seguro ao consumidor e respeitando à

saúde do trabalhador rural.

Na PIA, a inserção de métodos biorracionais de manejo integrado de pragas (MIP),

visando reduzir a grande quantidade usada de agrotóxicos, associada ao uso racional da água e de

fertilizantes, pode diminuir os riscos de contaminação dos recursos naturais.

A estratégia da PIA pode, ainda, viabilizar a produção de arroz irrigado por submersão do

solo com qualidade alimentar e ambiental, servindo de base à certificação, possibilitando o

alcance de mercados exigentes no cumprimento de normas fitossanitárias, de segurança alimentar

e ambiental. A introdução do sistema PIA, reduzirá as aplicações de insumos agrícolas, passando

o cultivo do arroz a ser conduzido segundo normas que visam à produção do cereal com

sustentabilidade ambiental. Para tal, tornam-se necessários diagnósticos e monitoramentos

ambientais de agroquímicos.

O conhecimento sobre os sistemas químicos, biológicos e físicos do ambiente, bem como

sobre os vários processos que influenciam o comportamento dos agroquímicos, está baseado na

coleta e análise de dados. Para alcançar esse tipo de conhecimento, torna-se necessária a

196

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

realização do monitoramento ambiental. Entre os principais componentes do monitoramento,

inclui-se o desenvolvimento de planos de amostragem e métodos de coleta de amostras de solo e

água (Artiola et al., 1996, citados por PEPPER et al., 1996).

O monitoramento das águas superficiais e subterrâneas, enfocando resíduos de

agrotóxicos, formas de nitrogênio (N) e fósforo (P), merece destaque nas regiões orizícolas do

Rio Grande do Sul. O Estado possui grande riqueza em mananciais de água doce que, além de

suprirem à demanda de irrigação dos arrozais, abastecem a população. Além disso, possui áreas

de recarga do Aqüífero Guarani, onde é praticada a atividade orizícola, como no município de

Alegrete. Nesse contexto, este trabalho objetivou monitorar a presença de agroquímicos em

amostras de solo e de água, coletadas em áreas piloto (AP) da PIA, nos municípios de Alegrete e

Uruguaiana, de modo a avaliar o impacto do uso de agroquímicos sobre os recursos edáficos e

hídricos.

Material e Métodos

O monitoramento foi realizado na safra de 2006/2007, na área de quatro empresas

orizícolas (EP), nos municípios de Alegrete e Uruguaiana. Coletaram-se amostras compostas de

solo, nos arrozais, amostras de água superficial, em fontes de captação, da lâmina d’água, no

interior dos arrozais e em canais de irrigação e drenagem, em diferentes datas, no período de

novembro a fevereiro. Imediatamente após a coleta, no campo, as amostras foram acondicionadas

em caixas de isopor com gelo e em seguida armazenadas em freezers. Em data posterior, as

amostras congeladas foram encaminhadas, em caixas de isopor, com gelo seco, a laboratórios,

para análise. As análises de resíduos de agrotóxicos e de nutrientes (nitrato e fósforo total) foram

realizadas no Laboratório Bioensaios Análises e Consultoria Ambiental Ltda., em Porto Alegre,

RS, acreditado no Inmetro pela Cgere/Inmetro de acordo com a NBR ISO/IEC 17025, sob o

número CRL-0227, na REBLAS (ANALI-017), na Rede Metrológica RS (Parecer Técnico

189/2004) e MAPA (Portarias 36 e 37 de 04/06/2003). As análises quantitativas foram realizadas

em um cromatógrafo líquido de alta eficiência (CLAE) acoplado a um espectrômetro

massa/massa (LC/MS/MS), modelo Applied Biosystems 3200 Qtrap, e em um cromatógrafo

gasoso acoplado a um espectrômetro de massa (GC/MS), modelo Shimadzu QP5050. Os

ingredientes ativos analisados foram: 3 hidroxi-carbofurano, 2,4-D, azoxistrobina, bentazona,

beta-ciflutrina, captana, carbosulfano, carboxina, carpropramida, ciflutrina, cipermetrina,

197

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

clorotalonil, etoxisulfurom, ciclosulfamurom, difenoconazol, ditiocarbamatos (CS2), edifenfós,

fenitrotiona, fentina acetato, fentina hidróxido, fipronil, glifosato, imazapic, imazetapir,

metsulfuron-metilico, molinato, oxadiazon, oxifluorfen, propanil, pirazosulfuron-etil, quinclorac,

quintozeno, tebuconazol, tetraconazol, tiabendazol, tiametoxano, tiobencarb, tiram tricicazol,

triclopir, trifloxistrobina. O limite de quantificação (LQ) foi de 0,0001 mg kg-1 para todos os

ingredientes ativos, com exceção para os ditiocarbamatos que foi de 0,07 mg kg-1.

Resultados e Discussão

A água de irrigação da lavoura de arroz é enquadrada, conforme a resolução nº 357, de 17

de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), como água doce

“Classe 2”. Nesta classe, o padrão de qualidade de água para o fósforo total é de 0,050 mg L-1 e

para o nitrato de 10,0 mg L-1. Observam-se valores de fósforo total superiores a 0,050 mg L-1 e de

nitrato inferiores a 10 mg L-1, em diferentes pontos amostrais das empresas orizícolas, na safra de

2006/2007. Esses resultados evidenciaram a necessidade de uma avaliação da qualidade dos

corpos hídricos que fornecem a água para irrigação aos arrozais amostrados e da água de

drenagem dos mesmos para os corpos receptores, considerando os valores de fósforo acima do

máximo permitido. Neste particular, cabe ressaltar que teores elevados de P na lâmina d’água de

lavouras de arroz são esperados em razão do aumento da disponibilidade do nutriente decorrente

do alagamento do solo. Ao mesmo tempo, demonstraram que, nos referidos arrozais, fertilizantes

nitrogenados estão sendo usados com base em princípios técnicos, visto não haver evidência de

aplicação excessiva de nitrogênio.

Resíduo do herbicida 2,4-D foi detectado em uma amostra de solo de uma AP, na

concentração de 0,001 mg kg-1. A adsorção do 2,4-D é mais forte em solos argilosos e ricos em

matéria orgânica (RODRIGUES; ALMEIDA, 1995), característica do solo da AP onde a amostra

foi coletada. Os resultados evidenciam a necessidade de uma reavaliação sobre resíduos de 2,4-D,

na referida AP, porém, envolvendo um maior número de amostras. Nos demais pontos amostrais

das AP, bem como nos pontos de captação de água (levante do rio Ibirapuitã e barragens) e nos

canais de irrigação e drenagem, não houve detecção de resíduos de qualquer um dos demais

ingredientes ativos antes relacionados.

198

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Conclusão

A detecção de resíduos de um nutriente (fósforo), em água, e de um herbicida (2,4-D), no

solo, demonstra a aplicabilidade dos monitoramentos na indicação da qualidade dos recursos

naturais de um determinado agroecossistema onde a Produção Integrada de Arroz está sendo

praticada, podendo viabilizar sua certificação.

Referências Bibliográficas

EATON, A. D.; CLESCERI, L. S.; GREENBERG, A. E. Standard methods for examination of water and wastewater. Washington, D.C.: American Public Health association, 2006. 1000 p.

MATTOS, M. L. T.; MARTINS, J; F; da S.; NOLDIN, J. A. Modelo conceitual da produção integrada de arroz. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CADEIA PRODUTIVA DE ARROZ, 2.; REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ, 7., 2006, Brasília, DF. Anais... Brasília, DF: Embrapa Arroz e Feijão, 2006. 1 CD ROM.

