No Matadouro já bate um coração - porto.pt Porto./Número 6... · A vencedora acabou por ser a...

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MAIO 2018 • PORTO N.º 06 P. 2 Estava enterrado mas emergiu para ser museu. Um antigo reservatório de água, no Parque da Pasteleira foi reabilitado para se transformar num polo museológico fora do Centro Histórico. Enquanto isso, está para breve a inauguração do novo Museu do Vinho do Porto, também municipal. P. 6 O Plano Diretor Municipal, aprovado em 2006, está agora em processo de revisão. É lá que estão as principais políticas de cidade e é por ali que se escreve o futuro do Porto. A Câmara desafiou os cidadãos a participarem na discussão pública e a definir que desenvolvimento pretendem. P. 18 José Cid volta a ser a estrela da noite de São João no Porto, no ano em que ganhou o Globo de Ouro de carreira. A festa da cidade contará com fogo de artifício no Douro, com as rusgas na Avenida dos Alia- dos e com um concerto da Banda Sinfónica Portuguesa para animar o feriado. P. 10 Q uarenta milhões de euros vão ser investidos no Matadouro. O investimento é inteiramen- te privado e resulta do con- curso lançado pela Câmara do Porto, que agora chegou ao fim. Foram três os concorrentes que esti- veram na corrida final para tomarem conta do ambicioso projeto de reconversão do antigo Matadouro Industrial de Campa- nhã. A vencedora acabou por ser a Mota Engil - Engenharia e Construção, que se propõe cumprir todos os requisitos do ante-projeto apresentado pelo Município do Porto para o local. O modelo de negócio No Matadouro já bate um coração Distribuição Gratuita O jornal Porto. é um trabalho do Gabinete de Comunicação e Promoção da Câmara Municipal do Porto, distribuído gratuitamente em todos os endereços residenciais e comerciais da cidade. Além da atualidade e de artigos de fundo sobre temas de interesse para os cidadãos, é um veículo de liberdade de expressão, de todo o espectro social, cultural e político do Município. • Direção Rui Moreira • Coordenação Editorial Nuno Nogueira Santos • Edição de Fotografia Miguel Nogueira • Redatora Principal Isabel Moreira da Silva • Redação Pedro Matos Trigo, Virgínia Capoto e Milene Câmara • Direção de Arte Eduardo Aires • Paginação Dário Cannatà • Impressão Lidergraf • Tiragem 180.000 exemplares • issn 2183-6418 • Colaboraram nesta edição Pedro Baganha, Miguel Gomes, Serafim Nunes, Alberto Machado, Ilda Figueiredo, José Castro e Bebiana Cunha – opinião MAIO 2018 FAÇA UM LIKE NA POLÍTICA Os portugueses têm-se distanciado dos processos de decisão. Cerca de metade não vota, perdendo a possibilidade de fazer parte do mais nobre acto de poder. São poucos os que participam em sessões pú- blicas. Muitos preferem as redes sociais que proporcionam um palco ilusório e muitas vezes inquinado. E, assim, com um like ou comentá- rio, que lhes dá uma falsa sensação de participarem nas decisões, os cidadãos vão-se abstendo, engana- dos por um soundbite ou indignados com uma notícia falsa. Este é o terreno fértil para o po- pulismo, para o linchador anónimo que toca e foge. E é a partir do dis- curso populista e sectário, que aqui encontra espaço para crescer, que surgem os movimentos extremistas e as soluções salvíficas que podem conduzir ao totalitarismo. Não posso, pois, deixar de apelar à participação dos portuenses. A títu- lo de exemplo, na discussão do pdm, que temos promovido por todos os meios e também pelos digitais, mas sobretudo proporcionando sessões públicas reais, descentralizadas e abertas a todos os cidadãos. E é importante que os portuenses entendam a política limpa, vertida num orçamento de contas à moda do Porto, com criação de saldo que permita construir o futuro e pagar as obras que estamos a fazer. A po- lítica séria pede muito mais do que um polegar levantado ou de que um post em tom revanchista que nos procura convencer que, afinal, quanto melhor, pior. Rui Moreira prevê que todo o investimento e risco corra por conta da empresa que ganhou o con- curso que, durante 30 anos, irá explorar o enorme espaço situado do lado oposto da vci relativamente ao Estádio do Dragão e bem ao lado do Mercado Abastecedor. O projeto, da autoria de um dos mais reputa- dos arquitetos do Mundo, o japonês Kengo Kuma, em parceria com os portugueses ooda, prevê a conservação do conjunto de edifícios, hoje muito degradados, do antigo Matadouro, que chegou a estar à venda no início da década, bem como uma cobertura que lhe dará visibilidade a partir da vci e a transpõe até à estação de Metro. Segundo o exigido pela Câmara Municipal, que tomará conta de alguns dos pavilhões onde desenvolverá programas culturais e sociais, o espaço servirá para acolher em- presas e desenvolver projetos que servirão de âncora ao futuro de toda a zona oriental do Porto. O conceito da reconversão do antigo Matadouro foi apresentado em 2016 por Rui Moreira durante a trienal de Milão. Em causa está a mudança completa do paradigma de desenvolvimento da zona oriental onde se encaixam peças estru- turantes como a nova ponte que ligará as duas margens à cota baixa, as ligações ro- doviárias à cota alta, o Terminal Intermo- dal, que brevemente estará em construção, e, agora, o Matadouro, como âncora social, económica, cultural e como um autêntico game changer para todo o Porto. Depois da Casa da Música, projetada por Rem Koolhaas, o Porto passará a ter dentro de pouco tempo o Matadouro, projetado por Kengo Kuma. E passa a ser maior.

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M A I O 2 0 1 8 • P O R T O

N.º 06

P. 2Estava enterrado mas emergiu para ser museu. Um antigo reservatório de água, no Parque da Pasteleira foi reabilitado para se transformar num polo museológico fora do Centro Histórico. Enquanto isso, está para breve a inauguração do novo Museu do Vinho do Porto, também municipal. ≤

P. 6O Plano Diretor Municipal, aprovado em 2006, está agora em processo de revisão. É lá que estão as principais políticas de cidade e é por ali que se escreve o futuro do Porto. A Câmara desafiou os cidadãos a participarem na discussão pública e a definir que desenvolvimento pretendem. ≤

P. 18José Cid volta a ser a estrela da noite de São João no Porto, no ano em que ganhou o Globo de Ouro de carreira. A festa da cidade contará com fogo de artifício no Douro, com as rusgas na Avenida dos Alia-dos e com um concerto da Banda Sinfónica Portuguesa para animar o feriado. ≤

P. 10

Quarenta milhões de euros vão ser investidos no Matadouro. O investimento é inteiramen-te privado e resulta do con-curso lançado pela Câmara do

Porto, que agora chegou ao fim. Foram três os concorrentes que esti-veram na corrida final para tomarem conta do ambicioso projeto de reconversão do antigo Matadouro Industrial de Campa-nhã. A vencedora acabou por ser a Mota Engil - Engenharia e Construção, que se propõe cumprir todos os requisitos do ante-projeto apresentado pelo Município do Porto para o local. O modelo de negócio

No Matadouro já bate um coração

Distribuição Gratuita

O jornal Porto. é um trabalho do Gabinete de Comunicação e Promoção da Câmara Municipal do Porto, distribuído gratuitamente em todos os endereços residenciais e comerciais da cidade.Além da atualidade e de artigos de fundo sobre temas de interesse para os cidadãos, é um veículo de liberdade de expressão, de todo o espectro social, cultural e político do Município.

• Direção Rui Moreira • Coordenação Editorial Nuno Nogueira Santos • Edição de Fotografia Miguel Nogueira • Redatora Principal Isabel Moreira da Silva • Redação Pedro Matos Trigo, Virgínia Capoto e Milene Câmara •• Direção de Arte Eduardo Aires • Paginação Dário Cannatà • Impressão Lidergraf • Tiragem 180.000 exemplares • issn 2183-6418 •

Colaboraram nesta edição Pedro Baganha, Miguel Gomes, Serafim Nunes, Alberto Machado, Ilda Figueiredo, José Castro e Bebiana Cunha – opinião

M A I O 2 0 1 8

F A Ç A U M L I K E N A P O L Í T I C A

Os portugueses têm-se distanciado dos processos de decisão. Cerca de metade não vota, perdendo a possibilidade de fazer parte do mais nobre acto de poder. São poucos os que participam em sessões pú-blicas. Muitos preferem as redes sociais que proporcionam um palco ilusório e muitas vezes inquinado.E, assim, com um like ou comentá-rio, que lhes dá uma falsa sensação de participarem nas decisões, os cidadãos vão-se abstendo, engana-dos por um soundbite ou indignados com uma notícia falsa.Este é o terreno fértil para o po-pulismo, para o linchador anónimo que toca e foge. E é a partir do dis-curso populista e sectário, que aqui encontra espaço para crescer, que surgem os movimentos extremistas e as soluções salvíficas que podem conduzir ao totalitarismo.Não posso, pois, deixar de apelar à participação dos portuenses. A títu-lo de exemplo, na discussão do pdm, que temos promovido por todos os meios e também pelos digitais, mas sobretudo proporcionando sessões públicas reais, descentralizadas e abertas a todos os cidadãos.E é importante que os portuenses entendam a política limpa, vertida num orçamento de contas à moda do Porto, com criação de saldo que permita construir o futuro e pagar as obras que estamos a fazer. A po-lítica séria pede muito mais do que um polegar levantado ou de que um post em tom revanchista que nos procura convencer que, afinal, quanto melhor, pior. •

Rui Moreira

prevê que todo o investimento e risco corra por conta da empresa que ganhou o con-curso que, durante 30 anos, irá explorar o enorme espaço situado do lado oposto da vci relativamente ao Estádio do Dragão e bem ao lado do Mercado Abastecedor. O projeto, da autoria de um dos mais reputa-dos arquitetos do Mundo, o japonês Kengo Kuma, em parceria com os portugueses ooda, prevê a conservação do conjunto de edifícios, hoje muito degradados, do antigo Matadouro, que chegou a estar à venda no início da década, bem como uma cobertura que lhe dará visibilidade a partir da vci e a transpõe até à estação de Metro. Segundo o exigido pela Câmara Municipal, que tomará conta de alguns dos pavilhões onde desenvolverá programas culturais e sociais, o espaço servirá para acolher em-

presas e desenvolver projetos que servirão de âncora ao futuro de toda a zona oriental do Porto. O conceito da reconversão do antigo Matadouro foi apresentado em 2016 por Rui Moreira durante a trienal de Milão. Em causa está a mudança completa do paradigma de desenvolvimento da zona oriental onde se encaixam peças estru-turantes como a nova ponte que ligará as duas margens à cota baixa, as ligações ro-doviárias à cota alta, o Terminal Intermo-dal, que brevemente estará em construção, e, agora, o Matadouro, como âncora social, económica, cultural e como um autêntico game changer para todo o Porto. Depois da Casa da Música, projetada por Rem Koolhaas, o Porto passará a ter dentro de pouco tempo o Matadouro, projetado por Kengo Kuma. E passa a ser maior. •

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Há nas ruas da cidade novos autocarros da stcp 100% elétricos e a gás natural. Esta grande operação de aquisição de 188 autocarros com aquelas características até 2020, torna o serviço mais eficiente, contribuindo para uma redução signifi-cativa das emissões de dióxido de carbo-no. Mas, os novos autocarros oferecem também maior conforto aos utilizadores e permitirão que, gradualmente, a stcp vá melhorando o cumprimento de horários. Os primeiros três autocarros (dois elétri-cos e um a gás natural comprimido), já circulam e até ao final do ano serão 50 os novos veículos (15 elétricos e 35 a gás natu-ral) a melhorar a frota da transportadora. Em 2019, entrarão mais 60 em circulação, e em 2020 chegarão os restantes 78 au-tocarros “verdes”, perfazendo o total de 188, num investimento próximo dos 47,5 milhões de euros, suportado pelo Estado central. Desde o início de 2018, a stcp está sob gestão de seis municípios, indicando o Porto o presidente da empresa. •

No último ano do primeiro man-dato de Rui Moreira, a Câmara do Porto apresentou contas his-tóricas. Um resultado que cria

saldo, reduz dívida, aumenta investimento e ainda evidencia uma evolução patrimo-nial favorável. No capítulo do investimento, destaca-se a habitação, a área social, o ambiente e a educação. Apesar de ter re-duzido a carga fiscal sobre os munícipes nos últimos quatro anos e de ter estabili-zado o preço da água, dos mais baixos da Região, a receita fiscal está a aumentar, graças à maior atividade económica e um cada vez maior interesse de investidores pela cidade do Porto, onde começam a surgir sinais claros de ter sido estancada a saída de moradores que se registava desde os anos 80. A dívida da Câmara está

188 novos autocarros

São contas e boas

agora no mínimo histórico deste milénio, situando-se em 31 milhões de euros, cober-tos pelo saldo existente, o que representa dívida negativa, algo que quase nenhuma autarquia se pode orgulhar. Nas empresas municipais não há dívida bancária, apesar dos investimentos na cidade terem cresci-do substancialmente nos últimos quatro anos e do prazo de pagamento de faturas a fornecedores ser agora de apenas 7 dias.Para o presidente da Câmara do Porto, os números obtidos são um reflexo das “Contas à Moda do Porto”, que significam que o “Município tem capacidade para avançar com obras estruturantes como as do Mercado do Bolhão, do Terminal In-termodal de Campanhã ou ter capacidade de intervenção com as novas políticas de habitação”, sem descurar o investimento

nos bairros sociais e a aquisição de imóveis para o arrendamento no centro da cidade por via do exercício legal do direito de pre-ferência. Por isso, sustenta, 90 milhões de euros de saldo de gerência não podem in-dicar que “o melhor é, afinal, pior”, quando há responsabilidades a médio, longo-prazo que têm de ser respeitar. “Contas à moda do Porto não é um exercício matemático ou contabilístico, contas à moda do Por-to é cumprir o programa e é fazê-lo com responsabilidade plurianual”, remata o presidente Rui Moreira.O relatório de gerência que espelha esta realidade de que o Porto se pode orgulhar foi aprovado pelo Executivo e pela As-sembleia Municipal. O Porto aparece em segundo lugar em eficiência financeira no Anuário dos Municípios Portugueses •

Em 2017, o investimento aumentou e a dívida caiu para níveis históricos. Ao fim de quatro anos de governação, Rui Moreira tem agora saldo para fazer

as obras que iniciou no Bolhão e a nova ponte que anunciou com Gaia.E muito mais que aí vem. Sem depender de ninguém.

Parques com tarifas reduzidas

Regressaram à gestão municipal os par-ques de estacionamento da Praça dos Po-veiros e do Palácio de Cristal, após o final do período de ambas as concessões. Com este regresso, a Câmara do Porto decidiu rever em baixa os tarifários praticados nestes dois parques, tendo seguido este exemplo para a reformulação do preçário em vigor no parque de estacionamento Silo Auto, no centro da cidade.Esta política de redução de preços faz parte da estratégia de mobilidade inte-grada, que visa a uniformização de novos instrumentos de regulação e de definição de preços de utilização, nomeadamente no que se refere ao estacionamento à super-fície e aos parques de estacionamento sob gestão da Câmara Municipal. Deste modo, abrem-se novas possibilidades de alarga-mento do plano a outras áreas da cidade, induzindo-se assim o equilíbrio entre o estacionamento off-street (em parques de estacionamento) e o estacionamento on-street (à superfície). •

O Porto é um dos poucos Municípios do país que possui um tarifário mais reduzido para famílias numerosas. Se o seu agrega-do familiar é composto por cinco ou mais pessoas, pode obter a Tarifa Familiar da Água. Com esta tarifa pretende-se que os maiores consumos resultantes da di-mensão do agregado familiar não sejam faturados aos escalões mais elevados.Para aderir a esta tarifa especial, deve expressar o pedido por escrito, preen-chendo o requerimento disponível no site da empresa municipal Águas do Porto (www.aguasdoporto.pt). A prova da di-mensão do agregado familiar será feita com a apresentação da declaração de irs do último ano e respetiva nota de liquida-ção. A falta destes documentos terá de ser justificada com declaração da Segurança Social, complementada com confirmação da Junta de Freguesia, de acordo com o modelo incluído no próprio requerimento.O Município do Porto já é dos que cobra um valor mais baixo na fatura da água aos seus clientes dentro da Área Metro-politana, graças a uma gestão eficiente da empresa municipal Águas do Porto que se mantém na esfera pública e que Rui Moreira recusa privatizar. •

Desconto na Água para famílias

Clientes e vendedores sa-tisfeitos, bancas cheias, lojas históricas, restau-ração tradicional, e visi-tantes curiosos por rever um velho mundo de cara completamente lavada,

onde compram e prometem voltar. É esta a realidade que se vive no Mercado Tem-porário, que mantém vivo o rebuliço a 200 passos do edifício original e na mesma rua, em Fernandes Tomás.Na inauguração, a 2 de maio, o Mercado Temporário recebeu a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que, a convite do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, andou de banca em loja, a cumprimentar todos os comer-ciantes, que agora possuem condições téc-

nicas de excelência para vender os seus produtos. Visivelmente surpreso com o resultado do trabalho e investimento mu-nicipal nas novas instalações, muito felizes “em termos de arrumação, disposição e de lembrança”, o chefe de Estado quis nessa altura enaltecer a ousadia da autarquia na condução do complexo processo. Desde então, o entusiasmo daqueles pri-meiros dias não esmoreceu, provando que os portuenses têm correspondido ao apelo de Rui Moreira. Em especial os comercian-tes de frescos confirmam que a mudança lhes trouxe, para além dos clientes habi-tuais (que não se perderam), o regresso de clientes antigos. E há ainda novos consu-midores que chegam e partem satisfeitos com sacos de compras carregados de saber e sabor, porque a experiência de compra

O Bolhão fechou. O Bolhão abriu. Distam 200 passos, marcados no chão da cidade, entre o velho mercado que já se restaura e o novo

e temporário que fervilha de vida, sabores e barulhos.