PEPPER, I. L.; GERBA, C. P.; BRUSSEAU, M. L. Pollution science. London: Academic Press, 1996, 397 p.

RODRIGUES, B. N.; ALMEIDA, F. S. Guia de herbicidas. 3. ed. Londrina, [s.n.], 1995. 675 p.

199

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

PRODUÇÃO INTEGRADA DE TRIGO

TIBOLA, C. S.1; FERNANDES, J. M. C.; LORINI, I.; SCHEEREN, P. L.

1Embrapa Trigo. Rodovia BR285, KM 294, Passo Fundo/RS. Caixa Postal 451. CEP: 99001-970, [email protected]

Resumo

O setor de grãos, tradicionalmente caracterizado por commodities, está sofrendo uma

forte tendência no sentido de diferenciação de produtos. Considerando a ampla variabilidade nas

características que definem a aptidão tecnológica e a qualidade, a triticultura é um setor no qual, a

comercialização de produtos segregados favorece a qualificação e sua comercialização. A

produção integrada, adequando e racionalizando o manejo integrado de pragas, o manejo dos

recursos do solo, a preservação ambiental, a qualificação da mão-de-obra, o planejamento da

recepção, da conservação e do armazenamento, contribui para a certificação da qualidade de

trigo. A Embrapa Trigo está propondo a implementação da Produção Integrada de Trigo (PIT),

nas diferentes regiões produtoras de trigo do Brasil, visando a obtenção de um produto rastreado

com qualidade certificada. Os documentos previstos na PIT são: as normas para a produção, a

relação de agroquímicos, o caderno de campo, o caderno de pós-colheita e as listas de

verificação. As normas estão sendo elaboradas a partir do conhecimento e tecnologias disponíveis

nas diferentes etapas da produção de trigo, desde a lavoura até o armazenamento. As informações

relevantes serão registradas permitindo a rastreabilidade e a obtenção do histórico que caracteriza

e identifica o produto. Na lavoura, as informações deverão ser anotadas no caderno de campo, de

forma manual ou através de equipamentos móveis, que possibilitam a transmissão automática

para o banco de dados. O caderno de pós-colheita deverá ser específico por lote, ou seja, por silo,

informatizado e conter os procedimentos técnico-operacionais realizados na unidade

armazenadora. Após a padronização dos grãos, os lotes deverão ser segregados conforme as

características de interesse, vinculados às informações contidas no caderno de campo e de pós-

colheita. Atualmente, o projeto PIT está sendo implementado de forma experimental em

cooperativas de produtores, sendo que, na safra 2007 está prevista a produção de oito toneladas

de trigo nesse sistema. O aumento da demanda por qualidade certificada no mercado de

200

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

alimentos, exige a qualificação em todas as cadeias produtivas. A segregação e a agregação de

valor ao trigo, favorecem a minimização das perdas, devido ao melhor planejamento da

produção, desde a escolha da cultivar até a definição de lotes no armazenamento.

201

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

NÍVEIS DE ADUBAÇÃO EM TOMATE PARA PROCESSAMENTO SOB SISTEMAS

DE PLANTIO DIRETO E PREPARO REDUZIDO

MADEIRA, N. R. 1 ; SOUZA, R. B.1; MELO, R. A. de C. e 1; CAIXETA, R. P.1

1 Embrapa Hortaliças, Cx. Postal 218, 70359-970, Brasília, DF

Introdução

A produção integrada de tomate industrial (PITI) está em fase de implantação, na fase de

estabelecimento de normas técnicas. Estão sendo realizados ensaios de campo para subsidiar

estas normas. Com relação ao sistema de plantio, não é prática obrigatória, mas recomendada a

adoção de cultivo mínimo ou plantio direto com o objetivo de manter ou aumentar os teores de

matéria orgânica do solo, evitar processos erosivos e promover a melhoria das características

físicas, químicas e biológicas do solo, no intuito de desenvolver um sistema mais sustentável,

princípio básico da produção integrada. Como alternativa ao plantio convencional (PC),

apresenta-se o plantio direto (PD) como um sistema preservacionista que visa obter o máximo do

potencial produtivo das culturas, baseado em três princípios básicos: o revolvimento mínimo,

restrito ao sulco de plantio, a cobertura do solo e a rotação de culturas (FREITAS, 2002). Já o

plantio com preparo reduzido (PPR) refere-se a sistemas com objetivos semelhantes ao PD, mas

que não atendem a um dos três princípios básicos.

De forma geral, o que se observa é a demanda por elevadas produtividades associadas à

estabilidade da produção. Neste sentido, alguns produtores começaram a adotar o PD,

principalmente pela drástica redução no uso de máquinas e minimização dos processos erosivos,

problema importante em especial nos plantios mais precoces. Hoje, o PD é utilizado em cerca de

40-50% da área total (informação pessoal de Sebastião Hernandez, Gustavo Gondim e Weber

Moreira, profissionais da Unilever Bestfoods, parceiros neste trabalho). Entretanto, não existe

uma preocupação com o pleno estabelecimento do sistema PD, sem sua manutenção no tempo,

incorporando-se os restos culturais de tomate após sua colheita. Ainda, mesmo em cultivos sob

PD, é comum a passada superficial de grade niveladora, o que facilita o transplante sobre a

palhada. Entretanto, neste caso, não se trata de PD, mas de PPR.

202

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Com relação à adubação de base, independente do sistema de produção e do solo, o que se

observa na prática de forma generalizada é a utilização de 1.500 kg ha-1 da fórmula NPK 04-30-

16 como adubação de base.

Este trabalho teve por objetivo avaliar os sistemas preservacionistas PD e PPR associado

a diferentes níveis de adubação de plantio.

Material e Métodos

Foi instalado um experimento em parceria com a Unilever Bestfoods, em sua Fazenda

Experimental, localizada em Goiânia, GO, de fevereiro a outubro de 2006. Este experimento está

sendo repetido em 2007, de modo a dar maior validade aos resultados obtidos. Utilizou-se

palhada de milheto, semeado a lanço em fevereiro de 2006, na densidade de 100 kg ha-1 de

sementes com incorporação superficial por meio de uma ligeira gradagem niveladora.

O experimento foi instalado no delineamento em blocos casualizados, em subparcelas,

dispondo-se os sistemas de plantio (PC, PD e PPR) nas parcelas e os diferentes níveis de

adubação de plantio nas subparcelas, com três repetições. A parcela foi constituída por três linhas

com dez plantas em cada linha.

Partindo da recomendação básica da empresa parceira junto aos cooperados, 1.500 kg ha-1

de NPK 04-30-16, avaliaram-se os níveis de adubação de base de 1.146, 1.293, 1.493 e 2.000 kg

ha-1 de NPK 04-30-16, valores determinados em função da regulagem da máquina.

Como preparo da área, foi feita a trituração e dessecação da palhada de milheto em 02 de

junho de 2006 nas áreas sob PD e PPR e subsolagem e passada de rotocultivador por duas vezes

na área sob PC. Na área sob PPR, foi passada previamente ao plantio a grade niveladora,

parcialmente fechada. O sulcamento e adubação foram realizados com uma plantadeira, modelo

Exacta JM 2900 PD, efetuando-se três linhas espaçadas de 1,5 m entre si. O transplante foi

manual, no dia 09 de junho de 2006, no espaçamento de 22 cm entre plantas, perfazendo um

estande de 30.303 plantas por hectare. A cultivar utilizada foi a Heinz 9992, a mais utilizada

atualmente, representando algo em torno de 40% da área de plantio.