O Porto aqui tão perto

no Bolhão é singular.Constata-se que a casa vive bem com ho-rário alargado, que se adapta às exigên-cias da vida moderna. Abre a partir das 8,00 horas e funciona até mais tarde: de segunda a sexta-feira encerra às 20,00 e aos sábados fecha portas às 18,00 horas. Bastou este curto espaço de tempo, para verificar que a estratégia de extensão do horário foi acertada, porque é ao final do dia e ao fim de semana que grande parte dos clientes, principalmente os mais re-centes, se abastecem. Feitas bem as contas, o Mercado Tempo-rário recebe cerca de dez mil pessoas por dia, o dobro do que acontecia no antigo edifício nas suas melhores jornadas, em que o número de visitantes raramente ultrapassava os cinco mil.

C A M P A N H A D E P R O M O Ç Ã O D O T E M P O R Á R I O E S T Á N A S R U A S

Literalmente. Por certo já observou que há um troço da estrada da Rua Fernandes Tomás tomado por várias quadrículas. Pois bem, o chão do Porto é também caminho para o Bolhão. Esta é apenas uma parte da grande campanha de comunicação pro-metida pelo Município, para preservar os tradicionais comerciantes que, em 2020, espera devolver ao edifício histórico.Mas esta não é a única ação de comunica-ção que está e estará em curso. A fachada do atual edifício foi totalmente decorada com motivos alusivos ao mercado e, no seu interior, logo à entrada, enquanto desce as escadas rolantes, o visitante vê penduradas ao alto grandes fotografias, devidamente alinhadas, que apresentam os rostos de cada um dos comerciantes e lojistas, com a descrição do seu nome e ramo de negócio. A interação com o Metro do Porto também está em curso, com decoração total da estação do Bolhão, que no projeto de res-tauro e modernização terá acesso direto ao interior do mercado. Estão ainda a ser preparadas campanhas de TV, anúncios na imprensa e a cidade está revestida por uma gigante campanha de mupis.Esta é a maior operação de comunicação jamais feita pela Câmara do Porto e o in-vestimento aplicado, bem como o cuidado posto na campanha, superam largamente o realizado com a marca internacionalmente premiada “Porto.”, em 2014.

E S T A C I O N A M E N T O G R A T U I T O

A partir de 15 euros em compras, o esta-cionamento no parque do centro comercial com que convive agora o Bolhão, tempo-rariamente, é gratuito. Deste modo, pre-tende-se facilitar a deslocação e garantir uma experiência com o maior conforto. A estação de Metro que dá acesso ao Merca-do Temporário é a mesma que, no futuro, entrará pelo Bolhão dentro.

O B R A S N O B O L H Ã O J Á C O M E Ç A R A M

Tal como indicava o calendário previsto, as obras no Mercado do Bolhão já iniciaram. A 15 de maio foi oficialmente consignada a obra de restauro. Uma data histórica que marca, 100 anos após a inauguração do antigo mercado, o dia zero do resto da sua vida. O ato de assinatura entre a Câmara do Porto e o consórcio responsável pela obra foi seguido da entrada das primeiras máquinas no edifício. Agora, contam-se dois anos para que fique pronta a obra que devolverá à cidade um dos seus mais importantes valores patrimoniais, intacto na sua essência e sempre como mercado tradicional e público, de frescos. •

Supertaça Europeia no Porto

O Porto vai receber a final da Supertaça Europeia da uefa, a disputar no Estádio do Dragão, em agosto de 2020. A Federação Portuguesa de Futebol (fpf) candidatou a cidade em estreita colaboração com a Câmara do Porto e com o fc Porto, para ser anfitriã deste importante encontro, no mesmo ano em que se realiza a fase final do Campeonato da Europa de Futebol.O Comité da uefa decidiu aprovar a candi-datura do Porto, que competia com outras nove cidades europeias para receber um dos jogos mais importantes da tempora-da, dentro de dois anos. A candidatura exigia o cumprimento de apertados crité-rios que implicarão a montagem na cidade de áreas destinadas aos fãs, cerimónias, jantares oficiais e melhorias no Estádio do Dragão, que receberá o encontro. Da parte do Município do Porto, houve ainda colaboração na preparação de um extenso dossiê, sobretudo nas questões ligadas à mobilidade e segurança, que um evento desta envergadura obriga. •

Mais um campo em Ramalde

O Parque Desportivo de Ramalde, também conhecido como campo do INATEL, vai ter um novo relvado, de dimensões idênticas ao atual, novos balneários e bancada. O anúncio foi feito recentemente pelo pre-sidente da Câmara do Porto em reunião de Executivo, que explicou que a obra se vai realizar num lote de terreno do equipa-mento, que ainda não tinha sido aprovei-tado para qualquer fim. Em abril de 2017, o antigo Campo do inatel transformou-se num moderno parque desportivo graças a um protocolo assinado entre a Câmara e o Governo, e, em média, recebe agora mais de um milhar de utilizadores por mês. Com relvado sintético é um espaço atrativo para os clubes, as coletividades e as associações da cidade fazerem os seus jogos de futebol e râguebi. Na envolvente ao campo existe ainda uma pista de atle-tismo, devidamente homologada. Aqui, o investimento camarário rondou os 700 mil euros, para um direito de superfície que se estende durante 25 anos. •

N O T Í C I A S D O P O R T O R E S T A U R O E M O D E R N I Z A Ç Ã O • B O L H Ã O

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Um admirável museu novo levanta-se “a sete palmos da ter-ra” com o propósito de abrir o livro da vida de um terri-tório e de um povo

especial. O convite para visitar o Museu da História da Cidade faz-se com a devida antecedência, enquanto tudo se alinha para nos explicar, de forma interativa e lúdica, como é que o Porto se fez Porto. São acervos, relíquias documentais e ob-jetos, reunidos ao longo de décadas, jun-tando-se a milhares de horas de pesquisas coordenadas pela equipa de Alexandra Cerveira Lima, chefe da Divisão Munici-pal de Museus e Património Cultural, que neste processo tem também “auscultado investigadores e arqueólogos que fizeram intervenções na cidade e possam ter peças e informações relevantes”, para trazer à superfície narrativas que tenham a água como fio condutor, introduz.Desativado desde 1998 (altura em que o novo depósito entrou em funcionamento no terreno adjacente), o antigo Reserva-

A casa já está pronta. Num antigo reservatório de água do Parque da Pasteleira está a nascer o Museu da História da Cidade.

O local não era óbvio, mas oferece as melhores condições para perpetuar a alma do Porto. Vai literalmente emergir este ano.

tório de Água do Parque da Pasteleira vai transformar-se num núcleo museológico, mas a designação “Reservatório” será para manter. Segundo a responsável, o nome ajusta-se às novas funções do espaço-cis-terna: “um reservatório de espólios e de conhecimento; de marcas de ocupação humana descobertas no território ao longo dos tempos; de memórias e de histórias”.

D E B A I X O D A T E R R A E S T A V A O S E G R E D O M A I S B E M G U A R D A D O

Longe do rebuliço da baixa, em pleno Par-que da Pasteleira, o presidente da Câmara do Porto viu nele o cenário ideal para de-senvolver um conceito que tinha maturado: o Museu da Cidade policêntrico, constituído por diferentes polos museológicos disper-sos pelo território. A ideia, como recorda o presidente do Conselho de Administração da Águas do Porto, Frederico Fernandes, “surgiu numa visita conjunta realizada ao espaço já com a empreitada de reabilitação em curso”, enquanto decorria “o desaterro do reservatório e a demolição que pro-porcionou a sua abertura para o jardim

da Pasteleira”. Só nessa altura foi “verda-deiramente possível compreender toda a sua a amplitude, beleza e singularidade”. Anteriormente à visita que viria a deter-minar o futuro deste ativo, discutia-se “a criação de um espaço polivalente com potencialidade para atividades culturais, performativas, expositivas ou banquetes”, com base num estudo sobre o património da Águas do Porto, elaborado em 2014. Mas bastou ao “descobrimento” (porque é disso que se trata) olhar muito para além daquilo que era óbvio.A partir daí, “este projeto logo se afigurou único e cedo se tornou consensual, quer na visão da Águas do Porto, quer na pers-petiva mais ampla da Câmara Municipal”, afirma Frederico Fernandes, suportando a decisão com diferentes evidências: “o seu carácter e a sua história de reservatório semienterrado ligado à primeira conces-são de água na cidade no século xix; as enormes potencialidades de uso dada a flexibilidade e carácter abstrato do espaço; a sua integração plena num jardim público de grandes dimensões; e a centralidade em relação aos diferentes conjuntos de habita-

ção na sua vizinhança”, garantindo “nova vida e dignidade” ao Parque da Pasteleira que, apesar de muito bem tratado, nem sempre tem sido descoberto pela maioria dos portuenses.A nova estratégia urbana, implementada pelo Município durante este e o anterior mandato, bem como o projeto “Cultura em Expansão”, conjugaram-se, assim, com as prioridades de ação definidas pela ad-ministração da Águas do Porto, entre as quais se destacam a criação de valor, a sustentabilidade e a ativação do patrimó-nio da empresa, apontou o administrador.

H I S T Ó R I A D A C I D A D E S E R Á C O N T A D A E M D E Z C A P Í T U L O S

Concluídas as obras de reabilitação asse-guradas pela empresa municipal, já entrou em cena a equipa multidisciplinar coorde-nada por Alexandra Cerveira Lima. “Um dos objetivos é permitir ao visitante aceder a um conjunto de informações relevantes para a compreensão do processo evolutivo da transformação do atual espaço urbano.Ou seja, a História, nas suas grandes

etapas de desenvolvimento – através de disciplinas como a Arqueologia, a Arqui-tetura, o Urbanismo e a Geografia – passa a ser o pano de fundo que contextualiza os objetos expostos no museu”, elucida a dirigente municipal. Como também adianta, o novo museu “está pensado para se desenvolver em dez nú-cleos e dispor ainda de uma área dedicada a exposições temporárias”. Os distintos conteúdos programáticos – o Reservató-rio; o rio Douro; a origem dos primeiros povoados; o período da romanização; o controlo do território (vias e portas); o poder e a cidade; a expansão territorial no tempo dos Almadas; o liberalismo e o cerco do Porto; a evolução da população e das migrações à época da industrialização, e os planos da cidade moderna – estarão divididos de forma sequencial, convidando os visitantes a recuar até às primeiras formações coletivas que se começaram a organizar na Idade do Bronze.A primeira exposição temporária também já tem tema definido: a comemoração dos 200 anos de liberalismo no Porto, que vai integrar um vasto leque de iniciativas mu-nicipais em torno desta efeméride.

E Q U I P A M U LT I D I S C I P L I N A R A S S E G U R A P R O J E T O

Os trabalhos estão a progredir em várias frentes, fruto do diálogo constante entre a equipa municipal que propõe os conteúdos e a equipa de cenografia. Esta última, cons-tituída pelos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez, e pela dupla João Mendes Ribeiro e Catarina Fortuna, que propõem as adaptações cenográficas ao programa museológico, conta ainda com a colaboração do inesc tec (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computado-res, Tecnologia e Ciência), que “está neste momento a desenvolver uma proposta de soluções interativas”, informa a chefe de divisão municipal que tem acompanhado o ambicioso projeto.No processo de requalificação do espaço, opta-se por manter a rudeza dos materiais que caracterizam o Reservatório. Já no ex-terior, o grupo de arquitetos vai privilegiar a criação de um espaço verde para lazer na cobertura, aproveitando as potencia-lidades da área para a abrir ao parque, tornando possível a fruição pública. Todos os aspetos relacionados com a operacionalidade e manutenção do novo museu estão também a ser avaliados pe-las diferentes equipas. Como assinala a coordenadora do projeto, a adaptação do Reservatório às novas funções, contem-pla “reajustes às regras de acessibilidade dentro dos padrões exigíveis”, além de ser necessário estabilizar “a temperatura e humidade em níveis compatíveis com um programa que implica a exposição de peças de diversas cronologias e materiais”.

Merecemos este museu

M U S E U D A C I D A D E P O L I C Ê N T R I C O E S T Á A G A N H A R F O R M A

O Museu da História da Cidade, orçado em cerca de 700 mil euros e já com identidade visual definida, será apenas um dos polos dinamizadores de cultura com potencial de atração de visitantes, que emana da ideia apresentada por Rui Moreira para a cria-ção de um Museu da Cidade policêntrico

- que ocupe os espaços de maior pressão da cidade, mas que também seja capaz de criar conteúdos noutras zonas, normal-mente menos visitadas. O conceito assen-ta, por isso, na valorização do património cultural, de forma sistematizada. Nesse pressuposto, foi estabelecido um plano de modernização e dinamização de museus municipais pertencentes à Rede Portu-guesa de Museus e outros equipamentos

culturais de elevado interesse cultural e turístico. Com o apoio comunitário do Pro-grama Operacional Regional do Norte 2020, a ideia de Museu de Cidade já permitiu a chegada de novos públicos à Casa-Museu Guerra Junqueiro, reaberta em março de 2017; à Casa-Museu Marta Ortigão Sam-paio, que retomou a atividade em julho passado; e, mais recentemente, ao Museu Romântico, que reabriu em fevereiro. •

Outra das novidades é a trans-ferência do Museu do Vinho do Porto para os edifícios da Rua da Reboleira (n.ºs 33 a 37),

localizados na frente Ribeirinha, no Muro dos Bacalhoeiros. Durante cerca de duas décadas, funcionou ali o Centro Regional de Artes Tradicionais. Quis a vontade do Executivo que aquele imóvel municipal, com uma localização privilegiada, não tivesse sido alienado, como em tempos se pretendeu fazer. De facto, não podia a Câmara Municipal prescindir daquele ativo que se afigura o local ideal para dar expressão a um produto que, há séculos, leva o nome da cidade a todo o mundo. Nele, os visitantes poderão degustar centenas de rótulos das regiões demarcadas do Douro. As obras de requalificação e readaptação

Cidade volta a ter um Museu do Vinho do Portodo edifício, da autoria do arquiteto Camilo Rebelo, estão concluídas, e prevê-se agora que o museu abra até ao final do ano. O investimento aproxima-se dos 900 mil euros, compreendendo “os domínios da requalificação dos espaços, reabilitação, restauro, recuperação e conservação, bem como aspetos relacionados com a museo-grafia, equipamento e material promocio-nal”, descreve Alexandra Cerveira Lima.A transferência física do atual Museu do Vinho do Porto para o edifício da Rua da Reboleira, implica também “uma revisão programática que reflita a importância do poder local na regulação do comércio do vinho em geral e do Vinho do Porto em particular”, num espaço que “dignifique e dê a conhecer ao público o espólio munici-pal relacionado com o tema”, constituído por equipamentos e objetos de diversas

formas, funções e materiais, também em depósito noutras instituições, explica. Sem prejuízo do seu carácter identitário e exclusivo, Alexandra Cerveira Lima acrescenta que o museu deverá fornecer “uma leitura de dimensão universal sobre o papel simbólico, profilático, político e exultante do vinho”.Assim, o programa museológico desen-volve-se em torno do tema “O Governo da Cidade e o Vinho”, assente em duas áreas: Oficiais Municipais e Vinho (do século xvi ao século xviii); e Coleções Mu-nicipais (do século iv a.c. a xx). A apoiar a reinstalação deste museu será afeto para valências complementares o rés-do-chão do edifício da Rua da Reboleira n.º 18 a 24, desig nadamente para serviços edu-cativos, espaços multiusos e auditório, a poucos metros do edifício principal. •

M E R E C E M O S E S T E M U S E U • C U L T U R A

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Há um plano para o futuroQuando os cidadãos discutem com os cidadãos o seu futuro, o resultado só pode ser positivo. Numa iniciativa

inédita, a Câmara do Porto promoveu recentemente a Semana do pdm e convidou os munícipes a conhecer a fase de caracterização e diagnóstico da revisão em curso do Plano Diretor Municipal. Realizaram-se cinco grandes sessões

temáticas em diferentes freguesias, sempre com sala cheia e sempre com grande participação à Porto.