A adubação de cobertura foi feita em uma única aplicação 30 dias após o transplante,

utilizando-se a recomendação básica de 300 kg ha-1 de NPK 18-00-27. O controle das plantas

espontâneas e das pragas e doenças foi o rotineiramente empregado, ficando por conta do

203

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

parceiro, não se observando nenhum problema fitossanitário ou de infestação por mato que

pudesse interferir nos resultados.

Foram coletadas análises de solo antes e depois da instalação do experimento. A colheita

foi realizada em 30 de setembro. A parcela útil foi de cinco plantas na linha central. Foram

pesados os frutos maduros, coloridos, verdes e podres e coletadas amostras para avaliação do

grau brix. Os dados foram submetidos a análises de variância e, quando verificadas diferenças

significativas, foram aplicados testes de média para o caso de sistemas de produção e feitas

análises de regressão para níveis de adubação de base.

Resultados e Discussão

Não foram observadas interações significativas entre sistema de plantio e adubação de

plantio para as características avaliadas.

A produção comercial por planta foi estatisticamente superior no sistema PD (Tabela 1), o

que é justificável pelo menor estande final, considerando que o tomate rasteiro tem uma boa

capacidade compensatória.

Corrigindo-se as perdas no estande nos diferentes sistemas de produção, a produtividade

foi superior no PC e no PPR, não diferindo estatisticamente entre si (Tabela 1). No PD, mesmo

com a maior produção por planta, a ligeira capacidade compensatória observada não foi

suficiente para compensar as falhas no estande, em média de 25% no PD (Tabela 1). Com relação

à adubação de base, no intervalo estudado observou-se ligeiro aumento da produtividade à

medida que se elevam os níveis de adubação, segundo a equação y = 72.268,82 + 7,6055 x, com

R2 = 68,91%.

A porcentagem de frutos podres foi maior no PC (Tabela 1), em concordância com

Giordano et al. (2000) e Revista Plantio Direto (2007). No PD e no PPR, os frutos desenvolvem-

se sobre a palhada e não em contato direto com o solo, reduzindo a ocorrência de podridões. A

porcentagem de frutos verdes foi semelhante, apesar de uma tendência de superioridade no PC,

em relação ao PD e ao PPR (Tabela 1). Quanto à adubação, à medida que se aumentaram os

níveis de adubação de base, observou-se ligeiro crescimento na ocorrência de frutos verdes,

segundo a equação y = 582,67 + 0,6209 x, com R2 = 57,53%.

O teor de sólidos solúveis totais foi superior no PC, resultado esperado em função do

mesmo manejo de água nos três sistemas. O PPR e, especialmente, o PD apresentam maior

204

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

capacidade de retenção de água no solo. Nestes sistemas, utilizando um manejo de água

adequado, muito provavelmente esta diferença não será observada. Segundo Marouelli et al.

(2006), verifica-se no PD uma maior eficiência no uso da água e a conseqüente economia de até

11% no volume de água de irrigação durante o ciclo da cultura.

Por se tratar do primeiro ano de cultivo, a análise de solo revelou algumas tendências que

deverão ser confirmadas à medida que se avance no tempo nos diferentes sistemas.

Tabela 1: Produção comercial, produção de frutos verdes e podres, grau brix e produtividade em função do sistema de plantio. Goiânia, 2006.

Sistema de Plantio Prod. Comercial kg planta-1)

Prod. Frutos Verdes (kg ha-1)

Prod. Frutos Podres (kg ha-1) Brix Produtividade

(kg ha-1)PC 3,263 b 11.418 b 6.619 b 5,002 a 89.896 aPPR 3,440 b 6.541 a 3.863 a 4,754 b 83.442 aPD 3,766 a 8.722 a b 3.034 a 4,604 b 75.981 b

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste Tukey a 5% de probabilidade.

Na camada superficial, de 0 a 5 cm de profundidade, foram observados teores de matéria

orgânica de 25,55, 29,61 e 32,19 g dm-3 nos solos sob PC, PD e PPR, respectivamente. O maior

valor observado no PPR provavelmente decorre da leve incorporação pela gradagem. No sistema

PD, o tempo de mineralização e a disponibilização da matéria orgânica para o solo é mais lenta, o

que se pôde perceber por ocasião da colheita, quando ainda havia resíduos da palhada de milheto

na superfície do solo. Na camada sub-superficial, de 5 a 20 cm de profundidade, foi observada a

mesma tendência. Os teores de matéria orgânica dos solos submetidos a PC, PD e PPR foram de

25,55, 27,48 e 29,81 g dm-3, respectivamente. O mesmo teor de matéria orgânica nas duas

profundidades (0-5 e 5-20 cm) no solo sob PC é resultado do revolvimento do solo neste sistema

de plantio. Por outro lado, nos sistemas PD e PPR, observa-se o início de acúmulo de matéria

orgânica na camada superficial, cerca de 8% maior na camada de 0 a 5 cm em relação à camada

de 5 a 20 cm.

A capacidade de troca catiônica (CTC) dos solos seguiu o mesmo padrão de variação da

matéria orgânica. Os valores de CTC da camada de 0 a 5 cm de profundidade foram de 8,59, 8,75

e 9,53 cmolc/dm3 dos solos sob PC, PD e PPR. A camada de 5 a 20 cm de profundidade

apresentou valores de 8,02, 8,62 e 9,16 cmolc/dm3 de CTC nos solos manejados sob PC, PD e

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

PPR, respectivamente. Maior tempo de cultivo sob PD ou PPR evidenciará os benefícios destes

sistemas nos teores de nutrientes e na fertilidade do solo como um todo.

O sistema de Plantio com Preparo Reduzido (PPR) apresentou produtividade semelhante

ao Plantio Convencional (PC). Entretanto, os reconhecidos benefícios da adoção de sistemas

conservacionistas como a melhoria das características do solo, a minimização dos processos

erosivos, a economia de água e mecanização e a redução de ocorrência de frutos podres e verdes

são base para a escolha deste sistema.

Referências Bibliográficas

FREITAS, P. L. de. Sustentabilidade: harmonia com a natureza. Agroanalysis, v. 22, n. 2, p. 12-17, fev. 2002.

GIORDANO, L. de B.; SILVA, J. B. C. de; BARBOSA, V. Escolha de cultivares de plantio. In: SILVA, J. B. C. de; GIORDANO, L. de B. (Org.). Tomate para processamento industrial. Brasília, DF: Embrapa Comunicação: Embrapa Hortaliças, 2000. p. 36-57.

MADEIRA, N. R. Plantio direto de hortaliças. Direto no Cerrado, v. 8, n. 34, p. 09, fev. 2004.

MAROUELLI, W. A.; SILVA, H. R.; MADEIRA, N. R. Uso de água e produção de tomateiro para processamento em sistema de plantio direto com palhada. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n. 9, p. 1399-1404, 2006.

REVISTA PLANTIO DIRETO. Plantio Direto de Tomate em Rio Verde. Disponível em: <http://www.plantiodireto.com.br/?body=cont_int&id=106>. Acesso em: 19 jun. 2007.

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PRODUÇÃO INTEGRADA DE TOMATE INDUSTRIAL: VALIDAÇÃO DE UNIDADES

PILOTO

CASTELO BRANCO , M. 1 ; QUEZADO-DUVAL, A. M.; VILLAS BÔAS, G. L.; SILVA, H. R., LIZ, R. S.

1Embrapa Hortaliças. Caixa Postal 218. 70.359-970. Brasília-DF. e-mail: [email protected]

Introdução

O Estado de Goiás é o maior produtor de tomate industrial do Brasil. Ainda que as

indústrias ofereçam produtos de boa qualidade, as exigências do mercado consumidor quanto à

rastreabilidade, garantia de ausência de resíduos de agrotóxicos e mínimo impacto ambiental da

produção não são atualmente plenamente atendidas. A adoção de um sistema de Produção

Integrada pode responder a estas exigências. Por isso, em 2005, foi iniciado o projeto de

Produção Integrada de Tomate Industrial que tem como unidade coordenadora a Embrapa

Hortaliças e como parceiros o Ministério da Agricultura, o CNPq, a DFA-GO, a UFG, a

Agrodefesa-GO, a AgênciaRural-GO e a maioria das indústrias processadoras de tomate. Nos

anos 2005/2006 foram elaboradas as Normas Técnicas para o programa e o Caderno de Campo a

ser preenchido pelos produtores (VILLAS BÔAS et al., 2007). A partir de maio de 2007 foram

instaladas cinco unidades piloto, em quatro municípios de Goiás (Itaberaí, Goianésia, Morrinhos

e Silvânia) em áreas de produtores ligados às empresas parceiras (Goialli, Produtos Dez e

Unilever) a fim de validar as normas e o Caderno de Campo. Assim, o objetivo deste trabalho é

descrever e avaliar os resultados obtidos nessas unidades piloto até o momento.

Material e Métodos

As mudas utilizadas nas unidades pilotos foram produzidas em viveiros comerciais

terceirizados estabelecidos em Goiás, e as sementes, de variedades híbridas importadas, foram

fornecidas pelas empresas processadoras.

Em Itaberaí foram instaladas duas unidades piloto. A primeira está situada em área de 19

ha, com irrigação por gotejamento, onde as mudas do híbrido Heinz 7155 N2 foram

transplantadas de 21 a 24/03. A segunda está em uma área de 16,5 ha onde o híbrido ‘Heinz

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

9992’ é irrigado por pivô-central. Esta unidade foi transplantada transplantada de 9 a 12/04. Em

Silvânia a unidade é composta de uma área de 55 ha de ‘Hypeel 108’ e ‘Heinz 7155 N2’, com

irrigação por gotejamento e as plantas foram transplantada de 16 a 20/04. Em Goianésia a

unidade foi instalada no período de 13 a 23/05, é de 55,5 ha do híbrido Heinz 7155 N2 e irrigada

por gotejamento. A unidade de Morrinhos possui 47,7 ha com os híbridos ‘Hypeel 108’ e ‘Sun

6352’. O transplante foi feito de 21 a 25/05 e a área é irrigada por pivô-central.

Nas unidades de Itaberaí e Silvânia o manejo da irrigação é realizado pelo Sistema

Irriga®, enquanto na unidade de Goianésia, o manejo segue o balanço de água no solo com o uso

do tanque classe A e uso de tensiômetros. Por outro lado, a unidade de Morrinhos irriga

empiricamente com base na experiência, respeitando os diferentes estádios de desenvolvimento

da cultura.

Para a validação das Normas e avaliação do preenchimento do Caderno de Campo, as

unidades piloto foram visitadas em intervalos que variaram de 21 a 28 dias. Durante as visitas foi

verificada a condição da lavoura, o manejo empregado e as anotações realizadas no Caderno de

Campo.

Resultados e Discussão

a) Manejo das lavouras

No que se refere à adubação de plantio, foi observado que quatro unidades realizaram

análise de solo, mas não levaram em consideração o resultado destas para o emprego de

fertilizantes. Pelo contrário, empregaram a adubação padrão recomendada para a região (1,5 t ha-1

da fórmula 4-30-16). Em uma unidade o produtor levou em consideração a análise de solo e

reduziu em 50% a quantidade da fórmula empregada. Este resultado mostrou a necessidade de

treinar produtores e técnicos a fim de que eles compreendam a importância de realizar as

adubações com base nos resultados da análise de solo. Isto significará não só uma redução nos

custos de produção, mas também uma redução dos custos ambientais associados ao uso excessivo

de adubos, já que estes produtos podem poluir águas subterrâneas e superficiais (DEFRA, 2007).

No que se refere aos problemas fitossanitários, a mosca-branca (Bemisia argentifolli),

com conseqüente disseminação de geminiviroses, e a mancha-bacteriana (Xanthomonas spp.)

foram os principais. A mosca-branca ocorreu nas unidades piloto de Itaberaí, Morrinhos e

Sivânia. Plantios de tomate de diferentes idades, em uma mesma região, com o objetivo de

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

atender às necessidades de processamento das diferentes indústrias favoreceram o aumento da

população do inseto. Em Itaberaí, apesar da redução da população de mosca-branca em

decorrência das pulverizações com inseticidas, ao final do ciclo da cultura a incidência de

geminiviroses foi superior a 50%, o que levou a perdas significativas na produtividade. Estes

resultados indicaram que a mosca branca é um problema importante e o melhor zoneamento das

lavouras parece ser fundamental para tentar resolver os problemas da praga.

A mancha-bacteriana foi observada em Itaberaí e é comumente encontrada na região. A

doença pode estar associada à sua perpetuação na área por meio de plantas voluntárias

contaminadas em ciclos anteriores, disseminação a partir de lavouras próximas de idade mais

avançada e/ou mudas aparentemente sadias, porém infectadas em baixa incidência (JONES et al.,

1986). Outras doenças relevantes observadas foram a requeima e a septoriose. O equipamento

Colpan® foi empregado para o manejo da requeima em apenas duas unidades (gotejamento em

Itaberaí e Silvânia). Para o controle dos diferentes problemas fitossanitários foram empregados

diferentes agrotóxicos em intervalos que variaram de três a sete dias.

No que se refere à irrigação, duas unidades empregavam o sistema Irriga®, que é um

serviço disponível ao produtor para o monitoramento e o manejo da irrigação com base na

interatividade das relações água-solo-clima-planta. Foi verificado que o sistema Irriga® apresenta

problemas de recomendação de água, normalmente em exceso, em razão principalmente de

necessidade de ajustes no coeficiente de cultura aos diferentes estádios de desenvolvimento do

tomateiro. O principal problema da aplicação de água em excesso é a maior incidência de

doenças. Outros problemas constatados foram com o equipamento de irrigação, principalmente

entupimento de gotejadores e manejo da fertirrigação, manejo inadequado do tensiômetro,

critérios empíricos para ajustes na lâmina de irrigação recomendada, entre outros. Todos esses

fatores negativos contribuem para o aumento no custo de produção e redução na produtividade

com conseqüente impacto ambiental na conservação de água e energia.

b) Preenchimento dos Cadernos de Campo

Três unidades piloto encontraram dificuldades para cumprir a exigência das Normas para

o monitoramento de pragas e doenças. Isto ocorreu pela falta de mão-de-obra especializada, com

experiência no reconhecimento de sintomas e sinais de doenças e pragas (o chamado “pragueiro”)

e pelo tempo demandado para a atividade, que foi considerado elevado (três a quatro horas). Para

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

uma unidade piloto um “pragueiro” foi contratado pela empresa parceira para realizar as

anotações nas planilhas de monitoramento e, deste modo, testar o sistema em relação à utilização

das informações na tomada de decisão sobre a aplicação dos agrotóxicos. Apesar de ter havido

redução no número de pulverizações, o tempo demandado para a atividade também foi

considerado elevado. Este resultado demonstra a necessidade de reavaliar o sistema de

monitoramento proposto para adequá-lo às necessidades dos produtores. Além disso, ficou claro

que, para a viabilização do sistema de produção integrada, há a necessidade de

contratação/disponibilização, por parte da empresa processadora ou pelo próprio produtor, de

profissionais especializados no monitoramento de pragas e doenças do tomateiro.