No Porto, o mais importante ins-trumento urbanístico entrou em vigor em 2006 e, volvida mais de uma década, urgia

adaptar-se ao novo tempo que a cidade vive, às transformações que conheceu, especialmente ao crescimento económico exponencial registado nos últimos anos.Como em todos os outros municípios do país, o processo de revisão do pdm poderia também no Porto seguir o circuito fechado dos gabinetes. Entre paredes, a vereação discutiria os pareceres técnicos e analisa-ria os estudos dos especialistas académi-cos. Tudo estaria bem se assim fosse. Mas no Porto, quis o Executivo municipal, mais precisamente por iniciativa do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, partilhar este momento charneira com a população – entre o diagnóstico da cidade que somos e a cidade que queremos ser. As cinco sessões da Semana do pdm de-correram, por isso, após o lançamento de uma convocatória aberta aos cidadãos, efetuada através de múltiplos meios de co-municação – anúncios em jornais, artigos no portal de notícias Porto. e mupis espa-lhados pela cidade, em que o programa foi revelado. Quem não teve oportunidade de assistir presencialmente pôde fazê-lo em direto a partir da página oficial da Câma-ra do Porto no Facebook ou do canal de Youtube. E, se ainda hoje não sabe que assuntos e debates nortearam os encon-tros, os vídeos mantêm-se disponíveis para consulta na íntegra, nos mesmos canais.Nos quatro primeiros encontros, apresen-tou-se o retrato atual da cidade, dividido em quatro grandes áreas temáticas: Am-biente; Património Cultural e Dinâmicas Urbanísticas; Pessoas e Atividades; Mobi-lidade, Transportes e Ocupação de Solos. Todos eles contaram com a participação dos técnicos e especialistas responsáveis pela elaboração dos relatórios, que trou-xeram à audiência um resumo dos resul-tados. A moderação das sessões coube ao vereador do Urbanismo, sendo que nenhu-ma das questões ou observações colocadas pelo público foi deixada sem resposta.

Q U E C I D A D E Q U E R E M O S D A Q U I A D E Z A N O S

Na última sessão da Semana do pdm, o presente ficou no passado e no presente falou-se de futuro. A alinhar no discurso a sua visão prospetiva, Rui Moreira deixou algumas questões para reflexão: “Quere-mos uma cidade pequena? Queremos uma cidade que se confine ao seu destino de centro urbano histórico com uma orla de habitação mais acessível e com um forte cariz social? Ou queremos uma cidade mais densificada, de atividades económicas diversificadas e com novos horizontes de desenvolvimento onde ainda há a opor-tunidade de estruturar e redesenhar?”. Considerando que o pdm é Lei, o autarca frisou que “o Executivo não pode violar a Lei nem pode condicionar as suas decisões em função de gostos e estilos”.Por isso, admitiu que sempre que “a opi-nião pública questiona esta ou aquela “de-cisão”, a construção ou a volumetria de determinado imóvel”, fá-lo com base no “errado pressuposto de que essa é uma decisão discricionária de um vereador, de um diretor municipal ou até do presidente da Câmara”. Para Rui Moreira, “o que há é um pdm, que é uma Lei, que os serviços e os políticos têm a obrigação de cumprir e fazer cumprir”. Da mesma forma, alertou que “rasgar licenciamentos e ignorar direi-tos adquiridos” acarreta um ónus pesado para as gerações vindouras. A pensar já na Lei da cidade para os próxi-mos dez anos, o vereador Pedro Baganha revelou, em linhas gerais, a visão de futuro que se enquadra no pensamento político da maioria governativa do Município.

M A I S A T R A T I V A

Em primeiro lugar, para continuar a ser cidade atrativa, “o Porto deve reforçar o seu papel de centralidade e de referência no âmbito da Área Metropolitana”, referiu o vereador, reconhecendo que o maior desafio “será estancar a quebra populacio-nal que se verifica desde a década de 80”. Para isso, é preciso estimular a fixação de

população jovem e, paralelamente, cons-truir uma cidade mais amiga dos idosos, aumentando as condições de suporte, de conforto e de autonomia, atendendo a que o envelhecimento da população é uma ten-dência transversal a todo o país.

M A I S C O E S A

Reduzir “assimetrias territoriais e so-ciais” também é objetivo, até porque, reconhece, trata-se de um problema estrutural e antigo. “O novo pdm deve reforçar a matriz bairrista do Porto” e a interligação com os municípios vizi-nhos, disse o vereador, prevendo que, ao interligar territórios, aumentem “as possibilidades de mobilidade social”. Ficará também plasmado no novo pdm a promoção do acesso à habitação, com sinalização de áreas de expansão, dando-se ainda particular atenção à qualificação e integração dos territórios da habitação social, para que, deste modo, se crie na-turalmente um contínuo urbano.

M A I S D I N Â M I C A

Há também uma cidade dinâmica, de voca-ção plural, disponível para a diferença, que não se quer perder e que pode ser ainda mais estimulada à luz do novo instrumen-to urbanístico. “O Porto deve reforçar a sua matriz cosmopolita como cidade de acolhimento”, bem como o seu papel en-quanto polo de produção de conhecimento e inovação, defende o vereador. Para tanto, o novo pdm deve promover a criação de no-vos centros económicos estrategicamente localizados, com vista ao desenvolvimento territorial e social integrado.

M A I S S U S T E N T Á V E L

Por fim, Pedro Baganha identificou como traço caraterístico do futuro pdm a sus-tentabilidade, que se espelha na “contínua aposta na reabilitação urbana”, que, na sua opinião, está longe de se esgotar numa geração. “É pois chegada a hora de apostar estrategicamente na densificação inteli-

gente das áreas de expansão da cidade”, notou também o responsável pelo Pelouro do Urbanismo. Paralelamente, a sã convi-vência entre património construído e patri-mónio contemporâneo também faz parte dos planos do Executivo de Rui Moreira, que propõe que o novo documento defenda “o reforço das redes de transportes cole-tivos, o progressivo condicionamento do trânsito de automóveis particulares e a pe-donalização gradual do centro histórico”.

O Q U E S E S E G U E N A R E V I S Ã O

De acordo com o calendário dos serviços municipais, é expectável que a proposta de plano do pdm seja apresentada em mar-ço de 2019, sendo que, finda essa fase, os munícipes receberão novo convite para se pronunciarem sobre as linhas orientadoras que vão gizar o ordenamento do território urbano na próxima década. Para acompanhar a par e passo a revisão do pdm, a Câmara criou um sítio próprio na Internet para a consulta de toda a in-formação produzida, incluindo todos osestudos apresentados na Semana do pdm (www.cm-porto.pt/a-revisao-do-pdm).Para sugestões, foi disponibilizado o email [email protected].

P O R Q U E P R E C I S A M O S D O P D M

O Plano Director Municipal é o principal instrumento legal de gestão de um conce-lho, cujo principal objetivo diz respeito à gestão da utilização do solo e à definição e coordenação dos diversos sistemas urba-nos que atuam em determinado território. “No atual quadro jurídico, o pdm estabelece a norma que vincula os agentes urbanos e deve, por isso, incorporar todas as condi-cionantes impostas pelos programas sec-toriais ou outros instrumentos legais que impendam sobre o território. Atualmente, não existe um prazo legal estabelecido de forma imperativa para a sua vigência. Idealmente, o pdm deverá ser revisto a cada 10 anos, mormente em circunstâncias de elevado dinamismo social e urbano”, clarifica Pedro Baganha. •

O processo de revisão do Plano Director Municipal, actualmente em curso, proporciona a opor-tunidade para uma reflexão

aprofundada sobre a cidade que somos e a cidade que queremos ser. O pdm é o prin-cipal instrumento de gestão urbanística, determinando as regras e condicionantes para as actividades de construção e de ur-banização. Mas o plano estabelece também os grandes objectivos de desenvolvimento, pelo menos para os próximos 10 anos. Com-porta por isso uma dimensão estratégica fundamental, determinando o quadro de futuros desenvolvimentos e prioridades, restrições de uso e reservas de solo.No fundo, o pdm é o principal instrumento de concretização de uma visão de futuro, e é o meio para levar a cabo uma deter-minada política de cidade. Hoje, o Porto atravessa um período de mu-dança. O actual pdm, datado de 2006, tinha como um dos seus principais desígnios a aposta na reabilitação urbana e o regresso ao centro da cidade. Para a sua concre-tização foi estabelecida uma estratégia de incentivo à reabilitação urbana, e de diminuição da apetência construtiva nas áreas exteriores ao centro histórico. Essa estratégia resultou, e hoje, esse desígnio encontra-se em larga medida cumprido. Depois dos anos da crise económica e fi-nanceira que assolou o País e a Europa, a recuperação da economia, a par do acrés-cimo da atractividade, da visibilidade e da notoriedade do Porto, permitiram criar as condições para que o grande objectivo do Plano de 2006, no essencial, se cumprisse.Apesar dos problemas que perduram, apesar das dores de crescimento deste período pós-crise, o Porto assume hoje um orgulho próprio e uma ambição op-timista de afirmação do seu papel como cidade média europeia que se quer coesa, interessante, sustentável e segura. O novo pdm, actualmente em discussão, será portanto uma necessária actualiza-ção do anterior, consolidando as opções que se mantêm válidas, densificando as acções que se revelaram insuficientes, corrigindo as opções que se verificaram equivocadas, e propondo novas estratégias que materializem novas ambições.Se tivermos que sintetizar um grande objectivo para o novo plano do Porto, ele estará provavelmente relacionado com a demografia. Existe algum consenso sobre a importância de estancar a quebra po-pulacional que se verifica no Porto desde a década de 80. Parece-nos igualmente fundamental que a médio e longo prazo a cidade aumente gradualmente a sua po-pulação residente: à dinâmica económica a que se assiste neste período, deve cor-

responder idêntica vitalidade demográfica. Esse desígnio relaciona-se intimamente com a visão de cidade que defendemos: em 2030, o Porto deverá ser uma cidade mais atractiva, mais coesa, mais dinâmica e mais sustentável.Naturalmente que o cumprimento daquele objectivo depende de um conjunto de polí-ticas sectoriais, relacionadas com a econo-mia, com a mobilidade, com a habitação, e com a coesão social. Mas há um factor urbanístico que nos parece crítico para o seu sucesso: o plano deve continuar o in-vestimento na reabilitação, mas é chegada a hora de apostar simultaneamente na densificação inteligente das áreas urbanas de expansão, criando as condições para vencer os desafios atuais, ao mesmo tempo que se defendem os valores ambientais, paisagísticos e patrimoniais existentes no território do Município. Essa densificação deve ser sensível aos grandes sistemas urbanos, designada-mente aos relacionados com a mobilidade e com o ambiente. Uma densificação inteli-gente permitirá a qualificação dos espaços não destinados à edificação, contribuindo para a construção de uma estrutura eco-lógica coerente. Simultaneamente, uma abordagem estratégica à densificação, em particular dos terrenos servidos pelo Metro, permitirá reduzir os movimentos pendulares em transporte individual e aumentar a sustentabilidade das redes colectivas existentes.Existem alguns exemplos na cidade con-solidada que melhor podem ilustrar as virtudes da densificação. Referirei um: a urbanização do Foco. Reconhecerá a maior parte dos portuenses que aquele conjunto urbano é coerente, qualificado, e até, segundo alguns, patrimonialmente relevante. No entanto, o índice de cons-trução que lhe corresponde é duas vezes e meia superior ao admitido pelo pdm em vigor na maior parte das zonas! Tal facto parece demonstrar que a densidade estra-tegicamente aplicada resulta em espaços urbanos com qualidade de vida, e pode contribuir para a resolução dos grandes desafios com que o Porto hoje se depara, nomeadamente controlando o custo da construção, aumentando a oferta da ha-bitação e, dessa forma, contribuindo para diminuir a pressão sobre o preço final.O pdm é uma peça central em qualquer política de cidade e dele depende em gran-de medida o modelo de desenvolvimento para a próxima década. É do nosso futuro colectivo, portanto, que estamos a falar. •

P E D R O B A G A N H A Vereador dos Pelouros do Urbanismo,

Espaço Público e Património

PDM: a verdadeira política de habitação“Para a maior parte dos portuenses a urbanização do Foco é coerente, qualificada, e relevante. No entanto, o índice de construção que lhe corresponde é duas vezes e meia superior ao admitido pelo pdm em vigor na maior parte das zonas!”

R E V I S Ã O D O P D M • U R B A N I S M O R E V I S Ã O D O P D M • U R B A N I S M O

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Quando Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues anunciaram a construção de uma nova travessia entre as suas cidades, ficava evidente que a futura ponte D. António

Francisco dos Santos era, também, um ato de entendimento muito relevante.

Esta obra marca um ponto de vi-ragem na história do poder local em Portugal. Pela primeira vez, os dois municípios assumem por

inteiro o planeamento, construção e finan-ciamento de uma ponte com um custo aproximado de 12 milhões de euros.A sétima travessia sobre o rio Douro, entre Porto e Gaia, vai nascer a montante da ponte Luís i, na zona oriental da cidade, entre as já existentes de São João e do Freixo. Em detalhe, ergue-se na parte mais estreita do rio, à cota baixa, no local em que a distância entre as duas margens é de apenas 250 metros: no Porto, ficará à entrada do vale de Campanhã e, em Gaia, estará “amarrada” ao Areinho. A solução para a futura ponte D. António Francisco dos Santos, nome atribuído em homenagem ao antigo bispo do Porto, falecido em 2017, acontece depois de um aturado trabalho político e técnico, de es-tudos e de reuniões havidas entre os dois municípios. No ano anterior, foi público que os presidentes de Câmara, Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues, estudavam essa possibilidade, após outras soluções terem sido abandonadas por variadas razões.

A M E L H O R L O C A L I Z A Ç Ã O

A localização corresponde aos estudos feitos há anos pelo professor Adão da Fonseca, especialista que indicava aquele sítio, entre a Ponte de São João e a Ponte do Freixo, como o melhor para a instala-ção da nova travessia rodoviária, onde a altitude das escarpas (do lado do Porto) diminui consideravelmente. Note-se, ainda, que as Câmaras não ficam dependentes da classificação de património, já que a futura ligação não está inserida em zona histórica, nem depende do Estado central, uma vez que está garantida a construção com recursos próprios.Assim, foi possível reunir vantagens não só ao nível da política de mobilidade articula-da entre as duas autarquias, como ainda beneficiar de aspetos de ordem prática

de execução da obra. Por último, e não menos importante, a nova ponte terá ainda capacidade de contribuir para a coesão territorial e social dos territórios.Na base desta decisão política existe um problema há muito tempo identificado: é necessária uma nova ponte sobre o rio Douro, que resolva a saturação da ponte Luís i (nela circulam perto de seis mil veí-culos por dia; atravessam-na mais de 11 mil pessoas; e o metro transporta diariamente cerca de 30 mil pessoas).Inicialmente, Porto e Gaia propuseram corrigir o problema através do alargamen-to do tabuleiro inferior da Ponte Luís i (à semelhança do que foi feito no tabulei-ro superior para a passagem do metro), contudo esbarram com um não redondo da Infraestruturas de Portugal, empre-sa gerida pelo Estado, responsável por autorizar as intervenções numa obra Pa-trimónio da Humanidade. Por outro lado, como referiu Rui Moreira em Assembleia Municipal ocorrida em dezembro último, ainda se equacionou a construção de uma travessia a jusante da Ponte Luís i, mas logo se verificou inviável, tanto pela falta

de oportunidade de amarração às mar-gens, quanto pela saturação previsível do centro histórico das duas cidades.Pode-se assim concluir que à localização da sétima ligação entre Porto e Gaia pre-sidiram critérios geográficos e de oportu-nidade. Como refere o vereador do Urba-nismo, Pedro Baganha, a zona oriental da cidade encontra nesta obra terreno fértil para prosperar. “Como se de uma rua se tratasse”, a nova ponte vai “dar nova per-tinência” ao redesenho das zonas da China e da Agra, aliás, já previsto no atual pdm.O investimento da Câmara Municipal es-tende-se, por isso, à construção de novas acessibilidades numa área nevrálgica de Campanhã. Quem entrar no Porto pela futura ponte, rapidamente conseguirá chegar até outras infraestruturas-ânco-ra que serão igualmente determinantes para o desenvolvimento da zona oriental da cidade – o Terminal Intermodal, o Ma-tadouro Industrial e o Intercetor do rio Tinto. Além disso, o contínuo urbano será assegurado através de uma ligação à cota intermédia, estando ainda a equacionar-se a construção de alguns viadutos.

E S T R A T É G I C A P A R A C A M P A N H Ã

Com esta nova dinâmica, a malha de es-paços públicos será reformulada, sendo previsível a instalação de novos polos em-presariais na zona ribeirinha do Freixo.A estratégia territorial conclui-se com uma ciclovia oriental, sendo que a nova rede de arruamentos (que também inclui a área envolvente da Quinta de Bonjóia) vai permitir, pela primeira vez na história, a criação de um contínuo urbano de uma ponta à outra da cidade.Por esta ordem de razões, a nova solu-ção foi desenhada com a devida reserva que um anúncio desta envergadura pedia: concertando decisões políticas, recolhen-do pareceres técnicos e pré-definindo a melhor localização. Ultrapassadas estas etapas sem ruído mediático, aquela que já é considerada uma obra da Região Norte pode definitivamente avançar.Ainda este ano, será lançado o concurso para o projeto e, posteriormente, um se-gundo para a empreitada. Estima-se que a nova ligação esteja concluída nos próximos quatro anos, dando assim continuidade à política de mobilidade articulada entre os concelhos de Porto e Gaia.