A falta de monitoramento de pragas descrita anteriormente fez com que muitos produtores

adotassem a prática de pulverizações preventivas para o controle de insetos e de doenças, baseado

no histórico de ocorrência de pragas na área e/ou no estádio da cultura, embora isso não seja

recomendado pelas Normas de Produção Integrada. Algumas pragas e doenças foram

identificadas incorretamente devido ao desconhecimento de produtores e técnicos. Este resultado

indica que há também necessidade de treinamento dos envolvidos no monitoramento e tomadas

de decisão, a fim de que a identificação dos problemas fitossanitários seja feita de forma correta.

No que se refere à irrigação, a anotação dos parâmetros de manejo não era realizada nas

unidades atendidas pelo Sistema Irrigas®, tendo em vista que este fornece relatório completo da

recomendação de irrigação. Nas outras unidades foram feitas anotações incompletas das

condições climáticas e nenhuma anotação do manejo realizado. De maneira geral, pode-se ter

dificuldades para a compreensão dos critérios para o manejo racional da irrigação.

Conclusão

Foi observado que existem problemas no manejo das lavouras no que se refere à

adubação, irrigação e controle de pragas e doenças. O melhor manejo destes aspectos deve

contribuir não só para reduzir os custos de produção, mas também para reduzir os custos

ambientais por meio da redução da demanda de um recurso escasso (água) e por meio da redução

do potencial de poluição de adubos e agrotóxicos.

Para a viabilização do preenchimento do Caderno de Campo, de modo a atender às

exigências das Norma da Produção Integrada, há necessidade de treinamento e disponibilização

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

de mão-de-obra para a correta identificação de pragas e doenças e para a realização do

monitoramento destas.

Referências Bibliográficas

DEFRA. NITRATES: reducing water pollution from agriculture. Disponível em: <http://www.defra.gov.uk/environment/water/quality/nitrate/intro.htm>. Acesso em: 20 ago. 2007.

JONES, J. B.; POHRONEZNY, K. L.; STALL, R. E.; JONES, J. P. Survival of Xanthomonas campestris pv. vesicatoria in Florida on tomato crop residue, weeds, seeds, and volunteer tomato plants. Phytopathology, v. 76, p. 430-434, 1986.

VILLAS BÔAS, G. L.; MELO, P. E.; CASTELO BRANCO, M.; GIORDANO, L. B.; MELO, W. F. Desenvolvimento de um modelo de produção integrada de tomate indústria – PITI. In: ZAMBOLIM, L.; LOPES, C. A.; PICANÇO, M. C.; COSTA, H. (Ed.). Manejo Integrado de Doenças e Pragas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2007. p. 349-362.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

PROPOSIÇÃO DE TÉCNICAS E PARÂMETROS DE IRRIGAÇÃO PARA A

PRODUÇÃO INTEGRADA DO TOMATEIRO PARA PROCESSAMENTO

SILVA, H. R. 1 ; MAROUELLI, W. A.2; VILLAS BÔAS, G. L3; CASTELO BRANCO, M.4; SOUZA, R. B.5

1Eng.Agr., Ph.D., Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected] (Apresentador do trabalho); 2Eng.Agric., Ph.D., Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218,

CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]; 3Eng.Agr., D.Sc., Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]; 4Eng.Agr., Ph.D., Embrapa Hortaliças, Caixa

Postal 218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]; 5Eng.Agr., D.Sc., Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]

Introdução

O Brasil é um grande produtor de tomate para processamento, com produção anual de 1,4

milhões de toneladas, numa área de 19,5 mil hectares. Os Estados de Goiás (GO) e Minas Gerais

(MG) produzem mais de 75% da produção nacional.

A análise da base ecoenergética da agricultura convencional e o esgotamento dos recursos

naturais sinalizam para a necessidade de desenvolvimento sustentável que considere a integração

dos fatores econômicos, sociais e ecológicos (FREITAS, 2003). Diante disso, surgiu no país nos

anos 70 a produção integrada de frutas (PIF), com o objetivo de produção de alimentos de alta

qualidade, utilizando-se técnicas que minimizem os impactos negativos da produção sobre o

ambiente e qualidade dos produtos.

Em 2004, teve início na Embrapa Hortaliças projeto de produção integrada de tomate

indústria (PITI), para as regiões produtoras de GO e MG. A conservação de água e energia é um

dos aspectos da produção a serem controlados na PITI já que o cultivo ocorre durante a estação

seca, com o uso de irrigação.

A irrigação por aspersão com pivô central é o sistema mais empregado; cerca de 5% é

irrigado por gotejamento. A irrigação tem efeito direto sobre a incidência de pragas e,

principalmente, de doenças. Irrigações em excesso, especialmente por aspersão, favorecem

doenças fúngicas e bacterianas. Independente do sistema de irrigação utilizado há necessidade de

adoção de estratégias para o manejo adequado de água, de forma a racionalizar seu uso,

minimizar o gasto de energia, a incidência de doenças e os impactos ambientais.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Outro aspecto importante a ser considerado na produção integrada é a qualidade da água.

Águas de baixa qualidade podem causar problemas de entupimento de gotejadores, transmissão

de doenças às plantas e ao homem.

O objetivo deste trabalho foi propor técnicas e parâmetros de irrigação direcionados para

a PITI, a serem validados em unidades piloto localizadas nas principais regiões produtoras,

incluindo aspectos de manejo de água de irrigação e de qualidade da produção.

Material e Métodos

As normas para a PITI foram aprovadas pelo Comitê Gestor da PITI no final de 2006. No

que se refere à irrigação, normas obrigatórias incluem aspectos sobre sistemas e manejo de irrigação

e qualidade da água (Tabela 1) que deverão ser seguidas nas unidades piloto.

Tabela 1. Normas de irrigação e drenagem e qualidade da água propostas para a PITI.

Norma Obrigatórias Recomendadas Proibidas Permitidas com restrições

Sistema e Manejo da Irrigação

Utilizar sistemas de irrigação eficientes, que minimizem o uso da água e de energia, realizando a manutenção periódica.

Irrigação em excesso.

Utilizar dados históricos de evapotranspiração para manejo da água

Utilizar critério que permita minimizar a aplicação de excesso de água às plantas.

Utilizar método racional para o manejo da água de irrigação, como o do balanço ou da tensão de água no solo.

Realizar manutenção preventiva e, a cada 2 anos, avaliar a uniformidade de distribuição de água.

Avaliar anualmente a compactação do solo.

Utilizar práticas de cultivo que conservem ou melhorem a drenagem natural do solo.

Análise da qualidade da água

Utilizar água com qualidade igual ou superior às exigidas pela Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 ou legislação estadual pertinente.

Fazer análise anual das características físicas, químicas e biológicas da água, anualmente no caso de água corrente ou a cada dois anos no caso de represas, açudes e poços.

Utilizar água para irrigação que não atenda aos padrões estabelecidos na Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005.

Uso de águas residuárias sem tratamento.

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Para o manejo da cultura no campo, é necessário estabelecer cartilhas de acompanhamento

contendo as técnicas e os parâmetros de irrigação a serem validados. As técnicas e parâmetros de

manejo da irrigação foram estabelecidos com base em trabalhos de pesquisa realizados pela

Embrapa Hortaliças nos últimos 15 anos. Assim, podem ser utilizados os métodos do turno de rega

simplificado, conforme descrito por Marouelli (2001); que é um método simples, não requer o uso

de equipamentos e utiliza dados históricos de evapotranspiração ou, para um manejo mais preciso de

irrigação, os métodos do balanço ou da tensão de água no solo. Deve-se considerar ainda, no manejo

de água, a data da última irrigação pela sua importância na qualidade da produção, viz., o teor de

sólidos solúveis (Tabela 2). Nas unidades piloto implantadas em 2007, estão sendo usados uma

combinação dos métodos do balanço e da tensão de água no solo.

Tabela 2. Recomendação de parâmetros para o manejo da irrigação em sistemas por gotejamento e aspersão (valores entre parêntesis).

Parâmetros Estádio de desenvolvimento (ciclo médio de 115 dias)Inicial Vegetativo Frutificação Maturação

Duração fase (dias) 7 25 55 28Turno rega (dias) 1-2 (1-3) 4-6 (5-10) 1-2 (5-8) 3-4 (7-10)Tensão crítica (kPa) --- 50-100 (100-200) 10-15 (30-50) 40-50 (100-200)Coeficiente de cultura 0,45-0,55 (0,60-0,70) 0,40-0,50 (0,50-0,60) 0,95-1,05 (0,95-1,05) 0,75-0,85 (0,60-0,70)Paralisar as irrigações com 30-50% de frutos maduros para aspersão e 60-70% para gotejamento.

Fonte: Marouelli et al. (1991, 2004, 2006) e Marouelli e Silva (2005).

Relativo à qualidade da água, não existem trabalhos específicos para tomate, tendo sido

considerada a Resolução nº 357 do CONAMA, que dispõe sobre a classificação e uso dos corpos

d’água (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA, 2005). No que se

refere à periodicidade de análises, no caso de água corrente, esta deve ser anual e no caso de

represas, açudes e poços a cada dois anos. Neste caso, poderia ser utilizado o critério proposto

por Gilbert e Ford (1986).

Resultados e Discussão

As normas indicam obrigatoriedade de uso de sistemas de irrigação eficientes, que

minimizem o uso de água e energia, que seja realizada manutenção preventiva periódica e que a

cada dois anos seja avaliada a uniformidade de distribuição de água. Como regulamentação, os

sistemas devem apresentar coeficiente de uniformidade de distribuição acima de 80%.

214

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Muito embora a norma não recomende um sistema de irrigação específico, tem-se que o

gotejamento, comparativamente ao pivô central, minimiza em até 50% o requerimento de fungicidas

e em até 30% o uso de água e energia, além de possibilitar incrementos de produtividade de até 30%

(MAROUELLI; SILVA, 2000).

Pela norma, é obrigatório o uso de critério de manejo de irrigação que minimize a aplicação

de excesso de água. Assim, tanto o método simplificado quanto os métodos do balanço ou da tensão

de água no solo podem ser utilizados. A norma prevê ainda, a utilização de práticas de cultivo que

conservem ou melhorem a drenagem natural do solo, pois o excesso de água favorece doenças de

solo. Isto pode ser obtido minimizando o trafego de máquinas na área e realizando rotação de

culturas, práticas de cultivo mínimo e subsolagem.

A fim de adequar a qualidade da água às normas da PITI, deve-se realizar análise de água

em conformidade com a Resolução nº 357 do CONAMA. Em caso de não conformidade da

qualidade para fins de uso na irrigação, realizar o tratamento para adequar as características físicas,

químicas e biológicas da água para fins de irrigação.

Conclusão

No que se refere à irrigação, o produtor deverá seguir as normas obrigatórias da PITI de

usar sistemas de irrigação mais eficientes, algum método de manejo, água de boa qualidade e

práticas poupadoras e conservadoras de água.

Referências Bibliográficas

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama>. Acesso em: 20 ago. 2007.

FREITAS, J. A. D. (Ed.). Normas técnicas e documentos de acompanhamento da produção integrada de melão. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2003. 89 p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 68).

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215

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

SISTEMA DE PRODUÇÃO CONVENCIONAL X PRODUÇÃO INTEGRADA – EFEITO

SOBRE OS ATRIBUTOS MICROBIOLÓGICOS DO SOLO

CARVALHO, J. E. B. de 1 ; AZEVEDO, C. L. L. de2; SILVA, M. C. da 3; BARRETO, A. C.4

1Engo Agro D.Sc. Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Rua Embrapa, s/n. Cx.P. 007 – CEP: 44.380-00, Cruz das Almas, BA. E-mail: [email protected]; 2Engo Agro M.Sc. Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,

Rua Embrapa, s/n. Cx.P. 007 – CEP: 44.380-00, Cruz das Almas, BA. E-mail: clá[email protected]; 3Discente de Agronomia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, BA, CEP: 44.380-000;

4Engenheira Agrônoma, M.Sc. Ciência do Solo, Convênio ADAB/CNPMF, Cruz das Almas, BA, CEP: 44.380-000.

Introdução

Os solos dos Tabuleiros Costeiros apresentam como fatores limitantes à produtividade

agrícola baixa capacidade de retenção de água, baixa disponibilidade de nutrientes e impedimento

ao crescimento radicular decorrente da existência de uma camada coesa entre os horizontes AB e

BA. O manejo mecânico adotado pelos produtores no controle do mato e o trânsito exagerado de

máquinas no pomar têm contribuído para aumentar a compactação do solo, redução da produção

e da longevidade dos pomares de citros. Nesta linha de trabalho Rezende (2000), relata que uma

das alternativas para contornar o problema seria o uso de subsolagem, com destaque para suas

vantagens: aumento da macroporosidade, diminuição da resistência à penetração e aumento da

taxa de infiltração de água no solo. A capacidade produtiva de um solo não depende unicamente

da fertilidade química, mas também de interações de fatores bióticos e abióticos. Neste sentido, o

uso de atributos microbianos aliados ao teor de carbono orgânico do solo, tem sido utilizado para

avaliar o grau de sustentabilidade de um sistema agrícola.

Buscou-se avaliar o impacto do sistema de Produção Integrada em comparação ao sistema

de produção convencional dos produtores sobre os atributos microbiológicos de um solo coeso

dos Tabuleiros Costeiros.

Material e métodos

O trabalho foi conduzido em um pomar de lima ácida ‘Tahiti’ sob Citrumelo Swingle,

instalado no Município de Cruz das Almas-BA, na área experimental do Centro Nacional de

Pesquisa de Mandioca e Fruticultura Tropical da Embrapa, com uma área total aproximada para

os dois manejos de 3.600 m2, utilizando-se o espaçamento de 5 m entre as linhas e 4 m entre

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

plantas na linha. O trabalho foi constituído por dois tratamentos: 1. Sistema convencional,

adotado pela maioria dos produtores, envolvendo aração, gradagem, abertura de covas e plantio

das mudas cítricas e o controle mecânico do mato com três a quatro capinas nas linhas e mesmo

número de gradagens nas ruas; 2. Sistema em Produção Integrada, com subsolagem cruzada a

uma profundidade média de 0,55 m, plantio direto de feijão-de-porco (Canavalia ensiformis)

como cultura de espera e melhoradora do solo. Nesse sistema, o controle integrado das plantas

infestantes foi realizado dessecando-se o mato nas linhas com glifosato e nas entrelinhas a

substitição das gradagens pelo uso de uma cobertura verde permanente proporcionada pelo

amendoim forrageiro (Arachis pintoi).