O Q U E E S T Á P R E V I S T O P A R A A S P O N T E S L U Í S I E D O N A M A R I A

O anúncio da construção de uma nova pon-te entre as margens do Porto e Gaia trouxe também outras novidades. Quando estiver pronta, a Ponte D. António Francisco dos Santos permitirá a pedonalização do tabu-leiro inferior da Ponte Luís i e a colocação de uma ciclovia, sendo previsível receber ainda um elétrico histórico. Já a Ponte Dona Maria será uma ciclovia, conforme previsto nos planos de ambas as cidades.

S I N D I C A T O D A C O N S T R U Ç Ã O A P L A U D E O A N Ú N C I O

Para o Sindicato da Construção e Madei-ras de Portugal, o mais representativo do setor a nível nacional, esta infraestrutura reveste-se “de grande importância direta-mente para as populações da Área Metro-politana do Porto, bem como para aqueles que visitam a Região”. Congratulando a convergência de ideias de Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues, o Sindicato acredita que a decisão servirá para mitigar “a muita saturação de tráfego na Ponte do Infante”. Segundo a organização sindi-cal, este investimento público, totalmente suportado a nível local, configura uma excelente oportunidade para alavancar o desenvolvimento económico, permitin-do a criação de “milhares de postos de trabalho”. De fora, não ficam as críticas ao Estado central: “se a região estives-se à espera que o Governo tomasse uma iniciativa destas quando aconteceria?” •

A fazer a ponte entre Porto e GaiaEstá em curso o plano de requalificação

das Escolas Básicas do Porto. Para 2018, “o investimento na educação ronda os 10 milhões de euros, dos quais cerca de 3 milhões de euros são para investimento em obras de requalificação de estabeleci-mentos escolares, a que acresce a verba de 7 milhões de euros para as obras de requalificação e modernização da Escola Secundária Alexandre Herculano”, informa Fernando Paulo, vereador responsável pelo Pelouro da Educação da Câmara do Porto.No programa de intervenções destaca-se o investimento de 1 milhão de euros na eb das Flores, cuja conclusão está prevista para junho. Por enquanto, o estabeleci-mento de ensino ainda funciona em salas modulares colocadas numa parte do seu recreio. Já na pausa letiva de verão, avança a substituição integral da cobertura da eb Fonte da Moura, num investimento que ronda os 175 mil euros.Outra grande empreitada programada para o mês de setembro é a da requalifi-cação da eb do Bom Sucesso. Enquanto decorrerem as obras, orçadas em 750 mil euros, a comunidade escolar será transferida para outro equipamento do mesmo Agrupamento de Escolas Infante Dom Henrique. Estas obras e transferên-cias temporárias de alunos são sempre precedidas de reuniões e diálogo com os encarregados de educação e com o corpo docente dos estabelecimentos de ensino.Há ainda obras de manutenção do edifica-do escolar agendadas para breve em mais três escolas básicas da cidade: eb de S. Nicolau (45 mil euros); eb Lagarteiro (40 mil euros); eb Agra (17 mil euros). “Con-tinuaremos, assim, a concretizar medidas que coloquem a escola pública no centro da política educativa, qualificando-a, me-lhorando o seu funcionamento e organiza-ção, e os resultados escolares dos alunos”, afirma o vereador da Educação.Nesta senda de reabilitação do parque escolar, Fernando Paulo pretende também que a Câmara tenha um papel cada vez mais interveniente nas várias vertentes que interferem no plano educativo, nomea-damente “na manutenção do parque esco-lar; no reordenamento da rede escolar; nas atividades de enriquecimento curricular; na diversificação da oferta de programas educativos e pedagógicos; no aumento de cursos de educação, formação e profissio-nais; na formação dos agentes educativos; na ação social escolar; na abertura da es-cola ao exterior; e no enraizamento de uma cultura de responsabilização”, detalha •

Investimento municipal nas escolas cresce A Câmara do Porto comunicou

o exercício do direito de pre-ferência sobre a transação de um imóvel, contíguo ao Palá-

cio de Cristal, com o objetivo de expandir a área dos seus jardins. O contrato será celebrado pelo valor de 950 mil euros, um montante que o Município do Porto considera “equilibrado” após ter promo-vido a avaliação do terreno, localizado na Rua de Entre Quintas. As duas parcelas adquiridas ficam “paredes-meias” com o espaço verde que compõe os jardins do Palácio de Cristal. Com esta aquisição, a autarquia pretende “reabilitar o edi-ficado urbano em ruínas, considerando o seu interesse histórico para a cidade do Porto” e, por essa via, dar corpo à intensão de ampliar os jardins do Palácio. Recorde-se que o exercício do direito de preferência é um instrumento à dis-posição das autarquias, que no Porto só começou a ser aplicado a partir de 2016.Trata-se de uma medida de caráter excecional, que visa dar cumprimento às políticas de cidade promovidas pelo Executivo municipal. Tem sido utiliza-do em zonas de proteção de patrimó-nio histórico e em áreas de reabilitação onde a operação urbanística em curso identifique a necessidade excecional de intervenção, ou sempre que o interesse municipal se entenda superior.

Este é mais um investimento naquele espaço, que alberga o Pavilhão Rosa Mota, atualmente a ser reabilitado para se transformar num espaço polivalente, capaz de receber congressos e outros eventos de grande dimensão.Em curso estão também os procedimen-tos para construção de meios suaves me-cânicos que permitirão vencer o desnível que separa os jardins da marginal e do Centro de Congressos da Alfândega.Entretanto, a Câmara do Porto já reabi-litou os jardins, os torreões e percursos pedonais e a Avenida das Tílias, consoli-dando a escarpa. O total do investimento ultrapassa os três milhões de euros.Também integrada nos mesmos jardins, está o conjunto da Biblioteca Almeida Garrett e da Galeria Municipal, que têm vindo a ser dinamizadas. A galeria bate sistematicamente o número de visitantes todos os anos e tem recebido grandes exposições, promovidas pela autarquia.Também o Museu do Romântico, situado nas imediações, foi restaurado recente-mente e encontra-se já em funcionamen-to, totalmente renovado.O parque de estacionamento situado por debaixo dos jardins termina este ano a sua concessão, tendo a Câmara do Porto co-municado a intenção de internalizar a sua operação, que passará a ter tarifas mais baixas para moradores e comerciantes. •

Jardins do Palácio já podem crescer

A segurança rodoviária nas zonas escola-res é foco de atenção redobrada por parte da Câmara do Porto. Após a intervenção em ruas como Guerra Junqueiro, acaba de ser implementado um novo projeto na Rua de Carlos Malheiro Dias, junto ao Externa-do Escravas do Sagrado Coração de Jesus. Quem passa por esta artéria encontra ago-ra um sistema de marcação e sinalização rodoviária junto à escola, na entrada e saída de alunos, que se destaca pelos “pon-tos” azuis no piso. A intenção é gerar o abrandamento de movimentos de viaturas e pessoas, com reflexos na segurança e mobilidade, num local reconhecido pelo grande embaraço no trânsito causado pelo hábito de paragem em segunda fila. “A configuração da rua, uma das principais entradas na cidade, permitiu-nos criar, pela primeira vez no Porto, um amortece-dor de segurança, a que chamamos uma zona de kiss & ride para as crianças da escola e os pais que as vão levar e buscar”, observa Cristina Pimentel, vereadora do Pelouro dos Transportes do Município.

Segurança nas zonas escolaresJá antes deste sistema, um vasto conjunto de escolas foi alvo de melhorias efetuadas a vários níveis, nomeadamente na sinaliza-ção rodoviária, na instalação de guardas de proteção e no reforço de atravessamentos na envolvente próxima. Todas indicam que “a questão da mobilidade, acessibilidade e segurança junto das zonas escolares tem sido uma preocupação da autarquia. São zonas normalmente críticas, que envolvem várias questões, sobretudo a segurança de crianças”, considera Cristina Pimentel.Com os pontos críticos em zonas escolares “devidamente identificados”, a vereadora apresenta como próximo foco desta estra-tégia “a zona complexa” junto às escolas Fontes Pereira de Melo e Clara de Resende.Também nas avenidas Brasil e de Mon-tevideu as condições foram revistas. Re-forçou-se a visibilidade; procedeu-se à pintura de bandas; colocou-se pinos na aproximação às passadeiras e criou-se uma passadeira na zona do Homem do Leme, o que permite reduzir a distância entre atravessamentos. •

751 dias em livro

9 de junho será um dia duplamente feliz para homenagear a memória do antigo vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva. Naquela que

era a data do seu aniversário, chega um livro não de memórias, mas um repositório de fragmentos de 751 dias de total entrega à “cidade líquida” e à materialização do conceito de “felizcidade” que sublimemen-te nos deixou. E o Porto cuidou de lhe dar continuidade, porque só assim o poderia honrar. O livro é assinado pela jornalista Helena Teixeira da Silva que, para a sua pesquisa, investigou e estudou os frené-ticos dias de Paulo Cunha e Silva como vereador da Cultura da Câmara do Porto. No mesmo dia 9 de junho, como já anun-ciado, decorre na Galeria Municipal a inauguração da exposição Prémio Paulo Cunha e Silva, com curadoria de Guilher-me Blanc e João Laia. A exposição incluirá as obras dos seis artistas selecionados para a fase final do Prémio: Christine Sun Kim (EUA); Jonathas de Andrade (Brasil); June Crespo (Espanha); Mariana Caló e Francisco Queimadela (Portugal); Naufus Ramírez Figueroa (Guatemala); e Olga Balema (Ucrânia). •

A Câmara do Porto vai garantir o financia-mento necessário para a sobrevivência do tep e do Festival de Marionetas, mesmo que a Direção-Geral das Artes mantenha a decisão de não apoiar financeiramente as duas estruturas, no âmbito do Progra-ma de Apoio Sustentado, para os anos de 2018-2021. O tep - Teatro Experimental do Porto e o fimp - Festival Internacional de Marionetas do Porto estão em fase de re-curso por não terem sido contemplados na lista de apoios do Estado, mas Rui Moreira declarou recentemente que o Município “não vai esperar” pela decisão.Assim, o autarca que vai levar o tema ao Executivo, revelou ter já analisado a ques-tão com as outras forças políticas e ter sos-segado as direções do tep e do fimp com a garantia de um apoio. “Porquê estas duas estruturas? Porque são aquelas que têm vindo a trabalhar em coproduções com o nosso Teatro [Municipal do Porto] e cujo desaparecimento seria uma verdadeira tragédia cultural”, afirma. Ainda a pro-pósito, o autarca não deixou de sublinhar que “tudo isto seria bastante mais simples se tivéssemos já em funcionamento a Em-presa Municipal de Cultura, como existe em Lisboa ou em Braga”. •

TEP e FIMP

N O T Í C I A S D O P O R T O N O V A P O N T E • M O B I L I D A D E

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Kengo Kuma: do Olímpico de Tóquio ao Matadouro em Campanhã

O horizonte que se desenha

a oriente

A reconversão do Matadouro é o que se chama um game changer, ou seja, é algo que, realmente pode servir como um desafio

à cidade ou, pelo menos, a uma boa e im-portante parte da cidade, mudando-a. Realmente, quando estiver concluído e em funcionamento, o Matadouro, que articula com as acessibilidades criadas para outras infraestruturas (as construções do Termi-nal Intermodal de Campanhã e da nova

ponte que ligará a zona oriental a Gaia serão contemporâneas), pode servir como grande impulsionador económico, social, cultural e demográfico das freguesias mais orientais do Porto (Bonfim e Campanhã), mas será também um extraordinário polo dinamizador de toda a cidade.Com áreas para a instalação de empre-sas, mas também com museus (o Museu da Indústria ficará lá sediado), reservas de arte, auditórios, espaços expositivos e

equipamentos sociais, o Matadouro não é, contudo, a repetição do conceito de condomínio empresarial fechado como existe noutros locais, mas antes um espaço aberto e de passagem, ou seja, será parte da cidade. Será cidade.Um dos elementos fundamentais do pro-jeto é a rua pedonal coberta, que o atra-vessa de ponta a ponta, ligando a um jar-dim suspenso sobre a vci que dá acesso à Estação de Metro do Estádio do Dragão.

Este canal permitirá dar vida quotidiana ao espaço, introduzindo-lhe vivência de cidade e não fechando o ecossistema. Dito de outra forma, o Matadouro cria a grande rua coberta do Porto, a partir da qual se desenvolve uma cidade nova, capaz de servir como grande impulsionador da zona oriental. O projeto vencedor do concurso de concessão acaba de ser adjudicado à Monta Engil. Dentro de meses, começa a ser construído um Porto novo. •

O novo Estádio Nacional de Tóquio, que receberá a cerimónia de abertura dos Jo-gos Olímpicos de 2020, foi projetado por Kengo Kuma, o mesmo que, em parceria com os premiados arquitetos portugueses da ooda, um gabinete que bebe da famosa escola de arquitetura do Porto, desenvol-veu o conceito que será implementado no Matadouro. Mal comparado, podemos dizer que o projeto que será desenvolvido no Matadouro é “a nova Casa da Música” da cidade, tal o impacto que terá do ponto de vista da referência arquitetónica e do que representará para a cidade, tendo em conta os nomes envolvidos no projeto.

Nascido em Yokohama, produto da escola de arquitetura de Tóquio, Kengo Kuma é autor de outros objetos de enorme im-portância para a arquitetura mundial, como o Suntory Museum of Art, na capital japonesa; a Bamboo Wall House, na China; a sede do Grupo Louis Vuitton, no Japão; o Besançon Art Center, em França; e um dos maiores spas das Caraíbas, para a Mandarin Oriental Dellis Cay.O projeto prevê uma grande cobertura que, num só gesto, une o antigo, que será preservado, e o novo edifício de remate, assim como a passagem por cima da vci. Todo o trabalho foi feito com o cuidado

e sensibilidade de quem intervém em património histórico, mas pretendendo criar unidade e identidade. Estabele-ce assim um diálogo de escala com as grandes infraestruturas adjacentes e, de forma subtil, através dos materiais, com o casario da freguesia da Campanhã.O desenho da cobertura não só une todo o complexo, como através do seu movimen-to (cumieiras) sublinha as partes essen-ciais do programa, servindo como pontos de referência e orientação. A proposta cria um impacto visual único para quem atravessa a vci e permite fazer com que a cidade ganhe elasticidade e usufruto

durante 365 dias, enquanto ativa o lugar com o seu programa e abre também todo um conjunto de novas oportunidades para os espaços exteriores e para a comunidade.Garante-se assim a desejada visibilidade e atração a esta zona da cidade, que será fundamental para o sucesso a longo prazo do processo de consolidação territorial e de inclusão social. A passagem aérea, en-quanto ponte pedonal superior sobre a vci, permitirá unir o complexo do Matadouro à zona do Estádio do Dragão a poente. Mas, enquanto jardim e miradouro, seá também o remate mais visível de uma abordagem que cria uma nova identidade marcante. •

Há projetos que não deixam ninguém indiferente e que são capazes de mudar realmente a vida das cidades e, logo, das pessoas. Social, económica e culturalmente, o desafio lançado em 2016 por Rui Moreira na Trienal de Milão, ganhou agora forma pelas mãos do arquiteto japonês Kengo Kuma, que projetou o estádio que abrirá os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020. O investimento de 40 milhões de euros é totalmente privado e caberá a uma empresa da cidade, que se compromete a cumprir integralmente o programa definido pela autarquia, nos próximos 30 anos. Será casa de novas e dinâmicas empresas, lugar de arte, museus e cultura. Será espaço público atento à coesão social e será, também, a primeira rua coberta do Porto. O Matadouro ganha vida. Dá vida. E não será um condomínio fechado. Será, sim, o maior objeto físico de uma visão nova e aberta de uma cidade onde não há espaços nem zonas proscritas. Onde Campanhã também é Porto. Onde é, aliás, o Porto. Ponto.

U M H O R I Z O N T E Q U E S E D E S E N H A A O R I E N T E • M A T A D O U R O

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A abrir desde 1968

O Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Porto celebra este ano meio século. Se ainda não

conhece o amplo espaço para lá do portão n.º 292 da Rua Alves Redol, está na hora de o visitar. E prepara-se: vai querer voltar.

São mais de 20 mil metros quadra-dos dedicados a atividades de na-tureza social, cultural, educativa, desportiva e recreativa. O Centro

Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Porto, não passa despercebido a quem espreita do lado de fora, mas só quem o frequenta sabe que o campo de futebol, o pavilhão gimnodes-portivo, a Universidade Sénior Eugénio de Andrade, o Espaço Aprender a Ser e tantas outras valências têm contribuído para a melhoria da qualidade de vida de milhares de portuenses e transformado o curso de tantas outras, longe dos holofotes.Aqui, é proibido pensar que a associação erguida pelos trabalhadores da Câmara olha só para o umbigo, até porque à che-gada da idade adulta, alcançadas várias conquistas, ficou assente entre os seus membros que as dinâmicas consolidadas dentro de portas mereciam ser partilhadas com a cidade. Os resultados estão à vista e quem ga-nhou foi o Porto. Como nos indica Gou-veia Santos, presidente da direção do ccd, diariamente “há cerca de 500 crianças e adolescentes que pisam o relvado”, ou que jogam num dos dois campos de futebol de 5. O leque de oferta alarga-se a “aulas de dança, yoga e atividades de ginásio”, acom-panhadas por professores e monitores. E mais ainda brilham os olhos do também diretor-executivo da Alfândega do Porto, quando fala de dois projetos educativos

que lhe são caros: o Espaço Aprender a Ser e a Universidade Sénior Eugénio de Andrade. Com finalidades distintas, ambas as iniciativas entrecruzam-se naquilo que é essencial: a formação, a educação e o fortalecimento de almas. Porque, no final, é disso mesmo que cuidam: do crescimen-to interior de cada um, enriquecido pela vivência do grupo.

E S P A Ç O A P R E N D E R A S E R

No ccd há por isso lugar para novos e ve-lhos. Entre as 100 crianças que todos os dias passam pelo Espaço Aprender a Ser, “apenas sete são filhas de funcionários do Município”, verifica Gouveia Santos. O que mais o enche de orgulho neste espaço é a confirmação de que o ccd está gravado nos corações de muitos jovens adultos – recu-sa-se a chamá-lo atl, “porque é bem mais que isso. Por aqui passaram miúdos que hoje são médicos, advogados. É gratificante ver que não se esquecem”.

U N I V E R S I D A D E S É N I O R E U G É N I O D E A N D R A D E

Por seu turno, dos cerca de 500 alunos que integram a Universidade Sénior, “95% nada têm a ver com os trabalhadores re-formados da Câmara”, observa o seu pre-sidente. O combate à solidão e a promoção do envelhecimento ativo são os principais trunfos do projeto, que disponibiliza uma

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C O M E M O R A Ç Õ E S

MAIOPublicação da revista de celebração do Cinquentenário do CCD Porto.

22 JUNHOPicnicão.

8 SETEMBROCerimónia dos 50 anos, com homenagem aos fundadores e outras personalidades ligadas à vida do CCD Porto.

12/13 DE OUTUBROCongresso das Organizações dos Trabalhadores Municipais.

NOVEMBROEstreia da peça do grupo de teatro.

DEZEMBROJantar de natal solidário com os sem-abrigo e homenagem a Arnaldo Trindade.

Para mais informações e programa completo, consulte o site www.portoccd.org.

grande panóplia de disciplinas: informá-tica, línguas, história, atelier de artes, diferentes classes de expressão corporal e até matérias dedicadas a (re)descobrir o Porto, constituem alguns exemplos. De quando em vez, trocam o ambiente das salas de aula para fazer visitas de estudo por todo o país. “Temos um grupo que foi agora à Madeira”, exemplifica.

I N S T A L A Ç Õ E S C O M A L M A S U S T E N T Á V E L

No campo de futebol, há painéis solares e luzes led “que não só vão ao encontro das nossas preocupações ambientais, como também se traduzem numa poupança de energia considerável”. Da cozinha total-mente equipada, que alugam ao iefp para aulas de formação, descendo até à escola de mergulho, passando pelos gabinetes médicos, pelo restaurante “onde tudo é caseiro” (e as encomendas são aceites), há nos gestos e nos curtos diálogos com quem se cruza, a afabilidade de quem dirige um Centro de 30 colaboradores. Terminamos o percurso no Espaço Apren-der a Ser. No hall de entrada do edifício térreo, um painel em destaque sustenta a máxima do Papa Francisco, que por aqui é lei: “tudo aquilo que se compartilha, se multiplica”. Lá dentro, os meninos almo-çam perante o olhar atento das respon-sáveis. Visitamos as salas e eis chegado o momento de Gouveia Santos nos revelar

A verba atribuída pela Câmara ao CCD Porto, no valor de 200 mil euros, vai ser investida de que forma?Ao fim de 50 anos este reconhecimento deixa-nos muito contentes. O apoio que este Executivo nos tem dado tem sido extraordinário, porque nos permite pre-servar essencialmente as instalações do ccd Porto. Não pensamos em benefícios diretos para os associados. Esta estru-tura requer uma manutenção diária, se queremos ter condições de oferta adequa-das às necessidades de quem as utiliza, com preços altamente concorrenciais. Temos no nome a Câmara Municipal do Porto, é nosso dever estar à altura dessa

Qual o valor da quota para quem não seja funcionário da Câmara?Não sendo funcionário da autarquia, a quota mensal é de 1% do salário mínimo nacional. Um valor perfeitamente justo para um conjunto de atividades despor-tivas, culturais e educativas.

Quais são as principais fontes de receita do Centro?O campo de futebol e o pavilhão gimnodes-portivo. Este último está apto para a prática de todas as modalidades, inclusive dispõe de meios para transmissões televisivas. Fomos construindo infraestruturas e servi-ços que nos permitem ter fontes de receita que não nos geram dependência absoluta de ninguém, sem esquecer as quotas dos associados. Para os benefícios sociais somos totalmente independentes. É certo que gostaríamos de poder dar mais, estamos a fazer por isso, mas certo, também, nunca reduzimos os nossos apoios, pese embora as enormes dificuldades que tivemos.

A política de rentabilização dos equipa-mentos desportivos encontra no CCD Porto um forte aliado?As portas estão abertas, mas queremos reforçar ainda mais essa abertura. No campo de futebol, por exemplo, quase não há horários disponíveis. Temos a preocu-pação de ter espaços bem apetrechados para que as pessoas que aqui vêm saiam satisfeitas. Existem 150 chuveiros que po-dem funcionar em simultâneo, com água aquecida a partir dos painéis solares. O relvado foi colocado há cerca de um ano e também foi recentemente eletrificado. O anterior tinha cerca de dez anos e já estava pelado. Depois dos clubes profis-sionais de futebol, estou convencido de que há aqui uma centralidade, talvez a mais importante em termos desportivos, contando que temos aqui ao lado o Clube de Ténis do Porto.

O envolvimento com a comunidade ajuda a aumentar o sentimento de segurança?Temos essa preocupação e esse papel. Com a construção do novo edifício, que tam-bém servirá para suprir dificuldades de estacionamento da vizinhança, pensamos que toda a zona vai ficar muito valoriza-da. Todos os dias frequentam o ccd Porto milhares de crianças e jovens. Não tenho dúvidas de que ajudamos à prevenção de determinado tipo de problemas.

Como vislumbra o futuro do CCD Porto para os próximos 50 anos? Que obra pre-tende deixar?Há uma obra intangível: criar autoestima nos trabalhadores. Quero sobretudo que sintam que fazem parte de um projeto onde são os protagonistas. Dá-nos força perceber que há uma identidade com os desígnios da cidade. •

responsabilidade. Além disso, permite-nos pensar na concretização de um sonho há muito adiado por diversas circunstâncias.

Fala do terreno que vai permitir a expan-são do CCD Porto? Precisamente. Nas comemorações do 50.º aniversário assinalamos a cedência de um terreno da Câmara onde aspiramos construir um edifício de raiz. Temos uma universidade sénior com meio milhar de alunos, queríamos ter ali o nosso grupo de teatro a promover várias peças. A escritura está para breve e, entretanto, já foi feito o levantamento topográfico para avaliarmos o que mais é possível ali ser construído.

Este dinheiro veio então em boa hora?É providencial. Temos de agradecer a este Presidente e Executivo porque é justo e fazer acontecer faz toda a diferença. Nós sabemos que assim é porque já vivemos as duas realidades e, neste momento, há uma maior proximidade e disponibilidade. Estamos no coração da cidade do Porto e queremos reforçar essa centralidade também com a construção deste edifício, com o apoio que muitas vezes faltou para dar expressão a este e outros objetivos.

Esse apoio conforta-vos?Sem dúvida. Não falo só do apoio financei-ro, a presença é fundamental. Neste último jantar de Natal participaram quase todos os elementos do Executivo e o Presidente Rui Moreira. Esta Câmara é grande, tem serviços espalhados por toda a cidade, por-tanto é uma oportunidade de reunião que não surge com facilidade. Estes pequenos gestos, vindos dos mais altos representan-tes do Município, são de valorizar.

Os associados sentem-me envolvidos?Os associados sentem a afabilidade e o respeito. É claramente mensurável que o número de pessoas nestes eventos tem aumentado. Nos atos eleitorais dos últimos anos esse fenómeno também se verifica, contando que mesmo havendo, infelizmente, uma única lista a votação, a participação foi sempre na ordem dos 1.000 associados.

Quer dizer que estão satisfeitos.A interpretação pode ser essa, mas de todo o modo considero que era bom que houvesse mais iniciativa.

Quantos associados têm atualmente?O ccd Porto tem perto de 3.000 associados, a grande maioria são trabalhadores do Município. A quota que pagam por mês é variável, porque corresponde a 1% do valor do salário bruto. Em contrapartida, têm acesso a um grande número de serviços, que inclui consultas médicas gratuitas de várias especialidades, um gabinete jurídico à disposição, entre outros benefícios que suplantam o regime da adse. De facto, a única coisa que é exclusiva aos associados da Câmara é o apoio social, além de que são os únicos que podem votar e ser eleitos.

São por certo benefícios que valorizam?Sim e muito! Ao contrário do que se possa imaginar, o vencimento médio do funcio-nário de uma autarquia não é nada de ex-traordinário. Além de que, sob o ponto de vista motivacional, quanto melhores forem as condições de que os associados dispõem, mais baixos os índices de absentismo. Tudo o mais é acessível a todos: a prática des-portiva e cultural e um elevado número de protocolos nas áreas da saúde e bem-estar, educação, lazer, beleza, entre outras.

“Criar autoestima é uma obra intangível”

um tesouro bem guardado: por debaixo do estuque há linhas de carris que sustentam os tetos, numa simbiose entre o engenho e a arte, que se harmonizam para nos dizer baixinho: “aqui faz-se muito, com pouco”.

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destaca-se a valorização dos percursos pedonais e a ligação entre a área urbana e a área verde, adequando os pavimentos à sua utilização predominante. A pouco mais de um quilómetro de dis-tância, localizam-se os jardins e a mata da Quinta de Nova Sintra, da empresa municipal Águas do Porto. Em março rea-briu ao público, após dez intensos meses de obras de requalificação. A interven-ção incluiu trabalhos de pavimentação, iluminação e sistema de rega, bem como significativas melhorias ao nível da flo-ra representada. Por isso, demore-se, há muito para conhecer neste pulmão verde da freguesia do Bonfim que desde julho de 2017 tem aqui colocada uma escultura de Julião Sarmento (integra a Rota da Água do Mapa de Arte Pública do Porto, um museu a céu aberto). Se o passeio se fizer em família, há outro ponto de passagem obrigatório. No Jardim da Arca D’ Água encontra o conjunto es-cultórico “A Família”, da autoria de Char-ters de Almeida, reabilitado pela Câmara do Porto em 2016 (a obra data de 1971). Localizado na freguesia de Paranhos, este jardim foi inaugurado em 1928. Constitui um dos espaços verdes projetados por Jerónimo Monteiro da Costa, jardineiro da autarquia que se destacou pelo seu amor ao património natural da cidade. Do seu estilo romântico, iniciou uma obra de referência marcada pela construção e reconversão de praças e jardins, de entre as quais se destaca o Jardim da Rotunda da Boavista, o Jardim do Infante Dom Henrique, a Praça da República, a Praça Carlos Alberto e o Jardim do Carregal.Ainda na mesma freguesia, a Quinta do Covelo redobra as apostas de uma tarde de lazer bem passada em família. Com um parque infantil, uma cafetaria, uma pista dirty-jump/btt e um centro de edu-cação ambiental, é muito procurada para a prática desportiva, inclusive corridas que exploram os seus oito hectares de área. Neste momento, decorrerem trabalhos de beneficiação que visam soluções paisagísti-cas, no domínico da limpeza da vegetação, sementeiras, plantação de espécies arbó-rea e outros; reabilitação de pavimentos, percursos e zonas de estadia; recuperação funcional da cascata; e reparação de muros de pedra. Além destas intervenções, está prevista a adaptação de infraestruturas elétricas, de abastecimento de água e de drenagem de águas pluviais. O investi-mento, a cargo da empresa municipal GO Porto, ronda os 320 mil euros.Expoente máximo do estilo romântico e um dos seus mais belos exemplares eu-ropeus, os jardins do Palácio de Cristal recuperaram, nos últimos anos, a sua majestosidade e, consequentemente, a frequência de outrora. Em 2014, Rui Mo-reira anunciou a requalificação deste icó-nico espaço, num investimento municipal

Sedução PrimaverilCom os dias mais compridos, motivos não faltam para sair de casa

e flanar nos jardins. Há espaços públicos que convidam, muitas atividades ao ar livre e o NOS Primavera Sound está a chegar.

ou ainda ao “gato-cidade”, que ocupa boa parte da Rua de Afonso Martins Alho (a mais pequena rua do Porto, transversal à Rua das Flores) e que simboliza um Porto em movimento, pelo olhar do galego Liqen.

J A R D I N S E M F L O R

Não só de arte urbana se compõe este mo-saico de experiências. Na continuidade de uma descoberta empírica, sugere-se um passeio pelos parques e espaços verdes. Estabeleça-se como ponto de partida o Jar-dim de São Lázaro, o mais antigo jardim municipal do Porto. Inaugurado em 1834, carateriza-se pela frondosidade do seu arvoredo (inclui magnólias, tílias, camé-lias). Em 2015, foi requalificado Município e entre as principais intervenções realizadas

orçado em mais de 1,3 milhões de euros. A Avenida das Tílias recebeu novos ta-petes verdes e viu requalificados os seus caminhos, passando também a acolher a Feira do Livro. Mas a obra não se ficou por um aqui: há um renovado parque infantil, uma escarpa consolidada e torreões que são como miradouros.

P E R C U R S O S C U LT U R A I S

Outra sugestão que merece incluir nos seus planos são os percursos pedestres promovidos pelo Pelouro da Cultura da Câmara do Porto. Orientados por técni-cos municipais, estão programados numa lógica temática trimestral – até junho o tema é “Do Neoclássico ao Contemporâ-neo”. Através de variados itinerários, (re)descobrem-se edifícios, objetos, documen-tos, ruas e espaços, revisitando múltiplas histórias e mitos que permitem aos parti-cipantes compreender a forma como foi o Porto construído ao longo dos séculos, articulando o edificado com o património imaterial e as narrativas vividas. Para consultar as propostas visite o portal de notícias Porto. Há uma nova iniciativa a cada duas semanas e custo por pessoa é de três euros.

A T I V I D A D E S D A P O R T O L A Z E R

Se o objetivo for descomprimir, há um Por-to Antistress que se realiza duas manhãs de domingo por mês, no Parque Oriental da Cidade do Porto (as próximas sessões estão agendadas para 3 e 10 de junho, às 10 horas), sempre monitorizado por profis-sionais de educação física e acompanhado por técnicos de saúde. A participação é gratuita e não é necessário efetuar inscri-ção. Aos interessados basta compa recer no local pontualmente, com roupa confortável e boa disposição. O Programa Dias com Energia oferece aulas gratuitas ao ar livre, que decorrem nos jardins do Palácio de Cristal todos os sábados, nos seguinte ho-rários: pilates, das 9 às 10 horas; yoga, entre as 10 e as 11 horas; tai chi, das 11 às 12 horas. Entre os meses de maio e setembro, a oferta estende-se ao Parque da Cidade, com au-las aos sábados e domingos: tai chi, entre as 9,30 e as 10,30 horas (junto ao Edifício Transparente) e método DeRose, das 11 às 12 horas (próximo ao Pavilhão da Água).

C O N C E R T O G R A T U I T O N O S A L I A D O S A Q U E C E P R I M A V E R A

O internacional DJ Fatboy Slim vai atuar na Avenida dos Aliados no dia 6 de junho, no warm-up (aquecimento) do nos Pri-mavera Sound, num concerto oferecido à cidade. O festival realiza-se nos três dias se-guintes, no Parque da Cidade e conta este ano com nomes como os de Lorde, Nick Cave, A$AP Rocky e War and Drugs. •

ras edições, em 2012 e 2013. Aliás, é um público fiel. Da Nova Zelândia recebemos sempre uma comunidade entre 20 a 40 pessoas e, no ano anterior, chegaram cerca de 200 australianos.