Para avaliar o carbono da biomassa microbiana do solo (BMS-C) e a respiração basal do

solo foram retiradas amostras nas profundidades 0-10 e 10-30 cm na linha e ruas da cultura, no

mês de fevereiro (período de verão). Com auxílio de um trado, foram coletadas seis sub-amostras

em pontos eqüidistantes e representativos da parcela, sendo estas homogeneizadas, formando

uma amostra composta para cada parcela. As amostras de solo foram colocadas em sacos

plásticos e mantidas em câmara fria (5°C) até o momento das análises em laboratório.

A estimativa do carbono da biomassa microbiana foi feita segundo o método de

fumigação – extração, que tem como princípio a análise da biomassa microbiana extraível em

solução aquosa de sulfato de potássio K2SO4 a 0,5 M (VANCE et al., 1987). A respiração do solo

foi avaliada pela evolução do CO2 em potes fechados (NANNIPIERI et al., 1990). O dióxido de

carbono é adsorvido em uma solução de NaOH, e titulado com HCL. A avaliação do quociente

metabólico foi realizada de acordo com o procedimento descrito por Anderson e Domsch (1986),

obtida pela razão entre o C respirado por unidade de C microbiano. Foi realizado análise de

variância e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

Resultados e Discussão

Os valores médios observados para capacidade máxima de retenção de água variaram de

45,27 a 57,93% para sistema convencional, e 51,24 a 61,11% para o sistema que envolveu a

subsolagem e o manejo de coberturas vegetais nas entrelinhas. Independente do sistema adotado,

a capacidade máxima de retenção de água na entrelinha foi maior na profundidade de 10-30 cm,

mas a umidade do solo no momento da coleta não foi influenciada pelos fatores estudados

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

(Tabela 1). A biomassa microbiana também apresentou, nos dois sistemas de produção testados,

maiores valores na profundidade de 10-30 cm, tanto na linha como na entrelinha. D´Andréa et al.

(2002) concluíram, em trabalhos avaliando alterações nos atributos biológicos em solo de cerrado

nativo, que a instalação de pastagens e sistemas de manejo agrícola reduziu os teores de carbono

da biomassa microbiana na camada superficial do solo. Silva et al. (2002) não observaram

diferenças significativas no carbono da biomassa microbiana em diferentes sistemas de preparo

do solo no Cerrado.

Tabela 1. Valores médios de biomassa microbiana (µgC.g-1), capacidade máxima de retenção de água, respiração basal (µgC-CO2.g-1), umidade (%) e quociente metabólico (µgC-CO2.g-1/µgC.g-

1), na linha e entrelinha, nas profundidades de 0-10 cm e 10-30 cm, nos sistemas de produção convencional e de subsolagem.

Linha Entrelinha0 a 10 cm 10 a 30 cm Média 0 a 10 cm 10 a 30 cm Média

Biomassa microbiana (µgC. g-1)Produtor 837,75 aA 1128,05 aA 982,90 a 832,97 aA 1008,20 aA 920,59 aProdução ntegrada 954,42 aA 1049,87 aA 1002,15 a 825,05 aA 1207,32 Aa 1016,19 aMédia 896,09 B 1088,96 A 829,01 B 1107,76 A

Capacidade máxima de retenção de águaProdutor 49,43 aA 55,49 aA 52,46 a 45,27 bB 57,93 aA 51,60 bProdução ntegrada 51,24 aA 55,93 aA 53,59 a 53,92 aB 61,11 aA 57,5 aMédia 50,34 A 55,71 A 49,60 B 59,52 A

Respiração basal (µgC- CO2. g-1)Produtor 1,28 aA 0,92 aA 1,10 a 1,71 aA 0,90 aA 1,30 aProdução ntegrada 1,58 aA 0,98 aB 1,28 a 1,20 aA 0,92 aA 1,06 aMédia 1,43 A 0,95 A 1,46 A 0,9 A

Umidade (%)Produtor 9,71 aA 10,21 aA 9,96 a 7,59 aA 11,20 aA 9,40 aProdução ntegrada 8,07 aA 11,95 aA 10,01 a 18,94 aA 12,32 aA 15,63 aMédia 8,89 A 11,08 A 13,27A 11,76 A

Quociente metabólico (µgC- CO2. g-1/ µgC. g-1)Produtor 1,51 aA 0,96 aA 1,23 a 2,02 aA 0,92 aB 1,47 aProdução ntegrada 1,65 aA 1,12 aA 1,39 a 1,46 aA 0,79 aA 1,13 aMédia 1,58 A 1,04 A 1,74 A 0,85 B

Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas para cada posição (linha e entrelinha) não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na linha de plantio o tratamento em Produção Integrada, a taxa de respiração basal na

camada de 0-10 cm foi estatisticamente superior a da camada de 10-30 cm. Em trabalho

desenvolvido por Balota et al. (1998) avaliando as alterações na atividade microbiana em um

Latossolo Roxo em Londrina-PR sob diferentes sistemas de preparo e sucessão de culturas, foi

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

concluído que a biomassa microbiana mostrou-se boa indicadora das alterações microbianas

ocorridas no solo, conforme o manejo.

Observou-se para o quociente metabólico maiores valores na camada inicial (0-10 cm)

sendo este efeito estatisticamente significativo no sistema do produtor. Os maiores valores de

qCO2 observados, indicam que a população microbiana está consumindo mais carbono oxidável

para sua manutenção.

Conclusão

O sistema de Produção Integrada não contribuiu para melhoria dos atributos

microbiológicos do solo quando comparado ao sistema convencional do produtor. Apenas a

biomassa microbiana foi mais elevada na camada mais profunda, independente do sistema de

produção adotado.

Referências Bibliográficas

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

ÍNDICE DE RISCO AMBIENTAL PARA PONTOS DE ABASTECIMENTO DE

PULVERIZADORES DE AGROTÓXICOS (IRAp), UMA ADAPTAÇÃO DO

ENVIRONMENTAL RISK INDEX (ERI) PARA A PRODUÇÃO INTEGRADA

GEBLER, L.1

1Engenheiro Agrônomo, MSc. Engenharia Ambiental, Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho rodovia BR-285, Km 115, Caixa Postal 1513, CEP 95200-000 Vacaria, RS, e-mail: [email protected]

Introdução

O significado de risco pode ser descrito como o produto entre Perigo X Exposição, que

implica na possibilidade de que algo adverso possa ocorrer para alguém ou alguma coisa

(ALISTER; KOOGAN, 2006). O processo de se avaliar riscos deve ser claramente ordenado,

representando diferentes graus de refinamento, sempre buscando a melhor representação possível

da realidade (SUTTER, 1996; U. S. ENVIROMENTAL PROTECTION AGENCY –EPA, 1998).

Com a expansão e o barateamento da informatização vista nos dias atuais, computadores com

processadores de alta performance se tornaram comuns, nas propriedades agrícolas brasileiras,

viabilizando o trabalho com softwares de gestão, permitindo a introdução de indicadores de

análise de risco ambiental como ferramentas de apoio.

Indicadores servem como orientadores de respostas a eventos, sem preocupação com a

quantificação física do processo analisado, pois perdem em eficiência e precisão para modelos

matemáticos numéricos (BILYARD et al., 1997). Mesmo com esta limitação, os indicadores

demonstram ser um sistema eficaz e valioso, tanto pelo seu baixo custo operacional e razoável

significância do resultado, classificando-os como ferramentas de avaliação preliminar de risco.

Para sistemas certificados, como a Produção Integrada, onde falta um pacote tecnológico

que atenda a todos os casos em que serão avaliados os impactos ambientais, concorda-se que o

uso de agrotóxicos está entre as atividades que apresentam grandes riscos envolvidos durante seu

manejo, sendo o foco da análise do indicador ambiental descrito neste resumo.