Quando houve dizer que o turismo pode estar a descaracterizar as tradições da cidade, concorda?Dá-me vontade de rir, honestamente. Vi-vendo cá há 14 anos, vi o que era o Porto nessa altura e, nessa medida, assisti a toda a sua modernização. Lembro-me de an-dar pelas ruas do centro da cidade, agora cheias de gente, antes estavam vazias. Havia um certo receio em andar na rua. É claro que não há receitas perfeitas se a cidade começa a ser cada vez mais pro-curada. Além de que o Porto ainda tem muito por onde crescer do ponto de vista da recuperação urbanística, acho que esse é o nosso maior trunfo. •

“Primavera Sound evoluiu com a cidade”

O festival está hoje consolidado?Completamente. Hoje, o festival está di-luído na cidade, mas no início, em 2012, era fácil distinguir a “tribo” Primavera Sound. Demorou o seu tempo, mas o Porto tinha esse potencial de crescimento que os anos subsequentes vieram a demonstrar. Acho que a evolução do festival também teve muito a ver com a evolução da cidade, com a aceitação de “novas tribos” e da di-ferença. Não há nenhum ano que não con-sigamos vender mais depressa do que no anterior, com uma média de crescimento de 12% por edição. No entanto, queremos continuar a ser um festival imaculado, garantindo a sustentabilidade do espaço.

Como é que isso se faz?Por exemplo, ousando novas medidas ami-gas do ambiente. Este ano as palhinhas dos cocktails vão ser todas comestíveis. Mesmo que os festivaleiros achem estranho comê--las, podem sempre deitá-las para o chão porque são biodegradáveis.

Essa preocupação ambiental é-vos cara?Tudo o que fazemos no Parque da Cidade é articulado com a Câmara do Porto. Para minimizar a pegada, oferecemos novos exemplares arbóreos para serem planta-dos. No festival, os copos das bebidas são todos reutilizáveis e distribuímos gratui-tamente cinzeiros portáteis. Esta nossa preocupação ambiental foi fundamental para que, no ano anterior, tivéssemos ob-tido o Sê-lo Verde.

Temos hoje mais público nacional?Sim, cada vez mais, o número de espec-tadores nacionais tem vindo a crescer, já sobem a fasquia dos 50%. Mas o número de espectadores estrangeiros também subiu (rondam as 12 mil pessoas por ano) e, em abono dos factos, foram eles quem garantiram a continuidade do evento, pela sua franca adesão nas duas primei-

José Barreiro é diretor executivo do festi-val que nasceu em Barcelona e cuja marca é mundialmente conhecida e cobiçada por países como Inglaterra e França. Mas o nos Primavera Sound não quer largar o Porto, cidade onde encontrou o ambiente ideal e onde já mora desde 2012. A evo-lução do festival tem sido evidente, mais envolvido com os portuenses e cada vez mais sustentável financeira e ambiental-mente, aspeto em que, em 2018, volta a inovar. Depois dos copos “verdes”, é agora a vez das palhinhas comestíveis.

Como surgiu a ideia de trazer a marca Primavera Sound para o Porto?Desde 1993, a Pic-Nic Produções está liga-da à produção de festivais de música. Como há cerca de 14 anos vim viver para o Porto, posso dizer que assisti à modernização de toda da cidade. Tinha também sócios que viam aqui potencial e queriam fazer alguma coisa. Depois a ideia surgiu com naturalidade, porque já era fã do Prima-vera Sound, ia a Barcelona todos os anos.

Foi fácil convencer Barcelona?Foram feitas muitas visitas cá e lá. A “cere-ja no topo do bolo” foi quando lhes mostrei o Parque da Cidade. Para além da ligação entre as duas cidades, havia da parte da organização uma grande vontade de fazer um festival com um cenário diferente, que não fosse num parque urbano de alcatrão. O nosso parque garantia uma envolvência com o meio ambiente totalmente nova, que muito lhes agradou.

Como tem evoluído a parceria com a Câ-mara ao longo dos anos?Para nós foi uma evolução muito positiva. Conhecemos dois presidentes, sendo que o primeiro tinha mais receio. Havia vontade de fazer, mas também apreensão pelo risco. Acho que o facto de termos, desde 2013, um presidente que seja independente dos partidos, que tenha uma visão de cidade que não está vinculada a nenhum pensar nacional, dá maior autonomia e possibilita arriscar mais. Temos hoje pessoas que en-tendem mais aquilo que significa o Prima-vera e o impacto positivo que tem no Porto.

Que impacto é esse?Finalmente temos a balança equilibrada: o Porto já dá tanto ao nos Primavera Sou-nd como o festival dá ao Porto. Já não sei se as pessoas vêm ao Primavera porque querem conhecer a cidade ou se vêm ao Porto porque vêm ao festival.

“Laurear a pevide” é algo que nós – os portuenses – gos-tamos tanto de fazer, que até o eternizamos em cai-xas de eletricidade. Con-siderando este mote, ini-

ciamos a nossa proposta de roteiro, através do Programa de Arte Urbana municipal. Desde o lançamento do projeto em 2014, contabilizam-se 79 intervenções realizadas no espaço público, que já envolveram mais de 60 de artistas, novos e consagrados.

P R O G R A M A D E A R T E U R B A N A E M P E R M A N E N T E A T U A L I Z A Ç Ã O

Ao longo da artéria “mais florida” do Porto, descobre caixas de distribuição elétrica intervencionadas com mensagens tipi-

camente tripeiras e, noutros pontos da cidade, é possível encontrar mais pince-ladas artísticas neste mobiliário urbano: calcorreie o Quarteirão de Bombarda, vá até à Praça da Batalha, desça 31 de Janei-ro, suba a Rua de Sá da Bandeira, corte pela Rua Guedes de Azevedo, observe as caixas de Santa Catarina e termine na Rua do Bolhão. Por enquanto, há arte em 43 caixas de eletricidade, sendo que a in-tenção é fazer crescer progressivamente o número de criações, chegando outros locais do território e convocando mais artistas para este fim. O convite para olhar e pensar o Porto a partir da sua arte urbana, estende-se ainda ao Mural Coletivo da Restauração; à obra “Continuidade”, da autoria do artista por-tuense Mots, no Mercado Ferreira Borges;

D E S T A Q U E S D O C A R T A Z

6 JUNHOFatboy SlimCONCERTO GRATUITO NA AV. DOS ALIADOS

7 JUNHOLordeTyler, the CreatorJamie XXFather John Misty

8 JUNHOA$AP RockyFever RayVince StaplesThe Breeders

9 JUNHONick Cave and the

Bad SeedsThe War on DrugsArcaMogwai

P O R T O F O R T A L E N T Pela primeira vez no espaço do festival haverá uma tenda para divulgação do que melhor se faz pelo ecosistema empreendedor da cidade e pela estratégia de captação de talento.

S E D U Ç Ã O P R I M A V E R I L • A N I M A Ç Ã O

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Só quem nunca foi a Luanda pode duvidar do interesse da cidade do Porto em estar ligada através de uma companhia de bandeira

à capital angolana. E, note-se, a ligação trissemanal da taag - Linhas Aéreas de Angola, é mesmo a única ligação direta do Porto à extraordinária África Austral.A língua portuguesa, sempre muito bem tratada pelos angolanos, não é o único sinal de Portugalidade que por lá encontramos. Os sinais estão em todo o lado e são muito respeitados. É verdade, este voo da taag não foi criado pelo e para o turismo, indústria que só agora começa a dar os primeiros passos em Angola. Mas para os mais aventureiros têm todo um mundo por explorar, num

país onde a terra vermelha nos emociona, a paisagem nos esmaga e o calor húmido nos conduz a caminhos improváveis nas margens do Kwanza, em Cabo Ledo ou no Miradouro da Lua.O voo da companhia angolana serve, con-tudo e sobretudo, as empresas portugue-sas que desenvolvem negócio em Angola e por lá têm milhares de trabalhadores, principalmente no ramo da engenharia e da construção civil.Mas nem algum do abrandamento sentido neste setor desencorajou a taag a manter este verdadeiro laço económico, social e de amizade com a cidade do Porto, onde se liga com os seus melhores aviões e com o seu melhor serviço. Quanto ao turismo, ele está à espreita.

Terra vermelha

Ayub: brasileiro, escritor e aviador

Quando, antes do voo se iniciar rumo a Luanda, entrámos no cockpit do B777 e começámos a conversa com os dois pilotos que

já se encontravam prontos para descolar, entre mil luzinhas arrumadas por tudo quando era lugar, falava-se por-tuguês. Mas um português com mais do que um sotaque. De um lado, o brasileiro do comandante Eduardo Ayub, do outro, o angolano do piloto Rui Jacinto.Com uma longa carreira como piloto comercial, Ayub conhece os 777 como poucos, desde 2004. Foi piloto da Varig, rumou depois à Korean Air, e a Portu-gal, onde foi comandante de companhias de charters, antes de se tornar piloto da taag, há oito anos.Aterrar no Porto é, por isso, algo que já fez tantas vezes que a memória a perdeu a conta. “A cidade é maravilhosa, adoro-a. Tem gente incrível, muito simpática e que sabe receber”, diz Ayub, para quem

“o Porto tem uma história muito rica e uma cultura acima da média. Nota-se uma evolução tremenda e muito boa nos anos mais recentes”.E, claro, menciona a gastronomia, com Rui Jacinto a concordar. Também ele voa regularmente para o Porto há cinco anos, também ele sente uma enorme proximi-dade entre os povos, “ligados pela língua”.Saímos do cockpit para a nossa poltro-na, com a certeza de que ali não mora só simpatia falada em português com mais do que um sotaque. Também de lá trazemos uma tranquilizante sensação.Ayub não contou tudo, mas uma pesquisa no Google trouxe-nos surpreendentes revelações. Afinal, Eduardo não risca apenas os céus. É autor de literatura sobre aviação, filho de um piloto com história e até na saga da procura de ovnis encontramos o seu nome. Apertem os cintos, porque vamos descolar, dormir e acordar em Luanda. Em boas mãos. •

Turkish abre loja na Foz

A companhia turca, considerada várias vezes como melhor da Europa, liga há três anos, diretamente, Porto a Istambul, o principal hub de ligação do Velho Conti-nente à Ásia. E a presença da Turkish no Porto parece estar para durar, depois deste mês ter inaugurado a sua primeira loja na cidade, mais propriamente na Rua da Senhora da Luz, na Foz. A abertura contou com a presenta do vice-presidente de vendas da companhia de bandeira para o Sudoeste da Europa, Omer Faruk, que vê no Porto uma relação “win-win”. •

United Airlines liga Porto a Nova IorqueA United Airlines, uma das maiores com-panhias do mundo, iniciou a 5 de maio uma rota diária entre Porto e Nova Iorque. Trata-se de uma grande notícia para a cidade e para a Região, que passam a es-tar ligadas ao Mundo e, em especial, aos Estados Unidos, através de um voo direto e diário. A companhia norte-americana lan-çou, para promover este voo, uma grande campanha em Nova Iorque, que não passou despercebida na cidade que não dorme e que colocou o nome do Porto nos táxis, outdoors e mupis em cada esquina. •

TAAG a sonhar alto

Gigante dos céus, B777 ou Triple Seven, o confortável e elegante Boeing de longo curso tem vários nomes e alcunhas. Mas a que lhe assenta melhor é a designação comercial: Dreamliner.É este avião que a taag usa na sua ligação entre o Porto e Luanda. Rápido (atravessa os céus africanos em menos de oito horas), moderno (possui a mais recente tecnologia de aviação civil) e económico (o preço da sua operação em longo curso permite ado-tar tarifas competitivas), o Dreamliner é, além do mais, um avião muito confortável, apresentando, na configuração usada pela companhia angolana, três classes.Em qualquer delas poderá desfrutar de conveniências como sistema multimédia individualizado ou wi-fi a bordo, mas em primeira classe ou executiva, a noite pode ser mesmo um descanso, com um espa-ço para pernas e bancos reclináveis que lhe permitem transformar a sua poltrona numa verdadeira cama.Os voos da taag entre Porto e Luanda são noturnos e a companhia insiste na ideia de que pode adormecer no Porto e acordar em Luanda, o que também joga com o nome do avião.Não será tanto assim, pois as refeições a bordo prometem entretê-lo durante algum tempo. E aqui está uma das surpresas, pois torna-se difícil encontrar qualidade comparável à apresentada por uma com-panhia onde se fala português e, além do mais, também se come e bebe português.A nota melhora se contarmos com o sal e a pimenta angolanos que vem na forma de simpatia, oferecida pelo pessoal de bordo: irrepreensível.A taag liga o Porto à capital angolana três vezes por semana, sem escalas ou demo-ras, e nos voos que fizemos (sem atrasos), com um serviço que compara com as me-lhores companhias a voar atualmente para o Francisco Sá Carneiro.E de Luanda, sem mudar de uma compa-nhia com 80 anos de história, podemos chegar a cidades como Joanesburgo, Win-dhoek, Harare, Lusaca, Maputo, Cidade do Cabo, Rio de Janeiro ou São Paulo.Sim, o avião ajuda muito, o 777 possui os mais potentes reatores do Mundo a voar em serviço comercial e, somando à tecnologia americana colocada a bordo, dão ao passageiro garantias de segurança extra. Mas não é só isso que vai encontrar a bordo com a taag. Apesar de não termos viajado num dos mais recentes Dreamliner recebidos pela companhia (dois deles são de 2017), o avião estava bem cuidado, im-pecavelmente limpo e o serviço de bordo sempre disponível e eficiente. •

Aeroporto do Porto com mais

capacidadeO Aeroporto Francisco Sá Carneiro con-tinua a crescer e a dinamizar a economia da Região. Depois de ter abandonado vá-rias rotas em 2016, a tap vai retomando alguma da operação que abandonou no Porto e voltou a ligar a cidade a Milão, uma das situações que mais protestos tinha provocado, dada a importância do relacionamento económico e industrial entre as duas regiões. Mas o crescimento da operação do aero-porto faz-se sobretudo às custas de novas rotas e de companhias de bandeira, como a Lufthansa, que agora liga o Porto, além de Frankfurt, também a Munique, ou dos voos intercontinentais da Royal Air Morocco, da United Airlines ou da Air Canada, que operam para Casablanca, Nova Iorque e Toronto, por exemplo.Assim, depois de ter atingido em 2017, pela primeira vez, a fasquia dos 10 milhões de passageiros, o aeroporto do Porto con-tinuou nos primeiros meses deste ano a crescer acima dos 10%.

P O R T O C O M O D O B R O D O S P A S S A G E I R O S D A S O M A D O S T R Ê S

A E R O P O R T O S D A G A L I Z A

Para poder dar resposta ao crescente nú-mero de passageiros, a ana tem vindo a melhorar as condições de acolhimento, merecendo destaque a área de segurança que tem agora melhores condições e conse-gue tratar mais rapidamente a entrada nos cais de embarque. Está também previsto um importante investimento na pista, que terá um novo táxi way, o que permitirá aumentar substancialmente o número de movimentos na pista e receber mais aterragens e descolagens por hora.O Aeroporto do Porto tem sido um dos mais importantes fatores de desenvolvi-mento da região Norte, assumindo-se como a grande e mais importante infraestrutura aeroportuária do noroeste peninsular.Os três aeroportos da Galiza - Lavacolla, Alvedro e Peinador - situados em Vigo, Corunha e Santiago de Conpustela re-presentam, juntos, menos de 6 milhões de passageiros por ano, face aos quase 11 milhões de passageiros que passam pelo Francisco Sá Carneiro.Este estatuto da estrutura aeroportuária portuguesa está a despertar o interesse de mais companhias internacionais, que olham o Porto como um hub apetecível, havendo inclusive notícias de que Médio Oriente, China e Japão também ponderam iniciar aqui operação.•

S A I R D E L U A N D A P A R A E N T R A R E M A N G O L A

Sobretudo fora de Luanda, os primeiros resorts; o primeiro campo de golfe, nas margens do Kwanza; alguns parques na-turais, como o de Quissama, onde já é pos-sível fazer safaris, são reveladores de que Angola quer estar pronta para não ficar de fora dos roteiros e que, afinal, pode haver outro petróleo no país.Claro, ainda há problemas a ultrapassar, como a complexidade da obtenção de vis-tos, pese embora um sistema eletrónico acabado de estrear em março deste ano tenha flexibilizado bastante a entrada no país, que até há pouco tempo exigia formalidades impensáveis em qualquer

Adormecer no Porto e acordar em Luanda não é um sonho. Ou se é, a TAAG cumpre-o a quem precisa ir a Angola ou mesmo àqueles que já se atrevem na aventura de um turismo diferente, mas que começa a ser possível num fascinante país onde a terra quente está sedenta de futuro.

destino de turismo. As fracas condições de acolhimento aéreo também podem estar em vias de resolução, através de um novo aeroporto em construção.Mas não é só fora da capital que há sinais da vontade de desenvolver o turismo em Angola. Em Luanda sente-se um impulso de criar conteúdos culturais, artísticos e históricos, consumíveis por estrangeiros e, em particular, por portugueses.Um desses exemplos é o mausoléu de Agostinho Neto, um moderníssimo e impo-nente monumento, acabado de inaugurar, que aponta para o céu e se destaca como referência na paisagem de uma Luanda que conta orgulhosamente a história da independência.Os discursos do estadista estão por todo o lado e ecoam nas paredes de um templo que o elege como o grande herói nacional. Como dizia um guia, “nunca os políticos se puseram de acordo quanto a eleger outros heróis nacionais. Assim, temos só um”. Não se pense, contudo, que Portugal ou os portugueses são vistos como o inimigo histórico. Porque não é inimigo. Ao ver a história tão bem contada, em fotografias e artefatos nos museus, numa fica essa ideia, por muito que o que haja a contar não seja, por vezes, bonito.A independência, a guerra e a presença portuguesa também estão muito patentes no Museu da História Militar, onde sobres-saem estátuas de ilustres cidadãos lusos, ali guardadas e preservadas.

A Z U L E J O S I M P R E G N A D O S C O M H I S T Ó R I A

Mas o que mais atrai nesse que foi o pri-meiro lugar construído em Luanda, é uma sala revestida a azulejos portugueses, re-centemente restaurados em Portugal por iniciativa do Estado angolano e que retra-tam a presença nacional na ex-colónia.Ali, do alto do forte onde começou Luan-da, vê-se uma cidade que se quer erguer, à força e por entre contrastes a que não nos habituamos logo. Mas que são, afinal, o caminho de uma cidade extraordinária, de passado e de futuro.E é a partir de uma Luanda que parece agora bem resolvida, sobretudo na sua re-lação com os portugueses, que partimos à descoberta da terra vermelha, dos cheiros e sabores, das gentes extraordinárias, dos sorrisos das crianças.Depois, há a mesa, onde sempre param lagostas e onde o sabor a mar se mistura com os de África, quase sempre com um toque português.Não há como África. Não há como a alegria quente de África. Não há como as cores ex-citantes da África subsariana. E elas estão todas em Angola, inteiras, ainda intactas. E não há como respirá-las em português. Bom português. Não há como adormecer no Porto e acordar em Luanda. •

L U A N D A • O P O R T O N O M U N D O O P O R T O N O M U N D O

20 21

M A I O 2 0 1 8 • P O R T O M A I O 2 0 1 8 • P O R T O

Sangue Novo

N O T Í C I A S D O P O R T O

Já nasceu no Largo de São Domin-gos o “jardim” criado pelo escultor Alberto Carneiro. Integra o Mapa de Arte Pública que, brevemente,

terá uma versão também em inglês.Três árvores em granito e uma oliveira natural, implantadas em dois canteiros relvados, constituem o jardim imaginado pelo escultor Alberto Carneiro para o Largo de São Domingos e que o presi-dente da Câmara do Porto, Rui Moreira, inaugurou com a presença de Cláudio Carneiro e Catarina Rosendo, filho e viúva do artista falecido no ano passado.Denominado “Três metáforas de ár-vores para uma árvore verdadeira”, o conjunto escultórico está agora à vista de todos quantos passam por um dos locais mais movimentados da cidade. Cumpriu-se assim, simultaneamente, o desejo do escultor - que concebeu esta obra especificamente para aquele local - e a vontade partilhada por Rui Moreira com o falecido vereador da Cultura, Paulo

Qualquer semelhança com a eternizada escola “Fame”, que dá nome a um blockbuster ame-ricano não é mera coincidência.

No Porto, temos o Pallco - Per-forming Arts School & Conservatory, o primeiro conservatório de dança e música da cidade, que se ergue sem recurso a qual-quer tipo de apoio ou subsídios públicos e que tem no seu adn uma forte ambição de visibilidade internacional. Esta nova escola, que resulta de um inves-timento privado superior a 1,7 milhões de euros, é dirigida pela fundadora da Opor-to Ballet School - Espaço Dança, Sofia Marques dos Santos, e tem como foco o ensino das artes performativas da dança, música e teatro musical, tanto na vertente profissional como lúdica. Situado na Prelada, em frente à Escola eb 2/3 Maria Lamas, o Pallco quer atrair alu-nos estrangeiros e praticantes de algumas modalidades habituais de ginásio, bem como eventos nacionais e internacionais. Para tanto, oferece instalações de exce-lência, conforme constatou o presidente da Câmara do Porto na sua inauguração.“Com estas qualidades e o potencial que a escola oferece, estamos em condições de atrair alunos estrangeiros como nunca foi possível em Portugal”, referiu Sofia Mar-ques dos Santos. A bailarina e professora

Coliseu Porto agora é AGEAS

De uma vez, o Coliseu Porto ganhou uma nova designação e financiamento para o seu futuro. A ageas, herdeira da compa-nhia de seguros axa, acrescenta-se ao seu nome, mas traz também 300 mil euros ano, que vão ajudar nas necessárias obras. A Câmara do Porto quer, por outro lado, tomar conta da operação, alugando a sala e investindo o que faltar para que o Coliseu não se perca.Falar em Coliseu Porto traz à memória aquela imagem de 1995, por tão propa-lada nas televisões e jornais, de artistas, agentes culturais e população da cidade acorrentados às suas grades, querendo im-pedir a venda quase consumada do edifício à Igreja Universal do Reino de Deus (iurd).O sucesso da operação civil de resgate resultou e dela também a Associação Ami-gos do Coliseu, que a tem gerido, mas que agora não tem fundos para as obras estru-turais que em 20 anos não foram feitas.O edifício arte deco, inaugurado em 1941, autoria do arquiteto Cassiano Branco, inconformado com seu atestado de óbito iminente, agarrou-se à vida e aceitou como esteio o investimento da seguradora ageas e o empenho da autarquia.A solução proposta pela direção lidera-da por Eduardo Paz Barroso foi levada a Assembleia-Geral, onde associados in-dividuais e os de referência - Câmara do Porto, Área Metropolitana do Porto (amp), Governo e a própria ageas - foram unâni-mes em aprovar o caminho. •

55 lojas históricas estão protegidas

A primeira fase do programa municipal Porto de Tradição, um dos primeiros no país para proteção de lojas e estabeleci-mentos de tradição, já distinguiu 55 espa-ços históricos, sendo que os mais recente-mente integrados são a Confeitaria Cunha, A Pérola do Bolhão, Casa dos Linhos, Adão Oculista, Pedro A. Baptista e Teatro Sá da Bandeira. A partir de agora, as lojas ainda não classificadas ou que não o conseguiram ser na primeira fase, podem candidatar-se já ao abrigo do regulamento entretanto aprovado e, neste momento, em discussão pública. Até aqui, o Município, através de um Grupo de Trabalho, auto vinculou-se a analisar os pedidos de reconhecimento apresentados até à entrada em vigor deste regulamento, bem como uma lista de 78 lojas pré-selecionadas pela autarquia. As lojas distinguidas gozam de um regime de exceção que as protege das regras mais liberais da Lei das Rendas.A Câmara do Porto foi das primeiras a implementar um programa deste tipo e a primeira a aproveitar a legislação recen-temente criada para o efeito. •

Temos talento e temos de o cuidar

A InvestPorto, gabinete municipal dedi-cado à atração de investimento, reforçou recentemente o seu posicionamento como pivô que acompanha multinacionais, em-presas, empreendedores e instituições – numa palavra, stakeholders – durante todas as fases do processo de atração e fixação de investimento. A esta estraté-gia de captação de projetos nacionais e internacionais, juntam-se agora dois novos eixos: Aftercare e Talento. Com o serviço Aftercare, garante-se o acompanhamento dos investimentos e empresas, estabelecendo-se relações de proximidade facilitadoras do processo de fixação dos investidores. Por seu turno, com o foco no Talento, de-senvolve-se um plano de ação para a cap-tação, reconversão e retenção de recursos humanos altamente qualificados. O objeti-vo é posicionar o Porto (e a macro-região) como um “Hub de Talento”, considerando os desafios atuais e as exigências do futuro. Desde a sua constituição, em 2015, a In-vestPorto já acompanhou 208 projetos de negócio, dos quais 120 internacionais, de diversas latitudes. • Marta, 31 anos. Dez no Bolhão. Trabalha com a sogra Maria.

O que é a tradição?

Com quantos anos se

é histórico?

Que idade tem o típico?

Quando passamos a ser Porto?

Quem dita o que é

património?

Quem escreve a história senão

o agora?

Cunha e Silva, de ter na cidade uma obra de Alberto Carneiro para fruição pública generalizada.Inaugurado em julho de 2017, o Mapa de Arte Pública, visa “criar um verdadeiro museu ao ar livre em que toda a cidade se envolva”, segundo os conceitos de “cidade líquida” e de “cultura em expansão” apli-cados no terreno, explica o autarca. Neste mapa em permanente atualização foram referenciadas 219 esculturas e painéis, de oriente a ocidente da cidade. Para que a sua descoberta ocorra de forma mais intuitiva, destacaram-se 50 obras, que perfazem cinco rotas temáticas, dez por cada percurso – a Rota Água, a Rota Histórica, a Rota das Letras, a Rota da Escola das Belas Artes e a Rota de Arte Contemporânea. A mais recente, do es-cultor Alberto Carneiro, enquadra-se na Rota de Arte Contemporânea.O mapa está disponível gratuitamente nos postos de turismo, no aeroporto e noutros pontos estratégicos da cidade. •

Mapa de Arte Pública imortaliza obra de Alberto Carneiro

de dança admite também que “é possível conquistar uma grande atenção interna-cional e conseguir parcerias já iniciadas com escolas de renome”, abrindo as por-tas à realização de importantes eventos culturais na cidade.Sob tutela do Ministério da Educação com autonomia pedagógica, a diretora aponta que o Pallco “é mais do que uma escola de artes”, pois dispõe também de serviços complementares para os seus alunos, que vão da fisioterapia à nutrição, do mind coach à podologia, passando pelo apoio es-colar e explicações individuais e de grupo. Disponibiliza ainda atividades como Pila-tes, Yoga, Body & Mind, ginástica, treino funcional, sénior training, ballet para adul-tos, dança contemporânea para adultos, salsa fit e danças de salão. Para tudo isso, “o novo Pallco da cidade” estende-se por dois pisos com amplos estúdios de dança e de música, várias salas polivalentes, o grande auditório (para 200 lugares) e um jardim exterior privado com 1.000 metros quadrados. No total, são 2.400 metros qua-drados de pura vivência artística.Desde 2014, a Câmara do Porto tem in-vestido num programa cultural público de artes performativas, sobretudo através do Teatro Municipal do Porto (Rivoli e Campo Alegre), o que tem estimulado o aparecimento de projetos privados. •

Um Pallco para a fama

Quer ouvir notícias? O portal de notícias Porto. lançou recente-mente a funcionalidade ReadSpeaker na maioria dos seus conteúdos, permitindo assim aos cidadãos com dificuldades de vária índole ouvirem as notícias que por qualquer razão não consigam ler.Esta medida, muito fácil de usar e dispo-nível com tradução em várias línguas, foi implementada por iniciativa do Gabinete de Inclusão, da Câmara do Porto, e vem potenciar um ambiente de consulta ainda mais amigável e acessível.Com esta nova funcionalidade, a autarquia pretende tornar mais fácil o acesso às no-tícias e outras informações de utilidade pública, especialmente a pessoas com problemas de visão, mas também a quem tenha dificuldades de leitura, bem como a pessoas idosas ou que estejam a desem-penhar outras tarefas em simultâneo. •

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M A I O 2 0 1 8 • P O R T O M A I O 2 0 1 8 • P O R T O

O P O R T O

Historicamente, o centro agregador da Região Norte, o Porto é, actualmente, uma cidade fiel às suas raízes, cosmopolita e vibrante. É, hoje, um destino turístico de excelên-cia. O Aeroporto Francisco Sá Carneiro prémios europeus e mundiais. O Porto de Leixões moderniza-se e reafirma-se internacionalmente. A Universidade do Porto projecta-se no mundo pela excelên-cia do seu ensino e produção científica. As Empresas disputam espaços na cidade.É este Porto, que durante o final do sécu-lo passado, viu o seu centro entregue ao ensurdecedor silêncio do abandono, da insegurança e do lento definhar. Um Porto de promessas, permanentemen-te, adiadas ou inacabadas. Um Porto de mão estendida, vítima de défices financeiros sucessivos.Muitos se esquecem deste passado e ou-tros haverá que por ele suspiram, mas, Hoje, o Porto respira. Respira apesar dos que eleitos no Porto e pelo Porto, nos palcos nacionais, promo-vem políticas que prejudicam, objectiva-mente, o Porto. Respira apesar dos que, sem pudor e sem sorrir, criticam o rigor financeiro da CMP como “excessivo”. Mas, Hoje, o Porto Respira. Respira inegável saúde financeira e dina-mismo económico, consolidado pela crite-riosa gestão do Presidente Rui Moreira, permitindo ao Porto olhar para o futuro com fundado optimismo e confiança, que se concretiza, também, nas, há longas décadas prometidas, mas só agora em concretização, obras de requalificação do Mercado do Bolhão, renovando o patrimó-nio material e preservando o património imaterial da sua alma tripeira, num pro-cesso inclusivo, participado, exemplar!Respira uma saudável coesão social em que todos os Portuenses se reconhecem,

insistir na narrativa das “Contas à moda do Porto” e das “Melhores contas do milé-nio”, esgrimindo sobretudo com o elevado saldo de tesouraria alcançado no mandato e com a significativa redução do passivo financeiro conseguida.É, de facto, verdade que o saldo de tesou-raria aumentou de 23 milhões de euros no final de 2013 para 88 milhões no final de 2017, correspondendo a um reforço de 65 milhões de euros, e que a dívida financeira se reduziu no mesmo período de 97 para 31 milhões de euros, isto é, 66 milhões de euros.Mas não é menos verdade que a despesa paga de investimento no primeiro man-dato de Rui Moreira foi de apenas 101 milhões de euros, contra 168 milhões de euros no mandato anterior, o que, por si só, explica metade daquela variação, e que a outra metade encontra explicação no crescimento extraordinário dos impostos ligados à actividade imobiliária, imt e imi, que somaram no mandato 308 milhões de euros, contra 264 milhões no mandato precedente, e nos impostos ligados à ac-tividade económica, sobretudo derrama (mais 9 milhões de euros) e irs.Ou seja, o desinvestimento – o investimen-to realizado quedou-se nos últimos quatro anos sempre bastante abaixo do previs-to em sede dos sucessivos orçamentos, tendo-se ficado em 56% do prometido – e uma conjuntura imobiliária extraordinária, mais consequência do crescimento econó-mico consequente à ruptura do espartilho austeritário do que da iniciativa municipal, explicam a folgada situação financeira do município. E não fosse o contributo essencial do ps, que como responsável pela habitação so-cial respondeu por 41% do investimento realizado no mandato, o resultado em termos de investimento teria sido bem mais penalizador.Não se vê, pois, razão para tão exaltada, quanto injustificada, celebração, já que

milhões de euros, totalizando mais de 90 milhões de euros, valor que daria para 4 reabilitações do Mercado do Bolhão ou para 15 pontes semelhantes à apresenta-da há poucas semanas na Comunicação Social.Para o psd do Porto este saldo representa, por um lado a incapacidade do Executivo em resolver alguns dos principais proble-mas que hoje a cidade apresenta, nomea-damente, no que diz respeito ao trânsito, ao estado dos arruamentos, à necessidade de criação de mais áreas verdes, à falta de políticas que fixem os jovens e contra-riem o declínio populacional, e à escassez de políticas sociais que apoiem a classe média num momento em que o custo da habitação é crescente.Por outro lado, este saldo representa uma cobrança excessiva de impostos e taxas. Baixar o imi, seria um ato de justiça para com os Portuenses, que tornaria também o Porto mais competitivo na atração de novas famílias e novos habitantes.Em 2013, em plena crise financeira, o psd reduziu o imi na cidade e já em 2015 e ago-ra em 2018 temos vindo a apelar a nova redução, agora para a taxa mínima.Reduzir a participação do município no irs em 2,5%, como o psd propôs na discussão do Orçamento para 2018 (algo que já acon-tece em Lisboa), seria uma outra forma de aliviar as famílias que habitam na cidade.Pode, pois, a cidade do Porto contar com o psd para trabalhar em prol da justiça social, da qualidade de vida das pessoas e de uma fiscalização política atenta e rei-vindicativa. Com soluções!