O Índice de Risco Ambiental pontual (IRAp) é um indicador teórico baseado em um

sistema similar, produzido por Alister e Kogan (Environmental Risk Index – ERI) (2006), e nos

critérios ambientais exigidos liberação comercial de agrotóxicos no Brasil (IBAMA), e propõe

reduzir a condição de incerteza sobre o grau de risco destes produtos em um local de alta

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

probabilidade de impacto ambiental, os pontos (rampas) de abastecimento de pulverizadores de

agrotóxicos. Nestes locais se trabalha com grande variedade de produtos comerciais

concentrados, algumas vezes, repetidamente durante uma sessão de aplicação, podendo afetar em

diferentes graus os processos locais de atenuação natural ambiental e os seres humanos

envolvidos. Este indicador permite uma idéia do nível de risco existente neste local, auxiliando

na tomada de decisão sobre métodos de prevenção ou necessidade de mitigação.

Material e Métodos

No IRAp são adotados dados que refletem o pior cenário (maior lixiviação, menor KOC,

maior persistência, dentre outros), considerando este procedimento como margem de segurança, e

por isto, mesmo existindo um limite com certo grau de impermeabilidade (piso), será considerado

como solo sem impedimento. O índice original (ERI), previa a distribuição e análise dos

parâmetros físico-químicos e ecotoxicológicos de agrotóxicos numa equação linear simples, a fim

de avaliar qual dos produtos poderia apresentar maior risco ambiental em relação a outro onde, à

medida que o resultado numérico final aumentasse, maior seria o risco.

DTPVLPERI )( +++=

P = Persistência no solo (meia vida); L = Lixiviação (LIX [5]); V = Volatilização (Pressão de

vapor); D = Dose (quantidade aplicada de ingrediente ativo por ha); TP = Perfil toxicológico do

agrotóxico (propriedades químicas e testes de campo), dado por:

ATCLRfdKTP OW +++= 50

KOW = Coeficiente de partição octanol-água do agrotóxico; Rfd = Dose de referência; CL50 =

Dose letal dermal humana para 50% da população; AT = Parâmetros toxicológicos para animais

de referência.

Os dados para a execução do modelo podem ser obtidos de publicações científicas ou

banco de dados específicos (WAUCHOPE et al., 1991; GEBLER, 2007).

O IRAp foi criado para analisar a contaminação pontual, no momento do carregamento do

pulverizador, e não a contaminação difusa, como o ERI. Além disso, Alister e Kogan (2006)

efetuaram os cálculos baseados somente em herbicidas, não atendendo à variabilidade exigida

pela PIM. No mesmo artigo foi demonstrado que o ERI pode sofrer adaptações (ERIloading), sendo

a equação no IRAp alterada nos seguintes pontos: a) o parâmetro AT foi eliminado ao se assumir

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

que a contaminação pontual será infinitamente maior que a difusa (a exemplo do ERIloading); b) os

limites do LIX para lixiviação foram recalculados estatisticamente, para o grupo dos produtos

listados na grade de agrotóxicos da Produção Integrada de Maçãs (PIM), entre fungicidas,

inseticidas, herbicidas e outras classes, numa variabilidade química esperada em um ponto de

abastecimento de pulverizadores; c) o parâmetro D foi modificado para Índice de Dose Pontual

(iDp), agregando-se ao parâmetro D, já normalizado, dois novos fatores (NC – número de cargas

e CT – classe toxicológica). Isto permite ao modelo, acrescentar o potencial de risco de derrames,

proporcionado pela repetibilidade da operação de carregamento do pulverizador sempre no

mesmo local, potencializado pelo incremento de riscos resultantes da classe toxicológica do

produto comercial concentrado sendo preparado. Isto resulta em:

)( CTNCxeDiDp −+=

Mantendo a equação na forma linear, estabeleceu-se a nova conformação:

iDpTPVLPIRAp )( +++= e 50CLRfdKTP OW ++=

Os fatores para cada agrotóxico são classificados como potencial baixo (1), médio (2),

alto (3) ou muito alto (4), gerando no final da equação um número inteiro entre 4 e 64, que

representa o nível de risco estimado, conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Tabela de classificação de parâmetros humanos, físico-químico e ecotoxicológicos, para aplicação no Índice de risco Ambiental pontual – IRAp.

TipoNível de

risco

P(dias)

L(LIX)

V(Pascal)

Rfdmg/kg

p.v.

KOW

(adimen-sional)

Dkg

CL50

(mg/kg p.v.)

TP iDp IRAp

1 = Baixo < 30 0 <1,33x10-3 > 0,1 < 1 < 1,001 > 4000 3 < 1,001 4 a 8

2 = Médio 30 a <60

> 0 a 0,025

1,33x10-3 a

<1,33x10-2

0,1 a > 0,01

1 a < 2 1,001 a 2

4000 a > 400

> 3 a 6

1,001 a 2

9 a 24

3 = Alto 60 a <90

> 0,025 a 0,135

1,33x10-2 a

1,33x10-1

0,01 a 0,001

2 a < 3 2,001 a 2,999

400 a 40 > 6 a 9

2,001 a 2,999

25 a 48

4 = Muito alto

>90 > 0,135 >1,33x10-1 < 0,001 > 3 > 2,999 < 40 > 9 > 2,999 > 48

A seguir, numa planilha de Excel, com banco de dados auxiliar, foi obtido o índice para

cada agrotóxico, variando condições (mesmo produto, mesma dose, número de cargas diferentes;

produto, dose e número de cargas iguais, classe toxicológicas diferentes, dentre outros).

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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de FrutasI Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada

Resultados e Discussão

O ERI e o IRAp foram comparados ao serem aplicados sobre os produtos listados na

grade de agrotóxicos da PIM, que apresentavam o conjunto de dados necessário para a geração

do índice. Individualmente, utilizando-se a mesma dose e número de cargas, o IRAp obteve

níveis mais críticos em relação ao ERI quando os produtos apresentavam classe toxicológica de

maior risco (1 ou 2), chegando a resultar em 2 níveis de diferença entre os resultados (sempre

mais baixos no ERI). Isto era esperado, pois o novo índice reforça a noção do risco de manuseio

nos pontos de carga, não só pela questão de possíveis casos de intoxicação ao operador, mas pela

introdução de um indicador ligado à probabilidade da ocorrência de derrames acidentais de

produtos comerciais concentrados numa área muito pequena, comparada ao risco representado

pelo produto diluído, em concentração de campo. Com estes índices, o produtor pode decidir

antecipadamente se aplica métodos de prevenção (barreiras físicas, químicas, redução da

toxicidade dos produtos, redução do número de cargas, treinamento, dentre outros), ou tem a

indicação do possível grau de mitigação posterior (se necessária). Além disto, foi avaliado a

facilidade de uso e compreensão do modelo, e o seu uso em planilhas de cálculo (Excel®) e

linguagens facilmente disponíveis (Visual Basic®), implementado no sistema beta do modelo.

Conclusão

O índice de Risco Ambiental pontual reproduziu os resultados esperados durante as

simulações. Apresenta fácil manuseio em planilhas e clareza de resultado, através do índice

numérico direto. É um modelo que pode ser adotado em situações em que não se exige elevado

grau de precisão, servindo como ferramenta de screening para indicação de risco, suporte a

treinamento de operadores e apoio à tomada de decisão por parte do gestor ambiental. Sugere-se

que venha a ser utilizado como ferramenta de apoio ao sistema de gestão ambiental na Produção

Integrada, devendo ser validada para cada sistema previamente.

Referências Bibliográficas

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