Alberto MachadoPorto Autêntico – PPD/PSD.PPM

E S C A S S O I N V E S T I M E N T O P Ú B L I C O E D E S E N F R E A D A E S P E C U L A Ç Ã O

I M O B I L I Á R I A

Nos aspetos mais salientes destes primei-ros meses de gestão do atual mandato autárquico destaca-se a continuidade de uma política de escasso investimento e quase nulo apoio ao movimento associativo popular, o que ainda é mais chocante quan-do se comparam as enormes carências da cidade em termos de equipamentos sociais e desportivos e a degradação dos espaços públicos com os sempre crescentes saldos orçamentais que vão transitando e cres-cendo de ano para ano, atingindo agora cerca de 90 milhões de euros.Esta situação verdadeiramente escanda-losa, revela que se continuam a praticar tarifas e preços elevados e que há uma enorme incapacidade de gestão que defina prioridades tendo em conta as dificuldades que a maioria da população sente para ter acesso a equipamentos coletivos nas

O Porto. é um jornal plural e aberto à opinião de todas as sensibilidades da cidade, pelo que se pediu a todas as forças políticas com assento naAssembleia Municipal do Porto que

nomeassem um cronista por edição.Este espaço é, pois, da inteira responsabilidade de quem assina cada umadas colunas, estando

identificadas as forças políticas que representam.

diversas áreas, para definir e pôr em prá-tica incentivos e dinâmicas que, apoiando o associativismo popular, mobilizem as diversas camadas da população para prá-ticas no desporto popular e na cultura e deem respostas a situações de gritante injustiça social, de que se destacam, a tí-tulo de exemplo, os moradores que cons-truíram habitação através das Comissões de Moradores.Como a cdu tem referido, o desenvolvi-mento equilibrado da cidade exige níveis de investimento elevado, reforço dos ser-viços municipais, tarifas mais baixas no estacionamento, água e na utilização dos equipamentos municipais, apoio eficaz às coletividades, reparação e construção de parques de jogos, pavilhões gimnodesporti-vos, ruas, passeios em zonas esquecidas da cidade, seja em Campanhã, Miragaia, Sé, Bonfim, Lordelo do Ouro e outras fregue-sias do centro ou da periferia, resolução da escandalosa situação do bairro do Aleixo, reabilitação de bairros municipais e de muitas dezenas de casas camarárias desa-bitadas como no bairro social da Arrábida, apesar do acesso das famílias à habitação ser um dos maiores problemas do Porto.Simultaneamente, por falta de instrumen-tos estratégicos de urbanismo, de cadas-tros dos terrenos públicos, de atraso na zep da Arrábida e de Planos de Pormenor, estão a multiplicar-se os casos de especula-ção imobiliária desenfreada, incluindo Foz, encostas da Arrábida e das Fontainhas, o que exige uma moratória para revisão dos processos polémicos e o avanço rápido duma visão estratégica municipal e de garantia de políticas públicas de salvaguar-da do património cultural, arquitetónico e paisagístico.

Ilda FigueiredoCDU – Coligação Democrática Unitária

P A T R I M Ó N I O : P A R A Q U E T E Q U E R O

O Centro Histórico do Porto é um dos 832 bens culturais inscritos na lista do Pa-trimónio Mundial da unesco, aos quais foi reconhecido um “valor universal ex-cepcional”, com base nas suas qualidades notáveis A perda de qualquer desses bens constitui um empobrecimento do patrimó-nio de todos os povos do mundo. O Centro Histórico do Porto foi classificado pela unesco em 1996 como património mundial. É esta “paisagem urbana excep-cional que testemunha uma história de dois milénios…” que tem que manter-se aberta à fruição de todo os povos. É para isso, e não para o negócio, que se quer um bem patrimonial com valor universal excepcional. Lembremos que para garantir a adequada

alimentando uma integração e respeito in-terpessoal de riqueza e áspera amabilidade difícil de reproduzir noutras geografias.Respira o renascimento de uma vibrante e plural liberdade cultural que a todos atrai ao espaço público e projecta a cidade para o mundo. Respira uma gestão ecologicamente res-ponsável, promotora da inovação e do respeito pelos direitos dos cidadãos.Respira, politicamente, a liberdade de ser dona do seu destino, promovendo a inédi-ta eleição e reeleição de um Movimento, genuinamente, Independente, alicerçado no serviço ao Porto. Apenas e só, ao Porto.Muito há, ainda, por fazer, mas a “Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto”, a Consciência Crítica da Pátria, a Nação dentro da Nação, está orgulhosa-mente saudável e com ela, Portugal respira melhor.

Miguel GomesRui Moreira: Porto, o Nosso Partido

C O N T A S À M O D A D O P O R T O : U M A O U T R A P E R S P E T I V A

Resultado do rompimento da política aus-teritária da direita, Portugal, e o Porto em particular, beneficiaram nos últimos anos de uma conjuntura económico-financeira muito favorável, sobretudo nos sectores do turismo e da habitação e, por arrasto, do comércio, da hotelaria e da restauração, e dos demais serviços.Essa conjuntura económica, e o fraco investimento da Câmara Municipal nos últimos quatro anos, explicam o desafogo financeiro atingido pelo município, com expressão no generoso, se não excessivo, saldo de tesouraria e na significativa re-dução da dívida financeira.O Presidente da Câmara, Dr. Rui Moreira, e o Movimento que o apoia, têm vindo a

uma boa parte dela teve como contrapar-tida o sacrifício dos portuenses, que viram protelados muitos dos investimentos que lhe tinham sido prometidos e de que tanto necessitam, e outra parte se deve mais à política de relançamento económico ini-ciada em 2015 com a inovadora solução política que vem sustentando o governo do PS do que à política municipal.

Serafim NunesPartido Socialista

Q U E R E M O S U M A C Â M A R A A O S E R V I Ç O D O S P O R T U E N S E S !

A expressão “contas à moda do Porto” é co-nhecida de todos. Simplificando o conceito, quando a utilizamos significa que cada um paga a sua parte da despesa comum. Há pois, a intrínseca preocupação de não haver esforço (financeiro) para qualquer dos envolvidos.O psd do Porto tem vindo a sentir que a atual Câmara Municipal usa esta expres-são de forma abusiva dando a entender aos cidadãos que existe boa gestão financeira, e justiça no esforço pedido aos Portuen-ses no que toca à cobrança dos impostos municipais versus a qualidade de vida que lhes é proporcionada.Não conseguimos ver isso espelhado no Relatório de Contas da cmp e verificamos que as “contas à moda do Porto” apresen-tadas por este Executivo resumem-se à acumulação de dinheiro no banco e a uma Taxa de Execução do Plano Plurianual de Investimentos inferior a 60%, o que repre-senta pouco trabalho realizado em prol dos Portuenses, sobretudo em áreas como o Urbanismo e a Segurança (com taxas de execução de 15% e 21%, respetivamente).Só em 2017, o saldo de gerência, que cor-responde às receitas que não foram utili-zadas para pagar despesa, aumentou 22,41

protecção e valorização do património classificado, os Estados membros da unes-co adoptaram em 1972 a Convenção do Património Mundial, criando também um Comité do Património Mundial e Orienta-ções Técnicas. Quando um bem classifi-cado é ameaçado, se ocorrer a perda de autenticidade histórica ou desvirtuamento grave do seu significado cultural, o Comité pode considerá-lo património em perigo. E poderá até ser retirado da lista do pa-trimónio mundial. Foi o que aconteceu em 2009 ao Vale do Elba, em Dresden (Ale-manha), quando a construção duma nova ponte descaracterizou o sítio classificado. Também na cidade de Florença, uma rea-lização artística única, a venda de edifícios públicos a investidores privados e a gestão inadequada da pressão turística, levou o Comité do Património Mundial a intervir junto do município. Não se podem ignorar as situações de Ve-neza, onde foram agora instalados meios mecânicos para reduzir visitantes ou as restrições à circulação em Dubrovnik e noutros conjuntos urbanos classificados. Os alertas duma urbanista como Fran-çoise Choay sobre a transformação dos centros históricos em mercadoria/activo económico ou as notícias sobre o insaciável apetite” dos fundos-abutre pelo edificado, devem ser tidos em conta pelos decisores políticos das cidades históricas habitadas. O contínuo despovoamento, a manutenção da sua gestão integrada numa entidade (a sru Porto Vivo) não vocacionada nem qua-lificada para tal e a voracidade imobiliária são alguns dos perigos que ameaçam o Centro Histórico do Porto. Não há turistas a mais, o que há é população a menos. E se a protecção do património classificado é dever de cidadania, as/os autarcas do Porto têm a obrigação indeclinável da sua salvaguarda e valorização.

José CastroBloco de Esquerda

V I V E R M O S ( N ) O N O S S O P O R T O

Portugal, e o Porto não é exceção, tem vindo a assistir a um aumento significati-vo da utilização predominante do trans-porte privado pessoal motorizado. Este fenómeno, tem provocado uma pressão na utilização do espaço público rodoviário, tem aumentado a poluição (CO2, micropar-tículas, metais pesados, poluição sonora) e tem reduzido a qualidade de vida das pessoas do Porto e de quem se desloca pendularmente de e para a cidade. Apesar da comodidade associada ao automóvel à porta de casa, este afeta a nossa vivência e fruição da cidade pelo stress que causa, espaço que ocupa e sinistralidade associa-da. Nesse sentido, o pan tem pugnado pela

elaboração de um plano municipal para a mobilidade sustentável, que a meu ver deve encarado, para além da mobilidade, ao nível da saúde pública e ambiental. Re-centemente, tive oportunidade de me des-locar ao município de Pontevedra, tendo reunido com os responsáveis pelas políti-cas de mobilidade urbana e comprovado no local a eficiência das mesmas. Dada a dimensão de Pontevedra e sabendo que o seu modelo não é diretamente aplicável ao Porto, pode, no entanto, inspirar a criação de projetos de potenciação da vivência da cidade em zonas específicas. Já em muitas outras cidades europeias se verifica que as deslocações em bicicleta (que pode ser elétrica) em meios urbanos combinadas em mobilidade multimodal, como o metro, são uma opção prática e económica, sendo ainda na maioria dos trajetos curtos em contexto urbano, a mais rápida. Pode-se in-centivar a atividade física nas deslocações quotidianas, assegurando redes pedonais e eixos cicláveis interligados e seguros, respondendo também às exigências de um turismo de qualidade. De recordar que se prevê a criação de uma rede de parques de estacionamento dissuasores nas imediações das principais interfaces de Metro e cp. É necessário e urgente que o uso dos transportes públicos seja real-mente benéfico às pessoas. A criação da nova ponte sobre o Douro que irá beneficiar a zona oriental da cidade, tendencialmente mais desfavorecida do ponto de vista sócio-económico, é também uma forma de separar os diferentes tipos de trânsito que afetam a Ponte do Freixo. Não obstante, espero que a recuperação e transformação da ponte D. Maria Pia não seja relegada para as calendas, bem como o aproveitamento do canal ferroviário aban-donado entre a Alfândega e Campanhã (Ramal da Alfândega).

Bebiana Cunha PAN – Pessoas-Animais-Natureza

Opinião

O P I N I Ã O

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M A I O 2 0 1 8 • P O R T O

N O T Í C I A S D O P O R T O

Presidente da República no Porto

pelos sem-abrigoMarcelo Rebelo de Sousa esteve no Porto para reunir o Grupo de Trabalho por si criado para definir uma estratégia para os cidadãos em situação de sem-abrigo e elogiou o trabalho que tem sido feito pela Câmara Municipal. Regressa já no final do mês de maio, com o propósito de conhecer novas instituições sociais que operam dentro desta temática. Depois de ter conhecido o projeto piloto instalado no Centro de Acolhimento de Emergência, no antigo Hospital Joaquim Urbano (um projeto pioneiro a nível nacional, criado em setembro de 2017 pela autarquia com o apoio institucional do Centro Hospitalar do Porto), anunciou que estará de volta dentro em breve.“Houve a oportunidade de marcar já para o dia 31 de maio e dia 1 de junho um percur-so por várias instituições sociais que, em conjunto com a Câmara do Porto e com a Santa Casa da Misericórdia do Porto, têm tido um papel fundamental no domínio dos sem-abrigo”, disse o Chefe de Estado. •

Em 2015 José Cid juntou 100 mil fãs na Avenida dos Aliados, na noite de São João. Volta três anos depois, na posse do Globo

de Ouro de carreira que lhe foi atribuído recentemente. E, como ele, a festa está garantida pela noite fora, depois do fogo de artifício que vai inundar em luz as margens do Douro repletas de gente. Mas o São João não se esgota na noite mais longa. O dia 24 de junho será preenchido com várias atividades, onde se destaca novo concerto no palco dos Aliados, desta vez com a Banda Sinfónica Portuguesa.

As tradicionais rusgas, acontecem este ano no dia 22, com um percurso concen-trado também na Avenida dos Aliados.O São João do Porto é uma das princi-pais festas do país, sendo já referenciada internacionalmente em revistas como a National Geographic. Embora os núme-ros sejam difíceis de contabilizar, uma vez que a festa invade cada vez mais zonas da cidade, a Câmara do Porto calcula que são já mais de 600 mil as pessoas que não perdem a oportunidade de festejar nas ruas. A hotelaria está já praticamente esgotada para a semana da festa. •

José Cid de volta ao São João Mundial no Largo Amor de Perdição

O Mundial de Futebol da Rússia pode ser visto no Porto a partir de 14 de Junho no Largo Amor de Perdição, em frente ao Cen-tro Português de Fotografia, num estádio que será montado especialmente para que os fãs possam acompanhar em convívio. E as grandes emoções começam logo no dia seguinte, quando Portugal se estrear, defrontando a Espanha ao final da tarde (18 horas). Os ecrãs gigantes que serão montados pela PortoLazer transmitirão todos os jogos do Mundial e o ideal seria contar com casa cheia até à final, para que os fãs lusos pudessem voltar a festejar o título, como aconteceu no Euro 2016. •

A economia do Porto ganhou mi-lhões com a Street Stage do Rally de Portugal, realizada a 18 de maio, segundo um trabalho

realizado por uma instituição de ensino. Nas ruas do Centro Histórico estiveram mais de 100 mil pessoas, mas chegou a 73 milhões o número de pessoas que, em todo o Mundo, viram a prova, através da transmissão de uma centena de estações de tv, impacto não contabilizado no estu-do. Em Portugal, o primeiro canal da rtp transmitiu a competição em prime-time, durante quase uma hora. Já a PortoLazer duplicou este ano o número de lugares de bancada pagos onde 5 mil espectadores assistiram à prova.De acordo com o estudo realizado duran-te o dia da classificativa pelo Núcleo de Investigação do isag, junto de especta-dores nacionais e internacionais, a Porto Street Stage gerou um impacto global de 15 milhões de euros no comércio da cidade,

destacando a média de 32 euros gastos em alimentação por cada espectador e 112 euros no alojamento, com os visitantes a privilegiarem as unidades hoteleiras de 4 estrelas. O estudo destacou ainda o elevado grau de satisfação do público (4,43 em 5).O trabalho de campo do estudo envol-veu várias equipas em diferentes pontos da Baixa, que pretenderam fazer uma caraterização sociodemográfica e do perfil do visitante da Porto Street Stage, e avaliar o impacto direto do evento na economia da cidade (alojamento, refeições, deslocações, compras/presentes, atividades realizadas no recinto, etc.). Entre o público estrangei-ro que se deslocou ao Porto para assistir à classificativa do Mundial de Ralis, o estudo do isag colocou os visitantes espanhóis no topo de uma lista onde se destacam também os franceses e os ingleses.Tal como já havia sucedido em 2016, o bel-ga Thierry Neuville foi o mais rápido na Porto Street Stage. •

Rally de Portugal deixa 15 milhões

Obama e Merkel no Porto

O Porto tem sido, no passado recente, pal-co de visitas de figuras de Estado mundiais e há dois novos de peso que se juntarão brevemente: Angela Merkel e Barack Oba-ma. A chanceler-alemã chega ao Porto no último dia de maio, acompanhada pelo primeiro-ministro António Costa, em visita oficial a Portugal.Já o ex-presidente dos Estados Unidos aterra pela primeira vez na cidade a 6 de julho para ser orador convidado da Climate Change Leadership, uma conferência sobre as alterações climáticas. A iniciativa – que nasce do esforço conjunto de entidades como a Taylor’s Port, Câmara do Porto, Instituto da Vinha e do Vinho, Associação Comercial do Porto, The American College in Spain e Advanced Leadership Founda-tion – terá lugar no Coliseu Porto ageas.Confirma-se assim a tendência para uma cada vez maior importância política da ci-dade do Porto no panorama internacional, depois das visitas de Estado ou oficiais de altas personalidades, como o Rei de Espa-nha, o Presidente da República Federal da Alemanha ou o Presidente de Itália, entre muitas outras. •

Pinto da Costa Homenageado

Jorge Nuno Pinto da Costa recebeu a Me-dalha de Honra da Cidade – Grau Ouro, durante a receção aos campeões nacio-nais de futebol nos Paços do Concelho. Na cerimónia, Rui Moreira sublinhou que o Porto fez justiça “a um dos seus mais ilus-tres cidadãos por um título que há muito é seu”. Não esqueceu também o autarca de assinalar que o clube “é a grande marca da cidade”, e o papel do seu dirigente na consolidação deste posicionamento.Já o presidente do fc Porto destacou o seu amor pela cidade, para justificar a emoção sentida durante a homenagem. No seu discurso, aludiu à cor do céu do Porto dizendo que também ele estava “mais azul, depois de termos para lá enviado mais um embaixador do clube”, uma referência D. António Francisco dos Santos, Bispo do Porto, falecido em setembro de 2017, de quem era amigo próximo. Pinto da Costa lembrou ainda que, como independente que é, Rui Moreira não tem ambições políticas e que, por isso, está sempre à vontade para propor medalhas a quem entender, manifestando a certe-za que terá sempre o acordo de todas as forças políticas.No mesmo dia em que o presidente do fc Porto foi agraciado, a equipa de futebol do clube foi recebida nos Paços do Concelho para comemorar o título conquistado e subiu à varanda do Município, onde não acedia há 19 anos.Na Avenida dos Aliados foi, entretanto, montada uma festa destinada aos adep-tos do clube, totalmente custeada pelo fc Porto e que durou até de madrugada. •